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Artigo: VALLADARES, A. C. A. et al.

“Arteterapia e psicologia analítica aplicadas na


área hospitalar pediátrica”. In: JORNADA GOIANA DE ARTETERAPIA, 2., 2008,
Goiânia. Anais... Goiânia: FEN/UFG/ABCA, 2008. p.41-49. Cap.7. (ISBN: 978-85-
61789-00-8).

7 – ARTETERAPIA E PSICOLOGIA ANALÍTICA APLICADAS NA ÁREA


HOSPITALAR PEDIÁTRICA1

Ana Cláudia Afonso Valladares2


Luana Cássia Miranda Ribeiro3
Gabriela Camargo Tobias4
Polyana Cristina Vilela Braga31
Ana Maria Pimenta Carvalho5
Patrícia Pinna Bernardo6

Resumo: A hospitalização pode desencadear na vida da criança adversidades


e estresse no curso do seu desenvolvimento natural. Diante da preocupação
com a saúde mental da criança hospitalizada e na busca de atendimento às
suas necessidades vitais, vê-se a possibilidade da inserção da Arteterapia, com
suas atividades lúdicas, no ambiente hospitalar pediátrico, tendo em vista que
favorece o desenvolvimento da expressão e criação infantil, bem como o
crescimento global da criança, motivo pelo qual deve fazer parte da vida delas,
especialmente daquelas hospitalizadas. Este estudo objetivou realizar uma
análise compreensiva das produções plásticas de uma criança hospitalizada, a
partir da Psicologia Analítica, buscando apreender as transformações das
representações plásticas que ocorreram ao longo do processo arteterapêutico.
Escolheu-se como percurso metodológico a pesquisa qualitativa, que
privilegiou analisar o conteúdo e a evolução das produções plásticas da criança
hospitalizada. Compôs o estudo o corpus das produções plásticas de uma
criança de oito anos de idade, com diagnóstico de meningite, internada em um

1
Pesquisa inserida no Grupo de Pesquisas em Paradigmas Assistenciais em Terapias
Alternativas (NEPATA) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
(UFG). Texto extraído da tese: VALLADARES, A. C. A. A Arteterapia com criança
hospitalizada: uma análise interpretativa de suas produções. 2007. 222 f. Tese
(Doutorado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Área de Enfermagem Psiquiátrica,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.
2
Arteterapeuta, Profª Drª da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
(FEN/UFG), Presidente da Associação Brasil Central de Arteterapia (ABCA), membro do
conselho diretor da UBAAT, integrante da rede PsicoArte. E-mail: aclaudiaval@terra.com.br
3
Graduanda de Enfermagem da UFG e relatora do trabalho
4
Graduanda de Enfermagem da UFG
5
Profª Drª da Escola de Enfermagem da USP, psicóloga e orientadora do trabalho
6
Profª Pós-Drª da UNIP (SP), psicóloga, psicoterapeuta junguiana, integrante da rede
PsicoArte e orientadora do trabalho.
hospital público de Goiânia/GO, a qual passou por intervenções breves de
Arteterapia. A análise de dados evidenciou que, ao projetar suas imagens nas
produções plásticas, no decorrer da avaliação inicial à final, a criança expôs
sua história de vida e seu momento existencial, e também mostrou como
estavam organizados seus conteúdos internos, como essa organização foi se
modificando ao longo do processo arteterapêutico em favor de seu
fortalecimento, crescimento e desenvolvimento psíquico. A realização deste
trabalho mostrou que a criação de espaços para as intervenções de Arteterapia
muito contribuirá para facilitar a expressão das crianças de forma mais
produtiva, bem como para transformar o ambiente hospitalar em local propício
ao desenvolvimento saudável da criança.

Palavras-chave: Arteterapia; Saúde Mental; Teoria Junguiana; Enfermagem


Pediátrica; Criança hospitalizada; Psicologia Hospitalar; Processo de Cuidar
em Saúde e Enfermagem.

Fig.1 – Modelagem livre produzida pela criança hospitalizada Tamara durante


a avaliação final de Arteterapia. História apresentada sobre a imagem: “A
roseira quando nasce toma conta do jardim eu também ando buscando quem
toma conta de mim”

