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Ressaltos históricos
Regências da Infanta
D. ISABEL MARIA
e do Infante
D. MIGUEL
(Acontecimentos na Madeira]
FUNCHAL
Tlp. d o aCom&rcio d o Funchai*
1947
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Ressaltas históricos
Regências da Infanta
SABEL MARIA
(Acontecimentos m a Madeira)
FUNCHAL
P1I3;3; dp aCom6brcio do Funcherl~
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Regência da Infanta D. Isabel Maria
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gado o tríinio d o seu Gavêrno qur estava a findar. . >):i
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E de bom critério, porém, não desejarem as achori d a d e $ - < ! & - W /
continuar no mesmo cargo, após uina mudança de instituição,
pretendeiido adaptar-se ao novo meio e servir betn a dois sec
nhores opostos. Os intransigentes não podem compreender
essa situação, e se compreendem, não se conformam, nem
a toleram.
Em politica, não se transita num salto, scm ser bem cal-
culada a distância a ti-ailsgor, para vencer os obstáculos e
poder eaír d e pé. EJ sempre umz acrobacia perigosa, em que
a inércia produz urn balanceio para equilíbrio, e muitas vezes
se dá a queda, porque os anteparos preparados fraquejararn
ao choque, sem a consistência esperada que a oposiçilo des-
viou, retardando acções passadas e deduzindo a pouca sin-
ceridade das convicções nascentes.
Apareceram ent3o proclamações, manifestos e pasquins
clandestinos, e se alguns eram injuriosos para as autoridades,
tinham outros a exposição clara e calma, dedutiva da situação,
parecendo redigidos por algum letrado, mas sem a coragem
precisa qara tomar o autor a responsabilidade com a sua assi-
natura. E muito interessante a leitura dessas apaixonadas ma-
nifestações políticas.
A 6 de Agosto de 1826,reuniu a Câmara da cidade, em
vereaqão extraordinária; para ser lido o .ofício do Ministro do
Ultramar, remetendo os exemplares da Carta ílonstitucional e
a fórmula do juramento q u e devia ser prestado.
Imediatamente, foram mandados afixar editais nos lugares
do estilo, indo o porteiro da Câmara para esse efeito, acotn.
panhado de três escrivães do judicial, vestidos de gala. Ficava
determinado haver festejos por tr4s dias, e para o dia 8 de mar-
ço, um Te Dettm na Sé e o juramento nos Paços do Con-
celho. Parece, porém, que o entusiasmo não foi grande. Em
nova reunião extraordinária do Seriado, ficou assente lançar
uma proclamação, anunciando ao ,povo que a Câmara está
convencida da tranquilidade e soss8go que reina entre os ha-
bitantes, para o que aplicarli todos os meios que tiver ao seu
alcancq o que produziu u m efeito dubio e vacilante.
As eleições para deputados foram anunciadas, regendo-se
o acto pelas disposições da Carta de Lei de 1822.
E c ~ ç i o s o o art." 3k0, determinando que se celebre uma
missa dõ" Espirito Santo em todas as freguesias, antes d o acto
eleitoral.
Deram-se, apesar disso, váríos disturbios nas assembfeias.
Quando se procedia ao apuramento dos vótos no Paç:, do
Concelho do Funchal, no dia 5 de Outubro, algumas pra-
ças do regi'rnento de infantaria 7 provocaram motins, a ponto
do Presidente da Mesa oficiar ao Governador, requisitando
uma força para manter a ordem.
O Capitão General entendeu, por melhor, comparcer ele
próprio na assembleia, acompanhado de seus ajudantes, o que
infundiu um certo respeito.
Findo o apuramento dos votos, realizou-se um solene
Te Deum na Sé Catedral com numerosa assistência. n r ~ d o m i -
nando o elemento oficial.
Foram proclamados representantes da Madeira às Cortes:
-P." Qetano Alberto Soares, bacharel formado em Di-
reito pela universidade de Coimbra;
--Doutor Lourenço José Moniz, formado em medicina
peIa Universidade de Edimburgo;
-Manuel Caetano Pimenta de Aguiar, insigne vate ma-
deirense;
-Luiz Monteiro, que fizera parte do efémero Govêrno
Provisório da Na@o, estabelecido em Lisboa, ern Setembro
de 1821.
Como medida de prevenção, oGovernador ordenou, nesse
dia, ao Comandante do Regimento, para que não deixasse
saír ninguern dos quarteis depois das 7 horas da tarde e que
ficava sustada ri ronda a cidade por patrulhas militares, pas-
sando o Corrcgecior a rnandar detalhar, para esse fim, apenas
rondas civis.
Na vereaqão extraordinária de 20 de Novembro, foi pre-
sente em Câmara, u m oficio do Ministro e Secretário de Es-
tado dos Negócios de Alarinha e Ultramar, Inácio da Costa
Quintela, remetendo a fala da abertura ás Reais CIrtes, bem
como o Supleiiiento. à *Gazeta de Lisboau, n." 253. em que
vem inserto o jurzmento a Carta Constitucional &e 29 de
Abril, prestado em Viena pelo Infante D. Miguel,
Nos elementos mais moderados dos partidos adversos,
deu-se uma certa aproxima@o. O Governador continuava no
seu posto, não porém o corregedor e o juiz ág fóm, que fo-
ram substi tu idos.
