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♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
#Dentro da suíte…
Era uma suíte bem ampla, toda composta em tons alvos. Havia sido
decorada a pedido de Poncho. Pétalas incontáveis pelo chão, meia luz, aroma
misto de flores diversas… O incrível ali era que a parede do lado direito da
cama era formada por somente duas imensas portas de vidro que abriam
completamente, dando acesso a uma sacada de frente pro mar. Nesse exato
momento, inclusive, a brisa marítima adentrava todo o quarto, cercando os
corpos que se comprimiram num doce abraço.
Alfonso: espera que ainda falta um detalhe. — ligou o som, abriu uma garrafa
de vinho do Porto envelhecido (que acompanhava Sachertorte, tortinhas doces
Iaccarino e Mil-folhas com chocolate) e os serviu
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Alfonso: só que Anahí e Alfonso não vão se separar… Nós temos essa sina…
Vamos nos amar eternamente, não tinha percebido? — sorrindo docemente
Anahí: me promete?
Alfonso: apesar de que não precisa, eu prometo sim… Nós aqui não vamos
nos separar… Aconteça o que acontecer estaremos sempre juntos…
Nesse exato instante, Anny sentiu um calafrio diferente. Como uma brisa
que os envolvia num ritual mágico e obscuro. É certo que, pela circunstância do
local, muitas ventanias os cercavam em demasia agora, assim como muitas
ainda os envolveriam… Só que todas essas esperadas acendiam sentimentos
já bem experimentados antes, aceleravam as respirações e instigavam gozos
infindos. As outras, as desconhecidas, causavam medo. Medo e solidão
sentidos seguidos de um frio congelante e sufocante na coluna.
Ele começou a beijar-lhe o colo e a região acima dos seios (parte esta
ainda coberta pelo vestido). Foi aí que começou a abrir botão pro botão. Fazia
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tudo pacientemente. A cada centímetro a mais em que o vestido se abria sobre
o corpo arrepiado de Anny, ele tratava de cobri-la com beijos que lhe
alcançavam a alma de tão doces e sinceros. Quando todos os botões estavam
livres de suas respectivas casa, Poncho seguiu com os beijos e as sugadas ao
longo das pernas. Acariciava-as de forma bem sutil, o que só provocava mais
inquietações em sua amada.
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de excitação, mas o plano de fundo era igual. Nem ela própria entendia.
Tentava decifrar o que se passava enquanto via uma e outra estrela brilhar
cintilante no firmamento. A brisa congelante inundava novamente o quarto,
após a ardência do prazer. Mechas movidas caíam sobre o rosto da loira,
fazendo-a nem perceber uma lágrima que desaguou involuntariamente entre os
fios.
Alfonso: bom dia! — disse entrava junto com Anny numa das salas, onde
estavam seus pais e Oscar
Oscar: olha só! Casal Herrera resolveu aparecer… — sorrindo muito, enquanto
continuava a mexer em seu notebook
Alfonso: verdade…
Linda: meu casal favorito, vocês bem que podiam ter avisado que iam voltar só
hoje… — fingindo estar chateada
Anahí: ai, desculpa, Linda! É que tava acostumada a sair e não deixar recado,
já que eu moro sozinha, né?
Oscar: ah não viram? Pois vejam! — deu pro irmão o notebook com um video
pausado deles no Aeroporto Internacional de Los Angeles, provavelmente
quando chegaram
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Linda: umas revistas aí que falam de vocês… Também é besteira… Ah, diga
pra sua mãe que ela tá linda!
Linda: é! Adorei a entrevista dela! Acho que vamos nos dar muito bem! —
animada
Linda sai rapidamente e volta com duas revistas na mão. Em uma delas,
era uma reportagem sobre flagras do novo casal Herrera, assim como
analogias a outros casais relâmpagos. Na outra, era uma entrevista exclusiva
da mãe de Anny contando tudo sobre o romance.
Anahí: eu quero matar alguém pra não ter que matar minha mãe! — disse com
muita raiva — Era só o que me faltava!
Alfonso: calma, Anny! Ela não disse nada comprometedor, só como a gente se
conheceu, como estamos hoje… — tentando acalmá-la
Linda: esquece isso, querida… Olha, vem aqui comigo! Comprei algo pra ti…
Linda: é! Ontem à noite sai com algumas amigas e fizemos umas compras
básicas pelo shopping…
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ponteiros rosa em contraste com o fundo branco e os números substituídos por
diamantes.
Linda: só uma mãe mais linda depois que saiu do cabeleireiro… Serve?
Anahí: Poncho!
Anahí: eu não…
Linda: nem eu… Vem! Deixa eu te mostrar umas coisas no meu quarto… —
saíram
Oscar: quer curtir o fora ou perder mais uma partida pra mim?
Melanie: ela eu não sei, mas eu amaria! Se duvidar ainda fico com esse pra
mim e dou pra ela só o cartão de feliz aniversário…
Dulce: mas não vai não! Quero é ver a cara dela depois de abrir o presente. —
rindo
Melanie: pois eu não… Vai sobrar pra mim com certeza. E logo agora que
Anny tá viajando… Que dia ela chega?
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Dulce: valeu… Quando forem te enterrar, pode deixar que eu ajudo a cavar…
Dulce: não, mas vai acabar assumindo… Não desgruda daqueles dois! Se não
se convencer da coisa, é contagiado mesmo e creu! Já era! — rindo
Dulce: Vick me disse que só sabe que tem namorado por causa de roupas dele
na apê dela.
Melanie: mentira!?
Dulce: sério… Ela já até traiu ele, pra ver se ele desconfia, fica com ciúmes ou
algo do tipo. Estilo Madonna, falem mal, mas falem de mim…
Melanie: ah, não creio que seja só por isso! Pra mim foi questão de seca
mesmo… E das brabas! — rindo muito
Dulce: então… preferiria que sua mulher te traísse pra provocar ciúmes ou por
questões áridas?
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Melanie: seca, meu chapa! Quando a cama é um túmulo, só serve pra
descansar em paz!
Garçom: olha, nesse caso, preferiria que fosse a primeira opção… Não me
vejo sem comparecer nesse aspecto. — sorriu timidamente se sentindo
triunfante na resposta
Melanie: cara, tu acaba de afirmar que prefere ser gay a ser brocha… Meus
parabéns! — irônica
Dulce: nada, ela é louca! Pode ir, aqui tá cheio, é bom cuidar das outras
mesas.
Melanie: idiota! Tava se achando já! Vê se pode?! Todos os homens são iguais
mesmo… Não perdem a oportunidade de mostrar o ego…
Dulce: verdade… — falou meio aérea, enquanto olhava direto pra mesa de
Vagner, Rivanildo e Cristian
Melanie: o que tanto olha pra lá? — acompanhou a direção do olhar — O que
tá pensando mesmo?
Dulce: tô vendo o que eles tão falando. — disse sem tirar a vista de lá
Dulce: isso.
Melanie: faz parte da seita que vocês participam e que não pode me contar?
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Dulce: tão rindo muito, fica mais difícil. Faltei nessa aula… Tem alguma coisa a
ver com viagem… Estados Unidos…
Melanie: Lala deve saber de alguma coisa. Ela é muito amiga da May, que é
muito amiga do Vagner…
Dulce: é mais por prática. Tem que aprender os movimentos da boca em cada
sílaba. Tenta aí!
Dulce: olha pra boca do Rivanildo, que é quem mais fala ali.
Melanie: tá!
Dulce: agora vai repetindo tudo o que ele tá falando, eu vou acompanhar
também. Pode começar.
Melanie: gostava de empinar pica? Que imoral! Olha o que ele disse, Dul!
