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A EDUCAÇÃO
DE OUTROS
TEMPOS
P.3
EFTA
A RELIGIÃO EM BALANÇO P.18
E O HOMEM P.6 “Ninguém está preparado para
“A cada dia que passa, tenho mais nada.Uma Comunidade só se
certeza que a vocação é mais um transforma por via de acção
dos mistérios de Deus, que se vai de intervenção se estiver
descobrindo ao longo da vida”. disponível para analisar...”
Piedade Lalanda
Padre Duarte Moniz
2 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
EDITORIAL
tica, o analfabetismo e os crimes contra o ambiente tam-
bém se inscrevem.
No entanto, em termos populacionais, a Vila de Rabo de
Peixe contínua a ser dos poucos lugares que, ao nível na-
cional, está assegurada a reprodução de gerações. Em-
bora tenha diminuído na última década, o número médio
2
008 foi um ano marcadamente norteado pelas in- de filhos por mulher, continua a ser dos mais elevados do
tervenções do projecto co-financiado pelos Fundos país. Portanto, Rabo de Peixe está vivo.
EFTA. A face visível de Rabo de Peixe foi irrever- Contudo, Rabo de peixe não pode nem deve continuar
sivelmente transformada, tendo-se construído algumas a demitir-se de algumas responsabilidades. A educação
infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento local. A da sua população, dos seus jovens deve ser a prioridade
par de todos os tumultos que estiveram na configuração das prioridades. Um povo educado é um povo informado e
e aplicação do projecto, importa ressalvar que esta foi e perspicaz. A auto-sustentabilidade das famílias deve ser
continua a ser uma oportunidade que toda a população assegurada pelas próprias, sempre que possível. O lixo
deve agarrar e considerá-la como sua prioridade. Cabe à que passeia pelas ruas não é da responsabilidade das au-
população de Rabo de Peixe dar vida a esses autênticos tarquias locais, nem do Governo Regional. É da respons-
instrumentos de trabalho e desenvolvimento comunitário abilidade de quem o atira ao chão. A população de Rabo de
que foram criados. Na esteira dos grandes feitos dos nos- Peixe não deve esperar que sejam os outros a resolver os
sos antepassados, acreditamos que os rabopeixenses da seus problemas, só em último recurso isso deve aconte-
actualidade precisam de vasculhar alguns baús sociocul- cer. Portanto, há que incutir uma vaga de valores que se
turais mais recônditos. Precisam de elevar a sua auto- perderam no tempo, ou que foram enviesados pelas von-
estima, de preservar a sua identidade cultural, de zelar tades e pelos facilitismos públicos. Temos a certeza que
pelos interesses societários de Rabo de Peixe. Acredita- Rabo de Peixe está pejado de valores emergentes que,
mos que é preciso acabar com o: “isso não me interessa”; infelizmente, se encontram subaproveitados. Portanto,
“os outros que venham cá resolver”; não tenho nada a ver o que falta à nossa juventude, à nossa população é um
com isso”! Mais do que nunca, os rabopeixenses necessi- maior envolvimento e entrosamento com as instituições
tam de fazer uma introspecção social e cultural, para que culturais, sociais, desportivas e políticas que permeiam a
possam identificar, conjuntamente, problemas e poten- nossa Vila. O que faz falta a Rabo de Peixe é valorizar a
cialidades locais. Admitimos que a população de Rabo de sua consciência colectiva, isto é, a sua cultura, as suas
Peixe tem a argúcia suficiente para dispensar ensinamen- pessoas, a sua imagem global. Como dizia alguém que me
tos menos próprios que se nos acometem diariamente. é muito querido, “bola para a frente”.
Carlos Estrela
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 3
A
EDUCAÇÃO
Carlos Estrela –(C.E.) Hoje em dia fala-se muito nas grandes
diferenças que existem entre a educação do antigamente e a
dos nossos dias. Como observa a educação do antigamente
com a dos nossos dias?
Senhora Professora Esperança(P.E.) – A educação do antiga-
DE
OUTROS TEMPOS mente baseava-se na trilogia Deus, Pátria e Família, o que hoje
em dia já não se pode dizer. Nós educávamos para Deus, para
a pátria e para a família, porque a família, era e ainda hoje é a
base da sociedade. Nós quando chegávamos à escola, tínhamos
“Era um ensino rigoroso, muito ri- à nossa espera o crucifixo, ladeado pelas fotos dos nossos pres-
goroso. Os exames eram rigorosos, identes, dos nossos governantes. Na sala de aula toda a gente
se benzia e rezava a Ave-maria. Às vezes também se cantava o
terríveis.” hino Nacional.
C.E – Nos nossos tempos, e sendo o Estado Português um Es-
tado laico, um Estado que não adopta e defende uma religião
em concreto, concorda com a abolição dos símbolos religiosos
das salas de aula?
Senhor Professor Amaral (P.A) - Essa decisão é de louvar, é
muito boa, porque ninguém pode obrigar uma pessoa a seguir
uma determinada religião. Ninguém pode dizer “tu vais para
essa religião, porque é melhor que a tua”!
P.E. – Eu tive uma aluna que hoje é uma mulher casada e com
filhos, que quando nós nos ponhamos em pé para fazer as ora-
ções dentro da sala, ela levantava-se mas ficava atrapalhada,
não dizia nada. A certa altura fiquei com a ideia que ou ela es-
tava a ser desobediente, ou se passava qualquer coisa. Eu de-
pois soube que a sua família era testemunha de Jeová. Por isso,
eu hoje concordo que haja liberdade quanto à escolha de uma
religião.
A
ntónio Jesus de Amaral faz 80 anos no próximo dia 14 C.E. – Tal como acontece nos nossos dias, a formação contínua
de Junho. Iniciou funções como professor no ano de de professores, como elemento fundamental na carreira do-
1951, tendo leccionado primeiramente em Rabo de cente, era obrigatória no antigamente?
Peixe, na Escola da Rocha Quebrada. Nos sete anos seguintes P.E. – Havia umas formações que, para mim, eram muito man-
leccionou na freguesia dos Remédios da Bretanha. Por muitos hosas. Eu nunca aceitei bem aquilo. Eu tinha um curso, um di-
considerado um homem cumpridor e exigente, guarda reli- ploma. Não precisava de mais nada, porque já estava preparada
giosamente muitas vivências e alegrias que conheceu ao longo para ensinar. A responsabilidade era minha. Se as formações
da sua vida profissional. Continua a ser um ícone na história da fossem dadas por pessoas mais graduadas, que nos trouxes-
educação em Rabo de Peixe. sem mais avanço, outra maneira de ensinar, eu até aceitava.
