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Como eu disse no início deste site, o meu propósito aqui é ajudar, auxiliar a capacitar ás
pessoas que pretendem aprender e entender melhor a Bíblia e sobre religião, por isso estarei
colocando alguns livros que escrevi, mas que desisti de publicar, pois no Brasil publicar livro
tem um custo elevado e um retorno bem baixo. Então, o melhor a ser feito é colocá-los aqui
para contribuir com quem quer estudar cada vez mais.
Abraços a todos.
Prefácio
É interessante notar que o Professor Tione Echkardt como que sintetiza o conteúdo do seu
livro no próprio título, ao propor, afirmando, que o livro do profeta Jonas constitui uma “rica
narrativa histórica e geográfica”. A partir do título, o leitor observará que o autor se esforça para
comprovar a tese levantada. E o faz, diga-se de passagem.
Dividido em três grandes segmentos, afora a bibliografia, este volume conduz o leitor a uma
“viagem” pelo texto bíblico de Jonas, oferecendo, ao final, uma tradução literal dos quatros
capítulos e um glossário expositivo dos principais termos e expressões, ou seja, do início ao
final, o Professor Tione mantém seu foco no processo de aprendizado por parte do leitor.
Essa abordagem didática está explicitada na afirmação do autor de que “a leitura do livro do
profeta Jonas... transporta as pessoas de onde estão (sala, quarto, praça, etc.) para locais
onde os fatos narrados ocorreram”. E isso ele faz com raro entusiasmo e abundância de fatos
históricos. A cidade de Nínive, por exemplo. Confesso que, quando me dei conta, eu já estava
fazendo um “city tour” da “grande cidade”. Minha imaginação foi fortemente estimulada com a
descrição daqueles muros de 30,5 m de altura, com uma largura capaz de conter três carros
de guerra lado a lado, além das 1.500 torres com 61 m de altura, cada uma delas. Não tenho
dúvida alguma de que Nínive deve ter sido uma “senhora” cidade!
Um fato digno de observação é a decisão do autor de tomar como base central os quatros
primeiros versículos do livro de Jonas. A análise do texto da profecia permite ao leitor entender
a razão da rebeldia do profeta, quando optou por desobedecer a Deus. Com isso, o Professor
Tione lança um outro objetivo, qual seja, o de demonstrar que o valor do texto em consideração
não se prende tão somente ao ângulo evangelizador. Pelo contrário, os crentes têm muito que
aprender dos ensinamentos extraídos desse chamado “profeta menor”.
O que teria encorajado o Professor Tione a brindar-nos com este livro? A resposta está mais do
que clara: a necessidade de mais instrução bíblica para o povo de Deus. O próprio autor afirma
que “infelizmente, estamos vivendo momentos de ignorância bíblica, isto é, as pessoas não
conhecem porque a leram, mas porque ouviram falar sobre o que está contido nela”. Diante
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dessa constatação, ele mesmo assevera que “foi por esta e outras questões importantes que
me senti atraído para escrever este livro”.
Numa admirável iniciativa de unir o acadêmico ao prático, o Professor Tione exorta o leitor a
estudar a Bíblia dentro do seu contexto histórico, geográfico, político, a fim de “fazer a
diferença”. A Bíblia não deve ser usada como mero “pretexto”, mas, sim, como o alicerce para
um desenvolvimento espiritual equilibrado. Da minha parte, posso afirmar que o autor atingiu o
seu objetivo!
Deus abençoe o Professor Tione, na companhia de sua família e no exercício de seu
ministério. Meu desejo é que a contribuição bibliográfica do autor esteja tão somente
começando. Muita riqueza intelectual e espiritual certamente está a caminho!
Deus seja servido de abençoar “O Livro de Jonas, Uma Rica Narrativa Histórica e Geográfica”,
através do qual o Espírito Santo haverá de alcançar, instruir, desafiar e fortalecer o coração de
cada leitor. Da minha parte, posso afirmar que o autor atingiu esse objetivo!
Soli Deo Gloria!
Introdução
Anos atrás o MEC fez um marketing em relação à leitura de livros. Era um comercial onde
aparecia um homem lendo um livro numa fila. Todos estavam vestidos de forma convencional,
normal, porém o leitor estava vestido com um escafandro, uma roupa antiga de mergulhador. A
idéia principal deste comercial era dizer que quem lia um livro se transportava de onde estava e
passava a viver a “realidade” contida no livro.
A leitura do livro do profeta Jonas também faz isto, transporta as pessoas de onde estão (sala,
quarto, praça, etc) para locais onde os fatos narrados ocorreram. É por isso que a leitura do
livro de Jonas é gratificante e estimulante, pois leva o leitor a vivenciar as diversas fases
narradas nele; desde uma terra seca ao local mais profundo do mar; passando por
tempestades, medo, indignação, ansiedade, raiva e total desânimo. No final, contém a moral da
história narrada.
Outro ponto importante que tem chamado muito a minha atenção é que hoje em dia, nas
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igrejas, as classes dominicais estão vazias. Os cristãos não querem ter o “luxo” de estudar a
Bíblia. Talvez pensem que estão perdendo o seu tempo, já que os pregadores falam sobre os
textos bíblicos, ou porque, realmente, não têm tempo para estudá-los.
Bom, a falta de tempo é uma questão de organização, mas a questão das pregações é muito
séria. A maioria dos pregadores não estuda a Bíblia como deveria e a utiliza, apenas, como
pretexto, ao invés de utilizar o texto como base para todo o seu sermão. Sem contar que
alguns utilizam apenas alguns versículos isolados, ou partes, para apoiarem seus pensamentos
e isto é muito perigoso.
Para piorar a situação, há igrejas que aboliram a escola dominical e afirmam que não há
necessidade de tê-la, já que há quem “pregue a palavra”. Como resultado disto, os membros
afirmam que ficar na escola dominical é perder tempo, por isso preferem ter mais horas de
louvor e menos horas de estudo bíblico.
Infelizmente estamos vivendo momentos de ignorância bíblica, isto é, as pessoas não
conhecem porque a leram, mas porque ouviram falar sobre o que está contido nela. O Salmo 1
diz que o homem bem-aventurado é aquele que além de ter prazer na lei de Deus, medita,
murmurando em voz baixa, dia e noite o que ela contém . Pelo menos é isto que o texto
em hebraico diz.
Foi por esta e outras questões importantes que me senti atraído em escrever este estudo. A
minha proposta não é contar o que todos conhecem de cor ou apenas por ouvir as pessoas
falarem, mas porque o livro de Jonas apresenta muita riqueza no seu contexto e em cada
palavra expressa.
