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Um

olhar
que
cura

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Pe. Paulo Ricardo

Um
olhar
que
cura
Terapia das
doenças
espirituais

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EdiTora: Cristiana Negrão
CaPa e diaGraMaÇÃo: Claudio Tito Braghini Junior
PreParaÇÃo: Lilian Miyoko Kumai
ReViSÃo: Padre Paulo Sérgio Pedroso de Paula
Patrícia de Fátima Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Azevedo Jr., Paulo Ricardo de


Um olhar que cura: terapia das doenças espirituais / Paulo Ricardo de
Azevedo Jr. -- São Paulo : Editora Canção Nova, 2008.

ISBN 978-85-7677-119-7

1. Cura - Aspectos religiosos - Cristianismo 2. Cura pelo espírito


3. Vida cristã I. Título.

08-07574 CDD-248.86

Índices para catálogo sistemático:


1. Cura espiritual: Guia de vida cristã: Cristianismo 248.86

Imprimatur
Cuiabá, 28 de julho de 2008.

MILTON SANTOS, SDB


ARCEBISPO DE CUIABÁ

EDITORA CANÇÃO NOVA


Rua São Bento, 43 - Centro
01011-000 São Paulo SP
Telefax [55] (11) 3106-9080
e-mail: editora@cancaonova.com
vendas@cancaonova.com
Home page: http://editora.cancaonova.com
Todos os direitos reservados.
ISBN: 978-85-7677-119-7
© EDITORA CANÇÃO NOVA, São Paulo, SP, Brasil, 2008

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Sumário

Apresentação................................................................. 7
Introdução...................................................................... 11
Capítulo I
Filáucia: a Mãe de Todas as Doenças................................ 17
Capítulo II
Uma Terrível Prole......................................................... 29
Capítulo III
Gastrimargia: Tirana de Todos os Mortais.......................... 41
Capítulo IV
Terapia da Gastrimargia: A Temperança............................ 59
Capítulo V
A Pornéia: o Pecado Contra o Próprio Corpo................... 81
Capítulo VI
Terapia da Pornéia: A Virtude da Castidade.................... 103
Capítulo VII
Filargíria e Pleonexia ..................................................... 129
Capítulo VIII
Terapia da Avareza....................................................... 145
Postscriptum................................................................ 159

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Apresentação

Um Olhar que Cura, de autoria do padre Paulo Ricardo


de Azevedo Júnior, que tenho o prazer de apresentar, é resul-
tado de um maravilhoso instrumento de comunicação, que
também é motivo de preocupações: a Internet. A este respeito
me vem à mente uma palavra do papa João Paulo II:

Considerem-se [...] as capacidades positivas da Internet


de transmitir informações religiosas e ensinamentos para
além de todas as barreiras e fronteiras. Um auditório tão
vasto estaria além das imaginações mais ousadas da-
queles que anunciaram o Evangelho antes de nós [...] Os
católicos não deveriam ter medo de abrir as portas da
comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa
Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo!.

 Mensagem para o XXXV Dia Mundial das Comunicações, n. 3, 27


de maio de 2001.

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Um olhar que cura

As conferências de padre Paulo são “difundidas” no


Brasil e no exterior e apreciadas por jovens cristãos nos mais
variados contextos, inclusive em academias, onde ouvem as
palestras em mp3. Acompanhando o desenvolvimento tec-
nológico, novas palestras têm sido gravadas, com imagem,
em estúdio – aproveito também para fazer um agradecimen-
to à Canção Nova, que ora se ocupa destas gravações, bem
como da edição da presente obra. Trata-se de um trabalho
intenso em benefício da evangelização.
Padre Paulo também tem se destacado como pregador
de retiros, cujas solicitações ultrapassam suas possibilida-
des de atendimento. Ressalto ainda sua coragem em tratar
com serenidade, e em plena consonância com o Magistério
da Igreja, de temas que podem granjear injustas antipatias,
pois, temos responsabilidade diante de Deus na pregação de
um Evangelho sem reducionismos. Aqui, cito mais uma vez
o Servo de Deus João Paulo II:

Seria um erro gravíssimo concluir [...] que a norma ensi-


nada pela Igreja é em si simplesmente um “ideal” que de-
pois, segundo se diz, deve ser adaptado, proporcionado e
graduado às possibilidades concretas do homem; segun-
do um “balanceamento dos vários bens em questão”. Mas,
quais as “possibilidades concretas do homem?” E de que
homem se trata? Do homem dominado pela concupiscên-
cia ou do homem redimido por Cristo? Pois trata-se disto:
da realidade da redenção de Cristo. Ele nos redimiu. Isto
significa: Ele nos deu a possibilidade de realizar a verdade
inteira do nosso ser; Ele libertou a nossa liberdade do do-
mínio da concupiscência. E se o homem redimido ainda

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Pe. Paulo Ricardo

peca, isso não se deve à imperfeição do ato redentor de


Cristo, mas à vontade do homem de afastar-se da graça
que brota daquele ato. O mandamento de Deus está certa-
mente proporcionado às capacidades do homem, mas às
capacidades do homem a quem é dado o Espírito Santo;
daquele homem que, mesmo caído no pecado, pode sem-
pre obter o perdão e gozar da presença do Espírito.

