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ESCOLA SECUNDÁRIA de MARCO DE CANAVESES
► No dia 17 de Novembro de 1717, o rei (D. João V) vai a Mafra presidir à cerimónia
do lançamento da primeira pedra, acompanhada de procissão e bênção.
NOTA: dias antes uma tempestade muito forte fizera-se sentir sobre Mafra e
destruiu completamente a igreja de madeira, construída especialmente para a
cerimónia de inauguração dos alicerces. No entanto, dois dias depois estava
reconstruído. Foi um milagre, como tal D. João V distribuiu moedas de ouro. -
página 137 – 138
A propósito da igreja diz o narrador: isto sim, é um luxo, nem parece barraca
para deitar abaixo depois de amanhã página 139
► A origem da sua construção está ligada ao cumprimento de um voto que o Rei teria
feito, desconhecendo-se se para obter sucessão ou se para curar grave enfermidade.
Muita tinta tem corrido para explicar os motivos que levaram D. João V a construir o
Palácio de Mafra:
● A hipótese de se ter tratado de um voto para obter sucessão régia - D. Maria Ana
Josefa casara-se há três anos com o Rei e não conseguira engravidar - perdurou e
ainda hoje é uma explicação por muitos avançada. Mas, ao que tudo indica, a Rainha
já estaria grávida quando D. João V decidiu erguer o Palácio.
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● Deitada por terra esta teoria, outras surgiram, sendo a mais sustentável a que dá
conta de um voto do Rei por motivos de saúde. D. João V estaria doente desde 1708,
tendo-se agravado o seu estado de saúde em 1711. De acordo com alguns
historiadores, o móbil do voto fora "uma grande aflição" na altura diagnosticada como
flatos hipocondríacos, hoje identificada como sífilis).
► Em 1711, decreta El-Rei D. João V que por justus motivos se erga na Vila de Mafra
um convento a Nossa Senhora e St. António, a ser entregue à Ordem dos Frades
Arrábidos. Escolhe D. João V o local (Alto da Vela), compram-se os terrenos e iniciam-
se as obras.
«El-rei foi a Mafra escolher o sítio onde há-de ser levantado o convento. Ficará
neste alto a que chamam Vela, daqui se vê o mar, correm águas abundantes e
dulcíssimas para o futuro pomar e horta, que não hão-de os franciscanos de cá
ser de menos que os cistercienses de Alcobaça em primores de cultivo, a S.
Francisco de Assis lhe bastaria um ermo, mas esse era santo e está morto.
Oremos».
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em condições deploráveis, infra-humanas. Daí advém a promiscuidade e a prostituição
– pp. 283 -284.
► D. João V mandou os seus homens irem buscar outros homens a todas as partes
do país; estes eram recrutados contra a sua vontade, como escravos, indo assim
trabalhar para as obras do convento, para este estar pronto a tempo. Alguns destes
homens chegaram até a morrer com fome e perdidos ao tentar voltar para casa.
«(…) os homens, atados como reses, folgados apenas quanto bastasse para
não se atropelarem, viam as mulheres e os filhos implorando o corregedor,
procurando subornar os quadrilheiros com alguns ovos, uma galinha, míseros
expedientes que de nada serviam (…)»
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● Descrição da pedra de Pêro Pinheiro para Mafra pp. 253-254
► Construíram um carro para carregar a pedra, como se fosse uma nau da Índia com
calhas. Foram para lá 400 bois e mais de vinte carros. Ao amanhecer os homens
partiram para cumprir 3 léguas até onde estava a pedra. Diziam que nunca tinham
visto uma coisa como aquela. Escavaram junto à pedra de forma a levá-la inteira para
Mafra. No primeiro dia, não andaram mais de 500 passos. No segundo dia, foi pior
porque o caminho era a descer e foi preciso meter calços nos carros. Um homem
chamado Francisco Marques morreu atropelado por um carro, a roda passou-lhe sobre
o ventre. É recordado na missa e no sermão de domingo (sermão profundamente
demagógico, sendo de realçar a hipocrisia do frade) – pág. 272 – 273.
