Sunteți pe pagina 1din 3

Tecnologia da Informação

Prof. Fernando Ramos

Semler: "Não negociamos com Dell, HP, IBM ou qualquer empresa dessas. Elas não decidem o que
queremos. Preferimos fazer nossas escolhas. Assim economizamos reuniões para discutir upgrades, porque
estamos sempre atualizados"

CIO pra quê? Por Eduardo Vieira

Para Ricardo Semler, o polêmico presidente da Semco, a área de TI tem sido superestimada pelas
empresas, que insistem em centralizá-la na mão de um executivo e, com isso, complicar os processos.

É INEVITÁVEL mencionar o nome do empresário Ricardo Semler e não se lembrar da expressão Virando a
Própria Mesa, título do best-seller do começo dos anos 90 que causou polêmica no ambiente corporativo.
Na época, então com 31 anos, Semler pregava uma verdadeira revolução no modo de trabalhar dos
funcionários da Semco, a companhia de equipamentos industriais e serviços que acabara de herdar do pai.
Máximas como "faça o próprio horário", "escolha quanto quer ganhar" e "avalie livremente seu chefe"
tornaram-se mantras na moderna gestão da Semco, apesar de a empresa apresentar, na época, resultados
pífios.
Mas a mesa virou de verdade. Hoje, aos 45 anos, Semler continua firme em seus conceitos, mas a Semco
viu saltar o faturamento, de 4 milhões de dólares, em 1990, para 212 milhões, em 2003, e o número
funcionários, de 300 para mais de 3 mil, com turnover de irrisório 1%. Na crista da onda novamente, Semler
decreta o fim da necessidade de centralização do departamento de TI. "Estou para ver os tais ganhos com a
centralização. Pra que complicar? Pra que CIO?" Na Semco, cada funcionário compra o que mais se
adequa às suas necessidades. "Não queremos controlar as escolhas tecnológicas de ninguém. Não
trabalhamos com restrições. Não negociamos com Dell, HP, IBM ou qualquer empresa dessas", afirma
Semler. Leia, a seguir, os principais trechos de sua entrevista a Info CORPORATE.
INFO CORPORATE Em recente entrevista à revista americana CIO Insight, você disse que "o desejo
da uniformidade é o grande problema da TI". Poderia explicar melhor essa crítica à padronização?
RICARDO SEMLER George Orwell errou por apenas 20 anos. De resto, sua tese é perfeita. A
uniformização e a vigilância digital robotizam os processos e as pessoas. Da mesma forma, um
departamento de TI que simplesmente copia o que está aí e emula o de outras empresas acaba
padronizando as possibilidades de criação e de diferenciação. Claro que, como um piano, que sempre tem
88 teclas, mas permite infinitas variações, uma estrutura básica de TI também permite criar. Mas as
decisões ideológicas e emburrecedoras em relação a software, por exemplo, impedem o livre pensar
estrutural. Com certeza o desejo que as empresas têm em padronizar a TI é um de seus maiores
problemas. Mas ele é apenas um subproduto da mesma praga do management, em que sempre é preciso
se sentir no controle, todos estão sempre na mesma página e todos são tratados como iguais. Eu pergunto:
por que temos que estar sempre na mesma página?
INFO CORPORATE Você acha que não dá para fazer a diferença com uma estrutura básica de TI?
SEMLER Vou te dar um exemplo. Há 15, 20 anos, a Microsoft apresentou uma solução realmente
inovadora, que quebrou paradigmas e fez história. Se você parar para analisar a empresa dali em diante,
verá que ela passou a contratar as melhores cabeças, os melhores salários, ofereceu os melhores
treinamentos e... parou de inovar! Um usuário comum não vê mudanças substanciais entre uma versão e
outra do Windows. Para quem usa a versão 98, a 2000, o XP, o que muda, grosso modo, é a cor dos
ícones. Eles necessitam de 5 mil engenheiros pós-graduados no staff para mudar os ícones do Windows?
Isso é estar sempre na mesma página. Não precisamos ser assim. A Microsoft não precisa ser assim. Outro
exemplo é o da Gillette, que gasta milhões de dólares para pôr uma lâmina a mais no aparelho de barbear.
Que diferença faz ter duas ou três lâminas? Temos de pagar PhDs para isso?
"Não controlamos as escolhas tecnológicas de ninguém na Semco. Cada um compra o que se adequa às
suas necessidades, pede reembolso e pronto"