A respeito da obra que ora apresento, o autor fez uma


ótima combinação ao expor as doenças espirituais e as suas
terapias com base na tradição da Igreja. A opção por segui-la
em sua versão mais antiga, a dos Santos Padres, resgata figu-
ras importantes, cujos escritos estão um tanto quanto esque-
cidos. A redescoberta destes, reeditados por alguns mostei-
ros brasileiros, entre outros, faz-nos lembrar dos movimentos
patrístico e litúrgico da virada do século XIX para o XX.
No entanto, padre Paulo Ricardo não se limita apenas
à exposição destes veneráveis autores, também os atualiza,
recolhe e distribui coisas novas e velhas (cf. Mt 13, 52), dando
exemplos do nosso quotidiano e aplicando-os, o que torna
tudo muito vivo.
Uma presença constante é o papa Bento XVI, admira-
do e estudado por padre Paulo já bem antes da sua eleição –
aliás, espanta como muitos dos que criticam o então Cardeal
Ratzinger nunca tenham lido uma linha de sua vastíssima
obra. O Magistério da Igreja também se faz presente, não só

 Discurso aos participantes do curso sobre a procriação responsá-


vel, 1 de março de 1984.

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Um olhar que cura

no texto, mas em preciosíssimas notas que proporcionam ao


leitor a possibilidade de voar mais longe, às fontes, muitas
delas, hoje, disponíveis na Internet.
O autor também nos previne contra uma certa severida-
de, que não é criação sua, mas pertence à tradição cristã, que
sempre procurou olhar o homem como o próprio Cristo nos
vê: chamados para as coisas mais sublimes – “sede, portanto,
perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48) – e
atraídos para baixo por forças que só a Graça de Deus pode
vencer. Nunca é demais citar São Paulo, sobretudo neste Ano
Paulino, que nem sempre conseguia fazer o bem que desejava
(cf. Rm 7,19); mas, sem desistir, continuava a trabalhar “com
a simplicidade e a retidão que vêm de Deus, guiados não por
cálculos humanos, mas pela graça de Deus.” (2Cor 1,12).
Parabenizo o padre Paulo Ricardo. Que esta obra tenha
a difusão e os frutos com a Graça de Deus. E, não obstante as
suas múltiplas atividades, que venha logo à luz sua segunda
parte. Com a minha bênção.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008


Memória de São Pedro Crisólogo
Eugênio de Araújo Card. Sales
Arcebispo Emérito de
São Sebastião do Rio de Janeiro

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Introdução

Sou padre e sempre fui apaixonado pelo sacerdócio ca-


tólico. Desde os meus tempos de seminarista, participar de
uma ordenação sempre foi uma experiência revigorante: ver
a alegria e a generosidade com que um jovem sobe ao altar
pela primeira vez, para oferecer o santo sacrifício da Missa.
Penso que, para a maioria dos sacerdotes, os primeiros
anos de ministério são amenos e frutuosos. Oferecer-se com
o Cristo no altar. Realizar o sonho de infância, acalentado
por tantos meninos que “brincaram de missa”.
Também para mim foi assim. Mas nem tudo eram flo-
res. Nos primeiros anos de ministério havia algo que me
incomodava: a direção espiritual. Recordo-me que saía dos
atendimentos com uma insatisfação...
Não que eu tivesse negligenciado a minha preparação.
Tinha a consciência tranqüila de ter estudado muita teologia,
moral e direito canônico. Mas havia a sensação de que algo
faltava. Não se tratava de saber distinguir o que era pecado

