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1. PEDOFILIA.

ASPECTOS GERAIS

1.1CONCEITO

Ao conceituar-se o delito pedofilia a Organização Mundial da Saúde (OMS) traz que


o mesmo “é um transtorno de personalidade da preferência sexual que se caracteriza
pela escolha sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de
um ou de outro sexo, geralmente pré-púberes ou no início da puberdade”.
Em análise ao DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders)
que traz critérios que servem como supedâneo para análise do delito em questão, o
transtorno de pedofilia começa, geralmente, na adolescência, embora alguns indivíduos
analisados afirmem que só começaram a sentir atração por crianças a partir dos 50 anos.
É sabido que a freqüência da prática do delito está intimamente relacionada ao
estresse psicossocial que se desencadeia em um curso crônico, especialmente verificado
nos indivíduos que se sentem atraídos por meninos (estatísticas comprovam que a taxa
de recidiva é aproximadamente o dobro nos casos que envolvem crianças do sexo
masculino em detrimento do sexo feminino).

1.2 Origens Históricas da Pedofilia

Na atualidade o índice de reprovação da prática da pedofilia é muito alto, porém


o que muitos não sabem, é que a pedofilia tem raízes históricas muito antigas, nas quais
tal comportamento era tido como uma atitude normal e até tolerada socialmente. Assim,
para melhor compreender a pedofilia nos dias de hoje, deve-se analisar os períodos da
história na qual tal prática se fazia presente.
Os vestígios mais antigos de que se tem notícia acerca da pedofilia como um
ritual, segundo MARTINS (2002), foram localizados nas tribos Marind, na Melanésia1,
num ritual orgiástico masculino que permitia a qualquer homem penetrar meninos
iniciados. Tais homens, alguns casados, podiam ser convocados para ser o iniciador de
seu sobrinho, durante três ou quatro anos. Estes rituais de iniciação e ritos de passagem

1
Melanésia, segundo o site WIKIPÉDIA, vêm do grego “ilhas dos negros”; é uma região da Oceania, no
extremo oeste do Oceano Pacífico e a nordeste da Austrália, que inclui os territórios das ilhas Molucas,
Nova Guiné, ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia e Fiji.
a que os meninos eram submetidos para se tornarem adultos, segundo MARTINS
(2002), persistem até os dias de hoje em determinadas culturas pelo mundo. Porém, a
pedofilia como prática socialmente aceita, é muito mais antiga ainda.
Na antiguidade clássica, como bem demonstrado pelo artigo publicado pela
Revista Âmbito Jurídico (2009, p.2), a pedofilia se estendeu pelo Egito, Assíria, Pérsia,
Arábia e, principalmente, Grécia e Roma.
Na Grécia Antiga a prática da pedofilia, ou melhor, a pederastia2 era uma prática
aceita pela sociedade grega, desde que a criança não tivesse menos de 12 anos, pois
caso fosse menor, a sociedade grega não aceitava muito bem (MARTINS, 2002). Como
prova da pedofilia na Grécia, pode-se citar a obra “O Banquete” do renomado filosofo
Platão, no qual o filosofo ao narrar a história tema da obra, faz referência direta a
pedofilia, ao escrever sobre a relação que existia entre os efebos e os veteranos de
milícia. Na sociedade grega, segundo MARTINS (2002), entre 12 e 15 anos de idade, os
jovens eram cortejados, e suas famílias aprovavam ou não o consorte. Como norma, o
menino continuava como parceiro passivo até 17 ou 18 anos, assumindo após essa
idade, o papel ativo, primeiro escolhendo para si mesmo um menino e depois uma
esposa para se casar.
Em Roma, ainda segundo o artigo da Revista Âmbito Jurídico, importou-se a
influência conceitual e valorativa da pedofilia, vigente na cultura grega. Segundo
MARTINS (2002), no Império Romano, as leis proibiam a sedução e o amor por
meninos nascidos livres, mas não impediam que essas práticas ocorressem. No Século II
a.C., o amor por meninos estava na moda, mas era importante que o adulto mostrasse
sua virilidade, ficando assim a criança, no papel passivo da relação. Nessa época, os
efebos eram conhecidos como concubini e eles serviam aos seus senhores de modo a
satisfazer suas necessidades sexuais, ou seja, eram tidos como escravos, satisfazendo os
apetites sexuais dos seus senhorios.
No mesmo período histórico acima exposto, era comum na China, segundo
CARVALHO (2002), “o uso de menores para a satisfação sexual de adultos”, o qual “foi
um costume tolerado e até prezado”.
No período da Idade Média, a partir de determinações oriundas dos imperadores
bizantinos Constantino e Justiniano, as relações sexuais entre adultos e crianças