Por isso começo estudando e apresentando os itens principais contidos nos três primeiros
versículos, do primeiro capítulo do livro de Jonas. Através de uma boa análise dos detalhes que
estes versículos contêm descobrem-se ricas fontes históricas e geográficas do período vivido, o
que ajuda na compreensão do livro do profeta Jonas.
Aqui o leitor encontrará explicações sobre Jonas, Társis, Jope, sobre o navio e sobre a
passagem que Jonas pagou para entrar nesse navio. Todos estes itens fazem ligações com
outras passagens bíblicas e, desta forma, melhoram o entendimento do contexto que o livro de
Jonas apresenta.
Não abordo os assuntos sobre o evangelismo, sobre não ouvir o chamado de Deus e nem
sobre a questão psicológica pela qual Jonas passa. Mas mostro a importância de, não só
estudar este livro desta forma, como todos os demais.
Para uma melhor compreensão, faço uma transliteração do texto hebraico para o português e,
ainda, apresento um glossário com as principais expressões hebraicas utilizadas no livro. Neste
glossário é explicada a expressão da época. Tudo isto visando uma forma de compreender
melhor o texto.
Apesar de ter sido um trabalho demorado, foi muito gratificante e de inestimável valor para a
minha vida cristã.
Tenho certeza que ao ler este estudo, o leitor, terá uma nova visão sobre o livro de Jonas e de
todos os demais do Antigo Testamento. Sem contar que sentirá uma enorme vontade de
estudar outros livros do Antigo Testamento, com a mesma profundidade.
Espero que o leitor deste estudo sinta-se estimulado a estudar a Bíblia e não apenas se limite a
ouvir o que as pessoas dizem sobre o que ela contém. Desejo que aumente a vontade de
estudá-la e que dedique mais tempo a ela.
Tomara que por intermédio deste estudo, o leitor retorne às classes dominicais e enriqueça a
sua cultura bíblica.
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Autoria e Data
De todos os profetas menores o mais conhecido, com certeza, é Jonas. Todos os tipos de
pessoas o conhecem, sejam estudiosos ou leigos. Ele é conhecido não só pelo nome, como
também o conteúdo do seu livro, ou melhor, algumas partes que constam no seu livro.
Principalmente porque o livro é uma narrativa, com teor histórico, biográfico, geográfico e até
mesmo novelístico.
Muitos o vêem como parábola ou lenda. Existem várias linhas de pensamentos sobre a
linguagem expressa no livro que até o consideraram como uma alegoria, mas se forem levadas
em consideração estas linhas de pensamentos, todo o conteúdo e sentido do livro serão
perdidos. A maioria dos estudiosos considera o livro como sendo uma narrativa histórica,
apesar dos contratempos.
Na verdade, a linguagem literária utilizada no livro é muito rica, pois contém prosa, salmo (ou
texto poético); há muitos dados geográficos que só são compreendidos através de estudos
históricos, arqueológicos e culturais, sem contar as hipérboles utilizadas no decorrer do texto.
Outro ponto a ser destacado no texto é a parte psicológica e pessoal do profeta: esta é tão rica
em detalhes que tem direito a todos os tipos de questionamentos comuns a qualquer ser
humano. O livro pode ser caracterizado como uma linguagem profético-narrativa também,
sempre levando em consideração o seu cunho didático, como se fosse uma parábola.
Os críticos, de convicção liberal, datam-no por volta de 430 a.C. e consideram-no uma peça de
ficção quase histórica. Acreditam que fora escrito como uma alegoria para ir ao encontro do
extremo nacionalismo de líderes judaicos. Talvez numa época em que os estrangeiros e os
samaritanos estivessem sendo excluídos por um fanatismo nacionalista, comum entre os
judeus.
Se esta linha for tomada como base, todo o livro se torna uma alegoria e, desta forma, Jonas
representaria a nação de Israel; o mar, os gentios; o peixe representaria a Babilônia no tempo
dos Caldeus; os três dias no ventre do peixe representariam o cativeiro babilônico; a planta
representaria Zorobabel; e etc
.
Todavia, se for assim, muita coisa ficaria de lado, e necessitaria de um significado alegórico
também, no caso: Deus, os marinheiros, Jope, Társis, o navio e a própria cidade de Nínive.
Outro argumento apresentado é que ninguém chamaria o rei da Assíria de “O Rei de Nínive”,
por causa do respeito e do medo que os povos tinham na época. Isto é costume dos escritores
bíblicos, conforme se pode ver em 1Reis 21.1 (Eis o que se passou depois desses fatos: Nabot
de Jezrael, ao lado do palácio de Acab, rei de Samaria, [...]
), onde
Acabe, rei de Israel, é chamado de “rei da Samaria”
e em 2Crônicas 24.23 (
Aconteceu que, no final do ano, o exército dos arameus marchou em guerra contra Joás.
Invadiu Judá e Jerusalém, exterminou entre o povo todos os chefese enviou todos os despojos
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ao rei de Damasco
), onde
Ben-Hadade, rei da Síria, é chamado de “rei de Damasco”
. Isto ocorria porque citavam as capitais e, afinal, Nínive era a famosa capital da Assíria.
Há estudiosos que se baseiam na data de destruição de Nínive, em 612 a.C., e acreditam que
o livro foi escrito no século V a.C. Desta forma, com várias questões duvidosas, fica realmente
difícil ter-se uma data correta. Todavia, ao tomar como base as palavras de Jesus relatadas
nos evangelhos (Mt 12.39-41; Mc 16.4; Lc 11.29-32), pode-se acreditar em Jonas como sendo
uma pessoa real e o seu livro como um fato histórico.
Neste caso, o autor poderia ser o próprio Jonas que o escreveu no final de sua vida, relatando
uma experiência que viveu e foi marcante para a sua vida. Isto seria por volta de 826 a.C.,
como a maioria dos estudiosos acredita e aceita.
Mesmo não trazendo expresso no seu texto quem foi seu autor, há dados históricos que
facilitam localizar a data aproximada e, apesar das palavras empregadas não serem utilizadas
como expressão própria do autor, Jonas continua sendo considerado o autor do mesmo. O que
leva a esta conclusão é o profeta que existiu na época do reinado do rei Jeroboão II, no século
VIII a.C., com o mesmo nome e a mesma referência feita ao seu pai, conforme se encontra em
2Reis 14.25 ( Restabeleceu
as fronteiras de Israel, desde a entrada de Emat até o mar de Arabá, conforme Iahweh, Deus
de Israel, havia dito por intermédio de seu servo, o profeta Jonas, filho de Amati, que era de
Gat-Ofer ).
