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Júri:
Presidente : Doutor José Álvaro Pereira Antunes Ferreira
Vogais: Doutor Francisco Manuel Freire Cardoso Ferreira
Doutor Tiago Alexandre Abrantes Teixeira Lopes Farias
Mestre Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura
Março de 2005
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Júri:
Presidente : Doutor José Álvaro Pereira Antunes Ferreira
Vogais: Doutor Francisco Manuel Freire Cardoso Ferreira
Doutor Tiago Alexandre Abrantes Teixeira Lopes Farias
Mestre Filipe Manuel Mercier Vi laça e Moura
Março de 2005
Resumo
RESUMO
O consumo de energia não tem parado de crescer nas últimas décadas, sendo
suportado, sobretudo, por fontes energéticas de origem fóssil. Este padrão de consumo
que se deve, em grande parte, ao sector dos transportes, é insustentável, tendo em
atenção, para além da segurança associada ao seu fornecimento, os impactes
ambientais que lhe estão associados, nomeadamente, quanto à emissão de GEE.
É neste contexto que se desenvolve uma reflexão sobre os principais factores de que
depende a intensidade ambiental da mobilidade de passageiros em áreas urbanas,
considerando, também, que é nestes territórios que se verifica uma parte significativa do
tráfego de passageiros.
i
Abstract
ABSTRACT
Energy consumption has been growing continuously for the last decades, depending
mostly on fossil fuels. This trend, which transportation is partly responsible of, is not
sustainable due to its environmental impacts, which include climate change. Moreover,
the present pattern of consumption also increases states’ dependency on foreign supply
of primary energy.
In this context, the present thesis reckons the principal factors that influence the
environmental intensity of passenger mobility in urban areas, where passenger
transportation activity is concentrated in view of the national context.
Amid several factors, the following are important issues that are discussed here: land use
planning, transport and final-use-energy production technologies, socio-economy and
individual behaviour.
Based on the previous discussion, the variables that influence environmental intensity of
urban mobility are identified and an analytical formula is proposed in order to quantify that
indicator. This formula is then applied to the case of Lisbon Metropolitan Area.
The case-study of the LMA shows that private cars have the worse environmental
performance and electric-powered railways are the less energy-intensive public
transportation.
iii
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Em “casa”, desde cedo que os meus pais nos procuram transmitir, a mim e aos meus
dois irmãos, o sentido de curiosidade e de análise crítica acerca do que nos rodeia. Esta
atitude, que assumi como soube, contribuiu decisivamente para a decisão de voltar a
estudar numa instituição académica, poucos anos depois de concluir a licenciatura. O
mestrado em transportes surgiu no contexto da actividade profissional que exerço, cuja
área de intervenção pretendo continuar a aprofundar. Neste domínio, não posso deixar
de referir o apoio que, desde o primeiro momento, me foi prestado pelo Instituto Nacional
de Transporte Ferroviário, no sentido de me possibilitar a frequência e conclusão do
mestrado.
Tenho, ainda, que explicitar que o gosto que tenho em conhecer melhor as relações
existentes entre os domínios dos transportes e do ambiente é, em grande parte, devido à
excelência das pessoas com quem tenho tido oportunidade de partilhar estas matérias.
Não posso, também, deixar de mencionar as pessoas que, mais directamente, estiveram
envolvidas na elaboração desta dissertação: os meus dois orientadores, Tiago Farias e
Filipe Moura, e o meu pai.
Tenho que agradecer à Teresa Malheiro, que sempre se mostrou disponível para ajudar
em tudo o que fosse necessário.
Estou, ainda, convicto de que não teria conseguido concluir esta dissertação sem a
motivação que sempre me foi dada pelo Filipe Moura, Raul Vilaça Moura, Luísa Marques
Júnior e, muito em particular, pelo meu pai, mãe, irmãos.
v
Índice Geral
ÍNDICE GERAL
RESUMO............................................................................................................................... I
AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................V
URBANA ...................................................................................................................33
vii
Índice Geral
5.1 Introdução........................................................................................................ 87
5.2 Caracterização geográfica e sócio-económica da AML ................................. 87
5.3 Unidades homogéneas ................................................................................... 90
5.3.1 Serviços de transporte.................................................................................91
5.3.2 Veículos de transporte.................................................................................94
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................... I
ANEXOS .............................................................................................................................XI
viii
Índice de Figuras
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2-2 – Quociente entre a energia primária fornecida a nível mundial e o PIB
em paridade do poder de compra (1971-2020) .........................................12
Figura 2-3 – Disponibilização mundial de energia primária por tipo de fonte (1971-
2020)...........................................................................................................13
Figura 2-4 – Consumo de energia primária por sector na OCDE (1971-2020) .............16
Figura 2-5 – Consumo mundial de energia final - total e no sector dos transportes
(1970-2020) ................................................................................................17
ix
Índice de Figuras
Figura 4-2 – Benefício para o passageiro de deslocações com diferentes motivos ..... 70
x
Índice de Tabelas
ÍNDICE DE TABELAS
xi
Justificação e objectivos
1 JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS
No domínio dos transportes, o Livro Branco (CCE, 2001) afirma que “é difícil conceber um
crescimento económico forte, criador de empregos e de riqueza, sem um sistema de
transportes eficaz, que permita tirar pleno proveito do mercado interno e do efeito de
globalização do comércio”.
1
Justificação e objectivos
Neste contexto considera-se haver lugar para desenvolver um trabalho que, com base na
observação de algumas das vertentes do ciclo de vida da produção de serviços de
transporte1, consiste em desenvolver um indicador que permita monitorizar ao longo do
tempo o desempenho ambiental decorrente do consumo energético de diferentes
sistemas de transporte e explicitar os factores que a condicionam. Esta problemática é
retomada no capítulo 2.
1
O ciclo de vida de um bem ou serviço incorpora todas as actividades que são necessárias para
que a disponibilização daquele bem ou serviço seja possível. Uma análise do ciclo de vida do
consumo de energia nos transportes é feita no capítulo 3.1 da dissertação.
2
Justificação e objectivos
Nesta secção enunciam-se algumas das razões pelas quais se toma os sistemas urbanos
enquanto território de análise da intensidade ambiental em deslocações de passageiros.
Esta escolha é substanciada pela significância da pressão ambiental que, nas sociedades
ocidentais, decorre da utilização dos sistemas de transporte nestes territórios.
É cada vez mais nestas áreas que se concentra grande parte da população, à qual está
associada um maior índice de mobilidade 2 e onde se verificam maiores
congestionamentos rodoviários, que são indutores de uma menor eficiência energética3,
de maiores impactes ambientais, sociais e até económicos.
Por outro lado, concomitantemente com a cada vez maior tendência de concentração da
população em torno das grandes metrópoles, verifica-se também a diminuição do número
de residentes no seu centro. Este facto teve como consequência, entre outras, a
urbanização de zonas periurbanas e rurais, a dispersão territorial da procura de
transporte e a necessidade de movimentações pendulares cada vez mais extensas.
2
Medido em termos do número de viagens per capita.
3
Pelo menos nas tecnologias com motores de combustão interna. Como se verá em maior detalhe
no capítulo 4, o conceito de ‘eficiência energética’ traduz a quantidade de trabalho que pode
ser produzido com uma determinada quantidade de energia.
3
Justificação e objectivos
Estes fenómenos, conjuntamente com outros de natureza cultural, um cada vez maior
poder de compra, entre outros factores subjacentes à escolha modal em deslocações
urbanas 4, resultaram na maior utilização e dependência do transporte individual e, por
essa via, no agravamento dos impactes anteriormente referidos.
4
Como sejam maiores rendimentos, maior disponibilidade económico-financeira, maior taxa de
motorização, maior dispersão urbana acompanhada de oferta de infra-estruturas rodoviárias,
entre outros.
4
Justificação e objectivos
Em face do que ficou exposto considera-se ser relevante explicitar como caso de estudo,
um sistema de mobilidade urbana de passageiros, neste caso da área Metropolitana de
Lisboa, capaz de contribuir para a reflexão em torno da preocupação sobre a
sustentabilidade ambiental do transporte de passageiros.
5
Decreto-Lei 268/2003, de 28 de Outubro que aprova a criação das Áreas Metropolitanas de
Lisboa e Porto.
5
Justificação e objectivos
Assim sendo, começa-se por identificar a importância dos sectores energético e dos
transportes na economia, aprofundando-se seguidamente as implicações ambientais
decorrentes do consumo de energia pelo sector dos transportes. De forma a
compreender a importância daqueles impactes no longo prazo, traçam-se alguns
cenários possíveis de evolução nas tecnologias de motorização automóvel, ainda no
capítulo 2.
6
Como se verá em maior detalhe no capítulo 4, o conceito de ‘intensidade ambiental traduz a
pressão ambiental gerada por unidade de trabalho produzido.
6
Justificação e objectivos
7
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
O sistema de avaliação de impactes ambientais denominado por DPSIR 7 foi definido pela
Agência Europeia de Ambiente com vista a estabelecer uma estrutura que permitisse
analisar de forma sistemática os problemas ambientais decorrentes da actividade
humana.
Forças
Resposta
condicionantes
Pressões Impacte
Estado
7
Driving forces - Pressure - State - Impact – Response.
9
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
sentido de originar uma alteração da conjugação de forças que estão na base das
pressões ambientais.
Tendo por base este modelo de análise, procura-se explicitar, na secção 2.2, a evolução
do consumo de energia a nível internacional, a sua importância económica e social e as
principais implicações ambientais decorrentes do seu consumo. Através dessa
explanação constata-se que o sector dos transportes é, entre as actividades económicas
consideradas, aquela que mais tem condicionado as implicações ambientais negativas do
consumo de energia. Esses impactes são explorados na secção 2.3, incidindo a análise
nos aspectos relacionados com a emissão de poluentes atmosféricos. No secção 2.4
identificam-se as soluções tecnológicas (respostas da sociedade) que estão actualmente
em desenvolvimento para fazer face às implicações ambientais da actividade de
transporte.
Desde essa altura que se têm obtido enormes ganhos em termos do rendimento
energético, não só em resultado da reorganização dos processos produtivos, mas
10
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Mais de um século depois, na crise energética dos anos 70 do século passado houve
uma nova tentativa de alterar a estrutura de consumo energético, em resposta, quer ao
aumento do preço dos combustíveis primários, quer à incerteza e garantia no
fornecimento de energia final.
Desde essa altura, a eficiência energética não tem parado de aumentar. Uma relação
empírica comummente utilizada para monitorizar a desmaterialização energética da
economia coloca em confrontação um indicador de consumo energético (ou de pressão
ambiental) com o produto per capita do sistema económico em causa. Este tipo de curvas
é vulgarmente denominado por kuznets, por reconhecimento do trabalho do russo Simon
Kuznets, que foi laureado com o Prémio Nobel da Economia em 1971, pela sua
interpretação através de dados empíricos relativos ao crescimento económico das
nações8.
8
A atribuição do prémio Nobel foi justificada por: “his empirically founded interpretation of
economic growth” (http://www.nobel.se/economics/articles/lindbeck/index.html).
11
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Figura 2-2 – Quociente entre a energia primária fornecida a nível mundial e o PIB em paridade do
poder de compra (1971-2020)
(Fonte: IEA, 1998a)
Este decréscimo é a tradução de, nesse mesmo período, o consumo energético ter
crescido a um ritmo de 2,0% ao ano e a actividade económica a um ritmo de 3,1% ao
ano. A Agência Internacional de Energia prevê que, globalmente, essa tendência se
mantenha, pelo menos até ao ano de 2020.
12
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Milhões de tep
Combustíveis fósseis
Nuclear
Renováveis
Figura 2-3 – Disponibilização mundial de energia primária por tipo de fonte (1971-2020)
(Fonte: IEA, 1998a)
O crescimento da procura de energia primária, bem como de energia final, tem impactes
económicos e sociais significativos, tanto em termos da segurança no seu fornecimento,
como em termos da competitividade das economias e dos factores produtivos que a
compõe.
