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EM MINAS GERAIS
A distribuição dos casos com diagnóstico de L.E.R. por sexo demonstra que há
predominância do sexo feminino ( 77,20%), ocorrendo em 27% de homens (ver tabela
10 acima).
Essa ocorrência vem sendo alvo de discussões por vários autores, tendo sido
amplamente discutida em estudos anteriores do Nusat. Ela nos remete principalmente
à constatação de que as mulheres ocupam os postos e setores de trabalho onde há
maior exigência de destreza, habilidade manual, precisão, controle sobre o tempo de
realização das tarefas e exigência de produtividade, sendo, na maioria das vezes,
característicos e execução de atividades manuais.
Entretanto, em ramos de atividade em que existe também a mão-de-obra masculina(
Indústria Automobilística, Instituições Financeiras, Indústria Metalúrgica, etc.),
ou onde esta é introduzida para evitar a ocorrência dos casos de L.E.R., sem
modificações substanciais no processo e na organização do trabalho, constata-se a
presença da doença em trabalhadores do sexo masculino.
Observa-se que as L.E.R. (Lesões por Esforços Repetitivos) atingem, em sua maioria,
trabalhadores jovens, nas faixas de 30 a 39 anos (43,50%) e de 20 a 29 anos
(30,87%), concentrando-se nessas duas faixas mais de 70% dos portadores da L.E.R. (
ver tabela 11 da página 40).
Relatórios anteriores do Nusat confirmam essa alta incidência, tendo ocorrido no
ano de 1994 um crescimento na faixa de 30 a 39 anos, que, no ano anterior, era a
segunda colocada.
Esta distribuição, a nível de Previdência Social, e da sociedade como um todo é
bastante preocupante, já que comprova a faixa etária precoce dos portadores de
L.E.R., que se afastam do trabalho e que, muitas vezes tornam-se incapazes para
exercer sua atividade profissional, na etapa mais produtiva de suas vidas.
Os dados de escolaridade apresentam uma distribuição interessante, bastante diversa
das outras patologias, já que a maioria dos casos ocorreu em trabalhadores com
níveis de escolaridade de 2º Grau e Superior, perfazendo esses dois níveis cerca de
66% do total (ver tabela 12 na página 40).
As faixas salariais predominantes dos trabalhadores com L.E.R., como é mostrado na
tabela 13, foram as de 3 a 5 salários mínimos (23,65%), vindo em segundo lugar a de
mais de 10 salários mínimos (20,03%), o que vem demonstrar a especificidade dessa
clientela, que difere totalmente da maioria dos beneficiários da Previdência
Social, que se concentram em faixas salariais inferiores.
Esses dados, juntamente com os outros dados sociais, apontam para a necessidade
premente de caráter preventivo no caso da L.E.R., para minimizar os impactos não só
sobre a população trabalhadora atingida, como também sobre a Previdência Social
(aspectos financeiros ), que arca com os custos dos benefícios, reabilitação e
aposentadorias.
A tabela 14, acima - distribuição dos casos de L.E.R. segundo ramos de atividade
econômica - demonstra, que esses ocorrem em ramos considerados de risco leve
( instituições financeiras, serviços auxiliares de escritório, etc.), que, por essa
razão têm contribuição menor para o seguro de acidentes do trabalho, que é a
contribuição das empresas para cobertura desses eventos.
Essa distribuição aponta questões de ordem econômica e de organização do trabalho
próprias das sociedades modernas.
As Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.), decorrentes de condições adversas em
que o trabalho é executado, são de longa data conhecidas, mas sua incidência tem
aumentado extraordinariamente em todo o mundo, atingindo cada vez maior número de
pessoas, nos mais variados ramos de atividade. O aumento da incidência se relaciona
diretamente à introdução, no processo de trabalho, de condutas objetivando o
aumento da produtividade, sem levar em conta os danos provocados à saúde dos
trabalhadores.
A utilização generalizada da informática e da cibernética no mercado de trabalho
como um todo e de equipamentos ligados a ela, aliada à deteriorização das relações
de trabalho, em função da fragmentação das tarefas são fatores que aumentam
extraordinariamente os riscos de doenças do trabalho. O ramo que apresenta maior
percentual de casos de L.E.R. em 1994 como mostra o grafico e a tabela, da página
42, foi o das Instituições Financeiras, composto por Bancos, Caixas Econômicas e
outras Instituições do Sistema Financeiro, que foram responsáveis por 35,38% dos
casos de L.E.R.
O enxugamento do pessoal verificado nos Bancos, as mudanças da moeda e na economia
como um todo ocorridas no ano de 1994, aliado ao medo de demissão, entre outros,
são fatores que tiveram reflexos na ocorrência de doenças neste ramo.
Outro ramo importante na ocorrência das L.E.R. é o de Serviços de Locação de Mão-
de-Obra, que reflete o movimento em direção à terceirização empreendido pela
economia brasileira,em todos os níveis especialmente nas empresas estatais (bancos
estatais, telecomunicações, serviços de distribuição de água e energia elétrica,
serviços da administração pública, etc.)
