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FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO,
ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO
DE PRODUTO DESTINADO A FINS
TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS

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50.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

No art. 273 do Código Penal, está descrita a figura típica básica: “falsificar,
corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. A
pena cominada é reclusão, de dez a quinze anos. Crime grave.

O § 1º: “nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado”. A norma do § 1º-A considera objeto
material do crime também “os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico”. Finalmente, no §
1º-B, a lei acrescenta, como objetos materiais das condutas descritas no § 1º, os produtos:

“I – sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;


II – em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso
anterior; III – sem as características de identidade e qualidade admitidas para
a sua comercialização; IV – com redução de seu valor terapêutico ou de sua
atividade; V – de procedência ignorada; V – adquiridos de estabelecimento sem
licença da autoridade sanitária competente.”

O bem jurídico protegido é a saúde pública, a saúde da coletividade, em face de


condutas que têm como objeto produtos terapêuticos ou medicinais, cuja qualidade é
essencial para a prevenção e o tratamento das doenças que acometem as pessoas.
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito
passivo é o Estado, a coletividade, a sociedade.

50.2 TIPICIDADE

O caput traz o tipo básico. O § 1º, as figuras típicas equiparadas. O § 1º-A apresenta
norma explicativa acerca do objeto material do tipo básico e dos a ele equiparados. O § 1º-
B contém a descrição de outros objetos materiais das figuras típicas equiparadas. O § 2º
contempla o tipo culposo. O art. 285 determina a incidência das formas qualificadas pelo
resultado descritas no art. 258 do Código Penal.

50.2.1 Formas típicas do caput

50.2.1.1 Conduta

As condutas são falsificar, corromper, adulterar ou alterar. Falsificar é criar


fraudulentamente, é fazer com fraude. Falsificação é a contrafação. Corromper é estragar, é
desnaturar. Adulterar é piorar, mudar para pior, reduzir a qualidade de algo. Alterar é
modificar a composição da coisa. A falsificação produz, como se fosse verdadeiro, algo
inteiramente falso. A corrupção modifica sua essência. A adulteração torna-o inferior. A
alteração faz com que o objeto seja outro.

50.2.1.2 Elementos objetivos e normativos

O objeto material do delito é o produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais


e também as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os
de uso em diagnóstico.

Produto é tudo que resulta da ação humana consistente em fabricar, manufaturar,


extrair da natureza ou gerar. É algo criado pelo ser humano. Produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais é aquele cuja finalidade é a prevenção ou a cura das
enfermidades. São os denominados remédios, utilizados para o combate às doenças,
visando ao restabelecimento da saúde.

Medicamentos são substâncias ou preparados utilizados como remédios.


Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais - 3

Matérias-primas são substâncias, ativas ou inativas, utilizadas na fabricação de


medicamentos e outros produtos para fins terapêuticos ou medicinais.

Insumos farmacêuticos são drogas ou matérias-primas empregadas na elaboração


de medicamentos.

Cosméticos são produtos de uso externo utilizados pela pessoa para a proteção ou o
embelezamento de partes do corpo.

Saneantes são substâncias destinadas à higienização e à desinfecção de ambientes.

Produtos de uso em diagnóstico são os utilizados em exames, inclusive


laboratoriais, realizados no atendimento aos pacientes.

Conquanto se trate de um crime de perigo para a saúde das pessoas, é indispensável


que a falsificação, corrupção, adulteração e alteração desses produtos seja de molde a criar
risco de dano para as pessoas a quem sejam eles destinados.

Se o produto objeto da conduta não for destinado a fins terapêuticos ou medicinais,


não incidirá a norma incriminadora. Assim, por exemplo, quando há falsificação de
saneante destinado a higienizar ambiente não voltado para o atendimento à saúde de
alguém.

Não é indispensável que da conduta venha resultar efetivo dano para a saúde das
pessoas, todavia é necessário que seja demonstrada, pericialmente, a falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração do produto.

50.2.1.3 Elemento subjetivo

É crime doloso. O agente deve ter consciência da conduta que realiza, de que o
produto destina-se a fins terapêuticos ou medicinais, e agir com vontade livre de realizá-la
sabendo do perigo que representa para a saúde das pessoas, sem qualquer outra finalidade
especial.

Sem a consciência sobre um dos elementos do tipo ou sem vontade de realizar o


tipo, poderá incorrer na incriminação culposa, adiante analisada.

50.2.1.4 Consumação e tentativa

Consuma-se quando o produto é falsificado, corrompido, adulterado ou alterado em


4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

decorrência da conduta empregada pelo agente. A tentativa é possível, seja quando o sujeito
ativo é impedido de concluir a ação material ou quando, apesar de concluída, o produto não
resta falsificado, corrompido, alterado ou adulterado.

50.2.2 Formas típicas do § 1º

50.2.2.1 Conduta

As condutas são importar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender, de
qualquer forma distribuir ou entregar a consumo. Vender é alienar mediante o pagamento
de um preço. Expor à venda é exibir, mostrar, oferecer, deixar à vista para que pessoas o
comprem. Ter em depósito para vender é estocar, armazenar, com a finalidade de venda
posterior. Distribuir ou entregar de qualquer forma a consumo é fornecer, emprestar, dar,
colocar à disposição do consumidor.