INFO CORPORATE Na sua opinião, o que as empresas devem fazer para sair dessa situação?
SEMLER A primeira coisa é pensar na felicidade das pessoas. O modelo flexível da Semco é um exemplo
disso. Sempre assumimos que estamos lidando com adultos, por isso acreditamos que cada um faz seu
horário e tem suas responsabilidades. Cada um tem uma meta, e se a pessoa precisa de duas ou 16 horas
por dia para me entregar essa meta, o problema é dela, não meu. Quando você começa a tratar seu
Texto original em: Abril – Info Corporate
http://info.abril.com.br/corporate/edicoes/11/entrevista/conteudo_47460.shtml
Tecnologia da Informação
Prof. Fernando Ramos

empregado como adolescente, dizendo que não pode chegar atrasado, vai começar também a dizer que ele
não pode ir ao banheiro. Daí você traz o adolescente à tona nas pessoas e isso se torna um problema.
INFO CORPORATE Os funcionários da Semco usam o que querem em tecnologia? Não há controle?
SEMLER Não queremos controlar as escolhas tecnológicas de ninguém aqui dentro. Por isso, cada um
compra o que mais se adequa às suas necessidades, pede reembolso e pronto. Não há processo de
aprovação de compra. As chances de alguém adquirir um notebook top de linha é muito grande por causa
disso, porque ela provavelmente consultou várias pessoas antes para verificar as opções mais
interessantes. Afinal, a qualidade do trabalho do funcionário está em jogo. Não trabalhamos com restrições.
Por isso, não negociamos com Dell, HP, IBM ou qualquer empresa dessas. Elas não vão decidir o que
querem para nós. Prefiro que nós façamos essa escolha do que os fornecedores. Assim, mantenho a
autonomia dentro de casa. E, de quebra, também economizamos reuniões para discutir upgrades de
equipamentos, porque estamos sempre atualizados.
INFO CORPORATE. Você está dizendo que cada um compra o que quer?
SEMLER Sim. Quem anda pela empresa vê todas as marcas possíveis. As pessoas usam Lotus, Sun, Linux
e Office, em equipamentos Toshiba, Dell, Vaio e outros. O mesmo vale para servidores, firewalls etc. No
lugar de complicar e criar uma estrutura única para mais de 3 mil pessoas, simplificamos ao deixar que cada
área se vire. Ainda estou para ver os tais ganhos de centralização de TI. Operamos em alguns dos maiores
centros de TI para companhias, quando fazemos manutenção em nossos clientes, e quase todas passam
80% do tempo desatualizadas, porque o proceso de troca de tecnologia é tão arriscado, demorado e caro
que as empresas estão com a tecnologia "do dia" apenas 20% do tempo, ano após ano. Mudança
traumática após mudança traumática. Será que isso vale a pena? Não é melhor evitar esse tipo de coisa?
INFO CORPORATE Se é assim, como é feito o controle dos recursos? Como evitar desperdícios?
SEMLER Pra que controlar recursos? Qual o objetivo de controlar recursos? Se for para vender mais,
entregar mais e atender mais clientes, daí pode até ser. Mas é para isso? Controlar custos, na minha visão,
é fazer com que cada funcionário seja responsável por um budget, que inclui tecnologia da informação.
Sinceramente, nos últimos 20 anos não me lembro de uma reunião sobre TI dentro da Semco, sendo que
nesse período crescemos em média 34% ao ano, todos os anos. Também não me lembro de nenhum plano
diretor de TI dentro da empresa. Para mim, é simples: TI é uma área de suporte. Há 15 anos eu gostava de
dizer que um computador não passava de uma televisão em cima de uma máquina de escrever, e, hoje, 40
gigas depois, continuo achando algo parecido. Precisamos dele? Sem dúvida, para arquivar dados,
compartilhá-los etc. Mas isso nós fazemos e é simples. O pessoal de TI é que complica.
"Duvido que existam empresas que se dão bem por causa da TI. As empresas se dão bem por causa dos
seus produtos, de seus momentos. A TI vai de roldão"

INFO CORPORATE A Semco possui um CIO? Alguém no comando da TI?