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Um olhar que cura

ou não, porque isto eu sabia. A questão era como ajudar efe-


tivamente os meus dirigidos.
No início de meu ministério, retomei os estudos de psi-
cologia. Sempre gostei desta ciência, no entanto não era um
psicólogo. E, mesmo que fosse, tinha plena consciência de
que não era isto o que as pessoas procuravam, quando bus-
cavam a direção espiritual.
Em 1999, quando deixei de ser apenas reitor do seminá-
rio menor para me tornar também reitor do seminário maior,
a situação se tornou ainda mais incômoda. Agora, como for-
mador do seminário maior, não deveria somente dirigir as
pessoas espiritualmente, mas também ensinar a dirigir. Sim-
plesmente eu não estava seguro.
Os livros à disposição ou pareciam “reinventar” o ca-
minho valendo-se de psicologismos e de uma teologia liberal
da qual nunca fui simpatizante, ou ressabiam de um mora-
lismo muito difícil de se apresentar ao homem moderno. A
verdade dos antigos manuais continuava verdadeira. No en-
tanto, o problema não está nas verdades antigas (que sempre
são e serão verdadeiras), mas em como expor e conduzir o
homem moderno até estas verdades.
Foi nesta época que peguei, por acaso, um livro que já
estava há quase quatro anos em minha prateleira: L’Esicasmo
- che cos’è come lo si vive. Quando cheguei ao capítulo

 O livro depois seria traduzido para o português: Jean-Yves Leloup,


Escritos sobre o Hesicasmo: uma tradição contemplativa esquecida, Pe-
trópolis: Vozes, 2003.

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Pe. Paulo Ricardo

“A purificação dos pensamentos em Evágrio, o monge”, as


escamas caíram-me dos olhos. Os Santos Padres! Era aquilo
que eu buscava. Não era necessário inventar um caminho,
ele já existia. Homens muito mais sábios e muito mais santos
já o haviam preparado para nós.
É evidente que os Santos Padres não eram uma novida-
de para mim. Meu próprio trabalho de mestrado foi baseado
numa regula iuris extraída das cartas de São Gregório Magno.
Mas o que eu tinha naquela época era uma admiração arqueo­
lógica, romântica, na melhor das hipóteses. Os Padres não
eram aquilo que deveriam ser – “pais” – porque eu não tinha
a atitude de filho que deveria ter. Para que eles sejam nossos
pais, precisamos deixá-los gerar a nossa mentalidade.
Este livro nasceu dos anos de estudo e ensino a respei-
to do tema da cura das doenças espirituais. Seu propósito é
ajudar os leitores que desejam iniciar o estudo deste tema
e, mais importante ainda, pretendem trilhar o caminho da
própria cura.
Para que a doutrina dos Santos Padres se apresente
em sua verdade e grandeza, não é possível abordá-la como
quem olha de fora, igual a quem quer bisbilhotar uma casa,
olha pela janela, mas não quer entrar. Esta é uma das grandes
dificuldades do mundo moderno compreender a fé católica.
Quem quer julgar o ensinamento da Igreja, mas não deseja
entrar na Igreja, permanece com um conhecimento, na me-
lhor das hipóteses, superficial, quando não distorcido.
Também o padre e o diretor espiritual que desejem fa-
zer bom uso deste livro deverão utilizá-lo como aquilo que

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Um olhar que cura

ele é: um convite para uma conversão interior e para um


maior aprofundamento. O melhor laboratório de experiên-
cias do diretor espiritual é sua própria alma.
A estrutura do livro é bem simples. Os dois primeiros
capítulos são mais gerais e introdutórios. Será estudada a
raiz de todos os problemas espirituais, seguida de uma espé-
cie de árvore genealógica, conforme a lista clássica das oito
doenças que dela decorrem.
Depois, estudaremos as três primeiras doenças e suas
respectivas terapias: gula, luxúria e avareza. As outras cinco
doenças (ira, tristeza, acídia, vanglória e soberba) serão tra-
tadas no segundo volume deste curso.
Existe uma razão para tratarmos primeiro destas três
paixões desordenadas (gula – luxúria – avareza). São as doen-
ças mais grosseiras, mais ligadas ao mundo material e as pri-
meiras que devem ser enfrentadas no processo terapêutico.
E, embora possam afetar as pessoas mais progredidas no ca-
minho espiritual, podemos dizer que são típicas dos inician-
tes no processo de conversão.
Também a ordem em que iremos apresentá-las é a dos
Santos Padres. A luxúria é apresentada logo depois da gula,
porque dela deriva e está intimamente ligada, tanto enquan-
to doença como enquanto terapia. A avareza é apresentada
com freqüência como um terceiro passo.
Algumas pessoas podem se chocar com a severidade
do pensamento apresentado neste livro. Mas os Padres da
Igreja desejam apenas prestar o serviço de nos colocar debai-
xo do olhar de Cristo, compassivo e exigente.