O profeta Jonas
Ao levar estes fatos em consideração, Jonas torna-se um personagem histórico e não fictício.
Neste caso, Jonas foi um profeta nacionalista e, portanto, a sua profecia era voltada para o
bem-estar da nação de Israel. Defendia a permanência e o fortalecimento do sistema
sócio-político do Reino do Norte. Provavelmente fora um opositor de Amós, outro profeta
menor, cuja profecia anunciava a morte de Jeroboão II e a destruição do mesmo sistema
político de Israel, o qual fora defendido por Jonas.
Neste caso, Jonas provém da aldeia de Gate-Hefer ou Get-Ofer, da tribo de Zebulom, ao norte
de Israel, na Galiléia. Talvez ele tenha iniciado o seu ministério no final do período do profeta
Eliseu. No período do reinado de Jeroboão II, em Israel (787-747 a.C.), cujo reinado foi o maior
e mais longo de todos os demais reis no reino do Norte. Contudo, no sentido moral e religioso
foi igual aos outros reis, mas destacou-se notavelmente nas proezas militares.
Segundo consta, o território israelita, do outro lado do rio Jordão, na Transjordânia, havia sido
perdido, provavelmente para os arameus, conforme 2Reis 10.32,33 (Por aquele tempo, Iahweh
começou a retalhar o território de Israel em todas as fronteiras, desde o Jordão até o oriente,
arrebatando-lhe toda a terra de Galaad, a terra de Gad, de Rúben, de Manassés, desde Aroer,
situado junto à torrente do Arnon, Galaad e Basã
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engoliu o profeta e este passou três dias e três noites no seu ventre; também há os marinheiros
pagãos; a tempestade; todos os moradores e até os animais que tomam uma atitude de
arrependimento; por fim, a videira que nasce num dia e morre no outro, mas mesmo assim é
capaz de fazer uma sombra para que o profeta descanse da sua tristeza interior e, no final,
ainda dá para tirar uma lição de moral, e tudo isto em apenas dois dias. Pronto, aí está um belo
conto com o seu teor moral.
Embora estes sejam os pontos mais conhecidos do livro e talvez os que mais marcam os seus
leitores, não são tão importantes como parecem. Para que a história, que está sendo narrada
no livro, seja compreendida é necessário
que o leitor se prenda aos quatro primeiros versículos do primeiro capítulo
. São estes dados que explicam todo o fato que ocorreu na história e através deles pode ser
descoberto o porquê da rebeldia de Jonas ao desobedecer à ordem dada por Deus.
Para que se compreenda melhor a história narrada é preciso pesquisar cada parte importante
do livro.
No versículo 1, capítulo 1, o livro começa como todos os demais livros escritos pelos profetas
bíblicos: Veio a palavra do Senhor a .... dizendo:.... Mas há uma
diferença, porque nos demais livros o profeta deixa perceber que é ele mesmo que escreve.
Mesmo assim, isso não é o suficiente para tirar a autoridade profética de Jonas e o caracteriza
como um profeta igual aos demais.
No versículo 2 é dada a ordem: Levanta-te e vai à grande cidade de Nínive, clama contra ela
porque a sua malícia subiu até mim . Aqui começa o
verdadeiro sentido do livro. A riqueza e o sentido do livro começam a se delinear quando se
pesquisa sobre a grande
cidade de Nínive
.
A cidade de Nínive
Nínive, quetradução
que é uma vem do hebraico Ninweh
do assírio Ninua, que é a transliteração do antigo sumério Nina, que
também era o nome dado à deusa
Ishtar
ou
Astarte
, uma das divindades dos Assírios, a qual também era chamada de
rainha dos céus
e chegou a ser adorada em Judá, conforme consta em Jeremias 7.18 (
Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres preparam a massa para
fazerem torta à
rainha dos céus
; depois fazem libações a deuses estrangeiros para me ofenderem
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).
A deusa Ishtar era a deusa da guerra e do amor sexual, por isso Nínive era considerada a
capital da imoralidade e da violência. Outro fator interessante é que o sinal cuneiforme de
Nínive era o de um peixe dentro de um cercado: alguns acreditam que este símbolo tenha
surgido por causa desta história narrada.
Da mesma forma que Nipur era um tipo de Meca religiosa da Babilônia, Nínive era da Assíria.
Em ambas existiam enormes santuários edificados para adoração. Então Israel não era o único
país do antigo Oriente Próximo que tinha o seu grande santuário central para adoração, ao
qual eram feitas peregrinações para as festas anuais, a saber, o Templo de Jerusalém.
A cidade de Nínive foi fundada por Ninrode, um grande e poderoso caçador diante da face de
Iaweh, conforme consta em Gênesis 10.8-12 (Cuch gerou Nemord, que foi o primeiro potentado
sobre a terra. Foi um valente caçador diante de Iaweh, e é por isso que se diz: "Como Nemrod,
valente caçador diante de Iaweh." Os sustentáculos de seu império foram babel, Arac, Acad e
Calane cidades que estão todas na terra de Senaar. Desa terra saiu Assur, que construiu
Nínive, reobot-Ir, Cale, e Resen entre Nínive e Cale - é a grande cidade de Nínive
). Após a morte de Sargão II, em batalha, Senaqueribe estabeleceu na famosa e antiga cidade
de Nínive a capital mais famosa da Assíria. Isto porque a Assíria teve três cidades como
capitais: Assur, Calá e Nínive.
Não é fácil localizar a cidade de Nínive hoje do ponto de vista geográfico, mas alguns
arqueólogos conseguiram localizá-la e dão as coordenadas de como seria a dimensão da
cidade. Provavelmente, estava localizada cerca de 450 km ao norte da Babilônia e de Assur,
sobre a margem oriental do rio Tigre e do outro do rio da moderna Mossul. Era formada por
quatro cidades, por isso era uma cidade grande: Ninrode, Kuyunsik, Khorsabab e Keramles.
Para circundá-la era necessário percorrer 97 km, ou 32 km por dia, o que provavelmente daria
uma jornada de três dias a pé. Era um paralelogramo com aproximadamente 58 km de
comprimento, 38 km de largura e com uma circunferência de 97 km aproximadamente. Toda a
cidade era cercada por muros de aproximadamente 30,5m de altura e eram tão largos que no
seu topo era possível que andasse três carros (de guerra) lado a lado. O muro estava
fortificado com 1.500 torres e cada uma tinha 61m de altura. Era uma verdadeira metrópole.