Tinha que ser a biba da TV! — revoltada e falando meio alto, o que fez
algumas pessoas as olhar
Dulce: imoral aqui é tu, minha filha… Ele disse pipa. Ele disse que gostava de
empinar pipa quando era criança…
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Melanie: ah foi? — morrendo de vergonha, escondendo o rosto do povo —
Sorry…
Pelo jeito, a casa estava vazia. Seus pais estavam viajando. Deveria ter
alguma mensagem de parabéns na secretária eletrônica, indicando onde
estava seu presente desse ano. Mel com certeza também deve ter deixado
uma lembrança em seu quarto, só que nunca desperdiçaria uma noite só pra
entregá-lo. Depois veria isso. O que mais queria nesse exato momento era se
inundar nos lençóis de sua cama e desmaiar. Entrou no quarto, tomou um
relaxante banho e foi finalmente dormir.
Só que não conseguia. Seus olhos estavam pesados de tanto sono, mas
não conseguia dormir. Estava lá, deitada, enrolada, olhando pro teto na
esperança de alguma coisa cair sobre sua cabeça pra poder apagar de vez.
Escutou então a porta se abrindo. Deve ser Chris, pensou. Porém, não era. Viu
uma figura masculina adentrando seus aposentos. Pela escuridão do quarto só
iluminado pela lua não conseguia ver direito quem era. Poderia ser um ladrão.
Mas ladrões não usam ternos finos. Aquele caminhar… aquela boca sensual
sorrindo… só podiam ser de uma pessoa…
Lawyse: tá louco?
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Ponche: posso até descer… mas tu vem comigo…
Lawyse: só pode ser loucura da minha cabeça! Isso! Eu vou fechar os meus
olhos e quando abrir não vai ter mais nada acontecendo aqui… — fez o que
disse — Droga! Ainda tá aqui?
Ponche: claro, meu amor… e vou ficar muito mais tempo! — a beijou meio que
à força
A princípio Lawyse relutou o máximo que pôde. Não negava que sentia
uma atração pelo noivo da amiga, mas aquilo já estava além das suas virtudes
mais inatas. Ou estava sonhando ou estava no mais alto grau de insanidade. O
que a acalentava era saber que ele estava viajando por questão de força maior.
Vira essa tarde mesmo Anny lhe falando ao telefone. E pelo número inscrito no
aparelho, era realmente internacional a ligação. Além do mais, pelo mínimo que
conheceu dele, nunca a trairia dessa forma.
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Ponche tomou-lhe um dos seios à boca. Era um carinho bem gentil, mas
que foi se convertendo em uma tortura incomensurável. Olhou em seus olhos e
viu uma mescla de medo e desejo. Ela tremia de excitação porque ele não a
deixava exalar tais sensações com atitudes. Segurava-a, forçando-a acumular
todas essas inquietações. Quando viu que já estava sem forças de tanta
excitação, uniu os dois corpos num movimento lento e gradual. O corpo de
Lawyse trepidava embaixo do dele. Se antes ele prendia-a, agora buscava
mais do que nunca soltá-la. Trabalhava com os quadris de forma imperante e
completa. Apertou fortemente seus ombros buscando mais equilíbrio. Sem
demora, ela sentiu o corpo implodir e ficar mole perante àquela tensão. Ele
novamente buscou sua boca, não cessou os movimentos. Colou os corpos. As
mãos dela deslizavam por suas costas, arranhando-as. Quando por mais uma
vez sentiu que as mãos dela escorregavam sem vida por sua pele, finalmente
se esvaziou por completo dentro dela.
Rosângela: muito bem, Lawyse. A que devo sua visita logo tão cedo?
Lawyse: não! Não! Esse assunto não pode passar de hoje! — decidida
Rosângela: sim… até agora só vejo uma possível traição, não vejo loucura…
Mas continue…
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Lawyse: só que não era o noivo dela! Não podia ser! Ele tá há milhares de
quilômetros daqui… — explicou angustiada
Lawyse: já, mas não tem como… Tenho certeza e provas que ele não está
aqui.
Rosângela: o noivo da sua amiga que não está aqui te seduziu… Continue,
continue…
Lawyse: sem chance… até porque acordei do jeito que fui dormir no seu
suposto sonho.
Lawyse: tá, não tenho. E daí? Já sabe o que tenho por acaso? — irônica
Lawyse: como o que mais? Quer mais que isso? Senhora, eu acabei de dizer
que transei com um espírito, uma alma, uma ilusão, uma assombração! Ah,
sabe de uma coisa, sei nem o que tô fazendo aqui! — se levantou pra pegar a
bolsa
Rosângela: mas essas mulheres de hoje em dia não sabem mais aproveitar a
vida… Tem um homem que vem à noite só pra satisfazer os desejos dela e
ainda fica reclamando! Eu, hein! Falando nisso deixa eu reservar o meu de hoje
á noite… Deixa eu me lembrar… Hoje quem vai tá na Rua Coelho de Rezende
é o Adônis…
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Lawyse: preciso falar com Anny… Vim sem avisar porque ela não atende o
celular e…
Janete: tudo bem, Lala! Olha, ela tá em reunião agora, mas se quiser
esperar…
Lawyse: é.
Anahí: vamos à minha sala então. Dul, depois continuamos sobre aquele
assunto. Jay, não me incomode por nada, tá?
Anahí: vamos, Lala. — as duas entraram na sala e se sentaram num dos sofás
— Pode falar, amorzinho…
Lawyse: primeiro eu quero te pedir perdão. Eu agi por impulso, devia ter me
controlado, rezado um rosário, ajoelhado em algum canto… — foi interrompida
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Lawyse: primeiro me perdoa? — praticamente implorando
Anahí: olha, perdão eu acredito que só Deus é quem pode dar… Eu posso te
desculpar com maior prazer, mas também só posso fazer isso se souber o que
é… Não se desculpa assim por nada…
Anahí: confia em mim, tá? Nós somos amigas… Seja lá o que for, se é mesmo
sincera essa amizade entre a gente, nada vai nos abalar. Pensa comigo, nem
minha irmã eu chamava de mana…
Anahí: agora vai. Me conta! Olha que é crueldade deixar uma curiosa com
curiosidade… — rindo
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Anahí: amiga, tem noção do que acabou de me contar?
Lawyse: tenho. Fui até numa psicóloga, mas não adiantou… Acho que porque
eu tinha que falar era contigo. Mas assim, como tem certeza que não era o
Poncho de verdade?
Anahí: simples. Porque nessa hora ontem a gente tava transando pela
webcam. — sorriu calmamente
Lawyse: ah tá…
Anahí: só mais uma coisa… Assim, sempre te disse que o Poncho é o próprio
fogo na cama… E lá? Foi tão quente assim também? — disse com cara de
tarada sorrindo
Chris*Ucker diz: mas isso foi o melhor. Pq tu ficou do meu ld e m fez seguir em
frente ao meu modo. Assim eu pude tomar minhas próprias decisões e sem medo d m
arrepender pq foi algo meu. E tmb smp q keria descontar minha raiva tu botava aí uma
foto d uma ruiva qlqr e eu brigava à vtd.
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♥ ☺ Cindy ♥ ☺ “tá com medo de pisar em espinhos? então coloque
um salto alto e só ande na pose...” diz: fala
Chris*Ucker diz: assim vou pensar q é uma coroa tarada por médicos carentes…
Chris*Ucker diz: pra mim isso é muito tmp. Aceita vai? Kero q nossa amizade saia
desse mnd virtual e seja mais real, entende?
Chris*Ucker diz: não que eu tenha m afastado, só q evito sair com eles por causa dela.
Chris*Ucker diz: ñ, a raiva passou. Tem hora q chego a entender o ld dela. Agora
voltar pra ela é q ñ dá. Pelo menos por enkanto…
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fica se perguntando se ainda vai ter ao menos uma última noite
com ela…
Chris*Ucker diz: na vdd eu ñ keria msm… eu keria q ela sofresse do jeito q eu sofri
por saber q por culpa dela ñ tô hj aki com meu filho.
Chris*Ucker diz: acha q eu seria feliz tendo q acordar td dia ao ld d alguém q matou
meu filho?
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Anahí: me disseram que tem ligação pra mim… — chegando correndo até Jay
Anahí: OK! Poncho deve tá chegando. Ele veio me buscar pra almoçar. Diz pra
ele me esperar aqui.