Neste contexto, importa também evidenciar que grande parte dos impactes ambientais
gerados pela actividade humana, durante o último século, resultaram da disponibilização
13
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Assim sendo, e porque do ponto de vista de eficiência económica também deveriam ser
reflectidos na estrutura de custos, são de realçar um conjunto significativo de impactes
ambientais negativos associados ao consumo de energia, que começam antes de mais
pela depleção de recursos naturais, e que abrangem, entre outros, a poluição atmosférica
– que gera impactes a nível local, regional e global - e a poluição de ecossistemas. Na
tabela seguinte, sintetizam-se alguns dos impactes decorrentes do consumo de energia.
(UNEP, 2003; EEA, 2002 a; ERSE, 2000)
Libertação de
rádio na extracção
de urânio
Descargas de
produtos
petrolíferos
Poluição
atmosférica
decorrente de
queimas
14
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Um breve diagnóstico da informação disponível (IEA, 1998 c; EEA, 2002 c; DGA, 2000)
permite concluir que, hoje em dia, o sector dos transportes constitui, a par do industrial, o
maior consumidor de energia primária no conjunto dos países da OCDE.
Ainda segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, 1998 c), o sector dos transportes
é aquele em que se prevê que venha a haver o maior crescimento de procura de energia
primária nos próximos anos. Esse diagnóstico está expresso na Figura 2-4 seguinte.
15
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Geração de
energia
Usos
Milhões de tep
estacionários
Mobilidade
Procura de
electricidade
9
Figura 2-4 – Consumo de energia primária por sector na OCDE (1971-2020)
(Fonte: IEA, 1998a)
Uma análise sectorial do consumo de energia final (após transformação) não difere muito
do cenário apresentado relativamente à energia primária. De facto, através da figura
seguinte, pode verificar-se que, a nível mundial, o sector dos transportes é o principal
responsável pelo crescimento do consumo de energia final, com uma contribuição da
ordem dos 30% do total. As estimativas indicam que essa tendência se manterá pelo
menos até 2020 (IEA, 1998 a; IEA, 2000; Zachariadis & Kouvaritakis, 2003; CEC,
2001 a).
9
“Electric demand” representa o total de energia eléctrica consumida pelos consumidores finais.
“Stationary uses”, representa sobretudo os combustíveis utilizados na indústria e em
aquecimento. “Mobility”, representa os combustíveis não eléctricos consumidos nas diversas
formas de transporte. “Power generation”, representa os combustíveis usados na produção de
outras formas de energia.
16
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Milhões de tep
Todos os
sectores
Transportes
Figura 2-5 – Consumo mundial de energia final - total e no sector dos transportes (1970-2020)
(Fonte: IEA, 2000)
Uma metodologia alternativa de análise dos sectores que mais concorrem para o
consumo final de energia, é proposta por Alcântara & Padilla (2003), a partir do cálculo da
elasticidade da procura de energia final em relação à energia final consumida por sector
de actividade económica. Estes autores, através daquela metodologia, numa análise do
caso espanhol, reconhecem, igualmente, o peso relativo do sector dos transportes no
consumo de energia final.
17
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
VAB
Output físico
Emissão de GEE
Emissão de substâncias
percursoras do ozono
troposférico
Emissão de substâncias
acidificantes
10
O valor acrescentado bruto dos produtos energéticos foi calculado a preços constantes de 1995.
Os valores respeitantes à transformação de energia constituem previsões de 1998 e 1999. As
emissões associadas ao fornecimento de energia incluem as emissões industriais e as
fugitivas. Os GEE incluem o CO2, o CH4 e o N2O. Os gases acidificantes incluem os NOx e o
SO2. As substâncias precursoras do ozono troposférico englobam os seguintes gases: NOx,
COVNM, CO e CH4. Foram considerados factores de ponderação de forma a combinar os seus
efeitos em termos poluentes.
11
Para efeitos de comparação, as emissões dos seis gases com efeito de estufa são, geralmente,
expressas em CO2 equivalente, baseados no Potencial de Aquecimento Global (PAG ou GWP,
do inglês Global Warming Potential) correspondente a 100 anos [PAG = CO2 + N2O (em CO2 eq.) +
CH4 (em CO2 eq.)]. O PAG do do CH4 e do N2O são 21 e 310, respectivamente. Tal significa que o
CH4 apresenta um potencial de aquecimento global 21 vezes superior ao do CO2 (1 kt CH4 = 21 kt
CO2 eq) e que o N2O apresenta um potencial de aquecimento global 310 vezes superior ao do
CO2 (1 kt N2O = 310 kt CO2 eq). Refira-se ainda que os GEE são expressos em CO2 equivalente não
pelo PAG, mas sobretudo pela sua representatividade no cômputo global das emissões de
GEE.
18
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Relativamente aos restantes indicadores apresentados na Figura 2-6 importa referir que
os principais gases eutrofizantes e acidificantes decorrentes da actividade antropogénica
são o dióxido de enxofre (SO2), os óxidos de azoto (NO x ), o amoníaco (NH 3) e as
partículas (PM). Em concentrações elevadas, estes gases podem não só causar danos
directos na saúde humana e no património cultural construído, como também no
ambiente, ao contribuir para a degradação dos ecossistemas e para a eutrofização e
acidificação dos solos e da água.
Uma análise sectorial da emissão de CO2 revela que, a nível comunitário, o sector dos
transportes é responsável por mais de 25%12 do total de emissões de CO 2. Tal como se
registou no que concerne ao consumo de energia, que está na origem de grande parte
12
No caso de se impor aos sectores finais de consumo (industrial, residencial e serviços,
transportes) as emissões decorrentes do fornecimento de energia final.
19
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
daquela pressão ambiental, a contribuição dos transportes para o total de GEE emitidos,
apresenta, também, uma tendência crescente, sendo mesmo o único sector económico a
nível europeu a apresentar tal orientação.
Fornecimento de energia
Indústria
Habitação e serviços
Transportes
20
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
• atmosfera;
• fauna;
• flora;
• solo;
• água;
• diversidade biológica;
• paisagem;
• clima;
• recursos minerais;
• população e povoamentos;
• património cultural;
• condicionantes, servidões e restrições;
• sistemas e redes estruturantes;
• espaços e usos definidos em instrumentos de planeamento;
• sócio-economia.
21
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Verifica-se, ainda, que os modos de transporte que mais impactes ambientais negativos
geram no que concerne à emissão de poluentes atmosféricos decorrente do consumo de
energia, são os que possuem motores de combustão interna, cuja tracção é feita por
combustíveis de origem fóssil.
Assim sendo, importa analisar, não apenas a evolução global da mobilidade, mas
também a forma como ela se distribui pelos diferentes modos de transporte.
Toneladas.km
Passageiros.km
Registo histórico
PIB Projecção com
base em dados de
1995
22
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
13
www.europa.eu.int/comm/eurostat
23
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Holanda
Grécia
Reino Unido
Dinamarca
Bélgica
Espanha
Rodoviário
Luxemburgo
Aéreo
Irlanda
Ferroviário
Suécia
França Navegação interior
Finlândia
Portugal
Alemanha
Áustria
Itália
UE 15
Figura 2-10 – Energia final consumida (percentualmente) pelos diferentes modos de transporte
nos países da UE 15 (1999)
(Fonte: EEA, 2002)
24
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Esta evolução pode, em parte, ser explicada pela situação económica e social em que se
encontrava Portugal relativamente aos restantes países da UE 15, no início da década de
90. De facto, uma significativa parte das emissões de GEE na UE 15 deve-se à
combustão de produtos petrolíferos no sector industrial e dos transportes, sendo que
Portugal no início do período em referência apresentava um nível de motorização e de
mobilidade bastante abaixo na média europeia e um consumo de energia eléctrica per
capita igual a 57% da UE 15.
Não obstante algumas das razões apontadas para este crescimento das emissões acima
da média europeia, demonstra o carácter urgente e imperativo em monitorizar e
acompanhar o consumo energético e a emissão de CO2 no sector dos transportes, bem
25
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
14
European Automobile Manufacturers' Association: BMW AG, DaimlerChrysler AG, Fiat S.p.A.,
Ford of Europe Inc., General Motors Europe AG, Dr. Ing. H.C.F. Porsche AG, PSA Peugeot
Citroën, Renault SA, Volkswagen AG, AB Volvo.
15
Japan Automobile Manufacturers' Association: Daihatsu, Fuji Heavy Industries (Subaru), Honda,
Isuzu, Mazda, Nissan, Mitsubishi, Suzuki, Toyota.
16
Korean Automobile Manufacturers' Association: Daihatsu, Fuji Heavy Industries (Subaru),
Honda, Isuzu, Mazda, Nissan, Mitsubishi, Suzuki, Toyota.
17
Os carros vendidos na União Europeia entre 2008 e 2009 não deverão emitir mais do
140 g/vkm, o que significa que o consumo médio dos veículos com propulsão a gasolina não
deverá passar dos 5,8 l/100 vkm, sendo que nos veículos com motor diesel, o consumo de
gasóleo não deverá ultrapassar os 5,25 l/100 vkm.
26
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Assim sendo, um conjunto mais vasto de instrumentos, medidas e diplomas legais foram
também aprovados no sentido de uma maior eficiência energética e ambiental no sector
dos transportes.
Para além da promoção dos modos não motorizados e de estratégias conducentes a uma
repartição modal mais equitativa e que reflicta as vantagens comparativas de cada modo
de transporte, aquele documento coloca também enfoque na necessidade de criar um
novo quadro regulamentar sobre combustíveis alternativos para veículos rodoviários. O
objectivo estabelecido é o de, até ao ano 2020, proceder à substituição de 20% dos
combustíveis clássicos por combustíveis alternativos. Nesse sentido foi aprovada uma
Directiva (CCE, 2003) relativa à promoção da utilização de biocombustíveis ou de outros
combustíveis renováveis nos transportes.
27
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
• Metanol;
• Etanol;
• Biodiesel;
• Hidrogénio;
• Éter-dimetílico.
(IEA, 1999).
Contudo, está em curso um profícuo debate acerca de qual(is) o(s) combustível(eis) que
permitirá(ão), no longo prazo, para a redução da emissão do CO 2, proveniente da
utilização de energia no sector dos transportes.
Azar, Lindgren e Anderson (2003) consideram que devem ser respondidas três questões
no sentido de analisar as soluções que poderão vingar no sentido da prossecução
daquele objectivo:
Por seu turno, o Agência Internacional de Energia (IEA, 1999) refere que os principais
obstáculos à difusão em larga escala de combustíveis alternativos aos actuais
prendem-se com questões interdependentes, de natureza tecnológica, social e
económica.
Uma solução tecnológica, para encontrar algum sucesso no seio dos consumidores, tem
que desfrutar também de uma aceitação social alargada, que poderá estar relacionada
com as características intrínsecas da solução, mas também de eventuais decisões
políticas para a sua promoção. Para além de aspectos de natureza social surgem outros
de natureza económica. Neste domínio, as restrições surgem não apenas com a
renovação das frotas de veículos, mas também com a necessidade de - relativamente a
alguns combustíveis – instalar novas infra-estruturas de distribuição e/ou armazenamento
dos mesmos. As condições locais de cada território poderão ditar o sucesso ou insucesso
nas políticas de substituição de combustíveis.
18
A energia contida na biomassa pode ser utilizada como fonte de calor em combustíveis como o
hidrogénio, o metanol, o etanol ou a electricidade.
