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SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA
PORTADORA DA SÍNDROME DE DOWN
Sorocaba
2005
II
SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA
PORTADORA DA SÍNDROME DE DOWN
Sorocaba
2005
III
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, agradeço a Deus pelo amor infinito, pela proteção constante e pela
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................7
5. PESQUISA DE CAMPO...................................................................................................32
5.1 ANALISE DAS OBSERVAÇÕES.................................................................................................33
5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS OBSERVAÇÕES...............................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................35
REFERÊNCIAS....................................................................................................................37
ANEXO I - ENTREVISTA.....................................................................................................39
INTRODUÇÃO
especial, mas uma me chama atenção: a Síndrome de Down, alteração genética que
para atender crianças com algum tipo de necessidade especial, e com isso, têm
surgido muitas duvidas de todos os lados, pais, escola e sociedade; pois a inclusão
sociedade se torna difícil para a compreensão da maioria das pessoas, muitas não
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ao fato de que essas crianças são inadaptadas, o que significa que não podem ficar
mesmo dentro da própria família, por não estarem preparados e verem seu “filho”
acadêmicas, tendo apenas depoimentos de mães, aos quais deveriam dar maior
destaque, pois a família é o grupo social primário, onde o individuo já nasce com
a partir disso que a criança começa a aprender até que ponto ela é um ser aceitável
própria atitude para com a escola dependem das relações entre colegas. quando
Visto a importância deste estudo, foi colocado como objetivo refletir sobre
(precoce) e do papel da família para que ocorra da melhor forma essa socialização,
socialização.
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profissional. Espero poder dar uma valiosa contribuição para educandos e seus
“Que me seja dada a serenidade de aceitar as coisas que não posso mudar,
coragem de muda-las quando eu puder e a sabedoria de conhecer a
diferença entre as duas situações” (Centro de informações e Pesquisas de
Síndrome de Down)
informações básicas.
motoras do corpo, como das funções mentais, ou seja, alteração genética que
Síndrome de Down através dos sinais físicos que o recém-nascido apresenta, como
o bebê pouco ativo e molinho (hipotonia), os olhos bem puxados, língua para fora da
boca (protrusa), o nariz é bem achatado e largo, prega únicas nas mãos e os dedos
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Projeto Down. Você sabe o que é Síndrome de Down?
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do pé são mais afastados, baixa estatura na primeira infância, entre outros sinais
Saúde, 1994:2), a Síndrome Down não é uma doença e sim um erro genético, onde
qualquer casa pode ter um filho com Síndrome de Down, não importando sua raça,
credo ou condição social, a chance aumenta quando a mãe tem mais de 40 anos. A
Síndrome de Down não é adquirida por algum problema ocorrido durante a gravidez,
genético, que ocorre na divisão celular; é possível detectar se o bebê terá ou não a
ser contagiosa.
para melhor aproveitamento. Toda pessoa tem seu corpo formado por pequenas
coração, estomago e cérebro da pessoa, eles também determinam a cor dos olhos,
cabelo, altura, sexo e etc. Cada célula possui 46 cromossomos que são iguais dois a
desses pares é chamado de par numero 21, e é onde ocorre a alteração (Síndrome
mais, ou seja, ela tem três (3) cromossomos 21 em todas as células, ao invés de
simples possuem células com 46 cromossomos que são normais junto com 47
É importante salientar que não existe diferenças entre crianças com Trissomia
durante a gravidez.
quantidade do líquido que envolve o bebê no útero durante a gravidez. Outro exame
gestação.
