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Edição Especial do Informe Conjuntural
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dou radicalmente com a eclosão da crise financiamento do crescimento em uma
mundial. Originada na maior economia economia mundial com menor liquidez atividade econômica
do mundo, a crise se propagou de forma e maior aversão ao risco. A sustentação Crise global causa retração da
intensa e contaminou as economias de de taxas elevadas de crescimento irá atividade no fim do ano
todos os países. O resultado é a redução exigir o aumento na taxa de investimen-
no crescimento mundial, que afeta o ci- to e, conseqüentemente, a ampliação da
clo de expansão da economia brasileira. poupança doméstica.
A crise foi gerada pelo descompasso O papel do Estado será crítico nessa emprego e salário 12
entre os ritmos de crescimento dos ati- nova fase. As indispensáveis ações Mercado de trabalho aquecido,
vos financeiros e da economia real. Não emergenciais de enfrentamento da mas ritmo de crescimento
obstante, a forte alavancagem financeira crise devem ser complementadas deve ser moderado
e alta liquidez externa permitiram um por ações de longo prazo de modo a
longo ciclo de crescimento da economia construir um ambiente econômico de
mundial, do qual o Brasil se beneficiou.
A despeito da crescente contribuição da
melhor qualidade. É essencial um papel
mais ativo do Estado no provimento da inflação, juros e 15
demanda doméstica para o crescimento, infra-estrutura, com a priorização dos crédito
é um equívoco minimizar a importância investimentos públicos. Destaque-se Deflação mundial e menor
da alavanca externa para o ciclo recente também a importância dos mecanis- crescimento reduzem pressões
da economia brasileira. mos regulatórios capazes de atrair o sobre a inflação doméstica
investimento privado.
O Brasil tem dois desafios. Primeiro, é
necessário restabelecer as condições
de crédito, minimizar a volatilidade dos
Mas é necessário afastar o risco fiscal.
É preciso manter o foco no equilíbrio de política fiscal 19
longo prazo das contas públicas, que Contenção de gastos
mercados financeiros e evitar maior
deve ser preservado com o controle proporciona superação da
retração da atividade. Em outros termos,
dos gastos correntes para possibilitar a meta fiscal
amortecer os efeitos sobre o consumo
das famílias e o investimento. redução da carga tributária. Essa é uma
23
condição essencial para a elevação da
Segundo, depois de superada a fase taxa de investimento e para a retomada
setor externo
crítica da crise global, o principal desafio do ciclo virtuoso de crescimento.
Aumenta a necessidade
O PIB deve apresentar crescimento real em curso em 2008, o encarecimento do centro da meta proposta para o ano,
de 2,4% em 2009. A retração no ritmo da e menor disponibilidade de financia- que é de 4,5%. Por um lado, a retração na
atividade econômica será provocada por mento e à desvalorização do real. demanda interna e a queda dos preços
uma série de fatores que afetarão nega- Dessa forma, os investimentos de- internacionais das commodities agem no
tivamente os componentes da demanda vem crescer apenas 3,0% em 2009, sentido de reduzir a pressão por elevação
interna e externa: comparativamente a uma expansão dos preços. Por outro lado, a forte desva-
de 14,4% em 2008. lorização da taxa de câmbio nos últimos
• Consumo interno: o ritmo de meses exerce pressão direta por alta de
crescimento do consumo das famílias • Demanda externa: a recessão nas preços nas importações e indireta sobre
deve cair sensivelmente devido às maiores economias deverá ter forte produtos e serviços produzidos interna-
condições menos favoráveis no mer- impacto sobre o comércio mundial, mente, exercida via aumento de custos
cado de crédito e, em um segundo que deverá crescer 2,1% em 2009, na cadeia produtiva. Entretanto, o efeito
momento, pelo efeito que a deteriora- contra uma expansão de 4,6% em da desvalorização cambial sobre a inflação
ção do mercado de trabalho exercerá 2008. Dessa forma, as exportações será amenizado pela queda no preço das
sobre a massa salarial. Por isso, o brasileiras deverão cair em 2009 commodities e pela menor possibilidade
consumo das famílias deve registrar e contribuir negativamente para o de transferência aos preços devido à retra-
expansão de 3,0% em 2009, um nível crescimento do PIB. Esse efeito será ção no ritmo de crescimento da atividade.