Quando chegou ao fundo do vale, o carro que transportava a pedra desandou
atingindo dois animais, a seguir tiveram que os matar – foi preciso acabar com eles à
machadada. Depois de esfolados e desmanchados, a carne foi distribuída. – pág. 269.
«(…) quem fez as contas aos quatrocentos bois e aos seiscentos homens, se
as errou, não foi na falta, não que estejam em sobra” (…) “Neste primeiro dia,
que foi só a tarde, não avançaram mais que quinhentos passos».
► Gastaram oito dias entre Pêro Pinheiro e Mafra, quando chegaram parecia que
tinham vindo da guerra, vinham sujos e esfarrapados. Todos se admiraram com o
tamanho da pedra.
«Entre Pêro Pinheiro e Mafra gastaram oito dias completos. Quando entraram
no terreiro, foi como se estivessem chegando duma guerra perdida, sujos,
esfarrapados, sem riquezas. Toda a gente se admirava com o tamanho
desmedido da pedra, tão grande. Mas Baltasar murmurou, olhando a basílica,
Tão pequena».
« (…) e a vila, lá em baixo na cova, é Mafra, que dizem os eruditos ser isso
mesmo o que quer dizer, mas um dia se hão-de rectificar os sentidos e naquele
nome será lido, letra por letra, mortos, assados, fundidos, roubados,
arrastados (…)»
Não se pense, contudo, que estamos simplesmente perante uma massa colectiva e
anónima. Para além de Baltasar e Blimunda, o autor cria uma pequena galeria de
homens-trabalhadores: Francisco Marques, Pêro Pinheiro, José Pequeno, João
Anes e outros. São ainda individualmente caracterizados os familiares de Baltasar,
residentes em Mafra, e João Elvas, companheiro das primeiras aventuras.
Todos aqueles que não podem ser caracterizados são, ao menos, nomeados,
numa derradeira homenagem: Alcino, Brás, Cristóvão…uma letra de cada um para
ficarem todos representados.
Esta passagem textual pode ser interpretada como síntese da relação História –
Verdade.
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AULA: A sagração do Convento (22 de Outubro de 1730)
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● Marcação da data para a sagração da basílica pp. 300 - 301
«(…) o estado da obra não consentia tão feliz previsão, tanto no que tocava ao
convento, cujo segundo corpo se ia levantando lentamente das paredes, como
à igreja, por sua natureza de delicada construção( …) D. João V, … preferiu
chamar outra vez os secretários e perguntar-lhes em que data voltaria a cair a
um domingo o seu aniversário (…) Trabalharam eles afanosamente as suas
aritméticas e com alguma dúvida responderam que o acontecimento tornaria a
dar-se dez anos depois, em mil setecentos e quarenta».
«Em mil setecentos e quarenta terei cinquenta e um anos, e acrescentou
lugubremente, Se ainda for vivo. E por alguns terríveis minutos tornou a subir
este rei ao Monte das Oliveiras, ali se agoniou com o medo da morte e o pavor
do roubo que lhe seria feito, agora acrescentando um sentimento de inveja,
imaginar seu filho já rei, com a rainha nova que está para vir de Espanha,
gozando ambos as delícias da inauguração e ver sagrar Mafra, enquanto ele
estaria apodrecendo (…)»
«E então D. João V disse, A sagração da basílica de Mafra será feita no dia
vinte e dois de Outubro de mil setecentos e trinta, tanto faz que o tempo sobre
como falte, venha sol ou venha chuva, caia a neve ou sopre o vento, nem que
se alague o mundo ou lhe dê o tranglomango».
• Rei consciente que a vida é curta: receios / vaidade pp. 288 - 289
D. João V está numa sala do torreão, virada ao rio. Mandou sair os camaristas,
os secretários, os frades, uma cantarina da comédia, não quer ver ninguém.