pela Síndrome de Down não tem cura, pois se trará de uma alteração genética das
mas nenhum resultado foi encontrado. É preciso que as famílias estejam sempre
alerta para que não sejam enganadas por charlatões que encontram possibilidades
primeiros anos de vida, mas não sabemos com exatidão qual sua verdadeira
“Se a criança tem boa imagem de si mesma, ela poderá se relacionar bem
com os outros. A imagem que ela desenvolve de si mesma, está ligada à
imagem que os pais lhes transmitem” (Projeto Down)
Down era incapaz de aprender a maioria das coisas a ser educada aprendendo a
conviver num grupo, em conta disso, acreditava-se que a criança não tinha
com Síndrome de Down e sua condição de ser educada. A criança com Síndrome
orientada, pode vir a ter uma vida semi independente, participando das atividades do
A criança com Síndrome de Down deve ser educada como qualquer outra
criança. Suas iniciativas devem ser valorizadas, mais é necessário que conheça as
regras e limites. À medida que ela se torna independente, você deve ensinar-lhe o
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que é permitido ou não. E fazer realmente com que ela entenda, conversando de
forma clara e simples e corrigir, caso seja necessário. Isso ajudará em sua
crianças com a Síndrome de Down. Apesar de que cada pessoa nasce com certo
potencial, muito pode ser feito para auxiliar o desenvolvimento, e o meio em que a
pessoa vive influi muito, quanto maior a estimulação que a criança recebe, maior
Síndrome de Down, muitas vezes, torna-se mais agitada, hiperativa pode continuar
por alguns anos e algumas famílias consideram esse período muito desgastante.
Muitos ainda acham que a inclusão é uma utopia, e que deve conduzir-nos a
esperam que seus filhos nasçam sadios. Ao nascer uma criança com Síndrome de
Down, os pais ficam chocados e o primeiro sentimento é o de rejeição por não terem
informações suficientes, portanto o pânico toma conta, o medo de fazer algo errado,
de não conseguir e mesmo tudo é novo, diferente. A medida que a situação se torna
acidente genético e que ninguém tem controle e culpa, esses sentimentos poderão
ser superados. A insegurança, incerteza e muitas dúvidas com certeza irão surgir,
necessária, procurar uma instituição onde tenha um grupo de apoio para trabalhar o
disto a família irá se preparando para aceitar essa criança e assim automaticamente
a criança vai sendo trabalhada e estimulada. Este trabalho deve ser adequado para
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todas as etapas de sua vida, tendo o apoio de sua família, sendo aceito socialmente.
(PUSCHEL, 1995:23-28)
que dessa maneira mais natural, possam iniciar uma vida juntos e felizes.
mudanças, mas com o apoio carinhoso que é encontrado a cada etapa da criança,
grupos aos quais possuirão a mesma cultura. Portanto, a família como grupo é
com disciplina, evitando os conflitos emocionais, só assim ambos terão uma relação
De acordo com o Projeto Down, os bebês não são todos iguais. Cada um tem
suas potencialidades e isto serve para crianças com Síndrome de Down também.
que possa vir a ter, devemos trata-las como tais. Todos temos nossas virtudes e
sociedade.
naturalidade os irmãos também o farão. Não se deve tratar a criança como se ela
fosse mais fraca, indefesa ou “diferente”. Sem fazer restrições aos irmãos, pois
importante para que a criança com Síndrome de Down não se torne alvo das
atenções exageradas da família para que os outros filhos não se sintam em segundo
plano.
dentro do âmbito familiar, agora com relação a educação, os pais devem tentar
participar sempre da vida do seu filho, trocando experiências e buscando junto com
Saúde,1994:6)
Down, já descritas. Por isso, um trabalho diário que ajude a criança a vencer as
aparelhos sofisticados, mas atividades que toda pessoa faz com os bebês, e se
ocupacional.
Com base no Projeto Down, a estimulação deve ser feita de acordo com as
tornando agradáveis para ambos, com isso a família estará dando carinho e atenção
para seu filho, assim poderá observá-lo compreendendo melhor suas dificuldades e
qualidades. Cada criança tem seu próprio ritmo, que os aos poucos perceberão e
aprenderão a respeitar. É importante que a criança esteja calma, sem sono, seca e
ou o próprio movimento da casa, mas não é bom oferecer vários ao mesmo tempo.
deles.
tempo que estiver acordado, como de bruços, lado, cada nova posição fará com que
ele perceba as partes de seu corpo e o relacione com o ambiente, ajuda também a
sempre perto de seus pais e irmãos, enquanto estiver ocupado, manter a conversa
ou brincar, assim tomando contato com o que acontece na casa ele começará a
participar. A estimulação é importante para que a criança atinja novas faces no seu
estão a sua volta, conhecer e vivenciar situações e objetos. Para isso são usados os
criança vai fazendo uma memória das suas vivencias, como se fosse um arquivo
sendo formado.
