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A CIÊNCIA DA EXPLORAÇÃO

GEOLOGIA DO PETRÓLEO

Apesar do seu apego à ciência pura, os geólogos contribuíram decisivamente


para o avanço da prospecção petrolífera. Detentores não só dos conhecimentos
geológicos, eles estavam a par dos progressos nos demais ramos científicos, o que os
credenciou a darem contribuições fundamentais para a descoberta de petróleo.
Uma das primeiras grandes contribuições da Geologia à exploração para
petróleo foi a teoria das anticlinais – um modelo para explicar as acumulações. Esta
teoria, como não poderia deixar de ser, foi também a primeira grande controvérsia da
Geologia do Petróleo; uma polêmica que influenciou sobremaneira o futuro da
indústria e que só seria encerrada, se o foi, dezenas de anos depois.
Muito embora os práticos tenham dado o chute inicial para o jogo do petróleo,
os geólogos já vinham publicando teses sobre o assunto com alguma antecedência. Em
1836, apareceu no American Journal of Science – periódico fundado pelo pai de
Silliman Jr., o químico que analisou e deu usos práticos para o petróleo – um
interessante artigo que associava a presença de petróleo a arqueamentos nas camadas
geológicas, denominados anticlinais. O autor era um médico com veleidades
geológicas, S.P. Heldreth. Ele baseou a sua teoria em observações de campo feitas em
Ohio, enquanto atendia seus doentes, numa medicina itinerante. Nascia a teoria das
anticlinais, um dos pontos fundamentais da exploração para petróleo.
Restrita aos meios acadêmicos, a teoria das anticlinais veio a reviver com o
nascimento da indústria de petróleo e teve no geólogo canadense T.S. Hunt o seu
codificador, em 1861. Pela teoria de Hunt, o petróleo, sendo mais leve que a água,
viajaria para as partes mais altas e, se houvesse um arqueamento das camadas
geológicas, tecnicamente denominado anticlinal, ele ficaria retido na abóbada,
sobrenadando à água. A teoria das anticlinais dava aos exploracionistas um modelo

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geológico para a procura do petróleo em situações outras que aquelas sobre as


exsudações naturais. Bastaria procurar as anticlinais e ali perfurar.
Embora bastante plausível, a teoria das anticlinais encontrou percalços no
início da indústria do petróleo. Baseados nessa teoria, na Pensilvânia, berço do
petróleo americano, os geólogos sugeriam perfurar nos altos topográficos que,
geralmente, refletiam as anticlinais geológicas. Entretanto, os práticos insistiam em
encontrar petróleo nos vales. Aqueles que aceitavam os conselhos dos geólogos
acabavam perfurando poços secos. Esta situação dava aos sondadores motivos para
ridicularizar a comunidade de geocientistas.
Os insucessos logo instalaram a cizânia entre os próprios geólogos que
começaram a lavar roupa suja em público. Refletindo o costume dos ambientes
universitários, a polêmica cresceu e ocupou cada vez mais espaço nas revistas
especializadas, cada um dos contendores mais crente das suas verdades.
A crítica mais forte à teoria das anticlinais foi feita, em 1865, por um dos mais
competentes geólogos americanos, P. Lesley. Enquanto a maior parte dos teóricos
universitários cuidava dos aspectos puramente científicos da Geologia, Lesley
trabalhava no campo junto aos poços e aos campos petrolíferos. Unindo a teoria à
prática, ele conhecia a geologia da Pensilvânia como as palmas das mãos, nenhum
dado lhe sendo desconhecido. Lesley, além do conhecimento geológico, possuía uma
alta dose de criatividade, sendo responsável pela introdução do mapeamento
estrutural das camadas na Geologia do Petróleo.
O mapeamento estrutural das camadas permitiu a Lesley verificar que as
acumulações da Pensilvânia não estavam relacionadas a altos estruturais. O petróleo
ocorria em arenitos de idade devoniana e carbonífera, erráticos dentro de massas de
argilas ou evaporitos, sem nenhum controle estrutural, em acumulações que, mais
tarde, seriam definidas como estratigráficas.