Atualmente ficaria localizada ao norte do Iraque, por volta de 900 km de Jerusalém, em linha
reta.
Também era mais conhecida por três nomes: A Cidade Real Murada, A Cidade Luxuosa e A
Cidade dos Ladrões
. Através de escavações arqueológicas foram descobertas muitas coisas importantes, que
demonstraram a grandeza e toda a luxuosidade do império assírio.
O rei Assurbanipal (cerca de 680 - 630 a.C.) mandou criar uma enorme biblioteca, que foi a
maior e a mais importante do Antigo Oriente. Ele mandou copiar as obras da literatura acádica,
onde havia a Epopéia Babilônica da criação do mundo. Também mandou compilar dicionários e
gramáticas existentes, das diferentes línguas faladas no seu imenso império assírio.
A luxuosidade da cidade era tão imensa que a residência real tinha 71 aposentos e as paredes
eram azulejadas com lajes esculpidas. O rei Senaqueribe foi quem a edificou e a adornou
esplendidamente com templos e palácios, fez um fosso (o mais antigo da história) que trazia
água das montanhas, que ficavam a 50 km da cidade. No seu terreno havia vastos jardins,
chácaras, pastagens e campos cultivados. Se por acaso houvesse um sítio contra a cidade,
eles teriam como sobreviver. Entre os painéis encontrados nas escavações, havia um que
continha o número de cidades palestinas conquistadas e uma referência à captura do rei
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merecia morrer mesmo. Deveria ser exterminada do mapa e assim pagar pelos seus erros e
atrocidades contra os demais povos.
Por isso Jonas foge de diante da face de Deus querendo ir para Társis, conforme consta no
versículo 3 .
A cidade de Társis
Társis era uma antiga colônia fenícia que ficava localizada no sudoeste da Espanha, na foz do
rio Guadalquivir e era conhecida também pelo nome grego Tartessos. Alguns estudiosos
afirmam que ela ficava na Espanha, outros na Sardenha e outros na Tunísia. Entretanto, o
mais provável é que ficasse na Espanha mesmo.
A palavra Társis em fenício significava a refinaria e provavelmente tinha este nome porque repr
esentava o centro metalúrgico fenício
, que estava situado no Tartesso, ao sul da Espanha, perto de Gibraltar.
Por ser um rico distrito mineiro e uma rica cidade, de onde os habitantes de Tiro recebiam a
prata, o chumbo, o ferro e o estanho (Ez 26-28.19, mais especificamente 27.12,25 - Társis era
teu cliente, em virtude da abundânica de todos os bens; permutavam os escudos ao longo dos
teus muros, completando a tua beleza
[...]
Os navios de Társis formavam caravanas a serviço do teu comércio. Tu estavas cheia e
pesada no coração dos mares -
e
em Jr 10.9 -
Prata batida, importada de Társis e ouro de Ofir, obra de escultor e das mãos de ourives; sua
veste púrpura violeta e escarlate, tua obra de mestres
), Társis tinha uma enorme importância econômica. Conforme se lê no texto citado, a cidade de
Tiro se enriqueceu através do comércio marítimo que provinha de Társis, na base de troca. É
por isso que os livros históricos dizem que era ela quem marcava o limite ocidental permitido
para as embarcações tíricas.
Há uma inscrição do rei da Assíria, Esar-hadom, referente a uma terra fenícia no extremo
oposto do Mediterrâneo, oposto à ilha de Chipre conforme consta em 2Reis 19.36,37; Isaías
37.37,38.
Este comércio marítimo, com certeza, era bastante lucrativo, porque os comerciantes fenícios
não mediam esforços para fazer estas viagens que duravam, aproximadamente, um ano (ida e
volta).
Outra questão muito importante para a compreensão do livro de Jonas é que para o povo de
Israel, Társis significava o fim do mundo e de acordo com Isaías 66.19 (Porei um sinal no meio
deles e enviarei sobreviventes dentre as nações: a Társis, a Fut, a Luc, a Mosoc, a Tubal e a
Javã, e às ilhas distantes que nunca ouviram falar a meu respeito
[...]), os moradores de lá não conheciam a Iahweh e nem a sua palavra. Talvez estes fossem
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os motivos que Jonas achou para ir para lá: um ano de viagem, incluindo ida e volta (sendo
que Iavé destruiria a cidade em 40 dias - Jn 3.4); lá ninguém conhecia a Iahweh e talvez ele
não iria até lá; era uma cidade composta por pessoas totalmente pagãs.
No versículo 3 do capítulo 1, a Bíblia diz que Jonas desceu a Jope e encontrou um navio que
ia para Társis. Pagou a sua passagem e embarcou nele
[...] para que o texto seja melhor compreendido é necessário saber quem era Jope, o que
aquele navio fazia ali e qual o preço da passagem.
Não é necessário dizer que, desde o início, o comércio era principalmente marítimo. A Bíblia
está repleta de passagens que mostram que os navios transportavam tudo de importante ou de
valor para outros lugares: 1Reis 10.22; 22.48; 2Crônicas 9.21; 20.36,37; Salmos 48.7; Isaías
2.16; 23.1,10,14; 60.9; Ezequiel 27.25; 38.13.
As naus de Társis faziam parte da marinha mercante fenícia da época e chegou a servir até
mesmo para a construção do Templo de Salomão. Era uma frota de refinaria, fundição, armas
e madeiras da época. Também trazia metais das minas para as colônias de Israel.
Os navios de Társis não eram navios de turismo, mas comerciais e de grande porte, aptos para
navegar em alto-mar e capazes de atravessar toda a extensão do Mar Mediterrâneo. Eram
mais conhecidos como as naus de Társis porque eram especialmente equipados para
transportar as cargas de minério e de metal.
De acordo com o texto (Jn 1.5) o navio que Jonas pegou era um cargueiro e os seus tripulantes
não conheciam a Iavé ou não tinham temor a Ele. Talvez tenha sido por isso que Jonas o
pegou.
Este navio estava em Jope, mas o que era Jope?
Jope era um porto, ou quebra-mar formado por um círculo de grandes rochas. Também era
conhecido como Jaffa ou como a porta da Antiga Palestina. Era um dos poucos portos da
Palestina e era o porto mais próximo dela. Era um dos portos marítimos que negociavam com
Tiro e Társis (como já foi citado). Através deste porto é que os cedros do Líbano chegaram
para a construção do Templo de Salomão, conforme 2Crônicas 2.15 (
Quanto a nós, cortaremos no Líbano toda a madeira de que terás necessidade, envia-lá-emos
a Jope em balsas pelo mar, e tu a farás subir até Jerusalém
) e Esdras 3.7 (
Depois deu-se dinheiro aos talhadores de pedra e aos carpinteiros; aos sidônios e tírios foram
dados víveres, bebidas e óleo, para que transportassem pelo mar até Jafa, madeiras de cedro
vindas do Líbano, segundo a autorizalçao dada por Ciro, rei da Pérsia
).