Maria da Esperança Alves Garcia, sua esposa, que também Mas quem é que dava os cursos de formação? O meu marido
completa 80 primaveras este ano, obteve formação na cidade chegou a dar, como outros. Mas eram iguais a nós e não está-
dos estudantes – Coimbra. Começou a dar aulas na freguesia vamos preparados para isso. Até me parece que hoje em dia
de Ribeirinha, aos 21 anos de idade. De memória bem fresca e isso continua. Há professores que estão a classificar os próprios
cintilante, recorda com saudade os tempos de outrora, onde, colegas. Quais são as habilitações que eles tem para isso?
para ela, como professora, a educação escolar era uma priori- C.E. – Em tempos já idos, consideravam-se figuras públicas,
dade incontornável. referências para a população em geral?
P.A. – Nós tínhamos o padre, o médico, o professor e o regedor.
Às vezes juntávamo-nos no adro da Igreja para debater assun-
tos do quotidiano de Rabo de Peixe. Eram conversas informais
que tinham o propósito de resolver alguns problemas da nossa
freguesia. Quando acabavam essas conversas ia para casa e
sentia-me mais leve. Era como um desabafo necessário. Ao fim
e ao cabo éramos os representantes das autoridades em rabo
de Peixe.
C.E. – Hoje em dia, ao ligarmos o televisor, somos invadidos com
cenas de violência de alunos contra professores. O que acham
sobre isso?
P.E – Eu não queria ser professora agora. Essa violência é gera-
da, em primeira instância, pela falta de educação dos pais. Se os
pais não tem educação, se não receberam, não podem dar aos
filhos. Antigamente nós só castigávamos um aluno quando ele
merecia. E fazia sempre questão de avisar os pais dos alunos
sobre o comportamento desses.
4 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
C.E. – Alguma vez receberam algum comportamento mais im- e outras coisas. Os antigos eram mais válidos em conteúdo e
próprio da parte de alguns pais? conhecimentos. As lições, as aulas giravam sempre em torno
P.A .– Eu tinha o meu próprio método de trabalho em relação do “Deus, Pátria e Família”.
aos pais dos alunos. O primeiro dia de aulas não era para os alu- P.A – Quando estava a estudar pertenci à Mocidade Portu-
nos, era para os pais. Sempre tive o cuidado de conhecer os pais guesa. Era motivo de orgulho poder vestir a farda da Moci-
dos alunos e manter com eles uma relação institucional forte. dade. Muitos não a vestiam porque não tinham possibilidades
Apesar disso, e apenas uma única vez em toda a minha vida financeiras para comprá-las. Até aí havia exclusão social, en-
profissional, fui confrontado com uma avó de um aluno. Disse- tre os que podiam e os que não podiam comprar a farda.
me “o senhor não bate mais no meu neto”. Isso aconteceu CE. – Como era feita a divisão dos alunos?
porque um dia tive de me ausentar da sala de aula e deixei lá P.E. – Era tudo separado. Eu só tinha meninas a meu cui-
o meu casaco. Um aluno, neto desta senhora, roubou-me dez dado. A Escola da frente (actual Escola António Tavares Tor-
dólares que eu tinha recebido do meu primo José Guilherme, res) era das meninas, enquanto que a outra voltada a Sul era
que se encontrava nas Bermudas. dos rapazes.
C.E. – E havia uma boa comparência dos pais? P.A. – Fui Director da Escola durante muitos anos. Tinha a
P.A. – Todos eles apareciam, se bem que já nos últimos anos missão de ensinar os alunos e coordenar os trabalhos com
que trabalhei, muitos eram os que faltavam. Muitos já não que- os outros professores. Admito que era muito pontual e exigia
riam saber da educação dos filhos, já não se interessavam. a mesma pontualidade aos outros professores. Às vezes vin-
C.E.- Numa situação em que um aluno não cumprisse com o ham de Ponta Delgada três ou quatro professores no mesmo
exigido, quais eram os castigos aplicados? carro. E se um se atrasasse, todos os outros se atrasavam.
P.A. – Haviam os castigos corporais, como eles diziam. O carolo Além dos atrasos o problema também tinha a ver com a bal-
era o que melhor resultava. A reguada também era muito usada. búrdia que se instalava na escola. Os alunos ficavam desori-
Os meus alunos quando levavam reguadas já sabiam por que entados e provocavam alguma desordem. Alguns profes-
era. Levavam e, muitas vezes, eu dizia “já sabes que tens que sores, com vergonha, quando chegavam atrasados tentavam
saber a tabuada”. Mas, muitas vezes, não éramos nós que dá- entrar de forma encoberta, para ver se se safavam do direc-
vamos. Eram os próprios colegas, melhor comportados e mais tor. Mesmo hoje, se todos nós fossemos pontuais, o mundo
cumpridores que, com a permissão do professor, castigavam era melhor.
o aluno menos aplicado. Os que levavam uma reguada, no dia C.E. - A carga horária exercida antigamente era suficiente?
seguinte vinham com a lição sabida. Não haviam as máquinas P.E. – Não. As quatro horas que tínhamos por dia, não eram
calculadoras e os computadores como hoje existem. Os alunos suficientes. As alunas que tinham mais dificuldades de
tinham que ter tudo “enfiado” na cabeça. aprendizagem, iam para a minha casa aprender. Dava ex-
C.E. – Com as demais diferenças que existem com o ensino con- plicações gratuitas em minha casa. Eu nunca saia da escola
temporâneo, como definem as formas antigas de ensino? bem comigo própria. Dizia sempre para mim “amanhã venho
P.A. – Era um ensino rigoroso, muito rigoroso. Os exames eram mais cedo para ensinar mais um pouco àquela”.
rigorosos, terríveis. C.E. – Actualmente, havendo outros meios e veículos de co-
P.E. – Eu, por vezes chegava a ter pena dos alunos. Os nossos municação, como a internet, acham que a aprendizagem dos
colegas examinadores, professores como nós, naqueles dias de alunos poderá ser facilitada?