Exemplo de armadilha tipo anticlinal ou estrutural Exemplo de armadilha tipo estratigráfico

Mergulho das camadas divergentes As camadas mergulham na mesma direção

As camadas mergulham divergentemente formando altos em As camadas não apresentam inversão de mergulhos não
subsuperfície que podem ser detectados por mapeamentos existindo altos em superfície que possam ser detectados por
geológicos ou geofísicos. mapeamentos geológicos ou geofísicos.

A briga entre os seguidores de Hunt, de um lado, e os de Lesley, do outro,


atingiu às ofensas pessoais, gerando corrosão na credibilidade da ciência. A Geologia,
que em 1859 recebera as benesses da descoberta de Oil Creek e, também, os louros da
revolução científica com a publicação da teoria da origem das espécies de Charles
Darwin, caía no conceito da indústria.

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Afinal, quem tinha razão? A resposta é que ambos estavam corretos e, ao


mesmo tempo, os dois estavam errados. Hunt, ao estabelecer a teoria das anticlinais
havia se baseado nas acumulações cretácicas do Canadá, nas quais era indiscutível a
importância da estruturação. A teoria de Hunt era o “óbvio ululante” para as
condições canadenses, mas não funcionava nas condições da Pensilvânia. Já as
constatações de Lesley eram perfeitas na Pensilvânia, esdrúxulas para as acumulações
do Canadá. Ambos os lados erraram em não aceitar soluções diferentes daquelas por
eles conhecidas.
Hoje, com o conhecimento geológico adquirido, pode-se dizer que, na
Pensilvânia, a maioria das estruturas ou anticlinais formaram-se após a geração do
petróleo. Por isso são “secas”: as armadilhas ficaram prontas depois de a caça ter
passado pela trilha. As estruturas antigas possivelmente armazenaram petróleo no
passado, mas foram destruídas pelo intenso tectonismo apalachiano. Eram como
armadilhas que estivessem aprisionado a caça e que, posteriormente, fossem desfeitas.
Já as trapas estratigráficas, contemporâneas à geração, seguraram o petróleo e, como
não dependiam de estruturação, não foram desmanchadas pelas movimentações
posteriores.
Embora alvo de críticas e de descrédito por parte da comunidade de
exploração, a Teoria das Anticlinais revolucionou a exploração para petróleo,
mostrando-se altamente eficiente nas bacias mais jovens americanas, constituindo-se
numa forma de procurá-lo em áreas sem exsudações superficiais e dando um critério
lógico para a pesquisa petrolífera. A partir dela fez-se necessário o mapeamento
geológico de superfície, exigindo que um bando de geólogos, armados de bússolas e
martelos, saísse a campo procurando as anticlinais favoráveis a acumulações.
O mapeamento geológico de superfície mostrou-se uma ferramenta
poderosíssima, uma grande revolução na indústria do petróleo, sendo responsável por
muitas descobertas importantes em todo o mundo. Entretanto, o número de
estruturas aparentes à superfície era limitado. Discordâncias, coberturas de
sedimentos recentes, florestas, etc., escondiam feições enterradas que só seriam
descobertas aleatoriamente. Faltavam métodos que permitissem mapear os eventos
profundos, faltava uma bola de cristal para auxiliar aqueles bruxos da geologia.
Outros ramos científicos da época, principalmente a Física, viriam em auxílio à
Geologia.

GEOFÍSICA – A FÍSICA NA GEOLOGIA

Logo após os descobrimentos marítimos houve, na Europa, uma verdadeira


revolução científica. As necessidades dos navegantes, da burguesia mercantilista e dos
pioneiros da revolução industrial exigiram que os cientistas deixassem de olhar só
para o céu e, saindo do mundo da lua, procurassem ver o que acontecia na sua
própria casa – o planeta Terra. Os fenômenos físicos que aqui ocorriam passaram a
merecer a atenção dos Galileus, Newtons e outros que geraram leis físicas que, mais
tarde, seriam aproveitadas pela Geologia, formando o que foi denominado Geofísica.
As propriedades físicas das rochas serviram de base para a criação dos vários
métodos geofísicos, cada um com suas utilidades e suas limitações.
GRAVIMETRIA – A partir dos princípios de Isaac Newton sobre a lei da
gravidade, outros cientistas começaram a analisar os fenômenos gravitacionais que