2
Pederastia, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa “prática sexual entre um
homem e um rapaz mais jovem”.
começaram efetivamente, a ser condenadas tanto por determinação dos imperadores,
quanto por parte da sociedade da época. Porém, tal condenação não foi relativa à
pedofilia, mas sim as relações sexuais fora do casamento e sem fim de procriação.
(MARTINS, 2002).
No Renascimento, conforme é demonstrado por MARTINS (2002), com a
valorização da cultura greco-romana, o amor por homens jovens volta a aparecer no
contexto social. Mudanças começaram a ocorrer quanto a isso, a partir do século XVIII,
decorrentes da reforma protestante e da contra-reforma promovida pela Igreja Católica.
A família tornou-se o centro para a moralidade cristã e a sodomia 3, em qualquer
relacionamento, passou a ser pintada como vil e depravada.
Com o advento dos Estados Modernos, a sexualidade passou a ser mais
normatizada e vigiada, tanto pelo o Estado, quanto pela sociedade. Nesse período, muda
também a maneira como a criança é vista, pois, a partir de então, a mesma não é mais
tida “como uma miniatura do adulto, mas sim como uma pessoa num estágio da vida
que necessita de cuidados especiais” (MARTINS, 2002). Porém, como demonstrado por
MARTINS (2002), é também nessa época moderna da sociedade que se intensifica a
pornografia infantil, em virtude da popularização dos meios de comunicação e a
facilidade de produzir, receber e fornecer material erótico por diversos meios, dentre os
quais o principal é a internet.

1.3. ENQUADRAMENTO LEGAL

VISÃO JURÍDICA DA PEDOFILIA


Em que pese a pedofilia possua um conceito definido pela Psicologia, não há uma
tipificação específica penalmente para esta conduta, pois existe uma múltipla gama de
meios que podem ser utilizados pelo agente na prática do abuso contra a criança. São
eles:

3
Sodomia, segundo o Michaelis: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, consiste no concúbito de
homem com homem ou de mulher com mulher; contatos libidinosos entre pessoas do mesmo sexo, sem
cópula, mas com orgasmo; coito anal entre homem e mulher; coito anal de homem com homem com
ejaculação; pederastia.
Atentado violento ao pudor
É a prática de atos libidinosos - diversos da conjunção carnal - cometidos
mediante violência ou grave ameaça.

Estupro
Constranger criança ou adolescente à prática de conjunção carnal mediante
violência ou grave ameaça.

Tráfico de menores
Trata-se da subtração, transferência ou retenção internacional de crianças com
propósitos ou meios ilícitos. É um dos tráficos mais lucrativo para o mercado negro,
pois movimenta milhões de dólares.

Prostituição infantil
Consiste na utilização de criança em atividades sexuais em troca de remuneração
ou de qualquer outra retribuição. Terá sempre o caráter de atividade forçada e é
considerada como uma escravidão. Fato interessante é que o cliente pedófilo não se
identifica como abusador e sim como mero consumidor desse mercado.

Turismo sexual
É o turismo organizado com a finalidade de estabelecer relações sexuais de
caráter comercial. Logo, os turistas sexuais visam no curso de sua viagem de férias
realizar explorações sexuais nos países ou regiões que visitam.