exames pensavam que eram de nível superior. Faziam pergun- P.E – Apesar de eu não perceber muito da internet, eu acho
tas muito difíceis aos alunos. Os exames tinham as suas compo- que é muito bom para adquirir mais conhecimentos e sa-
nentes escrita e oral. Nos ditados não se podia dar mais do que beres. À parte disso, eu ainda hoje me pergunto como é que
cinco erros. crianças que entravam para a escola no mês de Outubro, em
P.A. – Em toda a minha vida, e no papel de examinador, nunca Dezembro já sabiam escrever algumas palavras. A apren-
reprovei um aluno. A não ser uma rapariga que, coitada estava dizagem era mais rápida.
tão nervosa e não fez nada certo. O júri era composto por três C.E. – Como se comportavam as taxas se sucesso/insucesso
professores: um de geografia, outro de história e outro de por- dos vosso alunos?
tuguês. P.A. – Nem toda a gente passava de ano. Por exemplo eu, da
P.E. – Os examinadores eram muito exigentes. Eu acho que hoje 1ª para a 2ª classe passava em média 65% dos alunos. Da 2ª
em dia há alunos no 2º ano que não sabem metade da gramática para a 3ª cerca de 70%. Da 3ª para a 4ª à volta de 70% a 80%.
que aqueles coitados sabiam naquele tempo. Na 4ª classe passava entre 90% a 100%.
P.A. – Ainda hoje, tenho um ex aluno meu, que vem à nossa ro- C.E. – O que acham que pode influenciar o grau de aproveita-
maria todos os anos e me diz que ensina aos netos o que apren- mento dos alunos?
deu comigo. Está emigrado nos Estados Unidos e dá graças a P.A. – Quando vim da Bretanha para Rabo de Peixe, estra-
Deus pelos tabefes que levou na escola. Segundo ele, levou e nhei imenso a inteligência dos alunos. Os de lá eram muito
aprendeu à custa disso. mais espertos. Tinham melhores condições de vida. Em Rabo
C.E. – Seguindo os desígnios do Estado, e sendo os próprios de Peixe passava-se muita fome, muita miséria, penava-se
manuais da altura censurados pelo próprio Estado, acham que muito. E isso condicionava o aproveitamento das crianças.
os manuais escolares de hoje são mais educativos que os de Sem uma mesa em casa, como faziam as crianças os tra-
outrora? balhos de casa. No chão!
P.E. – Os assuntos abordados pelos manuais de hoje não são tão Alguns iam para a escola sem comer nada. Custava muito
instrutivos como os antigos. Os de hoje divagam muito, tem mui- dar uma reguada numa criança nessas condições.
tas imagens e isso pode levar os alunos à distracção. Os antigos Na escola alguns pediam-me para ir à casa de banho. Nesse
traziam mais cultura. Os de hoje são muito infantis, até trazem entretanto aproveitavam-se e iam vasculhar as cestas dos
historiazinhas de bichos colegas à procura de comida. A fome era muita.
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 5
AS DIFERENÇAS
os funcionários são melhores, mas
as aprendizagens não são significa-
tivas. Os alunos agora não respeit-
am ninguém, enquanto antigamente
Donária Borges
Trabalha há 24 anos na escola
de rabo de peixe
Cozinheira principal
6 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
D
esde Cedo, me sentiu chamado por Deus, voca- Olhando em retrospectiva a minha peregrinação, camin-
ção que foi confirmada na minha ordenação sac- hada de fé, realmente só tenho que agradecer. Em minha
erdotal. alma proclamo o cântico “magnificat” como Maria e, junto
A cada dia que passa, tenho mais certeza que a vocação a Ela, agradeço ao Pai pelas grande coisas que fez e faz
é mais um dos mistérios de Deus, que se vai descobrindo em mim e pela grande misericórdia que tem para comigo.
ao longo da vida. O caminho da minha vocação – creio que como o de todos
Poso dizer que a minha história vocacional, começou na os que decidiram seguir Cristo – teve e tem também as
família. Meu pai era um homem bom e honesto, amante suas dificuldades. Contudo a imensa bondade de Jesus
da vida familiar. Minha mãe, mulher profunda religiosa, sempre me levantou e animou a seguir a diante. É por
cumpria muito bem sua missão de dona de casa, dedi- isso que agradeço ao Senhor todos os dias as forças que
cada completamente à educação dos seus dois filhos. me tem permitido levar a cabo as tarefas que são iner-
Era uma grande mulher. Lembro minha infância com entes ao múnus sacerdotal.
muito carinho, crescendo num ambiente simples, mas Ao longo destes anos de sacerdote também encontrei
imbuído de grandes valores morais e religiosos. e encontro, pessoas paroquianos briosos da sua missão
Também não posso deixar de mencionar a minha pro- na Igreja e no mundo, com projectos e sonhos, com von-
fessora primária (primeiro ciclo) e catequista que me aju- tade férrea de se sentirem inseridos e comprometidos na
dou a crescer e a esclarecer os caminhos do bem e do sociedade, como mulheres e homens e como cristãos, na
mal. Uma mulher que tinha uma grande paixão pelo que construção de mais Igreja, mais e melhor sociedade. Bem
fazia e queria a Deus e aos outros com todo o seu cora- hajam! Não podemos esquecer o que nos diz a sabedoria
ção. bíblica: é feliz o povo que se enobrece e dignifica com os
Recordo, ao mesmo tempo, outra pessoa que, naquela méritos e virtudes benéficos dos seus filhos.
altura, me apoiou no começo da minha vocação, pela sua
A RELIGIÃO
integridade humana, moral e religiosa - Pe Mariano Fur-
tado Mendonça, que foi pároco na minha paróquia natal,
Rosário da Lagoa.
HOMEM
Após a escola primária, o tempo do seminário, cinco
anos em Ponta Delgada e oito anos em Angra do Heroís-
EO
mo, foi o lugar onde me foi proporcionado o tempo de
amadurecimento vocacional.
Aceitar a vocação não é fácil, porque implica muita
renúncia. No entanto, todas as opções e naturalmente
caminhos da minha vida, têm as suas renúncias, acres-
“A cada dia que passa, tenho mais
centando que nesta minha caminhada vocacional tive mo- certeza que a vocação é mais um dos
mentos altos e baixos, mas nunca senti um vazio total da mistérios de Deus, que se vai desco-
presença de Deus e daquilo que Ele me convidava e con- brindo ao longo da vida.”
vida a fazer. Aceitei e aqui estou - e sabem como – feliz!