A 8 de Janeiro de 1827, fundeava no porto do Funchal a
fragata inglesa aFort» de passagem para o Rio de Janeiro, con-
duzindo o cav. gNewman, encarregado de apresentar a El-Rei
o Auto dos Esponsais da Rainha D. Maria I1 com o Infante
D. Miguel, que fora assinado em Viena» e meses depois, a nau
43. João VI,, vinda do Brasil com escala pela Madeira, leva-
va a Europa, o veador João da Rocha Pinto, afim de acom-
panhar à Côrte d o Rio, o ~nfanteD. Miguel, com quem seu
irmão desejava, pcssoalmento, tratar de importantes negócios,
mas não acedeu ao convite.
N a vereacão da Câmara hlunicip,il do F u ~ i c i ~ ade
l 7 de
Março, foi lida a comunicação da mprte de _jus Magesiade
Imperial, Augusta Esposa de D. Pzdro IV*, faze:~doo prcsi-
dente o elogio funebre da imxratriz-rain ha, ta:, festzjada na
sua passagem na iMadeira, (-7 quando noiva, e determinou o
luto de seis meses, rigoroso no.; primriroç trss, e no restantz
tempo, aliviado, mandaiido-;e afixar editais nesse setitido.
Na sessiío de 30 de M z r ç ~ ,ficoti re.;olvido rn;zndar o
pintor João José do Nliscimerito tiinr a Óleo o retrato d e D,
Pedro IV, por 40.5000 rs. e d.r Infante Rsgcnt2 por 36$000 rs.
para ornamento da sala da Vcreação.
O Governador da MxIcii-a, LI. M,~:luelpe Pi,rtu-al e
Castro, pede novamente para que o regimento de iilfantaiia 7
regressasse ao Continente, para ser coapletz 8 szrcnidade
dos espiritos. A Infante R ~ g e i ~ td.rtt
e orcic!tt qu: aassirn se
executasse, vindo a fragata aAm:~zonra,>,a mesrnz q u e o h i v i z
trazido ao Funchal ein 1823, e a charrui «Orestzsb e nelas se
embarcou a tropa destacada na Madeira.
Não tendo v i n d o novo contiiig xite p2rrl a qi1m1içXo
militar, deu azo a u:na prttctis20 da ArtiIharia Auxililir cia
Madeira,-invocando o; serviço5 :1reit3dos desde o fern;m da
Restauraçgo, em q u c se forinás;t,-;rira qiie lhe fossc d3da s
categoria de tropa de 1.'' l i n h a arrcgimentacta. Era, poré:ir,
um corpo de triilicianos, con%;tituidopor volrintcíriox fttr.lados
i custa das rendas dr Alf,iildeyi e as patentes d ~ oficiais s
passadas pelos Governadores c: Capi tks-generais.
Ernbora D. Manuel de I'ortug,.il e C a ~ t r oi i ~ f o r t n l s ~f:i-c
vorávelmente, o Mizlijtro drt Guerra f!>i d ~ opinião
, conir;ii-ia,
fazendo notar' a faitlz d e preparacão t2ctlicx e O i:~,?ressonos
diferentes portos 1120 ter a conflrrnaçiio régia.
Em Fcvereira de 1827, aparecv na irnpre:isá o q F u n c t ~ ~ -
lense Liberal*, dirigido pt.10 bacharel J3s2 Mirtíninrio dri
Fotiseca, q u ~veiu pugaar pela criua:i liberal e registar OS
acontecimentos locais.
A Infanta D. 1sabi.i Maria, 11otlve por bzin iinmerir D.
Manuel d e Portugal e C i s t r - ~governa3oi.
, do Esta:io d~ 1i.i-
dia e fazê-lo substituir tlrt hlzdeira por 5 0 3 2 Lucio Triv~ssoc;
. -- -
(*) Foi publicatfa um folhzto ein q w 23;:'iio narratias as feskiis ilú 1.O
ariiv:~r;;f?i.inda Carta C:o:lsiiiucional no Funchctl.
sua posse presta á Mãe Pátria, e tambein porque em circuns-
tancias criticas e notaveis tem prestado..
AS aturadas guerras continentais e o reciproco bloqueio
que se imposerá~o governo inglez e o de Napoleão Bonaparte,
fizer50 com que a Ilha d a Màdeirci se encontrasse na feliz e
occidental posi~iiod e niio ter q u e m c3m ella concorresse com
vinhos no mercado inglez e ser por isto, só quem fornecia a
Grã-Bretanha e suas imensas colbnias, desta artigo.
