Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
DIOCESE A
DO FUNCHAL
SINOPSE CRONOL~GICA
FUNCHAL
DIOCESE DO FUNCHAL
Elucidárlo M adeirense 2 grandes volumes (de colaboração com Carlos
Azevedo de Menezes
Camões e a Madeira
A S6 Catedral do Funchal
As "Levadas" da Madeira
A SAIR
DO PRELO:
DIOCESE
DO FUNCHAL
SINOPSE CRONOLÓGICA
FUNCHAL
:-
TIPOGRAFIA ESPERANCA
: 45 - Rua dos Ferreiros - 45 :
: : F U N C H A L - MADEIRA : :
Advertência Preliminar
-
5 - 1430 a - Ordem Seráfica -Diz uma antiga
crónica seráfica que, espiritual e religiosamente'falan-
do, foram os frades franciscanos que descobriram esta
ilha, tendo celebrado o Santo Sacrificio da Missa n a
praia de Machico n o dia do desembarque dos primei-
ros colonizadores, e acrescenta a mesma crónica que
n o ano de 1430 o franciscano Fr. Rogério organizara
uma pequena comunidade religiosa, que conjectura-
mos haver-se instalalado nas imediações da actual
capela de S. João da Ribeira.
A Ordem Seráfica de São Francisco teve nesta
diocese u m a larga expansão e adquiriu u m justificado
prestigio, tanto pelo avultado número dos seus mem-
bros como pelas importantes casas monásticas, igrejas
e capelas que fundou e ainda especialmente pelos
largos e excelentes serviços prestados à causa da reli-
gião. Durante alguns anos, como já se disse, foram
os únicos sacerdotes que desempenharam a s funções
eclesiásticas nas capelas que a pouco e pouco se iam
edificando. Vieram outros religiosos franciscanos de
diversas partes do continente e até do estrangeiro,
segundo se afirma, entregando-se a uma vida de asce-
tas e anacoretas, atraídos pela solidão e isolamento
do lugar, tão propício à prática do sacrificio e da
penitência.
Entre as casas monásticas que levantaram nesta
ilha destacavam-se o convento de religiosos de São
Francisco e o de freiras de Santa Clara, que eram
dos mais importantes que a ordem possuia em todo
o país. N a cidade do Funchal tiveram ainda os dois
mosteiros de religiosas de Nossa Senhora da Incar-
nação e de Nossa Senhora das Mercês. Fóra da cidade,
pertenciam à mesma ordem religiosa os conventos de
São Bernardino, em Câmara de Lobos, de Nossa
Senhora da Piedade, em Santa Cruz, de Nossa
Senhora da Porciúncula, n a Ribeira Brava, e de São
Francisco, n a Calhêta, aos qaais todas nos havemos
de referir n o decurso deste ligeiro estudo.
8-1440-1450-Criação de P a r ó q u i a s - F o i
aproximadamente pelos anos de 1440 que se deu a cria-
ção da freguesia da Ribeira Brava com séde n a capela
dedicada a São Bento, sendo-lhe acrescentado um cura-
to por carta régia de 30 de Agôsto de 1594. Teve cole-
giada com quatro beneficiados, além do pároco e do
coadjutor. A primitiva capela passou por vários acres-
centamentos e reparações, sendo a actual igrejq paro-
quial construída nos fins do século XVI o u princípios
do século seguinte. N o s anos decorridos de 1931 a 1933
foi notávelmente ampliada e recebeu os mais apreciá-
veis melhoramentos. Possui u m trítico com valiosas e
artísticas pinturas e u m púlpito primorosamente lavra-
do em pedra, que merecem ser apreciados. E seu ora80
o patriarca S. Bento. A Ordem Seráfica teve nesta fre-
guesia u m « hospicio» ou pequeno convento, a que nos
devemos referir n o prosseguimento deste ligeiro estudo.
D a t a da mesma época de 1440 a criação da fregue-
sia do Caniço, que por carta régia de 20 de Outubro
de 1605 começou a ter um curato. A Ribeira do Cani-
ço marcava a linha divisória das capitanias do Funchal
e de Machico, e a freguesia compreendia os moradores
estabelecidos nas duas margens, que por mal contidas
rivalidades fizeram edificar uma igreja em cada mar-
gem e dirigidas pelo mesmo pároco, que alternadamente
a s servia, tendo terminado esta estranha anomalia n o
ano de 1783 com a construção da igreja actual, quando
a s duas antigas igrejas se encontravam já em estado
muito adiantado de ruína. O orago da nova igreja é
o Divino Espírito Santo e Santo Antão, certamente
para recordar os oragos das duas antigas igrejas paro-
quiais, que tinham estas invocações.
