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Restorative Practices

E FOR U M
Em Busca de um Paradigma: Uma Teoria de Justiça Restaurativa
PAUL MCCOLD E TED WACHTEL
INTERNATIONAL INSTITUTE FOR RESTORATIVE PRACTICES

Trabalho apresentado no XIII Congresso ALTO (McCold 2000; McCold & Wachtel, 2002).
Mundial de Criminologia, 10-15 Agosto de AO COM Cada uma dessas explica o como, o por quê e
2003, Rio de Janeiro, Brasil. o quem da teoria de justiça restaurativa.
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A justiça restaurativa é uma nova maneira A Janela de Disciplina Social


de abordar a justiça penal, que enfoca a repa- Todos aqueles que têm um cargo de auto-
ração dos danos causados às pessoas e relac- ridade na sociedade precisam tomar decisões
ionamentos, ao invés de punir os transgres- sobre como manter a disciplina social: pais
sores. Tendo se originado nos anos 70 como criando filhos, professores em salas de aula,
uma mediação entre vítimas e transgressores, ���������� ���������� empregadores supervisionando empregados
nos anos 90 a justiça restaurativa foi ampliada ou profissionais da justiça respondendo a
para incluir comunidades de assistência, com NADA PELO transgressões penais. Até pouco tempo, as
as famílias e amigos das vítimas e transgres- BAIXO ������������������������������ ALTO sociedades ocidentais vinham utilizando
sores participando de processos colaborativos Figura 1. Janela de Disciplina Social punições, normalmente vistas como a única
denominados “conferências” e “círculos”. forma eficiente de disciplinar aqueles que se
Este novo enfoque na resolução de conflitos comportavam mal ou cometiam crimes.
e o conseqüente fortalecimento daqueles afe- UMA TEORIA CONCEPTUAL DE Punição e outras opções estão ilustradas na
tados por uma transgressão parecem ter o po- JUSTIÇA RESTAURATIVA Janela de Disciplina Social (Figura 1), que é
tencial de aumentar a coesão social nas nossas A justiça restaurativa é um processo co- criada pela combinação de dois continuums:
sociedades, cada vez mais distantes umas das laborativo que envolve aqueles afetados mais “controle”, que limita ou influencia os out-
outras. A justiça restaurativa e suas práticas diretamente por um crime, chamados de ros, e “apoio”, cuidando, encorajando ou
emergentes constituem uma nova e promis- “partes interessadas principais”, para de- assistindo outros. Para simplificar, as combi-
sora área de estudo das ciências sociais. terminar qual a melhor forma de reparar o nações de cada um desses continuums foram
Nesse trabalho propomos uma teoria con- dano causado pela transgressão. Mas quem limitadas a “alto” e “baixo”. A delimitação
ceptual de justiça restaurativa para que os cien- são as principais partes interessadas na justiça clara de limites e a imposição diligente de
tistas sociais possam por à prova estes conceitos restaurativa e como devem se comprometer padrões de comportamento caracterizam um
teóricos e sua validade na explicação e prog- na busca pela justiça? Nossa proposta teoria alto grau de controle social. Padrões vagos
nóstico das práticas de justiça restaurativa. O de justiça restaurativa é composta de três es- ou fracos de comportamento e regulamen-
postulado fundamental da justiça restaurativa truturas conceituais distintas, porém relacio- tos permissivos ou inexistentes caracterizam
é que o crime causa danos às pessoas e relacio- nadas: Social Discipline Window - A Janela um baixo controle social. A assistência
namentos e que a justiça exige que o dano seja de Disciplina Social (Wachtel 1997, 2000; ativa e preocupação pelo bem-estar coletivo
reduzido ao mínimo possível. Dessa premissa Wachtel & McCold 2000), Stakeholder Roles caracterizam o alto apoio social. A falta de
resultam as seguintes questões chave: Quem - O Papel das Partes Interessadas (McCold encorajamento e uma provisão mínima para
foi prejudicado? Quais as suas necessidades? 1996, 2000) e Restorative Practices Typol- necessidades físicas e emocionais caracterizam
Como atender a essas necessidades? ogy - A Tipologia das Práticas Restaurativas o baixo apoio social. Combinando um nível

