Sunteți pe pagina 1din 40

A empregada doméstica e a diarista:

Distinção jurídica e fatos atuais sobre domésticos


Elaborado em 12.2003. Atualizado em 10.2007.

Fernando Paulo da Silva Filho

advogado em São Paulo (SP), negociador sindical, especializado em Direito do


Trabalho e Sindical, sócio-diretor da Solução & Legis-Assessoria e Consultoria
S/C Ltda., diretor do Instituto Brasileiro de Educação, Cultura, Pesquisa,
Cidadania, Mediação e Arbitragem
1. A lei nova sobre os domésticos de 2006:
Passados quatro anos desde que publicamos artigo sobre este tema e uma vez
que foi objeto de intensa leitura nos veículos em que foi publicado, achamos
por bem revisa-lo, atualizá-lo e ampliá-lo, diante das novidades que se
seguiram sobre a questão.
Para que esse trabalho tenha desde logo caráter de observar a atualidade,
transcrevemos a seguir a mais recente legislação sobre o empregado
doméstico que gerou muita polêmica entre patrões e empregados. Nosso
trabalho sobre o tema não fará uma análise específica sobre a referida lei, mas
trará os entendimentos judiciais sobre a matéria envolvendo domésticos e
diaristas.
Assim, veja-se abaixo a íntegra da Lei nº 11.324, de 19 de julho de 2006, que
Altera dispositivos das Leis nos 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de
24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de 11 de
dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei no 605, de 5 de janeiro de 1949:
"LEI Nº 11.324, DE 19 DE JULHO DE 2006.
Mensagem de veto
Altera dispositivos das Leis nos 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de
24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de 11 de
dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei no 605, de 5 de janeiro de 1949.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar
com a seguinte redação:
"Art. 12... ........................................................
... ..............................................................
VII - até o exercício de 2012, ano-calendário de 2011, a contribuição patronal
paga à Previdência Social pelo empregador doméstico incidente sobre o valor
da remuneração do empregado.
.. .................................................
§ 3o A dedução de que trata o inciso VII do caput deste artigo:
I - está limitada:
a) a 1 (um) empregado doméstico por declaração, inclusive no caso da
declaração em conjunto;
b) ao valor recolhido no ano-calendário a que se referir a declaração;
II - aplica-se somente ao modelo completo de Declaração de Ajuste Anual;
III - não poderá exceder:
a) ao valor da contribuição patronal calculada sobre 1 (um) salário mínimo
mensal, sobre o 13o (décimo terceiro) salário e sobre a remuneração adicional
de férias, referidos também a 1 (um) salário mínimo;
b) ao valor do imposto apurado na forma do art. 11 desta Lei, deduzidos os
valores de que tratam os incisos I a III do caput deste artigo;
IV - fica condicionada à comprovação da regularidade do empregador
doméstico perante o regime geral de previdência social quando se tratar de
contribuinte individual." (NR)
Art. 2o O art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar
acrescido do seguinte § 6o:
"Art. 30... .....................................................
......................................................
§ 6o O empregador doméstico poderá recolher a contribuição do segurado
empregado a seu serviço e a parcela a seu cargo relativas à competência
novembro até o dia 20 de dezembro, juntamente com a contribuição referente
ao 13o (décimo terceiro) salário, utilizando-se de um único documento de
arrecadação." (NR)
Art. 3o (VETADO)
Art. 4o A Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a
profissão de empregado doméstico, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 2o-A. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do
empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia.
§ 1o Poderão ser descontadas as despesas com moradia de que trata o caput
deste artigo quando essa se referir a local diverso da residência em que ocorrer
a prestação de serviço, e desde que essa possibilidade tenha sido
expressamente acordada entre as partes.
§ 2o As despesas referidas no caput deste artigo não têm natureza salarial nem
se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos."
"Art. 3o O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30
(trinta) dias com, pelo menos, 1/3 (um terço) a mais que o salário normal, após
cada período de 12 (doze) meses de trabalho, prestado à mesma pessoa ou
família." (NR)
"Art. 3o-A. (VETADO)"
"Art. 4o-A. É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada
doméstica gestante desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após
o parto."
"Art. 6o-A. (VETADO)"
"Art. 6o-B. (VETADO)"
Art. 5o O disposto no art. 3º da Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, com
a redação dada por esta Lei, aplica-se aos períodos aquisitivos iniciados após
a data de publicação desta Lei.
Art. 6o (VETADO)
Art. 7o (VETADO)
Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos
em relação às contribuições patronais pagas a partir do mês de janeiro de
2006.
Art. 9o Fica revogada a alínea a do art. 5o da Lei no 605, de 5 de janeiro de
1949.
Brasília, 19 de julho de 2006; 185o da Independência e 118o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA-Guido Mantega-Luiz Marinho-Nelson Machado"
Aprovada a lei acima mas vetada a obrigatoriedade do FGTS, o Ministério do
Trabalho, apresentou Projeto de Lei onde o FGTS de empregado doméstico
pode se tornar obrigatório. Assim, Tramita na Câmara o PL 7363/06, do Poder
Executivo, que torna obrigatório o depósito do FGTS do empregado doméstico.
A proposta determina que o prazo para o depósito do FGTS será até o dia 15
de cada mês.
O projeto define ainda que, até a entrada em vigor desta alteração na lei, os
empregados domésticos já trabalhando serão regidos pelas regras anteriores.
Hoje a lei determina que é facultativo ao empregador a inclusão do empregado
no regime do FGTS.
A proposta pretende alterar a Lei 5.859/72, que regulamenta a profissão de
empregado doméstico. Na exposição de motivos do projeto, o Ministério do
Trabalho lembra que, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), realizada em 2002 pelo IBGE, existem no País cerca de 6
milhões de empregados domésticos, segmento que representa a terceira
ocupação dos trabalhadores brasileiros.
No entanto, apesar de sua relevante participação no mercado de trabalho
brasileiro, esses trabalhadores não têm assegurados os mesmos direitos
deferidos aos empregados cujos contratos de trabalho são regidos pela CLT.
A Lei 5.859/72 apenas prevê a inclusão facultativa dos empregados domésticos
no regime do FGTS e a inclusão obrigatória do empregado doméstico neste
regime determina ao empregador doméstico o pagamento mensal, em conta
vinculada ao empregado doméstico, o depósito da importância de 8% da
remuneração paga ou devida.
Na avaliação do Ministério, essa inovação legislativa não trará ônus excessivo
ao empregador doméstico, haja vista prever a inaplicabilidade ao empregado
doméstico do depósito de 40% do montante de todos os depósitos efetuados
na conta vinculada em caso de despedida sem justa causa.
A não-aplicação da multa rescisória de 40% sobre os depósitos do FGTS
mostra-se necessária, haja vista que eventual aplicação desta importância
acabaria por onerar de forma demasiada o vínculo de trabalho do doméstico,
contribuindo para o aumento da informalidade e o crescimento do desemprego.
O projeto tramita em regime de urgência nas comissões de Trabalho, de
Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania da
Câmara e no Plenário.

2. Domésticas e diaristas-Vínculo de emprego:


Os laços que unem o patrão residencial e seus auxiliares sempre geram uma
afeição que, de regra, aproximam as partes e leva o empregador a abrir sua
caixa de bondades, providenciando os mais diversos favores, seja à doméstica,
seja à diarista, notadamente quando os trabalhos são desenvolvidos a
contento.
O caldo entorna quando se faz necessário o desligamento quando então, uma
das partes decide que inadvertidamente esteve cega, surda e muda para seus
"direitos". Aqui a afeição e todos os préstimos desaparecem como se num
passe de mágica. É hora da Justiça do Trabalho dizer que relação jurídica
vigeu entre as partes e se prejuízo de fato houve para "a" ou "b".
A discussão que se traz à análise é justamente o confronto das teses de que
tenha ocorrido no lar do demandado o trabalho como DIARISTA(EVENTUAL)
ou DOMÉSTICA(CONTÍNUO). E é justamente aí que se instaura a celeuma,
porquanto a análise dos vocábulos passa a ser subjetiva na Justiça Obreira
com entendimentos absolutamente diversos. Trabalho em três dias por semana
é igualmente tratado como trabalho doméstico e como trabalho de diarista.
Assim, muitas diaristas acabam sendo enquadradas como domésticas quando
não era esse o espírito do contratante que se vê surpreendido com processos
tratando da matéria.
E não é só. Muitos desses processos possuem valor de alçada inferior a 40
salários mínimos o que lhes confere rito sumaríssimo dificultando a subida de
Recurso de Revista já que a caracterização de ofensa à Carta Magna é
difícil(Lei nº 9957/2000).
A questão seria simples se não se houvesse dado margem às mais variadas
interpretações sobre quem se enquadra no campo de profissional Diarista e
quando esse(a) profissional deixaria essa condição para caracterizar-se como
Doméstica. É que a legislação trata do empregado doméstico mas nada
aludem à diarista que se ativa em apenas alguns dias por semana, o que
caracterizaria trabalhador eventual.
Em poucas pinceladas se pode definir alguns pontos e direitos claros na lei que
se destinam ao doméstico mas certamente não se aplicam à diarista, senão
vejamos:
O empregado doméstico é regido pela Lei nº 5.859/72, regulamentada pelo
Decreto nº 71.885/73, e pela Lei 11324/2006, tendo seus direitos elencados na
Constituição Federal/1988 no parágrafo único do artigo 7º, bem como sua
integração à Previdência Social. Entende-se por empregado doméstico aquele
que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa
ou à família no âmbito residencial destas. Assim, considera-se empregador
doméstico a pessoa ou família que admita a seu serviço empregado doméstico.
Tem direito o empregado doméstico ao salário-mínimo, fixado em lei; à
irredutibilidade do salário; ao décimo terceiro salário; ao repouso semanal
remunerado, preferencialmente aos domingos; às férias anuais(eram20 dias
úteis mas foi alterado para 30 dias pela Lei 11.324/2006)), acrescidas de 1/3
constitucional; a ser preavisado quando sair de férias, assim como ter anotado
na CTPS o período referente ao gozo das férias; ao vale transporte, nos termos
da lei; ao FGTS, se o empregador fizer a opção; ao seguro-desemprego, se o
empregador fizer opção pelo FGTS; ao aviso prévio; à licença-maternidade de
120 dias sem estabilidade contada da confirmação da gravidez até 5 meses
após o parto(o empregador doméstico durante a licença-maternidade da
empregada doméstica deverá recolher apenas a contribuição a seu cargo, ou
seja, apenas 12% sobre o salário-de-contribuição); à licença-paternidade; ao
salário-maternidade, pago diretamente pela Previdência Social; à
aposentadoria; ao auxílio-doença; à pensão por morte; ao auxílio-reclusão e à
reabilitação profissional.
Analogicamente aplica-se a jornada de 8 horas diárias e 44 semanais,
previstas na Constituição Federal/88, por inexistência de disposição legal sobre
o assunto. Com o advento da Constituição Federal/88, os empregados
domésticos fazem jus ao repouso semanal remunerado; para isto, o
empregado deverá cumprir a jornada semanal integral.

3. A legislação sobre o tema:


A Constituição Federal estendeu o direito ao aviso prévio ao doméstico, sendo
no mínimo de 30 dias, Há a obrigação de concedê-lo ao empregador no caso
de um pedido de demissão. Prevalece o entendimento de que ao empregado
doméstico não se aplica no caso de rescisão sem justa causa a faculdade do
empregado escolher sobre a redução de 2 horas diárias ou de faltar 7 dias
corridos.
É preciso que se diga que, até a publicação da Lei 11324/2006, no que tange
às férias aos domésticos elas não eram de 30 dias, mas sim de 20 dias. Com
efeito a Lei nº 5859/72 e o Decreto nº 71885/73 estabeleciam, para o
doméstico e não para o diarista, o seguinte em relação às férias:
"Lei número 5.859, de 11 de dezembro de 1972
Art 3 º - O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 20
(vinte) dias úteis, após cada período de 12 (doze) meses de trabalho, prestado
à pessoa ou família."
"Decreto nº 71.885, de 9 de março de 1973 (D.O.U. de 9/3/73)
Art 6o - Após cada período contínuo de 12 (doze) meses de trabalho prestado à
mesma pessoa ou família, a partir da vigência deste regulamento, o empregado
doméstico fará jus a férias remuneradas, nos termos da Consolidação das Leis
do Trabalho, de 20 (vinte) dias"
Por outro lado, a legislação veda aos domésticos, o PIS; o FGTS, se o
empregador não fizer a opção; o seguro-desemprego, se o empregador não
fizer opção pelos depósitos do FGTS; o adicional de hora extra; o adicional
noturno; o adicional de insalubridade; o adicional de periculosidade; o salário-
família; os benefícios referentes a acidente do trabalho; ao Contrato de
Experiência, pois a ele não se aplicam as disposições contidas na CLT,
conforme determina o Decreto nº 71.885/73 em seu artigo 2º e na CLT, artigo
7º, alínea "a".
O Decreto nº 3.361/2000 regulamentou o direito do empregado doméstico ao
FGTS e a Caixa Econômica Federal, através da Circular nº 187/2000,
normatizou a forma do recolhimento.
O referido direito aos depósitos do FGTS é uma opção do empregador
doméstico, conferido a partir da competência março/2000. Após o primeiro
depósito na conta vinculada, o empregado doméstico será automaticamente
incluído no FGTS.
Para a realização dos recolhimentos o empregador doméstico deverá estar
inscrito no CEI e o empregado possuir o cadastro de identificação de
contribuinte individual (inscrição na Previdência Social).
A inclusão do empregado doméstico no FGTS é irretratável com relação ao
respectivo vínculo contratual, ou seja, uma vez que o empregador tenha optado
em realizar o referido recolhimento a um determinado empregado, não poderá
deixar de efetuá-los referente a este empregado.
Veja-se que para a diarista que não se ativa como doméstica, indevido ainda é
o FGTS ou sua multa de 40%, conforme determina o parágrafo único do inciso
XXXIV da Constituição Federal de 1988 e a Lei nº. 10208/2001, que tornou o
FGTS OPTATIVO para o EMPREGADOR doméstico. Vejamos:
"Lei nº 10.208, de 23 de Março de 2001-Acresce dispositivos à Lei nº 5.859, de
11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado
doméstico, para facultar o acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
- FGTS e ao seguro-desemprego.
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória nº
2.104-16, de 2001, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Jader Barbalho,
Presidente, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da
Constituição Federal, promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, fica acrescida dos seguintes
artigos:
"Art. 3º -A. É facultada a inclusão do empregado doméstico no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, de que trata a Lei nº 8.036, de 11 de
maio de 1990, mediante requerimento do empregador, na forma do
regulamento." (NR)
"Art. 6º -A. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará
jus ao benefício do seguro-desemprego, de que trata a Lei nº 7.998, de 11 de
janeiro de 1990, no valor de um salário mínimo, por um período máximo de três
meses, de forma contínua ou alternada.
§ 1º O benefício será concedido ao empregado inscrito no FGTS que tiver
trabalhado como doméstico por um período mínimo de quinze meses nos
últimos vinte e quatro meses contados da dispensa sem justa causa.
§ 2º Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei as hipóteses previstas
no art. 482, com exceção das alíneas "c" e "g" e do seu parágrafo único, da
Consolidação das Leis do Trabalho." (NR)"
O empregado doméstico ao fazer jus aos depósitos do FGTS, passa-lhe a ser
estendido o direito ao seguro-desemprego em caso de dispensa sem justa
causa.
Para que o empregado doméstico faça jus ao benefício do seguro-desemprego
é imprescindível que ele esteja inscrito no FGTS, seja dispensado sem justa
causa e tenha vínculo empregatício por um período de pelo menos 15 (quinze)
meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses.
O valor do benefício do seguro-desemprego do empregado doméstico
corresponderá a um salário mínimo e será concedido por um período máximo
de três meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de
dezesseis meses.
O benefício do seguro-desemprego só poderá ser requerido novamente a cada
período de dezesseis meses decorridos da dispensa que originou o benefício
anterior, desde que satisfeitas as condições estabelecidas na lei.
Novamente há que se ressalvar que, tratando-se de diarista ou mesmo de
doméstico, indevido o Seguro-Desemprego, conforme determina o parágrafo
único do inciso XXXIV da Constituição Federal de 1988 e a Lei nº. 10208/2001,
que estabeleceu o pagamento do Seguro-Desemprego SOMENTE para os
domésticos que estejam inscritos no sistema do FGTS. Vejamos:
"Lei nº 10.208, de 23 de Março de 2001-Acresce dispositivos à Lei nº 5.859, de
11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de empregado
doméstico, para facultar o acesso ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS e ao seguro-desemprego.
Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória nº
2.104-16, de 2001, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Jader Barbalho,
Presidente, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da
Constituição Federal, promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, fica acrescida dos seguintes
artigos:
"Art. 3º -A. É facultada a inclusão do empregado doméstico no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, de que trata a Lei nº 8.036, de 11 de
maio de 1990, mediante requerimento do empregador, na forma do
regulamento." (NR)
"Art. 6º -A. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará
jus ao benefício do seguro-desemprego, de que trata a Lei nº 7.998, de 11 de
janeiro de 1990, no valor de um salário mínimo, por um período máximo de três
meses, de forma contínua ou alternada.
§ 1º O benefício será concedido ao empregado inscrito no FGTS que tiver
trabalhado como doméstico por um período mínimo de quinze meses nos
últimos vinte e quatro meses contados da dispensa sem justa causa.
§ 2º Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei as hipóteses previstas
no art. 482, com exceção das alíneas "c" e "g" e do seu parágrafo único, da
Consolidação das Leis do Trabalho." (NR)"
O que se quer aclarar nesse trabalho é que, não se pode estender sem a
necessária cautela direitos de um trabalhador doméstico(trabalho contínuo) a
um trabalhador que se ativa em poucos dias por semana, como
diarista(trabalho eventual), descaracterizando o objetivo da lei.