Foi por esta siinples causa que este produto do seu solo
obteve huma demanda prodigiosa, a par de hum preço exccs-
sivo e por esta tambem a simples raz:?o, os habitantes destas
Ilhas abandonarão toda a especie d e agric!~lturae industria q u e
não fosse a cultura de vinhos, fazendo-se indiscretainerite de-
pendentes da sorte boa ou m a deste unico artigo.
Com o produto dos v i n h ~ spagaviio toda a classe de arti-
gos necessários A vida e de liixo e a p c í ; de
~ tudo, a circulação
de, então, em metais preciosos, foi prndigiosa, n propriedade
civil e r~iraIse elevou a utn valor difficil de se acreditar, e o
jornal, seguia a mesma propor@o, r ~ g d a r de ~sendo rc?gul;i\l:,
pelo valor dos vinhos e de toda a esgecie de proprie:jad?s »
Atendendo à falta qiie as praças do regimento tiè milicias
faziam a agricultura e intt.:resses dornSsticos, o capitao-gvceral
Valdez, em ordem de 30 de Junho de 1827, manda iicencia-llts,
ficando o serviço a ser feito pelo Batalhão d e Artilharia, ii~as
como restava diminuta fcrça para a guarniçiio, ficou reunida a
um destacalxento do di'E:3 Regimento compasto de 1 capitão,
2 subalternos e 33 praças $.c! baioneta a quem seja menos vio-
lento continuar no serviço.
Olhou pela defeza da ilh3, que achou etn muito nias con-
diqões, pois as fôrçns da Ilha, segundo u lei, deviairi ser:
*-uni batalhão d i ~Artilharia d e líiihs, de oitccenlas e
cincoenta praças, armado e disciplinsdo tambe:n como Infanta-
ria, e como tal fazer o S F ? I V ~ Ç (;>
-tr& regimentos dc xilicias dc inill e cem praqss c a d ~tini
a saber: Frtnchal, Calhefct e S. Vicente.
Inforinã ainda :
Tem a Ilha, na cidade e costas, vinte e seis f~rtei;,baterias
e zeductos, que montam duzentas e vitite bocas de iogo, rn:iis
de metade de grosso calibre.
Havia para guarnição das referidas fortificações, artilheiros
miIicianos na proporção das referidas bôcas de fogo, somando
o seu total perto de dois mil homens.
O estado, porém, ude desarranjo e indisciplinaa tornava
essa força de pouca consistencia.
Desde a morte de D. João VI os absolutistas, sob10 co-
mando do marquês de Chaves, tomaram armas no norte d e
Portugal, mas foram batidos e obrigados a internar-se em Es-
panha, onde conseguiram um auxilio, embora secreto, e de no-
vo, com mais alento, apoderaram-se de quase toda a provincia
de Traz-os-Mon tes.
Foi então qlit' C, Gnbinete inglês, sob a influência de Lord
Sanning, deridia '7111: s e dava o cnsus foe,deris pwa a interven-
ção, enviando a r'mjugal o general Cliton, com 6.030 homens.
Os miguelisias rec~mr3n-1passando a fronteira.
O conselho < ? 3 R1!$rici,i re~ovíiva-se,e a Rainha D. Car-
lota Juaquina inlhiia sob::: os ânimos que aiidavamn eferves-
centes.
Em 3 de Julha de 18131. L). :7r'dro preparando a unificação
dos partidos, nomeou seti irLii50 D. Xiguel, regente do Reino,
devendo vir tomar posse deste cargo, ate a maiaridade da rainha
D. Maria, com quem estava ajustado o casamento, sendo só
então a régio consorte.
Em Portilgal sucediam-qe os motins, a mudança de minis-
tros e adoecera a InfanLa Regente.
A Câmara do Funchal encarrega o pintor Nascimento d e
executar o retrato a óleo de D. Miguel, por 40$000, adiantan-
do-lhe desde logo 10$009 para preparos.
Estando próximo a chegada a Lisboa do Senhor Infante D.
hliguel, e decretado pela Senhora I.ifanta D. Isabel Maria, ha-
ver demonstrações de plausivel regosijo, iltiminações, uin bôdo
aos pobres e aos presos da cadeia.
Regência de D. Miguel
acontecimentos. ( , .
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" ';4** -
A tropa de ocupação entrou na cidade do Funchat na ' "- "
*Ainda que não dou credito aos boatos que se teem es-
palhado e muito confio nas activas providencias de V. Ex ",
contudo a demora dos navios esperados de Lisboa póde ter
influido, e em tempos tão vacilantes produzir desgostos, cu-
jas consequencias se não pode prever. Nestas circunstancias
tomo a liberdade de assegurar a V. Ex.* que, no caso de al-
gum daqueles lances tão frequentes na guerra, e ainda mais
nas crises politicas, V. Ex? pode ccntar com a fragata &Aili-
gator*, cujo comandante, prevenido por mim, se prestará a
todo o serviço pessoal que V. ExP ou sua familia possa d'elle
precisar, sem que eu m e dispense de offerecer da mirhha casa,
o que a V, Ex? possa ser util.