Pornografia infantil
É toda representação, através de qualquer meio, de um menor em atividades
sexuais explícitas, sejam elas reais ou simuladas, com a exposição de seus órgãos
genitais dedicados primordialmente ao sexo durante as filmagens. Vale ressaltar que a
pornografia pode ser visual (exposição real ou simulada do menor) ou auditiva
(utilização da voz do menor nessas atividades).
As ações pedófilas na internet são vistas através da coleção compulsiva de
fotografias e gravações de áudio e vídeo em que se verificam abusos sexuais contra
menores, fazendo com que esse material circule e seja amplamente divulgado pela rede
mundial de computadores. Ou, quando o pedófilo se utiliza da mesma para satisfazer
seus desejos sexuais com crianças desconhecidas através de salas de bate-papos,
“MSN”, etc.

Normas de proteção ao menor


Diante de sua fragilidade, crianças e adolescentes recebem um tratamento
diferenciado pelo ordenamento jurídico. O marco histórico dessa proteção integral foi
com a Convenção sobre Direitos da Criança, promulgada pela Assembléia das Nações
Unidas em novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil em setembro de 1990,
A partir dela houve o reconhecimento da criança como um sujeito de direitos e
que diante dessa sua hipossuficiência necessita de medidas que protejam seu
desenvolvimento de qualquer tipo de restrição.

A Constituição Federal de 1988


A Lei Maior coloca a criança como sujeito preferencial de direitos e a considera como
sujeito de direitos, podendo ser vislumbrado isso no caput de seu artigo 227, in verbis:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do


Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
Torna-se notória a tamanha importância dada pela Constituição Federal de
1988 para a proteção do menor, haja vista que incumbiu a todos (família, sociedade e
Estado) o dever de garantir à criança esses direitos.
Observa-se também a preocupação da Lei Maior em punir severamente
àqueles que descumprirem tal preceito, segundo versa o §4° do artigo 227, “a lei punirá
severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente”.
Contudo, fica a cargo de legislação infraconstitucional o dever de prescrever a
punição ordenada pela carta constitucional. Tarefa que ficou incumbida ao legislador
pátrio e que nem sempre alcança os fins pretendidos pelo constituinte, porém não se
pode utilizar a dificuldade do legislador em tipificar a conduta e de criar meios para
defender os direitos da criança como um empecilho para a obtenção desse fim.

O Estatuto da Criança e do Adolescente


O Estatuto da Criança e do Adolescente buscou através de suas normas
garantir a proteção dos menores, porém as constantes mudanças nas ações criminosas
fizeram com que fossem surgindo lacunas que necessitam ser preenchidas, a posteriori,
pelo legislador.
Nota-se uma falha no ECA quando ele só se preocupou em punir apenas a
pornografia infantil, olvidando as demais condutas relacionadas a atos diferentes da
mesma.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar,
filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia,
facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo
intermedeia a participação de criança ou adolescente
nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
quem com esses contracena.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o
agente comete o crime:
I - no exercício de cargo ou função pública ou a
pretexto de exercê-la;
II - prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade; ou
III - prevalecendo-se de relações de parentesco
consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por
adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo,
intermedeia a participação de criança ou adolescente
em produção referida neste artigo;
II - assegura os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens
produzidas na forma do caput deste artigo;
III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede
mundial de computadores ou internet, das
fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma
do caput deste artigo.
§ 2º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos:
I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do
exercício de cargo ou função;
II - se o agente comete o crime com o fim de obter
para si ou para outrem vantagem patrimonial
Ora, ficou então a cargo do Código Penal com o seu manual de analogias
quando se tratar de pedofilia, utilizar-se dos artigos 213 (estupro) e 214 (atentado
violento ao pudor) quando ocorrerem condutas relacionadas a pedofilia e a qualificação
das mesmas em decorrência da presunção de violência, haja vista a inexistência de
norma regulamentando essa conduta.
Vale ressaltar que a pedofilia é relacionada intrinsecamente a crimes taxados
no rol de hediondos, logo o pedófilo que for indiciado por esse crime responderá sem
direito a fiança e caso seja condenado, cumprirá sua pena em regime fechado, além de
outras restrições.
O doutrinador DELMANTO (1998, p.409) elucida que embora seja
inadmissível a presunção de violência, não pode o Direito Penal deixar de proteger os
menores de 14 anos. Vê-se, portanto, a extrema urgência de se reformular não só o
artigo 224 do Código Penal, mas todos os crimes sexuais previstos nele para que se
possa adequar a antiga parte Especial ao moderno Direito Penal.
Nota-se também que o Eca foi omisso no que tange à prostituição infantil e
tráfico de menores com fins sexuais, deixando a responsabilidade a cargo do Direito
Penal que combate essas práticas se utilizando dos artigos que versam sobre lenocínio e
tráfico de pessoas.
Vale frisar que quando o tráfico de pessoas ocorrer com a finalidade precípua
de apenas se obter lucro, deve se aplicar o artigo 239 do ECA. E, se a finalidade for
apenas promover a prostituição, deve ser utilizado o Código Penal.
O ECA em seus artigos preceitua:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
destinado ao envio de criança ou adolescente para o
exterior com inobservância das formalidades legais
ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. (grifo
nosso)