de crescimento próximo da metade amenizado pelo recuo nas impor-
daquele observado em 2008. tações provocado pela redução do O comportamento da inflação em 2009
ritmo da atividade econômica interna. abre espaço para que o Banco Central
• Investimentos: será o componente inicie, já a partir de janeiro, um processo
da demanda interna que sofrerá a
maior desaceleração no ritmo de
Inflação próxima da de afrouxamento da política monetária. A
expectativa é de um corte de 0,5 ponto
crescimento. O arrefecimento se meta e juros caindo a percentual nas duas primeiras reuniões
dará devido à expectativa de redução
partir de janeiro do ano, seguidos de reduções menos
das demandas interna e externa intensas nas demais reuniões de 2009.
em um contexto de estoques já A inflação, medida pelo IPCA, deve ficar Com isso, a CNI projeta uma taxa Selic de
elevados. Nesse canário, inclui-se a em 4,8% em 2009. Haverá, portanto, 11,25% em dezembro de 2009, acumulan-
maturação dos investimentos ainda uma convergência da taxa para próximo do uma média de 12,2% no ano.
A economia mundial experimentou, região dos 15 países que usam o euro continuará ao longo de 2009. Com
entre 2004 e 2007, um período de sofre uma recessão desde o nasci- efeito, os bancos comerciais poderão
crescimento sem precedentes. O mento da moeda comum européia. Os experimentar maiores dificuldades
crescimento econômico global e o EUA já se encontram em recessão; os que em 2008, na medida em que se
comércio exterior superaram, ano após dados do terceiro trimestre apontaram intensificarem as demissões e, como
ano, as expectativas mais otimistas. para uma contração de 0,5% no PIB resultado, a inadimplência.
Neste período, o crescimento médio do do país e espera-se nova contração no
PIB mundial, em termos reais, oscilou quarto trimestre. No Japão, a recessão Emergentes não
entre 3,5% e 5%; o comércio mundial iniciou-se ainda no segundo trimestre
de produtos e serviços cresceu, em de 2008. Não obstante, a despeito da
repetirão desempenho
média, 8% ao ano. O fluxo de inves- grande mudança de cenário neste fim em 2009
timento estrangeiro direto mundial de ano, o crescimento do PIB mundial
Em boa parte de 2008 os países emer-
cresceu mais de 170% na comparação esperado para 2008 é de 3,7% (FMI),
ainda bastante significativo. gentes não sentiram na mesma inten-
com a década de 90.
sidade os efeitos da desaceleração dos
países desenvolvidos. Para a maioria
Ano de 2008 marca Em 2009, contudo, será impossível repetir
este desempenho. A escassez de crédito, desses países, entre eles o Brasil, o
interrupção de combinada com perda generalizada crescimento em 2008 foi sustentado
ciclo virtuoso de de confiança, está levando os setores pela demanda doméstica em ascensão
industrial, agrícola e de serviços – nos e elevadas receitas com as vendas de
crescimento mais diversos países – a interromper commodities. Nesses países, contudo,
O ano de 2008, no entanto, marcou o investimentos e se preocupar fortemente o rápido crescimento trouxe consigo
fim deste período. A crise financeira com contenção de despesas. Dessa a inflação e, em boa parte deles, a
internacional derrubou as bolsas ao lon- forma, cortes de custos e demissões, que solução adotada foi o endurecimento
go do globo, arrastou consigo bancos estavam concentrados nos setores finan- da política monetária. Como conse
centenários e se alastrou pela econo- ceiros, alastram-se pelo restante da eco- qüência, as perdas financeiras nas
mia real, trazendo queda na atividade nomia. Com o aumento das demissões, a bolsas de valores foram mais acentua-
e dificuldades para diversos setores redução no consumo irá se intensificar. das que nos países avançados.
