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CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE UM BOM SEQUESTRANTE PARA

MICOTOXINAS*
Carlos Augusto Mallmann1; Paulo Dilkin2; Leandro Zanini Giacomini3; Ricardo Hummes Rauber4.
* Trabalho publicado nos anais da Conferência APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas 2006, p. 213-224

RESUMO
No Brasil, a contaminação média por aflatoxinas no milho, nos últimos 4 anos (2003-2006)

foi de 6,25 ppb. Esta contaminação, somada à prevalência de 38,4%, é de extrema

importância, quando considerada a susceptibilidade geral das aves a este contaminante.

Baseado nisso, muitas empresas lançam mão do uso de adsorventes de micotoxinas, com o

intuito de minimizar os impactos negativos destes contaminantes. Atualmente a oferta de

produtos adsorventes no mercado brasileiro apresenta uma grande variedade, porém nem

todos apresentam resultados que comprovem sua eficiência protetora. Para tanto, a tomada

de decisão ao optar por algum produto deve ser fundamentada em resultados de avaliações

do sequestrante através de testes de adsorção in vitro e in vivo. As metodologias de

avaliações in vitro são baseadas na mimetização das condições que o adsorvente encontra

no local de sua ação no organismo, ou seja, no trato gastrointestinal. Para as avaliações in

vivo preconiza-se como protocolo experimental padrão sendo constituído de dois

tratamentos controles, um para a micotoxinas utilizada e outro para o produto testado, um

tratamento livre de micotoxinas e adsorvente (branco) e um tratamento com a micotoxina e

o adsorvente testado de acordo com a dose determinada. Para uma correta seleção dos mais

variados produtos adsorventes disponíveis no mercado brasileiro recomenda-se os seguintes

1
Prof. Titular, Dr. do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal de Santa
Maria, Coordenador do Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC). mallmann@lamic.ufsm.br.
Prédio 44, 4º andar, Ala Norte. Santa Maria – RS. CEP: 97.015-001. Fone/Fax: +55 55 3220 8445.
2
Médico Veterinário, Dr., pesquisador LAMIC/UFSM.
3
Médico Veterinário, Msc, Pesquisador LAMIC/UFSM.
4
Médico Veterinário, Mestrando do PPGMV, Pesquisador LAMIC/UFSM.

-1-
critérios: resultados de no mínimo 90 % de capacidade de adsorção (suco gástrico e

intestinal) na avaliação in vitro e nas avaliações in vivo que o grupo de animais intoxicados

com a presença de adsorvente na ração apresente um ganho de peso superior

estatisticamente ao grupo intoxicado sem adsorvente.

1. FATORES QUE INTERFEREM NA PRODUÇÃO DE MICOTOXINAS


O crescimento fúngico e formação de micotoxinas são dependentes de uma série de

fatores (Figura 1), como a umidade, temperatura, presença de Oxigênio, tempo para o

crescimento fúngico, constituição do substrato,


FIGURA 1 - FATORES QUE INFLUENCIAM
NA PRODUÇÃO DAS MICOTOXINAS
lesões à integridade dos grãos causados por

insetos ou dano mecânico/térmico, quantidade

de inóculo fúngico, bem como a


Crescimento fúngico
interação/competição entre as linhagens 100
90
80
70
60
50

fúngicas. As características genéticas


40
30
20
10
0 Average
Ave Sil Soj Sor Out Mal Tri Arr Rac Mil Ame

Mallmann
representam um fator cada vez mais decisivo

na solução do problema. Esta gama de fatores demonstra que o controle dos mesmos, no

sentido de prevenção, muitas vezes se torna muito difícil em nossas condições tropicais, por

exemplo, as condições climáticas brasileiras no período de colheita dos cereais, em função

do regime pluviométrico, não favorecem a secagem dos grãos, especialmente do milho.

Os sistemas de secagem e armazenagem instalados também contribuem para a

evolução do problema em nossas condições. As temperaturas da massa de grãos no interior

dos silos em muitas situações ultrapassam os 18°C recomendados, permitindo um

crescimento fúngico intenso, especialmente pela deficiente aeração forçada da maioria das

-2-
unidades armazenadoras, que mesmo existindo, pelo excesso e má distribuição das

impurezas não são efetivas no controle dos pontos de calor dentro do silo. Esta e muitas

outras razões proporcionam alta prevalência de micotoxinas como as aflatoxinas como

contaminantes rotineiros dos cereais no Brasil e em países de clima similar.