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Ainda com base no Projeto Down, de acordo com a faixa etária, veremos as
• Desenvolvimento de 0 a 6 meses:
manter a cabeça alinhada com o resto do corpo, qualquer que seja sua posição:
deitada, sentada e mais tarde em pé. Nesta fase o bebê irá fortalecer os músculos
das costas, pescoço e até se apoiar nos cotovelos e mãos. Aprenderá também a
acordado.
Exemplos:
trás;
nas costas;
costa, sola dos pés e palma das mãos) com esponja áspera ou pano atoalhado para
• Desenvolvimento de 6 a 12 meses:
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rasteja, fica sentada por um bom tempo, engatinha e, às vezes fica em pé.
atividades diárias do bebê devem ser diversificadas para ajudar a desenvolver suas
e social.
Exemplos:
mais firmeza na cabeça, abraçar ao lado do seu corpo voltada para o ambiente,
b) A cama deve ter espaço para criança se movimentar com grandes móbiles
e) Contar todo o que está sendo feito, para a criança é uma boa maneira de
Com dois anos de vida, a criança é mais ativa e participante, utiliza as mãos
acontecimentos e objetos.
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explorar o mundo. Algumas crianças são mais ativas, outras mais observadoras. É a
movimentos de seu corpo para andar, mas precisa estar segura e confiante. Já se
entende a criança por sons, palavras, gestos ou olhares, Eça é capaz de mostrar o
que quer e o que não quer. Mostre o que pode e o que não pode fazer (limites).
Exemplos:
a) A criança deve ficar na posição de gato, coloque uma bola em sua frente
• Desenvolvimento de 2 a 5 anos:
o mundo, assim tornando-se cada vez mais seguro e veloz. Como as capacidades
intestino;
d) A criança com Síndrome de Down deve ser educada como qualquer outra
criança. Suas iniciativas devem ser valorizadas, mas é necessário que ela conheça
regras e limites.
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Assembléia Geral das Nações Unidas. Esta resolução defendia uma sociedade para
lado, sabemos que incluir não é simplesmente inserir uma pessoa na sua
reconhecerem que todos estamos juntos e nascemos neste mundo e por isso
mesmo não se pode aproximar os que estão a margem, pelos mais diferentes
(MANTOAN, 1988:15)
necessidades especiais, conta com uma historia de experiências anteriores que lhe
importantes relações com adultos, que não pertencem a sua família, nem as suas
(socialização) da criança.
Síndrome de Down, como durante muito tempo acreditou-se que esta criança era
perspectiva negativa para seu filho, isso intervirá em sua maneira de educá-lo,
fazendo-os acreditar que a criança não tem capacidade para aprender (STAINBACK
com Síndrome de Down e sua condição de ser educada. Portanto, os pais podem
esperar mais de seu filho, apesar das limitações que ele possa ter. A criança
intelectual, mas, bem orientada, pode vir a ter uma vida semi-independente,
limitações.
parte. A trajetória escolar não pode ser comparada a um rio perigoso e ameaçador,
essa criança demora mais tempo para manifestar as suas habilidades e para
aprender, devido às suas características. Por isso que se diz que ela tem atraso no
A escola que oferece brincadeiras no parque, na areia, na água, faz com que
criar e de comunicar-se.
atitudes, como ser atento, organizado e coordenar diferentes pontos de vista são
Piaget (apud KAMII, 1991) afirma que o conflito de diferentes pontos de vista,
o que torna essa situação rica para estimular a vida social e a atitude construtiva da
criança.