econômicos. A zona do Euro amargou
uma retração de 0,2% no terceiro O chamado credit crunch, decorrente Em 2009, as forças que sustentaram o
trimestre. Essa é a primeira vez que a da pressão sobre o setor financeiro, crescimento das economias emergen-
dos emergentes, sentirão forte redução Economias desenvolvidas 2,6 1,4 -0,3
União européia 3,1 1,5 -0,2
em suas receitas de exportação. A
Economias emergentes e em
China, por exemplo, registrou queda 8,0 6,6 5,1
desenvolvimento
em suas exportações em novembro Volume comércio mundial
na comparação com o mesmo mês de 7,2 4,6 2,1
(bens e serviços)
2007; é a primeira vez em sete anos * Projeção
que as exportações chinesas não cres- Fonte: FMI
Interrupção abrupta
do crescimento
O ano de 2008 foi marcado por dois
períodos com diferentes dinâmicas de
PIB e formação bruta de capital fixo
crescimento da economia brasileira. No
Variação (%) acumulada em 4 trimestres, em relação aos 4 trimestres anteriores
primeiro, formado pelos três primeiros
Formação bruta de capital fixo cresce em ritmo, pelo menos, duas
trimestres do ano, destaca-se o cresci-
vezes superior à expansão do PIB há 10 trimestres consecutivos
mento econômico evoluindo de maneira
intensa e espraiada. No segundo, com- 18
Na média dos três primeiros trimestres continuou a ser o maior responsável pelo para a maioria dos setores: de janeiro
do ano, comparativamente ao mesmo crescimento econômico, com aumento a setembro de 2008, frente ao mesmo
período do ano anterior, o PIB cresceu à de 7,3% no terceiro trimestre, frente o período do ano anterior, a produção
taxa de 6,8%. Ressalte-se a aceleração mesmo período de 2007. cresceu para 21 dos 24 setores cobertos
de todos os componentes da demanda pela pesquisa (PIM-PF/IBGE) – sendo
interna, nessa comparação intertem- Do lado da oferta, o crescimento eco- que em cinco deles a taxa de expansão
poral. A formação bruta de capital fixo nômico no terceiro trimestre – compa- foi de dois dígitos.
(FBKF) cresceu 19,7% – o maior cresci- rativamente com o mesmo trimestre
mento em 12 anos. Além de intensa, a de 2007 – foi liderado, mais uma vez, O maior dinamismo da produção
expansão da FBKF ocorre com regulari- pela indústria, cuja expansão foi de industrial fez com que a utilização
dade: há 10 trimestres consecutivos que 7,1%. O setor de construção civil se da capacidade instalada na indústria
esse indicador cresce em taxas, pelo destacou pelo maior ritmo de expansão (CNI) atingisse 83,4% em setembro, o
menos, duas vezes o crescimento do (11,7%) desde o plano real. A produção que representa o maior nível da série
PIB. O consumo das famílias, no entanto, da indústria de transformação ocorreu histórica do indicador dessazonalizado –
de 2008 contou com um dia a mais de * Os indicadores variam no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam evolução positiva (crescimento) ou esto-
produção do que outubro de 2007. ques acima do planejado.
Fonte: Sondagem Industrial CNI
núcleos do IPCA
8
Os núcleos de inflação – que são
caracterizados por uma trajetória mais IPCA
4
rígida de evolução – registraram em no-
vembro uma interrupção do movimento
de alta no indicador acumulado em 12 0
jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08 jul/08 out/08
meses. O núcleo por médias aparadas
Fonte: IBGE e FGV
com suavização estabilizou-se em 4,8%
de outubro para novembro e o núcleo
por exclusão de alimentos e preços mo-
nitorados chegou a recuar ligeiramente
nesse período (de 5,1% para 5,0%).
Contribuição do grupo Alimentação e Bebidas no IPCA
Com as últimas apurações sobre a varia- Em % do IPCA acumulado em 12 meses
ção dos preços e a forte desaceleração Queda dos preços das commodities leva contribuição do grupo
da economia doméstica e internacional Alimentação recuar sensivelmente na inflação ao consumidor
já em curso, os fatores de risco para infla-
ção futura reduziram-se sensivelmente. 60
6,0
Crise internacional
5,0 altera postura de
4,0
política monetária no
Brasil
3,0
Após o Banco Central elevar a taxa de
2,0 juros em 2,5 pontos percentuais – de
jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08 jul/08 out/08
abril a setembro de 2008 (para 13,75%
Médias aparadas com suavização Núcleo por exclusão de alimentos e preços monitorados
ao ano) –, a crise internacional dissemi-
Fonte: IBGE
nou-se de maneira rápida e intensa via
redução da liquidez de crédito. Devido à
maior aversão ao risco, o empoçamento
de liquidez elevou ainda mais as taxas
Evolução da taxa de juros Selic e Spread bancário para pessoa jurídica de juros referenciais para as opera-
Em % ao ano ções de crédito, de forma a atingirem
Spread bancário atinge a segunda maior taxa da série histórica do 42,9% ao ano em outubro (último dado
Banco Central, se descolando da trajetória da Selic disponível).