Na Figura 2 estão apresentados os dados de positividade e contaminações médias

(aflatoxinas) de amostras de cereais enviadas ao LAMIC desde o início de suas atividades.

Apesar de haver uma pequena diminuição na concentração de aflatoxinas nos últimos 3

anos, a positividade vem aumentando gradativamente. Isto indica que o desafio por

aflatoxinas que as nossas aves estão sujeitas é ainda maior, mostrando que o controle

adequado destes contaminantes é de suma importância.

Fonte: http://www.lamic.ufsm.br
Figura 2 – Positividade e contaminação médias por aflatoxinas, em amostras enviadas ao
LAMIC.

-3-
Para que se tenha idéia da real importância das micotoxinas na avicultura, são

apresentados, na Tabela 1, os valores de contaminação máximos recomendados,

estabelecidos pelo LAMIC para aves, conforme a idade e o uso dos animais.

Tabela 1 – Limites máximos de micotoxinas recomendados pelo LAMIC para aves de


produção
Toxinas (ppb)
Afl Fumo Ota DON HT 2 T 2 Zea DAS
Frangos - Inicial 0 100 0 200 0 0 10 0
Frangos - Crescimento 2 500 2 500 10 50 20 200
Frangos - Final 5 500 5 1000 10 50 20 200
Poedeiras 10 1000 5 1000 20 100 50 500
Matrizes 10 1000 5 1000 20 100 50 500

2. CONTROLE DAS MICOTOXINAS

Devido à comprovada natureza tóxica das micotoxinas, existe a necessidade de

prevenir a contaminação dos alimentos por parte dos fungos toxigênicos e controlar o

crescimento fúngico mediante a manipulação do microambiente que se encontra o alimento.

Outros métodos de controle são utilizados para que a redução da concentração de

micotoxinas possam estar em níveis seguros, ou a utilização de produtos de degradação não

tóxicos, sem que estes processos promovam a diminuição do valor nutritivo dos alimentos

descontaminados.

Os métodos para controle das micotoxinas podem ser classificados dentro de duas

categorias principais:

- Prevenção da contaminação e do crescimento fúngico;

- Detoxificação dos compostos tóxicos produzidos pelos fungos.

2.1. Prevenção da contaminação e crescimento fúngico.

-4-
A prevenção da contaminação por fungos toxigênicos e seu crescimento, pode ser

controlada por alguns dos seguintes métodos:

2.1.1. Melhora das praticas agrícolas.

O ataque fúngico aos alimentos pode começar já no campo, mediante a

contaminação das colheitas pelos fungos produtores de micotoxinas. Muitas micotoxinas,

em particular as aflatoxinas, zearalenona e tricotecenos, podem formar-se durante o período

de crescimento das plantas no campo.

Para prevenir esta contaminação, é necessário que se melhorem as praticas

agrícolas, como por exemplo, usando sementes de qualidade e livres de fungos, impedindo

o ataque dos insetos e as enfermidades das plantas. O uso da genética também representa

uma excelente possibilidade de redução da contaminação fúngica. A utilização de híbridos

resistentes a fungos ou danos, tanto mecânico como o causado por insetos representarão no

futuro a forma mais adequada de impedir o crescimento fúngico.

Durante o processo de colheita é importante que se evite ao máximo atingir

fisicamente o cereal, pois o dano mecânico está invariavelmente associado a uma rápida

invasão de fungos. Outro fator importante no processo de colheita é a limpeza dos cereais,

pois os resíduos que ficam aderidos ou misturados, normalmente são portadores de espécies

fúngicas micotoxigênicas. Também, para prevenir a contaminação fúngica é importante

implantar boas praticas de armazenamento e boas condições ambientais que impeçam o

ataque dos fungos.

2.1.2. Agentes antifúngicos.

-5-
A contaminação das colheitas pode ser prevenida ou diminuída usando ácidos

como o benzóico, sórbico, propiônico, fórmico e acético. Pequenas concentrações destes

fungicidas nos alimentos devem ser efetivas a um pH situado um pouco acima do seu pK.