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 7
P
erante o secularismo que alastra na sociedade A juventude de hoje sofre uma profunda frustração.
destas ilhas açorianas e, também, entre nós, fr- Sente-se estrangeira no seu próprio mundo, sem espaço,
ente ao novo contexto social, económico e políti- sem oportunidades, sem vez
co: diante da fragilidade de compromisso na construção A insegurança por relação ao futuro profissional, mat-
dum mundo com critérios evangélicos; à vista das novas rimonial e social, leva a uma tendência ao adiamento, em
condições de vida que se desenham para a família, é difí- alguns casos, mesmo de decisões importantes da vida.
cil, para a Igreja e para os cristãos comprometidos, re- Lamentavelmente, uma larga fatia dos nossos jovens
sponder a estes desafios, sobretudo, porque lhes é exigi- deixa-se conduzir, em muitos casos, pela alienação fácil
do, perante uma menor disponibilidade de voluntariado, da droga e do álcool.
num mundo vertiginoso e repleto de seduções de conforto Contudo verificamos que, no meio destes flagelos sociais,
como o nosso, um maior envolvimento na missão evange- surgem felizmente jovens, que são capazes de se entusi-
lizadora da Igreja e nos movimentos religiosos que a nos- asmar pelos valores da verticalidade, seriedade, verdade,
sa paróquia te. Entre muitas outras responsabilidades, pelos valores da justiça e do amor desinteressado.
que são acometidas aos cristãos conscientes. Constato, ao fim destes anos como sacerdote, que al-
De facto, em tempos passados, a maneira como se guma juventude tem muito pouco entusiasmo para aceitar
definia a Igreja, levava a que a mesma fosse obra dos pa- as regras da sociedade e sente a dificuldade decorrente
stores. Depois do Vaticano II, com sua nova visão de igreja de acreditar em valores mas não ser capaz de os por em
e dinâmica própria, a comunidade cristã assume o papel prática.
central e primário de toda a edificação eclesial. Os nossos jovens, têm muita dificuldade em promover,
Uma Igreja que é encarada e vivida como Povo de Deus, para si e para o meio em que se inserem, relações que
corpo de Cristo – na prática, comunidade cristã – terá sejam para durar.
como agentes do seu trabalho pastoral, ou seja, da sua Cada uma das dificuldades dos jovens devem ser para
edificação e de apresentação da salvação ao mundo, to- diversas instituições, e, portanto, também para a Igreja,
dos os que constituem o tecido do seu corpo: presbíteros, um desafio à sua capacidade inventiva de caminhos de in-
diáconos, religiosos e leigos. tervenção.
A consciência de que todos os membros da Igreja, a Neste sentido é necessário dar corpo a atitudes com-
partir do Baptismo, Confirmação e Eucaristia, São de portamentais, designadamente, apostando numa efectiva
facto, participantes na sua missão, é algo que deve ser necessidade educacional, que induzam à criação de men-
incutido aos cristãos/paroquianos. talidades renovadas.
Há que trabalhar, temos cristãos conscientes disto, Sem esquecer que a jovem precisa, sempre necessi-
para que a acção pastoral tenha vários construtores com tará, de encontrar nos adultos modelos de segurança e de
tarefas próprias, na sua missão, é algo decisiva e comu- caminho feito, é de promover toda a acção tendente a fazer
nitária que é a de toda a Igreja. crescer o sentido apostólico do próprio jovem, de modo
A igreja, os cristãos tem, assim que apostar na forma- que ele se torne evangelizador do outro jovem.
ção: formação das crianças na catequese; formação dos Permitam-me ao responder a esta pergunta, levantar,
catequistas; formação dos jovens e famílias; formação finalmente, as seguintes questões:
dos vários agentes pastorais e dos membros dos movi- Que poderá fazer a paróquia pelos seus jovens?
mentos. Será que ainda é o meio onde se pode desenvolver uma
pastoral juvenil, séria e profunda?
Não irá que, em relação aos jovens dever-se iam privi-
legiar os meios – sobretudo o escolar como espaços de
actuação?
Quaisquer que sejam as respostas, não se podem es-
quecer, que toda a pastoral deve sempre chegar à ligação
a uma comunidade cristã. É na paróquia que ainda hoje, se
configura e espero se configurará a comunidade eclesial
modelar, por ser a casa de todos cristãos.
Neste sentido, apraz-me registar que na nossa comu-
nidade paroquial existem cerca de 1500 crianças, adoles-
centes e jovens, em idade de catequese, entre os seis e
dezoito anos, com o empenhamento de mais de cem cateq-
uistas, bem como um grupo de Legião de Maria Juvenil e
um grupo de jovens.
Finalmente, é meu entender que se deve procurar, ainda,
a formação cristã da juventude em pequenas comunidades
cristãs específicas mas sempre abertas à comunhão com
o todo mais vasto da comunidade paroquial/eclesial.
HISTORIAL DO GRUPO CORAL DO SENHOR BOM JESUS Pouco tempo depois foi convidado para a regência do
O Grupo Coral do Senhor Bom Jesus, de Rabo de Peixe, Grupo Coral o músico profissional Roberto Moniz e de
foi criado no mês de Novembro, de 1976, por jovens entu- seguida António Pedro Costa.
siastas, que decidiram por fim ao marasmo em que vivia Daquela altura apenas restam os Senhores Leonildo
a Paróquia do Senhor Bom Jesus, no que diz respeito à Botelho Medeiros e José Martins e a Senhora Conceição
animação litúrgica, pois recorria-se, frequentemente, a Vieira.
