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TRABALHO EM AEROPORTOS

Para garantir a viagem aérea de 110 milhões de


pessoas e o transporte de 1,6 milhão de toneladas
em carga ao ano, cerca de 30 mil trabalhadores
atuam em terra: são os aeroportuários e
aeroviários. Apesar da aparente modernização dos
aeroportos brasileiros, por trás da fachada de
shopping center, persistem diversos riscos
ARQUIVO INFRAERO

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Reportagem de Cassiana de Oliveira

O acidente com o avião da Gol, em setembro


de 2006, trouxe à tona a discussão sobre as con-
dições de trabalho dos controladores de tráfego
aéreo que, em cascata, atingiram todos os traba-
lhadores do sistema aéreo nacional. Após a di-
vulgação pela imprensa de que um controlador
havia sido afastado para tratamento psicológico
e da denúncia do excesso de horas extras, o Mi-
nistério Público do Trabalho (MPT) instaurou um
Processo Investigatório. “Fiz diligências em di-
versos aeroportos de São Paulo, onde constata-
mos muitas irregularidades. Dei várias declara-
ções à imprensa chamando a atenção para a pos-
sibilidade de um novo acidente já que, mesmo
após o acidente da Gol, a situação havia piorado
em vez de melhorar. A aeronáutica criou um
ambiente de terror. Ela queria avião voando a
qualquer custo, mesmo em detrimento da segu-
rança, pois precisava provar que é competente
para gerir o sistema”, conta o procurador do tra-
balho Fábio Fernandes.
Especialistas de diversas áreas, que já
pesquisavam os processos de trabalho do setor
aéreo e conheciam os riscos ocupacionais a que
aeroviários e aeroportuários estavam expostos,
saíram em defesa dos trabalhadores, publicando
artigos que denunciaram o desrespeito às nor-
mas internacionais de segurança aérea e, tam-
bém, às Convenções da Organização Internacio-
nal do Trabalho (OIT).
Para Fernandes, a chamada “crise aérea”, as-
sim como foi a crise energética do país, é um
problema de infra-estrutura, falta de planeja-
mento e de uma gestão eficiente. “O conges-
tionamento dos aeroportos decorre da soma
desses fatores e da inércia dos órgãos esta-
tais de fiscalização - Anac e Infraero - que,
numa inversão completa de valores, de-
cidiram atender não aos interesses dos
usuários, mas das empresas aéreas que
impuseram os paradigmas de maior lucro
ao menor custo possível, mesmo que em de-
trimento da segurança de passageiros e tra-
balhadores”, declara.
Para Roberto José Montes Heloani, doutor em
psicologia social e pesquisador da Unicamp/FGV-
SP, a instabilidade do setor aéreo não é fruto de
uma coisa apenas, mas pode ser atribuída à or-
ganização do transporte aéreo no Brasil.

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TRABALHO EM AEROPORTOS
HENRIQUE LESSA/AGÊNCIA VYRIA

ARQUIVO PROTEÇÃO
92% do mercado nacional. tac, Celso André Klafke, que acrescenta:
Cabe destacar que o trans- “Na gestão de aeroportos, entre termos
porte aéreo no Brasil é uma uma pista segura e um aeroporto funcio-
concessão pública e a Cons- nando a qualquer custo, a prioridade tem
tituição Federal impõe ao sido colocar os aeroportos em operação”.
governo a responsabilidade
de intervir nos setores estra- INST ABILIDADE
INSTABILIDADE
tégicos e de interesse geral O acidente com o avião da TAM, em ju-
da sociedade. Porém, exis- lho de 2007, reforçou a preocupação com
tem denúncias de que as as condições de trabalho no setor aéreo.
aeronaves são usadas além No artigo “Procuram-se culpados”, Rober-
de seu limite operacional. Na to Heloani pondera: “Tem ficado muito pa-
Klafke: no limite Fernandes: menor custo década de oitenta, um avião tente nesses últimos anos o embeleza-
Na década de setenta e início dos anos voava por dia, em torno de sete ou oito mento dos aeroportos, que é de responsa-
oitenta, o Brasil tinha um plano interes- horas, no máximo. Hoje, as aeronaves bilidade da Infraero. Ninguém nega que o
sante para o complexo sistema de trans- voam mais de 13 horas diárias, expondo passageiro que paga pela segunda maior
porte aéreo. Tratava-se do Sistema Inte- trabalhadores e usuários a maiores riscos taxa de embarque do mundo merece con-
grado de Transporte Aéreo Regional (Si- em função de eventuais problemas me- forto e praticidade. No entanto, a infra-
tar). Esse projeto tinha o objetivo de “ca- cânicos. estrutura em terra não está adequada.
pilarizar” o país atendendo o maior núme- Para a Federação Nacional dos Traba- Existe no Brasil um desleixo com a infra-
ro possível de municípios. Porém, os inte- lhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), estrutura aeronáutica. Também se procu-
resses econômicos das empresas aéreas as empresas resistem em tratar saúde e ra dar uma solução finalística na análise
preponderaram com a complacência do segurança como prioridade. “Sempre ale- dos acidentes. Nunca se consideram as
Governo Federal. Com isso, as empresas gam que os custos de prevenção são muito condições de trabalho e as estruturas do
regionais menores desapareceram. altos. Na Convenção Coletiva de Trabalho equipamento”.
Hoje, menos de 150 municípios brasi- dos Aeroviários existe a criação de uma Para Anadergh Barbosa-Branco, douto-
leiros são atendidos pelo transporte aéreo. comissão paritária sobre esse tema, mas ra em Saúde Ocupacional e professora da
Os aeroportos regionais são em número na prática, ela nunca funcionou, devido à Universidade de Brasília (UnB), a instabi-
insuficiente para o atendimento aos usu- resistência das empresas em discutir esse lidade empregatícia no setor aéreo pode
ários e apenas duas companhias detém assunto”, comenta o presidente da Fen- ser apontada como uma das principais