Os trabalhadores das empresas contratadas são, geralmente, submetidos a condições
de trabalho mais adversas e a maior rotatividade do que os outros, aumentando,
dessa forma, os riscos para ocorrência das doenças.
Essas empresas são responsáveis por 10,29% dos casos de L.E.R. em 1994.
A tabela 14 sobre os ramos da atividade, também demonstra como a L.E.R. se
distribui por quase todos os ramos, especialmente da áreas de Serviços (Serviço de
Comunicação - telefonia e correios - Serviços de Saúde, Serviço de Processamento de
Dados, Serviços de Utilidade Pública ( água - energia ), Serviços de Administracao
Publica
obra trabalhadora ( ver o primeiro gráfico da página 44).
A segunda doença de maior incidência atendida no Nusat durante o ano de 1994 foi a
surdez ocupacional, responsável por 13,50% do atendimento em primeira consulta,
perfazendo 130 casos. Esse fato, como já foi apresentado anteriormente, decorre da
mudança de critérios para essa patologia, tendo o serviço optado por computar as
perdas presentes nas frequências agudas ( Gota Acústica ), critério este que vai de
encontro à legislação vigente da Previdência Social, que indeniza apenas as perdas
nas frequências acima de 500 a 2000 db, parâmetros esses já em fase de estudo para
adaptação e modificação para uma legislação de caráter mais preventivo. Ao
contrário da L.E.R., a surdez ocupacional, conforme comprovam os quadros e gráficos
apresentados, atingiu, em sua maioria, trabalhadores do sexo masculino, (95,38%),
sendo apenas 4,62% do sexo feminino ( ver tabela 19 na página 48 ). Quanto à faixa
etária mais atingida, observa-se que 52,31% dos casos situaram-se na faixa de 40 a
49 anos. A faixa de 30 a 39 anos também foi significativa ( 29,23%), fato este
explicável pelo critério adotado, abarcando as perdas não indenizáveis (ver tabela
20 na página 48). A distribuição segundo níveis de escolaridade ( tabela 21 na
página 48), demonstra que a grande maioria dos casos possui nível de 1º a 4º série
do 1ºGrau ( 53,84%), seguindo-se o nível de 5º a 8º série do 1º Grau ( 32,31%).Com
relação à faixa salarial, os valores mais expressivos ocorreram nas faixas de 3 a 5
salários mínimos ( 34,62% dos casos) e de 5 a 10 salários minímos ( 21,54%), ver
tabela 22 na página 48. A distribuição dos casos com diagnóstico de Surdez
Ocupacional segundo Ramos de Atividade Econômica (tabela 23,página 50) demonstra
que mais da metade dos casos ( 53,08%) ocorreram na Indústria Metalúrgica, vindo em
seguida o ramo de Extração Mineral (14,62%). Entretanto, o ruído industrial é
responsável por perdas auditivas detectadas em vários ramos de atividade industrial
e na área de serviços, tais como, Indústria Automobilística, Indústria de Produtos
Minerais Não Metalícos, Indústria Têxtil, Serviços de Comunicação (telefonia),
Serviços de Transporte, especialmente o ferroviário, dentre outros.
As funções de maior risco, como pode-se verificar na distribuição por função, foram
a de: rebarbador, controlador de qualidade, operador de máquina, operador de
produção e mecânico industrial, no ramo metalúrgico, além de outras, distribuídas
pelos diversos ramos de atividades, tais como mineiro de subsolo, mecânico,
soldador, etc. ( ver tabela 25 ao lado ). A distribuição dos casos segundo o tempo
na função demonstra que a maioria das perdas ocorreu após 14 anos de função
( 41,54%), comprovando a afirmação de que a surdez ocupacional atinge trabalhadores
de forma mais lenta, muitas vezes sem ser percebida pelo trabalhador. ( ver tabela
24). Deve-se ressaltar que o problema do ruído nos ambientes de trabalho exige que
sejam tomadas medidas de proteção coletivas, pois conduz a perdas irreversíveis
para os trabalhadores, além de um programa sério de conservação auditiva nas
empresas, que impeça o agravamento das perdas já diagnosticadas.
Silicose
Dermatite de Contato
Saturnismo
Asma Ocupacional
Outras Doenças
O Nusat, desde a sua criação e, especialmente após sua estruturação como único
serviço de referência em doenças ocupacionais e saúde do trabalhador ligado ao
Inss, tem sido alvo de uma série de demandas por parte de empresas, sindicatos,
associações de classe, órgãos públicos e da própria Previdência Social, para
realizar atividades, tais como: palestras, treinamentos, cursos, visitas a
empresas, atividades de caráter interinstituicional, pesquisas, etc., as quais
procura atender, dentro de suas possibilidades. Alémdisso, rotineiramente,
desenvolve atividades educativas e preventivas, direcionadas aos trabalhadores
atendidas no serviço.
Antônio Queiroz –
BIBLIOTECA VIRTUAL
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