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Capítulo V

A Mansidão do Cristão
Alejandro G. Frank

Introdução
Temos visto nos capítulos anteriores uma sequência lógica das bem-aventuranças. Vimos que
há um relacionamento tão estreito entre as bem-aventuranças que cada nova bem-
aventurança é consequência das anteriores. Isto significa que, quando passamos a analisar
uma nova bem-aventurança, antes temos que nos perguntar se as outras anteriores estão
presentes nas nossas vidas. A primeira delas foi a humildade, que destacamos ser uma atitude
de humilhação diante de Deus por causa dos nossos pecados, reconhecendo que não somos
nada e nada merecemos de Deus e das outras pessoas. Temos visto que essa atitude resulta
em um quebrantamento e lamento diante do Senhor por nossos pecados e pelos pecados dos
outros, assim como uma sensibilização com a situação alheia, como descreve o Senhor na
segunda bem-aventurança. Somente desta maneira é que podemos chegar à terceira
característica que todo crente deve ter, que está apresentada na seguinte bem-aventurança:

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mateus 5.5)

Esta é a terceira bem-aventurança e ela é fruto de sermos primeiro humildes de espírito e nos
lamentarmos diante do Senhor. Aqui novamente o Senhor Jesus coloca um novo contraste,
uma diferença radical entre a atitude do crente e do incrédulo. O mundo não pensa que um
feliz e abençoado é aquele que é manso. Conforme afirma Lloyd-Jones1, a conquista mundial
sempre tem sido um interesse do ser humano, a utilização da agressividade e da força para
ganhar o que o ser humano deseja. Neste sentido, o mundo considera que quanto mais uma
pessoa se impõe e se expressa, quanto mais ela manifesta o seu poderio e suas habilidades,
tanto mais perto se acha do sucesso e progresso. Porém, aqui o Senhor descreve uma atitude
totalmente diferente. Isto foi um choque no contexto da pregação do Sermão do Monte, onde
os judeus da época de Jesus esperavam um messias que fosse um líder político-militar que os
livrasse do império romano. Mas o Senhor está aqui destacando ser uma virtude uma atitude
totalmente contrária. Isto foi escândalo para eles e por isso Paulo afirma que a cruz de cristo é
escândalo para os judeus (1.Coríntios 1.23). Certa vez C.H.Spurgeon fez uma pregação
intitulada “a entrada triunfal em Jerusalém”, na qual ele descreve muito bem o contraste entre
aquele rei que os judeus esperavam e o Jesus que eles conheceram: sem atrativo, humilde,
manso, sem nenhum poderio bélico, nenhuma guerra contra os romanos, nem nada que
demonstrasse algum sinal da libertação política que eles esperavam. Era esse o rei que estava
entrando em Jerusalém, montado em um jumento ao invés de montar um corcel, e
caminhando sobre folhas de palmeiras e roupas, ao invés de caminhar sobre tapetes
elegantes. No inicio as pessoas aclamaram, mas pouco depois foram desiludidas pela sua
atitude mansa. O messias não era como eles queriam que fosse. Seu reino não era deste
mundo, seus exércitos aguardavam apenas o dia do juízo final, no futuro e não no presente,
suas riquezas estavam nas coisas espirituais e não nas materiais, seu poder era sujeito ao seu

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“Estudos no Sermão do Monte” D.Martyn Lloyd Jones, Editora Fiel.

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Pai e ele não o usava. O mundo não consegue aceitar uma atitude assim, mas o verdadeiro
messias, o Senhor Jesus, foi manso.

Assim sendo, visto que o Senhor foi manso, e que seu reino se caracteriza por essa virtude, nós
também devemos buscar essa característica espiritual em nossas vidas. Mas, para podermos
buscar o crescimento em este aspecto primeiro devemos nos perguntar: entendemos
realmente o que é ser manso? Entendemos porque o Senhor agiu assim e porque ele espera
que nós tenhamos a mesma atitude? Entendemos porque somos felizes se agirmos assim? A
seguir consideraremos essas questões.

O significado da mansidão
Já temos destacado nas bem-aventuranças anteriores que todas elas são características
“espirituais de uma pessoa” e espera-se que todo crente as possua. Não se trata apenas de
uma qualidade natural que um indivíduo possa ter. Neste sentido, há várias interpretações
erradas a respeito do que significa ser uma pessoa mansa, por não se entender que é algo que
provêm do Espírito Santo e não das obras humanas. A seguir passo a descrever algumas dessas
interpretações erradas sobre a mansidão.