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TRABALHO EM AEROPORTOS
causas de adoecimento e afastamento en-
tre estes trabalhadores. “Com os proble-
mas financeiros das empresas e com a
Bastidores preocupam
chamada ‘popularização’ do transporte aé- Fachada de shopping center esconde diversas situações de risco
reo veio o caos, tão bem representado nos
cancelamentos de vôos, overbooking, filas Para garantir o direito de ir e vir da po- manutenção e pela prestação de serviços
intermináveis e, para ajudar, os problemas pulação que utiliza o transporte aéreo, “de rampa”, onde é feito o carregamento
gerados pela má administração do tráfego cerca de 30 mil pessoas trabalham em ter- de bagagens, com tratores e escadas.
aéreo por parte das autoridades”, avalia. ra: são os aeroviários e aeroportuários, Também são terceirizadas as atividades
Os sindicatos representantes dos traba- que compõem 90% da força de trabalho internas de limpeza e vigilância dos aero-
lhadores comprovam a avaliação de A- no transporte aéreo brasileiro. No final de portos e o transporte de passageiros do
nadergh. O foco atual das negociações é 2007, o país já contava com 11.351 aero- pátio de manobras até o terminal de pas-
para manter salários em dia, garantir o pa- naves civis, que totalizaram mais de dois sageiros.
gamento de férias, vale-alimentação e ou- milhões de pousos e decolagens e 110 mi- Atualmente, a Infraero está vinculada
tros benefícios conquistados pela conven- lhões de passageiros transportados. Além ao Ministério da Defesa e tem como res-
ção coletiva. dos passageiros, outro número importan- ponsabilidades a administração, operação,
Com a baixa remuneração, seja pelo não te do setor aéreo é o da carga transporta- manutenção, segurança, controle do trá-
reconhecimento da importância da ativi- da: em 2007, totalizou 1,6 milhão de tone- fego aéreo e armazenagem de cargas nos
dade, seja pela defasagem salarial, boa par- ladas, incluindo embarque e desembarque. terminais aeroportuários. Em todo o país,
te dos trabalhadores do setor aéreo, quan- Os aeroviários são responsáveis pelo a- a empresa administra 67 aeroportos, man-
do possível, têm outro emprego ou outra tendimento no balcão de check-in, lojas tém 10,6 mil empregados e cerca de 15
atividade para complementar sua renda. das companhias aéreas, manutenção, ad- mil terceiros.
Essa duplicação da jornada de trabalho ministração, operações, reservas, elabora- Os acidentes e as doenças ocupacionais
gera estresse e fadiga. “Com a insuficiência ção do plano de vôo e etc. Já os aeropor- mais comuns neste setor estão relaciona-
de pessoal, são constantes as prorrogações tuários são os controladores de tráfego aé- dos à forma como o trabalho é organizado
de jornada e o acúmulo de funções”, apon- reo civil ligados à Empresa Brasileira de e, principalmente, aos riscos químicos, fí-
ta o procurador Fábio Fernandes. Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) sicos, biológicos, psicossociais e ergonô-
O pesquisador Roberto Heloani exem- e os trabalhadores do sistema de navega- micos presentes nas diversas atividades.
plifica as duplas jornadas de trabalho des- ção aérea, que conta com meteorologistas,
crevendo o caso dos controladores de trá- profissionais de navegação aérea, opera- PAIR
fego aéreo: “Uma grande parcela deles é dores de estação aeronáutica, profissio- O principal risco ambiental para os tra-
taxista. Outros, com uma condição um nais administrativos e operacionais, en- balhadores dos aeroportos é o ruído. Para
pouco melhor, foram fazer curso superior. genheiros, fiscais de pátio, médicos, ad- o pessoal que trabalha no pátio de mano-
Muitos são dentistas talvez porque ambas ministradores, técnicos, trabalhadores do bras, na rampa, junto às aeronaves ou ain-
as profissões exigem grande atenção e mi- raio “X”, que fazem o exame e a vistoria da nos hangares e oficinas de manuten-
núcia. Muitos fazem cursos para serem pro- de bagagens, entre outros. ção, a exposição é constante. Para os que
fessores de segundo grau, sendo que al- Os aeroportos também contam com trabalham nos terminais de carga (Tecas),
guns lecionam em escolas de aviação e ou- muitas empresas terceirizadas, que atuam a movimentação de empilhadeiras tam-
tros dão aulas de matemática em escolas como prestadoras de serviços às compa- bém torna o ambiente bastante ruidoso.
de ensino médio e fundamental. Acumu- nhias aéreas e à Infraero. São as responsá- De acordo com a Fentac, a Perda Audi-
lam, portanto, duas atividades distintas”. veis pelos serviços de comissaria (refei- tiva Induzida pelo Ruído (PAIR) é a prin-
A crise financeira das empresas tam- ções e lanches), pelo fornecimento de cipal doença entre os trabalhadores do
bém provoca a redução do número de tra- combustível, pela limpeza das aeronaves, setor aéreo. Além da perda da audição, a
balhadores e isso faz com que o ritmo de
trabalho aumente significativamente. “A
sobrecarga de trabalho gera excesso de Ano Total de Pousos Total de Carga Aérea** (kg) Mala Postal** (kg)
horas-extras, ritmos insuportáveis, res- e Decolagens* Passageiros**
ponsabilidade exacerbada e correria para 2003 1.765.595 71.215.810 1.214.613.592 231.584.298
execução das tarefas. É nesse cenário que 2004 1.790.303 82.706.261 1.358.517.614 215.163.443
surgem os acidentes. As pessoas estão 2005 1.841.225 96.078.832 1.360.139.566 233.938.416
trabalhando no limite e, na aviação, isso é
2006 1.918.538 102.185.376 1.229.679.275 306.291.309
fatal”, pondera o presidente da Fentac,
2007 2.041.739 110.604.289 1.315.474.399 341.840.874
Celso Klafke. Para ele, melhores condi-
* Sem aviação militar ** Embarque mais desembarque
ções de trabalho e de treinamento, mais
tempo para manutenção das aeronaves
antes de serem liberadas para o vôo e em-
pregados em quantidade necessária é o
que pode garantir a segurança e a saúde
de trabalhadores e usuários. Fonte: DOPO/Infraero