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ocorriam no nosso planeta. Os conhecimentos já existentes sobre o efeito da altitude e


latitude nos movimentos pendulares ficaram facilmente explicáveis, utilizando-se os
princípios newtonianos. Notou-se, porém, que não era só o afastamento em relação ao
centro de gravidade terrestre que afetava as medições. Havia a influencia da
densidade das rochas presentes nas áreas de investigação, que modificavam as
oscilações pendulares. O efeito das rochas sobre a gravidade variava de acordo com a
sua natureza: as rochas ígneas de alta densidade apresentavam anomalias positivas;
as rochas sedimentares de baixa densidade provocavam anomalias negativas sobre os
valores esperados.
Geralmente, as influências das rochas que perturbavam os cientistas
localizavam-se, invisíveis, no subsolo. Era, pois fundamental conhecer-se a geologia
ou, pelo caminho inverso, com as anomalias de gravidade poder-se-ia inferir a
geologia. Tal idéia foi estabelecida por um francês, Pierre Bouguer que, após uma
expedição cientifica aos Andes do Peru em 1749, criou os princípios básicos da
Gravimetria.
O uso da Gravimetria na exploração para petróleo foi feito inicialmente na
Europa, mais propriamente na Hungria e na Tcheco-Eslováquia na primeira década
deste século, principalmente com o objetivo de identificar domos salinos que
pudessem estar associados a acumulações de petróleo. O primeiro campo descoberto
através do uso da Gravimetria foi o de Egbel na Bacia de Viena, entre 1915 e 1916.
Nos Estados Unidos, a Gravimetria só fez a sua estréia, experimentalmente, em 1922,
na região do Golfo do México e, em 1924, foi responsável pela descoberta de um
campo petrolífero no Texas, também associado a domo de sal.
Após os resultados favoráveis iniciais, a Gravimetria passou a ser utilizada
intensivamente, sendo responsável por um grande número de descobertas de petróleo
em todo o mundo.
MAGNETOMETRIA - A investigação do magnetismo terrestre mostrou que
existiam anomalias só explicáveis pelo efeito das rochas. Entre estas anomalias estava
o desvio do norte das bússolas, o qual desde os tempos antigos atrapalhava os
viajantes. A presença de jazidas metálicas logo foi identificada como causadora de tais
anomalias. Assim, a Magnetometria começou a ser utilizada na pesquisa de jazidas
minerais.
Entretanto, a difusão do método mostrou que não só as jazidas metálicas
influenciavam nas medições. As rochas magmáticas e as sedimentares davam
respostas distintas nas medições magnetométricas. Aquelas se mostravam
naturalmente magnéticas, enquanto as sedimentares não. Esta diferença permitiu o
uso do método para distinguir as bacias sedimentares profundas das áreas de
embasamento cristalino raso. A tentativa de determinação da profundidade do
embasamento magnético, nas bacias sedimentares, tornou-se então um dos usos
importantes para a ferramenta.
O uso da Magnetometria na Geologia de Petróleo foi feito, pioneiramente, por
companhias européias, primeiro em seus próprios paises e depois no restante do
mundo. Nos Estados Unidos, a Magnetometria só foi utilizada a partir de 1924, sem
muito sucesso. O grande impulso só foi dado com a Segunda Guerra Mundial, quando
a marinha americana desenvolveu o aeromagnetômetro com o propósito de localizar,
pelo ar, equipamentos de guerra dos inimigos. O aeromagnetômetro foi o grande

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impulso para a difusão do método na exploração para petróleo, principalmente devido