4. Julgados sobre a questão:


Notícia oriunda do TST encampou a tese da diferenciação necessária, notícia
essa que ora se transcreve:
"16/10/2003 - TST: direitos de domésticas não se estendem às diaristas
(Notícias TST).Conflitos trabalhistas envolvendo empregadas domésticas,
diaristas e donas de casa estão formando a jurisprudência do Tribunal Superior
do Trabalho a respeito da relação de emprego doméstico. Uma das demandas
na Justiça do Trabalho envolve pedidos de vínculo empregatício feitos por
diaristas que prestam serviço a uma família mais de um dia por semana. Para o
TST, o vínculo de emprego somente se forma se o trabalho doméstico prestado
for de natureza contínua. Por este motivo, juridicamente, os direitos garantidos
às empregadas domésticas não se estendem às diaristas. Em outras ações,
domésticas reivindicam o direito à estabilidade provisória durante a gravidez. O
TST julgou não haver o direito à estabilidade, mas determinou que seja paga
às demitidas indenização equivalente ao salário-maternidade. No Tribunal, há
controvérsias sobre o direito das domésticas às férias proporcionais e férias em
dobro (caso não concedidas dentro do prazo). Acompanhe a seguir a
jurisprudência do TST sobre domésticas e diaristas: FGTS e Seguro-
desemprego - Dos 34 direitos dos trabalhadores enumerados pela Constituição
(artigo 7º), nove são extensivos aos empregados domésticos, entre os quais
13º salário, aviso prévio, aposentadoria e também a licença de 120 dias à
gestante. A Constituição assegura ainda direitos como garantia de salário -
nunca inferior ao mínimo -, irredutibilidade salarial, repouso semanal
remunerado (preferencialmente aos domingos), férias anuais acrescidas de 1/3
e licença-paternidade. Uma lei recente (nº 10.208, de 2001) facultou ao
empregador incluir a doméstica no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS). Estando inscrita no FGTS e sendo demitida sem justa causa, a
doméstica terá direito ainda ao benefício do seguro-desemprego.
Após análise na breve legislação específica da categoria, é possível verificar
que benefícios como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e seguro-
desemprego só estão garantidos às empregadas domésticas que tenham
carteira assinada. Apesar de não haver estatísticas oficiais a respeito, a
realidade brasileira aponta que muitas empregadas ainda trabalham sem
carteira assinada, numa espécie de "informalidade doméstica". Além disso,
cresce no Brasil a modalidade de prestação de serviço executada por diaristas
- que normalmente recebem remuneração superior a que fariam jus se
trabalhassem continuamente para o mesmo empregador -, mas não têm esses
direitos assegurados. Diarista X Empregada Doméstica - A Lei nº 5.859, que
em 1972 regulamentou a profissão de empregado doméstico, dispõe que o
empregado doméstico é aquele que presta serviço de natureza contínua. Para
o TST, o pressuposto básico para configuração do trabalho doméstico é a
continuidade da prestação de serviços, ou seja, o trabalho em todos os dias da
semana, com descanso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos. É com base nesse pressuposto que os ministros do TST têm
negado os pedidos de reconhecimento de vínculo empregatício entre diaristas
e donas de casa. Muitas diaristas estão entrando na Justiça com ações onde
pedem o reconhecimento de vínculo de emprego com o dono de uma das
residências onde presta serviço em alguns dias da semana. O pedido é feito
mesmo que a diarista preste serviço a várias famílias durante a semana. No
último caso julgado pelo TST, a pretensão de uma faxineira do interior de São
Paulo foi frustrada. Ela pedia o reconhecimento de vínculo de emprego com os
donos da casa na qual trabalhava um dia e meio por semana há vários anos.
Na primeira audiência, a moça afirmou que era diarista e prestava serviços em
outras casas. Mas, no seu entender, como trabalhava um dia e meio por
semana para aquela família há vários anos, tal serviço não poderia ser rotulado
de "eventual". Seu pedido foi negado em primeira instância e em segunda, pelo
TRT de Campinas (SP). Os juízes do TRT lembraram que, apesar de exercer
as mesmas funções de uma doméstica, a diarista recebe valor superior em
relação ao salário de uma empregada mensalista, não havendo sequer prejuízo
previdenciário, porque a diarista pode recolher a contribuição por meio de
carnê autônomo. No TST, a questão foi julgada pela Primeira Turma, que
manteve a decisão regional segundo a qual para a caracterização do emprego
regido pela CLT é necessária a prestação de serviços de natureza contínua ao
empregador. A Lei nº 5.589/72 também exige que o empregado doméstico
preste serviços "de natureza contínua" na residência da família. "A não
eventualidade ou a continuidade dos serviços é um pré-requisito para a
caracterização do vínculo de emprego, seja este doméstico ou não", afirmou o
relator do recurso, o juiz convocado Luiz Philippe Vieira de Mello Filho.
Segundo ele, o fato de as atividades da faxineira serem desenvolvidas em
alguns dias da semana, com relativa liberdade de horário, com pagamento ao
final de cada dia de trabalho, além de haver vinculação a outras residências
demonstra que se enquadra, na verdade, na definição de trabalhador
autônomo. É consenso no TST que não se pode menosprezar a diferença entre
empregadas domésticas e diaristas. São situações distintas. Os serviços
prestados pela empregada doméstica correspondem às necessidades
permanentes da família e do bom funcionamento da casa. Já as atividades
desenvolvidas pela diarista, em alguns dias da semana, assemelham-se ao
trabalho prestado por profissionais autônomos, já que ela recebe a
remuneração no mesmo dia em que presta o serviço. Caso não queira mais
prestar serviços, a diarista não precisa avisar ou se submeter a qualquer
formalidade, como o aviso-prévio. Isso porque é de sua conveniência, pela
flexibilidade de que dispõe, não manter um vínculo estável e permanente com
um único empregador, já que possui variadas fontes de renda, provenientes
dos vários postos de serviços que mantém. Apesar de o TST não estender às
diaristas os direitos das domésticas, as donas de casa podem fazê-lo, por
liberalidade. Em um julgamento, a Quarta Turma do TST reconheceu que é
possível a celebração de contrato de trabalho doméstico para prestação de
serviços de forma descontínua, se as duas partes assim o quiserem.
Doméstica gestante - Os ministros do TST já decidiram, por exemplo, que as
empregadas domésticas não têm direito à estabilidade provisória no emprego
durante a gravidez. Trabalhadoras gestantes são protegidas pela Constituição
da dispensa arbitrária ou sem justa causa desde a confirmação da gravidez até
cinco meses depois do parto, mas o direito não se estende às domésticas.
Embora a lei não resguarde a empregada doméstica gestante da despedida
arbitrária ou sem justa causa, o empregador deve pagar, a título de
indenização, o equivalente ao salário-maternidade. O entendimento dos
ministros do TST é o de que o término do contrato de trabalho impede o gozo
da licença-maternidade a que a trabalhadora teria direito. O salário-
maternidade é devido à empregada doméstica e seu pagamento é feito
diretamente pela Previdência Social. Por isso, se o empregador impede o
acesso a esse direito por meio da dispensa sem justa, ele é o responsável pela
indenização correspondente. Férias proporcionais e em dobro - O direito às
férias proporcionais quando a empregada doméstica é demitida sem justa
causa ainda não tem consenso no TST: até agora as cinco Turmas e a Seção
Especializada em Dissídios Individuais (SDI - 1) estão decidindo de forma
divergente a questão, por isso o tema deverá ser unificado em breve. Num dos
casos julgados, envolvendo uma empregada doméstica carioca dispensada no
terceiro mês de gravidez, o TST reconheceu que nem a Lei 5.859/72, que
regula a profissão de empregado doméstico, nem a Constituição de 1988
tratam expressamente do direito às férias proporcionais dos domésticos. O
mesmo ocorre com o pagamento de férias em dobro quando o descanso não é
concedido na época própria. A lei assegurou às domésticas o direito a 20 dias
úteis de férias após 12 meses de trabalho, sem nada mencionar acerca de
férias proporcionais. O relator do recurso, o então juiz convocado Walmir
Oliveira, aplicou ao caso a teoria da responsabilidade civil extracontratual,
prevista no artigo 159 do Código Civil, para determinar que a dona de casa
indenizasse a doméstica pelo dano causado. Segundo ele, quando a lei é
omissa, o juiz deve decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito. "Existindo previsão legal e constitucional que
assegura ao doméstico o direito ao gozo de férias quando completados os
primeiros 12 meses de serviço, constitui inaceitável discriminação rejeitar a
pretensão à indenização compensatória de férias proporcionais", afirmou o
relator à época. Defensor do direito dos empregados domésticos às férias
proporcionais, o ministro João Oreste Dalazen tem dito que, embora os direitos
trabalhistas da categoria estejam taxativamente contemplados na Lei 5.859/72
e na Constituição Federal, deve ser aplicado à situação, por analogia, o artigo
147 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O artigo garante ao
empregado demitido sem justa causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir
em prazo predeterminado, antes de completar 12 meses de serviço, direito à
remuneração relativa ao período incompleto de férias. Já o ministro Vantuil
Abdala entende que o princípio da isonomia não pode ser aplicado ao caso.
Para respaldar seu entendimento, o ministro lembra que a Lei 5.859/72
estabelece que o doméstico somente adquire direito à férias (de 20 dias úteis)
após 12 meses de trabalho e, mesmo após a Constituição ter garantido ao
empregado doméstico o mesmo direito, o TST tem entendimento firmado no
sentido de que as referidas férias continuam a ser de 20 dias úteis -
diferentemente das dos trabalhadores em geral, que são de 30 dias corridos.
Há controvérsias ainda sobre se as empregadas domésticas estão ou não
abrigadas pela CLT, tendo em vista que a categoria é regida por legislação
específica. Para o ministro Milton Moura França, a partir do momento em que a
Constituição assegurou à empregada doméstica uma série de direitos
trabalhistas, é razoável aplicar-se, paralelamente, dispositivos
infraconstitucionais que tratam de pagamento, prazo e multa relativos às
obrigações legais de seu empregador. "Se admitirmos o contrário, o
empregador poderá procrastinar o cumprimento da obrigação, por não estar
sujeito a nenhuma cominação", defende Moura França. O ministro determinou
que uma dona de casa pagasse multa por pagar com atraso as verbas
rescisórias devidas a uma ex-empregada. A multa consta do artigo 477 da CLT.
Sindicato - O TST já decidiu também que a homologação do termo de rescisão
do contrato de trabalho de empregada doméstica não necessita ser feita
obrigatoriamente perante o sindicato da categoria. O relator de um recurso
envolvendo o tema, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, afirmou que não há
previsão na legislação específica (Lei nº 5859/72 ) ou no dispositivo
constitucional (artigo 7º CF)"
Muitas vezes a assertiva é de que a diarista exercia seu mister em dois ou três
dias da semana, ou seja, menos de 50% da semana, o que por si só revela o
caráter eventual da demanda. Trabalhando sem horário fixo em dois ou três
dias por semana, percebendo remuneração por cada dia de trabalho, tendo
direito ainda a alimentar-se na residência do tomador de serviços, sem que isso
lhe acarretasse qualquer custo, não pode o prestador de serviço invocar o
trabalho doméstico perante a Justiça Obreira.
Na hipótese há sempre inegável relação de CONFIANÇA entre as partes já que
o tomador de serviços não cuida de abastecer-se de comprovantes de que
NUNCA HOUVE trabalho DIÁRIO e CONTÍNUO por parte da diarista, sendo as
ações da espécie, uma verdadeira surpresa para o tomador de serviços, que
normalmente não mede esforços para dar tratamento digno e leal para a
diarista, Vejamos decisão jurisprudencial que trata da documentação relativa ao
trabalho doméstico:
"Ao apreciar as lides de labor doméstico, cabe ao julgador munir-se de especial
paciência e sensibilidade humanísticas, não devendo conduzir a exegese dos
institutos jurídicos processuais com o mesmo rigor e construção daquelas
empresariais. Não é possível exigir aqui que o empregador administre a
relação empregatícia qual se fosse uma pessoa jurídica. Como ensinou o
saudoso Carrion, "a organização familiar nada tem a ver com a do comércio e a
indústria; na prática é penoso e difícil o registro burocrático dos
acontecimentos""(TRT/SP 20020124770 RS - Ac. 10ªT. 20020292052-DOE
14/05/2002-Rel. RICARDO VERTA LUDUVICE)
"Relação de emprego. O fato da defesa reconhecer a prestação de serviço
eventual não inverte o ônus da prova da relação de emprego. É do trabalhador
esse ônus, segundo o art. 818 da CLT"(TRT/SP 20010476509 RO - Ac. 09ªT.
20020431273-DOE 12/07/2002-Rel. LUIZ EDGAR FERRAZ DE OLIVEIRA)
Vejamos uma ementa esclarecedora:
"Diarista. Continuidade. Ausência. Art 1º da Lei 5.859/1972. Inexistência de
Vínculo Empregatício. Trabalhador que presta serviços no âmbito doméstico
em apenas dois dias por semana não se enquadra na previsão inserta no art.
1º da Lei 5.859/1972, pois ausente a continuidade na consecução dos
misteres, condição específica e caracterizadora do denominado empregado
doméstico"(TRT-24ª Região-RO 2016/99-Ac. T. P. 0596/2000-Rel. Juiz André
Luiz Moraes de Oliveira-Publ. No DJ de 14.04.2000)
"Diarista-Vínculo de emprego-Inexistência: A prestação de serviços em apenas
três dias por semana na execução de serviços domésticos revela a condição
de diarista, cuja relação, por se ressentir dos requisitos da continuidade,
subordinação e dependência econômica, não configura o liame empregatício
previsto no art. 1º da Lei nº 5.859/72. Recurso provido"(TRT-10ª Região-3ª
Turma-ROPS nº 00131-2006-010-10-00-3-Brasília-DF-Rel. Juiz João Luiz
Rocha Sampaio-Julg. Em 19.07.2006-Pul. Boletim AASP 2509 de 05 a
11.02.2007)
Como bem asseverado em acórdão objeto da ementa supra,
"...Deveras, exsurge dos elementos dos autos que a reclamante se auto-intitula
empregada doméstica em virtude de desempenhar seus misteres na residência
dos reclamados, duas vezes por semana, às terças e sextas-feiras, perfazendo
uma jornada das 7 às 18 horas, contudo pela explanação supra, resta
evidenciado que a função por ela exercida era a de diarista. Subsiste elucidar
se a circunstância de a demandante exercer seu mister na condição de diarista
enseja ou não o seu enquadramento nos mesmos moldes da legislação do
trabalho aplicável ao empregado doméstico. E, nesse desiderato, partindo-se
do pressuposto de que a figura do doméstico é distinta da figura do empregado
prevista na CLT, porquanto o doméstico é abarcado pela definição explícita no
art. 1º da Lei 5.859/1972 como aquele que presta serviços de natureza
contínua e de finalidade não lucrativa à família em seu âmbito residencial e o
empregado é assinalado pelo art. 3º da CLT, pressupondo os requisitos de
pessoalidade, não-eventualidade, subordinação e salário, tem-se que, estando
a autora classificada, aparentemente, na esfera doméstica, em razão de
realizar seus misteres no âmbito residencial, imprescindível se faz verificar se
ocorre "in casu", a reunião dos demais elementos necessários a caracterizar o
doméstico, quais sejam: natureza contínua, finalidade não lucrativa e prestação
de serviço no âmbito residencial. Nesse sentido, aflora a ilação de que, se
necessária a presença dos requisitos retro para conceituar o doméstico, a
hipótese da diarista não se harmoniza com a prefalada concepção, haja vista a
ausência de um de seus relevantes requisitos: a continuidade. De fato, o termo
continuidade é sinônimo de prosseguimento ou prolongamento sem
interrupção, ausência de interrupção. Assim, sendo preeminente a interrupção
pelo método gramatical da lei com escopo de não reduzi-la a letra morta, há de
se extrair de seu conceito literal um dos traços característicos que perfaz a
distinção entre o empregado doméstico e o prestador autônomo de serviço,
qual seja, a natureza contínua de seus serviços. Nessa linha de raciocínio,
dessume-se que o elemento continuidade, expresso para conceituar o
empregado doméstico, alicerça-se na ausência de interrupção dos dias
laborados, uma vez que seus afazeres devem ser efetuados de forma não
intercalada nos dias da semana, sob pena de se afastar da definição supra
mencionada. Nesse sentido já se pronunciou este E. Sodalício em acórdão de
minha lavra, "litteris": Diarista. Continuidade. Ausência. Art. 1º da Lei
5.859/1972. Inexistência de Vínculo Empregatício. Trabalhador que presta
serviços no âmbito domestico em apenas dois dias por semana não se
enquadra na previsão inserta no art. 1º da Lei 5.859/1972, pois ausente a
continuidade na consecução dos misteres, condição específica e
caracterizadora do denominado empregado doméstico(RO-0196/1998, Ac. T. P.
0806/98, julg. Em 16-4-1998). Destarte, não se enquadrando a autora na
definição retromencionada, porquanto ausente o elemento continuidade, o qual
demonstra sua autonomia na condução diretiva dos serviços, caracterizou-a
como mera prestadora de serviço, não sendo plausível, admitir-se o
reconhecimento do pretenso vínculo almejado. A par do exposto, há que se
considerar igualmente que o interesse social impõe que as relações tenham e
sigam as normas que as inspiram, e, "in casu", a reclamante exerce atividade
que não pode ser considerada doméstica porquanto evidenciadora de uma
prestação laboral, de fisionomia autônoma, categoria esta regida por regras
legais especiais, excluídas da apreciação e da incidência das leis
trabalhistas..."(TRT-24ª Região-RO 201699-Ac. T. P. 0596/2000-Rel. Juiz André
Luiz Moraes de Oliveira-Publ. No DJ de 14.04.2000)
A lição acima transcrita não é isolada como se pode demonstrar pelas
inúmeras ementas a seguir transcritas:
"DOMÉSTICO-Configuração-RELAÇÃO DE EMPREGO DOMÉSTICO.
DIARISTA. A doméstica que trabalha como faxineira em dias alternados, por
sua própria conveniência, com autonomia e sem horário determinado, não é
empregada nos termos da Lei nº 5.859/72, que exige, dentre outros requisitos,
prestação de serviços de natureza contínua"(TRT/SP - 10177200290202000 -
RO - Ac. 8ªT 20020743224 - Rel. MARIA LUÍZA FREITAS - DOE 03/12/2002)
"EMPREGADO DOMÉSTICO. DIARISTA. LEI 5.859/72. Nos termos do art. 1º
da Lei 5.859/72, para a caracterização do contrato de trabalho do empregado
doméstico é necessário que os serviços prestados sejam de natureza contínua,
o que não se compatibiliza com o caso dos autos, em que restou provado o
trabalho em apenas dois ou três dias da semana. Recurso ordinário a que se
nega provimento"(TRT/SP 20010144808 RO - Ac. 07ªT. 20020537551-DOE
13/09/2002-Rel. ANELIA LI CHUM)
"DOMÉSTICO-Configuração-Relação de emprego doméstico. Diarista é a
profissional que trabalha por conta própria executando serviços de faxina ou
outros junto a diferentes tomadores de serviço. É chamada de diarista por
ativar-se uma vez por semana, por quinzena ou por mês, conforme sua
disponibilidade, e por receber o valor ajustado ao final da jornada. Trabalha
apenas quando quer"(TRT/SP - 01042200206802001 - RS - Ac. 6ªT
20030121757 - Rel. LAURO PREVIATTI - DOE 29/04/2003)