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TRABALHO EM AEROPORTOS

ARQUIVO FAB
exposição habitual ao ruído, sem medi- derando a eficiência, o conforto e a segu-
das de controle, pode provocar, entre ou- rança”, explica o gerente de recursos hu-
tros sintomas: transtornos neurológicos e manos e relações do trabalho da SATA,
de digestão, alterações do sono e da pres- Carlos Henrique de Campos.
são arterial, estresse, baixo desempenho A VEM Maintenance e Engineering, que
funcional e problemas de aprendizado. atua no segmento de manutenção de aero-
A dificuldade em implantar proteções naves, investe em treinamentos sistemá-
coletivas nas atividades desenvolvidas no ticos e específicos. Cada área tem seu ma-
pátio, faz com que as empresas intensifi- nual de segurança, elaborado pelos pro-
quem o monitoramento ambiental e a su- fissionais do Sesmt. “Desenvolvemos trei-
pervisão quanto ao uso dos Equipamen- namentos por área de atuação, ligados à
tos de Proteção Individual (EPIs). prevenção de acidentes de trabalho. Man-
A Infraero mantém um Programa de temos nossos Centros de Manutenção
Conservação Auditiva (PCA), que envol- abastecidos de EPIs, definidos por área e
ve acompanhamento contínuo de todos os tipo de atividade. Todas as certificações
ambientes de trabalho e a realização de aeronáuticas passam por auditorias que
exames audiométricos. “Aliamos a isso a consideram também os treinamentos de
padronização de procedimentos e de con- prevenção”, esclarece o gerente de recur-
dutas pela área de SST”, afirma a superin- sos humanos da VEM, João Marcos Blanco
tendente de recursos humanos da empre- Dias.
sa, Regina Azevedo. Ruído: controle rigoroso