Janete: tá certo, Anny… — a loira saiu correndo pra sua sala, deixando a porta
aberta
Cláudia saiu de sua sala com vários papéis bagunçados em mãos e foi
até Jay.
Alfonso: também não sabia que você se metia na conversa dos outros,
Cláudia… — disse calmamente — E então, Jay?
Cláudia: pois se pra mim não tem recado, eu vou entrar… — entrou a sala da
chefa — Oh, Anahí! — gritou ao ver que não foi nem vista, já que a loira estava
concentrada mexendo no computador e falando ao telefone
Anahí: o que quer? — já com raiva por ser interrompida — Não, não é com
você. Acabei de ver o e-mail e já vou imprimir… — falou com a pessoa do outro
lado da linha
Anahí — gritando após tapar a entrada de som do aparelho: Jay! Tira essa
mulher daqui! Eu tô ocupada agora!
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Cláudia: isso aqui tá que nem a casa da mãe Joana! Grita mais vai! Meus
tímpanos aplaudem! — irônica
Anahí: olha, aqui não é a casa da mãe Joana, mas é a sala da mãe Anahí e eu
quero que você saia daqui! — acentuou mais a voz no final da frase
Alfonso: se Cláudia quer ficar aqui, deixa ela aí! Vamos embora!
Anahí: boa idéia, amor! — pegou a bolsa e saiu de mãos dadas com o noivo
Cláudia: ei, vocês vão me deixar aqui sozi… — sua voz foi barrada pelo bater
da porta — Vai me pagar, Anahí Giovanna! E não é promessa furada de vilã de
novela mexicana, sua descendente de quinta!
Janete: falando sozinha, Cláudia? — disse após entrar na sala sem ser notada
Janete: só vim avisar que vou indo, mas se quiser continuar aqui plantada na
sala da Anny, fique à vontade… Depois vocês se acertam pessoalmente…
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Cláudia: oi, Poncho! Olha, liguei pra avisar que sua noivinha esqueceu o
celular na sala…
Anahí: deixa eu ver… — vasculhou sua bolsa — Acho que sim… Não tô
encontrando…
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Quando as portas do elevador se fecharam, Cláudia correu pra sala de
Anny. Vibrou ao ver que Poncho levara consigo o falso papel e, antes que
fosse tarde, colocou de volta no lugar o verdadeiro.
Cláudia: não vou cortar seu cabelo, Anahí… Mas vou ferir sua alma…
* 1 MÊS DEPOIS... *
Com Cindy criou uma forte amizade. Sinceramente desejou sentir as tão
famosas borboletas a cada nova conversa. Sinceramente desejou parar de
sofrer. Conheceu Dulce e logo se apaixonou. As coisas não deram certo por
duas vezes. Tinha a tese de que isso acontecera porque não eram amigos de
verdade. Eles só se amavam e pronto. Não tinham uma relação de
cumplicidade ou de companheirismo. Queria tentar algo novo. Ou então
conseguir refutar essa teoria. Amizade era algo certo entre ele e Cindy. Talvez
nascesse um amor ao cruzarem seus olhos pela primeira vez.
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Numa atitude meio desesperadora, tirou a visão do copo de bebida e
encarou a entrada. No momento em que Cindy pusesse os pés no bar, ele
acordaria a rosa que repousava encima da mesa e lhe receberia logo na
entrada do local. Foi assim que avistou vários casais que também estavam por
ali. Uns no balcão conversando animadamente entre um beijo e outro. Outros
em mesas alternando prováveis declarações de amor regadas a beijos
molhados com danças num palco discreto em certa área do bar.
Lembrou-se de Dulce. Não queria. Mas se lembrou. Ver aquele casal ali
na frente se encarando docemente o levou á cena de quando a pediu em
namoro anos atrás. Será que era isso que eles estavam fazendo agora? Será
que aquele homem segurará sua mão tão fragilmente como ele mesmo fizera
há anos? Será que as palavras mais lindas e os sentimentos mais puros se
materializaram naquela mesa do lado? Não queria. Mas se lembrou de Dulce.
Lembrou-se da noite, após o pedido de namoro, em que insistiu que eles
deveriam experimentar uma valsa. Relutante, mas ela aceitou. Ensaiaram
alguns passos, mas depois se deixaram levar por seus instintos. Os outros que
curtissem suas faltas de jeito. Bons tempos aqueles… Foi com esse
pensamento involuntário que finalmente entendeu o que tanto Cindy tentava
lhe fazer entender. Só não é feliz quem não quer. Aí está a chave de tudo. Ele
é que só se lembrava dos momentos ruins com Dulce. Momentos ruins que
sempre existem entre casais que se amam. Sua vontade agora era correr de
encontro a sua amada, mas algo tinha que ser resolvido ainda. No mínimo,
devia um “muito obrigado” a Cindy.
Dulce: qual o problema de eu vir encontrar com Mel aqui? Só porque ela é tua
irmã? Ainda somos amigas sabia?
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Ele a seguiu com o olhar. Entendeu tudo quando Dulce abraçou Mel em
outra mesa. O que parecia fácil agora se complicava. Só tinha que bater um
papo amigável com Cindy e cair fora, pra se acertar com sua ruivinha. Mas e
agora? Dulce veria de camarote toda a cena. Com certeza sacou que se
tratava de um encontro pela rosa estacionada na mesa. Ou ela ficaria com
raiva por isso ou pensaria que ele queria brincar com seus sentimentos, caso
lhe pedisse pra voltarem a namorar…
Nunca é tarde pra voltar atrás. Isso é verdade. Mas não é certo que se
vá alcançar o tão desejado final feliz só voltando no tempo. A vida só é simples
pra quem não faz parte dela…
Dulce: bridaga por ter me avisado… Quero só ver o que ele tá aprontando
agora…
Melanie: esquece meu maninho, Dul! Não vale a pena ficar sofrendo assim…
Dulce: de qualquer modo eu vou sofrer, então que seja do modo mais prático…
Dulce: saber quem é a fulana ora! Não vou conseguir ficar me remoendo de
dúvida! Quero sim saber quem é… E se hoje eu souber que ele tá feliz com
ela, prometo sair com Bruno no sábado.
Melanie: combinado?
Melanie: tá lindo! Deu certo contigo… Tu tem a pele bem clara… Fica bem
destacado… O único problema é que cabelo vermelho com vestido vermelho
não é muito legal…
Dulce: bonequinha de vudu, pensa aqui comigo. Eles não se viram ainda.
Devem ter combinado algum modo de se reconhecerem. A única opção em
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que eu poderia ter mais chance de acertar era vindo toda de vermelho. O mais
lógico então seria um vestido. E aqui estou.
Dulce: acho que sim, porque ele me olhou de um jeito que pensava que era eu
a tal fulana.
Melanie: nossa!
Dulce: pois é… Agora temos que esperar ela chegar… Enquanto isso, vamos
curtir… O que quer pedir?
O tempo foi passando e Chris não sabia o que fazia. Se ia embora pra
não zangar Dulce ou ficava em respeito a Cindy. Logicamente Dulce tinha mais
importância em sua vida, mas se tratava de uma questão de respeito. Pedira
tanto por esse encontro que o mínimo esperado seria que comparecesse. A
dúvida o consumia o tempo todo. Este então foi passando sem nem perceber.
Dulce também estava feito louca na outra mesa. Imaginava até algumas cenas
dela dando uma surra na tal rival. Tentava esquecer o assunto conversando
com Mel só que, à medida que um assunto acabava, a realidade voltava a
pairar. E a ansiedade inundava seus pensamentos. Pensava que aquilo tudo
não fosse acabar nunca, tamanha era a lerdeza no transcorrer da noite. Em
meio a pensamentos vagos e suposições infindas, eis que viu uma figura
suspeita adentrando o estabelecimento.
Dulce, Mel e até Chris não conseguiam acreditar no que viam. A reação
imediata de Dul foi começar a rir, principalmente depois de entreolhar a cara de
espanto dele. Mel também não agüentou e caiu na gargalhada. Era seu irmão,
mas ali não tinha como resistir. Até porque sentiu que essa era a vontade dele
também diante da situação.