Tem desenhado na cara o medo de morrer, vergonha suprema em monarca
tão poderoso. Mas esse medo de morrer não é o de se lhe abater de vez o
corpo e ir-se embora a alma, é sim o de que não estejam abertos e luzentes os
seus próprios olhos quando, sagradas, se alçarem as torres e a cúpula de
Mafra, é o de que não sejam já sensíveis e sonoros os seus próprios ouvidos
quando soarem gloriosamente os carrilhões e as solfas, é (…). Vaidade das
vaidades, disse Salomão, e D. João V repete, Tudo é vaidade, vaidade é
desejar, ter é vaidade.
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AULA: caracterização D. João V e D. Maria Ana Josefa; relação amorosa
D. João V
Rei de Portugal entre 1706 e 1750, período de grande riqueza, Medita D. João V no
que fará a tão grandes somas de dinheiro, a tão extrema riqueza devido
essencialmente ao ouro, diamantes e demais produtos vindos do Brasil que permitem
a realização de grandes obras a que este rei ficou associado como a construção:
Não podemos ser levados a crer que todo o país vivia no fausto e na grandeza. Como
se lê no Memorial: e se desta pobre terra de analfabetos, de rústicos, de toscos
artífices não se podem esperar supremas artes e ofícios, encomendem-se à Europa.
Páginas 17/18
Página 118
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AULA: O amor Baltasar / Blimunda; caracterização de ambos
Baltasar / Blimunda
► não procriam – entregam-se às carícias e aos jogos eróticos sem olharem a limites,
lugares ou datas. Vivem um amor sem regras e sem limites, instintivo e natural.
Página 109
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caracterização Baltasar / Blimunda
● Tem 26 anos
● Cortaram-lhe a mão esquerda pelo nó do pulso. Cura a mão em dois meses (homem
saudável) com ervas cicatrizantes e para colmatar esta deficiência, encomenda em
Évora um gancho e um espigão – pág 35 – 36
● pede esmola
● mata um homem no caminho para Lisboa (em Pegões), mas apenas age em
legitima defesa (servindo-se do espigão)
● serve-se de expedientes para sobreviver (Ex: quando se apercebeu que lhe davam
melhores esmolas sem o gancho, guardou-o)
● pede uma tença ao rei por intermédio de um clérigo amigo para o compensar do
facto de ser um estropiado de guerra, mas Da tença que pediu, ainda não há sinal e
do açougue o mandarão embora não tarda
(1) Auto-de-fé – cerimónia solene em que se promulgavam as sentenças do tribunal da Inquisição. Tinha
o significado de sanção pública por crimes de heresia ou erros equivalentes. Concluídos os processos,
organizava-se uma assembleia, sob a presidência de autoridades eclesiásticas, civis e, por vezes, dos
próprios reis, na presença do povo.
(2) Inquisição – tribunal eclesiástico cujo objectivo era perseguir os hereges. Os tribunais da Inquisição
foram patrocinados pela igreja católica. A pena de morte foi introduzida pelo papa Gregório IX em 1231, e
estipulou-se que devia ser executada na fogueira.
Páginas 54 a 57
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● É a partir do seu encontro com Blimunda e o Padre que o herói por mérito próprio,
supera a sua limitação física (soldado maneta) e se transforma.
Em Síntese:
Mandado embora do exército, por já não ter serventia nele, vagueia, como pedinte,
pelo reino até chegar a Lisboa onde conhece Blimunda, com quem partilhará a vida.
Baltasar representa o operário consciente dos objectivos do seu trabalho e que, por
isso mesmo, se envolve no projecto do padre Bartolomeu de Gusmão de construir a
passarola voadora. Baltasar é humanizado e dignificado pelo trabalho que realiza
de forma entusiasmada e voluntária, opondo-se assim aos operários que
trabalham na construção do convento que aparecem como escravos, como
animais de carga porque realizam um trabalho forçado em que não se sentem
envolvidos.