A SATA, empresa que faz embarque e níveis de pressão sonora superam o limi- QUÍMICOS
desembarque de cargas e bagagens, lim- te de 80 dB(A) realizamos mensuração de Em um aeroporto, os riscos químicos
peza, drenagem de dejetos e abaste- ruído através de dosimetria. Com a invia- não estão restritos às oficinas de manu-
cimento de água potável das aeronaves, bilidade técnica da adoção de medidas de tenção. “A exposição a agentes químicos
faz o controle de ruído com uso de Equi- proteção coletiva, pois as fontes de ruído potencialmente carcinogênicos, com seu
pamentos de Proteção Individual (EPIs) são as turbinas das aeronaves e dos equi- elevado tempo de latência entre a exposi-
e dosimetrias de ruído. “Nas atividades de pamentos de apoio, selecionamos um EPI ção e o efeito, como o cloreto de metileno,
rampa, ambiente de trabalho em que os tecnicamente adequado ao risco, consi- deve ser investigada e controlada, prefe-
rencialmente com a sua substituição”, ori-
SITUAÇÕES DE RISCO enta o auditor fiscal do trabalho da SRTE/
RS, Luiz Alfredo Scienza.
Além dos riscos ambientais inerentes a cada atividade, no setor aéreo, os acidentes e A contaminação por metais pesados
as doenças ocupacionais estão relacionados à organização do trabalho, à pressão de provenientes da queima dos combustíveis
tempo para execução das tarefas e à falta de pessoal. Confira outras situações de risco:
pode afetar todos os trabalhadores que
Local Principais riscos ambientais desenvolvem suas atividades perto das ae-
Pátio de Ruído, risco de acidentes pela movimentação de tratores e caminhões na pista, trabalho ronaves. No aeroporto de Viracopos e de
manobra em altura, exposição solar, riscos biológicos (na drenagem de dejetos) e risco de incêndio Campinas já foram registrados casos de
ou explosão (abastecimento de combustível).
trabalhadores com leucopenia, que é a di-
Terminal de Esforço físico, riscos químicos (cargas perigosas), riscos físicos (ruído, vibração, radiações
carga (Teca) ionizantes e frio das câmaras frigoríficas). minuição dos glóbulos brancos no sangue,
Terminal de Riscos ergonômicos (mobiliários inadequados) e estresse ocupacional.
possivelmente causada pela exposição ha-
passageiros bitual a alguns agentes químicos ou físi-
Hangares e Ruído, riscos ergonômicos (esforço físico e exigência de má postura), trabalhos em altura, cos como: benzeno, tolueno, xileno e ra-
oficinas de contato com produtos químicos e risco de incêndio ou explosão (solda, corte, resíduos de diações ionizantes.
manutenção produtos químicos).
Para Scienza, uma ação importante é a
Torre de Trabalho em turno e noturno, escalas de revezamento, estresse ocupacional, alta carga
controle cognitiva.
garantia da correta circulação de informa-
ções quanto aos agentes químicos utili-
zados em cada atividade. “Informações de
qualidade, que permitam a correta gestão
das medidas de controle. Os trabalhado-
res devem ter total ciência dos riscos a
que estão expostos. Um fator característi-
co do setor de manutenção de aeronaves
é o uso de misturas químicas complexas,
homologadas por entidades externas ou
fabricantes, cuja composição é de difícil
RH CASTILHOS

leitura”, considera o auditor.