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Pe. Paulo Ricardo

Inspirada pela cena do Juízo Final (Mt 25, 31-46), a arte


sacra representa Jesus com a feição ao mesmo tempo mise-
ricordiosa e irada. É o rei-juiz que diz aos que estão à sua
direita: “Vinde benditos!”; e aos da esquerda: “Apartai-vos,
malditos!”. Reúnem-se num só rosto, de forma paradoxal, as
duas formas de Deus nos amar: a compaixão e a ira.
O olhar severo é o amor que exige conversão e nos desa-
fia. O olhar amoroso é o amor que acolhe e nos perdoa. Num
único semblante, contemplamos o mistério pascal, morte e
ressurreição, amor que supera todo entendimento: o olhar
que nos cura.
Um destes ícones é reproduzido na capa deste livro. Esta
imagem de Cristo foi feita no século VI e encontra-se no Mos-
teiro de Santa Catarina de Alexandria, no monte Sinai. Trata-
se de uma obra cuja técnica de pintura (encáustica) consiste
no uso de pigmentos e de cera tratados a quente. Este procedi-
mento causa um efeito de translucidez imensa na obra.
Quando olhamos para as metades separadas do rosto,
conseguimos enxergar quase que duas pessoas diferentes.
Mas se unimos os dois lados (cf. orelha da capa) ficamos per-
turbados com aquela aparente contradição. Mas não se trata
de esquizofrenia. Jesus não possui dupla personalidade.
Jesus é a “imagem do Deus invisível”, a ponto de Ele
poder dizer: “Quem vê a mim, vê o Pai”. E é com este amor
desafiador e acolhedor que Deus Pai nos ama. Seria here-
sia escolher e optar apenas por um dos dois olhares. Heresia
– hairesis – quer dizer exatamente isto, escolher, preferir ape-
nas um “pedaço” da verdade.

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Um olhar que cura

Se olharmos para cada época ou cada pessoa, notare-


mos uma tentação herética de escolher um destes olhares.
Marcião (século II) foi o primeiro a contrapor estas duas for-
mas de amar, criando dois deuses. Para ele, existia um Deus
mau, vingativo e irado do Antigo Testamento e um Deus bom,
amoroso e misericordioso do Novo Testamento. Deveríamos
escolher o segundo e abandonar o primeiro.
A Igreja lutou contra esta heresia desde cedo, compre-
endendo o desequilíbrio teológico e espiritual que se encon-
trava por trás daquela aparente coerência racional.
O católico é sempre assim. Ele vê duas verdades de
fé, aparentemente contraditórias. Não escolhe nenhuma das
duas, acolhe as duas e procura resolver aquela contradição
com uma teologia. Mas o coração católico sabe que seu esforço
teológico é sempre limitado e humano. O importante é abra-
çar a fé completa (kat’holikos – completo, conforme o todo).
Espero ter sido católico neste livro e ter apresentado
o todo destes dois olhares. Não fujamos do olhar de Deus e,
em todas as páginas deste livro, tenhamos presente a oração
de Santo Agostinho.

[Senhor], ninguém vos perde, a não ser quem vos abandona.


E porque abandona, para onde vai ou para onde foge senão para
longe de ti misericordioso e para perto de ti irado?

 Te nemo amittit, nisi qui dimittit, et quia dimittit, quo it aut quo fugit
nisi a te placido ad te iratum?, Santo Agostinho, Confissões, 4, 9, 14.

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Capítulo I

Filáucia1:.
a Mãe de Todas as Doenças

É próprio do homem amar, como é próprio da luz ilu-


minar. Esta verdade ressoa em nossos corações como algo
evidente e, ao mesmo tempo, difícil de acreditar. Ao ouvi-la,
sentimos um forte apelo para alçar vôo na arriscada aven-
tura de amar. Mas dentro de nós – melhor ainda, diante dos
nossos olhos – encontramos a evidência patente de nossa
fragilidade: uma espécie de força que nos leva a chafurdar
na lama. A grandeza de nosso chamado contrasta clamoro-
samente com a miséria de nossa situação.
Desde os séculos mais remotos, a humanidade per-
plexa percebe estas duas tendências contraditórias, mas não
consegue explicá-las. Nós, cristãos, no entanto, aprendemos

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Um olhar que cura

a origem desta contradição por meio da única realidade que


poderia esclarecê-la: a Revelação.
A Revelação nos ensina: o homem é bom, mas está
mal. Ou seja, o homem não é uma doença, mas está doente.
E seu estado de doença espiritual requer uma cura. Este livro
se propõe a ser uma pequena introdução ao conhecimento
deste estado doentio e de sua terapia de acordo com a tradi-
ção mais antiga da Igreja.
Qual seria então a primeira conseqüência deste estado
doentio? Qual é a mãe de todas as nossas doenças espirituais?
Segundo os Santos Padres, especialmente São Máximo o
Confessor (580-662), na raiz de todos os pecados está uma
doença espiritual chamada filáucia.