SEMLER Não, não possuímos. Pra quê? Pode ser que aconteça, vá lá, de alguém que queira comprar um
notebook muito, mas muito caro. Algo como decidir ficar num hotel cinco estrelas quando seu colega está no
de três estrelas. Daí, apelamos ao bom senso e vemos se reembolsamos ou não. Depende do desempenho
do funcionário. Costumo dizer o seguinte: se ele vende 512 bugigangas no mês, e essa é sua meta, quem
liga para qual aparelho ele utiliza? Se ele vender 400 em vez das 512, daí a pressão em cima dele aumenta.
É a mesma coisa em relação ao notebook. Se ele decidir comprar o top, tudo bem. Mas ele tem de ser tão
bom quanto o laptop que usa.
INFO CORPORATE Como é feito o controle das informações estratégicas da companhia? Como
garantir a segurança das informações?
SEMLER O controle? Em algumas anotações a lápis, que ficam no bolso dos executivos, em papel de
padaria. Claro que estou querendo tumultuar a resposta com esse raciocínio, mas, tirando a caricatura, é
isso mesmo. Nunca vi um plano estratégico de cinco anos chegar perto dos objetivos, não passa de wishful
thinking. Dados estratégicos, no mundo atual, duram semanas, e a memória humana é suficientemente boa
para esse período. Dados aos milhões não são estratégicos, são instrumento de trabalho. Esses,
guardamos em servidores.
INFO CORPORATE Muitas empresas apresentam bons resultados com modelos de gestão diferentes
do adotado pela Semco, não só em TI, mas como um todo. Seu modelo é melhor que o dos outros?
SEMLER Não, acho que não. Mas duvido, sinceramente, que existam empresas que se dão bem
especificamente por causa da TI. Ela não faz muita diferença. As empresas se dão bem por causa dos seus
Texto original em: Abril – Info Corporate
http://info.abril.com.br/corporate/edicoes/11/entrevista/conteudo_47460.shtml
Tecnologia da Informação
Prof. Fernando Ramos

produtos, do pricing, de seus momentos, de suas estratégias. Essas questões é que são importantes para o
negócio. A TI vai de roldão.
INFO CORPORATE Os departamentos de TI são célebres por muitas vezes mergulhar em jornadas
extensas e não ter hora para sair do trabalho. Isso acontece na Semco? Não é uma contradição?
SEMLER Talvez aconteça. Não tenho idéia. Há só três ou quatro pessoas na TI, mas acho que elas vivem,
sim, crises com vírus e servidores que caem. Nisso nossa empresa se parece com outras. Não quero dizer
que todas estão erradas. Só sei que estou certo. Nosso resultado atesta isso.
INFO CORPORATE Qual a importância da área de tecnologia na sua empresa?
SEMLER Ela é vital como apoio e instrumento, mas é exatamente igual a você ter um carro que não quebra.
Ele te leva lá, mas não diz aonde você quer ir. Nem com GPS.
INFO CORPORATE Você é criticado por sair do padrão? Por desafiar o senso comum?
SEMLER Acho que sim. Mas era muito mais antes, quando tinha 100 funcionários e me diziam que, quando
eu chegasse a 300, estaria acabado. Hoje isso é passado.
INFO CORPORATE O exemplo da Semco se mostrou eficiente, mas ainda não fez escola. Por quê?
SEMLER Isso requer uma mudança estrutural. A maioria das empresas não se interessa por programas
centrados nas pessoas. Os empresários estão preocupados só com lucros.
INFO CORPORATE E você não está?
SEMLER Quero lucro, claro, mas não é tudo. As pessoas me fazem três perguntas. A primeira, se a Semco
funciona como digo. A segunda, se a empresa está bem resolvida. E a terceira é: "Bem, e daí?" As duas
primeiras são fáceis! Mas a terceira é difícil. Não quero só lucros. Vivemos uma onda de transformação e
tem gente caindo de stress pelos cantos. Quanto mais liberdade você tem na organização, mais produtivo e
leal a essa organização você será. E o lucro vem.

Texto original em: Abril – Info Corporate


http://info.abril.com.br/corporate/edicoes/11/entrevista/conteudo_47460.shtml

S-ar putea să vă placă și