A falta de informações quanto aos riscos
químicos é freqüente. O diretor do Sindi-

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Especial.p65 44 20/3/2008, 19:03


TRABALHO EM AEROPORTOS

SATA/DIVULGAÇÃO

Limpeza, drenagem de dejetos e abastecimento de água estão entre os serviços da SATA

cato Nacional dos Aeroviários, José Elias pactam diretamente na redução de faltas
Dutra, que trabalha como operador de via- ao trabalho. A prevenção e a promoção à
tura no aeroporto Tom Jobim, na cidade saúde, com base no PCMSO, permitem di-
do Rio de Janeiro, conta que, para descar- minuir a ocorrência de doenças e minimi-
regar os porões dos vôos que chegam de zar as seqüelas, reduzindo o absenteísmo
Angola, por exemplo, os operadores pre- e os custos com saúde”, explica Regina A-
cisam jogar para dentro do compartimen- zevedo, superintende de RH da empresa.
to uma ampola de inseticida, do qual não O desrespeito à NR 24 - Condições Sa-
conhecem a composição. Segundo Dutra, nitárias e de Conforto nos Locais de Tra-
os trabalhadores também não receberam balho, também é comum nos bastidores
treinamento específico sobre os cuidados de muitos aeroportos do país. Faltam ba-
necessários durante essa atividade. nheiros e vestiários adequados. “No Tom
Os muitos produtos químicos também Jobim, os trabalhadores da rampa não têm
podem provocar incêndios e explosões, banheiro. Chegam a usar os contêineres
principalmente quando diferentes ativida- e as passarelas para fazer suas necessida-
des precisam ser executadas simultanea- des. Estamos sem bebedouro há mais de
mente, no mesmo espaço de trabalho. um ano. Para os passageiros o aeroporto
Nestes casos, o planejamento das ativida- é de primeiro mundo, mas para o traba-
des e a supervisão precisam ser redobra- lhador é o 15º mundo! Em nosso local de
dos. No entanto, a sobrecarga de tarefas trabalho, convivemos com ratazanas e não
e a forma como elas estão organizadas, temos nem lugar adequado para escovar
nem sempre priorizam a segurança. os dentes”, desabafa José Elias Dutra, do
Sindicato Nacional dos Aeroviários
BIOLÓGICOS (SNA).
No transporte aéreo, alguns riscos bio- Regina Azevedo, da Infraero, destaca
lógicos vêm junto com os vôos: mosquitos, que a área de Segurança do Trabalho da
moscas e outros vetores podem “embar- empresa participa de todos os projetos de
car” e causar doenças aos trabalhadores novas instalações prediais, opinando so-
e aos passageiros. A possibilidade de con- bre modificações e arranjos físicos neces-
taminação também existe durante a lim- sários ao cumprimento das Normas Re-
peza de aeronaves, dos porões onde são gulamentadoras do MTE.
transportados animais e dos sanitários. Nas O SNA, no entanto, critica a falta de fis-
estações de tratamento de esgotos, duran- calização das prestadoras de serviço pela
te a drenagem de dejetos dos banheiros Infraero, pela Anvisa e pelo próprio MTE,
das aeronaves também existe risco de onde já protocolaram diversas denúnci-
contato com microorganismos diversos. as. “Na última fiscalização, o auditor do
A Infraero mantém campanhas de Ministério do Trabalho só pediu pra ver
vacinação contra a gripe e a febre amare- documentação. Nossos problemas conti-
la, por exemplo. “Essas campanhas im- nuaram iguais”, comenta Dutra.

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TRABALHO EM AEROPORTOS
de uma situação de razoável ‘estabilida-
Estresse ocupacional de’ para uma oferta ilimitada de mão-de-
obra especializada ou pelo menos experi-
No setor aéreo, afastamentos por transtornos mentais são freqüentes ente, fazendo com que os salários caiam
progressivamente, na medida em
Usado no dia-a-dia como sinôni- que a oferta de trabalhadores pas-

