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♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
Mayté: ai eu disse “mas é claro que eu fiquei chateada”. Ai ele disse “mas não
tem motivo”. Ai eu disse “passar o dia com a ex realmente não é motivo”. Ai ele
disse “se vai ficar chateada é melhor eu ir embora”. Ai eu, burra, disse “ta bom!
Não tô tão chateada assim”. Ai a gente falou da Gaby, irmã dele, que teve o
filho agora, do Carlão que viajou, do Manuel que foi demitido… Anny, tá me
ouvindo?
Mayté: e é seguro?
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Mayté: lembro… Que nome tá usando?
Anahí: é meu adversário. Galo campina… Se eu não ganhar vou arrancar suas
penas, seu desgraçado! Quero ver agora o que dizer…
Anahí: quê!? — ficou calada por algum tempo — eu… eu… perdi…
Anahí: entrou agora, ofereceu US$ 200 mil e levou… assim… de primeira… —
assustada
Mayté: bom porque ia ser outra briga com tua mama… Esqueceu por que não
está em Cancún agora?
Anahí: eu tinha esquecido, mas tu me fez o favor de lembrar… Que horas são?
— olhou pra tela — 4h? Tenho que ir! — apressada
X: tem idéia do que pode acontecer em meia hora? Criminosos são soltos.
Ladrões roubam milhões em bancos. Crianças são seqüestradas. Carros são
roubados. Estupros são praticados. Aliciadores de menores se tornam mais
freqüentes. Pessoas são mortas. A vida de todos está em risco. Sabe agora a
importância do nosso trabalho?
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X: o que? — voando
Anahí: ah, muito comovente, senhor Herrera, mas não sou banco. Se quiser
tem um a dois quarteirões daqui.
Anahí: quê?!?! — abismada — Me perdoe, mas não temos nada a ver com as
irresponsabilidades da corregedoria.
Anahí: ah, com certeza! Tendo vocês aqui sob nossas custas…
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Anahí: não disse que só tinha dinheiro pra reforma? (pensando) 2 a 0!
Alfonso: foi uma forma de dizer! Temos um pouco a mais que dá pra ajudar
nas despesas. O que não temos é pra alugar algo decente pra ficarmos.
Anahí: mas eu tô falando sério! Assim como é sério que a minha resposta é
não!
Alfonso: certo.
Alfonso: sim.
Anahí: calma que já tô quase lá. O juiz dessa procuração encerra contrato em
1 semana, ou seja, quando o senhor puder se mudar, esse papel não vale mais
que uma nota de R$ 3,00.
Alfonso: por que torna tudo tão complicado? Ou quer tornar tudo tão
complicado?
Anahí: mas está tudo tão claro! Eu disse “não”, o senhor sai e vai caçar outro
lugar. Ponto final. (pensando) 3 a 0! Goleada!
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Anahí: quer saber mesmo? — alterada — Porque não quero ver meu trabalho
de dias e noites de exaustão ser transformado num caos!
Alfonso: escute minha oferta, sim? Não vou ocupar e dominar a promotoria.
Só vou querer uma sala e pronto! — começando a se alterar
Anahí: senhor Herrera, vamos ter que adiar o resto dessa reunião. Tenho outro
compromisso agora.
Alfonso: aqui?
Anahí: amanhã tenho que levantar cedo então… onde está morando?
Alfonso: só mais uma coisinha. Não me chame mais de senhor, tudo bem?
Não sou tão velho assim… — sorrindo
Alfonso: Poncho.
Anahí: quê?
Anahí: Poncho? O que é isso? Ah, já sei! É a fusão de potro com rancho!
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Alfonso: vou fingir que não ouvi isso. Quer discutir o acordo primeiro?
Alfonso: posso ficar com essa cópia pra analisar com calma? — começou a
folhear o documento
Anahí: sim.
Alfonso: ah, mas aqui consta que sou o presidente. O que acontece se eu
assinar e não quiser cumprir? Afinal só serei presidente em 3 semanas…
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Alfonso: quem garante?
Anahí: consegui uma autorização pra você seguir com seu trabalho.
Anahí: pois vai ficar só no interesse. Depois passa na promotoria pra assinar e
conhecer a sala.
Anahí: aceito.
Anahí: sim, e por que então não contratam esses “delinqüentes” — fez as
aspas com as mãos — pra trabalhar? Um verdadeiro artista não consegue
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comprimir seu talento! Pode ler sobre isso em várias obras de Duquet! —
segurando o riso
Alfonso: de quem?
Anahí: nunca ouviu falar em Duquet? (pensando) acho que faria uma bela
carreira de atriz…
Alfonso: deveria?
Anahí: mas é lógico? Jean Duquet van Lorsch. Psicólogo muito renomado do
século XIX. De mãe francesa e pai alemão, ele escreveu vários livros sobre
esse assunto. Vous peut s'exprimer en français? (Você sabe falar em francês?)
Alfonso: sim, mas a opinião de um psicólogo de dois séculos atrás não tem
nada a ver com o que acontece na realidade. Se eles fazem isso porque não
conseguem ficar sem esconder seus talentos, por que então não o fazem em
público?
Anahí: por Deus, Alfonso! Eles não têm nem uma parede pra formar uma casa,
imagine uma pra pichar!
Anahí: infelizmente, essa foi a solução encontrada. Não percebe que é uma
forma de revolta contra autoridades que nada fazem por eles?
Anahí: ah, então você acha que se um deles for falar com essa autoridade, ela
vai ouvir? No mínimo será barrado um quilômetro antes…
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Alfonso: confesso que nunca tinha pensado por esse ponto de vista, mas
mesmo assim um erro não justifica outro…
Anahí: e você queria o que então? Que eles se calassem e ficassem à parte na
sociedade? Belo juiz você vai ser… — irônica
Alfonso: epa, epa, epa… Você não me conhece, não conhece meu trabalho e
já fica tirando conclusões?