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alto ou baixo de controle com um nível alto
Dano Necessidades Respostas
ou baixo de apoio, a Janela de Disciplina So-
cial define quatro abordagens à regulamenta- PARTES INTERESSADAS PRINCIPAIS
ção do comportamento: punitiva, permissiva,
negligente e restaurativa. Víctima(s) direto específicas ativas
A abordagem punitiva, com alto controle
e baixo apoio, também chamada de “retribu- Transgressor(es) direto específicas ativas
tiva”, tende a estigmatizar as pessoas rotu-
lando-as indelevelmente de forma negativa. A Famílias+ direto específicas ativas
abordagem permissiva, com baixo controle e
PARTES INTERESSADAS SECUNDÁRIAS
alto apoio, também chamada “reabilitadora”,
tende a proteger as pessoas das conseqüências Vizinhos+ indireto coletivas dando apoio
de suas ações erradas. Baixo controle e baixo
apoio são simplesmente negligentes, uma Autoridades+ indireto coletivas dando apoio
abordagem caracterizada pela indiferença e
passividade. Figura 2. Papéis das Partes Interessadas
A abordagem restaurativa, com alto con-
trole e alto apoio, confronta e desaprova as essadas (Figura 2), relaciona o dano causado e sua resposta máxima é apoiar os processos
transgressões enquanto afirmando o valor pela transgressão às necessidades específicas restaurativos como um todo.
intrínseco do transgressor. A essência da de cada parte interessada resultantes da Todas partes interessadas principais pre-
justiça restaurativa é a resolução de problemas mesma, e às respostas restaurativas necessárias cisam de uma oportunidade para expressar
de forma colaborativa. Práticas restaurativas ao atendimento destas necessidades. Essa seus sentimentos e ter uma voz ativa no
proporcionam, àqueles que foram preju- estrutura causal distingue os interesses das processo de reparação do dano. As vítimas
dicados por um incidente, a oportunidade partes interessadas principais—aqueles mais são prejudicadas pela falta de controle que
de reunião para expressar seus sentimentos, afetados pela transgressão—dos afetados in- sentem em conseqüência da transgressão.
descrever como foram afetados e desenvolver diretamente. Elas precisam readquirir seu sentimento de
um plano para reparar os danos ou evitar que As partes interessadas principais são poder pessoal. Esse fortalecimento é o que
aconteça de novo. A abordagem restaurativa principalmente constituídas pelas vítimas e transforma as vítimas em sobreviventes. Os
é reintegradora e permite que o transgressor os transgressores porque são os mais dire- transgressores prejudicam seu relaciona-
repare danos e não seja mais visto como tal. tamente afetados. No entanto, aqueles que mento com suas comunidades de assistência
Quatro palavras descrevem resumidam- têm uma relação emocional significativa com ao trair a confiança das mesmas. Para recriar
ente as abordagens: NADA, PELO, AO e uma vítima ou transgressor, como os pais, essa confiança eles devem ser fortalecidos para
COM. Se negligente, NADA faz em resposta esposos, irmãos, amigos, professores ou co- poderem assumir responsabilidade por suas
a uma transgressão. Se permissiva, tudo faz legas, também são considerados diretamente más ações. Suas comunidades de assistência
PELO (por o) transgressor, pedindo pouco afetados. Eles constituem as comunidades de preenchem suas necessidades garantindo
em troca e criando desculpas para as trans- assistência a vítimas e transgressores. O dano que algo será feito sobre o incidente, que
gressões. Se punitiva, as respostas são reações causado, as necessidades criadas e as atitudes tomarão conhecimento do ato errado, que
AO transgressor, punindo e reprovando, mas restaurativas das partes interessadas principais serão tomadas medidas para coibir novas
permitindo pouco envolvimento ponderado são próprias de cada transgressão e precisam transgressões e que vítimas e transgressores
e ativo do mesmo. Se restaurativa, o trans- de participação ativa da comunidade para serão reintegrados às suas comunidades.
gressor encontra-se envolvido COM o trans- alcançar reparação máxima. As partes interessadas secundárias, que
gressor e outras pessoas prejudicadas, encora- As partes interessadas secundárias (indire- não estão ligadas emocionalmente às vítimas
jando um envolvimento consciente e ativo do tas) incluem os vizinhos, aqueles que perten- e transgressores, não devem tomar para si o
transgressor, convidando outros lesados pela cem a organizações religiosas, educacionais, conflito daqueles a quem pertence, inter-
transgressão a participarem diretamente do sociais ou empresas cujas áreas de respon- ferindo na oportunidade de reconciliação
processo de reparação e prestação de contas. sabilidade incluem os lugares ou as pessoas e reparação. A resposta restaurativa máxima
O engajamento cooperativo é elemento es- afetadas pela transgressão. A sociedade para as partes interessadas secundárias deve
sencial da justiça restaurativa. como um todo, representada pelo governo, ser a de apoiar e facilitar os processos em
também é uma parte interessada secundária. que as próprias partes interessadas principais
O Papel das Partes Interessadas O dano causado às duas partes interessadas determinam o que deve ser feito. Estes pro-
A segunda estrutura de nossa teoria de secundárias é indireto e impessoal, suas cessos reintegrarão vítimas e transgressores,
justiça restaurativa, o papel das partes inter- necessidades são coletivas, não específicas, fortalecendo a comunidade, aumentando a