O ano de 1450 é a data conjectura1 da criação da
paróquia n a ilha do Pôrto Santo, afirmar-se
que anteriormente a essa época já ali existia uma
« capelania n com o indispensavel serviço religioso.
Teve uma das primeiras colegiadas criadas nesta dio-
cese com vigario e quatro beneficiados, a que a carta
régia de 27 de Agôsto de 1589 acrescentou um curato.
Desde o primitivo povoamento existiu ali a pequena
capela de Nossa Senhora da Piedade, que passou por
vários melhoramentos, sendo inteiramente reedificada
e ampliada nos primeiros anos do século XVIII. Essa
igreja e capela muito sofreram com os assaltos dos
corsarios, que por vezes a incendiaram e profanaram,
nomeadamente nos anos de 1566, 1600, 1617, I690
e 1708. O seu orago é Nossa Senhora da Piedade.
E m muitos lugares se afirma que n o ano de 1450
se criou a freguesia de Machico, não podendo todavia
duvidar-se que já anteriormente a esta data estava a l i
estabelecido u m regular serviço paroquial, como aci-
24 DIOCESE DO FUNCHAL
9 - 1 4 6 0 - M o r t e do I n f a n t e D. Henrique-MOK-
re o infante D. Henrique, que nesse mesmo a n o fêz
a s últimas disposições da s u a vontade, entre as quais
se encontram algumas que interessam à história ecle-
siástica desta diocese. Delas destacaremos a verba tes-
tamentária referente à fundação de várias igrejas e
que é concebida nestes termos: «Item estabeleci e
ordenei a principal igreja de S a n t a Maria da ilha da
Madeira e deshi em diante a s outras que si ordena-
ram, e item estabeleci hi da ilha do Poxto Santo e
..
Igreja da I l h a Deserta. ».
Dispôs também o infante que, n ã o sòmente n a
Madeira mas nas outras terras descobertas, se cele-
brassem missas aos sábados em todas as igrejas e
capelas, como se vê desta interessante verba do seu
testamento: «eles (capelães) diguam cada semana ao
sabado h u a missa de Santa Maria em cada igreja em
que ouver capelão, e a comemoração seja do Espirito
Santo, com seu responso e a oraçam Fidelium Deus.
Dizendo n o introito das ditas missas alta voz aos
4
26 DIOCESE DO FUNCHAL
17-1450-1480- Freguesia
- de São Vicente -
Deqtro dêste período de tempo, .se deve aproximada-
mente fixar o ano da criação desta freguesia, a pri-
meira que se estabeleceu n a costa setentrional d a
Madeira, e que teve s u a séde n a capela daquela invo-
cação, edificãda por meados do século XV, e recons-
truída e ampliada n o último quartel do século XVII.
A carta régia de 2 de Janeiro de 1606 criou u m cura-
to n a capela de Nossa Senhora do Rosário. Pela pro-
visão episcopal de 2 de Setembro de 1812 foi ali esta-
belecida uma vigairaria da vara e por outra provisão
de 14 de Janeiro de 1814 tornou-se extensiva a juris-
dição dêsse arciprestado às freguesias do Seixal, Ribei-
r a da Janela e Pôrto do Moniz. T e m como orago o
martir S. Vicente e com a mesma invocação se encon-
t r a a peauena distância u m a curiosa capela aberta
em u m solitário bloco de basalto.
Pela s u a importância e aumento da s u a população
foi criada a vila e município de S ã o Vicente, pela
carta régia de 25 de Agôsto de 1744, com séde n a
freguesia do mesmo nome.
27-1514- B - I r m a n d a d e da Misericordia-
A carta régia de 18 de Setembro deste ano entregou
a administração do Hospital do Funchal à Irmandade
da Misericordia, que pouco anteriormente a essa data
se fundara nesta cidade, perdurando este regime até o
a n o de 1834. N o ano de 1906 voltaram os diversos
serviços hospitalares à direcção e superintendencia da
antiga Irmandade ou Confraria da Misericordia, que
tem prestado a êsse estabelecimento de assistência os
mais relevantes serviços, entre os quais se deve assi-
nalar o da instalação do hospital n o magnifico edificio
dos Marmeleiros.