28
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
É relevante relembrar, ainda, que, numa fase transitória de curto prazo, alguns dos
combustíveis alternativos podem ser misturados com com bustíveis convencionais,
mediante pequenas alterações na tecnologia dos veículos. Na tabela seguinte
apresenta-se as tecnologias de motorização em que cada um dos combustíveis poderá
ser utilizado enquanto combustível de propulsão.
Neste domínio, a IEA concluiu, em Março de 1998, um estudo (IEA, 1999) que desagrega
as estimativas pelo curto (próximos 5 anos) e longo prazo (num prazo compreendido
entre 15 e 25 anos).
19
A pilha de combustível foi acrescentada pelo autor (Schafer, 2002)
29
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Hidrogénio
Biodiesel
Etanol (starch)
Etanol (celulósico)
Percintil 50 (mediana)
Metanol (celulósico)
Percentil 10
Percentil 25
Percentil 75
Percentil 90
GNL
GNC
GPL
Valores de 1996
Gasolina
Figura 2-13 – Emissão relativa de CO2 em veículos ligeiros com propulsão de diferentes tipos de
combustíveis - curto prazo (abordagem “well-to-wheel”)
(Fonte: IEA, 1999)
Hidrogénio
Biodiesel
Etanol (starch)
Etanol (celulósico)
Percintil 50 (mediana)
Metanol (celulósico)
Percentil 75
Percentil 90
GNL
GNC
GPL
Valores de 1996
Gasolina
Figura 2-14 – Emissão relativa de CO2 em veículos ligeiros com propulsão de diferentes tipos de
combustíveis - longo prazo (abordagem “well-to-wheel”)
(Fonte: IEA, 1999)
30
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Conforme se pode visualisar nas figuras da página anterior, o combustível que apresenta
maior variabilidade nas emissões de CO 2, quer no curto, quer no longo prazo, é o
hidrogénio. O montante das emissões, devidas à utilização do hidrogénio enquanto
combustível, está, maioritariamente, dependente das fontes primárias de energia que
estão na base da produção do hidrogénio. A diversidade de fontes primárias actualmente
existentes, umas em maior escala que outras, possibilita que este seja o combustível que
apresenta um menor quantitativo de emissões por veículo.km, mas, concomitantemente,
o que, em virtude dos processos de produção, pode ser mais penalizador no que respeita
à emissão de CO2. Assim sendo, muitos dos esforços actualmente empreendidos no
domínio do hidrogénio, enquanto fonte de energia, estão centrados na procura de uma
fonte primária de energia para a produção de hidrogénio, que permita, a preços
competitivos, relativamente a outros combustíveis alternativos, garantir segurança no seu
fornecimento e uma menor emissão de GEE.
Não obstante, o debate, no meio científico, sobre as vantagens das diferentes soluções
tecnológicas, ao nível dos combustíveis, permanece, sendo que não deverá serenar nos
anos mais próximos. Muita investigação há ainda que desenvolver, sendo que, no sentido
da disseminação das novas tecnologias, não são desprezáveis os investimentos exigíveis
à indústria, às empresas e às famílias. Para além disso é necessário atender ao período
de amortização das tecnologias instaladas.
Assim sendo, não obstante a dinâmica da economia actual, parece consensual que nos
próximos 30 a 50 anos os combustíveis de origem fóssil deverão dominar o mercado das
energias propulsoras dos veículos rodoviários. (IEA, 1999; Pickrell, 2003)
31
O desempenho ambiental dos sectores da energia e dos transportes
Por outro lado, há que evidenciar ainda que, das pressões ambientais descritas na
secção 2.3, a tecnologia dificilmente solucionará os impactes ambientais causados pela
actividade de transporte, relacionados com a indisponibilidade de utilização do solo para
outros fins e com a fragmentação dos habitats.
Tendo presente o que foi exposto, considera-se haver lugar para, por um lado, evidenciar
os principais factores condicionantes da intensidade ambiental da actividade de
transporte, e, por outro, encontrar formas de reforçar as estratégias de gestão da
mobilidade, tanto mais que existem formas alternativas de mobilidade e de garantia de
acessibilidade, capazes de minimizar, no curto prazo, um conjunto vasto de impactes
negativos causados pela actividade de transporte, nomeadamente, em meio urbano.
32
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
20
http://www.lcacenter.org.
21
Do “berço-à-campa”.
33
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
22
Delucchi, M.A., 1991. Emissions of Greenhouse Gases from the Use of Transportation Fuels and
Electricity. Volume 1: Main Text, ANL/ESD/TM-22, Center for Transportation Research,
Argonne National Laboratory, Argonne, Ill., Nov.
23
Delucchi, M.A., 1997. A Revised Model of Emissions of Greenhouse Gases from the Use of
Transportation Fuels and Electricity. Institute of Transportation Studies, University of California,
Davis, Calif., Nov.
24
Acurex Environmental Corporation, 1996. Evaluation of Fuel-Cycle Emissions on a Reactivity
Basis. Volume 1, FR-96-114, Mountain View, Calif., prepared for California Air Resources
Board, El Monte, Calif., Sept. 19.
25
Pode ser traduzido como: “da fonte até à roda”.
26
Pode ser traduzido como: “da fonte até ao depósito de combustível”.
27
Pode ser traduzido como: “do depósito de combustível até à roda”.
34
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
No que concerne às emissões atmosféricas associadas a cada uma das fases do ciclo de
vida dos combustíveis, importa referir que a nomenclatura anglo-saxónica identifica as
emissões associadas às fases “well-to-tank” como “upstream”28 e as emissões
associadas às fases “tank-to-wheel” como “tailpipe” 29, que representam, respectivamente,
as emissões associadas à produção de energia e ao seu consumo durante a operação
dos veículos.
Bert van Wee (2003) refere que a energia consumida na produção de veículos, na
construção e manutenção de infra-estruturas são marginais (< 10%) quando comparados
com a produção e uso de energia nos veículos rodoviários e ferroviários. Excepção
poderá ser feita, no caso das infra-estruturas ferroviárias, em que a energia consumida
na disponibilização das infra-estruturas poderá ascender a 50 % da energia total
consumida na disponibilização daqueles serviços. Por este motivo e porque a
disponibilidade de informação sistematizada e representativa, em termos temporais e
territoriais, é, por vezes, escassa, as fases do ciclo de vida dos combustíveis, que serão
consideradas na formulação dos indicadores de intensidade energética nas deslocações
de passageiros, correspondem às da abordagem “well-to-wheel”.
28
“A montante” da combustão interna no veículo.
29
“Fim de linha”, ou na tradução literal do termo “Tubo de escape”.
35
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Nesta secção procura-se identificar o conjunto de factores que está na base das
pressões ambientais decorrentes do consumo de energia na actividade de transporte de
passageiros em meios urbanos. A análise dos valores dos indicadores de pressão
ambiental que se propõem no capítulo 4, embora permita acompanhar o desempenho da
mobilidade, não permite descrever as causas que estão na origem dessa evolução.
Antes, importa salientar as principais variáveis de que depende essa pressão ambiental.
São elas o nível de tráfego e a intensidade ambiental dessa actividade de transporte.
Seguidamente, procura-se desagregar cada uma destas variáveis, bem como atribuir
dimensões (unidades de medida) a cada uma delas.
Ø População (habitantes)
36
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Houve, por outro lado, a preocupação de que aquelas variáveis conduzissem a uma
estruturação dos vectores onde se poderia actuar no sentido de limitar e/ou reduzir essas
pressões ambientais (a este propósito ver também a estrutura do DPSIR – secção 2.1).
Tal como será detalhado adiante, estamos perante factores de natureza tecnológica,
comportamental e estrutural da oferta e da procura de transporte e de energia.
Vejamos em maior detalhe cada os factores que condicionam cada uma das variáveis
anteriormente identificadas.
37
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
forte correlação com o PIB, apresentando uma elasticidade superior à unidade 30, não se
pode afirmar, pelo menos nalguns segmentos da procura, que tal seja o resultado
inevitável do desenvolvimento económico. Efectivamente, em diversos documentos de
política, dos quais se realça o Livro Branco “A política europeia de transportes no
horizonte 2010: a hora das opções” (CCE, 2001), se tem afirmado como objectivo central,
para prosseguir a sustentabilidade no sector dos transportes, a necessidade de dissociar
o crescimento económico, da procura de transporte, quer de passageiros, quer de
mercadorias.
30
O que significa que o ritmo de crescimento da procura de transporte é superior ao do
crescimento do PIB.
38
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Serviços de
transporte
público
Taxa de
motorização
Configuração
urbana
Densidade
residencial
Densidade de
pólos de
Sócio-economia
emprego
Acessibilidade
Infraestruturas
Demografia
viárias
Actividade de
transporte
Comecemos pelo número total de viagens realizadas por cada pessoa numa área
urbana. Alguma literatura (VTPI, 2002) refere que um indivíduo decide efectuar uma
viagem sempre que - perante um motivo concreto para aceder a outra pessoa, bem ou
serviço - a utilidade proporcionada por essa viagem seja superior ao seu custo
generalizado. Sendo certo que, em termos médios, se tem registado uma redução
continuada dos custos generalizados dos serviços de transporte motorizados – face ao
poder de compra, mas também ao valor do tempo -, facilmente se compreenderá que a
mobilidade motorizada registe uma tendência crescente.
39
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Não obstante esta transferência modal, é de admitir que exista um conjunto de viagens
que anteriormente não se realizava. Os exemplos mais evidentes deste novo conjunto de
viagens estão associados a viagens de carácter não obrigatório, nomeadamente de
natureza cultural e/ou lúdicas, que surgem em face de uma maior disponibilidade em
termos económicos e de tempo. Em termos económicos é de salientar a possibilidade de
acesso ao sistema de transportes (vide taxa de motorização), a capacidade de acesso a
determinado tipo de serviços e a exigência crescente na escolha de um serviço concreto
mais ou menos especializado que pode estar localizado numa zona distante da área
urbana.
Admitindo que qualquer pessoa tem um tecto máximo de tempo de viagem por dia de
cerca de uma hora (Schafer e Victor, 1997), é possível concluir que os principais factores
que estão na base do crescimento da mobilidade (expressa em vkm) são as distâncias
médias percorridas, a redução da taxa de ocupação dos veículos e a utilização de
veículos de cada vez menor capacidade, como é o caso do transporte individual.
40
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Desde o modelo agrícola proposto por Von Thunen (CSISS, 2004), já lá vão quase dois
séculos, que muita investigação se tem desenvolvido sobre a relação entre a mobilidade
e a organização das actividades que se exercem sobre o território. Mais recentemente,
uma significativa parte dessa análise incide sobre uma verificação empírica do
comportamento da mobilidade em diferentes territórios. Não obstante, para que essa
investigação possa ser incorporada nos processos de decisão, continua a ser necessário
compreender de que forma, uma alteração das funções de um território, afectam a
mobilidade.
Significa isto que o número potencial de destinos funcionais contido numa determinada
área geográfica é cada vez menor, o que conduz, necessariamente, ao aumento das
distâncias médias percorridas para satisfazer determinada necessidade.
41
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Paralelamente, salvo raras excepções, não tem havido uma política de promoção dos
transportes colectivos, no sentido em que a diferença das utilidades percebidas pelos
passageiros de transportes públicos e de transporte individual não tem deixado de
crescer. Dois factores, que concorrerão certamente para esta tendência, são a quase
estagnação da extensão das linhas reservadas a transportes colectivos 32 e o aumento da
oferta de estacionamento no centro das cidades. No fundo, falta promover, junto dos
diferentes segmentos de procura, as vantagens comparativas de cada um dos serviços
de transportes.
Não pode, contudo, afirmar-se que a redução da qualidade da oferta de serviços públicos
de transporte seja a única responsável pela maior taxa de motorização, ou mesmo, da
utilização do transporte individual. Efectivamente, em paralelo, verificou-se um conjunto
de outros factores, como sejam, por exemplo:
31
Em termos tarifários, de bilhética, modal.
