Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Primeiramente, gostaria de dizer que não estou gostando do tom do debate. Pela segunda
vez o sr. se coloca como um interlocutor que age mais pela emoção do que pela razão. Sou
economista e debato idéias e não pessoas. O sr. recorrentemente procura apontar os erros
alheios, mas simplesmente ignora os erros por você cometidos. Cito alguns exemplos mais
recentes: durante o debate o sr. afirmou que o volume aplicado na poupança estava caindo!
Bom, durante a minha apresentação, mostrei que o sr. estava errado. Mais ainda, como pode
um economista-chefe não se preocupar em levantar os dados de algo que vai debater?
Acrescenta-se que os erros apontados pelo sr. são de segunda ordem. O sr. não colocou
nenhum contra-argumento fundamental à tese por mim defendida no seminário, ou seja
sobre a questão das LFTs. E os argumentos colocados, são bastante simplistas. Discutirei na
seqüência. O segundo ponto que coloco, é que a proposta apresentada pelo sr. é ridícula,
amadora, ingênua e sem base nos dados. Faça as contas como o sr. quiser, mas apresente
uma abordagem de economista, séria e que de fato funcione, que seja capaz de defender de
forma honesta a sua tese. Fico espantado em perceber que você não conhece questões
referentes à taxa de administração dos fundos de investimento. Assim, proponho um
desafio: apresente de forma séria, sem “contas de padaria” o seu argumento sobre as taxas
de administração dos fundos de investimento. Demonstre e defenda o seu argumento.
Esforce-se! Faça o vínculo da taxa de administração dos fundos com a questão da política
monetária. Além disso, sugiro relacionar os dados referentes ao volume de recursos
aplicados com a respectiva taxa de administração. Responda a seguinte questão: se as taxas
de administração, por hipótese, forem zero, poderá o Banco Central reduzir a Selic abaixo
de 9% a.a? Peço, ainda, que o sr. seja ético. Já que o sr. se coloca como meu interlocutor, já
que o sr. está disposto a debater sobre o assunto, então quando eu enviar um comentário, dê
o devido destaque. Em questões econômicas, a força do argumento é mais relevante do que
a propaganda. Afinal, percebo que o sr. está desesperado por um debate. Verifico isso pela
quantidade exagerada de “publicações” no portal, muitas delas com erros grotescos de
digitação. Ou seja, o sr. escreve e nem se dá ao trabalho de reler o que escreveu. Por uma
questão de educação e respeito ao leitor, sugiro também que o sr. pare de escrever em caixa
alta. Soa como uma gritaria. Se o seu argumento for pertinente, bem estruturado e coerente,
lhe asseguro que as pessoas lhe darão o crédito. Eu inclusive! Dito isso, faço uma questão
de ordem. O fórum de debate não é o seu portal! Sendo assim, de antemão afirmo que está é
a última vez que escreverei ao portal Alternativa Brasil . De qualquer modo, vou responder
as questões levantadas. E darei por encerrado o debate. Obviamente, em um novo
seminário, o sr. poderá contra-argumentar os meus argumentos.
Quando o sr. discursa sobre a questão das LFTs, mostra profundo desconhecimento sobre o
tema, o que, na minha opinião, é falta grave para quem é economista-chefe de corretora.
Vamos aos aspectos técnicos. Volpon disse que:“não existe LFTs de qualquer tipo. Existe
LTNs de curto prazo, de fato, com o mesmo prazo que a poupança”. Ora, sr. volpon, esta
afirmação é um absurdo! O sr. está querendo reduzir o prazo de maturidade da dívida
pública? LTN de curto-prazo, com vencimento com prazo similar ao da poupança? Sr.
Volpon, o prazo de maturidade da dívida pública brasileira é de 42,22 meses, conforme
dados da Secretaria do Tesouro Nacional, e não de um mês! O prazo médio das LFTs é de
30,68 meses, das LTNs 7,66 meses, enquanto que as NTN-Bs possuem prazo médio de
64,24 meses. Alongar os prazos da dívida pública utilizando títulos pré-fixados e indexados
à inflação é a recomendação de nove entre dez analistas econômicos, conforme trabalho de
Missale e Giavazzi (2003). Será que “o economista n.º 10” é o sr. Volpon? Destaco, ainda,
que a forte concentração da dívida pública em títulos pós-fixados é percebida pelos agentes
como um fator de risco para a dinâmica da dívida pública. Acrescenta-se que a composição
da dívida pública, apresenta as seguintes características: (i) 16,61% da dívida é constituída
de LTNs, 36,56% LFTs, 24,84% NTN-B, 13,47% NTN-F, para citar os títulos mais
relevantes. Verifica-se, portanto, a relevância das Letras Financeiras do Tesouro na
composição da dívida pública e, conseqüentemente, a importância do denominado efeito
contágio da política monetária pela dívida pública. Segundo Pastore (1995), em um
contexto de restrição de liquidez, a parcela da dívida pública atrelada à taxa Selic (ou seja,
LFT) gera efeito renda – tal como eu mencionei no seminário. Esse efeito contágio pode ser
explicado pela peculiaridade das chamadas LFTs, em especial no que diz respeito a sua
formação de preço, o que torna as LFTs um título público especial se comparado aos
demais. A forma pela qual o preço desse título é calculado explica a razão das LFTs terem
duration zero. Segundo o manual do Tesouro Nacional sobre a metodologia de cálculo dos
títulos públicos ofertados, tem-se que:
i. Calcula-se a cotação do título, que é dada de acordo com a taxa de ágio ou
deságio exigida pelo mercado;
ii. Atualiza-se o valor nominal de acordo com um fator de atualização que é dado
pela taxa Selic acumulada entre uma data-base e a data de compra do título;
iii. Projeta-se o valor nominal para a data de liquidação, que no caso específico das
LFTs é diária e, portanto, o título será diariamente corrigido pela taxa Selic
corrente;
iv. O preço unitário é dado pelo produto da cotação pelo valor projetado.
Atenciosamente,
Flávio Basilio