Contudo, se a intenção do traficante for utilizar o menor como objeto de


satisfação sexual por meio da prostituição serão utilizados os artigos 231 e 231-A do
Código Penal. Sendo possível também a aplicação de qualificadora da violência
presumida. In verbis:
Art. 231 - Promover, intermediar ou facilitar a
entrada, no território nacional, de pessoa que venha
exercer a prostituição ou a saída de pessoa para
exercê-la no estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do
Art. 227:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.
§ 2º - Se há emprego de violência, grave ameaça ou
fraude, a pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze)
anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.
Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no
território nacional, o recrutamento, o transporte, a
transferência, o alojamento ou o acolhimento da
pessoa que venha exercer a prostituição:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Aplica-se ao crime de que trata
este artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 231 deste
Decreto-Lei.

Porém, inexiste em ambos os diplomas legais previsão normativa que qualifique a


conduta daquele que armazena material pornográfico, ou seja, do consumidor da
pornografia pedófila.
A gravidade da situação é tamanha que já está havendo a propagação da
pornografia infantil através de redes pornográficas, que se mostram cada vez mais
organizadas e por conseqüência, violentam um número muito maior de crianças e
adolescentes em todo o mundo, e, o Brasil está sendo um grande colaborador para esses
abusadores.

Proposta da lei
A proposta legislativa n° 250/2008 visa uma repreensão mais adequada aos
crimes de pedofilia, em especial àqueles cometidos através da internet. Ela tem em seu
bojo diversos dispositivos que completam as lacunas deixadas pelo ECA quando tratou
dos crimes sexuais cometidos contra menor.
Nota-se a preocupação de atender ao anseio social de punir de maneira eficaz e de
combater de forma incisiva a pedofilia, e, vislumbra-se que essas alterações trazidas
pela proposta trarão consigo uma verdadeira revolução legislativa quanto ao tema.
O legislador foi feliz ao definir a pornografia infantil e suas correlatas, além de
especificar a expressão “cena de sexo pornográfica”, que nada mais é do que qualquer
situação que envolva o menor em atividades sexuais explícitas, sejam elas reais ou
simuladas, ou a exibição dos órgãos genitais da criança ou adolescente para fins sexuais.
Além de aumentar a pena para no mínimo 6 e no máximo 8 anos, foi aumentado
o rol de condutas a serem coibidas, podendo ser punido também quem reproduz,
fotografa, filma e registra cenas de sexo explícito ou pornografia infantil.
Não obstante, aqueles que concorrerem para beneficiar a
pornografia também serão punidos, pois há a previsão de pena para os que produzirem
ou dirigirem esse tipo de atividade, sendo aplicada a mesma pena dos que
contracenarem com o menor no vídeo.
Se o menor depender economicamente do criminoso, a pena será aumentada em
um terço, haja vista por existir uma relação de confiança entre o menor e ele, a
obrigação moral deste é proteger o menor de eventuais abusos. Logo, pune-se com mais
severidade este tipo de infrator porque ele utiliza-se da confiança depositada pelo menor
nele, que na maioria das vezes possui uma relação de parentesco ou afinidade com ele.
Há um absoluto confronto feito pelo agente ao preceito constitucional de proteção
integral ao menor.

