Sunteți pe pagina 1din 2

Jornal de Negócios Online, http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?

template=SHOWNEWS_V2&id=463859

Os melhores investimentos
19 Janeiro2011  |  11:55

Bjorn
Lomborg

No extremo oriental de Kolkata, Dulu Bibi, uma mulher de 25 anos está preocupada com os
custos dos tratamentos médicos de dois dos seus quatro filhos que estão doentes.
O seu marido ganha 80 a 90 rupias (entre 1,40 dólares a 1,90 dólares) por dia. A dieta desta
família é pobre em micronutrientes essenciais à sobrevivência das crianças. Os dois filhos de
Dulu, como três e um ano, estão fracos e febris, não têm apetite e choram muito. "Se
precisar de gastar 150 a 200 rupias em medicamentos, o que é que eu vou comer e como
vou alimentar os meus filhos"; pergunta.

A história de Dulu é dolorosa - e dolorosamente comum - no mundo em desenvolvimento:


três mil milhões de pessoas sobrevivem com falta de nutrientes como a vitamina A e o zinco
e correm um risco cada vez maior de contrair doenças devido a infecções comuns como a
diarreia, que mata aproximadamente dois milhões de crianças por ano.

O défice em micronutrientes é conhecido como "fome escondida". É uma descrição


apropriada, já que é um dos desafios mundiais do qual ouvimos falar relativamente pouco no
mundo desenvolvido. Atrai pouca atenção dos meios de comunicação social ou das
celebridades, que são muitas vezes essenciais para conseguir doações.

Mas há uma questão mais importante: todos os anos milhões e milhões de dólares são dados
e gastos em ajuda e desenvolvimento por indivíduos e empresas. Apesar da generosidade,
simplesmente não alocamos recursos suficientes para resolver os maiores problemas do
mundo. Num mundo repleto de exigências que competem pela solidariedade humana, temos
a obrigação moral de direccionar novos recursos para onde possam ter os melhores
resultados. Isto é válido tanto para as nossas doações como para as doações de governos ou
filantropos.

Em 2008, o Centro de Consensos de Copenhaga (Copenhagen Consensus Center), que eu


dirijo, pediu a um grupo de economistas para identificar os "investimentos" que podiam
ajudar o planeta da melhor maneira. Os especialistas - incluído cinco prémios Nobel -
compararam formas de gastar 75 mil milhões de dólares (cerca de 56 mil milhões de euros)
em mais de 30 intervenções que tinham como objectivo reduzir a má nutrição, aumentar as
oportunidades de educação, abrandar o aquecimento global, reduzir a poluição do ar,
prevenir conflitos, combater doenças, melhorar o acesso a água potável e saneamento,
diminuir as barreiras ao comércio e à imigração, acabar com o terrorismo e promover a
igualdade de géneros.

Guiados pelas suas considerações em termos de custos e benefícios de cada opção, e


colocando de lado questões como a atenção dos meios de comunicação social, os
especialistas identificaram os melhores investimentos - ou seja, os que com montantes
relativamente baixos de dinheiro poderiam gerar importantes retornos em termos de saúde,
prosperidade e vantagens comunitárias. Entre os melhores investimentos ficaram uma maior
cobertura de imunização, iniciativas para reduzir as taxas de abandono escolar, promoção da
nutrição ao nível da comunidade e complementos de micronutrientes.

Esta última iniciativa, que pode fazer tanto para ajudar a família de Dulu Bibi em Kolkata, é
extraordinariamente barata. Fornecer vitamina A custa, por ano, 1,20 dólares por criança,
enquanto fornecer zinco custo apenas 1 dólar.
Ao chamar a atenção para áreas em que pequenos investimentos podem alcançar grandes
resultados, o projecto influenciou organizações filantrópicas e governos. Este mês, o Centro
de Consenso de Copenhaga lançou "Guide to Giving" (Guia para Dar)
(www.copenhagenconsensus.com) para que todos os que não têm um orçamento
governamental ou uma fundação de caridade à sua disposição também possam saber como
usar as lições destes especialistas.

Algumas pessoas rejeitam a necessidade de estabelecer prioridades. Mas isso acontece, quer
gostemos ou não. Algumas causas e questões recebem mais tempo de antena, atenção e
dinheiro. O Centro de Consenso de Copenhaga fornece um guia a partir do qual podemos
tomar decisões informadas, tendo como base os resultados que se podem obter com
"investimentos" semelhantes em diferentes áreas.

Devemos contribuir para organizações que lutam por salvar vidas hoje, tornando de imediato
o mundo num melhor lugar (com benefícios secundários que duram mais tempo) ou financiar
a educação para beneficiar futuras gerações?

Muitas vezes ouvimos frases feitas como "sem educação não há futuro" ou "sem água não
podemos sobreviver", como se fosse óbvio que nos devíamos focar primeira nestas questões.
Mas muitas pessoas sobrevivem sem educação e acesso a água potável. A tarefa mais difícil
que o painel de especialistas levou a cabo foi olha para o bem extra que uma doação
adicional - mesmo que seja apenas 10 dólares - pode alcançar.

A diferença entre salvar vidas hoje ou amanhã torna-se clara quando os esforços para
combater o aquecimento global são incluídos na comparação. Qual a melhor forma de gastar
10 dólares? Devemos comprar licenças de carbono ou doá-los para uma instituição de
caridade que forneça suplementos de micronutrientes?

Ao colocar todos os benefícios para os indivíduos, comunidades e países em termos


monetários, podemos comparar as duas opções. Pesquisas feitas para o Centro de Consenso
de Copenhaga concluíram que as licenças de carbono são uma forma relativamente ineficaz
de enfrentar o aquecimento global e reduzir os seus efeitos - 10 dólares evitariam cerca de 3
dólares de danos causados pelas alterações climáticas. Pelo contrário, 10 dólares gastos em
suplementos de vitamina A poderiam alcançar benefícios de 170 dólares em saúde e
prosperidade de longo prazo.

Apesar do aquecimento global poder exacerbar problemas como a má-nutrição, as


comunidades onde se fomenta uma nutrição adequada serão menos vulneráveis às ameaças
do clima. No geral, ajudamos melhor com intervenções directas, incluindo suplementos de
micronutrientes, reforços, bioreforços e promoção nutricional.

Há milhões de histórias como a de Dulu Bibi e milhões de outras histórias que exigem a nossa
atenção. Ao adoptar lições simples dos economistas, todos nós, indivíduos, governos e
filantropos - podemos assegurar que a nossa generosidade tenha o maior benefício possível.

Bjørn Lomborg é autor dos livros "The Skeptical Environmentalist" e "Cool It", director do
Centro de Consenso de Copenhaga, e professor adjunto na Copenhagen Business School.

© Project Syndicate, 2010.


www.project-syndicate.org
Tradução: Ana Luísa Marques

S-ar putea să vă placă și