"Empregado Doméstico. Continuidade. Art. 1º da Lei nº 5.859/72. A tipificação


do empregado doméstico exige um requisito adicional àqueles previstos no art.
3º da CLT, que é o da continuidade, conforme expressamente estabelecido no
art. 1º da Lei nº 5.859/72. Ou seja, para a configuração do emprego doméstico,
é necessário que os serviços, se não diários, sejam pelo menos prestados na
maior parte dos dias da semana."(Acórdão: 20000194500; Turma: 08 - TRT 2ª
Região; data pub.: 23.05.2000; Processo: 02990152266; Relator: Wilma
Nogueira de Araújo Vaz da Silva)
"Doméstico. Relação de Emprego. A continuidade da prestação de serviços,
prevista na Lei nº 5.859/72, art. 1º, exige comparecimento durante a semana
inteira, à exceção da folga dominical. O comparecimento, em dois dias por
semana, como diarista, não supre a exigência legal, ainda que tenha ocorrido
ao longo de vários anos. A lei exige continuidade, o que é diverso de
habitualidade."(Acórdão: 19990371639; Turma: 06, TRT 2ª Região; data pub.:
30.07.1999; Processo nº 02980383419; Relator: Fernando Antonio Sampaio da
Silva)
"Vínculo de Emprego. Faxineira. Requisito "Continuidade", estabelecido pela
Lei nº 5.859/72. A faxineira que, no âmbito residencial, presta serviços de forma
descontínua, não está amparada pela Lei nº 5.859/72. A continuidade exigida
pela mencionada lei não equivale à não-eventualidade de que trata o artigo 3º
da CLT. Recurso provido para absolver a reclamada da condenação imposta,
revertendo-se à reclamante o pagamento das custas processuais, ônus do qual
fica dispensada. (...)"(Acórdão do Processo nº 80020.871/97-0 (RO); TRT 4ª
Região; data de publicação: 13.09.1999; Juiz Relator: Pedro Luiz Serafini)
Ao nosso ver, uma diarista que apresenta demanda pleiteando vínculo como
doméstica, peca pela utilização do processo para obter vantagem indevida já
que pretende direitos advindos de vínculo empregatício sabidamente
inexistente, revelado em sua própria condição de trabalho(alguns dias da
semana). Isto revelaria eventual má-fé sustentável em defesa do tomador de
serviço, como se pode exemplificar:
"LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ. Não é admissível o abuso do sagrado e
Constitucional direito de ação, com pleitos de verbas quitadas, argumentos
contrários às provas dos autos e documentos, cujo escopo é o de induzir o
juízo a erro e lesar a parte contrária. O direito abomina comportamentos
processuais dessa espécie, írritos e nocivos, que ofendem não só o disposto
no artigo 14 do Código de Processo Civil, como igualmente os princípios
morais e éticos, que impõem limites, não somente aos advogados, como a
todos os cidadãos, de modo geral. Pode e deve o magistrado impor
condenação por litigância de má fé, que é compatível com o processo do
trabalho, e até de ofício, com objetivo, principalmente, pedagógico, de modo
que comportamentos processuais abusivos sofram repreensão do Poder
Judiciário, providência salutar, que refletirá, por fim, na celeridade da Justiça,
que é o desejo dos operadores do direito e da sociedade."(TRT/SP -
20010329271 - RO - Ac. 7ªT 20020792519 - Rel. JONAS SANTANA DE BRITO
- DOE 24/01/2003)
Em acórdão da lavra do MM. Ministro João Batista Brito Pereira da 5ª Turma do
C.TST, publicado no DJ de 14.02.2003, proferido nos autos do processo nº
TST-RR-506.618/1998.7, afirmou-se textualmente que:
"...Esta Corte, examinando matéria similar à presente, já se pronunciou quanto
à inexistência da relação de emprego com relação à diarista, sob os seguintes
fundamentos: O trabalho em casa de família de forma intermitente na condição
denominada diarista merece uma consideração especial por suas
particularidades. Com efeito, o (a) diarista é o (a) trabalhador (a) que,
normalmente, não se dispõe, por razões várias, a se vincular a um empregador
através de um contrato de trabalho doméstico, com rigidez obrigacional de
presença ao serviço e de horário e nem a perceber salário fixo mensal, pois
prefere pactuá-lo com base na unidade dia, recebendo sempre ao final da
jornada. É um (a) trabalhador (a) que se dispõe a prestar serviços em algum
dia ou outro da semana, conforme seu interesse ou disponibilidade. Seja
porque seus compromissos pessoais ou mesmo familiares não lhe permitem a
disponibilidade integral na semana, seja porque prefere este tipo de atividade
trabalhando em residências várias, executando um tipo especial de serviço. A
sua remuneração, por isto mesmo, é sempre, em proporção, maior do que a da
empregada doméstica mensalista. E como sua tarefa é específica, muitas
vezes, terminando-a, libera-se antes da jornada normal. Também por isso, por
realizar normalmente um serviço, a subordinação, a fiscalização, o comando, a
ingerência durante a execução dos serviços é praticamente nenhuma. E
exatamente porque o tomador de serviço não se considera como empregador,
e também o (a) trabalhador (a) não se considera como empregado(a), é que
quando este (a) não comparece ao serviço não sofre punição alguma. (2ª
Turma, Processo nº TST-RR-523.690/1998, Min. Vanutil Abdala, julgado em
7/2/01). Outros precedentes no mesmo sentido: Processos nºs TST-RR-
463.658/1998 e TST-RR-435.469/1998, julgados em 27/6/01, todos da lavra do
Min. Vantuil Abdala. Assim, sigo a orientação desta Corte..."