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Blimunda é dotada de ecovisão, isto é, da capacidade de ver os outros por dentro
(excepto em tempo de lua nova); este dom é por ela aproveitado para recolher as
vontades que farão levantar a passarola e para libertar a vontade de Baltasar, no
momento em que o seu corpo vai ser queimado pela Inquisição.
Como descobre Marta Maria, Blimunda é uma mulher que é visionária da pior
maneira, porque vê o que existe.
Revela uma sabedoria e uma postura muito próprias que a separam do seu mundo.
Como reconhece o padre Bartolomeu: voar é uma simples coisa comparando com
Blimunda.
Ambos vivem um amor não-cristianizado mas nem por isso menos sagrado, e
miticamente exemplar. Aliás, o seu encontro num auto-de-fé é, desde logo, abençoado
pela mãe acusada de feitiçaria que “viu” que aqueles dois tinham nascido para se
completar e, mais tarde, pelo padre Bartolomeu numa cerimónia íntima e inusitada:
Aceitas para a tua boca a colher de que se serviu a boca deste homem, fazendo seu o
que era teu…esperou que Blimunda acabasse de comer da panela as sopas que
sobejavam.
A união com Baltasar confere-lhe um novo nome: tu serás Sete-Luas porque vês às
escuras, e, assim, Blimunda…ficou sendo Sete- Luas.
Quando Baltasar parte, sozinho, para Monte Junto, para verificar os efeitos do tempo
sobre a passarola e não mais regressa, Blimunda procura-o por todo o lado, numa
busca dramática que dura nove anos e com um amor a que nem as chamas da
fogueira inquisitorial consegue pôr fim.
Afinal, conclui o narrador, aquando da despedida dos dois amantes, o amor existe
sobre todas as coisas.
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SÍNTESE
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AULA: o sonho do Padre Bartolomeu Lourenço – a construção da
passarola; caracterização da personagem
Página 69
► A sua amizade com Baltasar e Blimunda revela que tem ideias muito liberais, ainda
mais numa época em que se vivia o medo e a repressão, numa época em que a
mentalidade do povo era “dirigida” pelo poder da igreja.
Página 130
► O medo que tem de ser apanhado pela Inquisição é cada vez maior.
Página 199
► Após terem fugido na passarola, e do seu regresso a terra, o padre tenta incendiar
o engenho. Após este incidente, o padre embrenhou-se pela serra e desapareceu.
Baltasar procurou-o mas em vão. Sabe-se, mais tarde, que o padre morreu em
Espanha. É Scarlatti quem dá a notícia a Blimunda.
Página 231
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Assim, a intolerância inquisitorial provocou a fuga de muitos intelectuais e
letrados para o estrangeiro, colhendo aí as “novas ideias” e “iluminando” as trevas
do nosso atraso.
Aliás é o próprio padre que conta a Baltasar o percurso das suas aventuras: Pois eu
faz dois anos que voei, primeiro fiz um balão que ardeu, depois construí outro que
subiu ao tecto de uma sala do paço…Voaram balões, foi o mesmo que ter voado eu.
O seu projecto foi bem acolhido pelo rei português: por lhe querer bem el-rei, que
ainda não perdeu de todo a esperanças, …por isso pergunta…Verei voar a máquina
um dia, ao que o padre Bartolomeu Lourenço,…não pode responder mais do que isto,
Saiba vossa majestade que a máquina um dia voará,…vossa majestade…não só verá
voar a máquina, como nela voará…el-rei…vai assistir à lição de música de sua filha, a
infanta D. Maria Bárbara,…faz um sinal ao padre para que se junte ao séquito, nem
todos se podem gabar destes favores.
A união, a harmonia que reina entre eles está patente na simbologia do número três
(ordem intelectual e espiritual; Deus).
Nota: o padre Bartolomeu é o mais fraco do trio, já que acaba por fugir, renegar
a sua obra ao tentar destruí-la e ao enlouquecer.