HENRIQUE LESSA/AGÊNCIA VYRIA


mo de irritação e nervosismo, o sou a ser muito maior do que a
termo “estresse” tem um significa- de postos de trabalho”, avalia A-
do bem mais profundo quando as- nadergh.
sociado ao mundo do trabalho. A Essa situação levou o setor de
crise do setor aéreo revelou, en- transporte aéreo brasileiro a ser
tre outros problemas, a pressão o terceiro ramo de atividades a
psicológica sofrida por aeroviários apresentar maior número de afas-
e aeroportuários. As primeiras de- tamentos por transtornos men-
núncias de falta de pessoal, exces- tais como estresse, depressão e
so de horas-extras, ausência de fobias (veja Quadros, Principais
folgas e assédio moral vieram dos doenças no setor e, Por que eles
controladores de tráfego aéreo se afastam?). Aeroviários, aero-
que, por algum tempo, foram acu- portuários e aeronautas só per-
sados pelo acidente da Gol, em dem em licenças causadas por
setembro de 2006. “Antes do aci- Rotina desgastante nos balcões de atendimento transtornos mentais para os tra-
dente, os controladores aceitavam as pés- vens, impotentes para resolver situações balhadores da indústria do petróleo e do
simas condições de trabalho que lhes urgentes, geradas na maioria das vezes ramo imobiliário, mas ganham de ativida-
eram oferecidas por medo de sofrerem re- pela má administração e pela ganância das des tradicionalmente consideradas
presálias. Com o acidente, viram que esta- empresas”. A pesquisadora ainda acres- estressantes como as do ramo bancário,
vam sendo coniventes com a morte de centa: “O pessoal do atendimento serve da bolsa de valores e da saúde.
centenas de pessoas. Passaram, então, a como um verdadeiro ‘escudo humano’. Os
denunciar as falhas do sistema”, lembra o balcões das empresas e os saguões dos DESCONTROLE
procurador do trabalho, Fábio Fernandes. aeroportos viraram, com freqüência, rin- O trabalho dos controladores de tráfego
gues de lutas verbais e até corporais. O aéreo é considerado pela OIT e por diver-
LUT
LUTA A LIVRE estresse passou a ser a tônica nos dois la- sos estudos internacionais como uma das
A professora da UnB, Anadergh Barbo- dos do balcão, nas esteiras, nos pátios, nos ocupações mais complexas existentes no
sa-Branco diz que a crise aérea gerou en- serviços de atendimento eletrônico, en- mundo atual. Estudo da médica psiquiatra
tre os passageiros uma irritação freqüen- tre outros”. Edith Seligmann-Silva, professora aposen-
te, acompanhada pela predisposição de A situação financeira das empresas tam- tada da Faculdade de Medicina da USP,
jogar em quem estiver na frente toda sua bém influencia o equilíbrio emocional e a descreve a atividade: “O trabalho mental
indignação. “Do outro lado do balcão, ‘res- qualidade de vida dos trabalhadores. “A inclui, por exemplo, a atenção permanen-
pondendo’ pela empresa, há inúmeros jo- realidade do setor aéreo brasileiro passou te e multidirecionada, isto é, voltada si-
multaneamente para os conjuntos de nú-
meros - captados através do radar - que
Ocorrências Homens Ocorrências Mulheres
resumem a situação de cada aeronave nas
telas e para as comunicações que realiza
Total
Grupo de Doença B31** B91*** Total B31** B91*** Total na interlocução com os pilotos dos aviões,
Geral

Transtornos neuróticos relacionados ao estresse (F40-F48) 66 - 66 146 - 146 212 mas também com outros técnicos do mes-
Pessoas em contato com serviços de saúde em - - - 194 - 194 194 mo setor e ainda na articulação a outros
circunstâncias relacionadas com a reprodução (Z30-Z39) centros de controle no país”.
Transtornos do humor ou do afeto (F30-F39) 55 55 136 136 191 Apesar dos critérios internacionais exis-
Outras dorsopatias (M50-M54) 80 5 85 67 4 71 156 tentes, no Brasil, o número de aviões a
Traumatismos do joelho e da perna (S80-S89) 74 10 84 11 1 12 96 serem acompanhados simultaneamente
Traumatismos do tornozelo e do pé ( S90-S99) 29 7 36 32 16 48 84 por cada controlador vem sendo excedi-
Traumatismos do punho e da mão (S60-S69) 45 10 55 9 1 10 65 do. É o controlador que orienta a manu-
Transtornos das sinóvias e dos tendões (M65-M68) 18 - 18 36 1 37 55 tenção de uma distância segura entre as
Outros transtornos dos tecidos moles (M70-M79) 13 2 15 34 2 36 51
aeronaves e monitora a velocidade para
Total de afastamentos > 15 dias 1.699
assegurar o fluxo de aviões nas aerovias.
*Principais grupos de doenças que causaram afastamento superior a 15 dias entre os empregados do setor de
transporte aéreo em 2006 (inclui aeroviários, aeroportuários e aeronautas). É importante destacar que nem sempre “É preciso ter em conta que toda essa
é reconhecido o nexo causal. Isso faz com que a maior parte das ocorrências fique registrada como doença comum. multiplicidade de atividades mentais se
** B31: auxílio doença previdenciário realiza de modo continuado e geralmente
*** B91: auxílio doença acidente de trabalho sob pressão de tempo. Agilidade mental
Fonte: UnB/Laboratório de Saúde do Trabalhador e INSS é um requisito. Quanto maior o número