5. Visão Judiciária e de outros órgãos:


Retirando-nos um pouco do foco desse trabalho no que tange à distinção
jurídica entre domésticas e diaristas, pudemos observar quando da realização
da pesquisa para desenvolvimento desse trabalho, alguns posicionamentos do
nosso Judiciário e outros órgãos públicos sobre as categorias envolvidas nessa
discussão, e permitimo-nos transcrever algumas para melhor ilustrar o trabalho
e fomentar o debate jurídico.
Primeiramente, transcrevemos posicionamento de órgãos não judiciários:
"27/09/2005 - RGPS: Empregador doméstico deve observar legislação
(Notícias MPS):Filiação ao RGPS se dá quando o patrão assina a carteira
profissional de seu-empregado. A lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972,
representou o reconhecimento profissional para os trabalhadores domésticos,
exigindo a assinatura da carteira de trabalho, garantindo o direito à
aposentadoria. Mais tarde, a Constituição de 1988 assegurou à categoria
outras garantias trabalhistas, como férias, 13º salário e descanso semanal.
Contudo, embora a profissão esteja legalmente protegida, ainda existem
entraves no relacionamento entre patrões e empregados domésticos. A
legislação protege ambos. Portanto, cada uma deve observar os aspectos
legais e evitar aborrecimentos-futuros. Segundo a legislação previdenciária, o
patrão é obrigado a promover o desconto da contribuição previdenciária devida
pelo empregado doméstico e a recolhê-la, juntamente com a sua parcela da
contribuição, até o 15º dia do mês subsequente ao da competência. O valor da
contribuição patronal é de 12% (doze por cento) do valor do salário ajustado.
Este percentual incidirá também sobre o pagamento de férias e 13º salário. A
contribuição do empregado é de 7,65%, que deve ser descontada do salário.
Quando ocorrer a demissão do empregado doméstico, as contribuições
devidas até a data da quitação (férias, 13º salário e saldo de salários) serão
recolhidas de imediato, a fim de possibilitar a pronta devolução do carnê ao
empregado. Ao contratar um empregado doméstico, seja qual for a atividade,
cozinheiro, babá, arrumadeira ou jardineiro, por exemplo, o patrão deve estar
ciente de que o trabalhador não pode exercer outra atividade que
descaracterize a relação. Ou seja, o empregado doméstico não pode exercer
atividade na residência e na empresa do empregador, ao mesmo tempo
(trabalho concomitante). O que caracteriza o trabalho doméstico é o objetivo
não econômico das atividades exercidas. Assim, o empregado que trabalha em
sítios ou casas de campo só é doméstico quando não há qualquer finalidade
lucrativa em suas atividades. Benefícios - Todo trabalhador doméstico filiado ao
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria por
idade ou por tempo de contribuição, auxílio-doença, salário-maternidade. Do
mesmo modo, os dependentes do empregado doméstico têm direito à pensão
por morte e ao auxílio-reclusão. A filiação ao RGPS se dá quando o patrão
assina a carteira de trabalho ou quando o trabalhador doméstico, na qualidade
de contribuinte individual, recolhe a primeira contribuição"
"01/06/2006 - Contribuição Previdenciária é diferenciada para domésticos
(Notícias MPS): O estado é o terceiro, depois do Rio e do Rio Grande do Sul, a
ter um salário mínimo diferenciado: A partir deste mês, o valor do salário
mínimo no Paraná varia de R$ 427,00 a R$ 437,80, dependendo da categoria.
O estado é o terceiro no país, depois do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Sul, a ter um salário mínimo diferenciado. O piso regional é válido para
trabalhadores empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal,
convenção ou acordo coletivo de trabalho, como as empregadas domésticas. A
Previdência Social considera empregado doméstico aquele que presta serviço
de natureza contínua a pessoa ou família, contanto que a natureza do serviço
não gere lucros para o empregador. Estão nesta categoria as babás,
governantas, motoristas, caseiros, jardineiros, vigias, entre outros. Nos estados
onde há fixação do Piso Regional, definido por lei estadual (RJ, RS e PR),
devem ser observados estes pisos no pagamento dos empregados domésticos.
Os patrões dos empregados domésticos com salário base de R$ 429,12, por
exemplo, vão recolher R$ 84,32 para o Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS). O novo salário mínimo regional, pelos cálculos do governo, vai
representar um acréscimo de até R$ 66 milhões por mês na economia do
Paraná. A previsão é de que a nova lei alcance de forma direta e indireta 600
mil trabalhadores, entre eles os empregados domésticos. Segundo a Central
Única dos Trabalhadores (CUT), dos 400 mil trabalhadores domésticos do
estado, 75% estão na informalidade e apenas 25% têm carteira assinada. O
salário mínimo surgiu no Brasil em meados da década de 30. A Lei nº 185, de
janeiro de 1936, e o Decreto-Lei nº 399, de abril de 1938, regulamentaram a
instituição do salário mínimo, e o Decreto-Lei nº 2162, de 1º de maio de 1940,
fixou os valores do salário mínimo, que passaram a vigorar a partir do mesmo
ano. O país foi dividido em 22 regiões (os 20 estados existentes na época,
mais o território do Acre e o Distrito Federal) e todas as regiões que
correspondiam a estados foram divididas ainda em sub-regiões, num total de
50 sub-regiões. Para cada sub-região fixou-se um valor para o salário mínimo,
num total de 14 valores distintos para todo o Brasil. A relação entre o maior e o
menor valor, em 1940, era de 2,67. Esta primeira tabela do salário mínimo tinha
um prazo de vigência de três anos, e, em julho de 1943, foi dado um primeiro
reajuste, seguido de um outro em dezembro do mesmo ano. Após esses
aumentos, o salário mínimo passou mais de oito anos sem ser reajustado,
sofrendo uma queda real de 65%, considerando-se a inflação medida pelo IPC
da FIPE"
"Justiça do Trabalho deve apreciar ação de empregada doméstica sobre
recolhimento ao INSS - 16/05/2007: O julgamento de ação proposta por
empregada doméstica contra ex-patrão para o recolhimento de diferenças de
contribuição previdenciária é da competência da Justiça Trabalhista. A
conclusão é do ministro Cesar Asfor Rocha. No processo, a empregada
doméstica Maria das Graças Santos afirma que o valor foi recolhido pelo ex-
patrão em quantia menor do que o devido ao Instituto Nacional de Seguro
Social – INSS. A questão chegou ao STJ para que o Tribunal definisse qual o
juízo competente para decidir a causa. Ao receber o processo, a 4ª Vara do
Trabalho de Uberlândia, Minas Gerais, entendeu não ser da sua competência a
análise da matéria e enviou a ação para a Justiça Federal. (CC 81568 )"
"26/06/2006 - Quem pode receber benefícios por acidentes de trabalho?
(Notícias-MPS):Os benefícios por acidente de trabalho são devidos aos
empregados e trabalhadores avulsos urbanos e rurais - exceto aos domésticos
- e aos segurados especiais. Os acidentes de trabalho são situações que
ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empresa; acidente por doença
profissional ou do trabalho e ainda acidente de trajeto, que é aquele que ocorre
no percurso entre a residência e o local de exercício profissional, ou entre dois
locais de trabalho, considerando a distância e o tempo de deslocamento
compatíveis com o percurso do referido trajeto. Na falta de comunicação do
acidente (CAT) por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado,
seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública, não prevalecendo, nesses casos, o prazo previsto.
Para fins de cadastramento da CAT, caso o campo "atestado médico" do
formulário de CAT não esteja preenchido e assinado pelo médico assistente,
deve ser apresentado atestado médico original, desde que nele conste a
devida descrição do atendimento realizado ao acidentado do trabalho, inclusive
o diagnóstico, com o Código Internacional de Doenças (CID), e o período
provável para o tratamento, contendo assinatura, o número do Conselho
Regional de Medicina (CRM), data e carimbo do profissional médico, seja
particular, de convênio ou do Sistema Único de Saúde (SUS). Doméstico
também tem direito ao vale-transporte – DOE 11/07/2006"
A seguir, disponibilizamos entendimentos diversos, e por vezes divergentes
entre si, de alguns dos nossos Tribunais:
"Empregada doméstica não pode receber salário mínimo de forma
proporcional: O salário mínimo não pode ser pago à empregada doméstica de
forma proporcional, mesmo se contratada para trabalhar cinco horas diárias por
cinco dias na semana. Assim decidiu, por unanimidade, a 5ª Câmara do
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região - Campinas/SP. Descontente por
receber salário mensal menor que o mínimo, a empregada doméstica entrou
com reclamação trabalhista na Vara do Trabalho de Tanabi, pedindo diferença
salarial. A sentença de 1º grau julgou procedente seu pedido e, por isso, seu
ex-patrão recorreu ao TRT. Em sua defesa, o empregador disse que o salário
pago era proporcional à jornada trabalhada. "Entendo que o salário mínimo não
podia ser pago à trabalhadora de forma proporcional, por se tratar de
empregada doméstica", fundamentou o Juiz Lorival Ferreira dos Santos, para
quem o recurso foi distribuído. Segundo o relator, não importa se a jornada de
trabalho é ou não inferior àquela prevista na Constituição Federal, pois ainda
não existe previsão legal para a jornada diária dos empregados domésticos.
Mas, caracterizado o vínculo de emprego doméstico, o salário mínimo não
pode ser pago de forma proporcional à jornada laborada, pois o salário mínimo
e a irredutibilidade salarial foram assegurados aos domésticos pela
Constituição Federal, concluiu o Juiz Lorival. (00427-2004-104-15-00-1 RO)"
"Doméstica com jornada reduzida pode ter salário menor que mínimo: Por ser
legalmente permitido pela Constituição o salário fixado por unidade de tempo, o
TRT da 15ª Região decidiu que o salário de uma empregada doméstica pode
ser menor que o mínimo, sendo sua jornada de trabalho menor do que a
prevista na lei. Campinas/SP - Se a jornada da empregada doméstica é menor
que a jornada mensal prevista na lei, o valor do pagamento pelo serviço poderá
ser menor que o salário mínimo. O salário da doméstica deve ser proporcional
às horas trabalhadas, o que não viola a Constituição Federal, já que o salário
fixado por unidade de tempo é legalmente permitido. Por unanimidade, assim
decidiu a 11ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região -
Campinas/SP. Empregada doméstica ajuizou reclamação trabalhista na 2ª Vara
do Trabalho de Araçatuba, pedindo diferenças salariais por receber, segundo
alegou, salário menor que o mínimo. Como a vara trabalhista julgou
improcedente seu pedido, a trabalhadora recorreu ao TRT. "É óbvio que o
salário da empregada deve guardar equivalência às horas trabalhadas",
fundamentou o Juiz Flavio Nunes Campos, para quem o recurso foi distribuído.
Segundo o relator, não se viola a Constituição Federal ao pagar salário menor
que o mínimo se a jornada mensal de trabalho não atinge as 220 horas
previstas na lei. Sempre se admitiu o salário fixado por unidade de tempo,
reforçou o magistrado. "Se a jornada mensal exercida pela trabalhadora é
inferior à jornada legal mensal, não pode ela pretender receber salário mínimo
integral", conclui o Juiz Flavio que complementou seu entendimento citando
doutrina e jurisprudência do Supremo Tribunal-Federal-(RE-48480). Veja a
ementa do acórdão EMPREGADO DOMÉSTICO - JORNADA REDUZIDA -
SALÁRIO PROPORCIONAL - POSSIBILIDADE - Se a jornada mensal exercida
pelo empregado doméstico é extremamente inferior à jornada legal mensal
(220 horas), não pode ele, neste momento, pretender a percepção do salário
mínimo integral. Destarte, é óbvio que o salário do doméstico deve guardar
equivalência às horas trabalhadas, não havendo infringência do art. 7º, IV, da
Constituição Federal, que prevê o pagamento do salário mínimo mensal para a
jornada de 220 (duzentos e vinte) horas. Aliás, sempre foi admitido o salário
fixado por unidade de tempo. (00678-2004-061-15-00-2-ROPS)-Fonte: TRT 15ª
Região Origem:Notícias-Data: 21/09/2005"
"29/09/2005 - TRT-SP: patrão não precisa recolher contribuição previdenciária
de diarista (Notícias TRT - 2ª Região) Para a 9ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), o empregador não precisa recolher a
contribuição de sua diarista para a previdência social. O entendimento da turma
foi aplicado no julgamento de Recurso Ordinário do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, que cobrava o pagamento da contribuição sobre acordo
firmado, na 1ª Vara do Trabalho de Santo André (SP), entre uma patroa e sua
faxineira. O INSS recorreu ao TRT-SP sustentando que a falta da contribuição
previdenciária sobre o total do valor previsto no acordo trabalhista, configuraria
"flagrante indício de evasão fiscal". Para a autarquia, o recolhimento é devido
pois as verbas do acerto "dizem respeito ao pagamento de parcelas salariais
remuneratórias".
De acordo com o juiz José Carlos Fogaça, relator do recurso no tribunal, "o
valor decorrente de trabalho resulta em indispensável recolhimento de
contribuição em favor da Previdência Social, independentemente da formação
de relação de emprego através de acordo judicial, quando prestado a
empresas e equiparados". Para o relator, contudo, "o tomador de serviço
doméstico não detém a obrigação de recolher INSS sobre o valor pago a
autônomo ou eventual, pois não detém a natureza jurídica de empresa ou
empregador doméstico". "A celebração de acordo, sem vínculo de emprego
com faxineira, jardineiro ou outros prestadores de serviços domésticos, não
gera a obrigação de recolher contribuição em favor do INSS", decidiu. Por
unanimidade, os juízes da 9ª Turma acompanharam o voto do juiz Fogaça,
isentando a patroa e sua ex-faxineira do pagamento de contribuição
previdenciária. RO 02603.2002.431.02.00-6"
"Trabalho habitual caracteriza vínculo de faxineira: O reconhecimento do
vínculo de emprego de faxineira não depende do número de dias trabalhados
por mês. O que caracteriza o vínculo é o fato de o trabalho ser habitual, e não
ocasional. O entendimento é da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região (São Paulo). Os juízes reconheceram o vínculo empregatício de uma
faxineira que trabalhou duas vezes por semana, durante dois anos, cumprindo
jornada 8 horas (das 8h às 17h). A ex-patroa sustentou que já tem uma
empregada fixa e que a autora da ação seria apenas diarista, pois "estão
ausentes os requisitos para a caracterização do vínculo de emprego entre as
partes". O juiz Sérgio Pinto Martins, relator do recurso no TRT paulista, não
acolheu o argumento. "O trabalho da reclamante era feito toda semana, duas
vezes e não uma vez ou outra. Isso caracteriza a habitualidade semanal e não
que o trabalho era feito ocasionalmente", afirmou. "Um médico que trabalha
uma vez por semana no hospital, com horário, é empregado do hospital. O
advogado que presta serviços num dia fixo no sindicato e tem horário para
