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O CONSTRUTIVISMO NO ESTUDO DAS RELACOES INTERNACIONAIS* EMANUEL ADLER Em nosso estado orgdnico altamente complexo, nbs, organismos avancados, respondemos ao ambiente com a invengdo de muitos andlogos maravithosos. Inventamos terra e céus, drvores, pedras e oceanos, deuses, miisica, artes, linguas, filosofia, engenharia, civilizagao e ciéncia. Chamamos esses andlogos de realidade. E eles so realidade, (Robert Pirsig, Zen and the Art of Motorcycle Maintenance) Nos tltimos anos, muito se escreveu na literatura académica sobre 0 papel das idéias nas relagdes internacionais. Esses estudos inicia- ram um debate te6rico entre “racionalistas”! (principalmente realistas, neo- realistas ¢ institucionalistas neoliberais) e partidérios de epistemologias interpretativistas (pés-modernos e pés-estruturalistas, tedricos criticos no sentido da escola de Frankfurt? e tedricas feministas) sobre a natureza da * “Seizing the Middle Ground: Constructivism in World Politics”. Publicado originalmente em European Journal of International Relations. Tradugdo de Clarice Cohn. ¥ Realismo, neo-realismo, teoria dos jogos ¢ estudos estratégicos, assim como abordagens. institucionais neo-liberais, compantilham de uma abordagem racionalista dos estados, os quais sto vistos como “agentes goal-seeking que buscam realizar seus interesses frente a um ambi- ente extemo caracterizado pela anarquia e pelo poder de outros estados. A questao paradi mndtica € de como os estados realizam seus objetivos tendo em vista os limites através dos quais operam. Quando os objetivos sto interdependentes, a questo assume uma forma estratégica: como poderd um estado alcancar 0 que deseja, dadas as preferéncias e capaci- dades dos outros?” (Caporaso, 1992: 605). ? Representada pela obra de Jiirgen Habermas (1971, 1984). 202 LUA NOVA N° 47 — 99, realidade internacional e como os estudiosos deveriam explicd-la. Gradativamente, porém, o debate passou a se concentrar em, e ser influen- ciado por, argumentos da abordagem construtivista. A abordagem construtivista tem sido descrita e explicada®, aplicada empiricamente4 e contrastada a outras abordagens das relagées internacionais5. No entanto, ha pouca clareza ¢ menos ainda consenso sobre sua natureza.e substancia. A confianga da teoria construtivista das relagdes internacionais na teoria social e no vocabulério interpreta- tivista; a crenga errénea de que 0 construtivismo, o pés-estruturalismo e © p6s-modernismo sao variagées da mesma perspectiva “reflexivista”; a relativa escassez de pesquisa empfrica construtivista anterior; e, mais importante, os-debates internos sobre “do que trata realmente o constru- tivismo” — tudo isso tendeu a obscurecer a base cientifica do constru- tivismo, sua preferéncia pela ontologia e pela epistemologia frente & metodologia, e sua contribuigéo potencial para um melhor entendimen- to das relagdes internacionais. E, portanto, imperativo que se tente juntar as pegas e estabele- cer uma explicagao sintética da abordagem construtivista. E igualmente imperativo que se justifique a abordagem construtivista em bases onto- l6gicas e epistemolégicas e se mostre como elas levam a novos meios tedricos e empiricos de compreensio das relagGes internacionais. Mais do que isso, hé uma necessidade real de distinguir entre as reivindicagdes do construtivismo e aqueles levantados pela representagdo dos interpre- tativistas mais radicais e/ou por racionalistas (na maioria neo-liberais) do papel das idéias nas relagdes internacionais, Até 0 momento, a maioria das descrigées construtivistas deixou de enfatizar a importancia de fatores sécio-cognitivos e apenas comegou a reconciliar teoria e pesquisa sistemdticas das ciéncias sociais com o papel jogado pela interpretagao na vida social. Finalmente, faz-se crucial esclarecer, de uma vez por todas, que 0 centro do debate sobre 0 construtivismo nao € sobre ciéncia versus inter- pretaco literéria ou “relatos”, mas sobre a propria natureza da ciéncia social e, portanto, da disciplina de relagdes internacionais, Em outras 3 Wendt (1992, 1994a, 1995), 4 Veja-se, como exemplo, Adler (1992), Barnett (1995), Finnemore (1996a, 1996b), Katzeinsten (1996b), Klotz (1995), Price (1995), Price e Tannewald (1996), Risse-Kappen (1995), Weaver (1995). 5 Adler ¢ Bamett (1996), Katzenstein (1996a), Wendt (1992). (0 CONSTRUTIVISMO NO ESTUDO DAS RELAGOES INTERNACIONAIS. 203 palavras, a questo contrapée uma concep¢ao naturalista de ciéncia, quase inteiramente baseada em filosofias da ciéncia concorrentes ¢ teorias que a fisica h4 muito abandonou, a uma concep¢ao de ciéncia social que é — social, Uma metéfora pode ajudar a ilustrar esse argumento. Suponha que vocé arremesse uma pedra ao ar. Ela pode ter apenas uma resposta As forgas fisicas externas que agem sobre ela. Porém, se vocé arremessar um péssaro ao ar, ele pode voar para uma 4rvore. Embora as mesmas forgas fisicas ajam sobre o passaro e a pedra, uma quantidade massiva de processamento interno de informagio afeta © comportamento do passaro (Waldrop, 1992: 232). Finalmente, pegue um grupo de pessoas, uma ou varias nagées e metaforicamente os arremesse ao ar. Para onde, como, quando e porqué eles vao no € inteiramente determinado por forgas ou constrangimentos fisicos; no entanto, de mesmo modo no depende inteiramente de preferéncias pes- soais e escolhas racionais. Depende também de seu conhecimento com- partilhado, do significado coletivo que eles atribuem a situagao, de sua autoridade e legitimidade, das leis, instituigdes ¢ recursos naturais que eles usam para achar seu caminho, de suas préticas, ou mesmo, algumas vezes, de sua criatividade conjunta, A primeira seg desse artigo fornece uma breve introdugdo do “construtivismo” como uma abordagem no “meio termo” das relagées internacionais. A seco seguinte estabelece as bases sociais e epistemolégicas da abordagem construtivista. Os temas discutidos nessa segdo nao se restringem & ontologia e & epistemologia; eles dizem muito também sobre 0 que pensamos sobre o mundo. Na terceira segdo, con- traponho o construtivismo ao racionalismo e ao pés-estruturalismo justifico seu posicionamento no meio termo. Demonstro ainda a existén- cia de métodos adequados de pesquisa empirica sobre a construgio social das relages internacionais. Na quarta seco, mostro como a evolugao cognitiva — uma aplicagao dindmica do pensamento constru- tivista As relagdes internacionais — pode aprimorar nosso entendimento do mundo. Finalmente, oferego algumas sugest6es para uma agenda de pesquisa construtivista. CONSTRUTIVISMO: O MEIO TERMO Realistas (Kaplan, 1957; Morgenthau, 1960) ¢ neo-realistas (Gilpin, 1981; Waltz, 1979), despreocupados com as ofensivas “idealistas”

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