Grupos Corais de outras localidades, para as solenes eu- Passaram 32 anos e o sonho daquele grupo de jovens
caristias que se realizavam na Igreja. ainda está bem vivo, confirmando-se neste ano de 2008,
que os receios do Pe António Vieira foram, felizmente, in-
Apesar da resistência passiva do Pároco de então, pelo fundados.
facto de outras iniciativas não terem resultado, tudo foi O Grupo Coral tem sido um elemento fundamental na
pensado e devidamente organizado, tendo sido convidada animação litúrgica das várias e importantes festividades
para organista a Senhora Teresa Fraga, Professora de que são levadas a cabo em Rabo de Peixe, tendo o Coro
Música e o Senhor Leonildo Medeiros para abrilhantar participado ainda em eventos litúrgicos noutras zonas da
com o seu Violino. A Lúcia Ferreira e a Valdomira Andrade Ilha, bem como em festivais religiosos.
foram a alma do novel grupo, que o regiam, colaborando O Grupo Coral do Senhor Bom Jesus tem a noção exacta
as vozes, entre outras, da Maria de Jesus Silva, Amélia da necessidade do seu desempenho de louvor a Deus,
Silva, Conceição Vieira, Virgínia Teixeira, as Irmãs Meire- consciente que os católicos desta Paróquia bem mere-
les e o José Martins. cem o esforço e denodo do Grupo, pois tem sentido ao
Depois da sua constituição, o Grupo passou sempre a longo destes 32 anos o seu apoio e carinho.
contar com o apoio inexcedível do Pároco, Pe. António Anualmente, os seus vinte e cinco a trinta elementos
Vieira. juntam-se todas as Quinta-feiras, para o ensaio dos cânti-
Seguiram-se como Organistas os Senhores José Bap- cos próprios para cada Domingo. No entanto, realizam-se
tista Martins Amaral, Carlos Alberto Frazão Fraga, o vários ensaios semanais, por ocasião dos tempos festivos,
Jorge Frazão Fraga e as Senhoras Paula Frazão Fraga e como Natal, Festa do Padroeiro no 1º dia do ano, Semana
Natália Pacheco. Santa e Páscoa, Festividades dos Pescadores, da Bene-
ficência, da Caridade e de Nossa Senhora do Rosário, en-
tre outras.
MOVIMENTOS
DA IGREJA
“O Grupo Coral tem sido um elemen-
to fundamental na animação litúrgica
das várias e importantes festividades
que são levadas a cabo em Rabo de
Peixe...”
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 9
Presidente:
Maria Estrela Penacho Leite
MENSAGEM DE FÁTIMA
O nosso grupo toma conta de 45 oratórios de nossa sen-
hora de Fátima que estes são para percorrer toda a nossa
vila de casa em casa fica 24 horas em cada uma.
Para mim os jovens não vão á missa porque os pais não
os ensinaram assim eles próprios não aparecem lá e as-
sim os filhos fazem o mesmo ou pior.
Presidente:
Maria Adriana Vieira Furtado
ORAÇÃO BÍBLICA
Existem 10 membros o nosso trabalho é debruçarmos
sobre as leituras do próximo domingo, interiorizamos as
mesmas. Compreendemos melhor o sentido das leituras
do domingo seguinte.
Quanto aos adolescentes, estes têm muito desinteresso
pela igreja, mas os pais nisto são os responsáveis.
Presidente:
Maria Teresa Costa Melo Raposo
Presidente:
Maria Adriana Vieira Furtado
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 11
VICENTINOS CURSISTAS
Temos 17 membros o nosso trabalho é visitar os doentes O nosso objectivo é convidar cada vez mais pessoas
apoiar os mais necessitados em especial os acamados. a fazerem parte da nossa igreja, ou seja (a igreja so-
Os jovens cada vez estão mais afastados ainda existe mos nós).
alguns que por vezes alguém de algum movimento con- Cada vez se vê menos jovens na igreja ainda bem
segue leva-los á igreja. que existe alguns movimentos, isto tem ajudado.
Presidente: Presidente:
Auxiliadora Martins Auxiliadora Martins
Presidente:
Zélia Maria Botelho Martins
12 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
(C.E.)-Passatempos preferidos?
(M.H.)-Há muito tempo que não tiro um momento para passar o tempo só por
passar, o que me faz ter saudades de ler um livro, pois tenho quatro livros na
mesinha de cabeceira. Gosto de ver programas de comentários na TV. Hoje
em dia junto o útil ao agradável e passo uns minutos no intervalo do trabalho a
visitar blogues de amigas para saber as novidades e trocar ideias com elas.
(C.E.)-Acha que em Rabo de Peixe falta um sítio que possa publicitar os tra-
balhos das pessoas que não chegam as lojas?
(M.H.)-Sim, temos muitas mulheres aqui em R. de peixe que fazem artesan-
ato por gosto e que gostariam de ter um sítio, tipo um atelier de Artesanato,
em que elas pudessem aprender outros estilos de trabalhos, trocar ideias e
por os seus trabalhos a vender, um sitio que tivesse produtos diferentes do
que elas estão acostumadas, pondo em pratica novas ideias.
(C.E.)-Como olha a sociedade de Rabo de Peixe para as (C.E.)-Que sonhos gostava ainda de realizar?
pessoas com deficiência? (M.H.)-Comecei há alguns anos a ver se podia abrir um
(M.H.)-Ainda há um pouco de preconceito, mas se me atelier de Artesanato, sabia que não seria fácil, mas a
lembrar de há dez anos atrás, em que sair à rua era sinal maior dificuldade foi perceber como enfrentar todos os
que iria ouvir comentários pouco apropriados, hoje em dias o transporte, as ruas difíceis e, como todos os negó-
dia há muito menos, é sinal que as pessoas nos estão a cios, no princípio têm sempre alguns problemas e com
aceitar mais; hoje em dia existem muitos deficientes por as minhas dificuldades físicas seria difícil eu aguentar
causa de acidentes de carro, fazendo com que as pessoas tudo, mas faço um pouco isso em minha casa; fiquei com
não pensem que “coitadinho do deficiente”, já que se lem- um pedaço deste sonho que era ter um atelier. Há dias
brem que ele antes era uma pessoa normal e que agora em que parece que o meu quarto é um atelier; vêm cá
tem os mesmos problemas que as pessoas com deficiên- pessoas para querer aprender algo, outras à procura de
cia; cada vez mais a sociedade está a mudar, tanto as pes- material ou só para pedir conselhos e trocar ideias; faço
soas normais como os deficientes, a mentalidade de uma os gráficos de fotografias, dou o material e acompanho o
pessoa com deficiência de hoje em dia é muito diferente trabalho até acabar, estou sempre disponível para o que
do que era há uns dez anos atrás. precisarem, sei que é um trabalho difícil por isso dou o
apoio que necessitem, outro sonho que gostava de re-
alizar? Ainda estou a começar o projecto.