Em primeiro lugar, Lloyd-Jones destaca que a mansidão não equivale a indolência. Segundo
Lloyd-Jones, há pessoas que parecem mansas, em sentido natural; mas não são mansas de
forma nenhuma e, sim, indolentes. Ser manso não é ser insensível à dor, nem apático,
desleixado ou descuidado com as coisas que acontecem ao seu redor. Pior que isto é o caso de
pessoas que possam parecer mansas, mas que na verdade são indiferentes. Este é o caso
daqueles que são agredidos por alguém e não se importam para nada, não me refiro que não
se importam apenas com o acontecido, mas que nem se preocupam com o estado da pessoa
que o agrediu e menos ainda com a razão do acontecimento. Isto, mais do que mansidão, é
falta de amor ao próximo, pois já vimos que a segunda das características do crente é que ele
se lamenta, ele chora também pelos pecados dos outros. Assim sendo, não se trata de
ficarmos indiferentes às atitudes das pessoas, temos que chorar quando as pessoas pecam,
temos que nos sensibilizar, inclusive quando as suas faltas são contra nós, pois sabemos que
elas deverão dar conta diante do Senhor por isso, temos que ter compaixão e misericórdia,
orando por elas ao invés de ficarmos estoicos diante delas.

Também há indivíduos que são complacentes e as demais pessoas podem achar que são
mansos, mas isto não é mansidão, é tibieza. Há pessoas que não tem problema com as
atitudes dos outros. Pelo contrário, parece ser que estas pessoas até acham legal as faltas que
os outros fazem, inclusive sorriem e toleram o que os outros fazem ou pensam de errado. Ou
talvez não concordem, mas nem se molestam por certas atitudes ou pensamentos,
escondendo uma imagem de tolerância que nada tem a ver com mansidão. Um escritor inglês
já disse uma vez que “a tolerância é a virtude do homem sem convicções" 2. Onde não há
convicções, não haverá luta por valores, não haverá discussão de opiniões, nem haverá uma
exposição da única verdade bíblica. Mas também estão os que dizem ter convicções, mas têm
uma atitude de “paz a qualquer preço”, colocando-a acima das suas próprias convicções acerca

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G. K. Chesterton, citado por Rev. Agustus Nicodemus Lopes em “A leitura da Bíblia e a pós-
modernidade”.

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da verdade da Palavra de Deus. Isto também não é ser manso, Lloyd-Jones afirma que muitas
vezes se considera erradamente que é manso o indivíduo que diz: “prefiro qualquer coisa a
entrar em disputa”. Não vemos uma atitude assim nos santos apóstolos nem nos pais da
reforma da igreja, eles eram fortes em convicções, lutavam pela verdade e pelo crescimento
do evangelho e não por isso deixaram de ser mansos. Paulo é um grande exemplo disso. Ele
confrontava os irmãos, como no caso dos corintos, os gálatas e ele até confrontou a um dos
máximos líderes da igreja primitiva: o apóstolo Pedro. Mas sempre vemos a Paulo em um
lamento por ter que tomar estas medidas, preferindo sempre agir com amor e paz, embora
nem sempre fosse possível. Mas essas atitudes de complacência, tolerância e paz a qualquer
preço é muito comum na pós-modernidade e precisamos lembrar como disse o Senhor em
Apocalipse 3.15-16: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses
frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te
da minha boca”.

Um terceiro aspecto que não é mansidão é a gentileza que uma pessoa possa ter. Embora esta
deva ser uma característica que devemos buscar ter, como cristãos, não é disso que se trata
aqui. Há pessoas do mundo que naturalmente são extremamente gentis e educadas. Isto pode
depender em certo sentido do nível sociocultural que a pessoa tem. Mas as bem-aventuranças
são espirituais e não se trata destes aspectos.

Também, não devemos pensar que mansidão signifique uma fraqueza de caráter ou de
personalidade. Nesse caso novamente teríamos algo externo e natural da pessoa. Na Bíblia
vemos exemplos de homens firmes, com um caráter forte e, mesmo assim, sendo mansos. Um
dos maiores exemplos que temos é o de Moisés, em Números 12.3 diz o seguinte: “Era o varão
Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Porém, foi ele
quem levou o povo pelo deserto, foi ele quem confrontou o pecado do povo e o exortou a
servir ao Senhor. Além disso, temos o exemplo do Senhor Jesus, que era “manso e humilde de
coração”. Porém, o Senhor confrontava os pecados, desafiava os fariseus e expulsou aos
comerciantes que negociavam no templo. Há nisto algum traço de fraqueza de caráter? Porém
ele foi manso.