ao baixo custo dos levantamentos e à possibilidade de uso em áreas de difícil acesso.
ELETRO-RESISTIVIDADE – Os métodos elétricos, embora mais utilizados
para pesquisa mineral, também têm um considerável uso na exploração de petróleo.
As diferentes rochas e os fluidos contidos nos poros possuem diferentes características
de resistividade elétrica. A medida destas diferenças, através do uso de correntes
induzidas ou naturais, permite delinear o comportamento das camadas em
subsuperfície. Embora muito usada na indústria do petróleo da antiga União
Soviética, o método de Eletro-Resistividade desenvolveu-se pouco nos países
ocidentais devido, principalmente, ao seu fraco desempenho em comparação com
outros métodos geofísicos.
PERFILAGEM ELÉTRICA – A grande contribuição dos processos elétricos
para a exploração de petróleo foi concebida pelo francês Conrad Schlumberger, que
começou a trabalhar com Eletro-Resistividade em 1912, sendo um dos pioneiros desse
método. Para obter dados acurados das resistividades das diferentes rochas,
Shlumberger fez medições em galerias de minas e, em seguida, em poços profundos.
Em 1927, ao medir as resistividades das rochas em poço para petróleo na Alsácia
francesa, verificou que o método era extremamente eficiente na definição das camadas
penetradas, permitindo a obtenção de perfis litológicos acurados que
complementavam a simples amostragem do poço. Nascia a técnica da Perfilagem
Elétrica de Poços.
A Perfilagem Elétrica foi utilizada extensivamente, pela primeira vez, na área
de Baku, na antiga URSS, em 1928, e logo em seguida, na região do Lago Maracaibo,
Venezuela. As primeiras perfilagens feitas nos Estados Unidos não foram bem
sucedidas. Somente em 1932 voltou a ser utilizada na Califórnia e, no ano seguinte, no
Texas, com grande sucesso. Daí em diante, tornou-se indispensável nos trabalhos de
exploração para petróleo.
A tecnologia de Perfilagem Elétrica foi uma das maiores contribuições da
Geofísica para a exploração de petróleo, permitindo a correlação dos poços com
grande acuidade e definindo as zonas portadoras de hidrocarbonetos, evitando a
necessidade de constantes testemunhagens (coleta de uma amostra da rocha inteira,
não triturada), que encareciam, sobremaneira, os poços. A evolução dos métodos de
perfilagem ultrapassou a utilização exclusiva da eletricidade, e a medição de outras
propriedades físicas, como a radioatividade e a propagação do som, foi introduzida
com sucesso nos poços para petróleo.
Graças ao método descoberto por Schlumberger puderam ser obtidos valores
de saturação de óleo ou de água, porosidade e permeabilidade relativa das rochas etc.
que permitiram a identificação das potenciais zonas produtoras, sem a necessidade de
exaustivos e caros testes de formação, em que o poço é posto em produção temporária,
causando desperdício de tempo e de dinheiro. A partir da perfilagem de poços na
década de 30, a indústria de petróleo sofreu um enorme impulso, sendo uma das
causas do predomínio das grandes companhias de petróleo em detrimento do pequeno
explorador independente que, geralmente, não podia utilizá-la devido ao custo
elevado.
SÍSMICA – Com a óbvia exceção da perfuração de poços, a Sísmica é a mais
importante ferramenta para a exploração para petróleo. Fornecendo uma verdadeira

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radiografia do interior da Terra, ela é a técnica mais confiável para auxiliar na