Contactos?
Digo por brincadeira que “eu vivo numa cadeira por en- Meu blog. http://nenacores.blogspot.com/
gano porque no meio um pouco fechado aonde nasci devia Meu e-mail nena637@hotmail.com
estar todo o dia a ver novelas e a falar só por falar”, ao Meu telem. 911001368
contrário disso, passo o dia a trabalhar e quando tenho
que falar é para falar com pessoas do todo o mundo sobre Maria Helena Carreiro
as novidades do Artesanato, os novos materiais, as novas
ideias, é assim que se ajudam as pessoas normais a lidar
connosco, a sermos normais com a nossa deficiência.
14 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
PORTO
Luís Carlos Brum
*
*Também publicado em “Voz dos Marítimos”
UM
SEGURO
MAIS
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 15
PARA
RABO
DE PEIXE
“De facto, os homens do mar de Rabo
de Peixe estão coesos e unânimes na ne-
cessidade indispensável de se construir
um contra-molhe para se ter condições
de segurança...”
16 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
DIRECÇÃO
da sua criatividade, o próximo passo
direcciona-nos, obrigatoriamente,
para o envolvimento directo dos jo-
REGIONAL
vens no desenvolvimento local. A
grande aposta é a integração da As-
sociação Juvenil de Rabo de Peixe
DA num conjunto muito abrangente de
JUVENTUDE
entidades públicas e privadas para
a gestão de um Programa que, para
além da costumização dos jovens com
as novas tecnologias da comunicação
e informação, preconiza, um conjunto
de apoios e serviços de informação
E
m primeiro lugar, quero sau- destes fins: na recuperação das abrangentes que incluirão todas as
dar a AJURPE por, uma vez áreas que aos jovens respeitem, desde
tradições populares; na protecção do
mais, ter a coragem de edi- a habitação, à saúde, ao emprego, à
património cultural e ambiental; na
tar o AJURPIM e, em segundo lugar, formação Profissional. Enfim, acima
promoção de actividades de carácter
agradecer a oportunidade que nos de tudo, procuramos aproximar, cada
cultural, desportivo e recreativo, pro-
dá para nos dirigirmos a todos os jo- vez mais, os jovens de Rabo de Peixe
curando, participação inclusiva dos
vens e, de forma muito particular, à jovens. dos seus direitos e dos seus deveres,
juventude de Rabo de Peixe, a quem no sentido da implementação de es-
Estamos cientes de que a reflexão
se coloca uma vasta problemática de tratégias de desenvolvimento local,
sobre a temática do desenvolvimento
desenvolvimento local, bem como um aplicáveis ao contexto da juventude
local não pode acontecer à margem
conjunto de desafios resultantes das que sabemos empenhada no de-
dos jovens, nem os jovens poderiam
imensuráveis transformações das so- senvolvimento e na melhoria das
permitir que tal acontecesse. E é este
ciedades. condições de vida da sua comunidade,
trabalho conjunto de formulação de
Reflectir sobre o papel da AJURPE que pretende cada vez mais pujante,
questões e noções abrangentes, con-
no contexto local, é situá-la no centro económica, social e culturalmente.
sideradas como directamente conex-
dos desafios que, hoje, se colocam ao as com a temática do desenvolvimento
associativismo juvenil como eixo fun- local que se apresenta como um novo
damental da participação dos jovens desafio que a Direcção Regional da Eng. Bruno Pacheco
na sociedade, ou seja, como catali- Juventude vem lançando aos jovens Director Regional da Juventude
sador da energia empreendedora da açorianos.
juventude, desempenhando um papel Neste contexto, a Associação Ju-
formativo e pedagógico, fomentando venil de Rabo de Peixe constitui ex-
o espírito de participação cívica e a emplo de parcerias fundamentais
aprendizagem democrática. na concepção e dinamização de pro-
Cada vez mais, o Governo dos Açores jectos que valorizam competências
preconiza uma política global e in- que, adquiridas por via não formal,
tegrada de valorização da Juventude constituem elemento fundamental
como protagonista determinante na do projecto de vida de cada jovem, de
construção do presente e do futuro, cada cidadão. Ao conhecimento da
proporcionando-lhes condições para realidade local, à mobilização e ad-
que possam afirmar-se melhor como esão dos jovens para as diversas ac-
cidadãos solidários, responsáveis, tividades que a AJURPE desenvolve,
activos e tolerantes em sociedades às condições que as novas estruturas
plurais. físicas que Rabo de Peixe tem, o Gov-
Por outro lado, não deve ser igno- erno, através da Direcção Regional da “Estamos cientes de que a
rado o lugar significativo que estas Juventude regista um forte contributo refexão sobre a temática
associações ocupam na prevenção que abrangerá, para além do desen-
de situações críticas, que entron- volvimento de acções de voluntari-
do desenvolvimento lo-
cam na marginalização social de jo- ado, de actividades de Ocupação dos cal não pode acontecer à
vens. Sabemos que, enfrentar estas Tempos Livres, de apoio à Mobilidade margem dos jovens”
situações, não constitui algo de novo Juvenil, áreas bastante inovadoras.
para a AJURPE, que tem dado ex-
emplo de empenho e capacidade na
prossecução
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 17
DESPORTO
C.E.-Existe algum segredo que possa explicar a hegemo-
nia demonstrada nos troços?
J.F. – A nossa receita não é milagrosa, mas tem dado bons
frutos. Acreditamos no nosso potencial e trabalhamos
AUTO
com muito afinco. Passamos muitas noites na oficina
a preparar o carro e, não raras as vezes, saímos pelas
duas, três da manhã. Para quem tem família e trabalha
no dia seguinte, não é uma tarefa fácil. Mas, acredito que,
com o nosso sacrifício e como gostamos muito daquilo
MÓVEL
que fazemos, as vitórias tem mais sabor.
