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ENTREVISTA COM O TRADUTOR CARLOS ÂNCEDE NOUGUÉ 1

Lilian Agg Garcia (PGET – Universidade Federal de Santa Catarina)


lag.pretty@gmail.com

Resumo: Além de tradutor dos livros A Inocência do Padre Brown e Santo Tomás de Aquino, de Gilbert Keith
Chesterton, e de mais de 50 autores de vários gêneros: romances, contos, poesias, novela, ensaios, biografias,
textos filosóficos e teológicos, dentre os quais se destacam os textos de Cícero e Santo Agostinho, – Carlos
Âncede Nougué -, também atuou como diretor e revisor da editora Leviatã e realizou edições da editora Sétimo
Selo. Atualmente é professor convidado de Tradução Literária no curso de especialização em Tradução de
Espanhol da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, também leciona intermitentemente Língua Portuguesa
e Filosofia Medieval em diversas instituições. Em 1994 recebeu o Prêmio Jabuti pela tradução da biografia de
Santo Tomás de Aquino, obra originária do autor inglês Gilbert Keith Chesterton; e em 1993 já havia ganhado o
Prêmio Jabuti de Tradução com Cristóvão Nonato, de Carlos Fuentes. Em 2006, Nougué traduziu o livro A
Inocência do Padre Brown, incluindo o conto “O Homem Invisível”, e foi finalista com O engenhoso fidalgo D.
Quixote da Mancha, tradução realizada em colaboração com José Luis Sánchez.

Palavras-chave: Tradução, Chesterton, Âncede Nougué.

Abstract: Besides having translated The Innocence of Father Brown and Saint Thomas Aquinas by G.K.
Chesterton, as well as works by more than 50 authors in several genres including novels, short stories, poems,
novels, essays, biographies, and historical, philosophical and theological prose, among which texts by Cicero and
Saint Augustine stand out, Carlos Âncede Nougué has worked as both the director and a text editor for the
publisher Leviatã and has edited for Sétimo Selo publications. Currently Nougué is a visiting professor of
Spanish Literary Translation at Gama Filho University in Rio de Janeiro and lectures intermittently on
Portuguese Language and Medieval Philosophy at various institutions. In 1994 he won the Jabuti Prize for a
translation of G.K. Chesterton’s biography of Saint Thomas Aquinas, while in 1993 he was also awarded the
prize for his translation of Cristóvão Nonato, by Carlos Fuentes. In 2006 he translated The Innocence of Father
Brown, including the short story “The Invisible Man”, and was again a finalist for a translation of O engenhoso
fidalgo D. Quixote da Mancha, in which he collaborated with José Luis Sánchez.

Key-words: Translation, Chesterton, Âncede Nougué.

Lilian Agg Garcia (LAG): Como procedeu a escolha do texto que seria traduzido? Houve um
motivo específico por ter escolhido o autor inglês G. K. Chesterton?

Carlos Âncede Nougué (CÂN): Já traduzi duas obras de Chesterton: Santo Tomás de Aquino,
em 2003 pela editora LTR e A Inocência do Padre Brown, em 2006 pela editora Sétimo Selo,
sendo que no livro traduzido em 2006 se encontra o conto “O Homem Invisível”2. Falarei
nesta entrevista, sobretudo, do livro A Inocência do Padre Brown. Todavia, digo aqui que
escolhi traduzir a primeira daquelas obras por identificação filosófica, e a segunda por
considerar a saga do Padre Brown (da qual faz parte A inocência...) como um dos cumes da
literatura mundial; ombreia com o Quixote de Cervantes, que também traduzi (em parceria
com José Luis Sánchez).
LAG: Professor Carlos Nougué, quais foram suas estratégias, padrões ou normas dominantes
para traduzir os contos da coleção The Innocence of Father Brown?

CÂN: Para mim, a tradução é um ofício serviçal, no sentido de que o tradutor é uma espécie
de procurador do autor. Como disse certo teórico, a tradução ideal seria aquela que fosse
como um vidro que deixasse ver integralmente o quadro. Nunca isso é plenamente possível,
pela “equivocidade” sempre presente na relação entre as línguas. Mas deve o tradutor tentar
plasmar integralmente aquele vidro, para deixar ver completamente, antes de tudo, o
conteúdo, mas também a forma até em seus menores detalhes (o tom do texto original [ou
culto, ou coloquial, etc.]; seu ritmo; as aliterações, tão abundantes em Chesterton; até a
extensão das frases e a ordem das palavras na medida do possível, ou seja, até o ponto em que
não se fira a índole da língua de chegada). Consegui-lo integralmente é impossível; mas
quanto mais longe se vá nessa aproximação assintótica, melhor ficará a tradução. Por tudo
isso, digo que a tradução é um ofício humilde, não no sentido de fácil (que não o é, de modo
algum, sendo antes árduo e até ingrato), mas no sentido justamente de serviçal, de estar
plenamente, minuciosamente, febrilmente a serviço da obra e de seu autor.