Poucos anos depois da fundação da Irmandade da
Misericordia do Funchal estabeleceram-se confrarias
semelhantes e reguladas pelos mesmos principios de
beneficência nas vilas de Machico, Santa Cruz e
Calheta, que ainda existem e que exercem a sua acção
em proporções muito limitadas.
Quem pretender obter uma notícia mais pormeno-
risada da vida e benéfica acção da Irmándade d a
Misericordia, leia o respectivo artigo inserto n o vol. I1
d a 2." ed. do aElucidário Madeirensen.
28-1515-1520-«Embaixada» ao P a p a - F o i
dentro deste periodo de tempo que se realisou a cha-
mada «embaixada», que o faustoso Simão Gonçalves
da Camara, terceiro capitão-donatário do Funchal,
enviou ao papa Leão X com a aparatosa oferta do
&Sacro Palacio todo feito de assucar e os Cardiais
todos de alfenim.. .. e feitos da estatura de um
.
homem. .», que Gaspar Frutuoso descreve extensa-
mente e que em R o m a teria causado uma grande
admiração, ao menos pela estranha originalidade do
pitoresco presente, fazendo talvez sorrir ironicamente
a s grandes personagens, que nessa época frequen-
tavam a capital do mundo catolico. Estava então
em Roma, como secretário particular do papa Leão X,
o bispo madeirense D. Manuel de Noronha, filho
do referido Simão Gonçalves da Câmara. A «em-
b a i x a d a ~ era chefiada pelo fidalgo João de Leiria,
representante do capitão-donatário, e nela tomou par-
te o cónego da S é do Funchal Vicente Martins, que
a o ser apresentada a original oferta ao Sumo Ponti-
fice proferiu uma elegante oração n a língua latina.
29-1516-A Sé C a t e d r a l - N o
ano de 1493 deu-
-se começo à ediiicação d a igreja que viria a ser a
futura S é Catedral, havendo sido benzida em 1508 e
solenemente sagrada a 18 de Outubro de 1516 pelo
bispo titular de Dume D. Duarte, e cuja construção
não estava ainda inteiramente concluída. Com a cria-
ção da Diocese n o ano de 1514 passou a ter a s hon-
ras de S é Catedral e n o a n o de 1533 foi elevada à
categoria de S é ArquiepiscoPal e Metropolita, ao
tornar-se a séde do arcebispado do Funchal com os
seus quatro bispados sufraganeos. N o ano de 1508
fez-se a transferência da séde da freguesia de Santa
Maria Maior para a «Igreja Granden, a futura Sé,
cuja vasta área compreendia então todas as freguesias
6
42 DIOCESE D O FUNCHAL
33-1521 - A - M o r t e de D. M a n u e l - N o ano de
1521 morre D. Manuel I rei de Portugal, a quem a
Madeira ficou devedora de relevantes serviços, como
~rão-mestre d a Ordem de Cristo e também como
monarca, especialmente n a construção da S é Catedral
e n a criação desta Diocese. N o «Museu de A r t e
Sacra», instalado em uma das dependencias dêsse
templo, ehcontra-se u m a preciosa cruz processional
oferta daquele monarca, que é uma das grandes mara-
vilhas da ourivesaria portuguesa do século XVI.
Consta da tradição que ainda ofereceu outros valiosos
objectos destinados a o exercício do culto.
40 - 15 5 7 -1 5 8 9 -Colegiadas - Á semelhança
52 DIOCKSE DO FUNCHAL
43 - 1 5 6 4 - C â m a r a Eclesiástica - A repartição
da Câmara Eclesiástica deve ter sido estabelecida
aproximadamente pela época da criação da Diocese,
mas foi rornodelada pelo alvará régio de 28 de O u t u -
bro de 1564, que fixou o vencimento anual do res-
pectivo serventuário. E r a valioso o seu arquivo, que
u m incêndio ocorrido em fins do século XVII ou
princípios do século seguinte destruíu quasi inteira-
mente. Funciona permanentemente nas dependências
da residência episcopal e sob a superior direcção do
prelado diocesano ou do governador do bispado.