Introdução
A hospitalização pode desencadear na vida da criança adversidades e
estresse no curso do seu desenvolvimento natural. Diante da preocupação com
a saúde mental da criança hospitalizada e na busca de atendimento às suas
necessidades vitais, vê-se a possibilidade da inserção da Arteterapia, com suas
atividades lúdicas, no ambiente hospitalar pediátrico, tendo em vista que
favorece o desenvolvimento da expressão e criação infantil, bem como o
crescimento global da criança, motivo pelo qual deve fazer parte da vida delas,
especialmente daquelas hospitalizadas.
Urrutigaray (2003, 2006) acrescenta que, na Arteterapia, o confronto entre
as polaridades opostas (consciente e inconsciente), realizado por meio das
produções plásticas criadas, traz a possibilidade de integração entre ambas; é
esse processo que leva à transformação.
Furth (2004), Leite (2002), Norgren (2004), Valladares (2004, 2005) e
Valladares et al. (2000, 2002, 2004) acreditam que, tanto na arte quanto na
Arteterapia, os conteúdos do inconsciente são registrados pela produção
simbólica (imagens), pela cor, formas, movimentos, ocupação no suporte e
padrões expressivos gerais, elementos que compõem o processo de
transformação e obtêm consistência a partir da criação plástica.
Presume-se, então, que, no caso das crianças hospitalizadas, a análise
dos conteúdos das produções simbólicas (cores, profundidade, criatividade etc)
apresenta o registro dos momentos de suas vidas. Ao produzirem as imagens,
elas estariam simbolizando a si mesmas, seu mundo físico (sensório-motor),
mental (cognitivo), emocional, sua imaginação, o mundo das idéias, dos
sonhos e da memória; em síntese, as imagens das produções plásticas têm um
significado real para a criança porque representam e são o reflexo da sua vida
intrapsíquica (CASE; DALLEY, 1994).
Este estudo objetivou realizar uma análise compreensiva das produções
plásticas de uma criança hospitalizada, a partir da Psicologia Analítica,
buscando apreender as transformações das representações plásticas que
ocorreram ao longo do processo arteterapêutico.

Metodologia
Escolheu-se como percurso metodológico a pesquisa qualitativa,
especificamente o clínico-qualitativo de Turato (2003), que privilegiou analisar o
conteúdo e a evolução das produções plásticas da criança hospitalizada.
Compôs o estudo o corpus das produções plásticas de uma criança de
oito anos e dez meses de idade, com diagnóstico de meningite bacteriana
aguda, internada em um hospital público de Goiânia/GO, a qual passou por
intervenções breves de Arteterapia.
Este trabalho é parte da tese de doutorado desta pesquisadora, cujo título
é “Arteterapia com criança hospitalizada: uma análise compreensiva de suas
produções”; examinado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica
Humana e Animal do HUGO. Mãe e criança receberam esclarecimentos sobre
a pesquisa e o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
tendo a responsável (mãe) assinado o referido documento.
A coleta dos dados foi organizada em torno de instrumentos específicos
utilizados pela arteterapeuta que possibilitou a análise da caracterização do
sujeito da pesquisa em suas múltiplas dimensões. Para identificação e
caracterização da participante, a autora da pesquisa usou os seguintes
instrumentos: Cadastro de Identificação e o Questionário da Escala
Comportamental Infantil A2 de Rutter adaptado por Graminha (1994).
Para análise preliminar e específica das cinco modalidades de produção
artística (desenho, pintura, colagem, modelagem e construção), produzidas
durante a pré-intervenção de Arteterapia e de outras cinco elaboradas nas pós-
intervenções, que ao todo somaram dez análises, a pesquisadora empregou
como guia sistemático de apoio, o seguinte instrumento: Roteiro de Avaliação
da Representação Plástica Infantil.

Resultados e Discussão
Muitos dos temas analisados foram recorrentes em várias produções
imagéticas, e por este motivo seus conteúdos foram agrupados em torno de
questões centrais, mesclando os aspectos morfológicos, simbólicos e
subjetivos das produções de Tamara7.
Dos trabalhos, extraíram-se oito idéias centrais consideradas relevantes
em relação à sua evolução, que contemplaram os objetivos do estudo. As
idéias centrais extraídas foram: melhora da representação espacial, expansão
e crescimento dos trabalhos, melhora do tratamento das imagens, melhora do
nível de desenvolvimento, aparecimento do contexto, amplitude e

7
Nome fictício
aprofundamento da temática, melhora da capacidade de abstração e
simbolização, e surgimento do vínculo terapêutico.
As imagens de Tamara ao serem projetadas nas produções plásticas, da
avaliação inicial à final, mostraram sua história de vida e seu momento
existencial, e como esse fluxo energético se organizava e ia sendo modificado
positivamente em favor do fortalecimento, crescimento e desenvolvimento
psíquico da criança. Nas produções da avaliação final, Tamara fez emergir
conteúdos que sugeriam a prevalência de aspectos mais estruturais do seu
mundo interno, diferentemente do que foi mostrado na avaliação inicial, sinais
sugestivos de fragilidade emocional.
As intervenções de Arteterapia propiciaram a expressão da subjetividade
e a valorização das potencialidades de Tamara, e também ajudaram-na a
resgatar recursos para enfrentar a vida, a doença, a hospitalização e o
tratamento; enfim, aspectos mais saudáveis da sua personalidade.
Seguramente a Arteterapia favoreceu o desbloqueio e o fluxo da energia
psíquica, facilitando tanto a aceitação do tratamento, da enfermidade, como
promovendo mudanças internas e externas no seu comportamento
(relaxamento, equilíbrio). Por fim, o processo arteterapêutico mostrou a
trajetória de uma criança que, apesar de inúmeros conflitos e dificuldades,
parece ter conseguido transformar favoravelmente algumas das questões que
a afligiam naquele momento.
Cabe salientar que a oferta de uma gama variada de recursos expressivos
foi muito importante, pois como todas as técnicas utilizadas possuíam efeitos
terapêuticos diversificados, potencialidades e limitações distintas, as
modificações foram positivas e com traços semelhantes, mostrando que a
comunicação não-verbal fala por si só, sem necessitar de quaisquer palavras,
pois tudo é expresso plasticamente. Toda produção artística tem dois aspectos:
o comum, que, em geral, é o que eu vejo e os outros também (ou o que os
outros falam) e o aspecto fantasioso ou metafísico, aquele que raros indivíduos
nos seus momentos de clarividência e meditação metafísica vêem, algo que
não aparece de forma visível (JAFFÉ, 2005).