LAG: Senhor Nougué, alguma teoria da tradução específica foi utilizada durante o processo
de criação do texto da cultura alvo? Qual (is)?

CÂN: Durante o processo de criação do texto em inglês para o português, utilizei meu
conceito de tradução conforme mencionei na resposta anterior.

LAG: Professor, quais os fatores que influenciaram suas estratégias de tradução ao longo do
processo de criação do texto traduzido para a cultura alvo? (Mais especificamente no caso do
conto “O Homem Invisível”...)

CÂN: (Valha a resposta para todos os contos do livro A Inocência do Padre Brown.) Os
fatores que me influenciaram foram muitos, tais como: primeiramente e acima de tudo, o
estilo muito refinado e, ao mesmo tempo, muito bem-humorado, ágil e colorido de Chesterton
em suas histórias de detetive; procurei incansavelmente mantê-lo. E também a manutenção do
contexto cultural, político, religioso da Londres daquela época, para tanto tive de recorrer a
algumas (poucas) notas de rodapé. Tudo isso, naturalmente, sem tornar ininteligível o texto
para o leitor atual (de 2006). Isso, porém, não quer dizer concessão ao nível médio do leitor
brasileiro; esse leitor médio, ante a escrita suma de Chesterton, terá de esforçar-se para se
elevar a tão alto nível literário.

LAG: A editora Sétimo Selo fez alguma determinação ou pedido com relação à tradução dos
contos para a cultura alvo, estabelecendo algumas normas ou padrões dominantes?

CÂN: Não... não recebi nenhum pedido ou determinação da Sétimo Selo... tive carta branca,
sem a qual, aliás, não teria traduzido o livro.

LAG: Quais foram as funções desempenhadas pela Sétimo Selo ao longo e até a fase final do
processo tradutório do livro A Inocência do Padre Brown? (como por exemplo, a escolha da
capa e título do livro e / ou dos contos; revisão, etc.)

CÂN: O título foi escolhido por mim, ou melhor, realizei a tradução diretamente do título
original inglês (The Innocence of Father Brown). A capa foi escolhida pela editora; isto é de
fato a função deles. Os contos são os mesmos do livro original com as cinco coleções
completas, em inglês, The Father Brown Stories da editora Penguin, publicado em 1981. E,
por fim, a revisão, fizemo-la a editora e eu mesmo.

LAG: A tradução do livro A Inocência do Padre Brown para o público brasileiro ocorreu a
partir do texto em inglês ou foram consultadas algumas traduções?

CÂN: A partir do original inglês. Mas, como se deve fazer objetivando a perfeição da
tradução com respeito à obra original, consultei todas as traduções (para diversas línguas) que
encontrei.

LAG: Sr. Nougué, qual foi o maior desafio enfrentado ao traduzir Chesterton? E como a
situação foi contornada?

CÂN: O desafio de toda tradução de uma grande obra é o de tentar ser integralmente aquele
vidro referido anteriormente. Como foi contornada a situação? Talvez, como diria um grego
antigo: com o auxílio das Musas... (risos...)
LAG: (risos...) Para que tipo de leitor o livro fora direcionado?

CÂN: Para o leitor que o quisesse e o pudesse ler. Como já comentei, a leitura chestertoniana
não faz nenhuma concessão...

LAG: Como foi a repercussão de vendas do livro A Inocência do Padre Brown, publicado em
2006?

CÂN: Olha, foi razoável, com alguns ecos em cadernos literários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

CHESTERTON, G. K. A Inocência do Padre Brown: Tradução de Carlos Ancêde Nougué,


Rio de Janeiro, Sétimo Selo, 2006.

Cadellino, Pablo e Costa, Walter Costa. Verbete: Carlos Âncede Nougué. In: Dicionário de
tradutores literários no Brasil. Disponível em
http://www.dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/CarlosNougue.htm: Acesso em: 29 out. 2010.

1
O tradutor Carlos Âncede Nougué concedeu o direito de publicação da entrevista a Revista In-Traduções
(PGET – UFSC). Este trabalho foi realizado em setembro de 2010 com o objetivo de ser incluído na dissertação
de Mestrado da entrevistadora.

2
O conto “O Homem Invisível” de Chesterton, traduzido por Nougué (em 2006) e por Lúcia Santaella (em
1997), é o corpus pesquisado e analisado pela entrevistadora em sua dissertação de Mestrado.

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