2. PEDOFILIA. ANÁLISE PAUTADA NAS CIÊNCIAS


CORRELATAS

2.1 CRIMINOLOGIA
A criminologia ao utilizar-se de seus instrumentos de ciência empírica e
interdisciplinar e tentando destacar o lado humano e conflituoso do delito enquadra-o
em um grupo que apesar de ter aparência patológica, epidêmica, apresenta caracteres
que regem a sua etiologia, sua gênese e dinâmica (diagnóstico). Mostra-se como
objetivo de primeira magnitude buscar meios para prevenir o crime e nesse aspecto
fundamenta uma das diretrizes do Estado Democrático de Direito, qual seja, a de
expurgar do cenário nacional os crimes que atentem contra a honra de seus cidadãos.

2.2PSICOLOGIA

No que diz respeito à psicologia tem-se que a pedofilia encontra-se no grupo das
chamadas parafilias que são caracterizadas por anseios, fantasias ou comportamentos
sexuais que têm preferência por objetos não-humanos, sofrimento ou humilhação
próprios ou do parceiro, crianças ou outras pessoas sem o seu consentimento. A
psicanálise traz que as parafilias são conhecidas também por perversões, que na verdade
são transtornos de uma estrutura psicopatológica caracterizada pelos desvios de objeto e
finalidade sexuais. É notório, portanto, que a pessoa portadora de perversão sente-se
atraída por aquilo que se mostra socialmente e humanamente proibido e inaceitável.
Alguns especialistas entendem ser errônea a utilização do termo pedofilia para
descrever criminosos que cometem atos sexuais contra crianças, especialmente quando
tais indivíduos são vistos de um ponto de vista clínico, uma vez que a maioria dos
crimes envolvendo atos sexuais abusadores à crianças serem praticados por pessoas que
não são clinicamente pedófilas, ou seja, pessoas que sentem atração sexual primária por
crianças e sim serem cometidos por aquelas que se mostram aproveitadoras da
vulnerabilidade da vítima.
Para o psicólogo, Vicente Faleiros, pesquisador da Universidade de Brasília a
pedofilia é uma questão que está no âmbito civilizatório, ou seja, ela poderia ser contida
se o desenvolvimento da sexualidade fosse adequadamente tratado, fato que não ocorre
por motivos de caracteres hedonistas que estão inerentes ao âmago da sociedade
brasileira.

2.2.1 TRATAMENTO
Quando o assunto é pedofilia muitos especialistas acreditam que o tratamento e
estratégias são ineficientes, haja vista, tal delito ser altamente resistente à interferência
psicológica. No entanto, numerosas técnicas voltadas ao tratamento da pedofilia são
desenvolvidas.
O Dr. Fred Berlin afirma que se a comunidade científica desse mais atenção à
pedofilia, a mesma seria mais bem tratada. Infelizmente, ainda é muito baixa a taxa de
casos muito bem-sucedidos de tratamento.
Técnicas utilizadas para o tratamento da pedofilia incluem um “sistema de suporte de
doze passos”, paralelo à terapia de vícios, embora tal sistema seja visto por muitos
psicólogos como uma eficiência irrisória. O Depo Provera uma das medicações que são
utilizadas para diminuir o número de testosterona é uma remédio antiandrogênico que se
mostra como um verdadeiro aliado em conjunto a outras medidas ao combate dessa
doença.
Outro tipo de técnica utilizada é a terapia cognitivo-comportamental na qual o
pedófilo aprende a associar o “comportamento pedofílico”com diversos atos
considerados não desejáveis. Há também a castração química que pode ser voluntária ou
judicial e que consiste na diminuição da libido, evitando-se os abusos sexuais antes que
eles aconteçam. Para o sexo masculino utiliza-se alguns medicamentos que são
utilizados no tratamento do câncer de próstata e hormônios femininos que têm a eficácia
de diminuição da libido masculina. Vale ressaltar que esses métodos acabam induzindo
o organismo masculino a uma feminilização, podendo ocasionar o crescimento de
glândulas mamárias naturais.