44 - 1 5 6 6 - S a q u e d o s corsários franceses-
u m a das maiores calamidades que tem assolado a
Madeira foi indubitávelmente o terrivel assalto dos
huguenotes franceses ocorrido a 3 de Outubro dêste
ano. Onze navios armados em côrso com alguns
milhares de homens preparados para o saque, fun-
dearam em frente da Praia Formosa, efectuando-se
sem demora o desembarque de uma força considera-
vel de assaltantes, que se dirigiram à cidade e inicia-
ram a sua obra de morticínio e de pilhagem, em que
durante dezaseis dias mataram cêrca de trezentos
habitantes e carregaram os onze navios de todos os
haveres e riquezas de que puderam lançar mão. Gas-
par Frutuoso dedica quarenta páginas á narração dos
indiscritiveis horrores que os ferozes assaltantes pra-
ticaram nesta cidade.
A sua qualidade de crueis e fanáticos hugueno-
tes explica suficientemente os assaltos às igrejas, espo-
liando-as das suas riquezas e ainda os ultrajes e pro-
fanações que nelas cometeram, especialmente contra
as imagens e objectos destinados ao'culto.
E m 1895 publicou-se em Paris u m folhêto da
autoria de E. Falgairolle, em que se pretende atenuar
a ferocidade dos assaltantes, mas é manifestamente
revoltante a parcialidade com que foi escrito.
Vid. Saudades da Terra e Elucidário Madeirense.
45-1566-A-Criação do S e m i n á r i o - F o i a
carta régia de 20 de Setembro dêste a n o que, em obe-
diência às determinações do Concílio de Trento, criou
o Seminário desta diocese, mas sòmente n o período
decorrido de 1575 a 1585 e n o episcopado de D. Jeró-
nimo Barreto é que começou o seu regular funciona-
mento, sendo êste prelado e com inteira justiça consi-
derado o verdadeiro fundador do Seminário Diocesano.
Fez-se a sua instalação em umas casas contíguas à
residência episcopal, que então era n o alto da r u a
Direita, a í pelas imediações da actual ponte do
Torreão. O bispo D. Luiz Figueiredo de Lemos
(1586-1606) fez construir o primeiro paço episcopal,
de que ainda restam a capela de São Luiz e uma
espécie de velho claustro, e para êle e u m edifício pró-
ximo, transferiu todos os serviços do Seminário,
havendo os dois referidos prelados dedicado a esse
estabelecimento de educação eclesiástica o mais desve-
lado interesse. Depois de permanecer u m século nes-
sas dependencias do paço, foi mudada a sua instalação,
60 D I O C E S E DO FUNCHAL
52-1580-No D o m i n i o Filipino-Com o
advento do govêrno filipino sofreu a igreja nesta dio-
68 DIOCESE D O FUNCHAL
6 4 - 1 6 6 3 - C o n v e n t o d a s Mercês-Gaspar
Betencourt de Andrade e sua mulher D. Isabel de
França Andrade fundaram u m pequeno recolhimento
sem feição monastica, que em 1658 revestiu u m carac-
ter acentuadamente religioso e que n o ano de 1663 se
transformou em um convento de austera e rigorosa
observancia, mantendo-se sempre n o decurso do tempo
como u m perfeito cen.áculo de oração, de penitencia
e das mais heroicas virtudes cristãs: foi o mosteiro
de Nossa Senhora das Mercês, comumente chamado
das «Capuchinhas». Algures se diz que fazer parte
desta comunidade o mesmo era que adquirir um titulo
da mais alta e incontestada virtude, e nisso consistiu
toda a história do modesto convento, que seguiu sem-
pre inalteral e escrupulosamente a chamada «primeira
regra, de Santa Clara. Ali floresceram em grandes
exemplos de virtude muitas religiosas, destacando-se
entre elas a madre Brites da Paixão, falecida n o ano
de 1733 e a cuja interecessão se atribuem muitos factos
miraculosos.
66-1670 C o n v e n t o da C a l h e t a - P o r 1670
fundou-se na freguesia da Calheta uma modesta casa
franciscana com sua capela adjunta, conhecida pelo
nome de convento de São Frãncísco, mas que em
alguns lugares se chama de São Sebastião. Teve como
fundadores os irmãos Francisco Figueirôa e Manuel
Figueirôa com a clausula de reserva da capela-mór
para seu jazigo. Foi sempre uma pequena comunidade
religiosa e àcêrca da qual raras referências temos
encontrado.