Jope estava edificado sobre uma lombada rochosa de 35 metros de altura, que se projetava
em direção a um pequeno e formoso cabo.
A partir do século V a.C., o porto de Jope pertenceu aos fenícios. Na verdade, toda a planície
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litorânea da Palestina pertencia aos fenícios, porque o imperador Xerxes a trocou por navios e
outras coisas que ele necessitava para utilizar nos seus conflitos com as cidades gregas, a fim
de ter a hegemonia no Mar Mediterrâneo.
A população que morava em Jope provavelmente não era israelita, porque nos portos sempre
havia vários tipos de pessoas. Existiam marinheiros e pessoas das mais diversas nações
daquela época. Como todo bom porto, existiam várias lendas de marinheiros, monstros e etc. E
ainda, conforme diz a mitologia, foi numa das rochas que circundava Jope, que Andrômeda foi
encadeada para ser devorada por um monstro marinho a fim de apaziguar a ira de Possêidon,
porém Perseu a resgatou. Na verdade, os portos eram pontos de encontros de culturas e
religiões, como pode ser observado em vários outros textos tanto do Antigo Testamento, como
do Novo Testamento.
A localização geográfica de Jope é importante, porque através dela pode-se deduzir onde
Jonas morava. Já que Jope era o porto mais próximo de Jerusalém, cerca de 50 km do centro,
nota-se então que Jonas faz parte das pessoas que moravam no centro de Jerusalém. Não
poderia ser na Galiléia porque os portos mais próximos eram Tiro e Acco; se fosse em
Samaria, o mais próximo seria o de Dor. Atualmente este porto está situado na famosa estrada
de rodagem que liga a Síria ao Egito e, ao norte, se encontra a a Cidade Moderna dos judeus,
Tel-Aviv.
Entretanto para ir a Nínive, Jonas teria que pegar o navio em Jope mesmo, porque este era o
caminho mais rápido para lá. Também há uma relação entre a distância de Társis e de Nínive,
que medindo a partir de Jope era a mesma distância. Talvez Jonas estivesse pensando que
conseguiria enganar ou fugir de Deus. Através de todos estes dados é possível perceber que
Jonas queria, realmente, fugir da presença de Deus. Ele queria ir para um lugar onde Deus não
o encontraria e ninguém iria falar neste Deus. Pois como poderia pregar contra uma nação que
era pagã e cruel. Tudo isto era contrário aos princípios de vida que Jonas tinha como um
profeta nacionalista.
Conclusão
O livro de Jonas é muito conhecido por todos mesmo, até uma criança conhece a história de
Jonas. Vários pregadores falam sobre este texto e dão muita ênfase nas palavras, até porque o
livro é formado em cima de algumas palavras chaves como: desceu, dormir, fugir, ira e etc.
Outro ponto importante que, normalmente, é abordado neste livro é a mensagem de perdão
que vem da parte de Deus. O seu amor para com os demais povos pode ser visto quando é
relatado que os marinheiros, apesar de cultuarem a outras divindades, passaram a adorar a
Deus e, também, seu amor para com toda a população de Nínive.
O livro de Jonas tem várias lições importantes para a vida de todos os cristãos. Mas,
infelizmente, só tem sido abordado o lado evangelístico do livro, tomando por base que Jesus o
cita ao responder sobre qual seria o maior sinal que tinha dado aos homens (Mt 12.39-41).
É lógico que a mensagem do perdão que o livro mostra é muito importante, mas e o conteúdo
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histórico que o livro traz? Na verdade, vários pontos aqui poderiam ser levados em
consideração. Entretanto, novamente o lado histórico e o contexto para os quais a mensagem
fora escrita, passaria mais uma vez despercebidos.
Mas é preciso saber que Jonas não foi um profeta fujão como muitos afirmam. Ele foi um
profeta nacionalista
. Hoje os mais novos diriam que ele teria sido
quadrado e antiquado
. Muitos cristãos do Rio de Janeiro, há poucos anos atrás tiveram, o mesmo desejo que Jonas
teve em relação a Nínive, no assunto que envolvia o criminoso Fernando beira-mar.
Jonas não foi rebelde porque o quis simplesmente. Muito menos porque sabia o que era mais
correto ou era contra os gentios. Ele conhecia muito bem a cidade de Nínive e suas
atrocidades. De acordo com o seu ponto de vista, de um profeta nacionalista, Nínive merecia
ser castigada por Deus assim como Israel quando desagradava a Deus. Também havia o fator
medo que o levava a achar que o extermínio da cidade era muito melhor do que ousar pregar
contra os assírios.
É necessário que os leitores da Bíblia comecem a interpretá-la analisando o contexto histórico
dos livros, isto é, o pano de fundo da história. Se isto for feito nos estudos, muitos detalhes
surgirão para enriquecer qualquer sermão, estudo e até mesmo pesquisa.
Dificilmente é vista uma abordagem sobre que cidade era Nínive e assim Jope, os navios, o
preço da passagem e outras coisas importantes que o texto diz. Está na hora dos leitores se
aprofundarem um pouco mais nos estudos bíblicos e deixar o costumeiro um pouco de lado.
Isto também faz parte da interpretação bíblica e do estudo bíblico para a vida do cristão. É por
isso que eu afirmo que o cristão tem que freqüentar as classes dominicais e que os professores
precisam se capacitar e estudar muito.
Está na hora de você, leitor, fazer a diferença. Volte a freqüentar a escola dominical e estude a
Bíblia como ela deve ser estudada. E lembre-se que a Bíblia não deve ser utilizada como
pretexto, mas como base para a devoção diária e para o amadurecimento da vida cristã.
Transliteração
Para que haja uma maior compreensão do texto de Jonas, fiz esta transliteração do hebraico
para o português. Não vou colocar o texto em hebraico por não achar necessário, porém quem
quiser poderá analisa-lo melhor com uma Bíblia hebraica, porém acredito que esta
transliteração irá ajudar nos estudos e a compreender o texto melhor.