32
Em muitas circunstâncias, verifica-se ainda uma degradação da utilidade desses corredores,
uma vez que se encontram sistematicamente obstruídos ou descontinuados enquanto
infra-estrutura linear que devem ser.
42
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
No que toca à estrutura de custos, o peso relativo - porventura excessivo - dos custos
fixos, inerentes à exploração dos veículos de transporte individual, induz a realização de
viagens adicionais.
Embora aqui se concorde com o conjunto de factores enunciado, considera-se que, por
exemplo, a taxa de motorização é um reflexo da condição social daquela população
urbana. Conforme já referido, alguns dos factores de natureza social que se considera
poderem afectar, embora em menor escala, a utilização de transporte individual, são: a
redução continuada da dimensão dos agregados familiares e o aumento da população
encartada, mormente no que concerne às faixas etárias mais baixas e mais elevadas.
43
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
44
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
É importante aqui relembrar que, virtualmente, qualquer material pode ser utilizado como
combustível, uma vez que todos eles podem entrar em combustão. As condições de
pressão e temperatura exigíveis para se dar aquele fenómeno dependem das
características intrínsecas do material. Estes materiais podem ser de diversas origens,
sendo os derivados do petróleo os mais amplamente utilizados.
Existem, contudo, outras formas de energia final que não requerem processos de
combustão de qualquer material para serem utilizadas como fontes energéticas. A
energia química, e em particular a electricidade, constituem um exemplo desse tipo de
recursos energéticos.
45
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
33
Mistura de diferentes gases de origem fóssil, dos quais o butano e o propano são os mais
importantes.
34
Através da queima (reacção exotérmica) de carvão, fuelóleo, gasóleo e/ou gás natural.
46
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Electricidade
35
Transporte de electricidade desde os centros electroprodutores às regiões de consumo de
electricidade.
36
Percurso das centrais regionais até ao consumidor final.
37
Durante a fase de transporte de uma energia primária não renovável, verifica-se que quanto
menor for o seu poder calorífico do combustível, maior terá que ser a quantidade de energia a
transportar para produzir a mesma quantidade de energia final.
47
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Os combustíveis de origem fóssil são a fonte primária de energia mais utilizada para a
produção de electricidade. A nível europeu, em 1997, a energia primária mais utilizada
era a nuclear (36%), os combustíveis sólidos (28%), o gás natural (15%), a
hidroelectricidade (13%) e o fuelóleo (7%). O conjunto das fontes renováveis de energia
(eólica, solar, geotérmica, maré38, …) não contribuiu com mais que 2% do total de
energia eléctrica produzida (ERSE, 2000). Embora, as condições locais de cada região,
nomeadamente as meteorológicas e as orográficas, desempenhem, a cada momento, um
factor decisivo na estrutura de produção de electricidade, presentemente, a situação não
difere significativamente da verificada em 1997.
38
Através da força das ondas.
48
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Para determinar com maior rigor os factores de emissão deste e de outros poluentes
atmosféricos em cada país é necessário ter em consideração as estruturas nacionais de
produção de electricidade, bem como as quotas de importação e exportação. Por
exemplo, relativamente a Portugal, Lewis (1997) determina um factor de emissão de CO2
de 170,4 kg/Gj e relativamente à Noruega determina um factor de 1,7 kg/Gj.
39
Apenas no caso dos combustíveis de origem fóssil.
49
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
40
Utilizado como combustível nos motores dos aviões.
50
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Gasóleo 30-58,7 94-100 7-7,7 100 50-53 49-58 1,9-10 100 78-96 77 75 52-74
Refinaria 30-81,4 100-129 7-10,6 100-131 87-100 67-107 13,1-25 89-102 78-93
Gás Natural 3,9-50 47-100 0 - 0 0-10 30-90 714-1600 84-103 68-83 88-91 65-78
Hidrogénio
0 N.D. 0 N.D. 860-2730 1750-4181 620-1080 771 83-85 0 178-346 5-362
(electrólise)
41
Considerou-se como referência um veículo ligeiro de passageiros com propulsão a gasolina,
sendo o valor dos índices dos restantes combustíveis quantificados percentualmente
relativamente àquele.
42
Valores indicados percentualmente relativamente ao ciclo de vida da gasolina num veículo
ligeiro de passageiros.
43
Considerou-se como referência as emissões associadas à energia exigida para a extracção de
petróleo requerido na produção de gasolina, sendo o valor dos índices dos restantes
combustíveis quantificados percentualmente relativamente àquele.
44
Considerou-se como referência as emissões associadas à energia exigida para o transporte de
petróleo requerido na produção de gasolina, sendo o valor dos índices dos restantes
combustíveis quantificados percentualmente relativamente àquele.
45
Considerou-se como referência a emissões associadas à produção de gasolina nas refinarias
sendo o valor dos índices dos restantes combustíveis quantificados percentualmente
relativamente àquele.
46
Considerou-se como referência a emissões associadas à distribuição da gasolina, que depende
do modo de transporte e do poder calorífico do combustível em causa sendo o valor dos
índices dos restantes combustíveis quantificados percentualmente relativamente àquele.
47
Corresponde a 1,8-3 kg CO2/Gj.
48
Corresponde a 0,6 kg CO2/Gj.
49
Corresponde a 6,1-12 kg CO2/Gj.
50
Corresponde a 0,2-0,7 kg CO2/Gj.
51
Corresponde a 181-286 g CO2/vkm.
52
Corresponde a 209-307 g CO2/vkm.
51
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
A intensidade energética modal, dado que representa uma relação entre a quantidade de
energia consumida e a quantidade de tráfego (medida em vkm), depende antes de mais
daqueles dois sujeitos, o combustível e o veículo.
No que respeita, por exemplo, aos motores eléctricos verifica-se que estão preparados
para receber energia eléctrica com determinada tensão, embora essa energia possa ser
produzida com uma multiplicidade de fontes primárias de energia, conforme já se teve
oportunidade de verificar.
52
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Relativamente ao regime de condução importa referir aquelas que são impostas pelas
características da via, como seja a topografia do terreno, e aquelas que derivam da
utilização que é dada pelo condutor/operador do veículo, das quais se destaca a
velocidade (VTPI, 2003a) e as acelerações impelidas ao veículo que necessariamente
alteram a rotação do motor e portanto também o seu consumo específico.
A velocidade e acelerações impelidas aos veículos podem ser impostas pela capacidade
e características da via, ou ser uma resultante do comportamento do condutor.
Importa ainda fazer notar que apenas uma pequena fracção do combustível consumido
pelos motores é utilizado na tracção do veículo propriamente dita, sendo que a restante é
“desperdiçada” através de dissipação de calor, do atrito dos dispositivos de guiamento
(rodados) e da resistência ao movimento (aerodinâmica do veículo) ou é, directa ou
indirectamente53, utilizada em sistemas auxiliares do motor. Entre os sistemas auxiliares
pode referir-se o sistema de refrigeração ou equipamentos eléctricos.
53
Por via do alternador.
53
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Radiação 20%
Água de arrefecimento
20% Exaustão 35%
Energia combustível 100%
Movimento 19%
Pneus 6%
(resistência ao rolamento 4,2%
resistência ao ar 10,5%
aceleramento 4,3%)
Mobilidade
pessoal 2%
Esta afirmação vai ao encontro da tese defendida pela OCDE (1997) e é corroborada
pela ilustração seguinte:
54
Isto é, de ignição por faísca.
54
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Cada tipo de motor tem uma curva característica, que constitui a expressão gráfica da
variação quantitativa do binário motor 56, da potência 57 e do consumo específico
(intensidade energética), em função da sua velocidade de rotação.
O consumo de energia nos veículos equipado com motor de combustão interna depende
do binário imprimido ao motor58, da sua potência, bem como do seu estado de
manutenção. Neste domínio, o Instituto de Políticas de Transporte de Vitória (VTPI,
2003 a) apresenta um gráfico onde conjuga três variáveis: a evolução tecnológica dos
veículos; a velocidade média de operação; e o consumo específico:
55
Nome dado aos motores de combustão interna de ignição por faísca (ou de explosão) de ciclo a
4 tempos, desenvolvidos por Nikolaus Otto em 1867.
56
O binário do motor a uma determinada rotação não é mais do que a energia mecânica que o
motor é capaz de produzir em cada rotação. Traduz por isso a capacidade que o motor tem de
produzir energia em cada explosão da mistura carburante.
57
A potência de um motor pode ser definida como a energia útil gerado por unidade de tempo. Se
o binário era a energia gerada numa explosão, a potência é, então, proporcional ao binário
multiplicado pela rotação. As unidades da potência terão de ser energia/unidade de tempo, ou
seja, Joule/s = Watt. Em automóveis a unidade normalizada é o kW (quilo watt, 1 kW = 1000
W) sendo no nosso mercado mais normal utilizarem-se os cavalos (CV). 1 kW equivale a 1,36
CV. Assim um motor que debita 100 kW às 6000 rpm equivale a dizer que apresenta um
potência de 136 CV às 6000 rpm (autopedia.pt, 2003).
58
Que está associado ao regime de velocidade e acelerações impostos pelo condutor do veículo
55
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
40
35
Model Year
/ galão)
Gallon
Ano do modelo
30
25 1997
(milhas
20
Miles Per
1984
15
Consumo
1973
10
5
0
15 25 35 45 55 65 75
Vehicle Speed
Velocidade (milhas /(MPH)
hora)
No que se prende com os motores eléctricos, importa referir que estes podem funcionar
com corrente contínua (tradicionalmente associados a motores com colectores
mecânicos) ou alterna (tradicionalmente associados a motores sem colectores
mecânicos, assíncronos ou síncronos). Nos motores eléctricos com colectores – corrente
contínua - as diferentes velocidades são obtidas por variação do valor de tensão aplicada
aos seus terminais. Nos motores síncronos ou assíncronos59 – corrente alterna -, as
diferentes velocidades são obtidas por variação da frequência aplicada, sendo certo que,
quanto mais elevada for a frequência aplicada, menores serão as perdas.
59
Que são mais fiáveis que os primeiros, logo com custos de manutenção mais reduzidos.
56
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
No que respeita às fontes de alimentação dos motores, verifica-se que estes podem
funcionar com recurso a uma fonte externa ou através de uma bateria instalada no
veículo. Nos veículos cuja alimentação é feita com recurso a uma fonte externa, através
de catenária, é habitual que esta seja feita através de corrente alterna 61. No entanto,
existem excepções, em que o transporte da energia é feito em corrente contínua. É o
caso, por exemplo, da rede de eléctricos em Lisboa. (Esteves, J. G., 1998).
Os veículos com motores eléctricos e com baterias internas que actualmente existem no
mercado possuem ainda uma autonomia relativamente reduzida e desempenhos que
ainda não se assemelham aos motores de combustão interna, embora se possam
considerar facilmente adaptáveis para algumas tipologias de transporte. Esta, entre
outras razões, levou a que surgissem os motores híbridos que não são mais de que
motores onde estas duas – ou outras - tecnologias (fontes propulsoras) coexistem.
Outros tipos de motores cujo funcionamento não será aqui detalhado são, por exemplo,
as pilhas de combustível, cujo princípio de funcionamento, semelhante ao de uma
bateria, reside na produção de energia eléctrica directamente a partir da energia química
existente no combustível.
60
Energia cinética associada ao movimento e massa do veículo.
61
Para transportar uma elevada potência eléctrica, para alimentação de todo o sistema, é
necessário aumentar a corrente ou a tensão. Por outro lado, verifica-se que as perdas no
transporte variam com a tensão (resistência) e com o quadrado da corrente, pelo que é
desejável aumentar a tensão e não a corrente. Uma vez que é difícil fazer variações de tensão
em corrente contínua, a corrente alterna é utilizada preferencialmente àquela. Acrescente-se
ainda que a resistência, para cada tipo de condutor (com um factor de resistividade) varia
directamente com o comprimento da catenária e inversamente com a sua secção. Assim
sendo, mais uma vez no sentido de reduzir as perdas, é necessário encontrar um balanço
equilibrado entre a secção e a distância entre subestações de alimentação.