2.2.2 OCORRÊNCIA

As causas para ocorrência da pedofilia até meados de 1996 acreditava-se que fossem
inerentes a um ciclo de violência, ou seja, aqueles que fossem violentados enquanto
crianças eram os mais propensos a serem pedófilos. No entanto, pesquisas recentes não
encontraram relação causal, uma vez que a grande maioria das crianças que sofrem
abusos não se tornam infratores quando adultos.
Diante da constatação da pedofilia alguns estudos comprovam uma situação
horripilante:
➢ Ao menos um quarto de todos os adultos do sexo masculino podem
apresentar algum excitamento sexual em relação a crianças. Um estudo
realizado por Hall, G.C.N. da Universidade Estadual de Kent, por exemplo,
observou que 32,5% de sua amostra (80 homens adultos) exibiram desde
algum excitamento sexual até estímulo pedofílico heterossexual, igual ou
maior do que o excitamento obtido com estímulos sexuais adultos.
➢ Em 1972 Kurt Freund notou que “homens que não possuem preferências
desviantes mostraram reações sexuais positivas em relação a crianças do sexo
feminino entre seis e oito anos de idade”.
➢ Em 1989 Briere e Runt foram responsáveis por um estudo com 193
estudantes universitários, sobre pedofilia. Da amostra, 21% disseram ter
alguma atração sexual para algumas crianças, 9% afirmaram terem fantasias
sexuais envolvendo crianças, 5% admitiram masturbarem-se por causa destas
fantasias, e 7% concederam alguma probabilidade de realizar ato sexual com
uma criança, caso pudessem evitar serem descobertos e punidos por isto. Os
autores também notaram que, dado o estigma social existente atrás destas
admissões, pode-se hipotetizar que as taxas atuais possam ser ainda maiores.
➢ Em 1990 J. Feierman estimou que entre 7% a 10% dos homens adultos
possuem alguma atração sexual para crianças do sexo masculino

2.3. PEDOFILIA COMO FATO SOCIAL


Fato social é um conceito básico da sociologia e antropologia, refere-se, pois, a
todo comportamento ou idéia presente num grupo social que é transmitido de geração
em geração para cada indivíduo da sociedade, segundo DE PAULA (2003).
Assevera-se que esses tipos de comportamento ou pensamento não são apenas
exteriores ao indivíduo, mas estão equipados com um poder imperativo e coercitivo ao
abrigo dos quais se impõem, querendo ou não o indivíduo.
Faz-se notório asseverar que a opinião pública se opõe a qualquer ato que a
ofende, e é através da vigilância e sanções específicas que ela pratica o controle social.
A sociedade é considerada como um todo maior que a soma das pessoas que a
compõem, logo a “maioria” estabelece as práticas e juízos morais a serem seguidos sem
sua prévia discussão.
Observa-se também segundo a doutrina de Durkheim, que o crime pode ser
considerado como um fato social normal, contudo se este só poderá ser considerado
patológico quando seu exagero ameaçar a própria sociedade.
Isto posto, pode a pedofilia ser considerada como um fato social, pois embora seja
contrária ao que a sociedade considera “normal”, ela é praticada por um grande número
de pessoas.
É de suma importância esclarecer que as pessoas portadoras dessa perturbação
(pedofilia) não pertencem a uma classe social exclusiva, elas estão distribuídas por todo
o meio social.
Para se ter uma idéia do tamanho da repulsa da sociedade em relação à pedofilia,
ao se violentar uma criança atinge-se também a própria sociedade, visto que no futuro
essa criança será cidadã que fará composição da sociedade. Logo, observa-se que não só
a criança, mas também toda a família, e, por conseqüência a sociedade inteira, ficam
reféns de um sentimento de impotência e sensação de injustiça.