trabalhar é empregado. Então porque a trabalhadora que presta serviços duas
vezes por semana, com horário a observar, não pode ser empregada
doméstica?", questionou o relator. A decisão da 2ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho foi por maioria de votos. Os juízes condenaram a ex-patroa a
pagar os direitos trabalhistas devidos à empregada doméstica, além de fazer a
devida anotação na carteira de trabalho. Leia a decisão: Processo
2005.0674034 (RO 00367.2005.261.02.00-1)-1ª Vara do Trabalho de Diadema-
Recorrente: Cleusa Braz Frade-Recorrido: Marieuza Barbosa da Silva-
EMENTA: Diarista. Caracterização-A Lei n.º 5.859 não dispõe quantas vezes
por semana a trabalhadora deve prestar serviços ao empregador para ser
considerada empregada doméstica. Não existe previsão na lei no sentido de
quem trabalha duas vezes por semana não é empregado doméstico. Um
médico que trabalha uma vez por semana no hospital, com horário, é
empregado do hospital. O advogado que presta serviços num dia fixo no
sindicato e tem horário para trabalhar é empregado. A continuidade do contrato
de trabalho restou demonstrada, diante do fato de que a autora trabalhava
duas vezes por semana. O trabalho da reclamante era feito toda semana, duas
vezes e não uma vez ou outra. Isso caracteriza a habitualidade semanal e não
que o trabalho era feito ocasionalmente. Vínculo de emprego mantido. I —
RELATÓRIO: Interpõe recurso ordinário Cleusa Braz Frade afirmando que tem
uma empregada fixa de nome Maria. A reclamante era apenas faxineira. Estão
ausentes os requisitos para a caracterização do vínculo de emprego entre as
partes. Deve ser dado provimento ao recurso para modificar a sentença. Contra
—razões de fls. 63/4. É o relatório. II — CONHECIMENTO: O recurso é
tempestivo. Houve pagamento das custas e do depósito recursal, na forma
legal (fls. 58/9). Conheço do recurso por estarem presentes os requisitos
legais. III — FUNDAMENTAÇÃO: VOTO: A prova do vínculo de emprego era da
autora, nos termos do artigo 818 da CLT, por se tratar de fato constitutivo do
seu direito (art. 333, I, do CPC). Não basta serem feitas meras alegações
(allegatio et non probatio quasi non allegatio). A reclamada admite em
depoimento pessoal que a autora trabalhava duas vezes por semana. A autora
chegava às 7 horas. Declarou a testemunha Sirlene que a autora trabalhava
duas vezes por semana, com horário das 8 às 17 horas. Só a autora trabalhava
na residência da patroa. Não conhece outra doméstica. De acordo com o
depoimento da testemunha Sirlene, a autora tinha subordinação, pois deveria
observar horário. A continuidade do contrato de trabalho restou demonstrada,
diante do fato de que a autora trabalhava duas vezes por semana. O trabalho
da reclamante era feito toda semana, duas vezes e não uma vez ou outra. Isso
caracteriza a habitualidade semanal e não que o trabalho era feito
ocasionalmente. Não restou provado nos autos que a autora escolhia o dia em
que deveria trabalhar ou que trabalhava no horário que queria. Não ficou
demonstrado que se a autora não comparecesse, não seria punida. O trabalho
não foi de curta duração, pois durou dois anos. Se a autora cuidava ou não dos
netos da recorrente, o fato é irrelevante, pois prestava serviços no local com
subordinação e continuidade. Não é necessária a exclusividade da prestação
de serviços pelo empregado ao empregador para a configuração da relação de
emprego. O obreiro pode ter mais de um emprego, visando ao aumento da sua
renda mensal. Em cada um dos locais de trabalho, será considerado
empregado. A legislação mostra a possibilidade de o empregado ter mais de
um emprego. O artigo 138 da CLT permite que o empregado preste serviços
em suas férias a outro empregador, se estiver obrigado a fazê—lo em virtude
de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. O artigo 414 da CLT
mostra que as horas de trabalho do menor que tiver mais de um emprego
deverão ser totalizadas. A pessoalidade restou evidenciada pelo fato de que a
autora não mandava outra pessoa em seu lugar. O trabalho era feito por ela
mesma. A Lei n.º 5.859 não dispõe quantas vezes por semana a trabalhadora
deve prestar serviços ao empregador para ser considerada empregada
doméstica. Não existe previsão na lei no sentido de quem trabalha duas vezes
por semana não é empregado doméstico. Um médico que trabalha uma vez
por semana no hospital, com horário, é empregado do hospital. O advogado
que presta serviços num dia fixo no sindicato e tem horário para trabalhar é
empregado. Então porque a trabalhadora que presta serviços duas vezes por
semana, com horário a observar, não pode ser empregada doméstica? A
realidade dos fatos demonstra que a autora era empregada. A ré não provou
suas alegações (art. 333, II, do CPC). Estão presentes os requisitos dos artigos
2.º e 3.º da CLT para a configuração do vínculo de emprego entre as partes.
Atentem as partes para a previsão do parágrafo único do artigo 538 do CPC e
artigos 17 e 18 do CPC, não cabendo embargos de declaração para rever fatos
e provas e a própria decisão. IV — DISPOSITIVO: Pelo exposto, conheço do
recurso, por atendidos os pressupostos legais, e, no mérito, nego-lhe
provimento, mantendo a sentença. Fica mantido o valor arbitrado para efeito do
cálculo das custas. É o meu voto. Sergio Pinto Martins-Juiz Relator-
"TRT-SP: patroa que atrasa INSS deve indenizar doméstica: Para a 9ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), o empregador
doméstico que atrasa o recolhimento da contribuição previdenciária de seu
empregado comete ato ilícito. São Paulo/SP - Com base neste entendimento,
os juízes da turma condenaram uma patroa a indenizar sua ex-empregada que,
em razão de inadimplência com a autarquia, não conseguiu receber benefício
do INSS. A doméstica foi contratada para trabalhar na residência da ex-patroa
em setembro de 2003. Um ano depois, em virtude de doença, ela se afastou do
trabalho e entrou com pedido de auxílio-doença no INSS. O benefício foi
indeferido "por não ter sido comprovada a carência de 12 contribuições
mensais". Ou seja, a empregadora não havia recolhido as parcelas devidas no
período, inclusive aquelas descontadas do salário da empregada. A
trabalhadora entrou com ação na 22ª Vara do Trabalho de São Paulo,
reclamando indenização equivalente ao benefício que lhe fora negado. Como a
vara acolheu o pedido, a ex-patroa recorreu ao TRT-SP sustentando que não
tem responsabilidade pela não concessão do auxílio-doença, pois a doméstica
já havia contribuído anteriormente para o INSS, e que pagou em dia o
recolhimento referente a setembro de 2004. De acordo com a juíza Jane
Granzoto Torres da Silva, "é o empregador doméstico integralmente
responsável pela arrecadação e pelos recolhimentos das contribuições
previdenciárias de seus empregados, consoante expressamente prevê o artigo
30, da Lei 8212/91". Para a relatora, "o empregador doméstico, que em total
violação à legislação previdenciária, deixa de recolher a tempo as contribuições
respectivas, comete ato ilícito. Nesse contexto, tendo a reclamante sofrido
prejuízo em razão de procedimento irregular da ré, merece ser reparada na
forma estabelecida pelo artigo 186, do Código Civil de 2002". Por unanimidade,
a 9ª Turma acompanhou o voto da relatora, condenando a ex-patroa ao
pagamento da indenização correspondente ao auxílio-doença e 13º salário, de
outubro de 2004 a junho de 2005, com juros e correção monetária. RO-
01392.2005.022.02.00-3-Fonte:-TRT-SP-Origem:Notícias-Data: 25/11/2005"
"30/03/2006 - Sem recibo, patroa não comprova pagamento a doméstica
(Notícias TRT - 2ª Região): Para relator, testemunha não é suficiente. De
acordo com a 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-
SP), todo pagamento que se faz ao empregado, inclusive o doméstico, deve
ser efetuado contra recibo. Este entendimento foi aplicado no julgamento do
Recurso Ordinário de uma patroa, condenada a pagar verbas rescisórias a uma
ex-empregada. A doméstica ingressou com processo na 79ª Vara do Trabalho
de São Paulo, reclamando que não recebeu os títulos decorrentes de sua
demissão sem justa causa. A ex-patroa, em sua defesa, sustentou que já pago
corretamente e no prazo legal todas as verbas devidas à reclamante. Por
entender que mantinha "relação de confiança" com a doméstica, ela não
registrou tais pagamentos em recibos. Para comprovar a quitação das
obrigações trabalhistas, a empregadora apresentou uma testemunha em
audiência. O juiz da vara não aceitou o depoimento como evidência do
pagamento e julgou procedente o pedido da reclamante. Inconformada com a
sentença, a ex-patroa recorreu ao TRT-SP alegando "cerceamento de defesa".
Segundo o juiz Rovirso Aparecido Boldo, relator do recurso no tribunal,
"qualquer pagamento que se faça ao empregado, inclusive o doméstico, deve
obedecer ao disposto na CLT, art. 464, caput", ou seja, "contra recibo, assinado
pelo empregado. Em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão
digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo". Para o relator, "é muito
cômodo ao empregador alegar a existência de "relação de confiança" para se
eximir da obrigação imposta por lei". "Não há prova do pagamento das verbas
contratuais e legais. Ratifica-se a decisão de primeiro grau", decidiu ele. Por
maioria de votos, os juízes da turma acompanharam o juiz Rovirso Boldo,
condenando a ex-patroa a pagar todas as verbas rescisórias à reclamante. RO
02656.2002.079.02.00-4"
"28/04/2006 - TST: decisões mostram distinção entre diarista e doméstica
(Notícias TST): Processos nos quais trabalhadores diaristas - faxineiras,
jardineiros, passadeiras - buscam na Justiça do Trabalho o reconhecimento do
vínculo de emprego e os direitos trabalhistas daí decorrentes têm se tornado
freqüentes no Tribunal Superior do Trabalho. Embora o tema ainda não seja
objeto de súmula ou de orientação jurisprudencial das seções especializadas,
as decisões têm apontado claramente no sentido de estabelecer distinções
entre o trabalhador doméstico e os diaristas, e também entre os diaristas que
trabalham em residência e os que prestam serviços para empresas. "Os
critérios básicos estão previstos na Lei nº 5.859/1972", explica o ministro
Carlos Alberto Reis de Paula, integrante da Comissão de Jurisprudência do
TST. Trata-se da lei que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico -
definido, em seu artigo 1º, como "aquele que presta serviços de natureza
contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas". As questões principais que têm sido analisadas no TST em
processos envolvendo diaristas são os conceitos de "natureza contínua" e
"finalidade não-lucrativa". O conceito de natureza contínua do trabalho é
diferente daquele de "não-eventualidade" exigido no artigo 3º da CLT para a
caracterização da relação de emprego. "A continuidade pressupõe ausência de
interrupção, de forma que o trabalho se desenvolva de maneira expressiva ao
longo da semana", explica o ministro Carlos Alberto, já a não-eventualidade
define serviços que se inserem nos fins normais das atividades de uma
empresa. Com base nessa interpretação, a empregada diarista que presta
serviço numa residência apenas em alguns dias da semana, recebendo por
dia, não se enquadra no critério do trabalho de natureza contínua. "Na
ausência de uma definição precisa do que seriam "alguns dias", os juízes do
Trabalho têm considerado que a prestação de serviço em um ou dois dias
exclui o critério de continuidade, enquanto que os que trabalham mais de três
costumam tê-la reconhecida", diz o ministro. "É um critério razoável, tendo em
vista que a semana útil tem cinco ou seis dias." Uma argumentação comum
nas reclamações trabalhistas desse tipo é a de que, muitas vezes, a diarista,
embora trabalhe apenas um ou dois dias na semana, mantém a relação ao
longo de muitos anos. "A longa duração não altera a natureza do trabalho",
observa o ministro Carlos Alberto. O ministro Ives Gandra Martins Filho, relator
de um processo no qual foi negado reconhecimento de vínculo a um jardineiro
que trabalhava duas ou três manhãs por semana numa residência, definiu em
seu voto a situação. "O diarista presta serviços e recebe no mesmo dia a
remuneração, geralmente superior àquilo que receberia se trabalhasse
continuamente para o mesmo empregador, pois nela estão englobados e pagos
diretamente ao trabalhador os encargos sociais que seriam recolhidos a
terceiros", afirmou o ministro Ives. "Se não quiser mais prestar serviços para
este ou aquele tomador, não precisará avisá-lo com antecedência ou submeter-
se a nenhuma formalidade, já que é de sua conveniência, pela flexibilidade de
que goza, não manter um vínculo estável e permanente com um único
empregador, pois mantém variadas fontes de renda provenientes de vários
postos de serviços que mantém." É neste sentido que tem se inclinado a
jurisprudência do Tribunal nas diversas decisões em que negou o
reconhecimento do vínculo de emprego a diaristas que trabalhavam em casas
de família. Cabe ressaltar que o termo "diarista" não se aplica apenas a
faxineiras e passadeiras, (modalidades mais comuns dessa prestação de
serviço). Ela abrange também jardineiros, babás, cozinheiras, tratadores de
piscina, pessoas encarregadas de acompanhar e cuidar de idosos ou doentes
e mesmo as "folguistas" - que cobrem as folgas semanais das empregadas
domésticas. Uma vez que o serviço se dê apenas em alguns dias da semana,
trata-se de serviço autônomo, e não de empregado doméstico - não se
aplicando, portanto, os direitos trabalhistas garantidos a estes, como 13º
salário, férias, abono de férias, repouso remunerado e aviso-prévio, entre
outros previstos na Constituição Federal. Quando se trata de diarista que
trabalha para uma empresa, porém, o entendimento é outro - e aqui se aplica a
segunda expressão-chave da Lei nº 5.859/1972, a "finalidade não lucrativa"
que diferencia uma residência de um escritório comercial. por exemplo. Em
processo julgado em dezembro de 2004, a Subseção 1 Especializada em
Dissídios Individuais do TST - que tem como atribuição unificar a jurisprudência
das Turmas do Tribunal -, a faxineira do escritório de uma empresa comercial
teve o vínculo de emprego reconhecido, ainda que trabalhasse apenas um dia
na semana. Para o relator do processo, ministro João Oreste Dalazen, "se o
serviço é efetuado dentro das necessidades da empresa, com subordinação e
dependência econômica, pouco importa se a sua prestação se dá em período
alternado ou descontínuo". Os critérios que prevalecem, no caso, são os
definidos no artigo 3º da CLT, que considera empregado "toda pessoa física
que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário". A natureza não eventual se define pela
relação entre o trabalho prestado e a atividade da empresa. "Em se tratando de
serviço de limpeza exercido no âmbito da empresa, este deve ser considerado
parte integrante dos fins da atividade econômica (e, por conseguinte, não-