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outra por meio do jogo, que é a imaginação em ação. A criança precisa de tempo e
de espaço para trabalhar a construção do real pelo exercício da fantasia. Por isso, é
preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeite seu processo de
mundo à sua maneira, seu compromisso com a realidade, pois sua interação com o
objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.
brincadeiras infantis.
brincadeira infantil a criança revive as suas alegrias, seus modos, seus conflitos,
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instrumento que ela possui para conviver com outras crianças. Brincando, ela
que ganham espaço e ajudam na busca deste conhecimento físico, pois desenvolve
5. PESQUISA DE CAMPO
brincadeiras, do tipo o coelho sai da toca, entre outros, onde se encontra em anexo.
espontânea. Não houve bloqueios, ou qualquer outro tipo de dificuldade para esta
criança, pelo contrario, é uma classe bem solidária e cooperam muito com esta
que seria observada. Pude conhecer todas as crianças, especialmente a Ana2, uma
criança portadora da Síndrome de Down. Ana é uma criança muito especial, não
fala, apenas balbucia e quando quer alguma coisa, pede com gestos.
acordo com a sua capacidade, é uma criança que participa das atividades, das
brincadeiras e dos jogos; gosta muito de brincar no parque e na areia. Não é uma
normal, pois ela já freqüentava a creche desde os 3 anos de idade. No começo não
aceitava que a crianças e a professora a ajudassem a andar, mas aos poucos Ana
foi se integrando junto à turma e se tornou uma criança dócil, hoje, participa de tudo,
2
Esse nome é fictício, apenas para facilitar o relato.
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Toca), observei que Ana participou se saiu muito bem nas atividades. (ANEXO II)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
vem ganhando cada vez mais terreno, enquanto discute as necessidades educativas
pesquisados para que possam contribuir com os problemas sociais dos portadores
de deficiência.
foi, especialmente, refletir sobre o que essas brincadeiras podem facilitar, ativar e
Não existe dor envolvida. Ao contrário, elas são muito felizes, e só tem a nos
ensinar.
Síndrome de Down, podem e devem freqüentar classes comuns junto com outras
não ficando restringida aos seus déficits. O acesso ao saber deve ser garantido a
todos.
em que está inserida a criança; além de tudo é preciso muito preparo, dedicação,
REFERÊNCIAS
ANEXO I - ENTREVISTA
Dias Alcoléia.
20 anos com crianças com alguns tipos de deficiência física, hoje atende 256 alunos
a outra é de estimulação.
Os trabalhos com as crianças são feitos de acordo com a faixa etária, ou seja,
escola com 4 horas de atividade preparando esta criança para integrar-se nas leis
anos, é um sistema terapêutico, pois a criança com 4 anos passa para C.E.I. (Centro
de Educação Infantil), onde terá sua inclusão, ela terá um acompanhamento até aos
6 anos, pois é a idade que é dada alta do programa. À partir dos 6 anos a criança vai
Eles estão tentando mudar esta alta e ficar acompanhando esta criança
• O rato e a bola
tentaria pagá-la e, quando conseguisse, trocaria de lugar com a criança que jogou a
bola.
grupos de três.
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dentro ficará a terceira criança: o “coelho”. No centro do círculo ficarão dois ou mais
“coelhos” desalojados.
“coelho”.
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normal.
Quando se canta alguma canção para ele, sorri e manifesta entender que é para ele.
Esboça algumas sílabas como dá, te-tê, dói, não no sentido significativo
Quando se fala para que ele pegue o pé, algumas vezes ele pega e o leva à
boca.
Põe-se uma fralda em seu rosto e pergunta-se “onde está o Lucas?” e ele
retira a fralda, sorri e volta a colocar a fralda no rosto para continuar brincando.
3
S.O.S. Down (Centro de Informações e Pesquisa da Síndrome de Down).
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utilizado brinquedos educativos que chamam a atenção, devido às suas cores, sons
Mamãe e Papai.
Hoje sou a sua surpresa e a sua dor, o filho não sonhado, nem sequer
imaginado. Enquanto crescia na tua barriga temia os sonhos e projetos que faziam
para mim e que não poderia realizar. Porém, se ao me olhar, conseguissem ver
além do quadro médico, achariam em mim toda a beleza que meus olhos podem dar
ser... Porém preciso de vocês ao meu lado com a doçura de um sorriso, cada vez
tempo, mais lento, com a sabedoria de guiar-me, sem querer me transformar, com a
proteção de seu respeito, para que todos me respeitem como sou, com a alegria de
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S.O.S. Down (Centro de Informações e Pesquisa da Síndrome de Down). Autoria de um pai
anônimo.
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forte, muito forte, poderei dar-lhe a força e a coragem de lutar. Só lhes peço a