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INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GRAMÁTICA E ENSINO DE LÍNGUA.
PORTUGUESA
ENSAIO CRÍTICO:
Porto Alegre
2008
Apresentação
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1
POSSENTI, Sírio. Por que não ensinar gramática na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 1996.
95 p. (Coleção Leituras no Brasil)
2
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1999. pág.
131.
3
Dispensarei os demais sic para não me tornar pedante.
Pra essa peste num tem bom! Quem bobeia fica premiado. E ficaum tempão
sem sabe. Daí, o mais malandro, no dia da visita, recebe mamão com açúcar
da família e manda pra casa o Aids! 4
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8
CÂMARA JÚNIOR, J. Matoso. Dicionário de Lingüística e Gramática: referente à Língua
Portuguesa. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1984. 286 p.
9
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1999. págs.
122-125.
10
Marcos Bagno organizou o excelente livro Lingüística da Norma, que aborda cientificamente a norma
como exercício de poder e preconceito, a teoria da desregulamentação lingüística, entre outros temas
polêmicos relacionados com a ideologia que se perpetua através da gramática.
de “a nível de”, a estratégia da relativização cortadora (como em “as coisas Ø que eu me
refiro”), o emprego incorreto dos verbos na 2ª pessoa do singular no Sul do Brasil, entre
tantos outros “erros” cometidos por pessoas cultas e importantes socialmente. Assim
como os países que dominam a tecnologia da energia nuclear são respeitados por serem
temidos, também a língua é temida e os “preconceitos” de norma e erro estão a
desserviço da sociedade, cerceando as relações sociais e aumentado as diferenças de
classes no segundo país do planeta com mais diferenças sociais. E o pior, ressalta
Bagno, que quase ninguém se dá conta desse poder maligno e subjetivo da língua.
Segundo ele, reina uma confusão de língua em geral com escrita e, mais
reduzidamente ainda, com ortografia oficial. O que se rotula erro de Português é, na
verdade, apenas um mero desvio da ortografia oficial.
Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como
ninguém comete erros ao andar ou respirar. Só se erra naquilo que é
aprendido, naquilo que constitui um saber secundário obtido por meio de
treinamento, prática e memorização: erra-se ao tocar piano, erra-se ao dar
um comando ao computador, erra-se ao falar/escrever uma língua
estrangeira. A língua materna não é um saber desse tipo: ela é adquirida
pela criança desde o útero, é absorvida junto com o leite materno. Por isso,
qualquer criança entre os 3 e 4 anos de idade (se não menos) já domina
plenamente a gramática de sua língua.
Para ele, “podemos até dizer que existem erros de português, só que nenhum
falante nativo da língua os comete! Por exemplo, seriam “errados” os enunciados
abaixo:
(1) Aquela garoto me xingou
(2) Eu nos vimos ontem na escola”.
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POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras,
1996. 95 p. págs. 86-91(Coleção Leituras no Brasil)