Em um maior pH, grande parte deste ácido se encontrará sem dissociar, não apresentando

nenhum efeito sobre o crescimento fúngico. Por outro lado, a quantidade de ácido

adicionado ao produto armazenado deve estar relacionado com a quantidade de água do

mesmo, e deve estar distribuído de uma maneira uniforme através de todo volume a tratar.

No entanto, o emprego destes ácidos em sub doses pode levar ao risco de que se produza

um incremento na capacidade toxigênica de determinados fungos, representando assim um

risco para cereal.

2.1.3. Engenharia genética

O genoma das plantas tem influência notável sobre as infecções fúngicas e na

subseqüente biossíntese de micotoxinas, por isso a importância de desenvolver novas

variedades, mediante a engenharia genética, capaz de resistir ao ataque dos fungos ou inibir

a produção de toxinas. Pesquisadores tem encontrado hibridos que apresentam diferenças

significativas em relação a contaminação por Aspergillus flavus e conseqüente produção de

aflatoxinas. Estas diferenças podem ser por diversos fatores, e o genoma da planta pode

influir na expressão da biossíntese da micotoxina. Isto pode ser devido a síntese de

metabólitos específicos por parte da planta, de igual forma que já se demonstrou que alguns

produtos naturais podem reduzir a biossíntese das micotoxinas com melhor eficiência do

que inibir o crescimento fúngico.

2.1.4. Controle das condições de armazenamento

-6-
O armazenamento das colheitas tem um papel importante na qualidade físico-

química e microbiológica das mesmas. As espécies fúngicas que se desenvolvem em um

dado ambiente depende da umidade, temperatura, presença de microrganismos

competidores, da natureza e estado fisiológico do produto. Estes e outros fatores influem

decisivamente no metabolismo fúngico e na capacidade para que os fungos utilizem os

alimentos para o crescimento e produção de seus metabólitos.

2.2. Detoxificação dos alimentos contaminados com micotoxinas.

O melhor método para controlar a contaminação por micotoxinas dos alimentos é a

prevenção, porém quando o produto já esta contaminado e vai ser usado como alimento, é

necessário eliminar ou diminuir esta contaminação.

A prevenção da produção de micotoxinas abrange prevenção de biossíntese e

metabolismo de toxinas no campo e na armazenagem. A descontaminação após a produção

de micotoxinas refere-se ao tratamento pós-colheita para remover, destruir ou reduzir o

efeito tóxico. É difícil impedir a formação de micotoxinas no campo ou na estocagem,

entretanto, o monitoramento poderia impedir que as micotoxinas se tornassem uma

significativa fonte de riscos à saúde, pois o conhecimento da contaminação permitiria a

adoção de medidas estratégicas para minimizar o risco.

Estratégias adotadas na pré ou pós-colheita seriam apropriadas e dependeriam

principalmente das condições climáticas de cada ano em particular. Compreender os fatores

ambientais que promovem a infecção, crescimento e produção tóxica é um passo

importante para um plano efetivo que vise minimizar a ocorrência de micotoxinas em

alimentos e em rações.

-7-
A F.A.O. instituiu uma série de critérios para determinar se o processo de

descontaminação pode ser aceito, o qual deve:

- Destruir, inativar ou eliminar a toxina;

- Não produzir resíduos tóxicos ou carcinogênicos nos produtos finais, ou em

alimentos obtidos a partir de animais que se alimentaram de uma dieta detoxificada;

- Manter o valor nutritivo e a aceitabilidade do produto;

- Não alterar as propriedades tecnológicas importantes de forma significativa;

- Destruir todos os esporos e micélios fúngicos para que não possam, em condições

favoráveis, proliferar e produzir novas micotoxinas.

2.2.1. Métodos de descontaminação

2.2.1.1. Métodos físicos

Métodos físicos incluem moagem, que tem apresentado sucesso para

deoxinivalenol, e separação por densidade, que em alguns casos reduziu os níveis de

tricotecenos e zearalenona. O carvão ativo é parcialmente efetivo na redução da ação da

toxina T-2, comprovado pela diminuição de lesões orais em animais de laboratório, porém

a mortalidade ainda ocorre.

