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FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO,
ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO
DE PRODUTO DESTINADO A FINS
TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS
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No art. 273 do Código Penal, está descrita a figura típica básica: “falsificar,
corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. A
pena cominada é reclusão, de dez a quinze anos. Crime grave.
O § 1º: “nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado”. A norma do § 1º-A considera objeto
material do crime também “os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico”. Finalmente, no §
1º-B, a lei acrescenta, como objetos materiais das condutas descritas no § 1º, os produtos:
Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito
passivo é o Estado, a coletividade, a sociedade.
50.2 TIPICIDADE
O caput traz o tipo básico. O § 1º, as figuras típicas equiparadas. O § 1º-A apresenta
norma explicativa acerca do objeto material do tipo básico e dos a ele equiparados. O § 1º-
B contém a descrição de outros objetos materiais das figuras típicas equiparadas. O § 2º
contempla o tipo culposo. O art. 285 determina a incidência das formas qualificadas pelo
resultado descritas no art. 258 do Código Penal.
50.2.1.1 Conduta
Cosméticos são produtos de uso externo utilizados pela pessoa para a proteção ou o
embelezamento de partes do corpo.
Não é indispensável que da conduta venha resultar efetivo dano para a saúde das
pessoas, todavia é necessário que seja demonstrada, pericialmente, a falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração do produto.
É crime doloso. O agente deve ter consciência da conduta que realiza, de que o
produto destina-se a fins terapêuticos ou medicinais, e agir com vontade livre de realizá-la
sabendo do perigo que representa para a saúde das pessoas, sem qualquer outra finalidade
especial.
decorrência da conduta empregada pelo agente. A tentativa é possível, seja quando o sujeito
ativo é impedido de concluir a ação material ou quando, apesar de concluída, o produto não
resta falsificado, corrompido, alterado ou adulterado.
50.2.2.1 Conduta
As condutas são importar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender, de
qualquer forma distribuir ou entregar a consumo. Vender é alienar mediante o pagamento
de um preço. Expor à venda é exibir, mostrar, oferecer, deixar à vista para que pessoas o
comprem. Ter em depósito para vender é estocar, armazenar, com a finalidade de venda
posterior. Distribuir ou entregar de qualquer forma a consumo é fornecer, emprestar, dar,
colocar à disposição do consumidor.
É também objeto material o produto: (a) sem registro exigível pelo órgão da
vigilância sanitária; (b) em desacordo com a fórmula constante do mencionado registro;
(c) sem as características de identidade e qualidade admitidas para sua comercialização;
(d) com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; (e) de procedência ignorada;
(f) adquirido de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária.
Esses produtos, referidos no § 1º-B do art. 273, é bom que se diga, não são produtos
falsificados, corrompidos, adulterados, ou alterados, mas, por não atenderem às normas
administrativas impostas pelo poder público, são, pela norma, àqueles equiparados para os
fins da incriminação.
O crime é de perigo abstrato. Não precisa ser demonstrado. Nem precisa ter
Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de Produto Destinado a Fins Terapêuticos ou Medicinais - 5
ocorrido. A norma presume o perigo, realizando-se o tipo com a prática de uma das
condutas incriminadas, independentemente da produção de qualquer resultado lesivo ou
mesmo de perigo de lesão.
Para incidir na conduta típica deve o agente atuar com dolo. Deve saber que o
produto é falsificado, corrompido, adulterado ou alterado, que se destina a fins
terapêuticos ou medicinais, ou então que não se enquadra nas exigências regulamentares e
agir com vontade livre de realizar o tipo, sem qualquer finalidade especial, salvo na
hipótese de ter em guarda o produto, em que a norma exige a presença do fim de vendê-lo.
Quando não tem consciência de um elemento do tipo ou quando não tem vontade
de realizar a conduta típica, pode realizar o tipo culposo, que será comentado adiante.
Incidem, segundo o art. 285 do Código Penal, as formas qualificadas pelo resultado
descritas no art. 258. Se do fato resultar lesão corporal de natureza grave, a pena será
aumentada de metade. Se resultar morte, será aplicada em dobro.
A Lei nº 8.072/90, em seu art. 1º, inciso VII-B, considera hediondo o crime de
“falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput, e § 1º , § 1º -A, § 1º -B, com a redação dada
pela Lei nº 9.677, de 2-7-1998)”, valendo notar que também na forma tentada.