Blimunda e Baltasar, pelo contrário, irão lutar até ao fim. São eles os verdadeiros
heróis que enfrentam preconceitos, dogmas e até mesmo o Santo Ofício.
Para além de inventor, Bartolomeu Gusmão foi um grande orador sacro cuja fama
o aproximava, na época, do padre António Vieira. A construção da passarola não o
impede de preparar os seus sermões. Várias vezes o vemos a exercitar as suas
qualidades junto do casal, apesar de não entender a sua retórica tipicamente
setecentista, não deixa de o ouvir e perceber que o padre Bartolomeu é um homem
interiormente inquieto em matéria de fé: Deus é uno em essência e em pessoa,
gritou Bartolomeu Lourenço subitamente. Vieram Blimunda e Baltasar à porta saber
que grito era aquele, não que estranhassem as declamações do padre, porém assim,
fora, a clamar violento contra o céu, nunca acontecera.
Essa inquietação interior, essa postura nada dogmática que contrasta com o clero da
época espelha-se nas leituras diversificadas que faz como se procurasse, deste
modo, alcançar a totalidade do Saber: Abandonara a leitura consabida dos doutores
da Igreja, dos canonistas…como se a alma já estivesse extenuada de palavras…
examina miudamente e estuda o padre Bartolomeu Lourenço o Testamento velho,
sobretudo os cinco primeiros livros, o Pentateuco, pelos judeus chamados Tora, e o
Alcorão.
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padre Bartolomeu…o padre…o académico…o inventor da máquina de voar…esse
outro homem conjunto, mordido de sustos e dúvidas.
Enquanto a corte olha com desconfiança o sonho e as ideias do padre: Tenho sido a
risada da corte; o povo, encarnado nas figuras de Baltasar e Blimunda, acolhe e
participa naturalmente no seu projecto: A Baltasar convencia-o o desenho, não
precisava de explicações
● é o desejo de permanecerem juntos que faz com que Blimunda, no final, liberte a
“vontade” de Baltasar.
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AULA: a conjugação de saberes; Scarlatti, o 4º elemento; outras
personagens; o casamento Maria Bárbara / D. Fernando VI
Domenico Scarlatti
À relação ternária constituída por Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu, vem
juntar-se um quarto elemento, Domenico Scarlatti.
Página 177
Nota: o número quatro é o número da terra, dos pontos cardeais, das fases da lua,
das estações, das etapas da vida humana simbolizando, portanto, a plenitude, a
totalidade.
→ estas 4 personagens remetem para a ideia de deificação do homem uma vez que
são capazes de se libertar da materialidade.
Scarlatti assiste à partida da ave, não podendo partilhar o sonho até ao fim, e como a
passarola acabará escondida num canto da serra de Monte Junto também o cravo
permanece escondido no fundo do poço: levou Scarlatti o cravo até ao bocal do
poço…e levantando-o em peso…o precipita a fundo, bate a caixa duas vezes na
parede interior, todas as cordas gritam, e enfim cai na água.
Outras Personagens
● Recebe o filho de braços abertos e pede a Blimunda que jure que não é judia. Dá-
lhe, como teste, um pedaço de toucinho a comer (medo da Inquisição).
● Tem «uma nascida na barriga» que lhe causará grande sofrimento e a levará à
morte
Inês Antónia / Álvaro Diogo – dois filhos (o mais valho chama-se Gabriel e o
mais novo morre com bexigas, o que causa grande sofrimento à mãe que quase
chega a querer mal ao outro filho)
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● Casal mais conservador – Inês Antónia não aprecia a forma como o irmão e a
cunhada materializam o amor que nutrem um pelo outro, pois nunca quis experimentar
com o marido a novidade, já que Inês e Álvaro são «espíritos quietos e carnes
desambiciosas».
