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Um dos professores quem mais influiram no formato atual da teologia foi Pedro
Abelardo (1079-1142). Abelardo foi o responsável, em parte, por dar-nos a
"moderna teologia". Seu ensino pôs a mesa e preparou o menu para filósofos
escolásticos como Tomás de Aquino (1225-1274).
Ele também deu à palavra "teologia" o significado que tem hoje. Antes dele,
esta palavra era utilizada apenas para descrever crenças pagãs.
Atenas, pois, está no sangue da educação teológica cristã, que nunca mais se
recuperou da influência de Abelardo. Aristóteles, Abelardo e Aquino
acreditavam que a razão era a porta de acesso à verdade divina. Então, desde
o começo, a educação universitária ocidental resultou da fusão de elementos
pagãos com elementos cristãos.
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A Universidade é uma instituição que, em seu modelo atual predominante, tem origem na
Europa medieval. Consideramos a lembrança se seus primórdios uma forma comparativa
adequada para avaliar a trajetória da sua evolução e , mesmo, de possíveis retrocessos. O
que motiva esta vasculhada histórica é o projeto de emenda constitucional e de lei
complementar que o MARE enviou ao Congresso Nacional, sobre autonomia das
universidades federais.
Do embrião da autonomia
Também acontecem algumas ingerências do poder real. Esta prática pode encontrar-se tanto
nos modelos universitários que seguem a estrutura de Paris quanto nas universidades que
imitam Bolonha, caso em que se enquadra a universidade de Coimbra/Lisboa e como se
pode deduzir da seguinte ata de 6 de novembro de 1512, da Universidade de Lisboa: "Aos
bj dias do mes de nouembro de bexij nas scolas gerais do studo de lixboa...determjnando
per o bacharel Ruy gonçalvez... o dicto doctor ouuese seu asento e quaesquer onrras no
dicto studo por que ElRey nosso Senhor asi o auja por bem..."(3)
Deve-se realçar que o pano de fundo para o conjunto de privilégios ou direitos, entre eles, a
autonomia, é o domínio do saber. A ciência, no sentido mais amplo, estaria, portanto na
base da diferenciação social, do privilégio jurídico e da autocracia universitária. Ela
pressupõe outorga do poder público/eclesiástico, conquista corporativa, competência
operacional, pesquisa científica, docência e independência.
Há algumas variações nos modelos organizacionais das universidades medievais, mas todas
elas têm uma estrutura parecida. Sua administração é exercida por reitores, chanceleres,
síndicos, decanos, todos eleitos pela comunidade acadêmica. As grandes decisões são
tomadas por conselhos ou congregações representativas. Os cargos são sempre temporários
e, normalmente, não há nomeações externas. Estudantes participam ativamente das eleições
dos cargos administrativos.
À autonomia caricata
As Universidades já não tinham autonomia?! Dizia-se que sim. Afinal, elas concediam
diplomas. Mas os diplomas, por si nada valiam, pois precisavam de um registro profissional
no MEC, na OAB, no CREA etc. E a autonomia era só uma palavra...
Era preciso avaliar as universidades. Objetivo mais do que justo e necessário. A lógica
Frankenstein resolve a situação. Um Vestibular de cruzinhas na entrada e outro na saída,
organizado pela Cesgranrio. Esta Fundação já muito contribuiu para degradar o ensino com
seus vestibulares para analfabetos. Certamente Frankenstein não poderia ter escolhido
melhor. De uma tacada só, consagra-se a degradação qualitativa do ensino, inicia-se a total
privatização da universidade, numa avaliação de (Fundação) privada e mostra-se que
autonomia é história para boi dormir.
Quando os reis de Castela recebem o projeto de Cristóvão Colombo para chegar à Índia
pelo Ocidente, sujeitam sua aprovação à Universidade de Salamanca. Enquanto isso, mais
de 500 anos depois, nossa Corte manda uma empresa comercial avaliar a qualidade do
ensino das Universidades do país.
Uma questão de fundo político deve ser levantada sempre no Brasil. Todos os governos
acham a Constituição ruim para governar, pois todos alimentam um imperador absolutista
latente. Por outro lado, a proximidade do poder e de suas benesses costuma fascinar muitos
legisladores. É por isso que, com muita freqüência, se propõe a desconstitucionalização,
como está acontecendo agora com a autonomia universitária, ainda que esta seja fictícia.