Anahí: não tenho culpa de falar o que penso. Melhor isso a esconder meus
pensamentos. — piscou pra ele
Alfonso: (pensando) O que será que ela quis dizer? (falando) Por favor, não dá
pra ter uma conversa contigo sem brigar?
Anahí: conserte a frase, meu querido. Não dá pra ter conversa sem brigas
entre nós dois. — se levantou — Agora tenho que ir.
Alfonso: certo.
Anahí: uma pessoa educada me pediria pra ficar mais um pouco e até diria que
está cedo, sendo que são quase 23h.
Anahí: (pensando) bem que eu gostaria… (falando) Até mais, Alfonso. Só mais
uma coisa antes que eu me esqueça. Eu cometi um erro e agora quero repará-
lo.
Alfonso: promotora Anahí cometeu um erro… Pensei que não errava nunca…
— irônico
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Teresina, promotoria, 22/08/08, 10h29
Quando alguém disse que amanhã é outro dia, esqueceu de dizer que
nada impede os dois se parecerem. Anny se sentia forte novamente, mas ao
mesmo tempo fraca, porque não sabia como reagiria ao revê-lo. Tentou evitá-lo
o máximo que pôde, deixando até o assunto do contrato nas mãos de Dulce,
seu braço direito na promotoria, com a qual estava numa reunião esta manhã.
Anny e Dulce diziam-se a força feminina do estado. Apesar de aparência
totalmente diferente, as duas tinham a mesma visão de mundo, talvez isso foi o
que as aproximou e também as afastou de boa parte dos funcionários. Mayté
era a amiga que lhe dava tranqüilidade, paz, segurança e proteção. Já Dulce…
quando queria confusão, Dulce era a amiga certa. Em resumo, Mayté era a
amiga de passear no shopping, Dulce a de se acabar numa pista de dança.
Dulce: acabamos cedo hoje, né? — guardou uma papelada num envelope —
Muito bem, pode começar…
Dulce: te conheço, gatinha! Dá pra ver que tem um furacão aí nessa cabecinha
de alfinete…
Anahí: quer dizer que esse vermelho da sua cabeça que me cega às vezes
não é cabelo? — assustada
Dulce: cala a boca, Barbie! Quer dizer, cala não, fala o que tem.
Dulce: faz isso que leva uma bifa bem no meio da cara!
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Anahí: tá assistindo muito ao Chris… desse jeito vai acabar morando no
Brooklyn, tendo 11 filhos e um marido com 2 empregos… — rindo
Dulce: ri, pode rir… mas na próxima festa eu fico com o Edu! — fez cara de
travessa
Dulce: é, mais agora o gato é meu! Se bem que o gostosão é muito melhor…
— pensativa
Anahí: eu sabia que isso não ia dar certo… Vamos já resolver essa situação…
— levantando da cadeira e guardando uns documentos
Dulce: boa, Anny! — Poncho olhou pra ela — Desculpa, gatão! Pode sempre
contar comigo, mas a Anny é minha sister…
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Dulce se acomodou confortavelmente num sofá assistindo a um
programa enquanto Anny e Poncho brigavam insistentemente. Até os
funcionários se cansaram da cena e saíram. Somente um grito de espanto de
Dulce os tirou daquela atmosfera particular.
Dulce: Anny, miga, então esse da TV é o cara que te ganhou numa disputa por
um pedaço de pano?
Anahí: claro que não queria… — irônica — ficou horas na disputa comigo e
não queria…
Alfonso: não era tão grande coisa e também não era pra mim…
Alfonso: na verdade não. E era pro meu cachorro, que adora ficar deitado
nesses tapetes… — mentindo
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Anahí: ah, sim… meu cachorro é o nome do seu heterônimo? — Dulce
começou a rir
Dulce — rindo: calma, Barbie! Tá mal mesmo, hein? Ainda bem que tu tem
uma sister como yo!
Anahí: ah, sim, com certeza! Uma sister que quase me matou…
Dulce: what?!?! Abduziram minha amiga, só pode… Mas seja lá o que tu for,
um ET, um fantasma, uma múmia, vai comigo sim!
Dulce: vai, Anny! A festa vai ser boa! Vai ser na casa dos pais do Chris…
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Anahí: qual Mel?
Dulce: vai ser a festa dos solteiros de 2008. E pra ficar mais emocionante… —
fazendo suspense — todos de máscaras!
Anahí: espera aí, Dul! As máscaras vão ter lá ou são pra comprar?
Dulce: vão ter lá… Tchau, amore! — saiu — Agora, parte 2 do plano. — discou
um número — Senhor Joaquim? Aqui é a Cláudia. É que eu tô precisando de
um número da minha agenda que eu esqueci aí na minha sala… dava pro
senhor ir olhar pra mim? (pensando) vai… vai…
Dulce: (pensando) sabia que aquela baranga não ia deixar o gatão passar…
(falando) Ah, senhor Joaquim, esse assunto morre aqui. A Anny vive brigando
comigo dizendo que eu esqueço as coisas e tal…
Alfonso: Dulce?
Dulce: lógico! Tem alguém mais que te chama assim? — interessada em saber
Alfonso: o que?
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Alfonso: festa?
Alfonso: que?
Dulce: nada, nada… Vamos, Poncho! Vai ser legal! Todo mundo que eu
convido não quer ir! Até a Anny que é a maior festeira de Teresina não quis ir!
Alfonso: e quem disse que eu gosto? Só falei isso porque vocês só andam
juntas… e depois tu disse que ela não perde nenhuma festa…
Alfonso: sabe o que é Dulce, é que… você e eu… eu… assim… como eu
posso dizer?
Dulce: vai ser às 22h, então quando for mais ou menos essa hora, eu te ligo e
digo o meu endereço pra tu vim me buscar. Pode ser?
Dulce: ótimo! Parte 2 concluída! Agora a parte 3. Também mereço ser feliz. —
discou outro número — Alô! Bruno! Saudade, meu amor! Chegou que dia?
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Dulce chegou com Poncho um pouco depois de dez e meia; apresentou-
o a vários amigos (também do ramo jurídico), mas não contava com um
pequeno detalhe: Cláudia e Fabíola estavam lá.