O beneficiamento de grãos vem demonstrando ser capaz de reduzir os níveis tanto

fúngicos como de micotoxina, sendo esta redução dependente da espécie fúngica e tipo de

toxina.

Métodos físicos e eletrônicos de separação e controle de espécies contaminantes em

amendoim tem sido extremamente usados por industrias que beneficiam este produto para

reduzir os níveis de aflatoxinas, já que estes grãos estão destinados a consumo humano.

Mas esta não tem sido a forma mais eficiente de detoxificação, pois os produtos que não

-8-
tem evidência visível do prejuízo ocasionando por fungo podem ainda assim conter

micotoxinas em níveis significativos.

2.2.1.2. Métodos químicos

A detoxificação de produtos contaminados por inativação através de reações

químicas, alta pressão ou extração, usando um solvente orgânico ou uma combinação

destes, tem sido avaliada para o problema de aflatoxina desde de 1960. A degradação de

aflatoxinas também pode ocorrer, durante o processamento de alimentos e também pelo uso

de aditivos, os quais são compostos relativamente seguros em certos níveis utilizados. Esta

classe de micotoxinas tem sido a mais estudada pelos diferentes métodos de detoxificação.

A utilização de amônia para descontaminação de produtos agrícolas contaminados

por aflatoxinas, tem demonstrado-se muito eficiente.

É importante evidenciar que micotoxinas existem juntamente com outros compostos

em alimentos e rações, que podem interagir entre si, influindo na sua toxicidade, sendo este

efeito favorecido pelo aquecimento.

2.2.1.3. Métodos microbiológicos

Outra forma de descontaminação é o processo fermentativo. Durante o processo

fermentativo utilizado na produção de pães a partir de grãos de trigo contaminados com

deoxinivalenol, foi observada a redução dos níveis atribuída à fermentação e ao processo

térmico ao qual o produto foi submetido. Esta descontaminação ocorreu devido à

possibilidade da levedura adsorver as toxinas presentes, reduzindo a contaminação.

Experimentos de fermentação alcoólica por Saccharomyces cerevisiae com mosto

contaminado com deoxinivalenol e zearalenona mostraram resultados onde após 7-9 dias de

-9-
fermentação o DON foi estável ao processo. Do conteúdo inicial de zearalenona, 69% foi

convertido a β-zearalenol (β-ZEL), e 8,1% a α-zearalenol. A maior parte de metabolização

da zearalenona ocorreu no 1º e 2º dias de fermentação, mostrando a instabilidade da toxina

frente à fermentação. Outras pesquisas demonstraram bons resultados de inibição na

produção de aflatoxinas utilizando microrganismos como: Bacillus spp (98%), A. flavus e

A. parasiticus (90%) e Trichoderma spp (75%).

2.2.1.4. Utilização de Adsorventes no sistema de produção animal

O sistema ideal para detoxificar as rações animais deve levar em consideração não

somente a redução das micotoxinas, mas também que a substância empregada não houvesse

produtos de degradação tóxica nem, tampouco, reduzir o valor nutritivo dos alimentos

tratados. Com o crescente problema da contaminação por micotoxinas, a adição na dieta de

compostos adsorventes nutricionalmente inertes tem sido uma importante ferramenta.

Os adsorventes são produtos de alto valor no setor farmacêutico, como excipiente de

medicamentos, na industria petroquímica, como catalisadores e outros. Na industria de

alimentação animal, o emprego de argilas selecionadas e processadas está sendo a cada dia

mais utilizado para o seqüestro das micotoxinas, com o objetivo de reduzir a absorção das

mesmas pelo trato gastrointestinal de aves e suínos.

3. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE ADSORVENTE

Do ponto de vista técnico, são considerados 2 os critérios para que um produto seja

selecionado como adsorvente de micotoxinas: os resultados de avaliações in vitro e in vivo.

Entretanto, para que um produto seja liberado para comercialização no Brasil, este deve ser

- 10 -
devidamente registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O registro somente é obtido após a realização de uma avaliação in vivo do produto que

demonstre que este funcione. Para manutenção do registro, é necessário apresentar,

anualmente, um laudo de avaliação in vitro com resultado satisfatório. Tanto as avaliações

in vivo como in vitro devem ser realizadas em laboratório credenciado pelo MAPA.