Finalmente, quero destacar o que já tínhamos explicado em estudos anteriores sobre a


diferença entre humildade e mansidão. Elas são diferentes, mansidão não é humildade. Temos
dito que a humildade é o nosso reconhecimento de que nada somos e que nada merecemos
perante o Senhor, enquanto que a mansidão tem a ver mais com uma atitude de reação diante
de circunstâncias. Bem, agora que começamos a dar uma primeira dica sobre o que é a
mansidão vou colocar a esperada pergunta: o que é então a mansidão?

A mansidão tem a ver com a forma que reagimos diante das circunstâncias. Mansidão tem a
ver com adversidades e dificuldades com outras pessoas, assim como com uma atitude nossa
diante de situações que não gostaríamos de estar passando. Eu definiria a mansidão como
uma atitude passiva e pacífica diante de ações injustas (mas nem sempre) que recebemos.
Manso é aquele que não se irrita, não revida e que também aceita sofrer as consequências da
injustiça. Além disso, manso é alguém que aceita ser criticado e confrontado e que não busca
esconder o que ele é ou fez mediante uma atitude reativa. Manso é também quem aceita a

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disciplina do Senhor, quem escuta o que a Palavra tem para falar e que se humilha e aplica o
ensinamento na sua vida como uma doce medicina.

Lloyd-Jones disse que não se trata apenas de determos o golpe quando nos sentimos irados,
mas também devemos entrar naquele estado e condição em que, de maneira alguma
tenhamos a vontade de aplicá-lo. O indivíduo que é manso não exige coisa alguma para sim
mesmo. Não considera todos os seus legítimos direitos como algo a ser exigido. Não faz
exigências quanto à sua posição, aos seus privilégios, aos seus direitos. Citando algumas
características do manso, segundo Lloyd-Jones: “O homem manso nem ao menos se sensibiliza
consigo mesmo. Passamos a vida inteira cuidando de nós mesmos. Entretanto, quando a
pessoa adquire a mansidão cessa tal atitude; e, daí por diante, não mais se preocupa consigo
mesma e nem com o que os outros digam a seu respeito. [...] Para o manso, nada existe a ser
defendido, pois ele sabe que nada é, que nada tem, ele se anulou completamente, como se não
tivesse direitos nem merecimentos seja no que for. [...] O indivíduo que é verdadeiramente
manso é aquele que se admira de que Deus e os homens possam pensar dele tão bem quanto
pensam.”

Parece difícil possuir esta característica? Claro que sim! Eu lhe diria que ela é impossível, a não
ser pela obra do Espírito Santo na vida de cada um de nós. Além disso, à medida que vamos
avançando nas bem-aventuranças, elas tornam-se cada vez mais profundas para nossas vidas.
Se tivermos dificuldades em sermos humildes, mais ainda a termos para chorar diante do
Senhor e muito mais ainda para sermos mansos. É por isso que precisamos orar ao Senhor por
ajuda em cada um desses pontos.

Porque devemos ser mansos?


Temos considerado o que esta bem-aventurança significa. Mas porque ela é importante para a
vida do crente? Porque devemos ser mansos? Será que não posso defender o que é meu, e
lutar por minha justiça? A seguir apresentaremos alguns pontos que acredito nos levem a
entender a razão de sermos mansos na vida cristã.

A- Porque não somos melhores do que o pior dos inimigos


Uma primeira razão pela qual precisamos ser mansos é porque, a não ser pela graça salvadora
de Deus, estaríamos na mesma condição diante de Deus do que o pior dos nossos inimigos.
Não somos mais do que os outros, a nossa maldade é tão grande como a maldade de outras
pessoas. Se não fizemos coisas piores que outros, é apenas pela graça do Senhor que nos
impediu fazê-lo. Os judeus tinham pegado uma mulher cometendo adultério e rapidamente
quiseram julgá-la e apedrejá-la, mas o que aconteceu quando perguntaram a Jesus o que
deviam fazer? O Senhor apontou aos acusadores, pois todos eles tinham pecados no coração.
Todos eles se foram envergonhados. “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o
primeiro que lhe atire pedra” (João 8.7).