Era uma figura, sem dúvida, muito chamativa. Atraiu olhares desde que
pisou com o primeiro pé ali. Um brilho que chegava a cegar os mais próximos.
Uma ousadia digna de mestre. Um olhar profundo capaz de hipnotizar o mais
ogro dos homens. Não foi à toa que levara Chris tão facilmente na conversa a
ponto deste imaginar alguma possível relação futura. Via-se ali de forma
transparente uma mulher com todas as qualidades desejadas pelos homens.
Isso se fosse uma mulher…
Dulce: faz alguma coisa, Mel! — rindo muito, sem conseguir parar
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Melanie: tá…
Mel se levantou e buscou Chris pra sua mesa. Ele deixou sem perceber
a rosa jogada na cadeira. Sentia seus olhos rentes ao chão de tanto embaraço
por tudo. Na cabeça delas, ele marcara um encontro com uma desconhecida
pensando estar em uma transação lucrativa, no entanto, o ouro era falso. Era
só pau pintado de dourado.
Dulce: não sabia que tinha mudado de lado, Chris… — ainda rindo
Melanie: não contou nem pra mim, maninho! — fingindo estar magoada —
Logo eu que podia te arrumar vários gatinhos…
Christopher: sem piadinhas, por favor… — querendo rir também, mas sem dar
o braço a torcer
Dulce: tá! Assunto encerrado… — séria — Mas posso te fazer uma última
pergunta?
Christopher: tá… — aceitou pelo tom sério com que ela falou
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e seguir numa direção definida. Uma rosa. Uma rosa vermelha caída sobre
uma cadeira. Pegou-a, cheirou-a dando uma circulada com o olhar pelo
ambiente ao redor e foi embora em seguida, levando-a.
Oscar: então vai abrir o jogo com ela hoje? — ao telefone com Poncho
Oscar: vai com calma na hora! Gostaria de tá aí contigo agora, mas o vôo foi
cancelado. Só vou chegar aí amanhã…
Oscar: num hotel em São Paulo. Consegui vaga só no vôo de quatro horas da
manhã. Vou descansar agora e depois volto pro aeroporto.
Alfonso: é, faz isso… É uma viagem cansativa dos Estados Unidos pra cá.
Bem… já vou indo… Combinei de ir lá depois das sete. Quando chegar
amanhã me liga que vou te pegar no aeroporto.
Marichelo: também tô… Aquela minha viagem rápida só serviu como aperitivo.
Vai tirar férias nesse final de ano?
Anahí: não vai dar, mãe… Ainda não… Mas em julho é certeza…
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Marichelo: ah, não, Anny! Já vai fazer dois anos que tu não tira férias! E tudo
por causa desse mistério todo que tu não me conta! — contrariada
Anahí: calma, mamita! Tudo vai acabar! Só falta bolar uma estratégia pra
chegar de surpresa… A minha parte mesmo já terminei só que não posso me
ausentar enquanto tudo não for resolvido!
Marichelo: tudo bem… Ah, nem te conto! Andei dando umas prensas por aí e
descobri o que tanto Cláudia fez quando veio aqui.
Anahí — rindo muito: então as plásticas não tão servindo não… Tá é mais
velha…
Marichelo: já conversei com Dr. Rey! Ele me garantiu que isso não deve ter
sido uma avaliação de quando o sujeito me viu…
Marichelo: alguém que quer que eu tenha um coma estético isso sim…
Quando eu soube disso, fiquei tão abismada! Sabe aquela cara de espanto?
Anahí: sei…
Marichelo: então, pensei até que fosse romper meu último preenchimento!
Imagina aí eu com a cara toda torta! Eu teria que fazer um transplante de face!
Marichelo: só porque tá longe acha que não pode receber umas belas
palmadas é, amorzinho?
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Anahí: era só o que faltava… — videofone começou a tocar — Ah, mãe, tenho
que ir… Poncho deve ter chegado!
Marichelo: ah tá… Fui trocada por uma máquina de sexo… Vai lá! Aproveita e
goza bastante!
Anny foi toda saltitante atender a porta, após verificar que era mesmo
Poncho à sua espera. Ao abri-la, pulou logo em seus braços lhe beijando de
surpresa. Quando se deram conta, já estavam deitados no sofá sob carícias
muito provocantes. Poncho então se lembrou do que tinha em mente para esta
noite e foi parando o beijo.
Alfonso: olha, primeiro quero deixar bem claro que te amo acima de tudo…
Alfonso: eu quero te ajudar, Anny! Te tirar disso tudo! Não me interessa o que
tu já fez de errado nem o que tá planejando e muito menos se deve pagar por
isso… Só quero te livrar desse mundo de crimes!
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Alfonso: tenho, Anny… Infelizmente tenho… Não sei como chegou até esse
Tony Monford e também não quero saber… Só sei que eu tô aqui e vou te
ajudar… — se ajoelhou na frente dela — Olha pra mim.
Anahí: como pôde, Poncho? Como pôde vasculhar por aí pra me incriminar?
— triste
Alfonso: confesso que errei quando fiz isso… Só que eu tinha que te proteger
do que quer que fosse! Tenta me entender!
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Anahí: sou mais esperta do que imagina… Eu sei de tudo, Poncho… pelo
menos tudo o que me envolve…
Anahí: eu te deixei livre pra pensar o que quisesse. Teve dois caminhos a
seguir… E escolheu ir contra mim… Mesmo me amando como diz que me
ama, veio aqui me acusar… — derramou algumas lágrimas
Alfonso: mas é o que tudo indica! Como quer que eu vá contra as evidências?
Anahí: não importa as evidências! Não importa o mundo! Que todos se lixem!
Mas tu tinha que tá do meu lado! — gritou esta última frase sentindo as
lágrimas na garganta
Alfonso: eu vim aqui pra gente pensar em algo juntos… Fugir… Sei lá!
Anahí: ah, agora quer fazer algo junto comigo? Mas na hora de vasculhar por
aí nem pensou em mim… nem pensou na gente…
Anahí: não, não iria mesmo… Eu tentei te poupar o máximo que pude! Acha
que eu me sentiria bem sabendo que tu corria perigo por aí?
Anahí: se sente mais protegido quem não sabe que corre perigo…
Alfonso: ah, não vem com essa, Anny! Olha só eu aqui! Sabia de muito e tô
tão vivo quanto tu!
Alfonso: como?
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Anahí: eu contratei pra te deixar fora… Tu não sabe com quem tá se
metendo… Tá alimentando cobra e matando coelho…
Alfonso: por isso que em tudo que era lugar tinha um… Então, estamos
quites…
Anahí: quites uma ova! Eu não fiz nada contra ti um só segundo! Até tirei todas
as informações desse caso lá da promotoria…
***
27/08/08
Anny: Dulce, temos outro problema. Eu tinha saído pra pegar água, que a minha
tinha acabado. Quando saí, deixei uns papéis do caso Monford na mesa…
Anny: acho não, tenho certeza. Principalmente depois que vi esse papelzinho aqui
— apanhou um pedaço de papel no chão — cair. Olha só. Não só viu, como leu e
anotou o nome do Tony pra investigar. Ele é obcecado por justiça. Conheço esse
perfil. É daqueles que se ver uma formiga atravessando a faixa no sinal verde dá
voz de prisão.
***
Alfonso: e acha que eu fui o pior dos homens em ir apurar as coisas pra te
ajudar?
Anahí: não preciso de ajuda, muito menos uma ajuda que quer me jogar na
guilhotina…
Anahí: me ajudaria mais não se metendo nas minhas coisas… Pensei que
tivesse me livrado daquele velho que ficava no teu cargo antes… Olha só! Pra
substituir vem o Zorro com a espada da justiça…
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
Alfonso: tá, então lá vai… Que tanto interesse é esse por Tony Monford?