eventual), pois qualquer estabelecimento comercial deve ser apresentado em
boas condições higiênicas", explica o ministro Dalazen"
"17/05/2006 - Patroa que paga dívida feita pela empregada, tem desconto
(Notícias TRT - 2ª Região): O pagamento de dívida da empregada, pela patroa,
pode ser debitado do valor da dívida trabalhista, ainda mais se a própria
empregada reconhece o favor. Com este entendimento, os juizes da 6ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), determinaram o
desconto na dívida rescisória a ser paga pela patroa, de valor usado para quitar
compra de produtos da "Avon" para a empregada. Após ser condenada pela
33ª Vara do Trabalho de São Paulo, a reconhecer o vínculo empregatício e
pagar verbas previdênciárias e rescisórias, a patroa recorreu ao Tribunal,
solicitando reforma da sentença e abatimento no valor devido, de 140 reais
referentes a produtos de beleza que ela pagou para a ex-empregada, e que
não haviam sido incluídos no cálculo feito pela Vara. Para o juiz Rafael Edson
Pugliese Ribeiro, relator do recurso no Tribunal, tanto o registro em carteira,
quanto as verbas previdenciárias, são obrigações da patroa, assim como o
pagamento das rescisórias. No entanto, uma vez que a própria empregada
concordou que a patroa havia quitado dívida sua com a "Avon", o juiz
compreendeu que o valor deveria ser abatido na quitação. Em seu voto, o juiz
Rafael Pugliese esclareceu que," ao acolher o pagamento de dívida da autora
como forma lícita de pagamento das verbas rescisórias - conforme autorização
da autora - o valor dessa dívida deve ser considerado como pagamento". O juiz
Rafael observou que o valor do título pago não havia sido incluido nos cálculos,
e determinou que a patroa deveria subtrair da dívida pendente o pagamento à
"Avon". Por unanimidade, os juízes da 6ª Turma acompanharam o relator. Proc.
TRT/SP Nº: 01091.2005.033.02.00-3"
"13/06/2006 - Empregado doméstico não tem direito a horas extras (Notícias
TST): Decisão da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve
acórdão do Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (17ª Região) que
não concedeu a uma empregada doméstica o direito de receber horas extras.
Segundo o relator do processo, ministro Alberto Bresciani, o parágrafo único do
artigo 7º da Constituição Federal garante aos empregados domésticos nove
dos 34 direitos aos trabalhadores enumerados no dispositivo. Mas não estão
entre eles os incisos XIII e XVI, que tratam sobre jornada de trabalho limitada e
horas extras. A empregada não teve reconhecido também o direito à
indenização por dano moral. A doméstica alegou na ação que foi despedida de
forma brusca quando o empregador descobriu sua gravidez, tendo gritado com
ela no ato da despedida. A empregada pediu indenização por dano moral e
pagamento de aviso prévio, abono natalino, férias vencidas e proporcionais,
além de horas extras. A Vara do Trabalho concedeu parte das verbas
trabalhistas, mas negou o pedido de horas extras, com base na Constituição, e
de indenização por dano moral, por falta de provas. O TRT/ES manteve a
sentença e negou seguimento ao recurso de revista da doméstica. São direitos
do trabalhador doméstico, o salário mínimo, sem redução ao longo do contrato,
décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias anuais
remuneradas, licença-maternidade ou paternidade, aviso prévio, aposentadoria
e a sua integração à previdência social. O entendimento do TST é pacífico no
sentido de cumprir o disposto na Constituição. Segundo o ministro Alberto
Bresciani, "a despeito das condições atípicas em que se dá o seu ofício, com a
natural dificuldade de controle e de atendimento aos direitos normalmente
assegurados aos trabalhadores urbanos, não há dúvidas de que a legislação é
tímida em relação aos empregados domésticos, renegando-lhes garantias
necessárias à preservação de sua dignidade profissional". O relator esclareceu
que não há como utilizar o princípio da isonomia, igualando os trabalhadores
domésticos aos urbanos, pela diversidade citada na Constituição. "Os
trabalhadores domésticos não foram contemplados com as normas sobre
jornada, sendo-lhes indevidos o adicional noturno, horas extras e as pausas
intrajornadas", concluiu. A Turma, por unanimidade, negou provimento ao
agravo da doméstica. Com isso, está mantida a decisão regional. (AI RR
810/2001-002-17-00.5)"
"13/06/2006 - Trabalho contínuo diferencia doméstica de diarista (Notícias TRT
- 2ª Região): Se a empregada presta serviços em uma casa durante quatro
dias da semana, está caracterizada a continuidade do trabalho, mesmo que
haja intervalo, e, portanto, tem direito ao vínculo empregatício. Não se pode
confundir sua posição com a de um encanador, ou uma diarista, que prestam
serviço eventual, em momentos específicos. Com este entendimento, os juízes
da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP),
concederam vínculo a empregada que comprovou trabalhar de segunda a
quinta-feira em uma residência durante um ano. Após ter seu pedido negado
pela 73ª Vara do Trabalho de São Paulo, que considerou os quatro dias de
serviço por semana como trabalho eventual, a doméstica recorreu da decisão
ao TRT-SP. A ex-patroa alegou, em sua defesa, que a empregada trabalhava
em outras residências e que, por isso, seria diarista. Para a juíza Rosa Maria
Zuccaro, relatora do processo no Tribunal, a dúvida gira em torno dos termos
eventual e intermitente. Se uma pessoa passa roupas e limpa a residência ao
longo de um ano, mesmo que em quatro dias da semana, está caracterizada a
necessidade contínua do trabalho, concluiu a juiza Zuccaro. "Em uma
residência é eventual o trabalho de um encanador, de um eletricista de um
pintor de paredes, de um decorador, de um carpinteiro, etc... ou mesmo de uma
faxineira que é chamada apenas para fazer uma limpeza pelo fato de ter
ocorrido um evento na residência, como uma festa ou qualquer outra situação
que tenha desestruturado o serviço normal doméstico", exemplificou a juíza.
Quanto à alegação de que a doméstica laborava em outras residências,
observou a Juíza relatora que a exclusividade não é requisito da relação de
emprego e, deste modo, não interfere na decisão. Por unanimidade, os juízes
acompanharam o voto da relatora. RO Nº 02522.2005.073.02.00-8"
"26/06/2006 - Patrão é condenado a indenizar doméstica (Notícias Infojus):
A 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou um
representante comercial, da cidade de Juiz de Fora, por ter constituído em
nome de sua empregada doméstica uma empresa comercial, causando-lhe
sérios prejuízos financeiros e emocionais. A indenização, por danos morais, foi
fixada em R$ 6.000,00. A dona de casa foi contratada para prestar serviços
como empregada doméstica na residência do representante comercial em
1984. Depois de quatorze anos de trabalho, o patrão solicitou que ela
assinasse alguns documentos para regularizar a situação de sua empresa.
Como já existia uma relação de confiança entre eles, a doméstica, que cursara
apenas até a 5ª série colegial, assinou todos os documentos solicitados pelo
patrão, sem ter sequer ciência de seu conteúdo. Em 2000, quando já não
prestava mais serviços ao representante comercial, a doméstica recebeu uma
notificação de trânsito, onde constava o seu nome como proprietária de um
Fiat/Uno-Eletronic. Ela chegou a procurar o ex-patrão, que informou que iria
resolver a situação. Mas para a sua surpresa, em 2001, ela recebeu uma
notificação da Receita Federal para que quitasse uma dívida tributária de uma
empresa que estava em seu nome, no prazo de dez dias, no valor de R$
139.817,90. A partir dessa notificação, ela veio a saber que o seu nome estava
envolvido em dívidas junto a diversos órgãos dos governos Federal, Estadual e
Municipal. Não tendo condições de arcar com as dívidas e sentindo-se lesada
com a situação, a doméstica recorreu à Justiça, pedindo indenização pelos
danos sofridos. No processo, o comerciante afirmou que, como ele estava
impedido de constituir empresa em seu nome, em razão de dívida fiscal que
não conseguira honrar, propôs, então, à doméstica constituir a empresa em seu
nome. Em primeira instância, o comerciante foi condenado a pagar uma
indenização no valor de R$ 4.000,00, em razão da multa de trânsito que a
doméstica recebeu e pela notificação de possibilidade de enquadramento em
crime contra a ordem tributária. Inconformado com a decisão, o comerciante
interpôs recurso no Tribunal de Justiça, mas não obteve êxito. Para os
desembargadores Elias Camilo (relator), Heloísa Combat e Renato Martins
Jacob, ficou comprovada a absoluta má-fé do comerciante. Eles salientaram
que a doméstica não chegou a receber nenhuma vantagem econômica pelo
negócio "forjado" e também não mudou o seu padrão de vida pelo fato de ter-
se tornado uma "empresária". Assim, como ficou comprovado que, na condição
de patrão, o comerciante utilizou o nome da doméstica para a abertura de uma
empresa, causando-lhe prejuízos, os desembargadores aumentaram a
indenização que fora fixada em primeira instância para R$ 6.000,00"
26/06/2006 - Rescisão de doméstica dispensa homologação no sindicato
(Notícias TST): O termo de rescisão de contrato de trabalho de empregada
doméstica não precisa ser homologado no sindicato da categoria. A decisão é
da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho que, por unanimidade,
acompanhou o voto do ministro Renato de Lacerda Paiva, relator do processo.
A empregada doméstica foi contratada para trabalhar em uma casa de família
em 1989 e permaneceu no emprego por 11 anos, até ser demitida, sem justa
causa, em 2000. Alegou que recebia salário de R$ 48,00, ou seja, menos que o
salário mínimo legal de R$ 136,00, vigente à época em que foi dispensada do
emprego. Logo após a dispensa, a empregada ajuizou reclamação trabalhista
pleiteando todas as verbas que dizia não terem sido pagas durante o vínculo
de emprego, tais como férias acrescidas de 1/3, 13° salário, complementação
de salário até o mínimo legal, aviso prévio, vale-transporte, multa por atraso no
pagamento das verbas rescisórias (art. 477 da CLT) e integração do salário in
natura, em razão das refeições concedidas no local de trabalho. A
empregadora, por sua vez, munida de documentos, contestou a ação,
apresentando os recibos de quitação das verbas trabalhistas reclamadas. O
juiz da 14a Vara de Trabalho de Curitiba (PR), analisando as provas dos autos,
negou os pedidos formulados pela empregada, condenando a empregadora
apenas a pagar o aviso prévio indenizado, já que houve dúvida quanto à
iniciativa da demissão, se da empregada ou da empregadora. Segundo o juiz, o
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRTC) apresentado pela
empregadora não era válido, pois não houve homologação por parte do
sindicato da categoria da empregada. A empregadora, insatisfeita com a
decisão, recorreu ao Tribunal Regional da 9a Região (Paraná), que reformou a
sentença quanto à necessidade de homologação. A empregada recorreu ao
TST, que manteve a decisão do Regional. Em seu voto, o ministro relator
Renato Paiva, esclareceu que "ante a ausência de previsão legal, não se exige
a homologação de rescisão contratual de domésticos perante o sindicato da
categoria, ainda que conte com mais de um ano de trabalho, consoante prevê o
§1º do artigo 477 da CLT, restando válido o documento subscrito pelas partes
que revela ter havido rescisão contratual decorrente de pedido de demissão".
(RR-19.612/2000-014-09-00.8)"
"Para o Juiz Jonas Santana de Brito, 3ª Turma do TRT da 2ª Região,
"Empregado doméstico também tem direito ao vale-transporte. A lei 7.418/85,
que criou o benefício, o estendeu a todos os trabalhadores, sem restrição, e o
doméstico é um trabalhador. O Decreto 95247/87 veio explicitar, de forma clara,
que esse direito é devido aos trabalhadores domésticos. A lei 7418/85 é
posterior à lei dos domésticos, 5.859, de 11 de dezembro de 1971, que não
vedou, e nem poderia, a criação de outros direitos a essa categoria de
trabalhadores. A Constituição Federal não negou esse benefício aos
domésticos, mesmo porque o caput do artigo 7º da Carta Magna dispõe que
outros direitos podem ser criados, além daqueles elencados no artigo citado".
(Proc. 02160200305802000, Ac. 20060428737) (fonte: Serviço de
Jurisprudência e Divulgação)"
"Doméstica que trabalha dois ou três dias por semana não é diarista – DOE
04/07/2006: Esse é o entendimento esposado pela Juíza Rosa Maria Zuccaro.
Segunda a relatora, "Doméstica que trabalha três vezes por semana, fazendo
serviços próprios de manutenção de uma residência, é empregada e não
trabalhadora eventual, pois a habitualidade caracteriza-se prontamente, na
medida em que seu trabalho é desenvolvido em dias alternados, verificando-se
uma intermitência no labor, mas não uma descontinuidade; logo, estando
plenamente caracterizada a habitualidade, subordinação, pagamento de salário
e pessoalidade, declara-se, sem muito esforço, o vínculo empregatício". (Proc.
00567200608602005, Ac. 20060441555). Do mesmo modo, o Juiz Sérgio Pinto
Martins, em recente julgado perante a 2ª Turma, decidiu que "O trabalho da
autora era feito toda semana, duas vezes por semana. Isso demonstra a
habitualidade na prestação de serviços, a continuidade do seu trabalho. A
habitualidade fica caracterizada pela prestação de serviços por 18 meses. A Lei
n.º 5.859/72 não dispõe quantas vezes por semana deve a trabalhadora prestar
serviços ao empregador para ser considerada empregada doméstica. A norma
legal não dispõe que se a trabalhadora prestar serviços duas vezes por
semana não é empregada doméstica". (Proc. 01433200500502006, Ac.
20060442047) (fonte: Serviço de Jurisprudência e Divulgação)"
"EMENTA Vínculo de emprego. Doméstico. Empregado que não vai trabalhar
em certo dia por sua conta indica que tem autonomia e não subordinação.
Vínculo doméstico não reconhecido."(TRT/SP - 01679200539102002 - RO - Ac.
2ªT 20060423212 - Rel. SÉRGIO PINTO MARTINS - DOE 27/06/2006"
"TST garante direito de empregada doméstica a férias proporcionais -
03/04/2007 A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho assegurou a
uma empregada doméstica o direito às férias proporcionais, em voto relatado
pelo juiz convocado Luiz Ronan Neves Koury. Segundo ele, "a Constituição
Federal, em seu parágrafo 7º, assegura ao empregado doméstico o direito às
férias anuais previstas no inciso XVII do mesmo artigo, não o excepcionando
do direito ao recebimento das férias proporcionais". A dona de casa recorreu ao
TST contra decisão do TRT da 1ª Região (Rio de Janeiro) que garantiu o direito
por aplicação subsidiária da CLT. No acórdão regional, o juiz relator salientou
que "embora a Lei nº 5.859/72 não preveja a proporcionalidade nas férias do
empregado doméstico, me filio à corrente jurisprudencial e doutrinária no
sentido de adotá-la por aplicação subsidiária da CLT". A lei citada regulamenta
a profissão de empregado doméstico. (RR 759.894/2001.3)"