Filáucia Virtuosa
De origem grega (philía + autós), a palavra filáucia designa
o amor que uma pessoa tem por si mesma, o amor-próprio.
A definição etimológica, no entanto, não é suficiente.
Ao afirmarmos que a filáucia é sinônimo de amor-próprio,
algumas pessoas poderiam ser induzidas a pensar erronea-
mente que se trata necessariamente de uma espécie de egoís-
mo. Mas não é assim.
O significado originário da palavra filáucia é positivo e
trata-se de uma virtude. O amor-próprio não é uma invenção
malévola do demônio ou do homem pecador. É isto mesmo:
o amor-próprio foi criado por Deus e pertence à natureza
sadia do homem, como Deus a sonhou.

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Pe. Paulo Ricardo

Por isto, não é de se espantar que o próprio Jesus (cf. Mt


22,37-39), depois de apresentar o mandamento de amar a Deus
sobre todas as coisas (cf. Dt 6,5), faça questão de acrescentar o
preceito de amar ao próximo tendo como medida o amor por
si mesmo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18).
Ora, Nosso Senhor não canonizaria o egoísmo. É ver-
dade que existe uma forma doentia de a pessoa amar a si
mesma e é a respeito deste amor desordenado que tratare-
mos neste capítulo. Antes de falarmos da doença do egoís-
mo, porém, precisamos reconhecer que existe uma forma
sadia de o homem se amar.
Como então funcionaria o coração de um homem sa-
dio? Como é possível ter um amor-próprio adequado e belo?
Antes de tudo, o que se deve constatar é que o amor de si
não é o primeiro passo. Se pensarmos em nossa história pes-
soal com sinceridade e profundidade, concordaremos com
São João: antes de qualquer amor surgir em nosso coração,
nós fomos amados (cf. 1Jo 4,10). Deus nos amou primeiro e o
nosso amor será sempre uma resposta, um segundo passo.
Disto se compreende por que no coração de um ho-
mem sadio não pode faltar esta resposta. O amor a Deus não
é apenas uma das tantas qualidades do coração do homem: é
a primeira e mais importante de todas as qualidades, pois
é a primeira verdade que Deus revela a nosso respeito. Santo
Agostinho (354-430) nos recorda que o ser do homem foi fei-
to para responder ao amor de Deus, quando diz: “Senhor, fi-
zestes-nos para vós e o nosso coração está inquieto, enquan-
to não repousar em vós”2.

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Um olhar que cura

Por isto, amar a Deus não é um luxo, um acessório dis-


pensável, e sim a realização de nosso próprio ser. Assim como
é natural que uma videira dê fruto ou que uma abelha produza
mel, é natural que um homem saudável ame a Deus. O primeiro
mandamento – “amar a Deus sobre todas as coisas [...]” – não é
uma exigência de um Deus ciumento e caprichoso. É o conselho
de um Pai amoroso que nos ensina o caminho da felicidade.
A conseqüência é lógica: se amarmos a Deus de todo o
nosso coração, estaremos, de modo indireto, amando a nós
mesmos, visto que não é possível uma pessoa amar a si mes-
ma e odiar a fonte do seu próprio ser. Seria um contra-senso;
uma atitude semelhante a meter a enxada nos próprios pés,
ou cortar o galho sobre o qual se está sentado. Ao amar a
Deus, a pessoa demonstra que ama a si mesma.

Filáucia Doente
A partir deste quadro positivo, compreendemos o que
há de errado conosco, uma vez que a doença é sempre a de-
sordem de algo positivo, ou seja, uma disfunção do organis-
mo saudável.
É muito importante, ao longo de todo este livro, nunca
perdermos de vista o fato de que a doença é sempre uma perver-
são da saúde. Por trás do pecado sempre existe uma realidade
positiva, um dom de Deus, que está sendo usado de forma pre-
judicial e destruidora. O mal é sempre a perversão de um bem.
O diabo não tem o poder de criar. Ele sabe apenas arre-
medar o Deus criador, e, ao perverter as coisas criadas, como
uma espécie de “macaco de Deus”3, imita grotescamente as
obras de Nosso Senhor.