57
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Se este processo for repetido a uma frequência elevada, poderá obter-se um movimento
contínuo que pode ser aproveitado, por exemplo, em motores automóveis, através da
transformação daquele movimento linear em movimento rotativo na câmara de
combustão.
Ar comprimido
Combustível
Admissão de ar
Exaustão de gases
Admissão Pressão
de ar
Exaustão Injecção d e
combustível e Pressão Temperatura
combustão
Figura 3-8 – Funcionamento dos cilindros em motores de combustão interna, com ciclo a
4 tempos – ignição por compressão (diesel)
(Fonte: Howstuffworks 65, 2003)
62
Através de um carburador ou por injecção directa ou indirecta.
63
Com recurso à faísca provocada por uma vela, por exemplo.
64
No caso dos motores de êmbolos. Existem ainda os motores rotativos.
65
http://static.howstuffworks.com/flash/diesel.swf.
58
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Figura 3-9 – Funcionamento dos cilindros em motores de combustão interna, com ciclo a 4
tempos – ignição por faísca (gasolina)
(Fonte: Howstuffworks 66, 2003)
A. Válvula de admissão da mistura de 1. Admissão da mistura de combustível e ar
combustível e ar 2. Compressão da mistura (antes do final
B. Cobertura das válvulas desta fase, a vela é accionada)
C. Porta de admissão de combustível da 3. Combustão
mistura de combustível e ar 4. Exaustão de gases
D. Cabeça
E. Refrigerador
F. Bloco do motor
G. Carter
H. Óleo
I. Árvore de cames
(ou veio de excêntricos)
J. Válvula de escape
K. Vela
L. Porta de escape
M. Pistão
N. Cavilhão
O. Manivela??(Ro bearing)
P. Cambota
59
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Após a queima dos combustíveis, na quarta e última fase de ciclo de combustão ocorre a
libertação de gases, que constituem sub-produtos da transformação de energia potencial
em cinética (gases de escape).
Efectivamente, num processo de combustão ideal, apenas com um produto composto por
cadeias alifáticas puras (CnH2n+2) e oxigénio (O2), os sub-produtos resultantes seriam
apenas dióxido de carbono e água, tal como se exemplifica na fórmula seguinte:
66
http://static.howstuffworks.com/flash/diesel.swf.
60
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
Estas são as principais razões para que haja outros gases libertados para além de água
e dióxido de carbono, nos motores de combustão interna com propulsão a combustíveis
derivados do petróleo.
Os óxidos de azoto (NO x ) resultam da sua combinação daqueles átomos (presente no ar)
na câmara de combustão, cuja constituição final (NO e NO2) depende em grande parte da
pressão e temperatura naquele equipamento. Outros compostos, como o ozono (O3),
formam-se após a exaustão para a atmosfera daqueles gases de escape e da sua
mistura com os compostos presentes no ar atmosférico.
Carbon Monoxide
CO
VOCs VOC
Emissão por milha
NOx NOx
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
VehicleMilhas
Speed por(MPH)
hora
Quer isto dizer que, num veículo que circule em regimes de “pára-arranca”, a velocidades
muito baixas ou muito elevadas e no período de aquecimento do motor 67, os factores de
emissão destes poluentes são superiores àqueles que se verificariam, após alguns
minutos, num regime de circulação com uma velocidade média estável.
67
São as denominadas “cold emissions”.
61
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
68
Deriva do inglês “end-of-pipe” e significa que a tecnologia é aplicada após o procedimento de
combustão.
62
Factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana
No caso destes últimos, o caso mais simples e melhor testado é aquele em que o
combustível é o hidrogénio 69, sendo que a energia eléctrica é formada a partir da mistura
de oxigénio com hidrogénio, com libertação de água. Neste caso, a emissão de poluentes
atmosféricos está fundamentalmente dependente dos processos de produção de
hidrogénio, a montante da fase de operação do veículo.
2 H2 + O2 ⇒ 2 H2O
69
Embora, também possa ser utilizado, por exemplo o metanol (Schafer, 2002).
63
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
A OCDE, através do Grupo de Trabalho sobre o Estado do Ambiente, que conta com a
participação de Portugal, desenvolveu um modelo conceptual para a definição de
indicadores ambientais e que é genericamente designado por PER
70
(Pressão-Estado-Resposta) . Este modelo segue os princípios esquematizados no
diagrama seguinte e está em conformidade com a estrutura de avaliação DPSIR.
Informação
a – Metodologia (Pressão – Estado – Resposta)
70
Na nomenclatura anglo-saxónica corresponde à sigla PSR (Pressure - State - Response).
65
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
O Plano Nacional da Política de Ambiente (MARN, 1995) refere que “os indicadores
ambientais podem ser considerados como formas agregadas e simplificadas de
condensar informação relativa ao estado do ambiente de uma determinada região” e
devem permitir, entre outros, monitorizar as pressões e condições (estado e impacte) do
ambiente e integrar as preocupações ambientais nas políticas sectoriais.
66
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
71
Adaptado de Círculo de Leitores, 2003. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Instituto
António Houaiss de Lexicografia Portugal.
72
Trabalho.
67
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Considerando que a energia constitui um importante recurso natural, quer seja pelo seu
valor intrínseco, quer pelos serviços que se consegue prestar por seu intermédio após
transformação, um indicador denominado ‘intensidade energética’, que considere como
variável principal os recursos energéticos, pode constituir um indicador de ‘intensidade
ambiental’.
73
Intergovernamental Panel on Climate Change: “Glossary of Terms used in the IPCC Third
Assessment Report”. Disponível em http://www.ipcc.ch/pub/gloss.htm em 2003-07-21.
74
Dado que os processos de transformação envolvem necessariamente perdas, este indicador
assume sempre um valor menor que 1, uma vez com determinada energia inicial não é
possível, após transformação, obter um poder calorífico superior.
68
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Nesse sentido, importa agora definir qual o output que será considerado no
desenvolvimento de um indicador de medição da pressão resultante daquela operação.
Previamente, identifica-se nos parágrafos seguintes alguns output’s que permitem
quantificar a mobilidade urbana de passageiros.
69
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
ocasionais
Compras
anuais
Emergência
regulares
Passeio
Desporto
Férias
Pendular
semanal
Eventos
Eventos
sociais
sociais
médica
Motivo da viagem
75
Victoria Transportation Policy Institute.
70
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Realce-se ainda que cada uma destas categorias de custo, pode assumir, para cada
motivo de viagem, um peso diferenciado na quantificação do benefício individual de uma
determinada deslocação. Por exemplo, numa viagem de lazer, as componentes
relacionadas com o conforto ou outros aspectos estéticos, assumem um peso maior que
a que se prende com o tempo de viagem. Certamente acontecerá o inverso numa viagem
de emergência médica. A este propósito, importa ainda realçar que os factores
subjectivos que concorrem para o benefício marginal de uma deslocação ganham
importância nas deslocações não derivadas, isto é, nas que não resultam directamente
da necessidade implícita de acessibilidade de pessoas e bens a pessoas, bens, serviços
e lugares.
Paralelamente, verifica-se que, para igual motivo de viagem, um indivíduo com um valor
do tempo superior, atribui, proporcionalmente, no processo decisório de viajar, um maior
peso à componente do tempo de viagem. Generalizando este raciocínio a todas as
componentes inerentes à decisão de viajar, onde cada indivíduo manifesta as suas
preferências individuais, verifica-se que cada indivíduo tem uma função utilidade distinta,
não obstante, a necessidade de desenvolver modelos que permitam simular as
preferências de diferentes grupos de utilizadores do sistema de transportes.
Uma das formas de quantificar o benefício de uma determinada deslocação para o seu
utilizador, pode ser através do recurso à medição da redução do valor das diversas
parcelas da estrutura de custos. Vejamos um exemplo: a melhoria da segurança
intrínseca de um determinado veículo de transporte, conduz à redução do risco de
acidente. Da mesma forma, a redução do tempo de viagem proporcionada por uma
71
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Assim sendo, conclui-se que, intervindo do lado dos benefícios proporcionados pelos
determinados serviços de transporte, podemos estar também a contribuir para redução
da intensidade ambiental da actividade de transporte calculada com base num output
físico.
É o que se verifica, por exemplo, caso uma deslocação adicional fizer aumentar a taxa de
ocupação do veículo. No caso de um passageiro que por qualquer razão – idoso,
reformado, desempregado (…) - não tenha que pagar uma tarifa pela utilização dum
serviço de transporte colectivo e dessa forma “abuse” do seu usufruto, aquele passageiro
efectuará certamente viagens sem grande valor acrescentado (utilidade). Estas
deslocações adicionais contribuem em sentidos diferentes para o valor de um indicador
de intensidade ambiental por passageiro transportado ou por unidade de riqueza
produzida.
76
Poder-se-ia considerar simplesmente a realização de uma deslocação num momento no
diferente tempo, numa período fora da hora de ponta, por exemplo.
77
E portanto um aumento dos custos generalizados e uma redução dos benefícios daquela
deslocação.
72
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Poder-se-á afirmar, no entanto, que os benefícios que devem ser considerados não são
apenas os que respeitam ao utilizador do serviço de transporte, mas aqueles que são
proporcionados à sociedade. Para tal bastaria contabilizar não apenas as parcelas que
estão incorporadas na estrutura de custos inerente a determinada deslocação, mas
também as externalidades – positivas e negativas - por ela gerada.
Utilidade Utilidade
económico-social individual
73
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Efectivamente, pode afirmar-se que num determinado país que mantenha sensivelmente
a mesma estrutura económica ao longo do tempo, se a intensidade ambiental por
unidade de PIB variar negativamente, tal significa que cresceram as deslocações que
geram menor valor acrescentado sem que a pressão ambiental daí resultante
decrescesse na mesma proporção.
A comparação deste indicador (pressão ambiental por unidade de PIB) entre países
diferentes, embora seja útil enquanto valor de referência relativamente à eficiência
ambiental da actividade de transporte em cada um deles, deve também ser efectuada
com alguma cautela, uma vez que as estruturas económicas são necessariamente
distintas e evoluem de forma diversa.
Por outro lado, é necessário atender ao método de alocação dos recursos (energéticos,
por exemplo), uma vez que pode acontecer que o território onde aqueles recursos são
utilizados (local de abastecimento de combustível) não esteja situado no mesmo país
onde é contabilizada a riqueza gerada pela deslocação (local de destino ou de origem). É
disso exemplo um território de “atravessamento”78, que pode apresentar elevados índices
de consumo de recursos energéticos e não obstante apresentar baixos níveis de valor
acrescentado.
Poderá ainda surgir a necessidade de harmonizar os desvios que possam decorrer das
diferenças de poder de compra e das taxas de câmbio entre os diferentes territórios, a
cada momento. Nesse sentido, por vezes, em vez do PIB, deve utilizar-se o PIB em
paridade do poder de compra79. Ainda no que respeita à comparação internacional de
78
Vejamos ao nível europeu o caso da Suiça, por exemplo.
79
International Comparison Programme of World Bank.
74
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Este conceito pode também ser entendido como a capacidade para pessoas e bens
acederem a pessoas bens, serviços ou destinos, aquilo a que vulgarmente se denomina
por oportunidades. De facto, a capacidade de acesso a qualquer coisa é na maioria das
vezes o objectivo último da mobilidade, razão pela qual se costuma afirmar que a
mobilidade é uma actividade derivada. Não obstante, vezes há, em que, a deslocação
pode constituir um fim em si mesmo (VTPI, 2003 e).