locação de poços, principalmente aqueles que objetivam trapas estruturais.
A Sísmica originou-se na Sismologia, ciência que se dedicava, basicamente, ao
estudo de terremotos. A Sismologia teve o seu grande impulso com a invenção do
sismógrafo, em 1841, na Escócia, tornando possível medir-se a intensidade dos
tremores de terra, levando-se em conta a velocidade das ondas sísmicas nos estratos
geológicos, e definir-se onde e quão profundos estavam os focos.
Com os dados obtidos, verificou-se que importantes feições geológicas, situadas
no interior da Terra, podiam ser indiretamente observadas. Logo, a sua utilização
para o entendimento da geologia tornou-se tão importante quanto o conhecimento do
próprio terremoto. Assim, quando havia um terremoto, os sismólogos entusiasmavam-
se com a oportunidade de fazer os estudos e aumentar o entendimento do interior do
planeta. Entretanto, como não havia terremoto todo dia e em todo lugar, passou-se a
detonar cargas de explosivos, provocando-se tremores de terra artificiais, com o
objetivo de conduzir investigações geológicas.
O grande salto dado pela sísmica veio com a Primeira Grande Guerra. As
forças armadas dos países em guerra, principalmente as alemãs, começaram a aplicar
os princípios sísmicos para localizar a artilharia inimiga. A teoria saía do âmbito
acadêmico e entrava no uso prático. A diferença de tempo entre o som dos disparos,
pelo ar, e o que o sismógrafo registrava na terra, permitia calcular a distancia da
artilharia adversária. Com a utilização de vários sismógrafos, estrategicamente
localizados, e por simples triangulação, era possível localizar a posição dos canhões
inimigos.
Enquanto os sismologistas trabalhavam em escala continental, em que as
distancias eram medidas em centenas de quilômetros, os militares tinham que
determinar os alvos com uma precisão na casa de dezenas de metros. Por outro lado, a
intensidade de um terremoto, ou mesmo de uma boa carga de dinamite, era muito
maior que a de um tiro de canhão. Devido a isto, tornou-se necessário o
desenvolvimento de equipamentos mais sofisticados, sensíveis o suficiente para
detectar as fracas ondas geradas pelas cargas de artilharia e bastante precisos para
trabalhar com distancias menores. Como resultado, foram feitos importantes avanços
tecnológicos que permitiram a utilização da sísmica para usos mais sofisticados.
Terminada a guerra, um dos oficiais alemães responsáveis pelo serviço, Ludger
Mintrop, patenteou o processo sísmico para a determinação de estruturas geológicas,
utilizando os melhoramentos conseguidos nos campos de batalha. O primeiro uso foi
feito na própria Alemanha, objetivando a determinação da profundidade de depósitos
de carvão. Em 1920/21, Mintrop testou o método, com êxito, em domos de sal, o que
lhe abriu as portas para a indústria do petróleo e o levou, em seguida, a fundar a
Seismos, a primeira companhia de serviços sísmicos em todo o mundo. O primeiro
trabalho da Seismos objetivando a prospecção petrolífera foi feito em 1923, na área de
Poza Rica, no México, para a SHELL, obtendo resultados razoáveis. No mesmo ano,
entrou nos Estados Unidos na área de Seminole, em Oklahoma, e no Golfo do México,
no Texas. Em 1924, foi feita a primeira descoberta, atribuída ao método, em um domo
salino do Texas.
Inicialmente, a Sísmica utilizava as ondas sonoras refratadas, ou seja, a
Sísmica de Refração. Posteriormente, verificou-se que também as ondas refletidas
podiam ser usadas no mapeamento do subsolo, o que levou ao nascimento da Sísmica

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de Reflexão. A Sísmica de Reflexão foi inicialmente aplicada nos Estados Unidos, em


1928, também na área de Seminole, com resultados satisfatórios. No ano seguinte,
fazia a sua primeira descoberta na costa do Golfo da Luisiânia, o Campo de Darrow,
um domo salino perfurado com base em levantamento sísmico de reflexão. Em 1930,
voltando à área de Seminole, permitiu o mapeamento de diversas estruturas, das
quais três resultaram na descoberta de campos petrolíferos de consideráveis
tamanhos.
O sucesso da Sísmica de Reflexão foi tão grande que o seu uso se tornou prática
obrigatória. Várias descobertas foram feitas, tanto nos Estados Unidos quanto no
restante do mundo, culminando com a do Campo de Burgan, no Kueit, em 1938, um
supergigante, o segundo maior campo de petróleo conhecido.
A importância da Geofísica, principalmente da Sísmica de Reflexão, pode ser
avaliada pela descoberta de campos com reservas superiores a 100 milhões de barris
nos Estados Unidos, a partir da década de 30 (Owens, 1975). De 1931 a 1935, cerca de
57% do volume de óleo destes campos foram descobertos a partir de estudos
geofísicos. De 1936 a 1940 já eram 73% e entre 1941 a 1945 atingiu-se a quase
totalidade das descobertas, com 97% das reservas dos campos gigantes encontrados
no período.
Com esses resultados, os métodos geofísicos tornaram-se absolutos na
exploração. Sem dúvida, graças a eles muito óleo foi descoberto, causando uma
verdadeira revolução na procura do petróleo. Entretanto, apesar de toda a eficiência,
a geofísica não acabou com os insucessos que continuaram rondando as campanhas
exploratórias e, por outro lado, direcionou a cabeça dos exploracionistas para o
geométrico, para a armadilha estrutural, fazendo com que fossem bem menos
investigados outros tipos de acumulação. A partir da introdução da geofísica, as
descobertas em armadilhas estratigráficas rarearam e as poucas encontradas, muitas
vezes, foram feitas ao se procurarem trapas estruturais.

