O mundo empresarial está enfrentando uma crise de confiança.
Dos cubículos do andar térreo aos escritórios luxuosos dos andares mais altos, os funcionários estão com medo, inseguros e insatisfeitos. E quem perde com isso é o desempenho da empresa.
As pesquisas sobre confiança fazem soar um alarme:
• Mais da metade dos empregados questiona a integridade do
chefe. • Quarenta e três por cento dos empregados desconfiam dos gerentes e dos colegas de trabalho. • Mais da metade dos empregados diz que a empresa onde trabalha não merece sua lealdade. • A maioria dos empregados não tem confiança em seus líderes. Insatisfação e desconfiança são o resultado do comportamento antiético e ilegal dos executivos, de repetidos cortes no número de empregados e de enormes disparidades salariais. A confiança está diretamente ligada ao desempenho e ao sucesso, e por isso é fundamental. A perda da confiança tem um alto preço. A desconfiança afasta do desempenho e da inovação o pensamento dos empregados, mudando o foco para a competição e o fingimento. A desconfiança tem várias conseqüências sobre a cultura:
• Favorece os segredos e o engano.
• Desestimula a sinergia e a colaboração. • Inibe a comunicação. • Impede o fluxo livre da informação. • Leva os empregados à mentira. • Provoca as manobras, a politicagem, o negativismo. • Permite que os interesses pessoais predominem. • Torna difícil a concentração. • Faz cair muito o desempenho da organização. • Desperdiça tempo, dinheiro e talento.
Como dizer se há falta de confiança? Eis cinco sintomas:
• Grupos em disputa. • Reclamações e acusações. • Comportamento agressivo. • Debate prolongado sobre as decisões. • Decisões não-definitivas.
Essas situações logo resultam em suspeitas, disputas
malresolvidas, compromissos abandonados, acordos nebulosos e prazos não-cumpridos. Estes, por sua vez, levam a culpa, comentários dissimulados e mais frustração.
Três Níveis de Confiança
Confiança é a certeza das qualidades positivas de uma pessoa e da honestidade de suas ações, decisões e opiniões. Confiança genuína se constrói sobre atitudes, e não sobre o que a pessoa quer, planeja ou diz que vai fazer.
Existem três níveis de confiança:
1. Confiança baseada na intimidação é aquela que alguém deposita porque sabe que o outro tem medo do castigo que pode sofrer se não agir de modo confiável. Essa confiança, a base de muitas transações comerciais, não serve de apoio ao relacionamento que o líder precisa ter com seus seguidores.
2. Confiança baseada no conhecimento vem da decisão
racional tomada pelos seguidores quanto a confiar ou não no líder. Essa decisão se baseia em “boas razões”: evidência clara de consistência, segurança, competência, honestidade e integridade. Os líderes conquistam essa confiança agindo em todas as interações de acordo com esse padrões.
3. Confiança baseada na identidade surge nos
relacionamentos em que líder e seguidores partilham dos mesmos objetivos, valores e idéias. Líder e seguidores se conhecem tão bem, que um pode agir em lugar do outro ou dizer o que o outro diria. Essa forma de confiança se desenvolve em amizades profundas e bons casamentos, mas também é possível no mundo dos negócios. Os líderes conquistam essa confiança demonstrando cuidado e interesse sinceros pelos seguidores em anos seguidos de contato pessoal positivo.
A confiança catalisa as empresas. A confiança do empregado em
seu líder é realmente importante, e afeta diretamente o resultado final. Quando o líder goza da confiança de seu pessoal, o índice de crescimento da empresa é impressionante.
O investimento em confiança gera um retorno excelente em
desempenho, dedicação e lealdade, reduzindo os custos. Muito do sucesso das equipes de alto desempenho e da colaboração bem- sucedida vem da confiança mútua. Estabelecida a confiança, o progresso da equipe é enorme.
A confiança no líder também está ligada diretamente à dedicação
– uma qualidade importante quando se espera que as pessoas ajam rapidamente em resposta a condições que estão sempre em transformação. É muito mais difícil um empregado que confia no líder deixar o cargo. E como a rotatividade custa caro, quanto maior a dedicação dos empregados, melhor a saúde financeira da empresa.
Empregados leais, em contato diário com clientes e fornecedores,
espalham sua lealdade nos dois sentidos da cadeia de valor, contribuindo para a competitividade da empresa. É por meio dos empregados que os líderes mudam a experiência do cliente. E essa lealdade é fruto da confiança.
Líderes que querem desenvolver a confiança devem prestar
atenção em suas atitudes, decisões e declarações. As nove áreas principais de desenvolvimento da confiança são:
• Integridade – evidência de que a sua ética e os seus valores
internos se refletem no seu comportamento. • Consistência e confiabilidade – você faz o que disse que iria fazer. • Competência – você demonstra que é capaz de fazer o trabalho. • Cumprimento de promessas – você mantém a palavra dada. • Comunicação honesta – você compartilha francamente a informação. • Confiança e respeito pelos outros – a sua liderança, então, será considerada e respeitada. • Responsabilidade pessoal – você não atribui a outros a responsabilidade pelo resultado dos seus atos. • Imparcialidade – não quer dizer que você dê a todos o mesmo tratamento, mas que se relacione conforme princípios consistentes. • Atenção e interesse – você demonstra interesse genuíno pelo seu pessoal, preocupando-se com seu bem-estar e progresso.
Os líderes que agem assim conquistam a confiança e o apoio dos
seguidores. Seus esforços promovem a sinergia e melhoram o desempenho. Inspiram em seu pessoal a confiança de seguir a liderança que exercem.
Michael Grant e Stan Beecham são diretores do Leadership
Resource Center, uma empresa de consultoria especializada em desenvolvimento de liderança e gestão de talentos estabelecida em Atlanta, Geórgia. Michael@leadershipresourcecenter.com