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Autora
aula
03
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
Carlos Eduardo Bielschowsky
Ilustradora
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz Diagramadores
Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Coordenador de Edição Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ary Sergio Braga Olinisky Thaísa Maria Simplício Lemos
Projeto Gráfico Imagens Utilizadas
Ivana Lima Banco de Imagens Sedis
Revisores de Estrutura e Linguagem (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Eugenio Tavares Borges Fotografias - Adauto Harley
Jânio Gustavo Barbosa Stock.XCHG - www.sxc.hu
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
C
omo vimos na aula anterior, as concepções mais atuais de inteligência recomendam que
se leve em conta as emoções ao avaliar essa função classicamente compreendida como
sendo unicamente racional. Nesta aula, vamos aprofundar a investigação sobre o que são
as emoções e como elas se diferenciam de outro conceito bastante próximo: os sentimentos.
Objetivos
Entender a vida afetiva como uma parte importante para
1 conhecer o homem e sua subjetividade.
O
estudo da vida afetiva vem tomando cada dia mais vulto na área da Educação. Não só
pelas novas concepções de inteligência, mas também quando se observa que esse
é um aspecto da mente humana definidor de vários comportamentos e atitudes. São
nossos afetos, por exemplo, que vão, em muito, determinar uma maior ou menor motivação
para estudar esse ou aquele tema.
Em primeiro lugar, vamos ver o que é isso que chamamos “vida afetiva”, ou afetividade.
E vamos começar pedindo que nos diga a sua opinião sobre o tema.
Atividade 1
Para você, neste instante, como se manifestaria a afetividade?
sua resposta
É muito provável que você tenha descrito como manifestações afetivas coisas como:
comportamento amoroso, atitudes delicadas, bom humor. Ou seja, quando pensamos na palavra
afetividade, o que nos ocorre são atitudes e comportamentos que chamaremos de “positivos”.
Nunca podemos imaginar como afetividade sentimentos como ódio, raiva, medo. No entanto,
a Psicologia nos informa que nossa vida afetiva ou nossa afetividade é o conjunto de todos os
nossos sentimentos, emoções, humores, paixões, sejam eles “positivos” ou “negativos”.
As funções cognitivas são aquelas que nos possibilitam conhecer o mundo, tanto o
mundo externo quanto o próprio mundo do sujeito ou mundo interior. Como exemplo dessas
funções, temos: a memória, o pensamento, o raciocínio, as percepções.
Finalmente, as funções volitivas são aquelas que dizem respeito aos comportamentos
exteriorizáveis, objetivos, que resultam em movimentos corporais, gestos, mímica, expressões
faciais. Claro que essa “partição” da mente é um recurso meramente didático; cada um dos
componentes das funções interage e se liga uns com os outros. Assim, por exemplo, se me
ocorre uma lembrança triste (função cognitiva), passa a surgir dentro de mim um sentimento
de tristeza (função afetiva), que pode vir a se traduzir por expressões faciais como o choro
(função volitiva). Nunca é demais lembrar que corpo e mente são partes indivisíveis.
Durante toda nossa vida, os fatos ou acontecimentos vividos por nós serão nossas
experiências de vida e passarão a fazer parte de nossa consciência. Mas, quando vivemos
algum fato de nossa vida, ele raramente ocorre desprovido de uma condição muito especial
que dá um certo “colorido”, um certo “tempero” a esse fato. Eles são acompanhados de uma
susceptibilidade que muitas vezes é sentida no próprio organismo.
Atividade 2
Nesta atividade, descrevemos algumas situações que você provavelmente viveu; se
não as viveu, imagine como teria sido. Para cada uma anote como você experimentou
(experimentaria) essa susceptibilidade da qual falamos anteriormente, ou seja, o
que se passou (passaria) dentro de você, como você se sentiu (se sentiria).
a.
sua resposta
b.
c.
d.
Atividade 3
Observe a figura a seguir. Tente descrever que tipo de afeto cada uma das
faces expressa.
1 2 3 4
5 6 7 8
.
2.
sua resposta
3.
.
5.
.
.
.