● Caiu de uma parede do convento (quase 30 metros) e morreu (com a sua morte,
Inês Antónia torna-se amarga e triste) – pág. 341
● Cortejo real sai de Lisboa (muitos convidados e muitos serviçais)- página 312
►Alentejo (miséria, pobreza, os pobres comem os restos) ►Elvas;
● A viagem foi difícil devido: chuva; mau estado das estradas do reino;
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AULA: a Inquisição; um Auto-de-Fé
Páginas 50 a 52
T.P.C.
Ler o excerto das páginas 28/30 e responder:
● na perseguição inquisitorial;
● nos autos-de-fé;
● na vida conventual;
A Igreja aparece representada não apenas pelo alto clero (D. Nuno da Cunha) como
pelo baixo clero (o frade que assedia sexualmente Blimunda).
Estes rituais levam o narrador a observar num outro momento da narrativa: parece
mais obra de bruxedo, eu te talho e retalho, do que ritual canónico.
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Criticam-se ainda as distinções que a Igreja faz entre santos, numa alusão à
desigualdade de tratamento entre homens e mulheres: entre S. Vicente e S. Sebastião
estão as três santas, Isabel, Clara, Teresa, parecem minorcas ao pé deles, mas as
mulheres não se medem aos palmos.
Daí que vivessem em desacordo com os ideais que este tipo de vida impõe. Memorial
do Convento apresenta-nos 2 episódios ilustrativos da degradação reinante:
Nota: a falta de rectidão moral dos frades e das freiras indicia o logro da vida
religiosa retirando qualquer autoridade à Igreja para promover valores
espirituais. O que se põe em causa neste livro são as atitudes da Igreja e não os
valores espirituais. Sendo assim:
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Aula: O Espaço e o Tempo
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Em Mafra, sobressai a Vela, sítio escolhido para edificar o convento e, nas imediações
da construção, a “Ilha da Madeira”, onde se alojam os inicialmente 10 000, depois 20
000, 30 000 e finalmente 40 000 operários da obra.
Ao contrário destes espaços que são espaços físicos, estáticos, Lisboa, Mafra e o
Alentejo configuram-se como espaços sociais que ilustram o ambiente da época.
Tempo
O tempo do discurso - abre brechas nesse período cronológico para o integrar num
tempo uno, em que passado, presente e futuro se misturam.
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O Estatuto do Narrador
O estatuto do narrador em Memorial do Convento reveste-se de grande complexidade.
Ao longo da narrativa, sentimos a sua presença contínua e controladora.
O controlo da narrativa por parte do narrador é facilmente verificável não apenas nos
comentários valorativos ou depreciativos, juízos de valor e no tom moralístico
que perpassa pelos inúmeros aforismos, provérbios ou profecias mas também nas
advertências ao leitor ou nas “instruções de leitura” que vai tecendo: podemos apostar
que a eles os não cingem os rins tão ciliciosamente, isto se devendo ler com muita
atenção para que não escape ao entendimento.
O discurso do narrador é também anti-épico pois dá voz aos que não são
considerados heróis, ou seja, um soldado maneta, uma vidente e um padre que
duvida, assumindo, deste modo, uma postura de contra-poder. O discurso do
narrador rebaixa heróis que a História glorifica e nos apresenta como heróis gente
anónima em que se incluem personagens com defeitos físicos ou operários que
foram obrigados a trabalhar na construção do Convento de Mafra.
O narrador tem uma visão interna, isto é, situa-se dentro do universo do romance. Ao
contrário do que seria de esperar, já que quem está dentro tem um ponto de vista
restrito, essa visão interna não é limitativa, porque dentro do universo fictício, o
narrador move-se, no espaço, sem limitações e movimenta-se em todos os
tempos, tendo assim acesso ao que se passa em espaços interiores e exteriores
e obtendo informação total do passado, do presente e do futuro.
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Linguagem e Estilo
● Hipotipose – figura engenhosa que põe sob os olhos com viveza as coisas
representadas e que consiste na utilização de processos capazes de impor o objecto
descrito à visão do leitor, de lhe dar a impressão de visualizar o que lê.
● Descrição pormenorizada;
● período longo...
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