3.1. Avaliação in vitro

As avaliações in vitro de um adsorvente têm por objetivo principal, determinar a

capacidade que tal produto tem de adsorver as micotoxinas presentes em um meio líquido e

torná-la indisponível. As primeiras metodologias descritas para estes estudos foram

desenvolvidas há praticamente 20 anos (Phillips et al., 1988) e utilizavam como veículo

para a aflatoxina, uma solução hidroalcoólica. Atualmente, muito se utiliza destas

metodologias, no entanto, quando no organismo animal, o adsorvente é submetido a muitas

situações que não estão presentes em ensaios com solução hidroalcoólica, como variações

no pH das soluções e presença de enzimas e outras substâncias.

Em pesquisa financiada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados

Unidos), Lemke et al. (2001), sob a coordenação de T.D. Phillips, descrevem uma série de

metodologias de analise in vitro de argilas, para adsorção de micotoxinas. Neste estudo,

uma das metodologias avaliadas foi baseada na mimetização das condições que o

adsorvente encontra no local de sua ação no organismo, ou seja, no trato gastrointestinal

(TGI). Os pesquisadores levaram em consideração vários fatores, como pH do meio, a

presença de enzimas digestivas e o tempo de contato entre adsorvente e micotoxina.

Estudos anteriores (Ruby et al., 1993) também apresentaram metodologia semelhante.

- 11 -
Girona (1994), desenvolveu uma metodologia de avaliação in vitro de adsorventes

de micotoxinas com características semelhantes àquela posteriormente apresentada por

Lemke et al. (2001). Estas metodologias apresentam características distintas com relação ao

procedimento (quantidade das enzimas, tempo de contato, etc.), no entanto, o fundamento

de ambas está baseado na tentativa de imitar as condições do trato gastrointestinal em

estudos in vitro.

Muitos produtos podem apresentar resultados diferentes se comparados os testes

tradicionais e os que utilizam os sucos do TGI. Geralmente ocorre uma menor taxa de

adsorção as avaliações com estes sucos. Isto ocorre, pois muitas argilas perdem parte da sua

capacidade adsortiva quando entram em contato com o pH destes sucos e pela presença de

outras substâncias, como enzimas, que não estão presentes nas metodologias tradicionais.

Esta diminuição na adsorção sob tais condições ocorre devido a características geológicas

destas argilas. Sua dissolução no TGI é lenta e, muitas vezes, incompleta (Ruby et al.,

1993).

A utilização de modelos do TGI é extremamente útil no caso de avaliação de

adsorventes inorgânicos específicos, inclusive porque o metabolismo da aflatoxina B1 é

influenciado por variáveis que estão presentes no TGI como o pH do meio, que varia de 1,3

(suco gástrico) a 6,0 (suco intestinal). Algumas reações químicas podem ser catalizadas

pelo adsorvente quando em solução hidroalcoólica, o que não ocorre em testes que utilizam

o modelo do TGI (Lemke et al., 2001).

Com 20 anos de experiência em análises de micotoxinas e há mais de 8 anos

analisando adsorventes, o LAMIC utiliza uma metodologia de análise in vitro destes

produtos, baseada nas metodologias aceitas em todo o mundo. Os métodos que utilizam

suco gástrico e intestinal representam da melhor forma possível o meio a que o adsorvente

- 12 -
será submetido no organismo animal. Nesta metodologia, são preparadas duas soluções:

suco gástrico, com pH 2,0 e suco intestinal, com pH 6,0. Ambos estão descritos na

Farmacopéia Americana (Pharmacopeia National Formulary, 1990). Estas soluções são

fortificadas com micotoxinas em doses altas e, posteriormente, é adicionado o adsorvente.

O cálculo da adsorção in vitro é feito baseado na resposta cromatográfica, utilizado tanto a

cromatografia liquida normal (HPLC) quanto os modernos sistemas de cromatografia

acoplada a espectrometria de massa (GCMS e LCMS/MS), do suco contendo o adsorvente

frente a um suco sem o mesmo.