Não entraremos aqui nos detalhes acerca da justiça das autoridades, deixaremos isto para um
pouco mais adiante, mas aqui me refiro ao sentimento de querer devolver com mal a alguém
que cometeu um pecado. Isto não é mansidão e deve ser evitado, pois nós também temos
faltas e caímos muitas vezes (Tiago 3.2). Um manso não se apressa a aplicar sua própria justiça,
mas se apressa a perdoar, pois ele lembra que assim o seu Senhor o perdoou a ele primeiro. É

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isto o que nos ensina a parábola dos dois devedores de Mateus 18.23-35, ensinada pelo
Senhor Jesus.

B- Porque os servos de Deus foram mansos


Outra razão de sermos mansos é porque a Bíblia exemplifica aos servos de Deus como homens
mansos. A Bíblia, através de tantos exemplos, nos ensina que podemos e devemos ser mansos.
Temos muitos exemplos de servos de Deus, homens de fé, heróis da fé, que foram mansos. Por
exemplo, Moisés (que já citamos anteriormente); Abraão, que cedeu as melhores terras para
que seu sobrinho, menor que ele, as escolhesse; ou Paulo, que buscava resolver os problemas
das igrejas com mansidão e que no caso do problema com os corintos preferiu usar de cartas
para evitar falar asperamente a eles, para que sua visita fosse novamente em amor
(2.Corintios 2.1-2). Alguém poderia colocar como contraponto a vida de Pedro, quem se
apressou a cortar a orelha de Malco em defesa e foi repreendido pelo Senhor Jesus
(João18.11). Porém, eu lhe diria que Pedro é um dos melhores exemplos de como o Senhor
trabalha na mansidão de um crente e desenvolve isso na sua vida. Somente basta com ler a
mensagem toda da primeira epístola de Pedro, quando o apóstolo já era idoso. É incrível notar
outro Pedro, calmo, sereno, submisso e manso, um Pedro maduro e trabalhado pelo Espírito
Santo.

Há ainda um exemplo de um servo de Deus no qual quero me deter uns instantes: o exemplo
de Davi. Ele foi chamado como “um homem segundo o coração de Deus (1.Samuel 13.14; Atos
13.22)”. Ora, sabemos que Davi não era um homem perfeito no sentido de nunca cometer
pecados, pois a Bíblia nos relata como ele caiu em mais de uma ocasião. Mas porque a Bíblia o
chama assim? Ele tinha uma característica que vemos de maneira perfeita e plena no Senhor
Jesus, a imagem do Pai. Assim como Cristo, Davi não se apegava ao poder do seu reinado ou à
força das suas armas e a sua capacidade bélica como meios para aplicar vingança contra os
seus inimigos, pois ele era manso. Por exemplo, ele teve duas oportunidades de tirar a vida de
Saul, quem o estava perseguindo injustamente (1.Samuel capítulos 24 e 26), mas Davi disse:
“O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão
contra ele, pois é o ungido do SENHOR” (1Samuel 24.6). Davi não quis fazer justiça própria,
antes ele disse: “Pague, porém, o SENHOR a cada um a sua justiça e a sua lealdade; pois o
SENHOR te havia entregado, hoje, nas minhas mãos, porém eu não quis estendê-las contra o
ungido do SENHOR” (1Samuel 26.23). Davi foi um rei que aplicava justiça no seu reinado,
porém, quando a ofensa era contra ele, quando o mal via contra a sua pessoa, ele deixava a
justiça para o Senhor, ele não se vingava por si mesmo, mas deixava ao Senhor. Mais um
exemplo disto temos quando ele teve que fugir de Jerusalém por causa do seu filho Absalão.
Vejam o impressionante deste episódio, em 2.Samuel 16.7-12:

7 Amaldiçoando-o, dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de sangue, homem de Belial;
8 o SENHOR te deu, agora, a paga de todo o sangue da casa de Saul, cujo reino usurpaste;
o SENHOR já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-te, agora, na tua desgraça,
porque és homem de sangue.
9 Então, Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei,
meu senhor? Deixa-me passar e lhe tirarei a cabeça.
10 Respondeu o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Ora, deixai-o amaldiçoar;
pois, se o SENHOR lhe disse: Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim fizeste?

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11 Disse mais Davi a Abisai e a todos os seus servos: Eis que meu próprio filho procura
tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o
SENHOR lhe ordenou.
12 Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua
maldição deste dia.