39
Perspectivas para a
37
35
taxa Selic
33 Apesar da gravidade do travamento do
31 crédito e da desaceleração da ativi-
29
dade econômica no quarto trimestre
de 2008, a taxa Selic permaneceu em
27
13,75% ao ano na última reunião do
25
dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 ano do Copom, em dezembro.
Fonte: Banco Central do Brasil
A CNI estima que na primeira reunião
de política monetária de 2009 – nos
dias 20 e 21 de janeiro – o Copom
inicie o ciclo de afrouxamento
junho de 2000) o spread bancário decretadas pelo governo, o Banco Cen-
monetário, alinhando a trajetória da
médio para pessoa jurídica ultrapassou tral promoveu, em um esforço inédito,
Selic com a política monetária vigente.
a taxa registrada atualmente. uma série de medidas monetárias de
A redução dos juros deverá ser de
caráter expansionista com objetivo
A despeito da elevação dos juros e dos 0,5 ponto percentual, com repetição
de destravar o crédito. As medidas
spreads, o volume total de crédito do dessa dose na reunião seguinte, em
concentram-se no aumento de liquidez
sistema financeiro cresceu sobrema- março, de forma a deixar a Selic em
monetária, como reduções dos depó-
neira em 2008, passando de 34,7% do 12,75% ao ano. A trajetória cadente
sitos compulsórios a prazo e à vista
PIB em janeiro de 2008 para 40,2% em da taxa de juros continuará ao longo
(e posterior alteração na exigência de
outubro – essa foi a maior participação de todas as seis reuniões de política
recolhimento de dinheiro em espécie
do crédito no PIB da história. monetária restantes do ano, na forma
para títulos públicos) e a criação e
de reduções de 0,25 ponto percentual
ampliação de linhas de créditos para a
Medidas efetivas exportação e para setores onde a falta
em cada reunião. Com isso, a CNI
projeta uma taxa Selic de 11,25%
de afrouxamento de liquidez de crédito ficou crítica.
em dezembro de 2009, acumulando
monetário Essas medidas vão na direção certa para uma média de 12,2% no ano – o
conter parte dos impactos já dissemina- que representa 0,3 ponto percentual
Em meio a esse cenário, a somarem-se dos da crise internacional, ao promover abaixo da taxa de juros média
as medidas de desoneração tributária liquidez ao mercado monetário. Ressal- registrada em 2008.
19 Arrecadação
chega ao quinto
ano consecutivo
17
de crescimento
superior ao do PIB
15
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008*
* Projeção
* Projeção CNI
Fonte: STN/MF
20,3% do PIB em 2008, contra 19,8% no governos a realizarem economia adicio- tivo do superávit primário em relação aos
final de 2007. nal de receitas em relação ao estabele- 3,9% do PIB obtidos em 2006.
cido nos acordos de renegociação das
Da mesma forma que o Governo Fede- dívidas com o Governo Federal. A maior parte da folga do superávit
ral, os governos estaduais e municipais primário em relação à meta será pro-
também registraram um ritmo excepcio-
nal de crescimento das suas receitas.
Superávit primário porcionada pelo Governo Federal. Para o
Governo Federal espera-se um superávit
As principais fontes de receita desses deverá superar equivalente a 2,85% do PIB, superando
entes da federação tiveram crescimento amplamente a meta a meta de 2,2% do PIB estipulada para o
real de 14,0% entre janeiro e outubro de
2008, com relação ao mesmo período para 2008 ano e o resultado de 2,3% do PIB obtido
em 2007. Com relação aos estados
de 2007. Por outro lado, o ritmo de Dado o ritmo de crescimento da arre- e municípios, o superávit primário
aumento das despesas nos governos cadação de todos os níveis de governo esperado é de 1,05% do PIB. Dessa
regionais superou largamente aquele e a contenção de despesas adicionais forma, apesar de superarem a meta
observado no Governo Federal. Tendo observada no Governo Federal, o setor estabelecida de 0,95% do PIB estabe-
em vista o resultado primário alcançado público deverá superar, com folga, a lecida para 2008, os governos regionais
até outubro, estimamos em 16,3% o meta de superávit primário de 3,8% do devem registrar um resultado primário
crescimento real das despesas entre PIB estabelecida para 2008. A CNI estima inferior àquele obtido em 2007, que foi
janeiro e outubro de 2008, com relação que, em conjunto, os governos Federal, de 1,15% do PIB.