N
o desporto automóvel é um nome que continua a Brum Gouveia & Filhos, do José Manuel “Serralheiro”,
crescer e a ganhar títulos. João Faria, ou como da junta de Freguesia e da Casa do Povo. Claro que gos-
também é conhecido, João Nateiro é o rabopeix- taríamos que o tecido empresarial de Rabo de Peixe fosse
ense que leva a bandeira da sua terra para todos os ralis mais participativo, mas isso não acontece. Estamos es-
que participa. De abordagem simples e vontade férrea perançados que a situação mude, até porque na próxima
em alcançar mais conquistas, já prepara o seu novo pro- época os encargos serão maiores.
jecto. Com apenas 34 anos de idade e com quatro filhos
menores, João Faria divide o seu tempo entre o trabalho, C.E. – Quais são as principais novidades para o novo pro-
a família e os ralis. Segreda que, por vezes, a família fica jecto competitivo?
para segundo plano, face à paixão que tem pelo desporto J.F. – Investimos num novo carro. Trata-se de um Peu-
automóvel.Iniciou-se como navegador de veículos sem geot 206 RC. É um carro que debitará à volta de 180 cv,
Homologação (VSH) em 1999, fazendo dupla com alguns tendo acoplada uma caixa curta BE3. A travagem será
dos mais conceituados pilotos da categoria. Passados de série e as suspensões serão Peugeot Sport. Compara-
quatro anos deu o salto. Assumiu os comandos principais tivamente ao Yaris, este é um carro, sem dúvida, muito
e estreou-se como piloto em provas do Campeonato Re- mais potente e tem um excelente equilíbrio, quer a curvar
gional de Ralis dos Açores. Em 2008 tripulou um Toyota como a travar.
Yaris e fez dupla com Fernando Raposo.
Carlos Estrela(C.E.)- Que balanço faz dos últimos anos C.E. – Para 2009, quais são as vossas metas?
como piloto de ralis? J.F. – Pretendemos alcançar um dos cinco primeiros lu-
João Faria (J.F.)- As nossas prestações, felizmente, gares da Fórmula dois. Sabemos das dificuldades que nos
têm sido muito boas. Nos últimos anos vencemos por três esperam e, por isso, não quero ser demasiado ambicioso.
vezes o Troféu Sousa Automóveis. Só na última temporada Claro que, ficaremos muito satisfeitos se conseguirmos
fizemos um pleno de vitórias ao ganharmos as cinco pro- superar as nossas expectativas. Vamos aguardar pelas
vas do troféu. Além disso, conseguimos alcançar o quarto provas.
lugar no Grupo A. Para estes sucessos convém não es-
quecer que tripulamos uma viatura de 1300cc, o que em
João Faria
termos técnicos é claramente inferior a outras máquinas
concorrentes.
18 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
EFTA
“Ninguém está preparado para nada.
Uma Comunidade só se transforma
por via de acção de intervenção se
estiver disponível para analisar...”
que sempre evitar aquelas que não garantiam continui- a porta, convites personalizados e parcerias. Nesse sen-
dade ou seja em que as instituições não assumissem a tido foi conseguida a participação possível e muitas vezes
sua quota parte de responsabilidade, porque de outro bastante significativa. Pena é que as associações locais
modo seriam balões de oxigénio a vazar com a saída do não tenham participado com os seus associados ou ader-
projecto. entes, nas acções que foram lançadas.
C.E.-Rabo de Peixe foi transformado num estaleiro. Para C.E.-as opções de intervenção no saneamento básico,
si, as indefinições que se assistiram na fase de arranque foram as mais adequadas?
do projecto, foram a única causa que atrasou os prazos? P.L.-Não há forma de instalar uma rede de águas e sa-
P.L.-Só quem nunca fez obras poderá achar que era pos- neamento sem incomodar as populações residentes, a
sível realizar 13 empreitadas em três anos e não afectar mobilidade das viaturas e o acesso aos serviços. Se com-
o quotidiano das populações. Não importa o ano perdido, pararem esta prática com outras localidades, verão que
o que interessa é termos conseguido executar a verba di- a extensão da intervenção feita em Rabo de Peixe impli-
sponibilizada e termos inclusive feito mais obra do que caria um prazo de três anos. Infelizmente não foi possível
estava prevista. arrancar com a obra do saneamento em 2006, apenas no
final de 2007, mas o importante é que foi feita e permitiu
C.E.-Os órgãos de comunicação social propagam muitos utilizar os recursos disponíveis neste Projecto.
milhões investidos em RP, quer da EFTA, quer do Gov-
erno Regional. Na sua óptica, esses milhões, no terreno, C.E.-Acha que os empreiteiros respeitaram os mora-
são bem aproveitados e traduzidos numa melhoria das dores e condutores, quanto à sinalização? (falta de
condições de vida da população local? sinalização)
P.L.-Oportunidades como este Projecto dificilmente P.L.-Não foi fácil equacionar a circulação das viaturas em
poderão ocorrer tão cedo para Rabo de Peixe. Todos sa- tempo de obra, mas também não é fácil um empreiteiro
bemos que Portugal está atrasado em relação à Euroap lidar com situações de roubos e a destruição sucessiva
por diversas razões, nomeadamente a falta de infraestru- da sinalética que colocou em alguns cruzamentos.
turas de saneamento, o baixo nível de escolarização e Esta é uma situação felizmente ultrapassada. Mais
formação; os valores de nados-vivos em mães jovens e importante agora é que todos saibam cuidar das infra
muitos outros indicadores. estruturas criadas que não suportam entupimentos su-
Com os investimento do Projecto em Rabo de Peixe, cessivos, com resíduos lançados para o esgoto, lixo dei-
muitas dessas carências ficarão ultrapassadas, mas a tado ao chão e má utilização da rede. O mais importante
cultura de um povo e a qualidade de vida, são sempre o começa agora, depois da obra feita. Quando alguém faz
resultado de opções, não apenas de condições. uma casa, também não gosta de a ver em osso, esventra-
da, mas depressa esquece essa fase, uma vez terminada
a construção.
Agora pensemos no que foi feito e na melhor forma de
manter em bom funcionamento estas novas infra estru-
turas.
Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II 21
O
Concelho de Ribeira Grande e, por inerência, a Vila a movimentação das populações. No que con-
de Rabo de Peixe, está sujeita a desastres e ca- cerne a tal aspecto, importa sublinhar o interior
tástrofes ou calamidades naturais em consequência da zona urbana, servida por vias normalmente
No que diz respeito ao perigo sísmico, de Gorringe, e de 1980, com origem no canal Terceira
o enquadramento geoestrutural e a - S. Jorge - Graciosa, estiveram na base do desenvolvi-
análise da sismicidade histórica e in- mento de pequenos tsunamis observados nesta região.
strumental permite verificar que a Vila Não obstante, a frequência deste tipo de fenómenos
de Rabo de Peixe se situa numa área tem sido baixa pelo que, globalmente, o perigo se pode
sismogénica de razoável Importância, considerar reduzido.
relacionada, não só, com as estrutu- A eventual ocorrência de tsunamis afectará em primeira instância
ras tectónicas regionais, como tam- as zonas litorais, nomeadamente as de cotas mais baixas, como se-
bém, com a presença dos sistemas jam as fajãs, as praias e a foz de ribeiras. As zonas de maior perigo
vulcânicos da Região dos Picos e do de tsunamis são as áreas delimitadas pelas cotas dos 10, 20 e 30
Vulcão do Fogo. metros, correspondentes às zonas de maior perigo relativamente
O parque habitacional de Rabo de ao desenvolvimento de tal tipo de fenómeno.
Peixe, para além de evidenciar di- Assim, as zonas mais vulneráveis serão as praias e zonas de lazer à
versas novas construções, apresenta beira-mar, os portos ribeirinhos e os agregados populacionais an-
habitações antigas e com deficiente exos. Neste contexto, inclui-se toda a linha de costa desde a freg-
estrutura, cuja resistência à acção uesia de Calhetas até à da Matriz, onde se inclui toda a linha de
sísmica poderá não ser suficiente costa da Vila de Rabo de Peixe.
no caso de eventos de maior magni- Os movimentos de massa podem ser accionados na sequência de
tude. De facto observam-se diversas condições meteorológicas adversas e/ou de episódios de origem
habitações que, não obstante o seu sísmica ou vulcânica, entre outros. De um modo geral, trata-se de
aspecto exterior marcado por reboco um fenómeno para o qual podem contribuir inúmeros factores, in-
pintado, são constituídas por paredes dividualmente ou em conjunto, de ordem natural ou resultantes da
de pedra solta, sem elemento ligante. acção do Homem. Inserem-se neste contexto a instabilidade de ta-
Adicionalmente importa prever a rup- ludes, a ocorrência de chuvas torrenciais, ventos intensos, forte on-
tura, ainda que pontual e temporária, dulação, sismicidade, actividade vulcânica, explosões, presença de
de infra-estruturas como os sistemas aquíferos suspensos, alterações na rede de drenagem, alterações
de abastecimento de água, de energia na ocupação do solo, abertura de novas estradas, má construção de
e de telecomunicações. muros, taludes mal dimensionados, etc.
A ruptura de troços da rede rodoviária,
o colapso de edifícios junto a estradas
e caminhos, e a queda de muros ou
árvores de porte médio a elevado po-
dem igualmente concorrer para a ob-
strução das vias de comunicação, con-
stituindo um primeiro problema para a
operação das equipas de socorro e
24 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
Claudio Terceira
Fausto Silva
OS
JOVENSEA
POLÍTICA
26 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
BOM USO
NO
DA LÍNGUA
É QUE ESTÁ O GANHO
PASSATEMPOS
2-O sujeito está no hotel com a amante, quando ela re- 4-Dois homens estão numa paragem de autocarro:
solve interromper o silêncio: - Porque trazes estes três porcos contigo?!
- Ricardo, por que você não corta essa barba? - É porque nunca viram o mar…
- Se dependesse só de mim ... Você sabe que minha mul- - E eles têm nome?
her seria capaz de me matar se eu aparecesse sem bar- - Oh sim! Esta porquinha daqui e Suatia esta é Suaprima
ba. e…
- Ora, querido - insiste a amante - Faça isso por mim, por - Já sei! Esta e esta porca aqui é Suamãe?!
favor... - Não, não, este é macho, este porco é Seupai! A sua mãe
O sujeito continua dizendo que não dá, até que não resiste eu comi ontem.
as súplicas da amante e resolve atender ao pedido.
Depois do trabalho ele passa no barbeiro, em seguida
vai a um jantar de negócios e quando chega em casa a - Alô, a minha sogra quer se atirar da janela.
esposa já está dormindo. - Enganou-se no número, aqui é da carpintaria.
Assim que ele se deita, sente a mão da esposa no seu - Eu sei, mas é que a janela não abre……
rosto e a sua voz sonolenta:
- Carlão, você ainda esta aqui? Vai embora! O meu marido
já está pra chegar...
ANEDOTAS
5-Um médico para o homem:
- Tenho uma péssima noticia para lhe dar...A cirurgia que
fizemos em sua mãe...
- Não, Doutor. Ela não é minha mãe... é minha sogra!
- Nesse caso, então, tenho uma óptima notícia para lhe
dar...
CONSOLA
A VER
SUPERMERCADO
A. MELO
O PRAZER DE BEM-SERVIR
RUA DO ROSÁRIO-RABO DE PEIXE
30 Rabo de Peixe, Março de 2009 Ajurpim Edição II
À FALSA
afirmou que um determinado espaço público de Rabo
de Peixe, em 2008, registou uma afluência de 2.999.999
pessoas. O mesmo, em conferência de imprensa mostrou
o seu desagrado por não ter chegado aos três milhões
de visitantes. Caso, sua santidade Bento XVI não tivesse
FÉ É
anulado a viagem a Rabo de Peixe, os 3.000.000 já cá can-
tavam. E ainda diz que o outro é do piorio. Epá, vai mas é
pregar pá tua terra.
A inda não chegamos às "eleicãns" e Rabo de Peixe já ver alguns tubarões que sempre falaram mal do projecto,
mexe. O meu primo Gervásio dos Aflitos até já me a defenderem a equipa técnica. Óooo alminhas desterra-
disse que este ano vai ser d'arder. É que, segundo "zoa", das troca-tintas...
o filho do sobrinho da prima da cunhada do irmão da nora
da sogra vai seguir as pisadas do Dalai Lama. Ou seja,
R
primeiro começa-se pela Igreja, depois passa-se para abo de Peixe está de parabéns. Já tem a sua primeira
a Catedral e depois vai-se para a Ermida. Engraçado, rotunda. Agora, se a moda pega, os nossos taxistas
não!!!!! Daaaaaaaaaaaaaa!!! vão enriquecer à brava. É que há muito boa gente que, nas
rotundas, são como um elefante em cima de uma "baici-
cla" - não têm tarelo "ninum".
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