Alguém poderia pensar que estes foram santos e nós somos apenas seres simples, mas não é
assim. Tiago nos exorta à oração colocando-nos em comparação com Elias, em Tiago 5.17:
“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância,
para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu”. Elias foi um
dos grandes profetas de Deus. Uma vez ele orou e desceu fogo do céu para mostrar a seus
inimigos que Deus estava com ele e mesmo assim Tiago nos diz que ele era semelhante a nós,
com os mesmos sentimentos. Esses homens foram assim porque confiaram em Deus e foi
Deus quem produziu essa grande piedade neles. Assim também nós devemos confiar em Deus
e buscar viver esses exemplos que temos nas Escrituras.

C- Porque a justiça pertence ao Senhor


Aproveitaremos o exemplo que citamos anteriormente sobre Davi. O que ele afirmou acerca
da injustiça que Saul estava fazendo com ele? “Pague, porém, o SENHOR a cada um a sua
justiça e a sua lealdade” (1Samuel 24.6a). O que disse Davi quando Simei o amaldiçoou?
“Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua
maldição deste dia” ( 2.Samuel 16.12). Em que estava baseada a mansidão de Davi? Era na
esperança que ele tinha na justiça que vem do Senhor, na justiça perfeita e não na justiça dos
homens. Um manso espera na justiça do Senhor e não na dos homens. Paulo nos exorta a isto
claramente, quando diz (Romanos 12.17-21):

17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os
homens;
18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A
mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.
20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de
beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

Precisamos esperar no Senhor, Ele é a nossa esperança e não os homens nem as nossas
próprias forças. “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o
nome do SENHOR, nosso Deus” (Salmos 20.7).

Os primeiros passos visando a mansidão


Depois de termos entendido a necessidade de sermos mansos. Como começamos? Quais os
primeiros passos para atingirmos a mansidão? Como podemos aprender a mansidão? A
resposta está nas palavras do Senhor Jesus: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus
11.29). Temos que aprender de Cristo. É Ele o maior exemplo do que é ser manso. Se
quisermos saber o que é ser manso, basta então olhar para o Senhor Jesus. Como ele se
comportava? Como era sua atitude diante das provações e provocações dos homens? Como
ele agiu durante a sua paixão? Vejam o que diz em Filipenses 1.5-8:

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5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,


6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança
de homens; e, reconhecido em figura humana,
8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

Paulo está querendo dizer que o Senhor tinha todo o poder, sendo ele mesmo igual ao Pai,
mas ele não considerou seu poder como algo no que se aferrar. Pelo contrário, o Senhor
renunciou a si mesmo, se esvaziou e se fez servo. Ele não reclamou e foi em silêncio até a cruz.
Isto é mansidão. Ter poder, ter força para agir, e deixar isso para trás é verdadeira mansidão.
Alguns acham que para Cristo foi muito mais fácil sofrer, pois ele era homem e também Deus.
Mas a verdade é totalmente a contrária, o verdadeiro sofrimento está na humilhação, “sendo
Deus não usar do poder”, ter a capacidade de agir e não fazê-lo. Isto dói, pois quando não há
poder para agira, há resignação, mas quando há poder e não é usado há humilhação. O
apóstolo Pedro também nos faz uma impressionante exortação de como agirmos, colocando o
exemplo das atitudes do nosso Senhor Jesus. Vejam em 1.Pedro 2.21-23:

21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso
lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos,
22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca;
23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,

O Senhor não foi fraco, nem cobarde, quando ele teve que defender a verdade ele falou com
muita firmeza, mas quando os seus inimigos o atacaram injustamente, quando o provocaram,
ele “calou” e deixou o juízo nas mãos do Pai. É assim que temos que proceder como cristãos.
Este é um contraste muito grande com o comportamento mundano. O mundo nem cogitaria
pensar em uma atitude assim e rapidamente tentaria executar a sua própria justiça. Mas nós
esperamos “Aquele que julga retamente” (1.Pedro 2.23b).

Consequências da mansidão – aplicações a nossas vidas


Uma vez visto os ensinamentos bíblicos sobre a mansidão, passemos agora a considerar as
nossas vidas práticas. Como se aplica a mansidão em nossas vidas? Vamos considerar dois
pontos, a mansidão em relação a Deus e sua Palavra e a mansidão em relação ao próximo.