Conclusão
Tentar fazer uma análise compreensiva na abordagem junguiana é fazer a
amplificação do significado do conteúdo subjetivo das produções artísticas e
consequentemente o seu alargamento e aprofundamento, o que representou
olhar além do comum e consciente por meio de associações com símbolos
universais, encontrados na mitologia, na história, nas religiões etc (GRINBERG,
2003) e refletir sobre o que estava por trás dos sentimentos de Tamara, sem,
portanto reduzir os conteúdos a uma simples interpretação isolada e
desconectada do comportamento e história de vida da criança.
A análise do conteúdo imagético favoreceu a apreensão de aspectos do
mundo consciente e inconsciente de Tamara, assim como de aspectos do
inconsciente pessoal e coletivo, mas nem tudo pôde ser explicado ou
compreendido, pois o símbolo é composto por aspectos conscientes (contendo
representações cujo significado é claro e acessível), mas também
inconscientes (a cujos significados não se têm acesso direto).
A Arteterapia favoreceu momentos de relaxamento, de bem-estar e de
descontração, facultando ao sistema imunológico da criança um tempo para
agir e recuperá-la mais rapidamente das adversidades advindas com a
hospitalização. Com isso, a Arteterapia promoveu o bem-estar físico,
emocional, intelectual e social de Tamara.
Considerando-se, ainda, que a ação lúdica faz parte da espontaneidade
da criança, para Ferraz e Fusari (1999), o brincar é essencial na infância,
significando a maneira pela qual a criança vai organizando suas experiências,
descobrindo e recriando seus sentimentos e pensamentos a respeito do
mundo, das coisas e das pessoas com as quais convive.
Complementam os autores: quanto mais intensa e variável for a
brincadeira, mais a criança se desenvolve mental e emocionalmente, pois
brincar a faz conviver com situações ilusórias, e assim aprende a organizar o
seu imaginário e muitas vezes realiza seus desejos simbolicamente. As artes
plásticas, atividades fundamentais da Arteterapia, estão inseridas neste
contexto lúdico e funcionam como estímulo ao desenvolvimento construtivo da
imaginação e da fantasia infantil, componentes essenciais para a vida da
criança.
É necessário tornar real e viável a proposta de humanização do espaço
hospitalar pediátrico, o que exige a integração dos cuidados físicos e mentais
das crianças num investimento conjunto, que vise à recuperação e reintegração
global da criança fragilizada. A Arteterapia poderá e deverá ser desenvolvida
como medida de prevenção e de tratamento em comunidades vulneráveis a
transtornos mentais, especialmente em situações de crise, como na
hospitalização direcionada principalmente a pessoas com dificuldades na
comunicação e sua elaboração usual, como as crianças.
A criança, no seu processo de desenvolvimento afetivo, psicomotor,
cognitivo e social, explora e interage com seu meio de forma contínua, quando
lhe são oferecidas oportunidades em ambientes favoráveis, pois cuidar de
quem se encontra fragilizado e internamente desorganizado em função de uma
doença grave não é tarefa fácil. Neste caso, cabe aos profissionais
especializados em Arteterapia, pessoas também importantes na equipe
hospitalar, tornar o ambiente estimulante e acolhedor e ainda valorizar os
afetos e as emoções, além da parte física já trabalhada por outros
profissionais; somente assim a criança poderá enfrentar a doença e a
hospitalização de forma ampla e construtiva, dinâmica e saudável.
Enfim, este trabalho representa para a pesquisadora um grande
aprendizado, no qual concilia pesquisa e intervenção. Ele a fez conduzir seu
olhar clínico em busca da compreensão das imagens simbólicas, à luz do
referencial teórico da Psicologia Analítica, dentro do processo arteterapêutico,
do qual poderão compartilhar arteterapeutas, profissionais da saúde e
pesquisadores que trabalham com esta temática.
Fica claro, neste trabalho, que a Arteterapia e outras abordagens
terapêuticas ainda pouco estudadas, continuem como foco de novas
pesquisas, com aprofundamento da compreensão das produções imagéticas
especificamente adequadas às características da população pediátrica
hospitalizada. Tais estudos servirão tanto para ampliar os conhecimentos sobre
o mundo subjetivo infantil, quanto para o aprimoramento de terapêuticas mais
adequadas a esse contexto, bem como para consolidar a produção científica
em Arteterapia, áreas de conhecimento que podem se unir a outras, em prol da
promoção da saúde mental de crianças hospitalizadas.

Referências
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