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Introdução.................................................................................................................. 2
I – A ameaça comunista............................................................................................. 5
II - A tensão nuclear................................................................................................... 8
III – O desarmamento................................................................................................. 11
Conclusão................................................................................................................... 13
Bibliografia................................................................................................................ 14
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Introdução
“A guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em
que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente conhecida.” (Thomas Hobbes)
A Guerra fria foi, antes de tudo, uma guerra de ideologias entre duas superpotências
emergentes da Segunda Guerra Mundial, que promoveram a polarização político-ideológica
do mundo.
Após a Segunda Guerra, nações, antes poderosos impérios, não podiam mais
mandar e foram reduzidos a ações de retaguarda. Dessa forma, a humanidade então,
encontrava-se a espera de uma nova ideologia vigente, capaz de dominar o cenário mundial
e assim, os Estados Unidos e a União Soviética encabeçaram a luta por esse posto.
Não havia um perigo de fato para uma guerra iminente, pois ambas as potências
aceitaram a divisão de poderes pós-Segunda Guerra, feita através de vários acordos entre
Roosevelt, Churchill e Stalin. Ambas as partes confiavam na moderação uma das outras,
numa coexistência pacífica a longo prazo, no entanto, o embate ideológico manteve-se
sempre presente nas questões mundiais por mais de cinco décadas.
Uma das causas dessa constante luta ideológica entre os Estados Unidos e o Estado
Soviético, foi a questão de que o surgimento da União Soviética se deu por uma revolução
socialista, mostrando com isso a possibilidade da ascensão de outra classe ao poder – o
proletariado – colocando em risco a supremacia capitalista ocidental, pois o socialismo
seria um modelo para povos que sentiam-se oprimidos com suas formas de poder estatal.
A Guerra Fria, além de uma luta ideológica, mostra ser também uma forma
internacional de luta de classes e a reminiscência da luta anti-comunista de Hitler na
Segunda Guerra Mundial, fracassada perante a vitória soviética.
Desde as descrições de Tucídides, com relação às conversações entre as cidades
durante a guerra do Peloponeso, historiadores consideram o debate uma séria arma de
Estado.1 O debate, sem dúvidas, favorece uma pressão ideológica e durante a Guerra Fria as
palavras adquiriram uma importância até maior que as armas, sendo o principal motivo
desse embate verbal o surgimento de armas nucleares. Pode-se dizer, por exemplo, que
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Como observar J.P. Morray em Origens da Guerra Fria, p. 11.
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Winston Churchill – primeiro ministro do Reino Unido – não engendrou a Guerra Fria, mas
presidiu seu começo, acelerando o processo de opinião pública, para os que queriam o
processo de uma guerra fria declarado abertamente. Utilizou para isso inúmeros discursos,
onde em muitos enaltecia o povo americano, encorajando-os a enfrentar a ameaça soviética.
Aproveitava-se do temor contido no povo, resultante do pós-guerra, uma vez que no
ocidente havia a crença de que as catástrofes da Segunda Guerra não chegariam ao fim,
havendo também o medo de uma forte crise econômica, semelhante à que ocorreu após a
Primeira Grande Guerra Mundial.
Além da luta ideológica, que perdurou durante décadas entre as duas potências,
houve sempre a tensão de uma possível guerra nuclear, onde apenas o medo da destruição
mútua inevitável – expresso na sigla MAD, em inglês mutually assured destruction –
impediam tanto um lado, quanto o outro de cometer um suicídio da civilização. No entanto,
para fins de negociações sempre ocorreram gestos nucleares, afetando várias gerações sob a
constante ameaça de uma guerra nuclear, de onde a maior pressão partia do lado americano,
pois os Estados Unidos mantinham sempre uma postura agressiva com relação às ameaças
nucleares.
A pressão era tamanha que tanto a União Soviética, quanto os Estados Unidos
comprometeram-se com uma insana corrida armamentista, buscando a mútua destruição,
onde era cada vez maior o número de homens empregados em fábricas beligerantes e
recursos investidos em prol da sempre provável guerra. Tinham o estímulo do governo para
usar sua capacidade excedente para atrair e armar clientes e aliados, conquistando
lucrativos mercados de exportação, mas guardando apenas para si suas melhores armas,
incluindo as nucleares.
Contudo, essa batalha ideológica, além de armas cada vez mais poderosas e de uma
constante tensão na população mundial, produziu também vários movimentos de paz,
principalmente na década de 60, nos Estados Unidos, onde ganhou força com as
manifestações de protesto contra a Guerra do Vietnã. Como Hobsbawn diz: “No fim da
Guerra Fria esses movimentos deixaram recordações de boas causas e algumas relíquias
periféricas, como a adoção do logotipo antinuclear pelas contraculturas pós-1968 e um
estranhado preconceito entre os ambientalistas contra qualquer tipo de energia nuclear.”
(Era dos Extremos, página 235).