Alfonso: isso mesmo! Eu devia ter desconfiado que tinha mais coisa por trás
disso… Adrenalina, né? Não é isso o que todos dizem? Só que pra ti tinha uma
emoção extra! Me diz aí… quantas vezes transou comigo pensando nele? —
ela não conseguiu se controlar e lhe deu um tapa na cara, com direito a estalo
e ardência instantânea
Alfonso: essa conversa não tá legal… Estamos com a cabeça muito quente…
Vamos parar um pouco aí, sim?
Ela só virou a cara e deitou num dos sofás. Imaginava que poderia
algum dia ter uma briga séria com Poncho, mas não daquela maneira, com
todas essas acusações. Lágrimas eram inevitáveis. Das duas partes. Ele não
sabia que iria doer tanto assim falar daquela maneira com sua amada. Pensara
em ter uma conversa civilizada, mas com Anny nada é previsível. Ela reagiu da
pior maneira possível. Fora que nem ousou se defender em nenhum momento.
Isso o angustiava ainda mais. Ou ela realmente era culpada da forma como ele
falara (tornando o silêncio um sinal de consentimento) ou a situação era mais
grave do que ele calculara, ao ponto de nem numa situação extremista como
Viianny 34
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
esta ela ousasse contar a verdade. Não sabia o que pensar. Foi sincero
durante a maior parte do tempo, e isso só o atrapalhara.
Alfonso: não sei… Juro que não queria que isso acontecesse…
Anahí: você que começou indo atrás de coisas sobre mim… Poderia ter
evitado tudo isso…
Alfonso: será que não entende que era uma obrigação minha ir atrás disso
tudo?
Alfonso: obrigação comigo mesmo! Obrigação pelo nosso amor! Nós somos
noivos, Anny!
Anahí — gritando: eu aceitei um noivo! Eu quis ter um noivo! Eu até pedi pra
ter um noivo! Não um detetive particular! — agitada
Anahí: eu jogaria na tua cara desde o primeiro instante em que tivesse algo
errado…
Anahí: tá! Tudo bem! Vamos fingir que eu acredite… Agora me diz… como?
Como ia me ajudar? Satisfazendo a tua curiosidade?
Viianny 35
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
Alfonso: isso eu não sei! Vim aqui hoje, agora exatamente pra isso! A única
solução que eu tinha em mente era fugir, ir embora, pra gente se mudar pra um
lugar bem longe… só nós dois…
Anahí: não sou nenhuma criminosa pra andar fugindo por aí… e nem tu, pelo
menos até onde sei… Também não sou mulher de correr do inimigo. Se ele
vier, eu dou um tiro no meio da fuça e outro entre as pernas. Quero ver se me
pega assim…
Alfonso: juro que antes quando eu te ouvia falando essas coisas até ria… Mas
porque pensava que era pura brincadeira…
Anahí: e agora não? Então por que não tem medo? Já que tem tanta
convicção de que eu saio por aí brincando de tiro ao alvo…
Anahí: não, não importa mais… Você acabou de me mostrar que de nada
adiantou tudo o que nós construímos juntos… Porque na verdade você nunca
esteve do meu lado…
Anahí: é o que tá dizendo, mas não é o que aconteceu de fato. O amor basta.
Basta sim… Mas isso se dele surgirem os sentimentos complementares. A
lealdade, por exemplo…
Anahí: não acho, tenho certeza… E digo mais, seria melhor que viesse aqui
me dizer que não me amava mais… Porque o que eu tô sentindo agora é bem
pior que isso…
Alfonso: só é pior se tu quiser que seja pior. A gente se ama? Sim, pois
pronto!
Anahí: acha que eu me sentiria bem ao teu lado a partir de agora? Tendo que
sempre ficar na dúvida se vou ser alvo de mais especulações? Não há mais
confiança entre a gente, Poncho!
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Anahí — irônica: ah é! Sem dúvida! Acha que sou uma assassina, que já
cometi vários crimes, que te traí… Com certeza confia em mim…
Anahí: ah! Pense o que quiser… Não quero mais saber de nada! Que se dane
também!
Anahí: acabou desde o dia que começou a desconfiar de mim… Isso se um dia
isso começou de verdade… Me responde só uma coisa. Essa história de
noivado foi só mesmo pra me vigiar?
Alfonso: claro que não! Eu te amo! Até isso não entende mais?
Anahí: de você não espero mais nada… Tanto que me custou aceitar que te
amava e agora me acerta dessa forma… Obrigada, Alfonso Herrera! —
derramou uma lágrima, que limpou logo em seguida
Alfonso: fala isso pela história da tua irmã? — se segurando pra não chorar
Anahí: falo isso por tudo! Sempre tive dúvida se realmente eu seria uma
mulher com um amor pra contar… Pois é… Eu tenho… Eu tinha, melhor
dizendo…
Alfonso: e ainda tem! Anny, nós nos amamos! Isso é uma besteira perto do
que sentimos…
Anahí: ah é? Até que pode ser sabe o porquê? Porque eu quero sentir pena de
você! — começou a chorar de novo — Não é isso o que todas as mocinhas
falam? Pena? E sabe por que eu quero sentir pena? Porque pena é um dos
piores sentimentos que existe… E eu queria me sentir pior do que já tô me
sentindo! Porque só assim vou me sentir justificada por ter escolhido tão mal
uma pessoa pra amar…
Alfonso: me perdoa, Anny! — só agora ele se tocou do que viria pela frente e
começou a se descontrolar e chorar abertamente
Viianny 37
♥ Sólo déjate
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Anahí: só Deus, Poncho… Desculpar eu até posso… Mas não me pede isso
hoje… Porque meras palavras agora não servem de nada. Só meu coração
pode te desculpar… Só que primeiro, eu tenho que juntar todos os pedaços
que você acabou de separar…
Anahí: não dá! Simplesmente não dá! O que você tá sentindo aí, eu tô sentindo
aqui dentro de mim! E pra eu ser feliz um dia, vou ter que me reerguer longe de
ti…
Alfonso: Anny, espera! — a agarrou pelo braço e trancou a porta — Você não
pode fazer isso comigo! — desesperado
♥ Sólo déjate
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Aos poucos ela foi se soltando e caminhando rumo à varanda, sem, no
entanto, adentrá-la. Respirou fundo, enxugou o rosto com as costas das mãos,
murmurou algumas palavras que se assemelhavam a pedidos de força
direcionados a si mesma, portanto não identificadas, e se virou para encará-lo.
Anahí: você precisa ir… — fez uma pequena pausa, voltando a falar logo em
seguida — Alfonso…
Alfonso: não consigo! Não posso! Não quero! Dói muito pensar que ao fechar
aquela porta provavelmente nunca mais volte a abri-la.
Anahí: pensasse nisso antes de bater hoje aqui… — tentando se manter firme
— Antes que vá acho que tenho que te agradecer… Vivi os momentos mais
felizes da minha vida ao teu lado… Apesar de agora todos eles fugirem da
minha memória, algum dia eu lembrarei todos os detalhes, todas as palavras…
Peço desculpas também, porque nesse dia, um dia que eu vou esperar
ansiosa, nesse dia vou ter muita raiva de ti… Porque não me mostrou como te
esquecer…
Dulce: eles não chegam nunca! E algo me diz que eu devo ir lá! Na verdade,
isso já faz um bom tempo, mas alguém tá me prendendo aqui… — irônica
♥ Sólo déjate
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invés disso, encontrou uma Anny chorosa deitada no sofá, com os olhos bem
vermelhos e inchados.
Dulce: loira, calma pelo amor de Deus! — angustiada — Respira fundo e tenta
se controlar!
Anahí: não dá, Dul! Ele veio aqui me acusar! Ele duvidava de mim!
Anahí: de assassina!
Dulce: canalha! — com muita raiva — Mas deixa, Anny! Quando ele descobrir
a verdade, vai se arrepender de tudo… Mas não chora mais, Barbie! Sabe que
odeio te ver assim! Cadê minha amiga valente e forte?
Dulce: não vou, pequena! Mas me diz uma coisa. E agora? Brigaram de vez?
