ESTADO DE MINAS

Página 30 GERAIS/POLÍCIA 29 de julho de 2000

Sábado

Tragédia na estrada dizima família

▼

Acidente mata espanhóis que visitavam Brasil pela primeira vez. Em outra batida, quatro morreram
regado com 15 toneladas de cal-
cário, e foi atingido na lateral.
CAMBUQUIRA Com o choque, o carro foi arras-
tado pelo caminhão e atirado pa-
EVALDO SÉRGIO ra o acostamento.
E JÚNIA ALMEIDA Foi grande o trabalho dos

S
erão sepultados, hoje,
no Cemitério Parque da
Colina, em Belo Hori-
zonte, os corpos do co-
merciante José Carlos
Valina, 61 anos, e de sua mulher,
Laura Esther Rodriguez Valina,
60, que morreram em um violen-
to acidente ocorrido próximo a
Cambuquira, no Sul de Minas, na
quinta-feira. O casal de espanhóis
residia em Belo Horizonte há
mais de 40 anos e era proprietá-
rio de restaurantes.
Também morrreram no aci-
dente a sobrinha de Beatriz, Car-
mem Crespo Rodrigues, 38, seu
marido Francisco Javier Calde-
bombeiros na remoção dos cor-
pos das vítimas, que ficaram pre-
sos às ferragens e foram levados
para o necrotério do Hospital de
Cambuquira, onde foram subme-
tidos à necrópsia até a madruga-
da de ontem. Os corpos dos três
espanhóis serão trasladados para
a Espanha e enterrados na cida-
de de Vitória, onde a família resi-
dia. O motorista do caminhão,
Eduardo Lourenço dos Santos,
32, não se feriu
Os policiais acreditam que o sol
pode ter ofuscado a visão do moto-
rista do Omega que, provalvelmen-
te, não viu o sinal de parada no tre-
vo. De acordo com o inspetor Antô-
nio José Bernardes, o trevo para TONY BASÍLIO

ron, 40, e o filho do casal, Jona- Cambuquira é bem sinalizado, on- ESPANHÓIS OCUPAVAM o Omega que ficou completamente destruído com a violência do choque contra o caminhão
than Calderon Crespo, 11 anos, de “há muito tempo não ocorre um
que residiam na Espanha. Nasci-
da no Rio de Janeiro, Carmem se
mudou com a família para a Es-
acidente assim”. A perícia técnica
que vai apontar as causas do aci-
dente, será feita pela Delegacia Re-
Quatro mortos e uma
panha aos três anos e pela pri-
meira vez retornava ao Brasil.
Eles haviam chegado a Belo Hori-
gional de Três Corações.