Mudar a lei é sempre mais fácil...
Outra questão de fundo é o conjunto de interesses que dominam este governo neo-liberal.
Os ataques que a burguesia fazia em séculos passados à universidade se repetem agora. O
descalabro total da educação vem sendo orquestrado desde a década de 60 e a privatização
da universidade é um objetivo indisfarçável. É evidente também a condição de refém dos
grupos que mercantilizam a educação em que se encontra o Estado.
Se considerarmos as implicações latentes de nossa organização política, certamente
Maquiavel, se passasse agora por este país, seria um aprendiz. Por isso, não deixa de ser
surrealista a tentativa de explicar logicamente aquilo que somente cabe em deformações
ideológicas.
Mas os cépticos continuarão perguntando para que serve um Estado que abandona suas
funções sociais. Em que tipo de lógica se insere um Estado privatizado. Talvez fosse
melhor começar a doutrinar nosso povo no bramanismo e justificar, num fatalismo
teológico, todas as desigualdades sociais. Assim ninguém teria culpa: a sociedade de castas
seria uma boa solução para os nossos lacaios sociais democratas!... E daria uma base
lógica à privatização da universidade!...
Os cépticos perguntarão ao MEC por que limita a avaliação dos programas de pós-
graduação à CAPES, ignorando a Academia. Ou por que o provão das cruzinhas da
Cesgranrio não é substituído por uma avaliação mais séria feita pela academia e pelos
conselhos ou ordens profissionais.
Todo o sistema educacional brasileiro está degradado. A educação superior tem sido
sistemática e propositalmente deteriorada. A reforma universitária perpetrada a partir de
1968 objetivava essa degradação. A explosão das quitandas particulares de ensino superior
promovida pelo comércio e estimulada pelo MEC, a partir da década de 70, foi decisiva
para tal descalabro. É claro que o principal responsável foi o Governo, por ter patrocinado
esta política mercantilista que reduziu a universidade a um balcão de diplomas de ginásio
de adultos. Em sua maioria, estas escolas não investem em pesquisa e ministram ensino de
qualidade duvidosa. Por outro lado, ultimamente vem-se exercitando uma política de
abandono em relação à universidade pública. Não se pode falar de MEC, pois sua
autonomia parece ser tanta quanto a das universidades: obra de ficção! Não é preciso ser
gênio para concluir que a avaliação da universidade tem que começar pela política nacional.
A universidade federal não tem autonomia. Este projeto vende a ilusão de autonomia com
embalagem da escravidão ao mercado. É a grande Besta do apocalipse: liberdade de
iniciativa. Quem tem tudo pode tudo, quem não tem nada não pode nada.
As contradições internas do projeto são insignificantes diante da trama liberal. Mas não
podemos deixar de mencionar o fato de se reduzirem investimentos ao mesmo tempo que se
exigem melhorias no desempenho. A qualidade da educação pressupõe turmas pequenas,
mas a proporção professor/aluno é critério para atribuição de recursos. Exige pesquisa das
universidades, mas sabe-se que as universidades privadas, em sua maioria não investem em
pesquisa. Como esperar que, privatizando as universidades federais, correspondendo a
cerca de 20% do Ensino superior, continuem respondendo por mais de 80% das pesquisas?
As universidades federais, em geral estão com seus quadros docentes deficitários, como
resultado do terrorismo contra o funcionalismo, das aposentadorias e da proibição de
concursos. A continuar a mesma política de degradação, alguns setores não precisarão de
autonomia mas de funerária. É emblemática esta situação. Promove-se a degradação do
ensino superior, dentro do próprio sistema. Depois tudo se justifica.
Este processo está inserido numa campanha mais ampla de deterioração da imagem do
serviço público que, em geral é causada pelos maus políticos e patrocinada por todos os
grupos a quem interessa o enfraquecimento do setor público. É evidente que o serviço
público tem que ser profissionalizado, com concursos públicos e carreiras. Justamente o
que tem deteriorado o serviço público são as ingerências políticas, o clientelismo, o
fisiologismo, o apadrinhamento. Eliminadas essas pragas, estaria resolvido o problema. E
por que não se faz isso? A deterioração justifica a privatização. Esta abre caminho para
monopólios, oligopólios, espoliações, mamatas, liberdade de ação etc.
E, as conseqüências?