— meio receosa em perguntar
Dulce: só que isso não é tão possível assim… O departamento em que ele
trabalha não é tão digamos que desligado de assuntos da promotoria…
Anahí: por isso é que vou viajar logo na próxima semana… — decidida
Anahí: não posso ficar na mesma cidade que ele, Dul… Não agora…
♥ Sólo déjate
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Anahí: consigo uma autorização especial e deixo tudo nas tuas mãos… Não
tem mais nada a ser feito mesmo…
Dulce: não mesmo… Se tu não vai pra lá, ela vem pra cá… E vou dispensar
minha mãe, ela vai ter encher de perguntas e não ia ajudar em nada…
Dulce: ela viu o cartãozinho da Dra. Lúcia em cima da minha cama e logo me
encheu de perguntas… Tive de dizer que era pra ti, senão ela me comia viva
na hora de preocupação…
Dulce: na mesma hora! Só não falou com a própria Dra. porque, pelo que
entendi, ela tava ocupada…
Anahí — andando de um lado pro outro: tu sabe muito bem que eu não
consigo me acalmar quando venho ver essa velha… — nervosa
Dulce: ah é… Até hoje não entendo essa implicância que tem com ela. E
também não entendo por que continua vindo aqui se não gosta dela.
Anahí: continuo vindo porque não conheço uma médica melhor que ela e
também não tô com tempo de caçar outra, já tava adiando essa consulta há
quase um mês. E não é implicância não…
Anahí: vai dizer que não se lembra que por culpa dela a tia Blanca soube que
eu não era mais virgem? E depois? Tá se lembrando do dia que ela me
mandou fazer uma mamografia? E que ela fez questão de ir lá pra ela mesma
fazer o exame em mim? Ela deformou todo o meu silicone! Tive que trocar as
Viianny 41
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próteses… Dul, ela quer destruir a minha vida! Se duvidar, foi ela que
envenenou a cabeça do Poncho…
Dulce: faz-me rir… Quanto drama! Ela só faz o trabalho dela, Anny… E faz
muito bem, por sinal. Ela cuida de ti e te trata tão bem…
Anahí: o trabalho dela é caçar doenças, não deixar doenças… E eu não gosto
do jeito que ela me trata…
Anahí: Dul! Ela fica falando, me chamando de princesa enquanto fica metendo
coisas você sabe onde! Pra mim isso é um estupro! — nessa hora, uma mulher
passou por perto, ouviu e se aproximou mais
Anahí: passou é?
Mulher: foi. Olha, não tenha medo. Ele não pode lhe fazer nada de mau. Só
porque é teu marido não quer dizer que seja teu dono. Vá na delegacia… Não
destrua mais tua vida…
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Anahí: eu estou bem… — forçando um sorriso
Anahí: (pensando) ainda bem que o preço da consulta não é dado pela hora
que a gente fica aqui… Pagar pelas besteiras que ela fala seria o fim…
Lúcia: mas vamos ao que nos interessa. A consulta é só sua né, Anny?
Lúcia: seu histórico data a última consulta há cinco meses. Não deve ser
rotina, certo?
Lúcia: e por que não veio aqui antes, minha querida? — preocupada
Anahí: eu viria algumas semanas atrás, só que o trabalho puxou muito e fui
adiando… Só agora pude vir…
Lúcia: não deixe o trabalho te dominar, princesa! Viva mais! Curta mais!
Anahí: engraçado, até onde sei você fica aqui até às oito da noite… —
sarcástica
Dulce: Anny! — deu um tapa escondido na amiga — Desculpa, Dra. É que ela
tá preocupada aí fica assim…
Lúcia: tudo bem. Eu entendo. Mas me fale o que há exatamente de errado com
seu ciclo?
Viianny 43
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Anahí: tá errado é que não há nada de ciclo. Em setembro não veio, em
outubro veio só que nada normal e em novembro também não veio.
Anahí: só foi um dia e ainda assim muito pouco. Pra ser mais clara, só foram
uns pingos e pronto.
Anahí: tô sim. Tia Blanca não me deixa esquecer. E não. Não veio no período
certo.
Lúcia: olha, alguma coisa em tudo isso, em toda essa história, está errada.
Lúcia: não, princesa. Não é nada disso. Mas é que não faz sentido.
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Dulce: e o que é? Um cisto? Mioma? Ectrópio? — falou rápido, curiosa,
espantando as outras duas — Qual é, gente?! Eu assisto a muitos filmes, tá?
— na defensiva
Anahí: acabe logo com essa dúvida… — angustiada, segurando firme a mão
de Dulce, como que pedindo forças
Lúcia: juro como isso eu não esperava, e acho que nem vocês, mas… — fez
suspense — Você vai ter um baby, Anny! — falou toda animada
Lúcia: não. Assim que o resultado do sangue tiver pronto, podemos confirmar
isso. Anny, vista-se que eu quero conversar contigo lá na minha sala. — Anny
se vestiu e foi com Dulce encontrar a médica
Lúcia: pelo que entendi essa gravidez não veio em boa hora. Só que esse feto
não tem nada a ver com todas as complicações desse mundo que ainda não é
dele. Quero que me prometa que a partir de agora em tudo o que fizer vai
pensar nesse filho. Peço isso não só como médica, mas também como mãe.
Esse sangramento que teve é normal pra situação, só que exigiria repouso
imediato na época e cuidados redobrados a partir daquele dia. Teve sorte de
não ter abortado. Por isso é que a sua gestação é considerada de médio a alto
risco. Não por motivo patológico e sim por precaução. Temos que primar pela
vida desse novo ser e uma das primeiras medidas é nada de fortes emoções
ou preocupações. — começou a mexer no computador — Seus exames já
estão aqui no sistema.
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Lúcia: pelo resultado do sangue, que confirma a gestação, são doze semanas
e três dias.
Lúcia: algumas mulheres não sentem nada. Também varia de uma gravidez
pra outra. Pelo que vejo aqui nesse resultado, Anny está com uma taxa alta de
hemoglobina e anticorpos… Só que não foi detectada nenhuma infecção… —
pensativa — Tem tido insônia, Anny?
Lúcia: boas opções… Então, essas taxas altas devem ter resultado do excesso
de uma vitamina do complexo B, a B6. É o único motivo que vejo em comum
aqui… Ah, e voltando ao questionamento de Dulce, por coincidência essa
vitamina alivia ou até evita todos esses sintomas.
#Instantes depois…
Anny entrou rápido em seu apartamento, correndo direto pra sua cama.
Agarrou-se a um dos travesseiros enquanto olhava fixamente para um ponto
vago e longínquo. Dulce, que a acompanhara incessantemente, a seguiu com
calma. Limitou-se ao espaço da porta do quarto, analisando a situação e
tentando descobrir quais as melhores palavras a serem ditas nesse momento.
Deitou ao lado da amiga, tocando de leve seus cabelos desajeitados. Via
algumas lágrimas indo contra a sua vontade, rolando por seu rosto.
Dulce: eu estive do teu lado quando foi suspensa pela primeira vez. Lembra?
Acho que até hoje aquele alpinista de rodapé deve tá com a cara torta. E
quando a gente fez aqueles dois tarados da 4ª série beijar o poodle da tia Mari
pensando que era a gente? A tia quase morreu porque disse que o Sansão
tava sendo influenciado a tendências homossexuais… A gente quase fez xixi
na roupa com o piti da tua mãe. — Anny esboçou um sorriso — Lembra o dia
Viianny 46
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que a gente ficou com aqueles irmãos gêmeos? Era o nosso primeiro beijo. Ah,
mas não pense que me esqueci da safadeza que eles fizeram com a gente.
Eles trocaram de lugar pra ficar com as duas ao mesmo tempo. Mas se
arrependeram sem dúvida! Não lembro exatamente como foi tudo, só sei que
colocamos cocô de cachorro na mochila deles. Por um mês ninguém queria
chegar perto deles… — disse segurando o riso — O fogo na escola não vou
nem comentar… Mas os motivos foram bem válidos. Já pensou se nossos pais
descobrissem aquela nota baixa em matemática? A gente pescou a prova toda
uma da outra e mesmo assim só tiramos quatro. E quando a gente chegou em
Teresina? Tu não sabia falar nada de português! Lembra aquele dia em que a
gente torrou vinte mil reais em menos de uma hora só com roupas? — rindo —
Não sei se percebeu, mas o que mais disse até agora foi o termo “a gente”. E é
isso que você tem que ter em mente a partir de agora… Você não está
sozinha! Tá me ouvindo, Anny?