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������������������������������������������������� Quando as necessária à reparação do dano causado pelo
práticas da justiça ato criminoso.
penal envolvem Um sistema de justiça penal que simples-
����������������� apenas um dos mente pune os transgressores e desconsidera
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grupos de par- as vítimas não leva em consideração as neces-
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����������������� tes interessadas sidades emocionais e sociais daqueles afeta-
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������������������ principais, dos por um crime. Em um mundo onde as
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como no caso de pessoas sentem-se cada vez mais alienadas,
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����������� ������������������� compensação fi- a justiça restaurativa procura restaurar
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nanceira do gov- sentimentos e relacionamentos positivos.
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����������� ������ ��������� �������� erno às vitimas, o O sistema de justiça restaurativa tem como
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������������ ������������ processo só pode objetivo não apenas reduzir a criminalidade,
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�������������� ser chamado de mas também o impacto dos crimes sobre os
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������������ “parcialmente cidadãos. A capacidade da justiça restaurativa
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restaurativo”. de preencher essas necessidades emocionais
��������������������� ������ ������������� Quando a vítima e de relacionamento é o ponto chave para
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e o transgressor a obtenção e manutenção de uma sociedade
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���������������� ������������� participam de civil saudável.
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um processo de
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������������� mediação sem REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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a participação McCold, P. (1996). Restorative justice and
Figure 3. Tipologia das Práticas Restaurativas de suas comu- the role of community. In B. Galaway
nidades, esse será “na & J. Hudson (Eds.), Restorative Justice:
coesão e fortalecendo e ampliando a capacid- maior parte restaurativo”. Apenas quando os International Perspectives (pp. 85-102).
ade dos cidadãos de solucionar seus próprios três grupos participam ativamente, como em Monsey, NY: Criminal Justice Press.
problemas. conferências ou círculos, pode ser dito que o McCold, P. (2000). Toward a mid-range
processo é “totalmente restaurativo”. theory of restorative criminal justice: A
Tipologia das Práticas Restaurativas reply to the Maximalist model. Contem-
A justiça restaurativa é um processo que CONCLUSÃO porary Justice Review, 3(4), 357-414.
envolve as partes interessadas principais na Crimes causam danos a pessoas e rela- McCold, P., & Wachtel, T. (2002). Re-
decisão de como reparar o dano causado por cionamentos. A justiça requer que o dano storative justice theory validation. In
uma transgressão. As três partes interessadas seja reparado ao máximo. A justiça restau- E. Weitekamp and H-J. Kerner (Eds.),
principais na justiça restaurativa são as víti- rativa não é feita porque é merecida e sim Restorative Justice: Theoretical Founda-
mas, os transgressores e suas comunidades de porque é necessária. A justiça restaurativa é tions (pp. 110-142). Devon, UK: Willan
assistência, cujas necessidades são, respectiva- conseguida idealmente através de um pro- Publishing.
mente: obter a reparação, assumir a respon- cesso cooperativo que envolve todas as partes Wachtel, T. (1997). Real Justice: How to
sabilidade e conseguir a reconciliação. O grau interessadas principais na determinação da Revolutionize our Response to Wrong-
de envolvimento das três numa troca emo- melhor solução para reparar o dano causado doing. Pipersville, PA: Piper’s Press.
cional e decisões significativas determinará pela transgressão. Wachtel. T. (2000). Restorative practices
o grau em que qualquer forma de disciplina A teoria conceptual apresentada possibilita with high-risk youth. In G. Burford & J.
social poderá ser chamada apropriadamente uma resposta abrangente que explica o como, Hudson (Eds.). Family Group Conferenc-
de “restaurativa”. Esses três grupos de partes o por quê e o quem do paradigma da justiça ing: New Directions in Community Cen-
interessadas principais são representados restaurativa. A Janela de Disciplina Social tered Child & Family Practice (pp. 86-92).
pelos três círculos da Figura 3. O próprio explica como o conflito pode se transformar Hawthorne, NY: Aldine de Gruyter.
processo de interação é crítico para preencher em cooperação. A Estrutura de Papéis das Wachtel, T., & McCold, P. (2000). Restor-
as necessidades emocionais das partes inter- Partes Interessadas Principais mostra que ative justice in everyday life. In J. Braith-
essadas. O compartilhamento de emoções para reparar os danos aos sentimentos e waite and H. Strang (Eds.), Restorative
necessário para atingir os objetivos de todos relações requer o fortalecimento das partes Justice in Civil Society (pp. 117-125). New
os que foram diretamente afetados não pode interessadas principais, afetadas de forma York: Cambridge University Press.
ocorrer através de participação unilateral. O mais direta. A Tipologia das Praticas Res-
mais restaurativo dos processos requer a par- taurativas explica porque a participação da
ticipação ativa dos três grupos. vítima, do transgressor e das comunidades é

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