Este volume de transporte pode ser quantificado através do ‘nível de oferta’ ou do ‘nível
de procura’. De facto, o output físico de uma operação de transporte pode reflectir, quer a
óptica do lado da oferta, quer a do lado da procura. A abordagem na óptica da oferta
reflecte, por um lado, a vertente tecnológica (componente mecanicista do serviço) e, por
outro, a da gestão e organização na produção do serviço prestado. Por seu turno, a
75
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
80
Energy Information Administration of Official Energy Statistics from the United States
Government.
76
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Embora este exemplo não deixe de ser elucidativo do pensamento da IEA e da EIA,
considera-se que factores comportamentais da procura e da oferta 81 de transporte devem
fazer parte integrante do conceito de eficiência ambiental. É também este o entendimento
da OCDE (1997) e do Conselho Mundial da Energia (WEC, 2001) quando afirmam que a
eficiência não é apenas um conceito tecnológico, mas que está também relacionado com
o serviço prestado.
Assim sendo, na presente dissertação e porque se pretende contribuir para uma maior
compreensão dos factores que permitem diminuir as pressões ambientais decorrentes da
mobilidade de passageiros, o conceito de pressão ambiental adoptado é o que incorpora
a óptica da procura de transporte, isto é, aquele considera os efeitos de factores, não
apenas tecnológicos mas, também, comportamentais, económicos e estruturais, como
sejam a repartição modal e a taxa de ocupação dos veículos de transporte.
81
Resultantes, por exemplo, de instrumentos de natureza económica e/ou de gestão da prestação
de um determinado serviço.
77
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
que permite, entre outros, medir a alteração relativa na quantidade de F(xi) resultante de
uma alteração relativa em xi.
Neste exemplo,
• exi-F representa a elasticidade da procura (F) em relação à tarifa (xi);
• F representa a procura original;
• ?F/F representa a variação marginal da procura;
• xi representa a tarifa original;
• ?xi/xi representa a variação marginal da tarifa.
Este raciocínio seria válido para a elasticidade da procura em relação à qualquer variável
da oferta de determinado serviço de transporte. Poder-se-iam considerar factores
objectivos como a tarifa, a frequência ou o número de lugares oferecidos, mas também
outros mais dificilmente mensuráveis como sejam o grau de conforto.
78
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
em que:
• eescolha discreta,j representa a elasticidade da escolha de determinado serviço de
transporte em relação a um seu atributo;
• n representa o individuo(s) que exerce(m) a escolha;
• Pn(i) representa a probabilidade de escolha de do serviço i pelo indivíduo n;
• xni,j representa a escolha da alternativa i com o atributo j; pelo indivíduo n;
• ß j representa o coeficiente do atributo do serviço na função utilidade.
Vejamos primeiro o caso do transporte individual. Embora se admita que nos períodos de
ponta da procura, a taxa de ocupação dos veículos de transporte individual apresentem
uma taxa de ocupação superior à dos restantes períodos, a verdade é que a variação da
taxa de ocupação deste tipo de veículos não é, na grande maioria dos casos, para esta
tipologia de tráfego, significativa no mesmo território. De facto, embora os veículos de
79
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Esta situação implica que a taxa média de ocupação naquele período é inferior à taxa
média diária de ocupação e resulta da organização da oferta de serviços de transporte
colectivo. Esta organização deriva em grande parte da necessidade de manter a
qualidade do serviço prestado em termos de regularidade e frequência. Doutra forma,
haveria o risco de parte da procura se transferir para o transporte individual, sendo certo
que os custos generalizados de cada uma das viagens (nomeadamente no que toca à
componente do tempo) realizadas em transporte colectivo também subiria.
Acresce ainda que, em face da organização das actividades que se exercem sobre o
território e da limitação do número de veículos de cada frota85, a taxa de ocupação de um
serviço de transporte colectivo num dos sentidos do tráfego é significativamente superior
à do sentido oposto.
Uma vez que a taxa de ocupação dos serviços de transporte colectivo assume uma
importância significativa na elasticidade da oferta à procura, pode afirmar-se que a
variável taxa de ocupação constitui um importante factor quando se trata de intervir do
82
A taxa de ocupação tende a ser maior nas redes viárias muito congestionadas e/ou quando os
sistemas de tarifação assim o favorecem.
83
Ponta e fora de ponta
84
ou, alternativamente, mantê-la a circular com baixas taxas de ocupação
85
Este fenómeno está na origem de que cada veículo regresse ao seu ponto de origem para
efectuar novamente o percurso no sentido do tráfego dominante -
80
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
De facto, em face das flutuações das taxas de ocupação, as pressões ambientais médias
que cada passageiro provoca, ao deslocar-se em transporte individual e colectivo, nos
períodos de ponta e fora deles, podem ser significativamente diferentes (Rietveld, 2002).
As flutuações diárias das taxas de ocupação resultam ainda em que cada passageiro
adicional dos serviços de transporte colectivo possa gerar uma pressão ambiental
marginal superior nos períodos de ponta, do que nos restantes. Esta afirmação ganharia
mais sentido se a elasticidade da pressão ambiental à oferta apresentasse uma relação
inelástica, o que se sabe não ser o caso, quando se trata de serviços de transporte
rodoviário. Efectivamente, neste caso, a pressão ambiental gerada por cada veículo-km
aumenta com o nível de oferta, devido à degradação do nível de serviço da via.
Rietveld (2002) defende, aliás, que quando se trata de reduzir, a um custo razoável, a
pressão ambiental resultante da actividade de transporte, não é o valor absoluto que
importa, mas sim a perda de bem-estar (utilidade) imposta por um determinado nível de
redução. O autor desta dissertação perfilha deste ponto de vista, no sentido em que, a
mesma, foca as pressões ambientais marginais de cada passageiro, permitindo, assim,
identificar até que ponto uma alteração da estrutura da mobilidade, que mantenha
sensivelmente a mesma utilidade para os seus utilizadores, induz uma redução da
pressão ambiental gerada.
86
O conceito de elasticidade da pressão ambiental à procura pode obter-se por conjugação da
elasticidade da pressão ambiental à oferta e desta à procura.
81
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
p =t ×
p m e p
[( ) ]
e p
= m × × × = d × m ' × (to ) × × = d ×
t t e t e
m' m'
× H ×
e p
× ×
t e
t h l
onde,
87
Corresponde ao n.º médio de viagens motorizadas realizadas por habitante de uma região, num
determinada período de tempo.
82
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
[
vkm ≡ ∑ ∑ pax × ( pkm pax ) ÷ pax lug ( j ,i )÷ (lug j ,i veic j ,i )]
j i
[
joule / vkm ≡ ∑∑ joule i , j vkm j ,i ]
j i
Assim sendo, a relação dimensional do indicador, que se propõe aplicar, para medir a
intensidade energética das deslocações urbanas de passageiros (e/m), é traduzida pela
seguinte expressão:
joule j , i
joule / pkm ≡ ∑∑
×
(
pax lug j ,i
)
j
i vkm j ,i
(
lug j , i veic j , i
)
Por sua vez, a relação dimensional do indicador, que se propõe aplicar, para medir a
intensidade ambiental das deslocações urbanas de passageiros (p/m), é traduzida pela
seguinte expressão:
joule j ,i
g CO2 / pkm = ∑ ∑
×
(
pax lug j ,i
× g cCO2 joule
) ( )× (g
)
j
i vkm j ,i
(
lug j ,i veic j ,i ) i ,j p CO2 joule j ,i
83
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Por outro lado, importa realçar que o custo das medidas conducentes a uma redução da
pressão ambiental da mobilidade deve ser, sempre, inferior ao benefício gerado, tendo,
nesse caso, que se considerar o valor das externalidades.
84
Indicadores ambientais relativos a deslocações de passageiros
Qualidade dos
espaços urbanos
N.º de viagens
não motorizadas
Nível de serviço
das vias
Distância média
percorrida
Política económica
e territorial
População
Aspectos de natureza
comportamental individual
Repartição
modal Fiscalidade e aspectos
regulamentares
Taxa de motorização e
Intensidade de encartados
energética modal
Sócio-economia e
poder de compra
Intensidade
carbónica modal
no consumo de
Organização e articulação
energia (física, bilhética, tarifária, horária)
da oferta de serviços de TI e TC
Intensidade
carbónica na
disponibilização Aspectos de natureza
tecnológica
de energia
Organização do mercado
energético e dos transportes
Intensidade ambiental das
deslocações urbanas de
passageiros
85
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
5.1 Introdução
Para esse efeito, foi necessário caracterizar a mobilidade urbana daquele território,
análise essa que foi feita de forma desagregada para diferentes unidades, que se
consideraram homogéneas. Com esses dados, foi comparada a intensidade ambiental
provocada por cada uma daquelas unidades homogéneas.
Importa realçar que os resultados que se podem obter com a comparação efectuada,
correspondem apenas a uma das etapas de uma viagem, pelo que não podem
corresponder a mais do que um serviço de transporte. Este exercício de comparação não
pretende cotejar senão aspectos de natureza ambiental, sendo certo que nem todos os
serviços de transporte em comparação poderão satisfazer toda e qualquer necessidade
de acessibilidade urbana.
Após esta comparação, procurou-se avaliar qual o impacte que algumas medidas
isoladas poderiam ter, quer na intensidade ambiental, quer nas pressões da mobilidade
urbana na AML.
Esta análise permite de alguma forma validar aquilo que foi exposto nos capítulos
anteriores e, por outro lado, demonstrar algumas das potencialidades dos indicadores
propostos.
87
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de
Xira.
88
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Em 2001, cerca de 79% da população da AML residia na margem Norte, contra 74% em
1991. O Concelho de Lisboa concentra agora 29% do total de residentes nesta
sub-região, contando com cerca de 560 mil residentes em 2001.
88
Concelho não existente em 1981 e que conglomera freguesias anteriormente pertencentes ao
Concelho de Loures.
89
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
No que respeita à estrutura etária da AML, verifica-se que era em muito semelhante à
estrutura etária do resto do País, verificando-se relativamente a este, que o peso da
população activa era ligeiramente mais importante. O concelho de Lisboa apresentava as
maiores diferenças, verificando-se uma clara tendência no sentido de um duplo
envelhecimento, com uma maior percentagem de idosos e uma menor percentagem de
jovens.
A população activa da AML era cerca de 1,5 milhões de habitantes, ou seja cerca de 60
% da população total. Em termos absolutos a grande Lisboa concentrava o maior número
de desempregados. No entanto verificavam-se também elevados níveis de desemprego
em alguns concelhos da AML Sul, nomeadamente, em Setúbal e no Seixal. A maior parte
da população activa estava empregue no sector terciário mas também no sector
secundário, sendo este um dos aspectos mais marcantes da evolução da estrutura
produtiva da AML.
Considerando que se pretende obter resultados que possam ser válidos para a gestão da
procura e oferta dos transportes de passageiros - na óptica da optimização da
intensidade ambiental da mobilidade urbana -, optou-se por considerar como unidades
homogéneas, subconjuntos da frota de veículos associada à prestação de cada um dos
serviços de transporte existentes na AML, subconjuntos esses que serão distinguidos em
função das tecnologias de motorização e da energia de tracção que os alimenta.
Num trabalho que pretendesse aprofundar em maior detalhe matérias relacionadas com
aspectos mecânicos dos veículos, os critérios de distinção das unidades homogéneas
90
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
poderiam ser considerados outros. Por exemplo, no caso dos motores de combustão
interna, poderia, eventualmente, ser importante considerar como critério adicional de
distinção, o ‘método de preparação da mistura carburante’ (carburador, injecção directa
ou indirecta) ou o volume da câmara de combustão (cilindrada). Poderia mesmo
demonstrar-se ser relevante restringir as unidades homogéneas a um modelo específico
de um veículo, de um determinado ano de fabrico e em diferentes condições de trabalho.