Dulce: Anny, eu sei que isso pode parecer difícil, mas temos que ser racionais
nem que seja por um instante pra entender tudo o que tá acontecendo.
Dulce: primeiro, uma pergunta que não sai da minha cabeça. Como ficou
grávida?
Anahí: também não sei. Pelo que entendi, foi numa das nossas primeiras
relações que tudo aconteceu. Quem sabe até a primeira…
Viianny 47
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Dulce: ah, já sei! Tu tinha parado de tomar a pílula! Pra funcionar tem que
seguir à risca!
Dulce: safada! — rindo da cara de Anny sem graça — Fazendo jogo duro e já
planejando as noites com ele!
Dulce: então se tu tomou tudo direitinho… — parou pra pensar — Cadê eles?
Ainda têm?
Anahí: sabe que sempre compro várias caixas… Ainda têm, estão no
banheiro…
Dulce: vou pegar… — ela foi, pegou uma caixinha própria pra guardar
comprimidos e voltou
Anahí: ainda têm muitos. Devo ter comprado umas dez caixas… Faz tanto
tempo que nem me lembro.
Dulce: mas tem algo errado aqui… — olhando com cuidado pros remédios
Anahí: o que?
Dulce: a gente fez uma piadinha quando ela te deu uma amostra grátis…
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Dulce: exato!
Dulce: miga, a Dra. ainda não sabia que vocês tinham terminado…
Dulce: sei lá! Eu não vejo esses programas de fofocas, mas acredito que
devem ter mencionado alguma coisa… sei lá…
Dulce: tá de plantão na TV é?
Anahí: devo ter esquecido. Eu tenho uns amigos que são repórteres…
Anahí: Cindy.
Dulce: o que?
Viianny 49
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Anahí: não merece, mas tem… Não posso mudar o DNA do meu filho,
docinho. — calma, acariciando a barriga sem nem perceber
Dulce: já parou pra pensar que pode se ferir mais ainda ao rever aquele traíra?
Dulce: Dra. Lúcia falou bem claro que tu não pode sofrer nenhuma emoção
forte pra não prejudicar o meu sobrinho fofo…
Dulce: e quem aqui faz só o que é certo? Pensa nesse filho, Anny! Não pode
arriscar a vida dele assim! Tá certo que tu sabe ser a pessoa mais fria da face
da Terra, só que querendo ou não tu ainda ama ele! Vai mesmo conseguir
olhar bem naqueles olhos brilhantes e naquele sorriso lindo sem derramar uma
lágrima e sem se sentir abalada?
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porque não quero que quando for dormir à noite chore por alguma burrada
irreversível que tenha feito… Dói muito aqui… — apontou pro coração — E não
sara nunca… Tá certo que eu só tenho 27 anos, não sei quase nada da vida,
mas de algo eu tenho certeza… Não há dor que supere a perda de um filho,
principalmente quando você mesma é a culpada por isso… E mais uma
coisa…
Anahí: o que?
Teresina, 13/12/08
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estava no ápice da pirâmide. Algo que ele entendia bem. Porque ali era apenas
e tão só um laço de irmandade, assim como ele e suas irmãs, talvez até mais
fortes, já que elas se escolheram.
Poncho. Não queria perder o grande amor de sua vida. Nem sabia o que
fazer pra falar a verdade. Estava perdido e sem noção de rumo a seguir. A
única certeza que tinha era que queria voltar pra Anny. Estava dando um
tempo pra que ela refletisse melhor sobre a situação. O amor que ela sentia por
ele daria um jeito de enterrar mágoas desnecessárias. Tinha que fazê-lo.
Enquanto isso vegetava. Do trabalho pra casa. Às vezes passava de propósito
em frente ao prédio da promotoria. Queria se sentir mais perto dela, apesar de
que assim sempre vai estar. Não de corpo, mas de alma. A presença do irmão
o ajudou bastante. Serviu como apoio, como proteção… Assim conseguiu
seguir em frente…
Anny. Era fantástico o carinho que já tinha pelo filho. Na verdade, filha.
Ela tinha certeza que era uma menina. Como? Só o milagre da vida podia
responder… O nome já estava escolhido. Seria Sophie, como sua irmã. Com
essa linda homenagem, pretende construir uma relação forte que não tinha
com sua irmã falecida. Talvez tenha encontrado nisso um refúgio. Pensar em
sua princesinha como o conserto de um erro anterior, pra não ter que se
lembrar como o fruto de um erro bem mais recente e doloroso…
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
Oscar: então é você que tá por trás disso? — quase chocado — Tenho que
falar com Anny agora! — pegou a chave do apartamento e saiu depressa
***
Dulce: não vai levar tudo não? — ajudando a amiga a arrumar sua bagagem
Anahí: não precisa. Mammy com certeza já comprou um closet inteiro depois
que liguei avisando que tava indo pra lá…
Anahí: quero só ver… aposto que já contratou até arquiteto pro quarto da
minha bonequinha… — rindo
Anahí: o que?
Dulce: tu encarou tão bem essa gravidez! Pensei que fosse rodar a baiana,
fazer um escândalo… essas coisas…
Anahí: acho que tá muito saidinha pro meu gosto… Mas falando sério, não me
adiantaria em nada quebrar o pau agora, já tô grávida mesmo… E também o
que mais importa é minha lindinha… Nada mais…
Dulce: mas eu acho que vai ser um menino… — mentindo, só pra provocar
Dulce: pronto?
Anahí: sim… Vamos logo, não quero me despedir daqui… Chega de choro!
Anahí: no meu… Ah, Dul, quero que fique andando no meu carro também, pra
ele não ficar parado…
Anahí: e Chris?
Dulce: vai nos encontrar com Lala e Mel lá no aeroporto. Eita, lembrei agora!
Viianny 53
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Anahí: que foi?
Dulce: uma coisa que me esqueci de trazer da promotoria… Vou ligar pro Chris
e pedir pra ele ir lá e depois seguir pro aeroporto… — discou o número —
Chris?
Dulce: então diz pra ele ir lá na promotoria e pegar pra mim uns papéis com a
Adinha…
Melanie: ah, essa tem troco depois! Chris, Dul mandou tu pegar um papel com
a Ada lá naquilo que chamam de promotoria…
Christopher: não, o vôo só é às 19h30. Tem muito tempo pra chorar ainda…
***
Oscar: vem agora na promotoria! Eu descobri umas coisas e acho que isso
pode aliviar teu problema com Anny…
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Oscar: como?
Oscar: irmão.
***
Tudo parecia normal e calmo como todo final de tarde. Pombos voando
até o horizonte depois de pousos extravagantes na praça em frente ao velho,
mas reformado, prédio da promotoria. O sistema hierárquico adotado por Anny
desde o início de seu comando estava dando maravilhosos resultados. E
realmente é uma forma de direção que quase sempre resulta em organização e
bons frutos, mas desde que sob uma liderança justa, interessada e
responsável.
Viianny 55
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Chefe: todos caladinhos, que a gente só veio aqui pegar uma vadia loira que
anda atrapalhando o serviço… — gritando
Nos andares últimos ainda não tinha confusão. Lala tentava encontrar
juntamente com Ada os documentos que Dulce pediu, só que aparentemente
eles haviam sumido. Enquanto isso, Oscar estava como um louco tentando
Viianny 56
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convencer Jay a dizer onde Anny estava. Todos estavam na recepção do
andar. Houve até certa troca de olhares entre a irmã de Chris e o irmão de
Poncho, isso sem se conhecerem. Situação inconveniente essa. Os dois
estavam mais que apressados. Lala pra seguir logo pro aeroporto e Oscar pra
não ter que cruzar com pessoas erradas por ali e resolver logo essa situação.