Fabíola: ah, ainda bem! Porque a Cláudia vai investir pesado nele…
Dulce: (pensando) inventa alguma coisa, Dulce Maria! Senão essa bruaca vai
estragar os planos! (falando) Pois é bom ela ir desgrudando dele porque a
namorada vai já chegar…
Havia uma hora desde a chegada de Dulce, que já estava mais que
inquieta, e nada de Anny aparecer. Ela conversava com uns, dançava com
outros, bebia aqui, bebia ali…
Dulce: (pensando) essa hora eu podia estar curtindo o meu amorzinho, mas
aquela velha não chega! Ah, até que enfim! A loira caprichou no visual
mesmo…
Finalmente Anny chegou. Não estava com ânimo pra ir a festa alguma. A
única solução então era ousar no look, arranjando assim uma motivação,
porque, no mínimo, iria causar deslocamento de mandíbula nos homens e
suicídio nas mulheres. Usava um short bem curto e bem apertado preto
(realçando os quadris e revelando as pernas bem torneadas), um top que
amarra atrás do pescoço preto (dando um toque sensual aos seios) e uma
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blusa folgada e caída em um ombro rosa transparente (evidenciando a barriga
sarada). Para completar, calçou botas cano longo e salto agulha pretas. Quem
não a conhecesse diria que era uma prostituta. Pelo menos, uma prostituta
cara e refinada. Estava adorando se sentir nesse personagem. A maquiagem,
apesar de um pouco ocultada pela máscara, dava certa evidência aos olhos,
particularmente mais azuis nesta noite. O prático cabelo liso que usava no
escritório deu lugar a cachos, que ficaram com um toque especial devido às
pontas serem mais claras.
Anny: oi, miga! Você também tá muito linda! E aí, vamos dançar? — animada
Dulce: assim que eu gosto de ver… vai indo na frente que eu tô esperando o
Bruno.
Anny: tá bom!
Anny: (pensando) Que gato! Mas espera aí… eu só posso estar é louca! Eu
sabia que estava começando a me interessar pelo besta, mas isso é demais…
Como é que pode? Eu olho pra ele e vejo o idiota direitinho… Se bem que… se
eu der uns pegas nele não tem nada. É melhor do que ser com o energúmeno.
Alfonso: (pensando) O que tanto a Anny fez pra mexer assim comigo? Não
posso mais nem olhar com interesse pra outra que já vejo aquele rostinho doce
que ela tem… Eu tenho que descobrir se é loucura minha mesmo… vai ver
elas são só parecidas, ou até parentes… Mas de todo jeito, pega mal eu
perguntar alguma coisa. E se eu falar desses cachos dourados e ela nem for
loira? É melhor eu ficar quieto e só curtir…
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acha. Sábio provérbio. Ela encontrou-o dançando com outra e correu de
encontro à amiga Fabíola.
Cláudia: o que?
Cláudia: quê?!?!
Fabíola: então era mesmo verdade… espera aí? Ali não é a Anahí?
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Fabíola: eles tão dando muitos chupões, vão deixar marcas com certeza…
Segunda a gente vê…
Fabíola: hello! A gente dá um jeito! Já sei, quando ela for ao banheiro a gente
vai atrás!
Fabíola: tu também…
Anahí: ah, sim, gatinha! Pensa positivo. Vai ficar aqui no meu lugar e poder
mandar em tudo…
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Dulce: deduziu como? (pensando) Vamos ver o que a Anny Winehouse fez
agora…
Anahí: por causa do e-mail que dei pra ele. Aquele com id hadita.
Anahí: ah, sei lá… ele foi super atencioso comigo, muito carinhoso… um
romantismo convincente. Então resolvi tratá-lo do jeito que ele me trata. Até
porque nunca fiz isso, quis experimentar.
Anahí: talvez não dê agora. Vou viajar no sábado pra Luís Correia.
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adiar esse encontro ao máximo, até que teve de sair da sala rumo ao
estacionamento. Logo na entrada, viu-a.
Cláudia: por que não me disse que estava namorando a Anahí? — séria
Cláudia: finge muito bem. Deveria ser ator. Eu vi vocês na festa sábado.
Alfonso: só que eu não estava com a Anahí na festa. Aliás, ela nem foi. —
Dulce apareceu — Dulce, vem aqui. Diga pra nós. A Anahí foi ou não àquela
festa de sábado?
Dulce: só se for outra Anahí, porque a minha amiga odeia o Ponchito. — Anny
apareceu — (pensando) ah, não! Tinha que aparecer bem agora!
Anahí: quem odeia o Ponchito? Fala porque serei a maior fã… — rindo
docemente
Anahí: não preciso de outras, prefiro outros… — falou com cara de safada
Dulce: isso aí, Barbie! Ponchito, sinto lhe dizer mas tem um monte de cara
caidinho por ela, o último é um tal de Rodrigo.
Cláudia: não sei quem tá louco, só sei que eu não tô louca e vi perfeitamente
vocês dois juntos! — irritada
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Dulce: (pensando) vai sobrar pra mim… (falando) Chega! — gritando — Cada
um pra sua sala e você, Cláudia, tá mesmo louca! — tentando levar Anny
Cláudia: Dulce Maria, eu não estou louca! Eu vi sim eles na festa do Chris!
Anahí: na festa do Chris eu estava com o meu gato! E não com esse chinelo
velho!
Alfonso: neda?
Alfonso: Dulce falou que não tinha ido. Dulce!?!? — tarde demais, ela já tinha
saído — Por que ela mentiu? Ah, sabe de uma coisa, eu vou ligar pra minha
gata da festa e resolver isso tudo.
Anahí: (pensando) gata da festa… será se ele tá ficando com alguém? Deve
ser uma vadia de quinta… Cala a boca, Anahí! Você não está nem aí pra vida
desse idiota…
Cláudia: eu disse!
Cláudia: pelo jeito vocês não sabiam mesmo… Então não são namorados? —
feliz
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Cláudia: que bom… Então podemos sair mais vezes, Ponchito!