89
Operador ferroviário privado.
90
As concessões são atribuídas linha a linha.
91
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
92
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Com base no que ficou exposto, os serviços de transporte motorizados que serão
considerados na identificação das unidades homogéneas são os seguintes:
• Rodoviário individual;
• Rodoviário colectivo para deslocações urbanas;
• Rodoviário colectivo para deslocações suburbanas;
• Ferroviário colectivo convencional;
• Ferroviário colectivo ligeiro;
• Fluvial.
93
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
No modo rodoviário:
No modo ferroviário:
• Comboio;
• Metro;
• Metro ligeiro de superfície.
No modo fluvial:
• Navios de passageiros96;
• Catamarãns;
• Ferries.
91
Art.º 106º do código da estrada: “veículos com peso bruto até 3500 kg e com lotação não
superior a nove lugares, incluindo o do condutor”, (…) “que se destinam ao transporte de
pessoas”.
92
Art.º 106º do código da estrada: “veículos com peso bruto até 3500 kg e com lotação não
superior a nove lugares, incluindo o do condutor”, (…) “os veículos que se destinam ao
transporte, alternado ou simultâneo, de pessoas e carga”.
93
Art.º 106º do código da estrada: “veículos com peso bruto superior a 3500 kg ou com lotação
superior a nove lugares, incluindo o do condutor, e veículos tractores” , (…) “que se destinam
ao transporte de pessoas”.
94
Art.º 107º do código da estrada: “veículo dotado de duas ou três rodas, com motor de propulsão
com cilindrada superior a 50 cm3, ou que, por construção, exceda em patamar a velocidade de
45 km/h”.
95
Art.º 107º do código da estrada: “Ciclomotor é o veículo dotado de duas ou três rodas equipado
com um motor de cilindrada não superior a 50 cm3, se se tratar de um motor de combustão
interna e com uma velocidade máxima, em patamar e por construção, que não exceda 45
km/h”.
96
Também conhecidos por cacilheiros.
94
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
As energias de tracção que se identificou como tendo alguma expressão na AML foram
as seguintes:
• Electricidade;
• Gasolina;
• Gasóleo;
• Gás natural (GN);
• Gás de petróleo liquefeito (GPL).
95
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
97
Nomeadamente no que respeita a indicadores como: veículos-km, lugares-km e consumo
energético, desagregados por operador e tecnologia de motorização.
96
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Para além das estatísticas oficiais, existem ainda numerosos estudos isolados que
permitem de alguma forma caracterizar e explicar a mobilidade na AML. A título de
exemplo, podem identificar-se alguns estudos recentemente realizados pelo INE,
GEP-MOPTH e AA-MOPTH (2003), DGTT (2003), CIRIUS (2003) e GEOTA (2003).
Foram também recentemente concluídos por consultoras privadas estudos de preparação
do processo de reestruturação das empresas prestadoras de serviços de transportes nas
Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.
98
Até ao ano 2000 este boletim publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) era intitulado
por “Estatísticas dos Transportes e Comunicações”. Posteriormente, passou a ser intitulado
“Estatísticas dos Transportes”.
99
A Direcção Geral de Energia (DGE) publica igualmente informação detalhada sobre a venda de
combustíveis em Portugal.
100
Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).
101
Direcção Geral de Transportes Terrestres (DGTT).
102
Desagregado, nomeadamente, por modo de transporte e por grupos temáticos como:
infra-estruturas, meios disponíveis para a produção, indicadores sócio-económicos das
empresas, pessoal, tráfego, transporte de passageiros, transporte de mercadorias e segurança.
97
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
“O SIT não pretende concentrar estruturas de dados brutos, nem criar mecanismos de
produção de informação, mas sim colocar disponível um conjunto de informação que seja
considerada relevante, eficaz e interpretativa do sector, incorporando um valor
acrescentado que não se encontra junto dos produtores primários dessa informação”
(GEP, 2003).
“Os dados são apresentados numa óptica modal sendo desagregados, num segundo
nível, por tema. “São também apresentados dados de enquadramento socio-económico.
Os grupos temáticos correspondem a categorias da informação, tais como:
• Infra-estruturas;
• Meios disponíveis para a produção;
• Indicadores económicos e financeiros das empresas;
• Pessoal;
• Tráfego;
• Transporte de passageiros;
• Transporte de mercadorias;
• Segurança;
• Energia;
• Ambiente.
(GEP, 2003)
Enquanto esta ferramenta (SIT) não corresponder a algumas das necessidades desde já
enunciadas pelo GEP, no sentido de quantificar algumas variáveis necessárias à
determinação da intensidade ambiental dos diferentes serviços de transporte da AML, foi
necessário proceder a algumas estimativas com base em informações disponíveis ao
público - recolhidas junto do INE, da DGTT, do ML (Metropolitano de Lisboa) e da DGE -,
bem como noutras solicitadas directamente a alguns operadores públicos da AML, como
foi o caso da Carris, da Transtejo, da Soflusa e da Rodoviária de Lisboa.
98
Figura 5-2– Metodologia de cálculo da intensidade energética da mobilidade motorizada na AML
99
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Tal como exposto anteriormente, o valor dos indicadores de intensidade carbónica foi
determinado a partir dos valores de intensidade energética. Para esse efeito recorreu-se
a factores de emissão disponíveis no Programa Nacional para as Alterações Climáticas
100
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
(GASA-FCT, 1999), e que, tal como se apresenta na tabela seguinte, são distintos para
as diferentes formas de energia disponível para consumo final. Conforme a metodologia
estabelecida no Corinair, estes factores estão desagregados pelas fases de
disponibilização da energia final e da sua combustão.
Fonte: Adaptado de informações divulgados por: INE, DGE, ACAP, DGTT, Carris, Transtejo, ML, RL. (Ver Figura 5-2).
101
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Legenda:
TI: Transporte individual (automóvel ligeiro)
Moto: Transporte individual (motorizada e ciclomotor)
TCRod.Urb.: Transporte colectivo rodoviário urbano
TCRod.Sub.: Transporte colectivo rodoviário suburbano
TCFerro.Conv.: Transporte colectivo ferroviário convencional
TCFerro.Lig.: Transporte colectivo ferroviário ligeiro
TCFluvial: Transporte colectivo fluvial
TTMotor.: Todos os transportes motorizados
102
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Através da análise dos dados anteriores, verifica-se que, apesar da mobilidade realizada
em transporte automóvel individual, medida em passageiro-km, representar cerca de 65%
da mobilidade total verificada na AML, no ano de 2002, a pressão ambiental provocada
por esta forma de mobilidade é responsável por cerca de 85% do consumo de energia e
da emissão de CO2. Este facto é justificado pela maior intensidade energética e ambiental
apresentada por esta forma de mobilidade, tal como se pode explicitar anteriormente.
Estes dados demonstram, igualmente, o peso que o transporte individual assume no total
das deslocações na AML.
103
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
TTMotor.
TCFluvial
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
104
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
TTMotor.
TCFluvial
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
0 5 10 15 20 25
km
Figura 5-4 – Distância média percorrida em cada serviço de transporte (pkm/pax - km)
105
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
TTMotor.
TCFluvial Weel-to-tank
Tank-to-wheel
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / GPL
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
M J/lkm
Figura 5-5 – Intensidade energética da mobilidade urbana na AML, medida por lugar.km
oferecido.
TTMotor. Weel-to-tank
Tank-to-wheel
TCFluvial
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / GPL
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
M J/pkm
Figura 5-6 – Intensidade energética da mobilidade urbana na AML, medida por passageiro.km
transportado.
106
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
TTMotor.
Weel-to-tank
TCFluvial
Tank-to-wheel
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / GPL
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
0 10 20 30 40 50 60 70
g CO 2 / lkm
Figura 5-7 – Intensidade carbónica da mobilidade urbana na AML, medida por lugar.km oferecido.
TTMotor.
Well-to-tank
TCFluvial Tank-to-wheel
TCFerro.Lig.
TCFerro.Conv. / Electric.
TCFerro.Conv. / Gasóleo
Moto
TCRod.Sub.
TCRod.Urb. / GN
TCRod.Urb. / Gasóleo
TI / GPL
TI / Gasóleo
TI / Gasolina
g CO2 / pkm
Figura 5-8 – Intensidade carbónica da mobilidade urbana na AML, medida por passageiro.km
transportado.
107
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Para o conjunto dos modos representados, aquele que tem motorização com tracção a
gasolina (TI / Gasolina), é o que apresenta a maior percentagem de energia consumida
por lkm, na fase de disponibilização.
Por outro lado, verifica-se que, por lugar-km, as formas de mobilidade menos intensivas
do ponto de vista energético são as que são suportadas por serviços ferroviárias com
tracção eléctrica. Acresce que qualquer serviço de transporte colectivo apresenta uma
intensidade energética, por lugar-km, menor que a apresentada pelo transporte individual.
A este propósito poderá ser interessante consultar os resultados apresentados num
estudo, desenvolvido pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF, 2004),
relativamente à mobilidade de média e longa distância.
108
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
apresentado na combustão de gasolina, gasóleo e gás natural. Por outro lado, verifica-se
uma maior diferença relativa entre os serviços rodoviários colectivos prestados com
motor de combustão interna, com tracção a gasóleo e a gás natural. Da análise
efectuada, é ainda possível verificar que os serviços prestados com tracção eléctrica não
apresentam emissões de CO2 durante a fase de operação.
No que respeita à intensidade ambiental por pkm, verifica-se, uma vez mais, que a
mobilidade proporcionada pelo automóvel é aquela que implica uma maior pressão
ambiental, quando medida pela emissão de CO2.
Por outro lado, verifica-se que a mobilidade assegurada por serviços de transporte
colectivo é, à excepção do fluvial, menos intensiva que os serviços de transporte
individual.
No que se prende com o transporte fluvial, há, contudo, que realçar que o desempenho
aqui representado resulta dos serviços prestados pela Transtejo e pela Soflusa, na
travessia do Tejo, sendo certo que a distância média (baixa) percorrida em cada uma das
ligações efectuadas, tem um impacto muito forte na intensidade energética deste serviço
de transporte, uma vez os períodos de manobra dos veículos, relativamente aos períodos
de operação, assumem um elevado peso relativo. A este propósito, importa esclarecer
que a intensidade energética dos motores dos veículos fluviais é, habitualmente, medida
por períodos horários (joule/hora). No presente caso, este indicador foi convertido outro
que permite quantificar o consumo por veículo-km ou lugar-km.
No que respeita aos serviços ferroviários, verifica-se que estes são os que asseguram a
mobilidade com menor intensidade ambiental, facto que assume maior expressão no
caso dos veículos serem de tracção eléctrica, sendo de destacar, dentro desses, os
veículos ferroviários convencionais. Por passageiro-km transportado num automóvel, a
emissão de CO2 é cerca de 4 vezes superior relativamente à que é possibilitada no caso
a mobilidade ser assegurada por um serviço ferroviário ligeiro (≈ 43 g/pkm), e mais de 8
vezes superior do que a assegurada num serviço ferroviário prestado com veículos
convencionais (≈ 16 g/pkm).
109
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Ainda neste contexto, importa realçar que o regime de paragens praticado pelos serviço
ferroviário convencional e ligeiro (metro) é substancialmente distinto, sendo certo que
este factor pode condicionar fortemente a sua intensidade energética e, portanto,
também, a sua intensidade ambiental.
Nesta secção pretende-se realizar uma análise de sensibilidade à variação de alguns dos
factores condicionantes da intensidade ambiental da mobilidade urbana de passageiros
na AML.
Para realizar estes ensaios, a metodologia adoptada consistiu em fazer alterar uma
variável, mantendo inalterável as restantes, analisando, assim, quais os impactes dessa
alteração em termos da intensidade ambiental da mobilidade urbana na AML.