De acordo com a metodologia utilizada no LAMIC para avaliação in vitro de um

adsorvente (suco intestinal e suco gástrico) e considerando-se que o resultado de adsorção é

uma média da triplicata do produto em cada solução, com um coeficiente de variação

máximo permitido de 5 %, preconiza-se como índice mínimo aceitável de 90 % de

capacidade de adsorção em cada suco. O laboratório já testou mais de 300 adsorventes

provenientes de diversos países do mundo (Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil,

Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Hungria, Itália, México, Paquistão, Peru, Republica

Dominicana e USA), além dos produzidos neste País e de acordo com os resultados obtidos

mais de 50 % apresentam capacidade de adsorção in vitro acima de 90 %, o que

proporciona uma grande variabilidade de produtos para atender ao setor de produção

animal.

3.2. Avaliação in vivo

Para avaliação in vivo de um adsorvente o LAMIC possui uma unidade

experimental própria para testes realizados com aves e uma unidade experimental para

suínos, através de um acordo de cooperação cientifica com o setor de suinocultura da

- 13 -
UFSM. Para ambas espécies animais o laboratório possui um protocolo experimental

padrão que é constituído de dois tratamentos controles, um para a micotoxinas utilizada e

outro para o produto testado, um tratamento livre de micotoxinas e adsorvente (branco) e

um tratamento com a micotoxina e o adsorvente testado de acordo com as doses

preconizadas. Conforme a necessidade pode-se acrescentar mais tratamentos com diferentes

concentrações da micotoxina e adsorvente. Normalmente os parâmetros avaliados são

ganho de peso, conversão alimentar, consumo e peso relativo de órgãos. O período mínimo

utilizado para testes com aves é de 21 dias e suínos 28 dias. O laboratório define como

critério para aprovação de um adsorvente testado in vivo, utilizando-se aves ou suínos, que

o grupo de animais intoxicados com a presença de adsorvente na ração apresente um ganho

de peso diferente estatisticamente do grupo intoxicado porém sem a adição do adsorvente.

Outro critério a ser observado é a inocuidade do adsorvente, que deverá apresentar

resultado igual ao do grupo controle.

4. RESULTADOS DE AVALIAÇÕES DE ADSORVENTES

4.1. Avaliações in vitro

Foram realizadas mais de 480 análises de produtos adsorventes. Os resultados

destas avaliações estão apresentados nas Figuras 3 e 4.

De acordo com os critérios descritos acima, onde um produto, para ser aprovado

deve apresentar adsorção igual ou superior a 90%, até o ano de 2005, apenas 52,48% dos

produtos avaliados apresentaram resultados satisfatórios. Entende-se por resultado

satisfatório, que o produto deva ter comportamento similar nos dois compartimentos do

sistema digestório.

- 14 -
% Adsorção % Adsorção

0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1
1

4
4

7
7
10
10
13
13
16
16
19

22 19

25 22

28 25

31
28

34
31

37
34
40
37
43
40
46

49 43

52 46

55 49

58
52

61
55

64
58
67
61
70
64
73

76 67

79 70

82 73

analisados pelo LAMIC.

analisados pelo LAMIC.


85
76

88
79

91
82
94
85
97
88
100
91
103

106 94

109 97

112 100

115
103

118
106

121
109
124
112
127
115
130

133 118

136 121

139 124

Produto
Produto
142
127

145
130

148
133
151
136
154
139
157

160 142

163 145

166 148

169
151

172
154

175
157
178
160
181
163
184
166
187

190 169

193 172

196 175

199
178

202
181

205
184
208
187
211
190
214

217 193

220 196

223 199

226
202

229
205

232
208
235
211
238
214
241

244 217

247 220

250 223

253 226

Figura 4 – Percentual de adsorção in vitro de Aflatoxina B1 em pH 6,0 de 256 produtos


256

- 15 -
Figura 3 – Percentual de adsorção in vitro de Aflatoxina B1 em pH 2,0 de 228 produtos
4.2. Avaliações in vivo