6. Algumas questões práticas sobre domésticas e diaristas:


Trazemos, agora, algumas questões práticas que tratam das domésticas e
diaristas, visando uma análise mais dinâmica dos leitores, notadamente os que
não militam diretamente na área ou procuram algumas instruções para o dia a
dia. As questões práticas aqui colocadas decorrem de nossa análise e também
resultante de informações obtidas em órgãos e entidades da categoria tratada
neste capítulo e sites específicos.
A informalidade da relação de trabalho expõe tanto o empregador, como o
empregado a sérios riscos e transtornos desnecessários, como o de uma
eventual reclamação trabalhista.
A Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado doméstico deve ser
devidamente anotada, especificando-se as condições do contrato de trabalho
(data de admissão, salário ajustado e condições especiais, se houver), sendo
que a anotação deve obedecer o prazo legal estipulado para os demais
trabalhadores, ou seja, 48 horas, ressalvado que a data de admissão a ser
anotada corresponde à do primeiro dia de trabalho, mesmo em contrato de
experiência, percebendo mensalmente, ao menos, o salário mínimo nacional,
sem sofrer redução de salário. Vejamos decisão judicial:
"O salário mínimo não pode ser pago à empregada doméstica de forma
proporcional, mesmo se contratada para trabalhar cinco horas diárias por cinco
dias na semana. Assim decidiu, por unanimidade, a 5ª Câmara do Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região - Campinas/SP. Descontente por receber
salário mensal menor que o mínimo, a empregada doméstica entrou com
reclamação trabalhista na Vara do Trabalho de Tanabi, pedindo diferença
salarial. A sentença de 1º grau julgou procedente seu pedido e, por isso, seu
ex-patrão recorreu ao TRT. Em sua defesa, o empregador disse que o salário
pago era proporcional à jornada trabalhada. "Entendo que o salário mínimo não
podia ser pago à trabalhadora de forma proporcional, por se tratar de
empregada doméstica", fundamentou o Juiz Lorival Ferreira dos Santos, para
quem o recurso foi distribuído. Segundo o relator, não importa se a jornada de
trabalho é ou não inferior àquela prevista na Constituição Federal, pois ainda
não existe previsão legal para a jornada diária dos empregados domésticos.
Mas, caracterizado o vínculo de emprego doméstico, o salário mínimo não
pode ser pago de forma proporcional à jornada laborada, pois o salário mínimo
e a irredutibilidade salarial foram assegurados aos domésticos pela
Constituição Federal, concluiu o Juiz Lorival. (00427-2004-104-15-00-1 RO)"
Chamamos a atenção do leitor para o caso de perda da CTPS do trabalhador
doméstico ou não posto que os dados de Carteira de Trabalho perdida devem
ser transcritos. Os trabalhadores que precisam da segunda via da carteira de
trabalho devem solicitar ao empregador, para a devida transcrição, a cópia da
ficha de registro, carimbada e autenticada. É que a Previdência Social não
reconhece registros de empregos anteriores à data da emissão da carteira.
São válidos, desde 1º de julho de 1994, os registros empregatícios que se
encontram no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Para a
comprovação de vínculos que não constam no CNIS, vale o registro em
carteira.
Caso o trabalhador tenha períodos anteriores a 1994 e a empresa em que foi
empregado não exista mais, ele poderá solicitar ao INSS que processe uma
justificativa administrativa de tempo de serviço. Para que essa pesquisa seja
feita, é preciso que haja prova material e três testemunhas que confirmem a
relação de trabalho. A prova material pode ser um crachá, um contra-cheque,
uma ficha cadastral, qualquer material que comprove a ligação do empregado
com a empresa.
É também é prudente ao empregador doméstico obter do empregado
doméstico os respectivos recibos de pagamento e bem guardá-los para não ser
surpreendido com processo trabalhista que poderá sofrer a seguinte
interpretação:
"30/03/2006 - Sem recibo, patroa não comprova pagamento a doméstica
(Notícias TRT - 2ª Região): Para relator, testemunha não é suficiente. De
acordo com a 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-
SP), todo pagamento que se faz ao empregado, inclusive o doméstico, deve
ser efetuado contra recibo. Este entendimento foi aplicado no julgamento do
Recurso Ordinário de uma patroa, condenada a pagar verbas rescisórias a uma
ex-empregada. A doméstica ingressou com processo na 79ª Vara do Trabalho
de São Paulo, reclamando que não recebeu os títulos decorrentes de sua
demissão sem justa causa. A ex-patroa, em sua defesa, sustentou que já pago
corretamente e no prazo legal todas as verbas devidas à reclamante. Por
entender que mantinha "relação de confiança" com a doméstica, ela não
registrou tais pagamentos em recibos. Para comprovar a quitação das
obrigações trabalhistas, a empregadora apresentou uma testemunha em
audiência. O juiz da vara não aceitou o depoimento como evidência do
pagamento e julgou procedente o pedido da reclamante. Inconformada com a
sentença, a ex-patroa recorreu ao TRT-SP alegando "cerceamento de defesa".
Segundo o juiz Rovirso Aparecido Boldo, relator do recurso no tribunal,
"qualquer pagamento que se faça ao empregado, inclusive o doméstico, deve
obedecer ao disposto na CLT, art. 464, caput", ou seja, "contra recibo, assinado
pelo empregado. Em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão
digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo". Para o relator, "é muito
cômodo ao empregador alegar a existência de "relação de confiança" para se
eximir da obrigação imposta por lei". "Não há prova do pagamento das verbas
contratuais e legais. Ratifica-se a decisão de primeiro grau", decidiu ele. Por
maioria de votos, os juízes da turma acompanharam o juiz Rovirso Boldo,
condenando a ex-patroa a pagar todas as verbas rescisórias à reclamante. RO
02656.2002.079.02.00-4"
O décimo terceiro salário será concedido anualmente, em duas parcelas. A
primeira, entre os meses de fevereiro e novembro, no valor correspondente à
metade do salário do mês anterior, e a segunda, até o dia 20 de dezembro, no
valor da remuneração de dezembro, descontado o adiantamento feito.
Se o empregado quiser receber o adiantamento, por ocasião das férias, deverá
requerer no mês de janeiro do ano correspondente. Terá direito ao repouso
semanal remunerado, preferencialmente aos domingos e férias de 30 dias
remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais que o salário normal, após cada
período de 12 meses de serviço prestado à mesma pessoa ou família, contado
da data da admissão.
Tal período, fixado a critério do empregador, deverá ser concedido nos 12
meses subseqüentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito,
podendo requerer a conversão de 1/3 do valor das férias em abono pecuniário
(transformar em dinheiro 1/3 das férias), desde que requeira até 15 dias antes
do término do período aquisitivo.
O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 dias antes do
início do respectivo período de gozo e eventuais férias proporcionais serão
pagas no termino do contrato, exceto se decorrente de demissão com justa
causa, embora a jurisprudência esteja vacilante neste tema. Lembramos que
na demissão com justa causa o doméstico receberá apenas saldo de salários e
férias vencidas.
Faz jus à licença maternidade, ou seja sem prejuízo do emprego e do salário,
com duração de 120 dias. O salário-maternidade será pago diretamente pela
Previdência Social à empregada doméstica, em valor correspondente ao do
seu último salário-de-contribuição, que não será inferior ao salário-mínimo e
nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição para a Previdência
Social.
Ressalte-se que o empregador doméstico deve observar legislação
previdenciárias, pois a filiação ao RGPS se dá quando o patrão assina a
carteira profissional de seu empregado. A lei 5.859, de 11 de dezembro de
1972, representou o reconhecimento profissional para os trabalhadores
domésticos, exigindo a assinatura da carteira de trabalho, garantindo o direito à
aposentadoria.
Mais tarde, a Constituição de 1988 assegurou à categoria outras garantias
trabalhistas, como férias, 13º salário e descanso semanal. Contudo, embora a
profissão esteja legalmente protegida, ainda existem entraves no
relacionamento entre patrões e empregados domésticos. A legislação protege
ambos.
Portanto, cada uma deve observar os aspectos legais e evitar aborrecimentos
futuros. Segundo a legislação previdenciária, o patrão é obrigado a promover o
desconto da contribuição previdenciária devida pelo empregado doméstico e a
recolhê-la, juntamente com a sua parcela da contribuição, até o 15º dia do mês
subseqüente ao da competência. O valor da contribuição patronal é de 12%
(doze por cento) do valor do salário ajustado. Este percentual incidirá também
sobre o pagamento de férias e 13º salário. A contribuição do empregado é de
7,65%, que deve ser descontada do salário.
Quando ocorrer a demissão do empregado doméstico, as contribuições
devidas até a data da quitação (férias, 13º salário e saldo de salários) serão
recolhidas de imediato, a fim de possibilitar a pronta devolução do carnê ao
empregado.
Ao contratar um empregado doméstico, seja qual for a atividade, cozinheiro,
babá, arrumadeira ou jardineiro, por exemplo, o patrão deve estar ciente de
que o trabalhador não pode exercer outra atividade que descaracterize a
relação. Ou seja, o empregado doméstico não pode exercer atividade na
residência e na empresa do empregador, ao mesmo tempo (trabalho
concomitante).
O que caracteriza o trabalho doméstico é o objetivo não econômico das
atividades exercidas. Assim, o empregado que trabalha em sítios ou casas de
campo só é doméstico quando não há qualquer finalidade lucrativa em suas
atividades.
Todo trabalhador doméstico filiado ao Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) tem direito à aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição,
auxílio-doença, salário-maternidade. Do mesmo modo, os dependentes do
empregado doméstico têm direito à pensão por morte e ao auxílio-reclusão. A
filiação ao RGPS se dá quando o patrão assina a carteira de trabalho ou
quando o trabalhador doméstico, na qualidade de contribuinte individual,
recolhe a primeira contribuição.
O salário-maternidade é devido à empregada doméstica, independentemente
de carência, isto é, com qualquer tempo de serviço. O início do afastamento do
trabalho é determinado por atestado médico fornecido pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) ou por médico particular. Poderá ser requerido no período entre
28 dias antes do parto e a data de sua ocorrência. Em caso de parto
antecipado, a segurada terá direito aos 120 dias.
A licença-gestante também será devida à segurada que adotar ou obtiver
guarda judicial para fins de adoção, nos seguintes termos:
Criança até 1 ano (120 dias);
De 1 a 4 anos (60 dias); e
De 4 a 8 anos (30 dias).
Para requerer o benefício, a doméstica gestante deverá apresentar, em uma
Agência da Previdência Social – APS, o atestado médico declarando o mês da
gestação, a Carteira de Trabalho e o comprovante de recolhimento da
contribuição previdenciária.
O requerimento do salário-maternidade também poderá ser efetuado pela
internet (www.previdenciasocial.gov.br), em qualquer de suas hipóteses: parto,
adoção ou guarda judicial.
Caso o requerimento seja feito pela internet, o mesmo deverá ser impresso e
assinado pela empregada doméstica e deverá ser encaminhado pelos Correios
ou entregue na Agência da Previdência Social – APS com cópia do CPF da
requerente e com o atestado médico original ou cópia autenticada da Certidão
de Nascimento da criança.
No período de salário-maternidade da segurada empregada doméstica, caberá
ao empregador recolher apenas a parcela da contribuição a seu encargo,
sendo que a parcela devida pela empregada doméstica será descontada pelo
INSS no benefício.
A dispensa da doméstica gestante importa o pagamento, por parte do
empregador, de indenização equivalente ao salário-maternidade (120 dias).
Ao doméstico do sexo masculino, que se torna pai, é garantida a Licença-
paternidade de 5 dias corridos, a contar da data do nascimento do filho.
Também faz jus o doméstico ao auxílio-doença que será pago pelo INSS a
partir do primeiro dia de afastamento.
Este benefício deverá ser requerido, no máximo, até 30 dias do início da
incapacidade. Caso o requerimento seja feito após o 30º dia do afastamento da
atividade, o auxílio-doença só será concedido a contar da data de entrada do
requerimento.
Em caso de desligamento do emprego, exceto demissão com justa causa,
empregado(demissão sem justa causa) ou empregador(pedido de demissão),
farão jus ao aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias.
O pedido de dispensa do cumprimento do aviso prévio não exime o
empregador de pagar o valor respectivo, salvo comprovação de haver o
prestador dos serviços obtido novo emprego.
O pagamento rescisório a que fizer jus o empregado deverá ser efetuado em
dinheiro ou cheque administrativo, conforme acordem as partes, salvo se o
empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em
dinheiro.
São dispensadas a assistência e a homologação à rescisão contratual do
empregado doméstico, mesmo no caso do optante, para fins de recebimento
do FGTS e do Seguro-Desemprego. Há decisão recente do TST sobre o tema
como podemos demonstrar:
"26/06/2006 - Rescisão de doméstica dispensa homologação no sindicato
(Notícias TST): O termo de rescisão de contrato de trabalho de empregada
doméstica não precisa ser homologado no sindicato da categoria. A decisão é
da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho que, por unanimidade,
acompanhou o voto do ministro Renato de Lacerda Paiva, relator do processo.
A empregada doméstica foi contratada para trabalhar em uma casa de família
em 1989 e permaneceu no emprego por 11 anos, até ser demitida, sem justa
causa, em 2000. Alegou que recebia salário de R$ 48,00, ou seja, menos que o
salário mínimo legal de R$ 136,00, vigente à época em que foi dispensada do
emprego. Logo após a dispensa, a empregada ajuizou reclamação trabalhista
pleiteando todas as verbas que dizia não terem sido pagas durante o vínculo
de emprego, tais como férias acrescidas de 1/3, 13° salário, complementação
de salário até o mínimo legal, aviso prévio, vale-transporte, multa por atraso no
pagamento das verbas rescisórias (art. 477 da CLT) e integração do salário in
natura, em razão das refeições concedidas no local de trabalho. A
empregadora, por sua vez, munida de documentos, contestou a ação,
apresentando os recibos de quitação das verbas trabalhistas reclamadas. O
juiz da 14a Vara de Trabalho de Curitiba (PR), analisando as provas dos autos,
negou os pedidos formulados pela empregada, condenando a empregadora
apenas a pagar o aviso prévio indenizado, já que houve dúvida quanto à
iniciativa da demissão, se da empregada ou da empregadora. Segundo o juiz, o
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRTC) apresentado pela
empregadora não era válido, pois não houve homologação por parte do
sindicato da categoria da empregada. A empregadora, insatisfeita com a
decisão, recorreu ao Tribunal Regional da 9a Região (Paraná), que reformou a
sentença quanto à necessidade de homologação. A empregada recorreu ao
TST, que manteve a decisão do Regional. Em seu voto, o ministro relator
Renato Paiva, esclareceu que "ante a ausência de previsão legal, não se exige
a homologação de rescisão contratual de domésticos perante o sindicato da
categoria, ainda que conte com mais de um ano de trabalho, consoante prevê o
§1º do artigo 477 da CLT, restando válido o documento subscrito pelas partes
que revela ter havido rescisão contratual decorrente de pedido de demissão".
(RR-19.612/2000-014-09-00.8)."
Faz jus o doméstico ao benefício previdenciário da aposentadoria. No caso da
aposentadoria por invalidez, com carência de 12 contribuições mensais, ainda
dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame
médico-pericial a cargo do INSS e será devida a contar da data do início da
incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas
decorrerem mais de 30 dias e será automaticamente cancelada quando o
aposentado retornar ao trabalho.
Receberá, também o vale-transporte quando da utilização de meios de
transporte coletivo urbano, intermunicipal ou interestadual com características
semelhantes ao urbano, para deslocamento residência/trabalho e vice-versa.
Para tanto, o empregado deverá declarar a quantidade de vales necessária
para o efetivo deslocamento. Vejamos decisão judicial sobre o tema:
"Doméstico também tem direito ao vale-transporte – DOE 11/07/2006
Para o Juiz Jonas Santana de Brito, 3ª Turma do TRT da 2ª Região,
"Empregado doméstico também tem direito ao vale-transporte. A lei 7.418/85,
que criou o benefício, o estendeu a todos os trabalhadores, sem restrição, e o
doméstico é um trabalhador. O Decreto 95247/87 veio explicitar, de forma clara,
que esse direito é devido aos trabalhadores domésticos. A lei 7418/85 é
posterior à lei dos domésticos, 5.859, de 11 de dezembro de 1971, que não
vedou, e nem poderia, a criação de outros direitos a essa categoria de
trabalhadores. A Constituição Federal não negou esse benefício aos
domésticos, mesmo porque o caput do artigo 7º da Carta Magna dispõe que
outros direitos podem ser criados, além daqueles elencados no artigo citado".
(Proc. 02160200305802000, Ac. 20060428737) (fonte: Serviço de
Jurisprudência e Divulgação)"
O empregador poderá descontar dos salários do empregado doméstico as
faltas ao serviço, não justificadas ou que não foram previamente autorizadas;
até 6% do salário contratado, limitado ao montante de vales-transporte
recebidos; os adiantamentos concedidos mediante recibo; contribuição
previdenciária, de acordo com o salário recebido, sendo que o uniforme e
outros acessórios concedidos pelo empregador e usados no local de trabalho
não poderão ser descontados. Há sempre as possíveis exceções como se
pode demonstrar:
"17/05/2006 - Patroa que paga dívida feita pela empregada, tem desconto
(Notícias TRT - 2ª Região): O pagamento de dívida da empregada, pela patroa,
pode ser debitado do valor da dívida trabalhista, ainda mais se a própria
empregada reconhece o favor. Com este entendimento, os juizes da 6ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), determinaram o
desconto na dívida rescisória a ser paga pela patroa, de valor usado para quitar
compra de produtos da "Avon" para a empregada. Após ser condenada pela
33ª Vara do Trabalho de São Paulo, a reconhecer o vínculo empregatício e