Poncho estava atordoado. Era apaixonado por Anny. Disso não tinha
dúvida. Sentia-se sem chão porque a única esperança que criara em talvez
esquecê-la era hadita, ou seja, ela mesma. Passou um tempo dirigindo até que
resolver parar pra caminhar na orla do Rio Poti. Ficou mais de meia hora
andando entre os teresinenses que ali se exercitavam. Exausto, parou num
trailer pra se refrescar com água de coco. Os minutos seguintes se reduziram a
olhares vagos, distantes e totalmente perdidos. Apesar de hoje estar mais
racional que nunca, Anny conseguiu tocá-lo em seu íntimo, algo que o
desconsertara. Seus pensamentos foram surpreendidos por um homem que se
sentou à sua frente meio preocupado.
X: não é daqui?
Alfonso: não.
X: na verdade, brasileiros são assim, então a resposta é sim, e mesmo que não
fôssemos, diria que sim só pela propaganda… — os dois riram
Alfonso: tudo bem. Digamos que me apaixonei pela pessoa que nem em
pensamento poderia fazê-lo.
Alfonso: conheci agora dia 20 e ficamos numa festa sábado na casa de um tal
de Chris.
Alfonso: não.
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Alfonso: exatamente.
Alfonso: quê?
Christopher: pois não tenha! Ela não construiu essa fama que tem à toa…
Christopher: não, mas é uma história mais complicada que não posso te
contar. E tu? Acho que não é daqui, né?
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Alfonso: sou de uma família tradicional da Califórnia, desde quando ainda era
território mexicano. Era tradição casamentos somente com descendentes
latinos, pra manter a linhagem de sobrenomes. Mas não pretendo seguir isso.
Christopher: não. Todo mês a mãe dela manda uma pequena fortuna que vai
se acumulando no banco. Depois que começou a trabalhar, só usou pra
comprar e decorar o apartamento, sendo que não gastou nem 5% de tudo e
ainda mora no edifício mais caro e luxuoso de Teresina.
Christopher: aham.
Alfonso: quando?
Christopher: eu que teria que dar outra chance pra ela. Ela me traiu…
Alfonso: ah, entendi o problema. Se gosta dela, por que então não dá outra
chance pra ela? Ou melhor, outra chance pra vocês?
Christopher: eu bem que queria, mas Dul não curte algo sério, tanto que
quando teve, não agüentou… Digo isso não porque seja o que eu acho, mas
porque foi o que ela mesma me disse.
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Poncho foi deixar Chris em seu apartamento. Por insistência, ele acabou
entrando pra tomar alguma coisa. Chris ficou enrolando Poncho, sempre
olhando pro relógio. Quando finalmente chegou a hora que queria, Chris o
deixou “livre” pra sair ou não. Na porta, ainda puxou um pouco mais de
assunto.
Quando o elevador se abriu, Anny saiu. Na hora, Poncho viu e olhou pra
Chris, que devolveu o olhar com uma piscada discreta. Ela estava carregando
muitos papéis, por isso só se deu conta da presença de Poncho quando já
estava bem perto deles.
Anahí: oi, Chris… depois quero falar contigo… E você, Alfonso, me avise
quando vier aqui, pra eu não vir. — saiu rapidamente
Alfonso: e como tá… faltou me matar congelado de tanta frieza e ainda diz
que ela tá caidinha por mim…
Christopher: ah, ia esquecendo… Lição número um: parte pra cima e se ela
disser que não, tampa a boca dela com um beijo.
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conhecia tão bem que esperava que ela se acalmasse pra poderem conversar
melhor. Nunca se sabe ou se tem a certeza de qual o melhor momento pra
agir. A única convicção é que uma hora tudo tem que acontecer…
Dulce: agora?
Dulce: eu fiz os dois irem à festa… mas o resto foi com vocês…
Anahí: falei com Vagner. Na próxima semana vai ter um evento de alguma
coisa que não lembro. Seria legal mais uma figura pública por lá por iniciativa
própria. Aí ele arrumou o convite… Ou seja, fama x + par de pernas 2y = …
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Depois de conversar quase 2h com Anny, Dulce foi procurar Poncho. Se
a amiga não ia baixar a guarda e seguir o coração, tinha que dar um
empurrãozinho, ou melhor, fazer alguém dá-lo.
Dulce: Poncho, temos que discutir uma causa. — foram deixados a sós após
um sinal dele
Dulce: grande favor sim! Vai dizer que não gostou dos beijos? E esses
chupões aí no teu pescoço? Eu vi a empolgação de vocês! Minta o quanto
quiser, pra quem quiser, só não pra si mesmo!
Alfonso: quê?
Alfonso: eu escutei.
Dulce: e então?
Dulce: a cérebro de formiga não quer aceitar que tá louca pra te dar uns
pegas, então, dependendo da tua resposta, vou ver o que fazer.
Alfonso: espera aí? Então é sério que ela tá a fim de mim? — entusiasmado
Dulce: (pensando) boca grande essa minha… (falando) E pelo jeito tu também
tá… — rindo
Dulce: então vamos trabalhar! Tu tem que saber que ela adora homem com
iniciativa. Então… — deu uma gargalhada
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Dulce: (pensando) ai, ai, ai, tô cavando minha cova… (falando) Vi no teu
contrato que teu niver é depois de amanhã… que tal cobrar o presente?
Alfonso: Dulce, tá me ajudando tanto com a Anny pra que a gente pelo menos
tente inventar uma nova história de amor… por que então não tentar criar uma
sendo a protagonista?
Dulce: vou te contar a minha história pra poder entender. Segredo de justiça,
Alfonso Herrera! Só Anny e minha família sabem da história toda…
Alfonso: e o Chris?
Dulce: ele pensa que sabe, mas não sabe… não podia contar porque era uma
relação recente e é um assunto muito delicado.