As avaliações in vivo são realizadas em uma unidade experimental localizada no

próprio LAMIC, o que facilita a avaliação dos produtos. Neste sistema, foram testados mais

de 16 produtos, sendo que a maioria apresentou resultados satisfatórios. A maioria dos

produtos testados in vivo apresentaram adsorção igual ou superior a 90% nas avaliações in

vitro realizadas, também, no LAMIC. A Tabela 2 apresenta o resultado dos testes in vivo de

dois produtos. O produto A apresentou 94% de adsorção no teste in vitro, enquanto o

prduto B apresentou 91% de adsorção no mesmo teste. Fica claro que um resultado

satisfatório na avaliação in vitro não é suficiente para que um produto comprove sua

aficácia, sendo necessária a comprovação através do teste in vivo. Isto ocorre devido ao fato

de que, mesmo reproduzindo as condições do meio, através dos sucos do TGI, o teste in

vitro é apenas uma simulação. Quando ingerido pelo animal, juntamente com os

componentes da dieta, o adsorvente pode ter sua ação dificultada por um ou mais destes

componentes, que não estão presentes nos ensaios in vitro (Lemke et al., 2001). O teste in

vivo é muito importante para o controle de qualidade de produção do adsorvente por isso é

recomendado que os produtos sejam periodicamente avaliados também em testes in vivo.

Tabela 2 – Peso médio de aves intoxicadas com aflatoxinas, com e sem a adição de

adsorvente, por um período de 21 dias.

Adsorvente A Adsorvente B
1
T n Peso Médio (g) CV (%)2 Peso Médio (g) CV (%)2
1 48 695,88c 5,69 697,75b 8,94
c b
2 48 681,56 6,70 674,37 7,71
3 48 517,81a 11,34 506,34a 15,22
4 48 562,38b 10,87 501,00a 13,11
Total 192 587,92 15,40 595,33 18,83

- 16 -
1
T1 - ração controle; T2 - 0,5% de adsorvente; T3 - 2,8 ppm de aflatoxina; T4 - 2,8 ppm
de aflatoxina + 0,5% de adsorvente.
2
CV = Coeficiente de variação.
a-c
Médias na coluna, seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey (p<0,05).

5. ESTIMATIVA DE MERCADO DE ADSORVENTES DE MICOTOXINAS

Pelos resultados apresentados na Figura 2, fica evidente que a maioria das rações

consumidas pelas aves de corte no Brasil apresente contaminação por aflatoxinas ou outras

micotoxinas. Este fato, aliado à média relativamente alta de contaminação dos grãos de

milho, e aos níveis máximos de aflatoxinas para aves (Tabela 1), mostra a real importância

destas micotoxinas na produção de aves em nosso país. Para prevenir maiores danos

causados pela aflatoxicose nas aves, estima-se que cerca de 68% das rações produzidas para

frangos de corte deveriam ter em sua formulação a inclusão de um produto adsorvente. Se

tomarmos como média uma inclusão de 0,25% (2,5 kg/Ton), estamos falando de

praticamente 39 mil Toneladas de adsorventes consumidas no ano de 2005 no Brasil.

Pelo risco deterimnado pela faixa etária das aves e considerando os problemas

técnicos relacionados ao monitoramento adequado das micotoxinas, é prudente admitir uma

inclusão de adsorvente em 100% das rações para fase inicial. Em rações para fase de

crescimento, com monitoramento de micotoxinas, admite-se uma inclusão média de 80%

de adosrvente nestas dietas e, excepcionalmente, 20% em dietas de fase final, quando da

incidência elevada associada a uma contaminação significativa em níveis médios elevados.

Portanto, o monitoramento da matéria-prima deverá sempre estar atrelado ao uso do

adsorvente, sendo este utilizado, desta forma, em consonância com as normas técnicas de

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utilização de um produto, quando este for definitivamente necessário na dieta. Com isto,

evita-se o desperdício de recursos por parte das empresas avícolas.

Pelo montante consumido, não é surpresa que haja uma grande variedade deste tipo

de produtos oferecidos em nosso país, havendo espaço para alguns produtos com eficácia

não comprovada. Por isso, torna-se de extrema importância a exigência, por parte das

indústrias consumidoras destes produtos, as provas de que o seqüestrante realmente

funcione. Estas “provas”, nada mais são, do que os resultados das avaliações in vitro,

realizadas anualmente e dos testes in vivo.

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6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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