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Este trabalho tem como tema central a constante ameaça nuclear promovida por
mais de quarenta anos entre a União Soviética e os Estados Unidos.
No primeiro capítulo encontra-se o “perigo comunista”, abordando como se deu a
formação da União Soviética, justificando de certa forma o medo americano com relação ao
regime vigente – o socialismo soviético - numa das potências que emergiu vitoriosa da
Segunda Guerra Mundial, juntamente com os Estados Unidos.
São abordados no segundo capítulo a tensão nuclear e os embates ideológicos,
promovidos entre as duas potências, EUA e URSS, em busca da hegemonia mundial.
No terceiro e último, encontra-se a questão do desarmamento, um pouco mais da
luta ideológica entre as duas potências, até o final da Guerra Fria, iniciado quando
Gorbatchev assume o poder da União Soviética.
Por fim, na conclusão é apresentada uma pequena síntese de todo o tema abordado
no presente trabalho.
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I - A ameaça comunista
1 - A União Soviética
No final do século XIX a população russa vivia uma situação de extrema miséria e
atraso econômico perante a Europa de um modo geral, motivo pelo qual houve a adesão
popular às idéias bolchevistas, fundamentadas no marxismo. Tais idéias defendiam um
movimento revolucionário contra o regime vigente, sobre o qual seria implantada a
ditadura do proletariado, que empreenderia as reformas necessárias para a extinção de
todas as distinções econômicas.
À partir dessas idéias, ocorre a Revolução Russa e consequentemente a formação da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com a união das seguintes repúblicas: Rússia,
Ucrânia, Bielorússia, Transcaucásia e as repúblicas da Ásia Central, tendo o socialismo
como sistema vigente.
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Na óptica norte-americana, qualquer ação soviética poderia enfraquecer o
capitalismo e engendrar uma revolução. Como os comunistas apoiaram-se principalmente
em armas ideológicas, os Estados Unidos tinham que reagir, correndo o risco de perder tal
luta ideológica por omissão. O empenho comunista partiu de uma vasta campanha de
doutrinação e os líderes ocidentais resolveram justificar seus governos, tentando também
doutrinar sua população e o público americano, acostumados a ver apenas um lado dos
debates, apenas o que seus líderes diziam, tinham com isso uma forte tendência de
posicionamento unilateral. Em seus discursos sempre frisavam a impossibilidade de
convivência do comunismo ao lado do capitalismo e sempre promoviam uma má impressão
do comunismo perante o ocidente, utilizando acusações como, por exemplo, de que os
comunistas eram tidos como uma força atéia dominadora, sempre fomentando o
antagonismo soviético perante os americanos.
Para os Estados Unidos, a União Soviética, associada ao comunismo, uma ideologia
utópica, representavam um perigo, pois temiam uma possível futura supremacia mundial
soviética. Stalin acreditava na supremacia do comunismo perante o capitalismo, no entanto,
esse processo seria lento, pois os planejadores soviéticos não viam o capitalismo em crise,
durante o período do pós-guerra.
Ocidentais anticomunistas não conseguiam evitar o completo envolvimento com a
aliança militar americana e orientais não conseguiam escapar da subordinação a Moscou,
com exceções feitas à França do general De Gaulle e a Iugoslávia de Tito. Porém, mesmo
quase todos os governos europeus ocidentais sendo anticomunistas e decididos a proteger-
se contra um possível ataque soviético, a “conspiração comunista mundial” não era um
elemento sério de suas políticas internas. Apenas nos Estados Unidos os presidentes eram
eleitos para combater o comunismo, retratando com isso que a questão não era a dominação
comunista em si, mas a manutenção da supremacia americana.
Os americanos acreditavam que o modelo americano era o modelo ideal para o
mundo e, por serem uma democracia, a conquista ideológica era mais simples e fácil. O
anticomunismo identificava-se facilmente com um país construído no individualismo.
Ambas as superpotências envolveram-se em guerras, mas nunca diretamente uma
contra a outra. Abalados com a vitória da China comunista – vitória esta tendo Moscou
como responsabilizada – os Estados Unidos e a ONU intervieram na Coréia, em 1950, a
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fim de impedir que o regime comunista do norte se alastrasse para o sul. Houve a mesma
tentativa na guerra do Vietnã, porém foram fracassados. A União Soviética sempre ajudava
no combate de guerrilhas que eram apoiadas pelos americanos.
Os governos da unidade antifascista, que tinham acabado com a Segunda Guerra,
dividiram-se homogeneamente, exceto a Grã-Bretanha, entre pró e anticomunistas. Nas
eleições da Itália, em 1948, os EUA ameaçavam invadir militarmente caso os comunistas
viessem a vencer. Criaram tanto na Itália, quanto no Japão, um sistema de partido único
permanente, tendo como resultado a estabilização dos comunistas na Itália e dos socialistas
no Japão, como maior partido de oposição.