3. PEDOFILIA. SITUAÇÃO NO BRASIL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou, em Genebra no ano de 2008, o


prêmio de personalidade do ano da União Internacional de Telecomunicações (UTI)
pelo trabalho do governo na luta contra a pedofilia na internet. A premiação tomou por
base a sanção da Lei 11.829. Porém, o Brasil está longe de se tornar um modelo para
outros países no que tange ao índice diminuto da pedofilia, haja vista, o número de
ocorridos e de denúncias de ocorridos serem ainda muito altos, servindo de alerta de que
alguma coisa não está certa.
A pedofilia na sociedade brasileira não é um fato novo. Ela ocorre a muito tempo,
mas fica presa no silêncio doloroso das vítimas. Ultimamente, a prática reiterada tem
dado azo a situações mais expostas que têm o condão de fazer perplexa toda uma
sociedade, como a que ocorreu em Pernambuco, quando uma menina de 9 anos ficou
grávida de gêmeos do próprio padrasto e foi submetida a um aborto.
Infelizmente, há certa cumplicidade e tolerância em relação à pedofilia por parte das
famílias no Brasil. Seja por medo de estigmatizar ou destruir a reputação de um parente,
seja até mesmo por serem cúmplices, muitas famílias acabam escondendo os casos.
Hoje o Disque 100 se mostra como um grande aliado no combate à prática de abusos
sexuais. Desde que fora criado, em 2003, contabilizou mais de 1,5 milhões de
atendimentos. Ao todo, 52 mil dessas denúncias foram encaminhadas à polícia Federal e
Civil dos estados. O número de atendimentos em 2007 – quase 950 mil – foi cerca de
200 vezes maior do que os 5 mil de 2003. A média de 2008 chegou a mais de 2,5 mil
ligações por dia.
Segundo o site da ONG de combate à violência SaferNet Brasil, 91 mil casos de
denúncias de violência recebidas pelo sistema em 2008, cerca de 63%, ou 57 mil,
indicavam ou incentivavam abuso sexual contra crianças. A maioria deles, cerca de
90%, através Orkut.
A Telefono Arcobaleno (entidade italiana) apresentou um relatório, com base em
informações adquiridas pelo FBI e pela Interpol, em que o Brasil aparecia como um dos
principais pólos de pedofilia pela internet. Nesses últimos cinco anos é vergonhosa a
participação do Brasil nesse ranking, principalmente no ano de 2003 no qual ele aparece
em quarto lugar.
Um dos veículos que impulsionam essa propagação pela internet é o site de
relacionamentos, denominado Orkut. Nesse tipo de meio de comunicação muitos
aproveitam o anonimato da rede para trocar arquivos.
É fato que, embora não esteja entre os principais produtores de pornografia infantil, o
Brasil já é o maior consumidor mundial desse tipo de material, no qual se observa
vítimas que vão desde recém-nascidas até os 13 anos.
Necessário se faz diante de tal horrenda análise, que haja a criação efetiva de um
sistema de monitoramento legal para a internet. Além disso, o estabelecimento de
punições mais gravosas para aqueles que praticarem tal conduta irá poder fundamentar
junto à sociedade que há uma verdadeira preocupação para que os criminosos não
fiquem impunes.

3.1CPI DA PEDOFILIA
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia tem como presidente do
colegiado, o senador Magno Malta (PR-ES). Ela, em parceria com a organização não-
governamental SaferNet e o Ministério Público Federal de São Paulo têm como
primazia repassar informações à Polícia Federal e traçar juntamente com ela um mapa
da pedofilia no Brasil para que sirva de base para o desencadear das Operações
policiais, como a Anjo da Guarda e a Operação Carrossel (foi deflagrada em 20 de
dezembro de 2007 e foi a maior operação policial contra pedofilia no Brasil. Incluiu a
investigação de suspeitos de 78 países e devido a repercussão mundial teve a ajuda da
Interpol, do FBI e outras agências de investigação. Ao todo foram cumpridos 102
mandados de busca e apreensão em 14 estados e no Distrito Federal. Três suspeitos
foram presos em flagrante, dois em São Paulo e um no Ceará. A Polícia Federal rastreou
cerca de 3,8 mil acessos de computadores à internet em conexões para a troca de
material pornográfico. Foi a primeira operação onde foi possível identificar usuários da
rede mundial de computadores para a prática pedófila no Brasil ).
. Durante um ano, a polícia monitorou 3.265 perfis do Orkut suspeitos de
divulgação de pornografia infantil, amparada na quebra do sigilo telemático
determinada pela Justiça. Em 805 casos, foi confirmada a posse ou circulação de
material criminoso, resultando em inquéritos contra 107 endereços usados por supostos
internautas pedófilos. Em decorrência dessas investigações, a Justiça determinou 92
mandados de busca e apreensão em endereços localizados nas 21 unidades da federação,
a maior parte em São Paulo. O material apreendido inclui computadores, CDs e DVDs
com conteúdo pornográfico infantil. A operação mobilizou mais de 400 policiais.
A maioria dos alvos das buscas recaiu em repartições públicas, empresas e entidades
diversas, incluindo consultório de médicos e advogados, confirmando a tese de que a
pedofilia ocorre em todas as classes e em todas as idades. A Polícia Federal com o
auxílio da ONG SaferNet e a CPI está montando um fichário nacional da pedofilia na
internet para servir de base para futuras operações.
Para o Procurador da República Sérgio Saiuama, um dos maiores problemas para
aprofundar o combate à pedofilia é com as companhias telefônicas que alegam que não
podem arcar com os custos elevados para adotar as soluções técnicas que permitiriam
identificar as linhas usadas nas atividades dos pedófilos.