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Pe. Paulo Ricardo

O egoísmo, a filáucia doentia, é um arremedo da filáu-


cia virtuosa.
O livro do Gênesis nos recorda que, por sedução da
serpente, o homem começa a amar a si mesmo de forma de-
sordenada. “Sereis como Deus” – promete o pai da mentira.
E a partir do momento em que o homem se deixa enganar
por esta falsa promessa, ele entra numa rivalidade invejosa
com Deus, como se Ele fosse um inimigo, o obstáculo para
sua felicidade. Movido por este amor-próprio equivocado, o
homem se revolta contra sua própria fonte. Começa a tratar
Deus como seu inimigo e dele se esconde por trás dos arbus-
tos (cf. Gn 3,8).
São Máximo descreve a forma como a filáucia doen-
tia afetou nossos primeiros pais. O homem volta suas costas
para Deus, para sua luz, e mergulha na matéria em busca de
uma felicidade sem Deus.

O primeiro pai, Adão, cego por não ter dirigido o olhar


para a luz divina com o olho da alma, afundando as duas
mãos na lama da matéria, nas trevas de sua ignorância,
voltou-se completamente para as coisas sensíveis e a elas
se dedicou inteiramente4.

Amor de Si Contra Si
Ora, não é difícil perceber a loucura de quem se revolta
contra seu próprio criador. Tal atitude iguala-se a de uma
criança que dá socos e pontapés no pai, que, com mãos amo-
rosas, sustenta-a e impede que caia no precipício.
Na tentativa de expressar a loucura deste amor doen-
tio, São Máximo sintetizou, de forma bastante intuitiva, esta

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Um olhar que cura

realidade patológica ao descrever a filáucia como “o amor de


si contra si”5.
Será possível entender melhor a questão se pegarmos
como exemplo a pessoa viciada em drogas. O toxicodepen-
dente se entrega ao vício porque “se ama”, mas não é difícil
perceber que se trata de um amor desordenado. Ele busca a
própria felicidade nas alucinações resultantes do entorpecen-
te, mas o que encontra, na verdade, é a própria destruição. Só
o drogado não vê que está transformando a própria vida e a
vida dos que o amam num inferno. Ele se ama, porém este
amor de si é contra si. É uma espécie de amor autodestruidor.
Pois bem, “O pecado é sempre uma ‘droga’, mentira de
falsa felicidade”6. Todas as vezes que nos entregamos ao pe-
cado, caímos na loucura de quem deseja se salvar e termina
se perdendo (cf. Mc 8,35). E aqui a palavra loucura não é um
exagero e nem simplesmente um estilo de linguagem.
Se, andando pela rua, encontrássemos uma pessoa mu-
tilando a si mesma e arrancando pedaços de seu próprio cor-
po, não hesitaríamos em dizer que se trata de um louco, pois
dilacerar os próprios membros “é próprio de furiosos e de
loucos”7. Tal é a nossa condição de pecadores. Achamo-nos
muito inteligentes ao deixar Deus de lado e inventar uma for-
ma nova de amor-próprio, mas acabamos por nos destruir.

Amor Irracional pelo Corpo


São Máximo avança ainda mais na compreensão da fi-
láucia e nos mostra que ela “é o amor passional e irracional
pelo corpo”8. Irracional! Ele usa a palavra álogos, que tanto

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Pe. Paulo Ricardo

quer dizer sem lógica, sem sentido, como sem o Logos9 sem o
Verbo, sem a Palavra... sem Jesus.
Mas por que São Máximo insiste em afirmar que a fi-
láucia é um amor pelo corpo? Não há algo de pouco cristão
nesta aparente aversão platônica pelo corpo? Antes de res-
ponder a esta pergunta, se o leitor me permite, gostaria de
partilhar um acontecimento de minha história familiar.

Lembro-me de quando, há anos, meu sobrinho Lucas


recebeu o diagnóstico de meningite. Ele tinha por volta de
cinco anos de idade. Era domingo à tarde e estávamos na
casa dos meus pais. Ele se deitou no sofá com dor de cabeça.
Foi medicado pela mãe com um analgésico comum e foram
para casa. Mas a dor de cabeça não passava. De madrugada,
minha irmã, iluminada por Deus, foi levá-lo ao hospital. A
médica que o atendeu, por causa da rigidez na nuca, suspei-
tou de meningite. Para se ter certeza disto e para saber o tipo
de meningite, foi necessária uma punção lombar: uma agu-
lha fina é inserida entre dois ossos da coluna vertebral, para
a retirada de um líquido existente na coluna e no cérebro.
Pois bem, você já tentou convencer uma criança de que
levar uma agulhada nas costas é uma coisa boa? Nem tente.
Depois da primeira picada mal sucedida, ninguém mais se-
gurava o menino. A família se aglomerava no quarto do hos-
pital, ao redor da cama do Lucas e, devo admitir, não era um
dos ambientes mais descontraídos. A médica então, como
boa pedagoga, pediu ao Lucas que escolhesse uma pessoa
para ficar ali no quarto, pois as outras deveriam sair. É claro
que ele escolheu a mãe.