A CONTRIBUIÇÃO DA QUÍMICA

Não só a Física contribuiu para a exploração petrolífera. Outros ramos da


ciência permitiram progressos importantes. Pode-se até dizer que a indústria do
petróleo nasceu a partir da Química. A descoberta dos derivados e os seus usos deu
partida para a procura de acumulações capazes de sustentar a crescente demanda. Na
exploração para petróleo, a Química teve largo emprego, constituindo-se na
especialidade denominada Geoquímica.
A Geoquímica, embora sendo um ramo da Geologia do Petróleo, é mais antiga
do que esta. Desde os primórdios da ciência geológica que os cientistas se dedicaram a
descrever e estudar os minerais. O petróleo, não deixando de ser um composto
mineral, cedo mereceu o estudo daqueles que se dedicavam à descrição dos elementos
da Terra. Já nos meados do século XVII, os mineralogistas, procurando identificar a
sua origem, admitiam uma gênese a partir de matéria orgânica vegetal ou animal.
A origem orgânica para o petróleo foi pela primeira vez admitida por Pierre-
Joseph Macquer, membro da Academia Francesa de Ciências, em 1758, quando
postulou ser o petróleo resultante de reações químicas de óleos de plantas e ácidos
presentes no interior da Terra. Passados mais de dois séculos, até hoje, ainda existem
alguns raros geocientistas contestando tal afirmação. Porém não é na sua origem que

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se encontram os questionamentos mais importantes. As maiores incógnitas estão na


forma e no mecanismo que atuaram na sua formação.
O momento em que o petróleo foi gerado, quais os fatores físico-químicos que
atuaram nesta formação e a identificação dos estratos geradores são motivos de muita
discussão, e a falta de entendimento correto deste mecanismo tem provocado muitos
dos maiores erros na história da exploração para petróleo. Não são raras as bacias
altamente produtivas que, no inicio da sua exploração, foram consideradas sem
interesse devido à falsa interpretação de ausência de rochas geradoras. Entre as
províncias petrolíferas que foram desprezadas devido a este argumento estão a
Plataforma Árabe do Golfo Pérsico, a Plataforma Saariana da Argélia e a nossa
conhecida Bacia do Recôncavo, na Bahia.
Mais de cem anos depois de Macquer haver dado as suas explicações para a
origem do petróleo, um dos pioneiros americanos da Geoquímica, S. F. Peckhan, em
1897, afirmava: “...talvez, daqui a cinqüenta anos, nossos fantasmas estejam aqui
junto com os nossos netos ouvindo pessoas dogmatizarem a origem do betume. Para
mim, apesar de prolongados estudos e de grande experiência, menos eu estou
preparado para aceitar que qualquer fórmula seja capaz de aplicação universal”.
Agora, passados cerca de cem anos, o fantasma do Dr. Peckman deve continuar
revoltando-se ao ter conhecimento das modernas teorias “definitivas” sobre a origem
do petróleo.

OUTRAS CONTRIBUIÇÕES

Além da Física e da Química, outros ramos científicos contribuíram para o


progresso da Geologia do Petróleo. A Primeira Guerra Mundial não foi responsável
somente pelo advento da Sísmica. O reconhecimento aéreo durante a guerra
aperfeiçoou os levantamentos aerofotográficos, originando a Aerofotogrametria, uma
técnica que se tornou imprescindível para o mapeamento geológico de superfície. Mais
recentemente, a obtenção de imagens sensoriais, seja através do radar, seja através de
satélites, permitiu avanços significativos neste setor.
Dentro da própria Geologia desenvolveram-se ramos extremamente úteis na
prospecção para petróleo, entre eles: a) a Micropaleontologia, que pelo estudo dos
microfósseis, em amostras de poço, permitiu a determinação das idades dos
sedimentos e o estabelecimento das colunas estratigráficas das diversas bacias; b) a
Petrografia Sedimentar, imprescindível na análise das rochas; c) a Geologia
Estrutural; o entendimento da mecânica dos eventos geológicos foi fundamental na
definição de modelos para acumulações petrolíferas. Muitos outros ramos poderiam
ser relacionados, todos importantes para a procura do petróleo.
Munido das diversas ferramentas de prospecção para petróleo, o geólogo pôde
elaborar estudos regionais de bacias, balizando-o para a seleção dos melhores sítios
em que o petróleo pudesse estar escondido. Entretanto, apesar de tantas e tão caras
ferramentas, nem sempre tais escolhas são corretas. A descoberta do petróleo
continua a ser um jogo arriscado, no qual as verdades da natureza, muitas vezes,
contrariam as mais bem elaboradas interpretações geológicas.