Não mencionemos mais o serviço público que é apenas um meio. Não citemos os
professores ou funcionários das universidades pois são apenas pessoas! No Grande
Mercado pessoas não são importantes. Nem questionemos a universidade pública que, por
este projeto, se esvai. Nem a pesquisa que se vai com ela. Vemos uma sociedade que não
produz conhecimento; uma sociedade que importa toda a tecnologia; que se perpetua como
colônia.
Deparamo-nos com um inocente projeto que dá uma contribuição definitiva para perpetuar
a menoridade da nossa universidade, uma universidade colonial. A explicitação tão
pormenorizada das preocupações do projeto com a qualidade da universidade é, sem
dúvida, o testemunho mais eloqüente da degradação qualitativa que se prenuncia e que
pode ser lida no espelho da interpretação ideológica. Falemos de uma universidade
burguesa e de outra universidade colocada entre parênteses por este sistema colonial.
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Universidade medieval
Por volta de 1150, no contexto do Renascimento do Século XII, são fundadas as primeiras
universidades medievais. Essas instituições são o ponto de partida para o modelo de
universidade que temos até hoje. Tratam-se não apenas de instituições de ensino: a
universidade medieval era também o local de pesquisa e produção do saber, era também o
foco de vigorosos debates e muitas polêmicas. Isso fica claro pelas crises em que estas
instituições estiveram envolvidas e pelas muitas intervenções que sofreram do poder real e
eclesiástico.
No século XI, Carlos Magno conseguira reunir grande parte da Europa sob seus domínios.
Para unificar e fortalecer seu império, ele decidiu elaborar uma reforma na educação. O
monge inglês Alcuíno elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver
o saber clássico estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais: o
trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium, ou ensino
científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir do ano 787, foram
emanados os decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas
escolas e a fundação de novas. Institucionalmente, essas novas escolas podiam ser
monacais, junto aos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às
cortes. Essas medidas teriam seus efeitos mais significativos séculos mais tarde. O ensino
da dialética (ou lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação especulativa; dessa
semente surgiria a filosofia cristã da Escolástica.
Nos séculos XII e XII, algumas das escolas que haviam sido estruturadas à partir das ordens
de Carlos Magno, que se destacaram por seu alto nível de ensino, ganham a forma de
Universidades. Isso ocorre especiamente entre as escolas catedrais. Depois começaram a
surgir instituições, fundadas por autoridades, que já nasciam estruturadas como uma
instituição de ensino superior. As universidades que evoluíram de escolas, foram chamadas
por ex consuetudine; Já aquelas fundadas por reis ou papas eram as universidades ex
privilegio.
Entre 1200 e 1400 foram fundadas, na Europa, 52 universidades, e 29 delas foram ergudas
por papas. A transformação cultural gerada pelas universidades no século XIII, foi
expressada pela frase de Charles H. Haskins: Em 1100, a escola seguia o mestre; em 1200,
o mestre seguia a escola.[1]
Foi com essa visão que sábios medievais se lançaram em busca de explicações para os
fenômenos do universo e conseguiram avanços importantes em áreas como a metodologia
científica e a física. Esses avanços foram repentinamente interrompidos pela Peste negra e
são virtualmente desconhecidos pelo público contemporâneo, que muitas vezes ainda está
preso ao rótulo do período medieval como uma suposta "Idade das Trevas".
Robert Grosseteste
Até sua morte, Robert Grosseteste (1168-1253), foi a figura central do importante
movimento intelectual da primeira metade do século XIII na Inglaterra. Tinha grande
interesse no mundo natural e escreveu textos sobre som, astronomia, geometria e,
especialmente, óptica. Dava ênfase à matemática como ferramenta para estudar a natureza e
defendia que experimentos deveriam ser usados para verificar as teorias a respeito da
mesma. Sua influência foi bastante significativa numa época em que o novo conhecimento
da ciência e da filosofia gregas estava tendo um efeito profundo na filosofia cristã.
Também foi relevante o seu trabalho experimental, especialmente seus experimentos com
espelhos e lentes. Seu mais renomado discípulo, Roger Bacon, herdou sua paixão pela
experimentação. As pesquisas de ambos possibilitaram o início da confecção de óculos e
futuramente seriam importantes no desenvolvimento de instrumentos como o telescópio e o
microscópio.
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