50.2.2.2 Elementos objetivos e normativos

O objeto material é o produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, e


também medicamentos, matérias-primas, insumos farmacêuticos, cosméticos, saneantes,
de uso em diagnóstico – objeto de comentários feitos linhas atrás – já falsificados,
corrompidos, adulterados ou alterados por outra pessoa. Se é o próprio agente o autor da
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração do produto que vende, expõe à venda, tem
em depósito para vender, distribui ou entrega-o a consumo, há crime único. A conduta
posterior é post factum impunível.

É também objeto material o produto: (a) sem registro exigível pelo órgão da
vigilância sanitária; (b) em desacordo com a fórmula constante do mencionado registro;
(c) sem as características de identidade e qualidade admitidas para sua comercialização;
(d) com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; (e) de procedência ignorada;
(f) adquirido de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária.

Esses produtos, referidos no § 1º-B do art. 273, é bom que se diga, não são produtos
falsificados, corrompidos, adulterados, ou alterados, mas, por não atenderem às normas
administrativas impostas pelo poder público, são, pela norma, àqueles equiparados para os
fins da incriminação.

O crime é de perigo abstrato. Não precisa ser demonstrado. Nem precisa ter
Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais - 5

ocorrido. A norma presume o perigo, realizando-se o tipo com a prática de uma das
condutas incriminadas, independentemente da produção de qualquer resultado lesivo ou
mesmo de perigo de lesão.

50.2.2.3 Elemento subjetivo

Para incidir na conduta típica deve o agente atuar com dolo. Deve saber que o
produto é falsificado, corrompido, adulterado ou alterado, que se destina a fins
terapêuticos ou medicinais, ou então que não se enquadra nas exigências regulamentares e
agir com vontade livre de realizar o tipo, sem qualquer finalidade especial, salvo na
hipótese de ter em guarda o produto, em que a norma exige a presença do fim de vendê-lo.

Quando não tem consciência de um elemento do tipo ou quando não tem vontade
de realizar a conduta típica, pode realizar o tipo culposo, que será comentado adiante.

50.2.2.4 Consumação e tentativa

A consumação coincide com o instante em que o agente importa, vende, expõe à


venda, tem em depósito para vender ou entrega o produto a outrem.

A tentativa é possível, exceto na modalidade típica de ter em depósito.

50.2.3 Forma culposa

Em algumas situações, o agente pode realizar a conduta típica sem consciência ou


sem vontade, por descuido ou desatenção. Claro que é impossível falsificar um produto por
negligência, pois o dolo é inerente ao emprego de fraude. Mas, em relação às demais
condutas – corromper, adulterar, alterar, vender, importar, expor à venda etc. –, é
perfeitamente admissível que o agente não tenha consciência, por exemplo, de que o
produto é destinado a fins terapêuticos ou medicinais ou de que é falsificado, corrompido,
adulterado ou alterado, e, também, de que o mesmo deveria ter sido registrado no órgão da
vigilância sanitária.

Sendo previsível, e atuando o sujeito ativo com negligência, imprudência ou


imperícia, poderá realizar a conduta proibida sem a vontade de violar a norma. Haverá,
nessa hipótese, o crime culposo, punido com detenção, de um a três anos e multa.
6 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

50.2.4 Formas qualificadas pelo resultado

Incidem, segundo o art. 285 do Código Penal, as formas qualificadas pelo resultado
descritas no art. 258. Se do fato resultar lesão corporal de natureza grave, a pena será
aumentada de metade. Se resultar morte, será aplicada em dobro.

Se do crime culposo, em qualquer das modalidades típicas, resultar lesão corporal –


leve, grave ou gravíssima –, a pena será aumentada de metade. Se resultar morte, será
aplicada a pena do homicídio culposo, aumentada de um terço.

São crimes preterdolosos. Há dolo na realização da conduta e culpa na produção do


resultado não desejado nem aceito pelo agente.

Se o agente tiver realizado a conduta com a finalidade de causar o resultado mais


grave em relação a uma ou mais pessoas determinadas, haverá crime de resultado contra a
pessoa integralmente doloso.

Se o fizer com o fim de produzir o resultado mais grave em relação a um número


indeterminado de pessoas, haverá concurso formal imperfeito entre o crime de perigo e
tantos quantos sejam os crimes contra a pessoa.

50.3 CRIME HEDIONDO

A Lei nº 8.072/90, em seu art. 1º, inciso VII-B, considera hediondo o crime de
“falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput, e § 1º , § 1º -A, § 1º -B, com a redação dada
pela Lei nº 9.677, de 2-7-1998)”, valendo notar que também na forma tentada.

Não é hediondo o crime quando realizada a conduta culposamente.

50.4 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A suspensão condicional do


processo penal somente é admitida no crime culposo simples, isto é, não qualificado pelo
resultado.

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