69-1676-Nomeações Eclesiásticas-Tinham-
-se em várias ocasiões suscitado dúvidas àcêrca da
nomeação de alguns « oficios e beneficios » eclesiasticos,
em que o govêrno da metrópole quizera por vezes inter-
vir, vindo o assunto a esclarecer-se com o alvará régio
de 4 de Março de 1676, em que se determina que era a o
bispo diocesano que competia o direito do provimento
dêsses beneficios, como sempre se havia observado e de
harmonia com a bula da criação da diocese. O mesmo
assunto foi novamente esclarecido e confirmado nos
termos do alvará acima citado pelas «Instruções» con-
tidas n o alvará régio publicado n o ano de 1725, sendo
prelado D. Manuel Coutinho.
76 - 1730- C o n v e n t o da R i b e i r a P r a v a -NO
segundo ou terceiro quartel do século XVII os reli-
giosos franciscanos fundaram um pequeno convento,
também chamado hospicio, n a freguesia da Ribeira
Brava, com o nome de Nossa Senhora da Porciún-
cula, que n o século seguinte foi ampliado, tendo a
respectiva igreja que lhe ficava anexa sido construída
n o a n o de 1730.
77 - 1 7 3 3 - M a d r e Brites da P a i x ã o - N o dia
25 de Setembro de 1733, faleceu n o convento das
Mercês, geralmente conhecido pelo nome de convento
das Capuchinhas, a religiosa madre Brites da Pai-
xão, natural da freguesia do Caniço e pertencente à
ilustre familia Ornelas, de que foram distintos mem-
bros os madeirenses arcebispo D. Aires de Ornelas
de Vasconcelos e os conselheiros Agostinho de Orne-
las e Aires de Ornelas. N o arquivo desta casa con-
ventual guardavam-se interessantes noticias da vida
austera e e ~ e m ~ l a r i s s i mdaquela
a religiosa, que foi
u m compendio das mais eminentes virtudes cristãs,
tendo morrido com fama de reconhecida santidade e
havendo-se atribuido à sua intercessão numerosos
factos miraculosos. A sua sepultura existente n o
claustro do convento passou a ser objecto da maior
veneração e por toda a ilha se espalhou a fama das
suas virtudes e o seu auxilio a ser invocado por
muitas pessoas de todas as classes sociais.
Vid. a revista «Esperança», no n.' 11 do IX a n o
(Janeiro de 1928).
88-1798 Luís R o d r i g u e s d e V i l a r e s - N O
- D.
principio do ano de 1798 tomou posse da diocese do
Funchal o prelado D. Luís Rodrigues de Vilares, que
tinha sido confirmado no consistorio de 29 de Julho do
ano anterior. N o s seus doze anos de episcopado
revelou-se sempre u m ,pastor zeloso e dedicado n a
direcção do seu rebanho, a r c ~ n d onobre e heroicamente
com a s prepotencias de que foi vitima. Com a ocupação
da Madeira por tropas inglêsas no ano de 1801, o
governador e capitão-general intimou a evacuação do
Colégio dos Jesuítas, onde funcionava o Seminario
Diocesano, para o alojamento daquelas tropas, ao que
o prelado ofereceu u m a tenaz oposição, cedendo perante
a violencia empregada. Com a saída das forças britâ-
nicas, D. Luís Rodrigues de Vilares não deixou de
insistir porfiosamente pela restituição do Colégio, mas
não conseguiu ser atendido. Este facto e ainda outras
circunstâncias não bem conhecidas levantaram um
grave conflito entre as duas autoridades superiores do
arquipélago, tendo o governador praticado a desme-
dida violencia de levar o prelado a saír apressada-
mente, em forçado exílio, para a freguesia do Santo
da Serra n o dia 18 de Junho de 1803. O estranho
caso provocou a maior sensação n a Madeira e ainda
em Lisboa, vindo sem demora a esta ilha u m dos
mais considerados juizes da Relação, proceder a uma
investigação judicial, e por tal motivo saíram para a
capital nos dias 10 e 11 de Dezembro do ano referido
o prelado diocesano e o governador e capitão-general,
cada um em seu navio de guerra, resultando da rigo-
rosa sindicancia a demissão e uma grande censura ao
governador e o regresso de D. Luís Rodrigues de
Vilares ao exercicio do seu cargo.