zonte há uma semana, para visi-
tar a tia. A família retornava de
Aparecida do Norte (SP), quando
ocorreu o acidente.
Carmen e Francisco eram fi-
lhos únicos. Com a tragédia, esse
ramo da família foi dizimado, já
que o único filho do casal tam-
bém morreu no acidente. A famí-
lia viajava no Omega, placa GTH
9354, de Belo Horizonte, pela Ro-
dovia BR 267, no sentido Campa-
nha/Caxambu. Na altura do qui-
lômetro 350, ao fazer o trevo de
acesso ao município de Cambu-
quira, o carro entrou na frente do
caminhão placa GOM 6843, car-
Boa Esperança
Uma pessoa morreu e outra fi-
cou gravemente ferida num aci-
dente ocorrido na tarde de ontem,
em Boa Esperança, no Sul de Mi-
nas. O Corsa, placa GWT 1498, de
Unaí, ficou descontrolado e capo-
tou, no quilômetro 42 da BR 369,
por volta das 12h30. As irmãs gê-
meas Akemi Rodrigues Endo e
Sayuri Rodrigues Endo, 19 anos,
ficaram feridas. Akemi não resis-
tiu aos ferimentos e faleceu, en-
quanto sua irmã foi transferida
para o hospital de Alfenas. O mo-
torista Walter Cardoso, 21, teve
ferimentos leves.
gravemente ferida
EURICO MARTINS
Um grave acidente, no quilô-
metro 416 da BR 381, próximo
ao trevo de Caeté, ontem, às 9h,
deixou o triste saldo de quatro
mortos e uma pessoa grave-
mente ferida que está interna-
da no HPS em Belo Horizonte.
A Parati prata, placas GLJ
9073, de Belo Horizonte, cho-
cou-se de frente com o cami-
nhão-tanque placas GVH 8998,
também da capital. Segundo o
caminhoneiro Raimundo Nona-
RENATO WEIL to Rodrigues, 40 anos, que tra-
BATIDA ENTRE Parati e caminhão ocorreu perto de Caeté fegava vazio, o acidente foi ine-
vitável. “O motorista da Parati
ultrapassou uma carreta sobre
a ponte, perdeu o controle do
veículo e veio desgovernado em
minha direção”, conta. Ele na-
da sofreu.
O impacto foi tão forte que o
caminhão foi atirado em cima
de um barranco, às margens da
rodovia. Morreram na hora o
condutor da Parati, Antônio
Eduardo Glória, 35; Alexandra
Diniz Ribeiro, 23; e, Sheila Ri-
beiro Carvalho, 23. Petrônio Di-
niz Ribeiro, 17, faleceu no HPS,
onde Maria Mercês Glória, 45,
permanece internada.