A- Em relação à Palavra de Deus


Temos dito no inicio que manso é não é apenas em relação às pessoas, mas é também quem
aceita a disciplina do Senhor, quem escuta o que a Palavra tem para falar e que se humilha e
aplica o ensinamento na sua vida como uma doce medicina. Acredito ser este o inicio da
aplicação em nossas vidas práticas. Como podemos ser mansos em relação ao próximo se
primeiro não formos mansos em relação a Deus?

Como é que reagimos diante das ordenanças do Senhor para nossas vidas? E como reagimos
diante da sua disciplina? Tem muitos “crentes” que se irritam contra alguns ensinamentos
bíblicos. Por exemplo, já escutei pessoas dizerem que Paulo era “machista” ao invés de
aceitarem o ensinamento sobre a submissão feminina e a liderança masculina do lar e da
Igreja. Outros se irritam e revelam contra o ensinamento acerca da proibição do

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relacionamento conjugal entre o crente e o incrédulo. Também, há pessoas que não aceitam a
questão do pecado, da fornicação, da vida imoral, justificando através de sentimentos em
relação à outra pessoa. Porém, estas pessoas não entendem que os mandamentos foram
estabelecidos por Deus não por capricho dEle, mas para nosso próprio bem, para sermos uma
geração santa, como luminares deste mundo. Esses mandamentos trazem a bem-aventurança,
a verdadeira felicidade que vem do alto, abençoada por Deus para nossas vidas. Se não
aceitarmos a Palavra de Deus em nossas vidas é sermos rebeldes e não mansos. “Precisamos
estar preparados para aprender a escutar, e, sobretudo, devemos render-nos à orientação do
Espírito Santo”.

Também, mesmo aceitando a Palavra de Deus, podemos ter reações contra as dificuldades ou
doenças que o Senhor permite que aconteçam para moldar-nos. Paulo foi manso diante da
resposta inesperada que recebeu do Senhor para suportar o “espinho na carne”. Mas há
pessoas que se irritam com Deus, deixam de orar, deixam de ir à igreja, ou tomam outras
atitudes como de vingança contra Deus. Mas não vêm que elas sozinhas se prejudicam, pois se
esfriam mais ainda, além de estarem desagradando ao Senhor. Isso é rebeldia e não mansidão.
Neste sentido, precisamos lembrar o ensinamento de Hebreus 12.5-6 que diz: “estais
esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a
correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor
corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”. O Senhor trata as nossas vidas e nós
temos que lembrar disso, cada situação é uma oportunidade para sermos santificados e
crescer nEle, pois “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus” (Romanos 8.28).

B- Em relação ao próximo
Por outro lado, também temos explicado, no inicio, que manso é aquele que não se irrita, não
revida e que também aceita sofrer as consequências da injustiça. Manso é alguém que aceita
ser criticado e confrontado e que não busca esconder o que ele é ou fez mediante uma atitude
reativa. Como somos em relação a isto?

Este ponto tem a ver com nossa reação diante das pessoas. Segundo Lloyd-Jones, posso ter
entendido o que sou diante do Senhor e concordar com a minha miséria diante dEle, mas
estou disposto a aceitar se essa afirmação vem de outra pessoa? Como tomamos as críticas ou
as repreensões que vêm de outras pessoas? Como nos comportamos diante de situações
adversas? Essas são somente algumas das perguntas práticas que deveríamos responder para
sabermos se estamos agindo com mansidão. A mansidão é um grande teste para algumas
culturas como a nossa, e com certeza, no geral ela é um teste para todo ser humano. A seguir,
gostaria de colocar mais alguns pontos sobre questões práticas que refletem a nossa
mansidão:

1) Em primeiro lugar, somos mansos como igreja? Muitas igrejas de hoje vêm o
cristianismo em termos de luta contra o mundo de maneira “literal”. Assim sendo, começam
os movimentos ecumênicos, as marchas de manifestação da Igreja e outras atividades que
buscam demonstrar que a igreja também tem poder na sociedade e que se une para lutar
contra os seus adversários. Mas isto é totalmente contrário à maneira como o Senhor Jesus