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TRABALHO EM AEROPORTOS
Especialistas alertam que existe um
ARQUIVO FAB

conjunto de aspectos que provoca o des-


gaste da saúde dos trabalhadores. A psi-
quiatra Edith Seligmann aponta: “Para
que um trabalho seja saudável - e, portan-
to, não desgastante - um requisito essen-
cial é o da compatibilização entre o traba-
lho e a dimensão humana de quem o reali-
za”.
José Roberto Montes Heloani, doutor
em psicologia social, também destaca a
necessidade vital de reconhecimento pelo
trabalho executado. “Anos de dedicação
mediante esforços freqüentes e não reco-
nhecidos podem levar ao chamado esgo-
tamento físico e mental crônico causado
pelo trabalho. Trata-se do esgotamento
profissional, ou Síndrome de Burnout: um
tipo de estresse ocupacional caracteriza-
Complexidade na atividade dos controladores exige deles o seu máximo
do por manifestações de exaustão emo-
de aeronaves, maior a carga mental. O nas decisões e acionamento das medidas cional, extrema apatia, falta de entusias-
esforço mental é exacerbado quando os de curto prazo. Este limite diz respeito a mo pelo trabalho e pela vida, baixa auto-
equipamentos apresentam defeitos, difi- diferentes categorias profissionais que a- estima, podendo conduzir a pessoa a con-
cultando a captação das informações e a tuam no transporte aéreo”, recomenda. tínua irritabilidade, distúrbios do sono, a
realização das comunicações”, aponta a Porém, a divisão de controladores entre uma depressão severa e, em alguns casos,
professora em seu artigo “A instabilidade civis e militares, na ordem de 20% e 80%, ao suicídio”, explica no artigo “Procuram-
aérea e os limites humanos”. respectivamente, dificulta os relaciona- se culpados”.
Para a especialista, as recomendações mentos humanos e a adoção de uma ges- Para Heloani, esse sentimento de “satu-
para prevenção e promoção à saúde des- tão participativa, com mais autonomia e ração”, de não agüentar mais nem o traba-
ses trabalhadores são: diminuição da jor- cooperação. lho nem as pessoas com quem se relaciona
nada de trabalho, realização de pausas, e- profissionalmente, é provocado por jorna-
quipamentos mais modernos e em perfei- EFEITO CASCA
CASCAT TA das de trabalho exaustivas, situações de
tas condições de uso, dimensionamento Um acidente aéreo não atinge apenas violenta pressão, progressiva frustração
adequado das atividades exigidas, reco- os controladores e a tripulação envolvi- e grande responsabilidade funcional. A fa-
nhecimento e maior participação no en- da. Anadergh Barbosa-Branco, doutora diga se acumula e assume um caráter crô-
caminhamento e busca de soluções para em Saúde Ocupacional, afirma que o de- nico, devido à hostilidade e à agressivi-
os problemas operacionais. “O limite hu- sastre gera um trauma e uma ansiedade dade decorrentes, comprometendo a con-
mano, entretanto, precisa ser melhor vi- generalizada. “Você vê o problema aconte- vivência familiar e social. Ou seja, o traba-
sualizado, reconhecido em sua importân- cendo ao seu lado e pensa que poderia lhador fica completamente desestrutura-
cia e considerado nos planos de reestru- ser com você. Em casos de acidentes gra- do e adoece.
turação e de reformulação do tipo de ges- ves, a produtividade dos trabalhadores cai
tão - a médio e longo prazo - bem como entre 20% e 30% nos dias seguintes”. CONTRA O RELÓGIO
No setor aéreo, a falta de pessoal é
apontada como principal fator estressan-
te. “A responsabilidade excessiva, pois a
falta de um trabalhador pode resultar em
risco de morte para centenas de pessoas,
somada ao pouco tempo para a manuten-
ção e garantia das condições de vôo segu-
ro é um grave fator de risco para os traba-
lhadores. A falta de profissionais, princi-
palmente na área de manutenção, tem ge-
rado um ritmo brutal, sobrecarga de tra-
balho e muita responsabilidade. Os traba-
lhadores estão no limite de suas capacida-
des”, alerta Celso Klafke, presidente da
Fentac.
O trabalho em turno e noturno, muitas
vezes em escalas de revezamento, tam-