Foi o 19." Bispo do Funchal e faleceu nesta cidade
a 1 de Outubro de 1810, sendo sepultado n a capela-
-mór da S é Catedral.
95-1834-Antonio A l f r e d o Braga-Com O
advento do govêrno constitucional saíu d a Madeira
em direcção à Itália, n o mês de Junho de 1834, o
bispo diocesano D. Francisco José Rodrigues de
Andrade, tendo alguns mêses depois, e por decreto de
7 de Novembro do mesmo ano, sido nomeado ugover-
nador temporal do bispadoz. o egresso Antonio Alfre-
do de S a n t a Catarina Braga, que esteve à testa da
diocese até os princípios do ano de 1840. Como por
essa calamitosa época aconteceu em outros bispados
do continente com identícas nomeações feitas pelos
govêrnos da. metrópole, muito deixou a desejar a
administração diocesana de S a n t a Catarina Braga,
sendo pouco honrosas a s tradições que durante muitos
anos perduraram entre nós a seu respeito. E n t r e
outros, praticou o acto escandaloso de ir
ao convento de São Bernardino, em Câmara de
Lôbos, e fazer queimar, com grande aparato, a estátua
de Fr. Pedro d a Guarda, o Santo Servo de Deus,
que ali se venerava n a respectiva igreja, como u m a
manifestação de eloquente apoio à expulsão das ordens
religiosas, que h a pouco tinha sido decretada.
96-1836 -P r o s e l i t i s m o P r o t e s t a n t e -Ante-
riormente a esta época, vários propagandistas de seitas
protestantes tentaram introduzir entre nós a s suas
doutrinas, foi, porém, o dr. Roberto Kalley o primeiro
que verdadeiramente conseduiu exercer nesta ilha u m
activo e eficaz proselitismo, causando em varias fre-
100 DIOCESE DO FUNCHAL
105--1871-D. A i r e s de O r n e l a s - D O S onze O U
doze madeirenses que cingiram a mitra, foi D. Aires
de Ornelas de Vasconcelos o único aue exerceu o
episcopado n a sua terra natal. PrÒposto pelo bispo
D. .Patrícia Xavier de Moura para seu coadjutor e
sucessor, foi confirmado a 6 de Março de 1871 e rece-
beu a sagração episcopal a 7 de Maio do mesmo ano,
havendo pouco dias depois assumido a direcção inte-
rina desta diocese, que sòmente se tornou efectiva a
27 de Outubro de 1872, após o falecimento daquele
prelado. Pouco rnais de três anos durou o seu episco-
pado, em clue sempre revelou o acendrado zêlo da s u a
f é e os altos primores do seu espírito e do seu cora-
ção, não sem ter arcado com graves dificuldades no
exercício do seu ministério. Foi verdadeiramente n a
fndia, como metropolíta da arquidiocese de Gôa, que
mostrou as suas eminentes qualidades de infatigável
apóstolo, contraindo a grave doença que o prostou n o
túmulo aos 43 anos de idade. Faleceu em Lisboa a
28 de Novembro de 1880, sendo os seus restos mor-
tais trasladados para a capela de Santo António da
nossa Sé Catedral, antigo jazigo da s u a família, n o
ano de 1903. Foi o 25." Bispo do Funchal.
107-1874-Associaqão C a t ó l i c a do F u n c h a l
- N o a n o de 1874 fundou-se n o Funchal uma asso-
ciação composta de indivíduos de diversas classes
sociais e destinada a defender e a propagar a doutri-
n a católica por meio da imprensa, conferências, prá-
tica dos actos religiosos, etc., que se instalou em casa
própria e fez sair o jornal A Verdade n o ano de 1875,
que se publicou durante alguns anos e era impresso
em oficina pertencendo à mesma associação. Foi u m
dos seus fundadores e principal colaborador do jornal
o dr. João Baptista de Freitas Leal, que durante mui-
tos anos e sempre com o maior zelo e desinteresse
lhes prestou os mais relevantes serviços.