Quando os elevadores se abriram, saíram vários homens encapuzados e com
roupas numeradas visivelmente, apontando armas de grosso calibre em
direção a todos.
537: cala a boca! — gritando, só que nenhuma delas obedecia, tamanho era o
pânico — Depois não diga que não avisei…
Num golpe certeiro, o capanga atirou em Hilda, que caiu sobre o balcão
já formando uma poça enorme de sangue.
537: alguém mais quer chumbo aí? — gritando, fazendo todas se calarem
forçadamente — Assim tá melhor!
Christopher: calma… Temos que ter muita calma agora… A polícia já deve tá
vindo…
Viianny 57
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Carlos: isso. Agora temos que nos esconder… A gente já foi visto, pode ser
que eles resolvam atirar pelas janelas…
Christopher: isso… Vamos ficar atrás dos carros! — correram pra se esconder
***
Anahí: Dul, tira esse CD e deixa no rádio mesmo… — pediu enquanto dirigia
Dulce: tá legal…
Anahí: vamos já checar isso… — pegou outra via e foi dirigindo rumo á
promotoria
***
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Alfonso: pois é… — apreensivo — Ele que me chamou urgente… E Dulce?
Alfonso: eu vou ficar por ali pra saber de mais informações e tentar ajudar…
— saiu
***
Anahí: liga pra ele, Dul! — estacionou o carro longe, já que grande parte do
local foi cercado e protegido
Anahí: vamos ver mais perto… Ah, espera… — voltou no carro e pegou uma
arma escondida embaixo do banco — É melhor ficar prevenida…
***
734: oh, 537! Já varri o andar todo e nada da piranha por aí…
537: mas e se for? Sabe que esse povo faz maior esculhambação hoje em dias
com as fotos… Tem um tal de foto short que arruma tudo…
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537: na dúvida… — apontou a arma pra Julieta, que logo começou a implorar
pra não morrer — É tu, dona, a que manda aqui nesse barraco?
Julieta: sou eu não, moço… — muito nervosa — Quem manda aqui é a Anahí!
537: acho que é esse nome aí mesmo… Mas bem que podia ser tu essa tal de
Anahí, branquela!
537: vamos ver se é ela… — atirou em Raquel, bem do lado de Julieta, que
logo gritou de medo — É ela ou não?
Julieta: não…
537: tá certo… Se depois a gente descobrir que é tu, vai virar peneira,
madame… — ela só fez que sim com a cabeça — Agora vai lá pra parede!
Quero mais ver tua cara de fuinha não! — ela correu pra perto de Ada
329: ei, 537! Vem aqui na janela! — ele foi — Aquela ali perto do carro não é a
que a gente veio atrás?
537: qual?
537: é! Ouvi falarem de algo sobre ela ter uma amiga assim… Deve ser ela
mesmo! Já pensou numa promoção por matar essa loira? — rindo — Vão tratar
a gente como rei! Deixa que eu cuido disso… Minha pontaria é melhor… —
posicionou a arma em direção a Anny
Lala saiu correndo em disparada rumo ao 537. Jogou o corpo contra ele,
fazendo o disparo se desviar e atingir uma árvore. Eles então começaram uma
luta desigual sobre o controle da arma. Os outros nem se atreviam a interferir,
até porque com certeza seriam alvo de críticas mortais por insinuar que contra
uma mulher o superior poderia ganhar. A irmã de Chris tentava impedir que o
capanga mirasse de novo pra sua amiga. Em sua cabeça, conseguiria fazê-lo
soltar a pistola no chão e chutá-la pra Oscar, que com certeza saberia bem
melhor como agir. Só que o cara era bem mais forte que ela, só conseguia era
ficar cansada por investir pesado nas suas tentativas de golpes, enquanto
segurava as mãos dele. Estava tão centrada no plano de tirar a arma das mãos
dele que nem se tocou da direção pra qual ela apontava. Foi aí que 537 usou
sua experiência e apertou o gatilho. Lala caiu no chão aos poucos, enquanto
Viianny 60
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
mãos e pernas se desenganchavam do bandido. Oscar ficou desesperado.
Criara ali entre o terror uma ligação com ela. Não podia nem tentar ajudá-la ou
simplesmente chorar junto a seu corpo.
537: idiota! Me fez perder um tiro! Mas agora vai amargar no hospital!
537: morreu não… Conheço a morte… Essa aí ainda não deu passagem… A
gente tem é que dar um jeito nisso… A gente perdeu a loirinha… E agora? —
pensando
329: e se a gente apagar outro no lugar dela? — olhando rápido entre os que
tavam lá na recepção daquele andar
537: é… — olhou pro lado de fora — Que tal aquele engomadinho ali? —
apontando pra Poncho
537: esse mesmo… Tem jeito de ser importante… Parece que tá é mandando
nos tiras!
329: já era então! Manda brasa… Ainda bem que a chuva já passou…
357 novamente mirou com sua arma. Dessa vez, na direção de Poncho.
Só não esperava que Anny estivesse já na cola dele também. Com extrema
habilidade e analisando os passos do bandido, já estava preparada pra agir,
mesmo talvez contrariando as ordens da polícia. Na verdade, depois que vira
Poncho se aproximando, se escondeu ainda mais atrás do carro, até porque
coincidia com o momento em que quase levou um tiro. Ao ver a intenção do
capanga na janela de seu andar, nem pensou duas vezes e disparou com sua
arma. Acertou em cheio o alvo. 357 caiu na mesma hora sobre os pés de seu
comparsa. A bala pegou bem na cabeça. Formando mais uma poça de plasma
pelo carpete luxuoso.
329: gente, vamos vazar! Chefe deve tá só esperando a gente pra bolar um
plano…
Viianny 61
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déjate amar ♥
Oscar: você! — olhou pra Ada — Tem outra saída por aqui?
Oscar: então vamos! — saíram junto com Julieta, que ainda estava apavorada
***
Christopher: calma, Dul… Eu deixei meu celular no carro. Onde é que tu tá?
Dulce: claro que sim! Acha que um vôo é mais importante que a vida do meu
amor?
Christopher: pois então lavo minhas mãos sobre minha sobrinha e essa
viagem… Ajudei em tudo o que pude, mas não posso mais enganar meu
Viianny 62
♥ Sólo déjate
déjate amar ♥
amigo! Ele também é meu amigo, Dul! Sei o quanto tá sofrendo… Se vocês
não saírem, ele desconfiar e vier me perguntar, eu abro o jogo…
Dulce: tá, Chris… — desligou — Anny, está tudo bem… Vamos pro
aeroporto… Tem um vôo te aguardando.
Dulce: ah, pode sim… Vamos… Ou quer que eu chame o pai da minha
sobrinha?
Anahí: ainda diz que eu que sou a mandona… — irônica, enquanto caminhava
rumo ao carro
***
X: é mesmo? Ah, então vou ter que te matar, meu caro… Mas primeiro ela! —
atirou em Ada, que caiu jorrando sangue sobre caixas com jornais e revistas —
E você também, Julieta… Tem balinha pra você também!
Nem deu tempo Julieta esboçar alguma reação e logo foi atirando nela,
que caiu perto de Ada, só que no chão.
Oscar: pensa que vai ficar impune é? Assim como eu descobri, outros também
vão vir!
Viianny 63
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déjate amar ♥
X: sabia que calado você é mais bonito? E sem roupa deve ser mais ainda…
Olha, confesso que só não transo contigo depois que te matar porque não
posso sujar minha roupa… Que pena, né?
Ela mirou bem na cabeça e atirou. Orçar foi mais rápido e desviou do
tiro. Só que não calculou a trajetória do desvio e acabou batendo forte com a
cabeça em um armário de ferro, caindo de lado no chão sob Lala. X só se
aproximou o bastante pra ver a poça de sangue junto à cabeça dele e sorriu
vitoriosa, pensando ter acertado o tiro. Sentou-se novamente na mesa a serrar
as unhas, enquanto esperava seus comparsas se acertarem com a polícia…