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Um olhar que cura

Silenciosos e a contragosto fomos para o corredor. De


lá ouvimos os gritos de medo e aflição. Era de cortar o cora-
ção. No entanto, sabíamos que era para o bem do Lucas.
Lá dentro, os enfermeiros imobilizaram a criança. A mãe
acariciava a cabeça do menino e tentava acalmá-lo, em vão. A
médica, com a perícia e a frieza necessárias, cumpriu o seu papel
de forma exemplar. Dentro de poucas horas, o diagnóstico estava
pronto e o paciente medicado. Lucas pôde voltar para casa, sem
maiores seqüelas, após alguns dias de hospital. Graças a Deus.

Contei esta história para exemplificar, de forma ainda


mais concreta, o fato de a filáucia ser “um amor de si contra
si”. O menino, na sua racionalidade limitada, fugia daquela
agulha em busca da salvação. Na verdade, ele não fugia da
morte, ao contrário, fugia para a morte.
Esta história também nos ajuda a compreender em que
sentido a filáucia é constituída por um amor cego pelo pró-
prio corpo. A criança, pela pouca idade, fugia da agulha para
se preservar. Mas nós, adultos, um pouco mais racionais e
corajosos, também apresentamos atitudes semelhantes. Isto
acontece por causa de um princípio básico que a filáucia,
nossa tirana, quer que obedeçamos custe o que custar: fugir
da dor e buscar o prazer.
Esta forma de pensar, aparentemente tão óbvia quanto
inocente, carrega dentro de si o mais terrível dos enganos:
identificar dor com infelicidade e prazer com felicidade.
Ora, dor e prazer são realidades do corpo. Ao viver de
acordo com o princípio de fugir da dor e buscar o prazer,

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Pe. Paulo Ricardo

procuramos a felicidade no mais insólito dos lugares: no


próprio corpo. Por isto a filáucia pode ser definida como um
amor desordenado pelo corpo.
O próprio São Máximo pode explicar:

O homem, ao descobrir por experiência que a dor sempre é


conseqüência do prazer, dirige a este prazer toda a sua atra-
ção e dirige à dor toda a sua repulsa. Para obter o prazer,
lutou com todas as suas forças; contra a dor, lutou com
todo o seu afinco, esperando obter, através deste méto-
do, aquilo que é impossível: separar a dor do prazer e assim
obter o prazer junto com a filáucia, sem que experimente
dor alguma. Parece que a paixão fazia com que ele igno-
rasse que o prazer não pode ser jamais privado da dor10.

Não é necessário ser um filósofo para entender que prazer


e felicidade são duas realidades de naturezas bem distintas. So-
mos capazes de perceber que o prazer é uma realidade do corpo
e a felicidade uma realidade da alma, do espírito, do coração.
Buscar a felicidade no prazer físico é como querer ma-
tar a sede com um punhado de sal. O corpo não pode dar
aquilo que é próprio do espírito. Por isto que as pessoas pe-
cam. Pecam porque querem ser felizes, mas buscam a feli-
cidade onde ela não se encontra11. Deste modo, o pecado é
sempre fonte de frustração, de desilusão.
Nós, cristãos, não somos contra o corpo, mas nem por isto
devemos ser seus escravos. O homem, como Deus o sonhou, é
uma forma belíssima de a matéria e o espírito viverem em har-
monia. Queremos ser felizes, mas quando pecamos erramos o
alvo12, porque fomos feitos para Deus e não para nós mesmos.

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Um olhar que cura

Filáucia como Loucura


Nascemos para amar a Deus e nele devemos amar o
próximo e a nós mesmos. É no amor que alcançaremos a
nossa felicidade. Mas, como vimos, a filáucia tende a arras-
tar a realidade espiritual do amor-felicidade para o âmbito
da realidade material do egoísmo-prazer. Há em nós uma
tendência de confundir felicidade e prazer. Achamos que os
momentos prazerosos nos fazem felizes; mas é exatamente o
contrário, uma vez alcançado o prazer, sentimos uma morte
invadindo o nosso coração.
Assim, o primeiro passo em direção à cura espiritual
é reconhecer a filáucia, amor desordenado de si por si mes-
mo, um amor irracional. Como apresentado neste capítulo,
São João Crisóstomo (347–407) chega a dizer que a filáucia
é um amor louco, uma sandice, uma demência, porque é
típico dos loucos automutilar-se. O que você diria de uma
pessoa que infligisse um ferimento ao próprio corpo, como
o famoso pintor Vincent van Gogh, que cortou um pedaço
da própria orelha esquerda? Sem dúvida trata-se de um caso
psiquiátrico grave. Só um demente faria isto.
Pois bem, quando nos entregamos à filáucia, tornamo-
nos dementes...
Ao pecar, mutilamos a nós mesmos. O drogado destrói
as células do próprio cérebro. O alcoólatra prejudica o pró-
prio fígado. A prostituta elimina a sua capacidade de dese-
jar... Pobre de nós, filauciosos, que nos destruímos de forma
triste e macabra!