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II - A tensão nuclear
1 - O poder atômico
2 - O Plano Baruch
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“Bernard Baruch, muito conhecido como financista que gozava da confiança da comunidade bancária e
industrial, e conselheiro de presidentes (...)”, Morray, J.P. em Origens da Guerra Fria, p. 87.
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sobre o plano, antes de apresentá-lo publicamente, mesmo ela fazendo parte do conselho de
segurança da ONU.
Tal plano foi saudado pela maioria dos delegados da Comissão de Energia Atômica,
como uma proposta de longo alcance. No entanto, desejavam na realidade, abolir a
independência da potência soviética, colocando-a sob controle de uma nova autoridade
nacional confiável. Dessa forma, diminuiria a igualdade entre as potências, pois a União
Soviética subordinaria-se ao poder da autoridade americana, congelando possíveis planos
nucleares.
O Plano Baruch, ao mesmo tempo em que passava aos Estados Unidos uma
sensação de segurança, despertava também o medo de que mais tarde a União Soviética
também tivesse uma bomba.
3 - Posicionamento soviético
3
Citação retirada da obra Origens da Guerra Fria de J.P. Morray
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4 - Resposta ao Plano Baruch
III - O desarmamento
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1 - Início das negociações
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forças armadas que não sejam de polícia ou milícia necessárias apenas para manter a ordem
interna.
Tal tensão mundial durou cerca de quatro décadas, encontrando seu fim somente em
1985, quando Mikhail Gorbatchev, assumindo a presidência da União Soviética, propõe
uma possibilidade concreta de desarmamento aos americanos, que consistia na retirada dos
mísseis do território europeu, assim como o fim do Pacto de Varsóvia e da OTAN.
Em agosto de 1985, em entrevista a revista Times, Gorbatchev relata a franca
intenção de pôr um fim à corrida armamentista, promovendo a normalização das relações
entre URSS e EUA.
Os principais fundamentos do projeto feito por Gorbatchev consistia na renúncia
dos poderes nucleares, prevenção da corrida armamentista no espaço cósmico, cessação de
todos os testes com armas nucleares e destruição das mesmas, redução da capacidade
militar dos países, dispersão das alianças militares, entre outras medidas.
A situação econômica soviética encontrava-se quase que estagnada, devido aos
enormes investimentos militares, contrapondo aos baixos investimentos na agricultura e
indústria, o que possivelmente poderia desencadear vários movimentos internos.
Depois das novas medidas econômicas e políticas feitas na União Soviética, vários
países do leste europeu puderam decidir seus próprios destinos.
Em novembro de 1989, o Muro de Berlim, que separava a República Democrática
Alemã (Alemanha Oriental) e a República Federativa Alemã (Alemanha Oriental), foi
posto abaixo pela população da porção Ocidental, sem qualquer manifestação por parte dos
soldados do lado Oriental, promovendo com isso a unificação das duas Alemanhas. Dessa
forma, a queda do Muro de Berlim tornou-se o símbolo máximo do final da Guerra Fria.
Conclusão
Durante quatro décadas, pode-se dizer que a política mundial enquadrou-se nos
padrões maniqueístas de “bem x mal”.
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Tal quadro surgiu de convicções errôneas feitas por parte dos norte-americanos,
com relação à União Soviética e também pelo medo que tinham de perder a hegemonia
mundial.
A Guerra Fria, dessa forma, pode ser encarada como um confronto de múltiplos
focos – na economia, diplomacia, cultura, política, propagandas, entre outros – entre as
duas superpotências, emergentes da Segunda Guerra Mundial - Estado Unidos e União
Soviética - pela distribuição de poder e influência em todo o mundo. Nesse entrave
ideológico, impediam a possibilidade da resolução dos conflitos através de negociações.
As duas potências possuíam um poderio bélico muito superior a de todos os países,
contando com as temíveis armas nucleares, que amedrontavam a população mundial, sob o
risco eminente de uma possível guerra entre elas. Justificavam tamanha força militar
alegando um sistema defensivo contra um possível ataque do lado inimigo, a fim de
legitimar o embate.
O extremismo da polarização mundial em nada resultou além de gerações que
cresceram sob a tensão de uma catástrofe nuclear semelhante ou pior as que ocorreram em
Hiroshima e Nagasáqui, o enfraquecimento e desmantelamento da economia e política
soviética, o enriquecimento americano, onde é possível chegar à conclusão de que os
aliados de cada um dos blocos serviram apenas, durante todos esses anos, para legitimar os
anseios hegemônicos das duas potências que então comandavam o cenário mundial.
Bibliografia
HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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FARIA, R. M.; MIRANDA, M. L. Da Guerra Fria à Nova Ordem Mundial. São Paulo:
Editora Contexto, 2003.
MORRAY, J.P. Origens da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1961.
WILSON JR., T.W. Guerra Fria e Bom Senso. Rio de Janeiro: Editora Ipanema, 1964.
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