pagar verbas previdênciárias e rescisórias, a patroa recorreu ao Tribunal,
solicitando reforma da sentença e abatimento no valor devido, de 140 reais
referentes a produtos de beleza que ela pagou para a ex-empregada, e que
não haviam sido incluídos no cálculo feito pela Vara. Para o juiz Rafael Edson
Pugliese Ribeiro, relator do recurso no Tribunal, tanto o registro em carteira,
quanto as verbas previdenciárias, são obrigações da patroa, assim como o
pagamento das rescisórias. No entanto, uma vez que a própria empregada
concordou que a patroa havia quitado dívida sua com a "Avon", o juiz
compreendeu que o valor deveria ser abatido na quitação. Em seu voto, o juiz
Rafael Pugliese esclareceu que," ao acolher o pagamento de dívida da autora
como forma lícita de pagamento das verbas rescisórias - conforme autorização
da autora - o valor dessa dívida deve ser considerado como pagamento". O juiz
Rafael observou que o valor do título pago não havia sido incluido nos cálculos,
e determinou que a patroa deveria subtrair da dívida pendente o pagamento à
"Avon". Por unanimidade, os juízes da 6ª Turma acompanharam o relator. Proc.
TRT/SP Nº: 01091.2005.033.02.00-3"
Como já afirmamos, o empregador doméstico contribui com 12% do salário
contratual. Essas contribuições incidirão também sobre os pagamentos
relativos a 13º salário, férias e respectivo 1/3 constitucional, exceto férias
indenizadas e 1/3 indenizado na rescisão contratual. O recolhimento à
previdência social é de responsabilidade do empregador doméstico e deverá
ser feito até o dia 15 do mês seguinte àquele a que a contribuição se refira. O
TRT de São Paulo, considerou ato ilícito o não recolhimento pelo empregador
da contribuição do empregado doméstico. Vejamos:
"TRT-SP: patroa que atrasa INSS deve indenizar doméstica: Para a 9ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), o empregador
doméstico que atrasa o recolhimento da contribuição previdenciária de seu
empregado comete ato ilícito. Com base neste entendimento, os juízes da
turma condenaram uma patroa a indenizar sua ex-empregada que, em razão
de inadimplência com a autarquia, não conseguiu receber benefício do INSS. A
doméstica foi contratada para trabalhar na residência da ex-patroa em
setembro de 2003. Um ano depois, em virtude de doença, ela se afastou do
trabalho e entrou com pedido de auxílio-doença no INSS. O benefício foi
indeferido "por não ter sido comprovada a carência de 12 contribuições
mensais". Ou seja, a empregadora não havia recolhido as parcelas devidas no
período, inclusive aquelas descontadas do salário da empregada. A
trabalhadora entrou com ação na 22ª Vara do Trabalho de São Paulo,
reclamando indenização equivalente ao benefício que lhe fora negado. Como a
vara acolheu o pedido, a ex-patroa recorreu ao TRT-SP sustentando que não
tem responsabilidade pela não concessão do auxílio-doença, pois a doméstica
já havia contribuído anteriormente para o INSS, e que pagou em dia o
recolhimento referente a setembro de 2004. De acordo com a juíza Jane
Granzoto Torres da Silva, "é o empregador doméstico integralmente
responsável pela arrecadação e pelos recolhimentos das contribuições
previdenciárias de seus empregados, consoante expressamente prevê o artigo
30, da Lei 8212/91". Para a relatora, "o empregador doméstico, que em total
violação à legislação previdenciária, deixa de recolher a tempo as contribuições
respectivas, comete ato ilícito. Nesse contexto, tendo a reclamante sofrido
prejuízo em razão de procedimento irregular da ré, merece ser reparada na
forma estabelecida pelo artigo 186, do Código Civil de 2002". Por unanimidade,
a 9ª Turma acompanhou o voto da relatora, condenando a ex-patroa ao
pagamento da indenização correspondente ao auxílio-doença e 13º salário, de
outubro de 2004 a junho de 2005, com juros e correção monetária. RO
01392.2005.022.02.00-3 Fonte: TRT-SP-Origem: Notícias Data: 25/11/2005"
Embora não previsto em lei, alguns Tribunais admitem que o empregado
doméstico poderá ser contratado em caráter experimental, de modo a que suas
aptidões possam ser melhor avaliadas. Neste caso, e por cautela, o contrato de
experiência deverá ser anotado na CTPS do empregado e recomenda-se que
seja firmado por escrito entre as partes, podendo ser prorrogado uma única
vez, desde que a soma desses períodos não exceda 90 (noventa) dias, ou
seja, são os mesmo critérios para o trabalhador não doméstico.
O empregado que trabalha em sítios ou casas de campo utilizados
especificamente para fins de lazer, sem nenhuma finalidade lucrativa, e onde
não se vende nenhum produto, seja ele hortifrutigranjeiro ou de qualquer outra
espécie, será, para todos os efeitos legais, considerado empregado doméstico,
exceto se trabalhar apenas e no máximo dois dias por semana, já que nessa
condição, como já dissemos deverá ser considerado diarista pelo Judiciário, em
tese. Vejamos posicionamento judicial:
"29/09/2005 - TRT-SP: patrão não precisa recolher contribuição previdenciária
de diarista (Notícias TRT - 2ª Região): Para a 9ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), o empregador não precisa recolher a
contribuição de sua diarista para a previdência social. O entendimento da turma
foi aplicado no julgamento de Recurso Ordinário do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, que cobrava o pagamento da contribuição sobre acordo
firmado, na 1ª Vara do Trabalho de Santo André (SP), entre uma patroa e sua
faxineira. O INSS recorreu ao TRT-SP sustentando que a falta da contribuição
previdenciária sobre o total do valor previsto no acordo trabalhista, configuraria
"flagrante indício de evasão fiscal". Para a autarquia, o recolhimento é devido
pois as verbas do acerto "dizem respeito ao pagamento de parcelas salariais
remuneratórias". De acordo com o juiz José Carlos Fogaça, relator do recurso
no tribunal, "o valor decorrente de trabalho resulta em indispensável
recolhimento de contribuição em favor da Previdência Social,
independentemente da formação de relação de emprego através de acordo
judicial, quando prestado a empresas e equiparados". Para o relator, contudo,
"o tomador de serviço doméstico não detém a obrigação de recolher INSS
sobre o valor pago a autônomo ou eventual, pois não detém a natureza jurídica
de empresa ou empregador doméstico". "A celebração de acordo, sem vínculo
de emprego com faxineira, jardineiro ou outros prestadores de serviços
domésticos, não gera a obrigação de recolher contribuição em favor do INSS",
decidiu. Por unanimidade, os juízes da 9ª Turma acompanharam o voto do juiz
Fogaça, isentando a patroa e sua ex-faxineira do pagamento de contribuição
previdenciária. RO 02603.2002.431.02.00-6"
"28/04/2006 - TST: decisões mostram distinção entre diarista e doméstica
(Notícias TST): Processos nos quais trabalhadores diaristas - faxineiras,
jardineiros, passadeiras - buscam na Justiça do Trabalho o reconhecimento do
vínculo de emprego e os direitos trabalhistas daí decorrentes têm se tornado
freqüentes no Tribunal Superior do Trabalho. Embora o tema ainda não seja
objeto de súmula ou de orientação jurisprudencial das seções especializadas,
as decisões têm apontado claramente no sentido de estabelecer distinções
entre o trabalhador doméstico e os diaristas, e também entre os diaristas que
trabalham em residência e os que prestam serviços para empresas. "Os
critérios básicos estão previstos na Lei nº 5.859/1972", explica o ministro
Carlos Alberto Reis de Paula, integrante da Comissão de Jurisprudência do
TST. Trata-se da lei que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico -
definido, em seu artigo 1º, como "aquele que presta serviços de natureza
contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas". As questões principais que têm sido analisadas no TST em
processos envolvendo diaristas são os conceitos de "natureza contínua" e
"finalidade não-lucrativa". O conceito de natureza contínua do trabalho é
diferente daquele de "não-eventualidade" exigido no artigo 3º da CLT para a
caracterização da relação de emprego. "A continuidade pressupõe ausência de
interrupção, de forma que o trabalho se desenvolva de maneira expressiva ao
longo da semana", explica o ministro Carlos Alberto, já a não-eventualidade
define serviços que se inserem nos fins normais das atividades de uma
empresa. Com base nessa interpretação, a empregada diarista que presta
serviço numa residência apenas em alguns dias da semana, recebendo por
dia, não se enquadra no critério do trabalho de natureza contínua. "Na
ausência de uma definição precisa do que seriam "alguns dias", os juízes do
Trabalho têm considerado que a prestação de serviço em um ou dois dias
exclui o critério de continuidade, enquanto que os que trabalham mais de três
costumam tê-la reconhecida", diz o ministro. "É um critério razoável, tendo em
vista que a semana útil tem cinco ou seis dias." Uma argumentação comum
nas reclamações trabalhistas desse tipo é a de que, muitas vezes, a diarista,
embora trabalhe apenas um ou dois dias na semana, mantém a relação ao
longo de muitos anos. "A longa duração não altera a natureza do trabalho",
observa o ministro Carlos Alberto. O ministro Ives Gandra Martins Filho, relator
de um processo no qual foi negado reconhecimento de vínculo a um jardineiro
que trabalhava duas ou três manhãs por semana numa residência, definiu em
seu voto a situação. "O diarista presta serviços e recebe no mesmo dia a
remuneração, geralmente superior àquilo que receberia se trabalhasse
continuamente para o mesmo empregador, pois nela estão englobados e pagos
diretamente ao trabalhador os encargos sociais que seriam recolhidos a
terceiros", afirmou o ministro Ives. "Se não quiser mais prestar serviços para
este ou aquele tomador, não precisará avisá-lo com antecedência ou submeter-
se a nenhuma formalidade, já que é de sua conveniência, pela flexibilidade de
que goza, não manter um vínculo estável e permanente com um único
empregador, pois mantém variadas fontes de renda provenientes de vários
postos de serviços que mantém." É neste sentido que tem se inclinado a
jurisprudência do Tribunal nas diversas decisões em que negou o
reconhecimento do vínculo de emprego a diaristas que trabalhavam em casas
de família. Cabe ressaltar que o termo "diarista" não se aplica apenas a
faxineiras e passadeiras, (modalidades mais comuns dessa prestação de
serviço). Ela abrange também jardineiros, babás, cozinheiras, tratadores de
piscina, pessoas encarregadas de acompanhar e cuidar de idosos ou doentes
e mesmo as "folguistas" - que cobrem as folgas semanais das empregadas
domésticas. Uma vez que o serviço se dê apenas em alguns dias da semana,
trata-se de serviço autônomo, e não de empregado doméstico - não se
aplicando, portanto, os direitos trabalhistas garantidos a estes, como 13º
salário, férias, abono de férias, repouso remunerado e aviso-prévio, entre
outros previstos na Constituição Federal. Quando se trata de diarista que
trabalha para uma empresa, porém, o entendimento é outro - e aqui se aplica a
segunda expressão-chave da Lei nº 5.859/1972, a "finalidade não lucrativa"
que diferencia uma residência de um escritório comercial. por exemplo. Em
processo julgado em dezembro de 2004, a Subseção 1 Especializada em
Dissídios Individuais do TST - que tem como atribuição unificar a jurisprudência
das Turmas do Tribunal -, a faxineira do escritório de uma empresa comercial
teve o vínculo de emprego reconhecido, ainda que trabalhasse apenas um dia
na semana. Para o relator do processo, ministro João Oreste Dalazen, "se o
serviço é efetuado dentro das necessidades da empresa, com subordinação e
dependência econômica, pouco importa se a sua prestação se dá em período
alternado ou descontínuo". Os critérios que prevalecem, no caso, são os
definidos no artigo 3º da CLT, que considera empregado "toda pessoa física
que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário". A natureza não eventual se define pela
relação entre o trabalho prestado e a atividade da empresa. "Em se tratando de
serviço de limpeza exercido no âmbito da empresa, este deve ser considerado
parte integrante dos fins da atividade econômica (e, por conseguinte, não-
eventual), pois qualquer estabelecimento comercial deve ser apresentado em
boas condições higiênicas", explica o ministro Dalazen."
Vejamos recentes informações do próprio sindicato da categoria doméstica de
São Paulo que funciona como uma agência de empregos, de muita utilidade
para a categoria:
"Domésticas e patroas agora têm agência de emprego-Mariana Sallowicz:
A diferença é que as domésticas não pagam nada para o sindicato. Já as
patroas têm de desembolsar uma taxa de 10% do primeiro salário da
funcionária. Domésticas desempregadas que não sabem onde procurar uma
vaga de emprego e patroas que têm dificuldade em encontrar alguém para
tomar conta de seus lares. Na tentativa de resolver esse problema, o Sindicato
das Domésticas de São Paulo inaugurou um departamento de recolocação
profissional que oferece ajuda para patroas e trabalhadoras. Enquanto a
empregada deixa o currículo, a patroa também pode fazer uma ficha de
cadastro e selecionar uma "secretária do lar" entre três candidatas. A diferença
é que a entidade não cobra nada da doméstica. Já a patroa tem de pagar uma
taxa de 10% do primeiro salário da doméstica para o sindicato. "Tem muita
desempregada que vem aqui atrás de uma chance e, ao mesmo tempo,
pessoas procurando domésticas. Por isso, montamos esse serviço", conta
Emerenciana Lúcia de Oliveira, presidente do sindicato. O processo seletivo
funciona da seguinte forma: a patroa traça o perfil de quem está precisando,
depois o sindicato localiza três trabalhadoras nas fichas. Em seguida, há uma
entrevista com três candidatas à vaga, a patroa e uma sindicalista. A jornalista
Ana Cristina Milano Franco, de 34 anos, foi ao sindicato na sexta-feira disposta
a contratar uma doméstica. "Preciso de alguém que possa, eventualmente,
dormir em casa porque tenho uma filha de sete anos e trabalho até tarde",
explica. Na semana que vem, ela fará entrevista com três candidatas. "Fico
preocupada em colocar qualquer pessoa em casa. Aqui, todas as domésticas
têm carta de referência, o que é muito importante", ressalta. Para as
domésticas também há garantias. "A intenção é de que elas saiam daqui com a
situação regularizada. Ou seja, com registro na carteira de trabalho e direitos
garantidos", detalha a presidente do sindicato. Lúcia conta que apenas uma em
cada 10 domésticas tem registro. "É uma situação que precisamos mudar
urgentemente", afirma. Currículos no banco de dados já são mais de 100
currículos entre babás, domésticas, copeiras, cozinheiras e, até mesmo,
governantas. As candidatas informam o horário e o salário pretendido. "No
entanto, ainda tem poucos cadastros das patroas, mas deve aumentar nos
próximos meses", diz Lúcia. A desempregada Celeste Nery da Rocha, de 33
anos, foi ao sindicato preencher uma ficha de emprego. Sem ocupação há um
mês, ela conta que nas agências tem de pagar para concorrer a uma vaga. "É
complicado porque mal consigo dar conta do aluguel". Enquanto não é
recolocada, ela trabalha fazendo bicos. "Vendo kits de uns produtos, mas o
dinheiro é pouco e muita gente não paga direito", lamenta. A situação de Maria
de Fátima Silva, de 42 anos, é semelhante. "Estou acumulando os boletos de
conta para pagar em casa", detalha Maria, que está desempregada há dois
meses. No último emprego, Maria se dava bem com os patrões, mas por
dificuldades financeiras deles foi dispensada. "Agora tenho de correr atrás de
algo. Já mandei vários currículos e pedi para as minhas amigas me indicarem,
mas ainda não tive resposta", revela. Para concorrer a uma oportunidade, a
candidata deve levar uma carta de referência, RG, carteira de trabalho e CPF.
O sindicato fica na Rua Margarida, 298, próxima ao metrô da Barra Funda, na
Capital de São Paulo"
O contribuinte que paga a previdência social do empregado doméstico já pôde
em 2007(ano-base 2006), descontar o valor na Declaração do Imposto de
Renda o que deve perdurar nos exercícios posteriores se não ocorrer alteração
na legislação que trata do tema. Esta foi a principal novidade nas regras para a
declaração, cujo prazo de entrega foi de 1º de março a 30 de abril de 2007.
Ao informar à Receita Federal tudo o que obteve de rendimentos em 2006, o
cidadão pôde abater R$ 522,00 relativos aos gastos com a previdência da
doméstica. Este valor corresponde ao desconto anual do INSS calculado sobre
o salário mínimo vigente na época.
Quem pagou férias à doméstica até abril de 2006, pôde descontar, além dos
R$ 522,00, mais R$ 12,00. Esse valor subia para R$ 14,00 no caso do patrão
que deu férias a seu empregado entre maio e dezembro. Para ter o direito de
abater gastos com o INSS do empregado, o contribuinte teve que informar, na
declaração do imposto de renda, o nome do doméstico, a inscrição dele na
Previdência Social e o valor pago ao INSS. A expectativa é que as regras
sejam mantidas.
Esta foi uma maneira que o governo encontrou para estimular as pessoas a
assinar a carteira e garantir a aposentadoria da doméstica.
É sempre bom lembrar que a relação doméstica também acaba por bater às
portas da Justiça do Trabalho e não raro, deparam-se as partes com o
problema da execução, ou seja, do recebimento dos valores pois
evidentemente o patrão doméstico não se equipara a um empregador
empresarial. Não sendo paga a dívida executada, parte-se para a penhora de
bens. Se infrutífera a penhora "on line" o que penhorar na residência do
empregador. Pois uma recente decisão judicial afirmou que até os bens
impenhoráveis por força de lei, passam a ser penhoráveis na execução de um
processo movido por doméstico. Veja-se:
"Bem de família perde impenhorabilidade quando o valor em execução é
relativo a créditos de trabalhadores domésticos – DOE 03/05/2007: Segundo o
Juiz Carlos Francisco Berardo em acórdão unânime da 11ª Turma do TRT da 2ª
Região: "O legislador exclui a impenhorabilidade, quando o valor em execução
diz respeito a créditos de trabalhadores da própria residência. Art. 3º, inciso I,
da Lei 8.009/90." (Proc. 00146200609002003 – Ac. 20070285700) (fonte:
Serviço de Jurisprudência e Divulgação)"
Com essas pincelas desejamos que o tema seja objeto do mais amplo
debate para que não se misturem os conceitos de continuidade e
eventualidade de forma a tornar direitos de um empregado doméstico,
extensivos à prestadora de serviços eventuais como o caso da diarista e que
também seja de elevada valia as informações de caráter prático incluídas neste
trabalho.

S-ar putea să vă placă și