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Pe. Paulo Ricardo

Notas
1. Devo grande parte do conteúdo deste capítulo ao exce-
lente estudo do jesuíta francês padre Irénée Hausherr sobre a fi-
láucia no pensamento de São Máximo o Confessor (Philautie. De
la tendresse pour soi à la charité selon saint Maxime le Confesseur) ao
qual tive acesso na tradução italiana feita pela monja de Bose, Lisa
Cremaschi, Philautía. Dall’amore di sé alla carità. Magnano: Edizioni
Qiqajon, 1999, p. 246.
2. “[Domine,] fecisti nos ad te et inquietum est cor nostrum,
donec requiescat in te”. Edição brasileira: Santo Agostinho, Confis-
sões. São Paulo: Paulus, 1997, p. 19.
3. O escritor inglês G. K. Chesterton (1874-1936) recorda o
fato de que a falsidade nunca é tão falsa como quando está bem
próxima da verdade. Por isto o Anticristo é uma imitação de Cris-
to, o macaco de Deus. “It is the fact symbolised in the legend of
Antichrist, who was the double of Christ; in the profound proverb
that the Devil is the ape of God. It is the fact that falsehood is ne-
ver so false as when it is very nearly true” (G. K. Chesterton, Saint
Thomas Aquinas: The Dumb Ox). Edição brasileira: São Francisco de
Assis e São Tomás de Aquino. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 267.
4. Questões Ambíguas , PG 91, 1164CD; Apud Irénée Hau-
sherr, op. cit., p. 88.
5. “Amante de si contra si” (καθ᾿ ἑαυτοῦ φίλαυτος). São
Máximo, Questões a Talássio, Prefácio, PG 90, 257B. Quando não
cito uma fonte impressa, a tradução portuguesa é minha e o texto
original, grego ou latino, pode ser encontrado em www.documen-
ta-catholica.eu (19/07/2008). Para os textos originais de Santo Agos-
tinho, acessar www.sant-agostino.it; e os de Santo Tomás: www.
corpusthomisticum.org.

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Um olhar que cura

6. Joseph Ratzinger, Guardare Cristo. Esercizi di fede, speranza e


carità. Milano: Jaca Book, 2005, p. 76. Edição espanhola: Mirar a Cris-
to. Ejercicios de Fe, Esperanza y Amor. Valencia: Edicep, 2005, p. 99.
7. São João Crisóstomo, Homilias sobre São João, LXVIII, 3, PG
59, 378.
8. “Φιλαυτία ἐστίν ἡ πρός τό σῶμα ἐμπαθής καί ἄλογος
φιλία”, Centúrias sobre a Caridade. 3, 8. Sigo, quando possível, a
seguinte edição: São Máximo, Centúrias sobre a Caridade e Outros
Escritos Espirituais. Tradução de Carlos Ancêde Nougué e Clarice
Rodrigues. São Paulo: Landy, 2003, p. 94.
9. São João, no prólogo do seu Evangelho, apresenta o Filho
de Deus como a Palavra (Logos), o Verbo Divino que se faz carne.
Jesus é a encarnação do Logos, ou seja, a encarnação da Sabedoria,
da Palavra criadora de Deus, que ordena o caos, chama toda criatu-
ra à existência e que é a única capaz de nos oferecer a vida eterna.
10. Questões a Talássio, PG 90, 254A; apud Irenée Hausherr,
op. cit, p. 87.
11. O papa João Paulo II, retomando a expressão das Confis-
sões de Santo Agostinho (“Eis que estavas dentro de mim e eu te
procurava do lado de fora”, 10, 38), formula a seguinte definição
de pecado: “Pecamos quando procuramos Deus onde ele não pode
ser encontrado” (Mensagem para o 33º Dia Mundial das Comuni-
cações, 27 de janeiro de 1999).
12. Tanto em grego (ἁμαρτία) como em hebraico (hata’ - ), a
palavra pecado pode denotar esta idéia de errar o alvo.

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