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Abstract: In spite of the divergences on the legitimacy of the Federal Supreme Court, it
is the guardian of the Constitution, being its inevitable function to concretize the
constitutional norm, besides to adequate laws and normative infra-constitutional acts to
it. Beginning from direct analysis of judicial decisions it is possible to point out truly
constructions, such as the recent indicative of informal constitutional mutation of the
article 52, X of the Constitution, that is about the possibility of widening of the
subjective effects of incidentally unconstitutionality declaration through Senate
actuation. Considering the dual model and highly jurisdictionally of the invigilate of
norms in the national juridical system, the institutes foresaw in law for abstract control,
as the temporal modulation of the decisions effects and the linkage of the other
Judiciary and Executive offices in any of the power spheres, has been channeled to
diffuse control. It is a current tendency writers name “objectivation” or “abstractivation”
of diffuse control, lending to constitutional jurisprudence a glimpse of normativity.
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Aluna da Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC).
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1
MELLO FILHO, José Celso de. Notas sobre o Supremo Tribunal Federal (Império e República). 2
ed. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2007, p. 7-9.
2
Vide Art. 12, § 3º, inciso IV c/c Art. 101, ambos da CF/88.
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Não é por mero acaso que os juristas constitucionais publicam o teor de suas
decisões, inclusive as motivações que levaram à convicção firmada, de forma
muito mais constante e transparente do que o fazem Executivo e Legislativo,
sujeitando-se, de certa forma, ao controle da opinião pública e buscando
também ali a base de sua legitimidade.5
3
LIMA, Francisco Gérson Marques de. O Supremo Tribunal Federal na crise institucional brasileira
(estudo de casos - abordagem interdisciplinar). Fortaleza: ABC Fortaleza, 2001, p. 51.
4
SAMPAIO, José Adércio Leite. Ob. Cit., p. 60.
5
SAMPAIO, José Adércio Leite. Ob. Cit., p. 92.
6
Vide Art. 7º, caput e § 2º, e Art. 18 da Lei 9.868/99, que dispõe sobre o processo e julgamento de ADI e
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inconstitucional por decisão definitiva do STF8. Essa suspensão dará a decisão efeitos
oponíveis a todos (erga omnes) e prospectivos (ex nunc).
Ocorre que o Min. Gilmar Mendes defende que, em virtude do tratamento
constitucional, da amplitude conferida ao controle abstrato de normas e da possibilidade
de se suspender, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos, a própria
justificativa do instituto da suspensão da execução do ato pelo Senado (concepção
clássica da separação de poderes) estaria hoje ultrapassada. A declaração de
inconstitucionalidade emitida pelo Supremo, seja pela via principal, seja pela via
incidental, por si só, atribuiria caráter de oponibilidade a todos, restando ao Senado dar
“simples efeito de publicidade” por meio da publicação da decisão no Diário do
Congresso9.
Trata-se, no entanto, de posicionamento muito recente e pendente de
pacificação. Se prevalecer essa tese, haverá autêntico exemplo de mutação
constitucional informal, por meio da atribuição judicial de novos sentidos e conteúdos
até então não ressaltados.
Há quem questione a impropriedade da referida tese, vez que a Emenda
Constitucional nº 45/04 criou a figura da súmula vinculante, expediente que permitiria
legitimamente ao Supremo atribuir esse mesmo efeito geral, de ofício ou por
provocação, às suas decisões em sede de controle difuso. Ocorre que o Art. 103-A da
Constituição exige que haja reiteradas decisões sobre matéria constitucional, além do
quorum qualificado de dois terços. Claramente se presta a barrar a subida de recursos e
pulverizar tantos outros que se encontram à espera de deliberação, integrando o
movimento de desobstrução e especialização do STF. A relevância - e de certa forma, o
perigo - da fixação da atribuição de efeitos erga omnes em controle difuso,
independente da atuação, repita-se, discricionária do Senado, é que um único acórdão,
julgado com quorum de maioria, poderia justificar uma abrangência tão ampla,
refletindo direta ou indiretamente em toda a sociedade.
8
CF/88, Art. 52, inciso X.
9
“Reputou ser legítimo entender que, atualmente, a fórmula relativa à suspensão de execução da lei
pelo Senado há de ter simples efeito de publicidade, ou seja, se o STF, em sede de controle
incidental, declarar, definitivamente, que a lei é inconstitucional, essa decisão terá efeitos gerais,
fazendo-se a comunicação àquela Casa legislativa para que publique a decisão no Diário do Congresso.
Concluiu, assim, que as decisões proferidas pelo juízo reclamado desrespeitaram a eficácia erga omnes
que deve ser atribuída à decisão do STF no HC 82959/SP.” (Inf. STF nº 454, Rcl 4335/AC, Rel. Min.
Gilmar Mendes, 1º.02.2007)
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No mesmo sentido: AI-AgR 557237/RJ, Rel.Min. Joaquim Barbosa, 2ª Turma, j. 18.09.2007, DJ
26.10.2007; AI-AgR 651269/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, j. 06/11/2007, DJE-157
06.12.2007, DJ 07.12.2007.
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11
Vide Art. 469, caput e incisos I e III, do CPC.
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LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 11. ed. São Paulo: Método, 2007. p. 182-186.
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3. Considerações finais
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tenha a pretensão de suscitar entre nós a máxima do Juiz Hughes: “We are under a
Constitution but the Constitution is what the judges say it is”13.
Como há muito caiu em desuso o brocardo latino in claris cessat interpretatio,
impende ao julgador – e com maior propriedade, ao derradeiro julgador - o exame das
condições fáticas e a ponderação dos valores envolvidos a fim de que não seja a própria
norma jurídica o motivo da tirania.
Por fim, vale salientar que a relevância dos acórdãos do Supremo consiste não
na possibilidade de terminar o conflito por meio de uma resolução ótima, mas, por
solucioná-lo, pondo-lhe um fim e impedindo a sua continuação. Inobstante a
repercussão social e jurídica das decisões do Supremo, a doutrina tem conferido força
meramente indicativa à jurisprudência, posição que não merece perseverar em virtude
dos efeitos erga omnes e vinculantes observados naquelas. Tais decisões, por oportuno,
fazem vislumbrar um direito judicial a merecer maiores reflexões por parte do operador
do Direito.
4. Referências
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 11. ed. São Paulo: Método,
2007.
MELLO FILHO, José Celso de. Notas sobre o Supremo Tribunal Federal (Império e
República). 2 ed. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2007.
13
Tradução livre: “Estamos abaixo da Constituição, mas a Constituição é aquilo que os juízes dizem que
é” Cf. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 19 ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 315.
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