110
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Poder-se-á afirmar que estes pressupostos não são realistas, na medida em que se
observa, por exemplo, que a transferência de viagens em TI para o TC induz alterações
na oferta de TC, devido à elasticidade entre a procura e a oferta em TC (Rietveld, 2002).
Contudo, pela complexidade de que se revestem as interacções entre a procura e a
oferta de transportes, seria impraticável, simular todas as alterações que poderiam
decorrer da transferência de passageiros do transporte individual para os serviços de
transporte colectivo.
103
Apenas o realizado com recurso ao automóvel, excluindo-se assim o transporte por motociclo e
ciclomotor.
111
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Esta alteração, que representa uma redução de 13,3% nos vkm oferecidos em TI,
traduzir-se-ia nas seguintes alterações da intensidade ambiental da mobilidade urbana de
passageiros na AML:
Estes dados reflectem também que, com a estrutura de repartição modal da AML em
2002, um aumento de 15,4% na taxa de ocupação do TI, resultaria num decréscimo de
cerca de 11,4% do consumo de energia e das emissões de CO2 (total104, por pkm e por
habitante).
104
Na mobilidade urbana de passageiros.
112
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Esta alteração representa um crescimento da mobilidade, embora, tal como foi formulada,
não implique uma alteração da intensidade ambiental da mobilidade urbana de
passageiros na AML (indicadores por unidade de mobilidade ou tráfego, i.e., por lkm, pkm
ou vkm). Dessa forma, os resultados obtidos apenas registam uma variação da
quantidade global de energia consumida e das emissões de CO 2. Por ano, verificar-se-ia
um crescimento do consumo de energia de cerca de 4 746 Tj de energia e um aumento
das emissões de CO2 de aproximadamente 300 kton, o que equivale a aumentos na
ordem dos 7,7%.
Estes valores traduzem uma elasticidade positiva das distâncias médias percorridas (Dm)
relativamente à intensidade ambiental da mobilidade por pkm (IA) na AML de 1,0:
113
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Transporte Individual
Esta alteração, que representa uma redução de 10% consumo específico médio dos
veículos de transporte individual, traduzir-se-ia na seguinte intensidade ambiental da
mobilidade urbana de passageiros na AML:
Estes resultados reflectem que, com a estrutura de repartição modal da AML em 2002,
uma redução de 10% do consumo específico na operação dos veículos de transporte
individual, resulta num decréscimo de cerca 8,5% do consumo de energia e das
emissões de CO 2 na mobilidade urbana de passageiros.
Em termos globais, aquela alteração implicaria, por ano, uma redução do consumo de
energia de cerca de 5 233 Tj de energia e uma diminuição das emissões de CO2 de
aproximadamente 327 kton.
114
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Assim sendo, numa óptica conservadora, na simulação aqui efectuada fez-se variar o
consumo específico médio em 15% nos serviços de trans porte rodoviário colectivo. O
consumo dos veículos de transporte urbano (com propulsão a gasóleo) foi reduzido de
20,2 Mj/vkm para 17,1 Mj/vkm, sendo que no que respeita aos veículos de transporte
rodoviário suburbano, fez-se variar o consumo de 16,3 Mj/vkm para 13,9 Mj/vkm.
Esta alteração, que representa uma redução de 15% consumo específico médio dos
veículos de transporte rodoviário colectivo com propulsão a gasóleo, traduzir-se-ia na
seguinte intensidade ambiental da mobilidade urbana de passageiros na AML:
115
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Estes resultados reflectem que, com a estrutura de repartição modal da AML em 2002,
uma redução de 15% consumo específico médio dos veículos de transporte rodoviário
colectivo com propulsão a gasóleo, resulta num decréscimo entre 1,2% e 1,3% do
consumo de energia e das emissões de CO 2 na mobilidade urbana de passageiros,
respectivamente.
Em termos globais, aquela alteração implicaria, por ano, uma redução do consumo de
energia de cerca de 763 Tj de energia e uma diminuição das emissões de CO2 de
aproximadamente 50 kton.
Estes valores traduzem uma elasticidade positiva do consumo específico nos veículos de
transporte rodoviário colectivo (Ctc) relativamente à intensidade ambiental por pkm (IA)
na AML de 0,1:
Este valor significa que, com a estrutura de procura e oferta consideradas, a intensidade
ambiental por pkm na AML é pouco sensível a variações marginais do consumo
específico nos veículos de transporte rodoviário.
5.7 Conclusões
Da análise efectuada neste caso de estudo, é possível concluir que são diversos os
factores que concorrem para a intensidade energética e atmosférica dos diferentes
serviços de transporte, sendo de realçar os de natureza tecnológica e os de natureza
comportamental que afecta, em última análise, a estrutura da procura e portanto a
repartição modal e a taxa de ocupação dos diferentes tipos de veículos. Para o resultado
final, assume também especial importância quais as fases do ciclo de vida da
disponibilização dos serviços de transporte que se considera.
No que respeita aos veículos com motores de combustão interna, importa frisar que o
consumo específico pode variar significativamente em função do nível de serviço das
vias, pelo que a gestão de tráfego poderá constituir, a par de outros instrumentos, um
elemento de intervenção no sentido da redução da intensidade energética dos veículos
com aquele tipo de motorização.
116
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Considera-se assim que, face a uma determinada ocupação do território, a melhor forma
de optimizar a intensidade ambiental da mobilidade urbana de passageiros é fomentar
uma adequação da oferta de serviços de transporte à procura, não se podendo, contudo,
esquecer a importância de gerir essa procura, de forma a potenciar uma utilização
racional de todo o sistema de transportes. Essa gestão passará, certamente, por utilizar
os diferentes serviços de transporte, onde cada um apresenta vantagens comparativas
sobre os restantes.
Neste domínio, não se poderá olhar somente para critérios de natureza ambiental, sendo
certo que as opções de procura, actualmente, são condicionadas, sobretudo, mas não
exclusivamente, por critérios de natureza económica, do tempo dispendido nas diferentes
opções de mobilidade, bem como do conforto associado aos diferentes serviços de
transporte. Nesse sentido, é importante contribuir para que os critérios de natureza
ambiental façam parte dos factores de decisão quer na oferta quer na procura.
105
No que respeita ao consumo de energia, por lkm, e às emissões de CO2, por lkm e por pkm.
106
No que respeita ao consumo de energia, por pkm.
117
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
107
O transporte ferroviário convencional apresenta um consumo energético, por pkm, cerca de
94% abaixo da média do conjunto dos transportes motorizados. No que respeita às emissões
de CO2, esta diferença relativa é de cerca de 88%, em virtude do maior factor de emissão de
CO2 (g/joule) da electricidade, relativamente à gasolina, ao gasóleo, ao GPL e ao GN.
108
Apresenta uma intensidade ambiental, relativamente à média do conjunto dos transportes
motorizados, cerca de 60% inferior, nos serviços suburbanos, e cerca metade, nos serviços
urbanos.
118
Caso de estudo - intensidade ambiental da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa
Outros factores, que é necessário ter em consideração, são: o aumento das taxas de
ocupação dos veículos, a redução do consumo específico dos veículos, a transferência
modal e a substituição das energias de tracção.
Deve ainda alertar-se para o facto de, qualquer que seja a medida, ou conjunto de
medidas, a implementar, com vista à redução da intensidade ambiental da mobilidade
urbana de passageiros, se dever ter em consideração as alterações estruturais da
procura e da oferta que, em virtude disso, se verificarão no médio e longo prazos. Nessa
medida, considera-se que seria importante que a disciplina de tráfego fosse disseminada
e estivesse, cada vez mais, associada aos instrumentos de gestão territorial, bem como a
outros instrumentos de gestão da oferta e da procura e a grandes projectos geradores e
atractores de tráfego.
109
No que respeita a alguns poluentes, que não o CO2, poderá não ser exactamente assim, em
virtude das denominadas “cold emissions”, que se verificam nos arranques a “frio”, nos motores
de combustão interna, e que resultam em factores de emissão mais elevados durante os
primeiros minutos de funcionamento do motor do que os que se verificam durante o regime de
circulação normal.
119
Conclusões
6 CONCLUSÕES
Quer isto dizer que é necessário, por um lado, reduzir a quantidade de transporte que
está na origem da libertação de CO2 e, por outro, reduzir a quantidade de gás libertado
por unidade de mobilidade, ou seja, por unidade de energia consumida.
121
Conclusões
Por outro lado, verificou-se que o automóvel com tracção a gasolina apresenta uma
intensidade ambiental entre 30% (no que respeita ao consumo de energia, por lkm, e às
emissões de CO2, por lkm e por pkm) a 40% (no que respeita ao consumo de energia,
por pkm) superior à média dos transportes motorizados.
122
Conclusões
123
Conclusões
Para uma análise mais detalhada destes resultados deve ser consultada secção 5.5 e
5.7, do Caso de Estudo.
Por fim deve explicitar-se mais uma vez que os diferentes serviços de transporte em
comparação nem sempre são alternativos uns dos outros, o que implica que estes
resultados não possam ser interpretados no sentido de promover, em toda e qualquer
circunstância, a transferência modal para os serviços com menor intensidade ambiental.
O pressuposto aqui exposto decorre do facto que cada serviço de transporte responder
de forma diferente às necessidades e exigências da procura, evidenciando estruturas da
função utilidade igualmente diferentes.
Os resultados obtidos, bem como a análise efectuada, devem contribuir para que a
gestão da oferta de transporte (mas, também, da procura) reflicta o desempenho
ambiental das diversas formas de mobilidade, no que respeita ao consumo de energia e à
emissão de CO2.
Para esse efeito, a diversos níveis de actividade económica, deverão ser reestruturados
e/ou implementados novos instrumentos voluntários, regulamentares, económico-fiscais,
de regulação e de sensibilização social e institucional, que, passando pela redução das
externalidades ambientais negativas da mobilidade urbana, conduzam à alteração dos
110
No que respeita a alguns poluentes, que não o CO2, poderá não ser exactamente assim, em
virtude das denominadas “cold emissions”, que se verificam nos arranques a “frio”, nos motores
de combustão interna, e que resultam em factores de emissão mais elevados durante os
primeiros minutos de funcionamento do motor do que os que se verificam durante o regime de
circulação normal.
124
Conclusões
Para esse efeito, considera-se que é necessário que esta problemática e alguma
informação técnica - da qual, a contida nesta dissertação é apenas um exemplo - passe a
ser do domínio comum de todos os agentes que devem ser envolvidos na sua possível
resolução. Neste domínio, face às atribuições que lhes deverão ser cometidas, realça-se
o papel que as Autoridades Metropolitanas de Transportes - actualmente em fase de
instalação - poderão desempenhar.
125
Conclusões
Por exemplo, considera-se que seria útil desenvolver um exercício que permitisse
determinar a elasticidade de cada uma das variáveis, da expressão analítica proposta,
aos factores condicionantes identificados. Por exemplo, determinar qual a elasticidade do
número de viagens de cada habitante, ao seu poder de compra.
Esta hierarquização, não poderia, claro está, obviar a identificação das barreiras
(administrativas, de equidade, de aceitação social e de perda de utilidade) e a
quantificação dos custos inerentes a cada uma das medidas identificadas, bem como, do
período de tempo decorrente entre a adopção da medida e a obtenção dos resultados
esperados.
Outra vertente do trabalho que poderia ter sido aprofundada, com recurso a ferramentas
de benchmarking, respeita à determinação dos valores médios, máximos e mínimos de
cada uma das variáveis da expressão analítica proposta, o que, face à particularidade de
cada espaço urbano, possibilitaria estimar a margem de progressão que poderia ser
obtida em cada uma das variáveis, e por isso mesmo, também, na intensidade ambiental
da mobilidade.
126
Conclusões
127
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IX
Anexos
ANEXOS
XI
Anexos
XII
Anexos