ao mesmo período de 2007. Dois fatores estaduais e municipais e suas empresas
podem explicar este comportamento estatais terminem o ano com um superá- Por sua vez, o superávit primário das
dos governos regionais: as eleições vit primário equivalente a 4,25% do PIB. empresas estatais federais deve ser de
municipais e a pouca propensão desses Haverá, portanto, um aumento significa- 0,35% do PIB, resultado bem inferior à
Redução do
déficit nominal,
0,5 crescimento da
economia e ajuste
cambial garantem
0,4
forte redução do
endividamento
público em 2008
0,3
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008* 2009*
* Projeção
* Projeção CNI
Fonte: Banco Central do Brasil
Nesse caso, estimamos em R$ 35,0 do PIB em 2009. Isso ocorrerá por que, que as estatais federais irão produzir um
bilhões o montante de despesas a ser mesmo que com o corte no orçamento superávit primário ligeiramente abaixo
cortado do orçamento. Entretanto, as despesas discricionárias sejam redu- da meta (0,6% do PIB).
caso opte por uma política fiscal mais zidas em termos nominais, as despesas
expansionista e decida utilizar-se do obrigatórias terão crescimento nominal No caso dos governos regionais e suas
mecanismo do Projeto Piloto de Investi- de 13,5%. Esse crescimento será deter- estatais, é factível a obtenção da meta
mentos (permite uma meta de 1,7% do minado pelo forte aumento de despesas de superávit de 0,95% do PIB. Com isso,
PIB com a exclusão de R$ 15,6 bilhões com pessoal – em função dos reajustes o superávit primário do setor público
em despesas com investimentos no concedidos em 2008 – pelos impactos consolidado previsto para 2009 é de R$
âmbito do projeto), o corte de despesas do aumento do salário mínimo sobre 107,5 bilhões, equivalentes a 3,35% do
seria de R$ 19,4 bilhões. gastos com previdência, assistência, PIB projetado pela CNI.
abono salarial e seguro-desemprego.
Admitimos em nossas projeções que Dessa forma, como esperamos uma
o Governo Federal implementará uma Também é incerto o cumprimento da redução nas despesas com juros para
política fiscal fortemente anti-cíclica meta de 0,65% por parte das empresas 5,2% do PIB em 2009, o resultado
e realizará cortes no orçamento na estatais federais. Nos últimos três anos nominal ficaria deficitário em montan-
mesma proporção da base de despesas o maior percentual obtido por essas te equivalente a 1,9% do PIB. Com a
contingenciáveis feitos em 2008 (cerca empresas foi inferior a 0,6% do PIB em elevação do déficit nominal e o menor
de 30% da base, equivalente a R$ 22,0 2006. Além disso, o PLOA prevê novo crescimento esperado para a economia
bilhões). Nesse cenário, as despesas aumento significativo (26,7% em termos a relação dívida/PIB deverá elevar-se
primárias do Governo Federal crescerão nominais) dos investimentos das esta- ligeiramente, atingindo 37,0% do PIB no
em 0,6 p.p. do PIB e atingirão 18,1% tais em 2009. Dessa forma, admitimos final de 2009.
Ritmo de expansão
das exportações
para exportação e a redução de se muito acima do registrado em
perde força ao fim de preços impediu a manutenção do igual período do ano anterior, mas na
2008 forte ritmo de expansão das vendas margem, já se percebe queda nos
externas. Esperamos que em 2008 preços de exportação – o que não
No acumulado do ano em 2008, até as exportações totalizem US$ 198 acontecia desde março de 2007.
novembro, as exportações atingiram bilhões, um crescimento de 23% na
US$ 184 bilhões, valor 25% superior ao comparação com 2007. A taxa de crescimento nos ganhos
registrado em igual período de 2007. de preço dos produtos básicos se
Um ritmo de crescimento acentuado foi Ressalte-se que em 2008, os destaca: 47% na comparação entre o
observado entre os meses de maio e ganhos de preço são responsáveis acumulado até outubro de 2008 e 2007.