Veja como esse verso traduz exatamente a emoção. É o fato de ver o(a) outro(a) que
desperta na pessoa a emoção da alegria e a reação orgânica do aumento dos batimentos
cardíacos. E perceba também como na nossa cultura ligamos as emoções ao coração.
Outras reações orgânicas que podem acompanhar as emoções são: riso, choro,
lágrimas, tremor, expressões faciais. As reações emocionais geralmente fogem ao nosso
controle. Muitas vezes, podemos “segurar” um pouco, mas alguma alteração orgânica vai
ocorrer conosco internamente. Quando “seguramos o choro”, sentimos a garganta apertada,
por exemplo. O importante é entender que as emoções são descargas de tensão do organismo
que precisam ser liberadas, uma vez que significam a necessidade de adaptação, do retorno
ao equilíbrio e a homeostase. Infelizmente, nossa cultura estimula a repressão delas. É mais
do que comum aprendermos, por exemplo, que “homem que é homem não chora”.
Os estudiosos dessa área concordam que existe um conjunto de emoções que são
primárias, ou seja, são observáveis praticamente desde o nascimento, e que parecem estar
ligadas às necessidades instintivas de sobrevivência. São elas: o medo, a cólera e a alegria.
Por outro lado, algumas outras emoções são aprendidas ao longo da vida: o amor, a tristeza,
a paixão, o desprezo, a vergonha, a surpresa.
Os sentimentos diferem das emoções por serem menos intensos, mais duradouros e
não serem acompanhados de manifestações orgânicas intensas. Mas, os mesmos nomes que
usamos para designar as emoções podemos usar também para os sentimentos. Por exemplo,
o amor pode começar como uma forte emoção e ao longo do tempo ir se transformando em
sentimento mais estável e duradouro. Um exemplo interessante de sentimento é a amizade,
uma vez que é um estado que vai se construindo ao longo do tempo, numa intensidade que
não é refletida fortemente no organismo.
Atividade 4
Vamos retomar agora aquelas reações de susceptibilidade que você anotou na
atividade 2, frente às situações que colocamos. Tente identificar qual delas seria
emoção e qual seria sentimento.
sua resposta
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta para os outros.
Vergonha é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora.
A importância do
estudo das emoções
A
lém de serem uma função homeostática, como já descrevemos, as emoções também
são importantes como adaptação a nossa vida social. Dessa forma, elas ajudam a
avaliar as situações, servem de critério de valoração positiva ou negativa para as
situações de nossa vida, preparam nossas ações e nos motivam.
Atividade 5
Pense em quantas vezes você se planejou para atuar de uma maneira diante
de uma determinada situação, e, chegado o momento, você apresenta um
comportamento completamente diferente. Descreva uma dessas situações.
sua resposta
Uma das grandes discussões teóricas atuais é a relação entre razão e emoção, cognição
e afetos. Um dos primeiros estudiosos a se preocupar com esse tema foi o biólogo suíço
Jean Piaget (1896-1980). Para ele, a afetividade e a cognição são aspectos inseparáveis.
Apesar de serem de naturezas diferentes, toda ação e pensamento comportam um aspecto
cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por
uma “energia”, que é a afetividade. De acordo com Piaget, não existem estados afetivos sem
elementos cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. E ele
constrói uma metáfora interessante quando diz que a afetividade é a gasolina que impulsiona
o motor da cognição; um não funciona sem o outro. Isso confirma que sem afetos não há
motivação, não há interesse e, portanto, não há aprendizagem.
O médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962) foi outro teórico que se dedicou
ao estudo da dimensão afetiva dos sujeitos. Ele criticava as teorias clássicas que concebiam as
emoções como reações incoerentes, com efeito perturbador no raciocínio, ou aquelas que as
Resumo
Nesta aula, discutimos aspectos da vida afetiva dos seres humanos, ressaltando
o estudo das emoções e dos sentimentos. Vimos as principais conceituações,
a compreensão desses conceitos por parte de alguns teóricos e a importância
desse estudo para a formação de professores.
Auto-avaliação
Faça uma síntese dos aspectos que você considera fundamentais, relacionando
1 esta aula com a aula 2.
Referências
BRENELLI, R. P. Piaget e a Afetividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.