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TRÁFICO INTERNACIONAL DE
PESSOAS
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A descrição típica é a do art. 231 do Código Penal, com a redação da Lei n° 11.106, de
28.3.2005:“promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de
pessoa que venha exercer a prostituição ou a saída de pessoa para exercê-la no
estrangeiro”. A pena é reclusão, de três a oito anos, e multa.
11.2 TIPICIDADE
11.2.1 Conduta
Facilitar é, de qualquer modo, auxiliar, contribuir para que fique mais fácil a entrada
ou a saída. É vencer dificuldades, romper obstáculos, eliminar empecilhos.
Em regra é livre o ingresso de pessoas no território nacional, bem assim sua saída. O
que a norma proíbe é a participação dolosa de alguém na entrada ou saída com a finalidade
de, aqui, ou no estrangeiro, exercer ela a prostituição. Não é proibida a saída de mulher
que tenha a intenção de, em outro país, exercer o meretrício. Nem será impedida de para o
Brasil vir aquela que pretenda, aqui, dedicar-se àquela atividade, desde que cumpra as
normas exigidas para o ingresso de qualquer outra pessoa.
O tipo não faz nenhuma referência ao consentimento da pessoa que, por isso, é
irrelevante porém, se houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude, incidirá a
qualificadora do § 2º, adiante comentada.
do art. 231-A do Código Penal, tráfico interno de pessoas, introduzido pela Lei n° 11.106,
de 28.3.2005.
Cuida-se de crime doloso. O agente, para incidir no tipo, deve estar consciente da
contribuição que dá para a entrada ou saída da pessoa, mas, principalmente, deve saber
que ela irá, aqui ou no estrangeiro, exercer a prostituição. Se quem promove ou facilita a
entrada ou saída da pessoa não sabe que sua intenção é exercer a prostituição o fato é
atípico, por erro de tipo, excludente do dolo.
A tentativa é possível se ela não consegue entrar ou sair, por circunstâncias alheias à
vontade do agente, inclusive quando a própria pessoa resolve permanecer onde se
encontra.
Qualifica o crime a menor idade da vítima ou uma das relações entre ela e o agente,
referidas no preceito. Alcança os professores, educadores, diretores de estabelecimentos de
ensino, de saúde, internatos, externatos, casas de internação de menores, enfim, pessoas
que estejam exercendo um poder de autoridade, decorrente das relações de tratamento e
guarda. Estando o agente nas condições referidas na norma, merecerá maior reprovação
pela violação do decorrente dever, legal ou jurídico, de proteger a vítima.
A segunda forma qualificada cuida dos meios empregados pelo agente para promover
ou facilitar a entrada no território nacional, ou sua saída. Se usa violência, grave ameaça ou
fraude, a pena será de reclusão de quatro a dez anos (§ 2º do art. 231). Por violência
devem-se entender as lesões corporais, leves, graves ou gravíssimas e também as vias de
fato. Grave ameaça é a promessa da causação de um mal importante. Fraude é o engodo, o
engano, o meio que o agente emprega para manter a vítima em erro ou levá-la a apreciar
mal a realidade.
Além da pena mais severa, o agente responderá, em concurso material, pelo crime
contra a pessoa decorrente do emprego da violência – lesão corporal ou morte –, a não ser
quando tais resultados tenham derivado de culpa, caso em que incidirá o art. 223, aplicável
também ao delito do art. 231, por força do que dispõe o art. 232.