Dulce: vai ser meu cunhado, então posso confiar… — eles riram — Eu me
mudei pro México aos oito anos com minha mãe. Somos daqui, mas tivemos
que nos mudar porque sou filha de um magnata daqui. Minha mãe e ele
tiveram um caso, do qual eu sou a conseqüência. Ele é casado e ainda é uma
figura pública, com influência em todo o Nordeste e até em outras partes do
país. Minha mãe sempre foi uma besta e aceitou se mudar recebendo uma
pensão obesa todo mês. Quando fiz quinze anos, quase implorei pra voltar. Eu,
que nunca fui ingênua, ameacei espalhar a verdade caso ele impedisse. Mas
ele impôs uma condição. Que eu não aparecesse muito em público pra não
gerar desconfianças, já que nós somos um pouco parecidos e, na época,
houve rumores sobre essa possível traição. Por isso uso mais maquiagens
pesadas, saio mais à noite e compro sempre muitas roupas de uma vez só. Ele
continua dando dinheiro pra nós duas. Sei que é pelo silêncio, mas não me
importo. Não sou uma santa. Gasto mesmo. Apesar de tudo, ele é meu pai…
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Dulce: fui registrada no México. Pra despistar, ele colocou sobrenomes
diferentes, um nada a ver com ele e o outro da minha avó que é descendente
de espanhóis.
Dulce: não sei se posso dizer… não por falta de confiança, e sim porque até
me envergonho de ter um pai que não se importa comigo. — triste
Dulce: eu sei disso. E aí? O que achou? — rindo pra afastar a tristeza
Dulce: não, porque sempre fomos como irmãs. Sabiam que separar a gente
era como separar duas irmãs gêmeas. Além disso, nossos pais são muito
amigos.
Alfonso: e quando vieram pra cá? Chris me disse que Anny tinha aprontado
uma…
Dulce: era dezembro. A Anny queria viajar pra Nova York pra ver um desfile,
só que a mãe dela não podia ir e não queria que ela fosse sozinha. Então,
armamos um plano pra parecer que ela estava lá em casa enquanto viajava.
Dulce: foi.
Dulce: usou uma autorização que a tia tinha dado no meio do ano pra gente
viajar pra casa de uma tia dela também nos Estados Unidos. Mudamos alguns
detalhes aí deu certo.
Viianny 31
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Alfonso: e onde ela ficou lá?
Dulce: a mãe dela foi lá em casa sem avisar… tentei enrolar mas ela me
pegou…
Alfonso: se ela é tão linha dura, como se deixou manipular pelo tal?
Dulce: ela aprendeu a ser assim quando se viu sozinha no México. Não
rejeitou a ajuda porque precisava e porque eu tinha direitos como filha. No
fundo, acho que ainda gosta dele…
Dulce: é o que eu acho. Tenho que ir, senão Anny vai me descobrir aqui.
Alfonso: certo. Até depois. — ela já estava pra sair, recuou e voltou a lhe falar
Alfonso: tô.
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aquilo não passava de um pretexto pra conversarem, mas isso não o
importava. Cometer injustiças era o que considerava um ínfimo erro. Seu
celular, então, começou a tocar.
Alfonso: oi…
Dulce: Poncho, aqui é Dulce que tá falando. Quero que só venha amanhã à
tarde.
Dulce: tenho. Até porque tu não sabe de nada. Mas então, certo ou não?
Dulce: Cláudia.
Dulce: oh, gatão, só assim pra Anny não desconfiar que eu tô armando!
Dulce: mas olha a figura! Já se acha no direito de desligar sem deixar eu dizer
nada!
Alfonso: (pensando) não acredito que logo ela deixou a porta aberta…
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sobre a mesa. Eram registros de presos envolvidos com tráfico de armas.
Tinha nomes até de estrangeiros. O que mais lhe chamou a atenção foi o caso
de Tony Monford, um estadunidense naturalizado brasileiro que, segundo os
arquivos, fora preso há seis meses e solto sob circunstâncias no mínimo
suspeitas. Resolveu anotar o nome para investigar melhor depois. Andou um
pouco mais pela sala, dava pra sentir em cada canto o cheiro dela. Isso era o
que mais lhe cativava naquele lugar. Parou defronte a um móvel repleto de
fotografias. Tinha de Anny com quem aparentava ser sua mãe, com
supostamente seu pai, com Dulce, com outras pessoas, sozinha… Enfim, tinha
muitas… Parecia que cada foto significava algo e já fazia parte daquele
ambiente. Concluiu isso porque até mesmo uma dela sozinha (que ele
carregara no dia em que se conheceram) foi substituída por uma cópia.
Naquele 20 de agosto, depois de quase expulsá-la do próprio escritório,
sutilmente lhe furtou um retrato.
Anny: ah… então foi você quem pegou, né… — estava parada na porta —
Quem lhe deu permissão pra entrar na minha sala e mexer nas minhas coisas?
Alfonso — olhando pro relógio: realmente, acho que deu pra ver que não
estou bêbado e, pelo tempo, devemos os dois estar loucos… — rindo
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Alfonso: não precisa de massagem em outro lugar? Se quiser estou inteiro à
sua disposição… — fez cara de safado
Alfonso: au! É magrinha mas tem a mão de ferro, só pode! — com a mão em
cima do lugar do tapa
Anny: olha, tu não me provoca porque ainda não conhece a minha ira!
Anny: tá duvidando, né? Pois escuta só o que eu vou fazer, galo campina.
Primeiro, eu vou torcer o seu pescoço até escutar um belo “track”. Depois, vou
te colocar de cabeça pra baixo até o sangue descer todo pra cabeça. Se você
for um bom garoto, seus miolos vão estourar de tanta pressão, facilitando meu
trabalho. Em seguida, vou te colocar na água quente pra poder arrancar suas
penas uma por uma, até ficar todo depiladinho… Aí vem a melhor parte, vou
abrir sua barriga com uma faca cega e tirar todos os órgãos.
Anny: seja macho, homem! Já vai estar morto mesmo… não vai sentir nada…
É só pela emoção mesmo… Mas me deixa continuar. Depois de tirar todos os
órgãos, vou te jogar numa chapa quente, bem quente mesmo, pra ficar bem
torradinho e… — foi interrompida
Alfonso: chega! — gritando — Sabia que eu posso encarar isso como uma
ameaça de morte? Esqueceu quem eu sou?