Violência Delegado crê que Eduarda vive Versão de suicídio

muda rotina
de morador
do campo
UBERLÂNDIA
ALBA VALÉRIA
SUCURSAL TRIÂNGULO
O desmantelamento de uma
quadrilha de roubo e assaltos em
fazendas na região de Uberlândia,
com a prisão ontem de quatro inte-
grantes, pode significar um pouco
mais de tranqüilidade para os pro-
prietários rurais. Em constante pâ-
nico devido ao aumento deste tipo
de crime, os fazendeiros vêm pres-
sionando as autoridades policiais
para maior empenho na identifica-
ção e prisão dos marginais. O Sin-
dicato Rural do município estima
que pelo menos 80% das duas mil
propriedades da região já tenham
sido alvo da ação destas quadrilhas.
Com a prisão dos irmãos Ney
Gonçalves Lemes e Neilton Alves
Lemes, da cidade de Gurinhatã, e
dos acusados de receptação, André
Júnior Lelis e Neli de Oliveira San-
tos, policiais da Delegacia de Furtos
UBERABA
RUTE ROCHA
SUCURSAL TRIÂNGULO
O delegado de Vigilância Geral
de Uberaba, Luiz Antônio Blan-
co, acredita que Maria Eduarda
Moura, 10 anos, que desapare-
ceu na tarde do último domingo,
quando saiu para comprar pão,
ainda está viva e que há mais de
uma pessoa envolvida no sumiço
da garota. A dedução é baseada
na ausência do corpo; telefone-
mas anônimos para vizinhos da
família; e, na análise preliminar
das roupas da menina, que fo-
ram achadas terça-feira, num
buraco do bairro Josa Bernardi-
no, perto de sua casa.
Os peritos de Uberaba não en-
contraram vestígios de sangue ou
esperma nas roupas e acreditam
que a calcinha foi rasgada fora
do corpo. Considerando que não
Rodoviários
protestam
há marcas de violência, Maria não convence polícia
Eduarda teria sido levada para
algum lugar e suas roupas joga- DALILA ABELHA
das no buraco depois, para con-
fundir a polícia, o que leva à de-
dução de que o criminoso teve
A morte da vendedora Ma-
ria Regina da Silva Rosa, 28
ajuda de alguém. Apesar disso, anos, encontrada enforcada
as roupas foram para a Crimina- dentro do banheiro da casa do
lística da Polícia Civil na capital namorado Gerson, no bairro
para nova análise. Jardim Leblon, região Norte da
Duas vizinhas da família têm capital, pode se tratar de um
recebido telefonemas estranhos assassinato. O principal suspei-
nos últimos dias. “A gente só to é o namorado, que a família
escuta uma respiração ofegan- FOLHA DA MANHÃ acredita ter simulado o suicídio
te”, conta Terezinha Dias, dona MARIA EDUARDA Moura dela. Maria Regina morava no
de uma mercearia. Segundo bairro Cachoeirinha e costu-
ela, o mesmo tipo de ligação venda da casa para o pai de Ma- mava passar os finais de sema-
tem sido feito para a casa de ria Eduarda, Miguel dos Reis na na residência do rapaz, on-
Ana Cristina Ribeiro Farnezzi Moura. Ele disse desconhecer o de morreu na madrugada de
que, além da respiração ofe- paradeiro do pedreiro Paulo dos segunda-feira.
gante, ouviu apenas latidos de Reis Silva, ex-proprietário do Ela teria se enforcado com
cães ao fundo. imóvel e principal suspeito apon- uma toalha durante a madruga-
Para o delegado, os telefone- tado pela família. A polícia tam- da, enquanto o rapaz dormia.
mas são indícios de que a meni- bém intimou um homem que te- Ele disse aos familiares da moça
na possa estar em poder de al- ria tido desavenças com o pai da que não ouviu nenhum barulho
guém. Ontem, ele ouviu José Ro- menina por causa dos direitos de e que quando acordou já encon-
naldo Faria, que intermediou a uma propriedade. trou-a morta. Mas o exame de
necropsia detectou ferimentos
internos no corpo, evidenciando
que a vendedora foi espancada.
Gerson tem um bilhete que teria
sido escrito por Regina para li-
vrá-lo de suspeita. A família não
reconheceu a letra dela. Acha
que é um álibi forjado.
Testemunhas presenciaram o
casal brigando no domingo à
tarde, na mesa de uma pizzaria
no Jardim Leblon, quando o ra-
paz a teria esbofeteado e ela co-
brado dele a devolução de um
dinheiro. Outras testemunhas
viram o casal brigando pela rua
e vizinhos de Gerson garantem
que ouviram gritos de socorro
na madrugada.
A versão de suicídio dada por
Gerson à família de Maria Regi-
na na manhã de segunda-feira
não convenceu a irmã da vende-
dora, Hermínia Simões. Ela diz
que a irmã jamais se mataria,
que era uma pessoa alegre e
cheias de plano para o futuro. O
que desperta também a descon-
fiança dos familiares de Maria
Regina é que Gerson deu varia-
das versões sobre as circunstân-
cias da morte dela. Ele só comu-
nicou a morte aos parentes de-
pois que a polícia já havia feito a
remoção do cadáver. Gerson de-
ve ser intimado para depor no
início da semana.