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TECNOLOGIA VERSUS EMPIRISMO


UMA COMPETIÇÃO PROVEITOSA

O sucesso da Geologia na exploração para petróleo foi gradual. Nos Estados


Unidos, até o final do século passado, imperava uma exploração empírica, apoiada em
três métodos principais: ocorrências superficiais de petróleo (exsudações naturais);
trendologia (perfuração ao longo de alinhamentos, ou trendes – aportuguesamento do
inglês trend -, produtivos); e aleatoriamente. Do início deste século até a década de 30,
os esforços exploratórios eram compartilhados entre os práticos independentes e
aqueles que se utilizavam da técnica geológica. A partir de então, a exploração de
petróleo virou domínio exclusivo da Geologia.
Sem dúvida, os melhores resultados da prospecção científica foram as causas
da diminuição do empirismo na busca do petróleo. Entretanto, enquanto ambas as
correntes estavam em campo a partida manteve-se empatada.
Comparando-se os dados apresentados por Owens (1975), para a evolução das
reservas americanas, de campos com volumes superiores a 100 milhões de barris
descobertos através de práticos ou por estudos geológicos, constata-se que até 1905
nenhum campo importante foi descoberto pela Geologia, enquanto que os práticos
independentes já haviam descoberto mais de 6 bilhões de barris. Este número não
inclui as pequenas acumulações que, se contabilizadas, poderiam facilmente aumentar
este volume.
A primeira descoberta importante feita pela Geologia ocorreu em 1906 e daí
até 1930 os geólogos adicionaram às reservas americanas 16,2 bilhões de barris. Até
esta época, os práticos independentes já haviam descoberto 20,7 bilhões, 56% das
reservas americanas em campos com volumes superiores a 100 milhões de barris.
De 1930 em diante, a contribuição dos práticos independentes tornou-se
insignificante: de 1930 a 1945 somente 2,8 bilhões de barris, contra 18,4 bilhões
descobertos pelos geólogos. Após 1945, já não se pode computar as reservas de
grandes campos descobertas pelos práticos, fauna em extinção dentro do cenário
exploratório americano.
É bastante curioso o fato de a decadência da prospecção empírica ter ocorrido
após o seu maior sucesso, a descoberta do East Texas Field, o maior campo de óleo do
território continental americano. Obviamente, esta decadência não pode ser explicada
tão somente pela evolução tecnológica. Causas políticas e econômicas interferiram
decisivamente neste processo.

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O IMPÉRIO DA GEOLOGIA

A exploração empírica praticamente encerrou-se a partir da descoberta do


East Texas Field, teoricamente uma vitória do empirismo, derrotada pelo progresso
da ciência geológica e pelas mudanças políticas e econômicas. Entretanto, deixava
como herança a descoberta de quase todas as províncias petrolíferas americanas.
Deixava também a descoberta da maior parte das acumulações do tipo estratigráfico,
para que a perfuração de poços ainda é o método mais efetivo. E, mais do que tudo,
colhendo com a broca amostras de todo o território sedimentar americano, deixou
uma enorme quantidade de dados que permitiram análises geológicas, cujos detalhes e
qualidade não foram atingidos em nenhum outro lugar do mundo.
Dominando a exploração para petróleo, a Geologia progrediu cada vez mais,
exigindo mais e mais especialização dos seus cientistas. Entretanto, apesar de todo o
progresso, ela não é, e nunca o será, uma ciência exata. A ciência geológica atinge, nos
modelos e hipóteses, apenas uma aproximação da verdade. Assim sendo, continua
gerando poços secos, fazendo descobertas em objetivos não previstos e, infelizmente,
negando potencial em áreas que, mais tarde, se mostram produtivas.
Especializando-se em modelos geométricos, a exploração moderna deu pouco
espaço à pesquisa de trapas “sutis”. Procurando dar eficiência ao processo, preferiu
atirar em alvos mais visíveis, dando prioridade à pesquisa em províncias já
produtivas, em detrimento das áreas de nova fronteira.
Cristalizada em seus conceitos, a Geologia “amarrou suas próprias mãos”,
limitando a possibilidade de aventuras exploratórias, deixando de dar à exploração
para petróleo a grande vantagem que o empirismo dava: a ousadia de opções
diferentes.

(Separata do livro "Petróleo", de Roberto G. de Souza)

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