Viianny 35
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Anny — bem calma: não, não esqueci. Assim como não esqueço os vários
processos que existem contra mim. Esse só vai ser um a mais, até porque não
foi uma ameaça e vai ser a sua palavra contra a minha. Se quiser continuar vai
fundo! No final, só vamos descobrir quem tem mais dinheiro…
Alfonso: quer dizer que a promotora Anahí Giovanna Puente Portillo não
acredita na justiça? — com voz desafiante
Dulce: dá pra parar de brigar?! — entrou gritando — Ou vou ter de dar voz de
prisão pra vocês dois?
Dulce: eu conheço muito bem a minha amiga, agora sai por favor, senão a
briga vai ser outra… — começando a se alterar
Anny: é melhor escutar ela… nós somos muito parecidas! — soltou uma risada
maquiavélica
Alfonso: toma cuidado comigo… não sou a besta que tá pensando… — saiu
batendo a porta
Dulce — respirou fundo: agora me conta. O que foi que tu disse pra ele ficar
daquele jeito?
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Dulce: coitado dele, Anny! Ou devo dizer Jigsaw? — caíram no riso de novo
Anny: foi ele quem pediu! Acredita que roubou uma foto minha daqui? Aquela
que eu pensei ter perdido…
Dulce: mentira!
Anny: verdade! Ah, agradece sua mãe por ela ter me obrigado a ver como se
mata uma galinha… — com cara de nojo
Anny: Dulce, temos outro problema. Eu tinha saído pra pegar água, que a
minha tinha acabado. Quando saí, deixei uns papéis do caso Monford na
mesa…
Anny: acho não, tenho certeza. Principalmente depois que vi esse papelzinho
aqui — apanhou um pedaço de papel no chão — cair. Olha só. Não só viu,
como leu e anotou o nome do Tony pra investigar. Ele é obcecado por justiça.
Conheço esse perfil. É daqueles que se ver uma formiga atravessando a faixa
no sinal verde dá voz de prisão.
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Chris: gostaria que tivesse tanta gana assim pra salvar o nosso namoro… —
melancólico
Dulce: com a gente é diferente! Há razões que estão fora do nosso alcance! Se
for pra ficarmos juntos, o destino vai nos unir… (pensando) Mas de onde eu tô
tirando isso? Pena que a gente ainda não pode ficar junto…
Chris: só espero não ter de esperar até a hora de morrer pra ouvir um “eu te
amo” de ti…
Chris: ai, minha ruivinha! O que será que tanto nos separa?
Sem perder tempo, Chris ligou pra Poncho, que estava no bar do
Metropolitan Hotel. Aparentando surpresa, Chris fingiu preocupação com o jeito
dele e logo se prontificou a ir dar um ombro amigo, até porque concluiu que a
situação era mais grave do que pensara. Ao desligar, retornou pra Dulce,
afirmando achar que não dava conta do problema sozinho por não saber de
nada relacionado. Quando chegou ao bar, avistou a figura do amigo cabisbaixo
e sério numa das mesas. Dada a hora, o ambiente não estava nada lotado,
garantindo certa privacidade e desenvoltura.
Nesse momento, Dulce chegou no local. Pela cara de Chris, pensou que
o melhor foi ter ido mesmo.
Alfonso: o que ela faz aqui? — perguntou quando viu Dulce se aproximando
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Chris: não gosto de mentir pra minha namorada.
Dulce: não, é porque pensei que não era oficial. — sentou ao lado de Chris
Dulce: ah, Poncho! Foi tudo de brincadeira! A Anny adora zoar com todo
mundo, principalmente com os homens…
Alfonso: se fosse só zombaria não tinha nada, Dulce. Mas simplesmente ela
parecia uma serial killer contando sua biografia!
Dulce: que serial killer que nada! É porque tu não a conhece! Ela é um anjo!
Dulce — tentando manter a calma: não acha que tá caindo direitinho no jogo
dela?
Dulce: (pensando) homens… (falando) Que ela quer te irritar pra tu ir embora
de uma vez e ela não ter de conviver mais contigo! Eu não menti que ela tava
apaixonada por ti…
Alfonso: não acredito. Devia ter me tocado desde o começo quando ela
defendeu os pichadores.
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Alfonso: me enganou? — aéreo
Dulce: Poncho, meu querido, a Anny como toda boa materialista nunca
defendeu pichadores… jura que acreditou mesmo?
Chris: pensa pelo lado positivo! Se ela fez isso é porque quer te assustar, pra
tu se afastar dela e ela tentar te esquecer.
Alfonso: e qual é o problema comigo? Por que ela não quer nos dar essa
chance?
Dulce: não é com você. É com ela. Vou te contar só pra te fazer entender o
lado dela.
Dulce: ela era mais velha três anos. Nunca foram tão próximas. Eu era mais
irmã da Anny do que ela. Mas tinham o mesmo jeito alegre e a mesma cabeça
dura. Isso sem falar na aparência. Elas eram muito parecidas, só que ela tinha
os olhos verdes e o cabelo mais escuro.
Dulce: Sophie. Então, numa bela tarde quente de outubro aqui, a Anny
recebeu a notícia da fuga da irmã com um namorado.
Dulce: Marichelo, mãe delas, não queria que a filha casasse tão cedo. Eles
fugiram e sofreram um grave acidente no dia seguinte à fuga. Segundo os
médicos, sem chances de sobrevivência.
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Alfonso: muito triste, mas o que o acidente da irmã tem a ver com isso?
Dulce: tem a ver que a Anny ficou com isso na cabeça de não se apaixonar pra
não ter o mesmo destino da irmã.
Alfonso: é só ela não se meter a besta de fugir de carro por aí… Além do
mais, ela já é bem grandinha pra entender que isso foi uma fatalidade…
Dulce: o trauma dela é se apaixonar e não conseguir mais controlar seus atos.