O s estatutos desta associação receberam a apro-
vação do governador civil, por alvará de 10 de Agos-
to de 1874 e da autoridade eclesiástica por provisão
de 21 do mês e ano referidos.
112-1877-A-Seminário Diocesano- E m u m a
notícia muito sumária (n." 45-1566) fez-se menção
dos diversos edifícios ocupados pelo Seminário Dioce-
sano n s sua já longa existência de trezentos e tantos
anos. A importância do assunto leva-nos a dedicar-
-lhe neste lugar u m mais largo desenvolvimento,
embora talvez em manifesta desproporção com outras
matérias tratadas nesta Sinopse.
Como já ficou dito foi o prelado D. Jerónimo
Barreto, que n o período decorrido de 1575 a 1585 pro-
cedeu à instalação do Seminário Diocesano nas ime-
diações da residência episcopal e ao qual consagrou
sempre o mais desvelado interesse. N a d a se sabe com
respeito ao seu funcionamento interno e ao quadro
dos seus estudos, presumindo-se que os alunos fre-
quentavam os cursos de humanidades e de teologia,
que os jesuítas mantinham n o seu Colégio.
A D. Jerónimo Barreto sucedeu o distinto prela-
do D. Luís Figueiredo de Lemos (1586-1606), que fez
a mudança do Seminário para umas dependências do
novo paço à rua do Bispo, de que ainda existem a
capela de S ã o Luís e os restos de u m antigo claustro.
Essa mudança deve ter-se realisado nos primeiros
anos do século XVII, tendo também êste prelado
olhado com o maior zelo pelos progressos espirituais
e materíais do novo instituto.
A l i permaneceu cêrca de cem anos e nos princí-
pios do século XVIII passou o seminário a instalar-
-se em mais favoraveis condições, numas casas desti-
nadas a u m pequeno convento, fundado em 1626, pelo
cónego Manuel Afonso Rocha, n a r u a que ficou
conhecida nome de Mosteiro Novo, realizando
esta mudança o prelado D. José de Sousa Castelo
Branco (1678-1721), que procedeu à conveniente adap-
tação do edifício para o seu novo destino e fez elabo-
116 DIOCESE DO FUNCHAL
115-1888 - J u n t a s de P a r ó q u i a - E m toda a
história dêste arquipélago, não se encontra u m perío-
do de tão graves perturbações da ordem pública como
o que decorreu em alguns meses dos anos de 1887
e 1888. O Código Administrativo de 1886 concedia a s
Juntas de Paróquia mais amplas faculdades de admi-
nistração local, e logo neste distrito uma mesquinha
política de «campanário » fizera propalar que essas cor-
porações se iam estabelecer entre nós com o fim de
lançar novas contribuições e impostos. Foi um incên-
dio que lavrou por toda a parte e que em várias
freguesias revestiu o aspecto de sangrenta tragédia,
em que u m consideravel número de pessoas sofreram
os maiores vêxames e maus tratos, ferimentos mais
o u menos graves e até algumas perderam a vida. A
força armada teve várias vezes que intervir e não
poucos indivíduos caíram varados pelas balas. Espa-
lhara-se malèvolamente que em diversas freguesias a s
Juntas de Freguesia realizavam a s suas sessões n a s
i6
122 DIOCFSE DO FUNCYAL
117-1895-Pão de S a n t o A n t ó n i o - A obra
do uPão de Santo Antónion, h á muito florescente em
alguns países estrangeiros, era desconhecída n a Madei-
ra, tendo-se estabelecido n a freguesia suburbana do
Funchal que conserva o nome do grande taumaturgo
português, n o ano de 1895, por ocasião das festas
centenárias e devido à iniciativa do padre Teodoro
João Henriques. Também se estabeleceu em outras
paróquias, mas cremos que a sua existéncia não per-
durou por largo tempo.
I? ocasião de recordar que naquela freguesia se
celebraram com o maior brilhantismo e por dias
sucessivos as festas comemorativas daquele centenário,
promovidas pelo referido sacerdote e que ali atraí-
ram milhares de pessoas vindas de toda a ilha.
Bispos do Funchal
Bispos Madeirenses
Comunidades Religiosas
Padroeiros da Diocese
Culto Mariano
Dias Santificados
Missões Evangélicas
Bispado e Arcebispado
Desertas e Arguim
Aljube e Alçadas
Monumentos