e Roubos desvendaram dois roubos contra roubo

a fazendas na região ocorridos em
abril e julho e conseguiram recupe-
rar dois tratores levados das pro-
priedades.
As vítimas, os produtores Paulo
César Marcolino Borba, cuja fazen-
da foi invadida em abril, e José Al-
tino Stábile, fizeram ontem o reco-
nhecimento dos ladrões na Delega-
cia Regional. Juntos, eles tiveram
um prejuízo calculado em R$ 210
mil. Paulo César traduz o pânico
que sente desde então, dizendo que
só dorme na propriedade hoje com
dois seguranças armados, que lhe
custam R$ 140 por noite.
Esse mesmo medo impera ho-
je entre as inúmeras proprieda-
des rurais do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba e o antigo costu-
me de deixar portas e janelas
abertas e receber visitantes está
dando lugar a outro tipo de com-
portamento. Donos de terras con-
tratam caseiros, seguranças no-
turnos e até escolta, no caso das
cidades de pólo cafeeiro, para
transporte das cargas. O patrimô-
nio precisa ser resguardado, mas
mesmo essas alternativas não
têm se mostrado eficientes no
combate aos roubos, assaltos,
furtos e arrombamentos nas fa-
zendas.
ANA LUIZA FARIAS
Rodoviários e passageiros
de ônibus da capital são
obrigados a conviver com
uma violência cada vez
maior. Dados do Sindicato
das Empresas de Transporte
de Passageiros de Belo Hori-
zonte (Setransp) mostram
que, só entre janeiro e mar-
ço deste ano, 842 coletivos
foram assaltados na cidade
– um aumento de 76,5% em
relação ao mesmo período
de 99. Em todo o ano passa-
do, foram registradas 2.248
ocorrências.
A situação veio à tona
com a paralisação promovi-
da ontem, de 4h às 13h, por
empregados da empresa
Paraense, no bairro Milio-
nários, que mantém as li-
nhas 1115, 3051, 1122B,
1129 A e B e 319. Mais de
20 mil moradores do Bar-
reiro ficaram prejudicados.
Os trabalhadores queixam-
se do encarregado de tráfe-
go, Milton Nascimento Ma-
chado, e pedem sua demis-
são. Mas, em meio ao pro-
PARALISAÇÃO DUROU quatro horas e prejudicou usuários do Barreiro
testo, trocadores reclamaram
da cobrança dos valores rou-
bados, que são descontados
em seus salários.
Trocador há quatro anos,
Paulo Henrique Aristóteles, 19
anos, foi assaltado pela primei-
ra vez em novembro de 1999,
quando trabalhava na linha
1115. Dois rapazes, apontan-
do um revólver para o motoris-
ta, conseguiram levar R$
112,00 em dinheiro, mais os
vales-transporte. O dinheiro
ainda estava sendo descontado
em seu salário quando, num
novo assalto, ladrões levaram
R$ 236,00. O trocador só con-
PAULO FILGUEIRAS
seguiu acabar de pagar a em-
presa em junho.
O diretor administrativo da
Paraense, Almir Martins, expli-
cou que a convenção coletiva de
trabalho da categoria determina
que todos os ônibus tenham co-
fre, onde os trocadores são obri-
gados a deixar todo o dinheiro,
ficando apenas com R$ 45 em
mãos para troco. Qualquer va-
lor acima disso, afirma, é e con-
tinuará sendo cobrado dos tra-
balhadores. Paulo Henrique re-
bate, dizendo que prefere per-
der dinheiro a ser baleado por
assaltantes insatisfeitos com
pouco dinheiro para roubar.
GIROGERAIS
POLÍCIA
■ ARAXÁ
Assaltantes presos
Cinco membros de uma quadrilha de Brasília foram presos ontem
pela PM de Araxá, quando assaltavam um ônibus da Gontijo, que
havia saído de BH com destino a Cuiabá (MT). Por volta de 1h, no
quilômetro 669 da BR 262, quatro ladrões que estavam dentro do
ônibus renderam o motorista e passageiros e desviaram o veículo
para uma estrada vicinal. O passageiro Virgílio do Nascimento Neto,
62 anos, de Caeté, reagiu e acabou levando dois tiros, mas não corre
risco de vida. Um motorista viu o desvio e avisou a polícia. Foram
presos Francisco Batista Araújo Filho, 50, Cleiton Rodrigues da
Silva, 30, Fábio Vasconcelos de Brito, José Nilson Valdivino Soares e
Maurício do Nascimento, os três de 23 anos. A polícia continua à
procura do sexto assaltante, um ex-policial civil de Rondônia,
conhecido apenas como Matos.
■ OURO PRETO
Ladrão mata taxista
Em menos de 24 horas após encontrado o corpo do taxista José
Fernandes Santiago, 67 anos, o “Largatixa”, policiais de Ouro
Preto prenderam o assaltante Carlos Alessandro de Souza, 19,
que confessou o crime. De acordo com o delegado Adauto
Correa, Carlos matou o taxista após roubar R$ 3 em dinheiro.
Depois de executar José Fernandes com um tiro, o criminoso
colocou fogo no taxi da vítima e jogou o veículo num abismo no
distrito de Cachoeiro do Campo, onde o motorista residia.