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
Capítulo 1
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
) - homem (
individual, cada um
) - a sua divindade - e arremessavam, jogavam - todas as suas coisas - as quais - de dentro do
navio - ao (
para o
) mar/oceano (
em direção ao ocidente, Sul
) - com suas vozes lamentavam - às suas divindades, divindades deles - e Jonah - descido -
para a extremidade, parte mais íntima - do navio, embarcação - e estava deitado (
é a mesma raiz utilizada para atos sexuais
) - dormindo, sono profundo, inconsciente
6) E ele se aproximou pessoalmente, intimamente - para ele, em direção a ele - chefe, capitão,
líder ( título de, origem babilônica) - o marinheiro (designado para descrever o mestre do mar)
- e discursou - não (
interjeição
) - o que (
pergunta
)(
está fazendo?
) - tu - dormes, sono profundo, inconsciente (
mesma raiz utilizada acima
) - levanta-te (
mesma raiz de cima
) - clame - para teus deuses, divindades - talvez (
este vocábulo sempre está associado a crises individuais ou nacionais
) - eles pensem - os seus deuses, as suas divindades - por favor de nós, em relação a nós,
sobre nós - e não - nos destruam
7) E eles discursaram, falaram - homem (individual) - com companheiros - para tanto, quanto (p
artícula de comparação
) - lançarem - sortes (
refere-se à vontade de Deus
) - e conhecerem, saberem - por completo - o mal, a desgraça, está - sobre nós, em nós - e
eles lançaram - sortes - e caiu - a sorte - sobre, em cima, contra - Jonah
8) E eles discursaram, falaram - contra ele, para ele - o grande - mal - em nós, por sobre nós -
por causa de quê - Por quê? - O mal - este - sobre nós, em cima de nós - que? Qual? - você
trabalha, tua ocupação, que negócio ( refere-se a um serviço rotineiro, que ainda está em
andamento ) - e de onde - tu vens? - Que? Qual? - tua
Terra, teu País - e onde este quem, essa ( d
e que
) - povo, nação - tu
9) E ele falou, discursou - para eles - hebreu (termo utilizado por estrangeiros não israelitas que
significava que não é livre em solo livre ) - eu (outr
a forma de expressar eu
) sou - e junto com, ao lado de (
significa sirvo
) - IHWH - Senhor meu - dos céus - eu - temo, reverencio - que - fabricou, fez, deu forma - o
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
mar (
direção ocidente, Sul
) - e também a terra seca
10) E eles temeram - os homens (mortal, pessoa) - temor, medo - grande - e eles falaram -
para ele - o quê? - este, isto - tu fizeste, fez - por causa de (
motivo
) - conheceram, souberam - os homens - que (
motivo
) - da presença, de diante da face, rosto - IHWH - ele - fugiu, saiu depressa - por isso (
motivo
) - tornou-se grande para eles (
importante
)
11) E falaram - para ele - o quê? - faremos - para (indica propósito) - ficar sossegado, calmo - o
mar/oceano ( direção
Ocidental - Sul )
(
mesma raiz utilizada acima
) - por cima de nós, em cima de nós - por que (
motivo
) - o mar/oceano/direção Ocidental/Sul (
mesma raiz utilizada acima
) - ele caminhou - e tornou-se tempestuoso, agitado
12) E disse, falou - senhores - tempestade, barulho de águas - se eu for arremessado, lançado
- para, ao/mar/oceano - ele ficará calmo - o mar/oceano - para cima de vós - por que ( motivo
) - conheço, sei - motivo - que, do - meu erro, errei - tornou-se tempestuoso, agitado - grande -
por isso, a isto - para cima de vós
13) Procuravam - os homens (mesma raiz utilizada acima) - em retornar - para a terra seca (me
sma raiz utilizada acima
) - e não - dominaram, prevaleceram, conseguiram - porque (
motivo
) - o mar/oceano (
mesma raiz utilizada acima
) - caminhou para eles - tempestuoso, agitado - contra eles, para cima deles.
14) E chamaram, convocaram, invocaram, clamaram - a IHWH - e disseram, falaram - do navio
- IHWH - por favor - não pereçamos, nos destrua - pela alma, vida, criatura - deste homem -
aqui - e não caia, desenhe - em nós, sobre nós, contra nós - sangue - inocente - porque ( mo
tivo
) - tu - IHWH - como, quando, por causa de, visto que - tu tens prazer (
envolve o emocional, a vontade
) - no teu feito, obra, trabalho
15) Ergueram, levantaram - a Jonah - e jogaram, arremessaram - ao, para/o mar/o oceano - e
permaneceu, ficou parado - o mar/oceano - que estava perturbado, enfurecido, agitado
16) E temeram, reverenciaram, tributaram - os homens - temor - grande - a IHWH - e
sacrificaram, ofereceram sacrifícios ( este vocábulo era utilizado para sacrifícios de animais)
- a IHWH - e consagraram - fizeram votos (
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
Capítulo 2
1) E preparou - IHWH - peixe - grande - com a garganta, para que - para Jonah - e veio, e
esteve - Jonah - no ventre, abdômen - do peixe - três - dias - e três - noites
2) E orou - Jonah - a IHWH - o Deus dele, o seu Deus - do abdômen - do peixe
3) E disse - clamei, invoquei - minha aflição (imensa agitação no íntimo, angústia interna,
compara-se com a luz - dor - de parto) - em
direção - a IHWH - eu aflito aqui estou (
é a mesma expressão que se utiliza para uma pessoa fraca, deficiente física
) - em, na barriga, interior, ventre, útero - sepultura, cova, inferno - socorre a mim (
clamar por socorro
) - ouves tu - minha voz (
realmente é o som das cordas vocais
)
4) E tu me lançaste, me jogaste (utilizado para expressar jogar no chão) - no (a) profundeza,
abismo ( raiz da
palavra se refere ao abismo oceânico
) - no coração dos - mares/oceanos - e fluir de águas - me cercou - todos os teus vagalhões - e
tuas ondas (
dá idéia de rolar, empilhar, amontoar coisas, ou água que jorra
) - em cima de mim, por sobre de mim - ultrapassaram, excedam
5) E eu disse, falei - lançado fora, expulso - diante de (refere-se à frente visível) - teus olhos -
como interrogativa - continuarei a fazer, nunca mais (
este vocábulo normalmente vem acompanhado da partícula de negação
) - em tua casa, local, templo - o, para palácio, templo, santuário - teu santo
6) Cercaram a mim (me), rodearam - mares/oceanos - até alma, espírito - abismo, profundezas,
lugares profundos ( utilizado para designar grande massa d'água) - e
me cercou - até o fim, chegar ao fim - ataram, amarraram, prenderam com cordas - em, na
minha cabeça
7) Em, nos fundamentos - altos, lugar elevado - tu me subjugaste, revestiste - terra, chão, solo,
País - as barras, ferrolhos ( algo em posição atravessada e que sustenta paredes ou portas) -
em volta, torno de mim (
expressão utilizada para suplica a favor de alguém
) - para sempre, perpétuo - e ele do monte, altura, céu (
é bom lembrar que IHWH é um Deus do monte para o povo de Israel
) - na cova me apanhou (
buraco para apanhar animais, armadilha
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
Capítulo 3
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
Capítulo 4
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
1) E ficou aborrecido, mal-humorado, mesquinho - Jonah - mau - o grande - ficar inflamado,
inflamou-se – (este vocábulo dá ênfase ao anterior).