4. COMO A PEDOFILIA É COMBATIDA NO MUNDO


a) Estados Unidos
Existe nesse país um sistema muito rigoroso de combate à pedofilia, pois há
um registro e notificação pública dos delinqüentes sexuais quando saem da prisão. E,
caso o juiz ache necessário, a castração química poderá ser utilizada nos criminosos
reincidentes.
Ao sair das prisões, os criminosos devem se apresentar a delegacia de seu distrito
para se registrarem obrigatoriamente. Passando, pois, essa pessoa a ser incluída numa
lista pública que pode ser consultada por qualquer pessoa através da internet.
Vale frisar que os jovens que cometeram um delito com essas características serão
incluídos provisoriamente nessa lista e serão excluídos da mesma ao completarem 25
anos se não houverem reincidido na prática delituosa.

b) França
A França vem utilizado meios de coibir a pedofilia, desde a utilização da pena
de morte até a implantação de um chip no corpo dos delinqüentes mais perigosos para
fim de monitoramento.
Além disso, desde 1998 é obrigatório o acompanhamento médico dos reincidentes
sexuais quando estes deixam a prisão, além de ser obrigatória a comunicação prévia da
troca de domicílio do infrator.

c) Inglaterra
A Inglaterra vem se utilizando da tecnologia GPS para seguir os criminosos
sexuais. Através de uma pulseira eletrônica é informado o paradeiro do violentador para
uma central, que se achar conveniente dispara um alarme caso o criminoso se aproxime
de áreas tidas como proibidas ou se este venha a não respeitar o toque de recolher de sua
liberdade condicional.
Esse programa é uma verdadeira prisão sem grades para os reincidentes e/ou
pessoas consideradas perigosas, ainda está em fase de experimentação na zona
metropolitana de Manchester.
CONCLUSÃO
Diante do presente trabalho, nota-se a real necessidade de uma repreensão
incisiva à pedofilia, independentemente da situação clínica do agente. Intervenção esta
em que se vise criar meios que impeçam a relação abusiva contra crianças e
adolescentes.
Não obstante, as autoridades judiciárias e legislativas devem ter como
premissa basilar o desenvolvimento de políticas de acordo com cada uma das formas
que o agente se utiliza para cometer a pedofilia, haja vista que se observa um leque de
múltiplas condutas que podem ser praticadas, sendo uma tarefa hercúlea tipificá-las em
sua totalidade.
Destarte, a evolução tecnológica não deve ser entendida como uma arma a
disposição do pedófilo para o cometimento de condutas ilícitas. Esse estigma deve ser
retirado e também deve existir uma profissionalização dos agentes com o fim se utilizar
a internet no combate aos abusos contra o menor. E, para esse combate ser eficaz, a
sociedade, o Estado e a família devem se comprometer na proteção das crianças e dos
adolescentes.
Por derradeiro, a pedofilia tida como fato social reprovado de forma incisiva
pela sociedade deve ser coibida pela norma. Não basta apenas que o Estado se preocupe
com a punição do agente e sua reincidência, seu objetivo precípuo deve ser uma norma
que proteja de maneira eficaz a criança e os adolescentes desses abusos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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