setembro desde ano (entre 30% e 44% pela totalidade da expansão das O quantum, por outro lado, manteve-se
na comparação com o mesmo mês de exportações. No acumulado até estável. Já os produtos manufaturados,
2007). A partir de outubro, a despeito outubro, o quantum exportado recuou além de registrar o menor aumento
da rápida desvalorização do real e o 2%, enquanto os preços registraram de preços (18%) também registraram
decorrente ganho na rentabilidade alta de 30%. A elevação nos preços o maior recuo nas quantidades
das exportações, o ritmo de expansão das commodities, sobretudo na embarcadas: 5%. Por fim, os produtos
das exportações se reduziu. A rápida primeira metade do ano, foram semimanufaturados registraram, no
queda na demanda internacional, a determinantes para os ganhos de preço período, crescimento de 28% nos
dificuldade na contratação de crédito de exportação. Os preços mantêm- preços e de 1% nas quantidades.
Cenário das
contas externas é
desfavorável em 2009 ante um crescimento previsto de 4,6% fomentadas pela própria desaceleração
Para as exportações, o cenário a partir em 2008. da economia mundial e pelo fracasso
de 2009 é desfavorável. Em 2009, das negociações multilaterais de
Em 2008, o Brasil só aumentou o valor
espera-se que as economias avançadas acordos de comércio. Além disso, o
exportado por conta de ganhos de pre-
experimentem forte recuo em suas comércio internacional inter-blocos,
ço. Em um cenário de menor demanda,
taxas de crescimento e muitos desses ou seja, entre blocos econômicos
os preços tendem a cair, especialmente
países estarão em recessão. Estima-se diferentes, deve ser mais afetado
no caso das commodities, que vinham
que crescimento econômico mundial que o comércio intra-blocos, ou seja,
exibindo grandes ganhos de preço por
seja de cerca de 2%. As principais dentro de um mesmo bloco econômico.
conta do forte crescimento das econo-
economias mundiais, se tomadas em Com isso, como expressiva parte do
mias emergentes. Estima-se queda de
conjunto, deverão experimentar queda crescimento das exportações brasileiras
20% a 30% nos preços das commodities
de cerca de 0,5%. O ritmo de expansão se deve a exportações para países fora
em 2009, na comparação com 2008.
de crescimento do comércio mundial As exportações brasileiras, com grande do Mercosul, este é mais um ponto de
como um todo – fator crítico para o participação de commodities, são ainda atenção.
desempenho das exportações brasileiras mais sensíveis a este cenário.
Por conta de todos estes fatores,
– deverá se desacelerar de forma
O cenário tende a se agravar com o esperamos um recuo de 20% no valor
expressiva em 2009. As estimativas
aumento de pressões protecionistas, das exportações no próximo ano. Ao
apontam para um aumento de 2,1%,
Atividade econômica
PIB
(variação anual)
4,0% 5,7% 5,7% 2,4%
PIB industrial
2,3% 4,7% 6,0% 1,8%
(variação anual)
Consumo das famílias
5,2% 6,3% 6,1% 3,0%
(variação anual)
Formação bruta de capital fixo
9,8% 13,5% 14,4% 3,0%
(variação anual)
Taxa de Desemprego
10,0% 9,3% 7,9% 8,2%
(média anual - % da PEA)
Inflação
Inflação
3,1% 4,2% 6,2% 4,8%
(IPCA - variação anual)
Taxa de juros
Taxa nominal de juros
(taxa média do ano) 15,40% 12,13% 12,50% 12,21%
(fim do ano) 13,25% 11,25% 13,75% 11,25%
Taxa real de juros
(taxa média anual e defl: IPCA)
10,7% 8,2% 6,5% 6,6%
Contas públicas
Déficit público nominal
3,00 2,23 1,45 1,90
(% do PIB)
Taxa de câmbio
Taxa Nominal de Câmbio - R$/US$
(média de dezembro) 2,14 1,78 2,40 2,25
(média do ano) 2,18 1,95 1,83 2,35
Setor externo
Exportações
(US$ bilhões)
137,5 160,6 198,0 170,0
Importações
(US$ bilhões)
91,4 120,6 174,0 155,0
Saldo comercial
46,1 40,0 24,0 15,0
(US$ bilhões)
Saldo em conta corrente
13,6 1,7 -29,0 -30,0
(US$ bilhões)
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