Ela é muito independente e dona de si, mas por conta desse fato, digamos que
não amadureceu totalmente as emoções, por isso age de maneira contraditória
e não expõe os verdadeiros sentimentos. Eu, se fosse tu, continuava com os
planos pra amanhã…
Dulce: então pensa! Mas pensa também que vale a pena tentar… Tu tá
sofrendo com essas atitudes dela, mas pensa então como ela se sente com
essa autotortura… É por isso que tu que deve ter a iniciativa.
Chris: é, Poncho! A gente não ia te enganar assim à toa… Vai pro teu quarto,
esfria a cabeça e raciocina sobre toda essa história…
Dulce: acho que sim, mas só que agora você é quem está lascadinho pela
surra que vai levar! Por que inventou isso de namorados? — zangada
Chris: pensa comigo, Dul! Assim nós vamos poder ajudá-los mais! Já pensou
numa saída nós quatro? Não ia ter desculpa pra não ir!
Dulce: eu sei que não é só por isso… mas tudo bem… (pensando) Assim
talvez eu até consiga dá uns pegas nele…
Chris: então tu inventa uma história pra Anny logo, pra ela não pensar que é
algo combinado…
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Dulce: namorada dele… (pensando) Isso vai ser melhor que uma surra…
Sol: não me diga, fofa! Pois eu sinto lhe informar que nós estamos ficando já
há alguns dias…
Chris: então estamos quites, meu amor! Transei com a Clarinha domingo… —
rindo
Chris: bom que assim não preciso inventar nada pra terminar.
Chris: quê?!
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Dulce: (pensando) que fofo, ainda gosta de mim… Marte chamando Dulce…
Marte chamando Dulce… (falando) Não começa, Chris!
Dulce: é que eu queria saber! Pra agüentar uma insuportável do jeito dela, só
beijando muito bem…
Chris: então vou responder assim… os beijos dela nem chegam aos pés dos
seus…
Sem mais uma palavra, Dulce colou seus lábios nos dele. Era um beijo
avassalador, sem intimidação, do jeito que os dois gostavam e precisavam.
Desde o início, toda essa situação de ajudar os amigos era um mero pretexto
pra cada vez chegar mais perto e conquistá-la sem volta. Pelo jeito, tava
começando a dar certo…
Dulce — entrou correndo no escritório da amiga: Anny! Anny! Vem rápido! Vai
ter festa surpresa!
Dulce: não sei! Vamos que parece que vai ser bom! — disse puxando Anny
Dulce: tá bom, senhora sabe tudo! Mas vamos senão já comeram tudo…
Chegaram lá. Tava tudo escuro. Quando Dulce acendeu a luz, pensaram
ser o aniversariante e já começaram a cantar parabéns. Anny caiu na
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gargalhada. Cláudia as chamou pra se misturarem na escuridão pela espera do
verdadeiro homenageado. Foi então que Poncho entrou. Todos cantaram
aquela velha musiquinha de parabéns, seguida do happy birthday e por último
las mañanitas. Quer dizer, todos com exceção de Anny. O máximo que ela fez
foi bater palmas no ritmo de marcha fúnebre. Com o término, um por um foi
cumprimentá-lo. Dulce arrastou Anny.
Alfonso: tá, então vai ser o meu presente… — apertando-a ainda mais
Alfonso: ainda falta a dança! Dulce, bota uma bem animada! — ela acenou
que sim
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Dulce: não mesmo! Não tá vendo que foi o Poncho que quis? Interromper não
vai adiantar nada! Acorda! Eles se gostam! Atrapalhar só adia… não acaba!
Cláudia: eu organizei tudo e ela que fica com ele? Mas não mesmo! —
tentando se soltar
Dulce: o Poncho vai ficar é chateado, não entende ou quer se fazer de burra?
Deixa pelo menos eles terminarem essa música!
Anny — ligando pra secretária: Jay, chama a Dul aqui na minha sala.
Anny: tudo bem. Pode ir também. Tchau. — desligaram e então Janete foi
mesmo embora — Não me disse nada quando saiu… tá aprontando alguma. O
pior é que agora tenho que ir sozinha à sala de arquivo.
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Alfonso: o de trinta anos sim. Mas falta o presente dos outros vinte e nove
anos… — virou-a de frente e a beijou
Dessa vez, não era o mesmo beijo de antes. Agora tinha uma dose a
mais de desejo e entrega. Sem perceber, Anny era conduzida para o lado mais
fundo da sala. Só notou onde estava quando sentiu a parede gelada através de
sua roupa. Sem deixar de beijá-la, Poncho tirou seu paletó e o blazer dela. A
sala era muito fria, mas isso só aumentava o calor que eles estavam sentindo.
Num sutil movimento, ela tirou o cinto dele e o jogou longe. Além disso, abriu a
camisa azul que usava, podendo assim sentir todos os músculos definidos de
seu tórax.
Alfonso: por que não admite que entre nós há algo muito forte?
Numa rapidez inexplicável, Anny inverteu o jogo. Agora era Poncho que
estava contra a parede. Ela terminou de arrancar-lhe a camisa, enquanto ele
tirava a dela, deixando-a só com o sutiã no busto. Bem devagar, Anny foi
abrindo e baixando a calça dele, sempre o olhando de forma bem sedutora.
Alfonso: tá querendo brincar com fogo… depois vai ser tarde demais… —
imaginando o que ela iria fazer
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Não sabia se isso era resultado do amor que sentia por ela ou porque por
natureza ela era uma mulher ardente. O resultado não poderia ser outro.