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agiu. “Meu reino não é desta terra” disse Ele. O poder da igreja se demonstra na pregação da
Palavra, do evangelho, e não nas manifestações como organização.
2) Em segundo lugar, somos mansos nós como pessoas em relação ao próximo? Para isso
vou colocar alguns exemplos: (i) como reagimos se um carro se nos cruza indevidamente ao
dirigir? (ii) Se há alguma pessoa pouco agradável, nos irritamos e indignamos por causa dela?
Como agimos com ela? (iii) Quando alguém nos faz alguma crítica, escutamos? Somos capazes
de olhar desde fora a situação e a nós mesmos e nos avaliarmos diante de tal crítica? Ou
somos parciais e nos indignamos com a crítica? (iv) E se a pessoa que nos criticou está
realmente equivocada? Calamos? Ficamos tranquilos ou nos ofendemos e com força contra-
atacamos? (v) E diante de uma injustiça? Seguimos sendo os mesmos ou damos revide?
Queremos pagar da mesma forma? Ou deixamos tudo em Deus? Pedimos a Deus por juízo ou
clamamos por misericórdia?
3) Em terceiro lugar, vamos considerar o caso de uma pessoa que precisa ser instruída,
corrigida, que seus caminhos não estão certos na vida cristã, seja em coisas grandes ou
pequenas. Vamos supor que nos interessamos com isso e queremos ajudar essa pessoa.
Depois de termos explicado, tentado ajudar a pessoa, somos capazes de deixar em mãos de
Deus e esperar a obra do Senhor, ou queremos fazer o papel do Espírito Santo, tentando
convencê-la, pressionando-a para que mude, implicando com ela o tempo todo? Sabemos
“mostrar o erro com amor” e logo esperar a ação de Deus? Precisamos lembrar que, embora
seja nosso papel a exortação, há uma obra que é do Espírito Santo e que é efetuada no Seu
tempo e não no nosso. Portanto, precisamos ser mansos, deixar de reagir e esperar no Senhor
a sua obra. Isto é um bom exemplo de fé e de submissão à obra do Espírito.

Então, sintetizando: como é a nossa língua, como é o nosso tom de voz, como é o nosso
comportamento cada vez que não gostamos de algo? Como é o nosso senso de direito e justiça
próprios? Como é o nosso pensamento sobre algo que não gostamos? Como é a nossa visão
sobre nós mesmos em relação a alguém que nos incomoda, nos prejudica ou simplesmente
nos critica? Como é a nossa paciência para com os outros? Como é a nossa submissão à obra
do Espírito Santo na vida das outras pessoas e de nós mesmos? Na Palavra temos uns bons
exemplos de como devemos proceder, deixo aqui alguns deles para meditarmos ao respeito:

“No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Pv.10.19).
“O caminho do insensato aos seus próprios olhos parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos”
(Pv.12.15).
“A ira do insensato num instante se conhece, mas o prudente oculta a afronta” (Pv.12.16).
“Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma
cidade” (Pv.16.32).
“Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda.” (Pv.21.19).

Considerações finais sobre a mansidão


Gostaria de ressaltar ainda um detalhe: embora que seja difícil sermos mansos, há uma
promessa, uma recompensa por sermos assim. “Bem-aventurados os mansos, porque
herdarão a terra” (Mateus 5.5). Somos bem-aventurados, pois seremos recompensados por
termos essa atitude. Neste sentido, gostaria colocar aqui o que eu chamaria “o salmo dos
mansos”, o Salmo 37, que diz o seguinte nos versos 1 a 11:

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1 Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a
iniqüidade.
2 Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.
3 Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade.
4 Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.
5 Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.
6 Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.
7 Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera
em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8 Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9 Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a
terra.
10 Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o
acharás.
11 Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.

O ímpio não existirá, ele passará como a erva, ele receberá a sua justa recompensa. Então
porque nos apressarmos? Porque não melhor esperar até herdarmos a terra? Até nos
deleitarmos na abundância de paz que vem do Senhor? A Palavra nos diz que somos co-
herdeiros com Cristo (Romanos 8.17). Em certo sentido, já reinamos com Cristo, pois temos
poder para vencer o pecado e as coisas deste mundo. Já somos seus embaixadores e ministros
(2.Coríntios 5.20). Mas além disso, nós julgaremos o mundo e os anjos, e com Cristo
reinaremos (1.Corintios 6.2-3 e 2 Timóteo 2.12). Assim sendo, este salmo nos exorta a
esperarmos pacientemente. “Confia no Senhor!”, “agrada-te no Senhor!”, “entrega o teu
caminho ao Senhor!”, “descansa no Senhor”, pois há um galardão para o manso, assim diz esse
salmo. “Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz” (Salmo 37.11).

Que o Senhor nos dê sua graça para vivermos assim!

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