2) E ele orou - a IHWH - e disse, discursou - Ah!, Agora!, Eu te imploro! Por favor! (interjeição) -
IHWH - não? Isto, isso - disse eu, falei eu, discursei eu - sempre, estando, contínuo - acontece,
ocorre - sobre, em cima minha terra, meu solo, meu País - por isso é que - me adiantei, fui me
encontrar, me apressei - em fugir, escapar, desaparecer - para Társis - motivo - eu conhecia,
sabia - que (
motivo
) - tu - Deus (
utilizado para expressar as qualidades de Deus
) gracioso - e compassivo, misericordioso - longânimo, comprido - tardio em irar-se (
só ocorre esta tradução quando vem acompanhado pelo vocábulo anterior - longânimo
) - e grande, muito (
intensidade
) - amor, misericórdia, bondade amorosa - e se arrepende, tem pena, lamenta - sobre, a
respeito - o, do mau, infortúnio, desgraça
3) E agora, mas (imediatamente, neste exato momento) - IHWH - por favor (súplica - tire) - a
minha vida, alma - de mim - porque (
motivo
) - bom, bem, melhor - eu morrer - do que viver
4) E disse, discursou, falou - IHWH - É bem agradável? - calor, ira, ardor, indignação - este (indi
ca propósito
)
5) E saiu apressadamente, correndo - Jonah - da cidade - e sentou-se - ao, no oriente, frente -
indica localidade (no caso, a cidade de Nínive) - e fez, fabricou - (expressa objeto local) ali -
abrigo, tenda - e sentou-se - debaixo, embaixo, parte inferior dela - à sombra (
proteção, defesa, é como se fosse debaixo do telhado - completa a idéia anterior de proteção
) - até - que - ele visse, observasse (
com os olhos
) - o que aconteceria - a ela (
cidade de Nínive
)
6) E fez (indica movimento, ação) - IHWH - deuses (elohim - criou os céus e a terra), senhor -
uma planta (
videira, a raiz utilizada é para frutos de verão
) - subir, escalar, cobrir - acima de, por cima - de Jonah - para ocorrer, acontecer - sombra (
proteção
) - por cima, sobre sua cabeça - em arrancar, salvar, tirar, recuperar - (
expressa objetivo local
) do - seu mau, infortúnio, aflição - e regozijou, se alegrou - Jonah - por causa da planta (
videira, a raiz utilizada é para frutos de verão
) - regozijo, satisfação - grande
7) E ordenou, designou (indica movimento, ação) - os deuses, senhor (elohim - criou os céus e
a terra ) - verme, larva de
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
insetos - ao subir (
acima
) - a alvorada - no dia seguinte (
na manhã seguinte
) - e feriu - a planta (
videira, fruto de verão
) - e tornou-se seca, sem água, murchou, totalmente seca
8) E aconteceu - que nascendo, brilhando, aurora - o sol - ordenou, designou - deuses, senhor
(elohim - criou os céus e a terra) - vento, sopro (forte, de Deus) - vento oriental, do oriente -
silenciosamente, secretamente - feriu, bateu - o sol - em cima, sobre, na cabeça - Jonah - e ele
desmaiou - e ele desejou - em, com sua alma, vida - morrer - e disse - bom, bem, melhor - eu
morrer - do que viver, ter vida, permanecer vivo (
contrário da morte
)
9) E disse, falou, discursou - deuses (elohim - criador dos céus e terra) - a Jonah - é agradável?
- eu conceber ( sentir dor
-
dá idéia do parto
) - isto - até, sobre, a respeito, a morte
10) E disse, discursou, falou - IHWH - tu - amaste (amor bondoso, misericórdia) - sobre, a
respeito da planta, videira, fruto de verão - a qual - não se esforçaste, trabalhaste, fizeste
esforço - nem - e não - cresceste (
dá importância ao tamanho, estatura
), fizeste crescer - que em uma, numa noite - aconteceu, existiu (
passou a viver, existir, viver, ter vida
) - e em uma, numa noite - pereceu
11) E eu - não - terei pena, ficarei triste (condoer-se, poupar, comiserar-se, ter compaixão) -
sobre, a respeito de Nínive - a cidade - grande, enorme - a qual - existe, há - dentro de, entre,
cerca de, por meio de - serem muitos, numerosos (
dá idéia de multi
plicar) - 120 (
cento e vinte
)(
múltiplo de doze, por dez
) - mil - homem (
generalizado, espécie humana, humanos
) - os quais - não sabem, conhecem, discernem - entre o lado direito (
mão direita
) - lado esquerdo - gado, animais (
quadrúpedes, domésticos, ferozes, de tração montaria
) - muitos.