Gozou bem na boca dela, que, com muita satisfação, engoliu tudo. Mas ele não
ia deixar por menos. Agarrou-a pela cintura, encostou-a na parede e tirou-lhe o
sutiã. Sem demora, devorou os seios um por um. Como resposta, Anny jogou o
busto pra frente, indicando que estava adorando e queria mais. Os homens
com quem ela saíra antes ficavam apreensivos por imaginarem o tanto que ela
era exigente entre quatro paredes. Realmente era. Nunca conseguiu chegar ao
que pensava ser seu ápice. Tinha orgasmos normalmente, só que sempre tinha
a sensação de que poderia ir mais além… A sensação de êxtase só foi
interrompida por um singelo gesto. Enquanto se deliciava com os seios dela,
Poncho começou a acariciar sua intimidade ainda escondida pela calcinha. Não
era algo muito brusco, até porque sabia que delicados movimentos poderiam
provocar sensações ainda mais impressionantes em determinadas mulheres.
Anny era uma. Começou a gemer descontroladamente e a se contorcer toda.
Anny: Poncho, por favor… — disse com voz falha — Não agüento mais…
Preciso de você! Isso é muita tortura!
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iminente e a fantasia concluída. Mas esse reinado não durou muito. Foi
bruscamente corrompido pela entrada de um vigia, atônito pelas luzes acesas.
Alfonso: espera! Temos que esperar um pouco! Deixa ele descer pra
podermos ir lá conferir isso. — disse beijando a nuca dela
Alfonso: acho que vi uma escada lá atrás. Vou lá pegar. — saiu e voltou com
uma escada própria pra pesquisar nas prateleiras mais altas dos armários —
Essa serve?
Anny subiu, mas só conseguir ver o lado de fora ficando na ponta dos
pés.
Anny: Alfonso, segura aí senão vou cair… — ele não respondeu — Alfonso?
Com a falta de resposta, ela se virou pra ver o que estava acontecendo.
Simplesmente ele estava hipnotizado apreciando ela nua de costas. Estava
adorando a paisagem, tanto é que já apresentava uma leve ereção.
Anny: não.
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Alfonso: então não vai adiantar nada. Agora se tu descer daí podemos
adiantar muita coisa… — falou com cara de safado
Sem mais demora, Poncho a pegou pela cintura e deitou sobre uma
escrivaninha ali perto. Depois se deitou em cima dela e começou a beijá-la
descompassado. As línguas se mexiam com exaustão. Era um beijo muito
molhado e apaixonado. Ele foi descendo os beijos bem devagar. Passou pela
nuca, pelo pescoço, pelos seios, pela barriga, alcançou o umbigo e foi
baixando cada vez mais até atingir a intimidade dela. Foi beijando de leve a
entrada, enquanto roçava seu clitóris. Sem conseguir se segurar, Poncho
penetrou sua língua, fazendo movimentos semelhantes aos que estavam
fazendo há pouco. Anny não poupava nos gemidos. Estava se sentindo uma
total ninfomaníaca com tamanha satisfação. Ademais, sabia o quanto era
agradável para o homem saber que proporcionava descomunal prazer, por isso
demonstrava todas as perturbações sentidas. Se ficasse mais um instante
naquela situação não iria se conter, por isso, rapidamente o puxou pra cima de
si, beijando-o ardentemente. Poncho entendeu o recado e a penetrou. Não foi
igual à outra vez. Agora preferiram uma suavidade nos movimentos. A lentidão
só aumentava a excitação e aproximava o orgasmo, que aconteceu quase que
instantaneamente. Descansaram ainda unidos e mais suados do que nunca.
Alfonso: não sabe como é lindo esse sorriso, devia rir mais vezes… — a
beijou de leve
Anny: depois falamos sobre isso, precisamos agora arrumar um jeito de sair
daqui.
Anny: e como é?
Alfonso: não.
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Dulce: alô! É você, né, Jay! Olha, fala pra Anny que eu tô ocupadíssima na
minha sala…
Anny: pode falar! Onde é que tu tá? Sei que não tá aqui na promotoria.
Dulce: tá, eu tô com o Chris… — se dando por vencida — Mas como tu sabe?
Anny: isso…
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Anny: o importante agora é tirar a gente daqui.
Anny: Alfonso.
Anny: é.
Anny: pega, ela quer falar contigo. — entregou o telefone e saiu pra se vestir
Dulce: Poncho?
Dulce: ih, a loira vai se dar bem… Finalmente encontrou um fogoso que nem
ela! Só uma coisa, aonde foi que aconteceu exatamente? Quero saber pra não
chegar nem perto e mangar de quem tiver lá… — rindo
Anny — gritando: dá pra vocês pararem de dizer como é que foi transar
comigo na minha frente?
Alfonso: não precisava ter se vestido! Ainda dá tempo pra uma rapidinha! —
abraçando ela
Anny: nada disso! Vai se vestir que daqui a pouco ela chega. Temos que nos
esconder caso o vigia venha com ela até aqui.
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Dulce: já sei que deve tá com segundas intenções… — rindo — Mas não vai
dar… Tenho que estudar uns assuntos que a Anny me passou. Ai, meu Deus,
a Anny! — se levantou assustada e começou a se vestir
Chris: calma! Aposto que eles tavam fazendo o mesmo que a gente.
Dulce: tomara porque senão… vai ter que levar flores pro meu túmulo… isso
se ela devolver meu corpo… — deu um beijo nele e saiu
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Dulce: não, só quero saber se a sala de arquivo tá aberta, pra eu poder caçar
lá o bendito processo.
Dulce: (pensando) era só o que faltava… (falando) Não precisa… conheço isso
aqui como a palma da minha mão…
Dulce — querendo rir: eu não acredito nisso… não se preocupe que vou ficar
muito bem! A Anny tá aqui ainda, né?
Dulce: e como é que não destruíram isso aqui ainda? Nunca vi brigarem mais
que aqueles dois…
Joaquim: quase que certeza. Deixa eu te dar a chave, não vou ficar mais te
segurando aqui com meu papo de velho.
Anny: Alfonso, tem alguém que chegou nesse andar. Vamos nos esconder! —
assim fizeram, até que Dulce entrou
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Anny: Não tinha outra hora pra tirar o atraso com o Chris, não?
Dulce: tá bom, expert em conchis… mas vamos sair logo daqui, porque criei
um nojo desse lugar…
Dulce: pera aí! Eu vim até aqui socorrer vocês e não vejo nenhum beijinho
sequer?!