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
Glossário
Abrigo/tenda
4.5: designa um abrigo temporário. Também é muito utilizado para expressar as tendas feitas
para o povo de Israel morar durante a festa dos Tabernáculos;
Agora,
4.3: imediatamente, daqui porconjuntivo
diante
dá a de acordo
entender com o
(mas texto,
agora). o vav
Está relacionado com o tempo;
Agradável, estar bema alguma aliança que o homem faz, normalmente é com Deus, porém não
4.4: está relacionado
é regra. Ela pode ser também para outra questão, mas não deixa de ser uma aliança;
Alvorada
4.7: designa o romper do dia, aqueles momentos logo antes do nascer do sol. Quando este
substantivo vem acompanhado
significa "o levantar do"overbo
da alvorada", subiralah
da alvorada", "despertar da alvorada". Significa de
manhã cedo;
Animais
4.7: refere-se aos animais de quatro patas e não aos pássaros, aves e répteis, muito menos
aos homens (animal racional). Podendo ser selvagem ou não, dependendo do contexto;
Arrepender, ter compaixão
3.9: dá a idéia de um "respirar profundo" e, por conseguinte uma manifestação humana, física,
compaixão, pena. Na maioria das vezes este é o verbo utilizado para o arrependimento de
Deus (compaixão). Significa que Deus mudou, abandonou a sua maneira de lidar com os
homens, de acordo com os seus propósitos, pensamentos soberanos. Também pode se referir
à sua misericórdia que é um ato livre e soberano seu. É diferente do arrependimento do
homem shuv voltar-se, retornar, se referindo ao pecado. Como Deus não tem pecado, o seu
que significa
arrependimento significa que mudou, abrandou a sua maneira de agir, lidar;
Bondade, bondade
4.2: é um dom amorosa,
gratuito misericórdia
(concedido) por Deus. No Antigo Testamento é sempre utilizado para
descrever a aliança de Deus com o seu povo. Mas é sempre da parte de Deus para com o
homem, o qual tem uma condição lastimável;
Calor, furor,
3.9: este ira
vocábulo, só é empregado tendo por referência o uso feito por Deus. É o seu ímpeto
de ira, indignação;
Capa
3.6: vestimenta nobre, majestosa. Refere-se a uma capa de alto custo, ou manto dos profetas;
Cinza
3.6: significa algo sem valor. Miséria, vergonha, humilhação perante Deus, arrependimento,
contrição. Sentar sobre as cinzas expressava uma tremenda, enorme angústia;
Compassivo, misericordioso
: uma das qualificações de IHWH. A raiz raham refere-se ao profundo amor de alguém superior
ao inferior. É um sentimento íntimo do tipo misericórdia, compaixão, piedade. Isaías utiliza para
expressar o amor de uma mãe para com o filho. É o sentimento que se tem por criancinhas
indefesas, inocentes;
Conceber
4.9: a sua raiz está intimamente ligada à idéia de gerar filhos, dar à luz, isto é, gerar algo do
seu ventre ou da dor que é causada na grávida. Definitivamente é algo muito íntimo do homem;
Conhecia,
: esta raiz ésabia
utilizada para discernimento também; distinção; e quando se refere ao
conhecimento que Deus tem do homem em geral (como no Salmo 139), pode também ser
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
utilizada para distinguir entre o bem e o mal, resultado de desobedecer a Deus. Antigamente o
conhecimento "yadah" era uma percepção contemplativa que só os sábios possuíam
(
ciência
)
, era o oposto de estultícia. É a mesma palavra utilizada em Gênesis 2.9,17 para designar a
árvore do conhecimento do bem e do mal; expressa o ato sexual, penetração, fazer parte como
um todo;
Desejou
: Significa consultas a Deus ou pedir algo a Deus. Entretanto este pedido é feito tendo quase
que a certeza de que Deus vai atender ao pedido. Pois exalta a abundância com que atende
aos pedidos;
Destrua
: termo comum para matar, morrer, demolir (casas, ídolos, reinos. Pode significar a morte física
e a eterna, é a raiz de ABBADOM, Satanás, destruição;
Escapar, fugir,
4.2: também desaparecer
pode significar apressar-se. Como se fosse uma fuga do inimigo. Alguns
vocábulos são utilizados por fugitivos velozes, isto é, como se fosse uma serpente que ao fugir
sai em forma sinuosa;
Esforçar,
4.10: vem trabalhar
da raiz de labutar, isto é, trabalho pesado, fatigante, extenuante, sofredor. É mais
utilizado como esforço enfadonho do que algo prazeroso. É um trabalho penoso que causa
frustração e improdutividade na vida do servo de Deus. É um trabalho que não é abençoado ou
auxiliado por Deus como em Eclesiastes;
Esquerda
4.11: o vocábulo indica o lado esquerdo do corpo de alguém, a mão esquerda ou o que se
encontra do lado esquerdo, oposto ao que está à direita. Também pode se referir à direção
norte, à frente ou atrás;
Existe, há atenção para a existência de um objeto ou qualidade em alguma coisa;
4.11: chama
Fera, animal, gado
4.11: refere-se aos animais quadrúpedes, distinguindo-se, assim, dos demais. Também não
tem nada com o homem (animal racional), mas é um ser vivo, como este. É mais utilizado
como rebanho doméstico, gado de porte maior, ovino, mas nunca tão próximo ao chão,
rastejante como um lagarto, ou roedores. Neste caso são os de tração ou montaria. Poucas
vezes também é utilizado para animais ferozes, no caso de algum animal selvagem, não
domesticado.
Fizeram, fabricaram
3.10: ato daquilo que é feito, trabalho extenuante. Usado para designar a obra de alguém,
como sendo a base para a retribuição por parte de Deus. É um trabalho feito com as mãos,
modelando ou modelado. Podendo ser usado por Deus e os homens, mas cada um no seu
contexto lógico;
Gracioso
4.2: adjetivo que descreve os atos graciosos de IHWH. Na maioria das vezes é utilizado com
seu ato de justiça contra o mal. Todas as vezes que é utilizado se refere a Deus;
Homem/espécie humana,
4.11: utilizado para se referirgeneralizado
ao homem genérico, como sendo a imagem de Deus e a coroa da
criação;
Inflamado
4.1: indignado ou irado. A raiz da palavra significa fazer o fogo queimar"e na raiz árabe
significa sensação de queimação. Como se fosse na garganta e etc. Dá a entender que a ira do
homem se acendeu como fogo dentro de si;
Jejuar/jejum
3.5: é privar o corpo de ingerir alimento como sinal de que a pessoa está experimentando uma
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Livro de Jonas, uma rica narrativa histórica e geográfica
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Ter
4.11:compaixão, poupar básico, significa olhar com compaixão ou poupar. Refere-se ao
no sentido simples,
sentimento de empatia com quem se acha em dificuldades. Significa poupar o povo do juízo
antecipado devido à compaixão divina;
Vento/sopro
4.8: no gregoaré em
tratado como pneumai
sto significa, movimento. É considerado também um vento forte, sopro forte, vindo de
Deus;
Verme/larva de insetos
4.7: são normalmente de moscas, besouros ou traças e que costumavam se alimentar de
pessoas em decomposição ou plantas;
Violência
3.8: pecaminosa. Não é fruto de catástrofe natural, mas é sinônimo de extrema impiedade. É a
mesma palavra utilizada para a corrupção, que foi a causa do dilúvio (Gn 11.13);
Volte, se arrependa
3.10: descreve a responsabilidade humana no processo do arrependimento, atividade
penitente. Significa desviar-se do mal, voltar-se para o bem, converter. Mas quando se trata de
Deus se arrepender, está se referindo à sua misericórdia que é um ato livre e soberano seu,
algo muito raro. Expressa a mudança de atitude humana.
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