50 REVISTA PROTEÇÃO ABRIL / 2008


TRABALHO EM AEROPORTOS

ARQUIVO VEM
bém contribui para a alteração do biorrit- Normas e Regulamentadoras e obter a
mo de quem trabalha em aeroportos. “A certificação OHSAS 18001. “Esses objeti-
vida social do empregado fica prejudicada, vos envolvem todo o corpo diretivo, ge-
com dificuldade para organizar sua vida rencial e empregados da SATA, com o
pessoal, gerando prejuízos quanto ao con- compromisso de desenvolver ações de
vívio familiar, atividades sociais, de estu- gestão que assegurem o cumprimento da
do, de lazer e a reciclagem profissional”, legislação, normas ambientais e outros
descreve o procurador Fábio Fernandes. requisitos”, explica o gerente de recursos
Além disso, sintomas como insônia e alte- humanos e de relações do trabalho, Carlos
rações do humor passam a ser freqüentes. Henrique de Campos.
Outro fator de risco são as duplas jorna- Ele destaca que a SATA considera a
das de trabalho. Grande parte dos aerovi- Segurança do Trabalho fundamental para
ários e dos aeroportuários mantém outra o desempenho de seus serviços. “Por isso
atividade profissional a fim de comple- investimos em equipes de proteção e trei-
mentar sua renda. “O salário torna-se, por- namentos diversos. Nosso trabalho será
tanto, um componente importante para a sempre o de promover campanhas edu-
análise da questão do desgaste da saúde, cativas, orientando nosso trabalhador so-
tanto porque sua insuficiência leva à pro- bre todos os aspectos e formas de evitar
cura de outra ocupação suplementar, doenças e acidentes”.
quanto por sua influência no nível da qua- Nos principais aeroportos do país, a
lidade de vida necessário à recuperação SATA mantém um serviço de assistência
Manutenção: ritmo acelerado
do cansaço e à prevenção da fadiga acu- social e ambulatorial para todos os em-
mulada”, avalia a psiquiatra Edith Selig- rança do mercado nacional e diversas cer- pregados. Em algumas bases, o serviço é
mann. tificações internacionais. extensivo aos familiares e dependentes.
A SATA, empresa responsável pelas ati- “Buscamos orientar quanto às formas de
PREVENÇÃO vidades de embarque e desembarque de evitar doenças. Além disso, disponibiliza-
A prevenção do estresse ocupacional cargas, manutenção e limpeza de aerona- mos todos os equipamentos necessários
envolve ações dentro e fora da empresa. ves, está desenvolvendo um projeto com para a execução segura das atividades”,
Além da melhoria das condições em que os objetivos de atender aos requisitos das conclui.
o trabalho é executado, a mudança de há-
bitos como o sedentarismo, tipo de ali-
mentação, a diminuição do consumo de
álcool e de cigarro ajuda a melhorar a qua-
Setor aéreo em foco
lidade de vida. MTE formará GT para acompanhar o trabalho em aeroportos
A TAM Linhas Aéreas criou o programa
“Estilo de Vida TAM”. São diversas campa- As recentes tragédias aéreas, ampla- precariedades das condições de trabalho
nhas ao longo do ano, enfocando a preven- mente divulgadas pela imprensa, são ape- em aeroportos. “Certamente o procedi-
ção e a promoção da saúde, o diagnóstico nas a ponta de um “iceberg” de situações mento de segurança não foi seguido. Ela
de doenças como diabetes, colesterol e de risco. Os trabalhadores do transporte caiu porque retiraram a escada, mas para
hipertensão, além do incentivo à ativida- aéreo convivem com diversos incidentes isso é obrigatório sinalizar as portas com
de física e ao lazer, combate ao estresse, e outros pequenos acidentes, que nem uma fita cor de laranja. É a pressa. O avião
coleta e reciclagem de lixo e orientações sempre são registrados. “Há poucos me- tem que sair no horário de qualquer jei-
às gestantes. Segundo a Assessoria de Im- ses, um funcionário de uma empresa res- to”, avalia José Elias Dutra, diretor do Sin-
prensa da companhia, com ações dirigi- ponsável pela colocação de bagagens na dicato Nacional dos Aeroviários (SNA).
das, a TAM busca incentivar seus empre- aeronave foi esquecido e trancado nesse Caso semelhante aconteceu em 2007 no
gados para a prevenção de doenças, a re- compartimento. Se o avião tivesse deco- Aeroporto Internacional Salgado Filho,
educação dos hábitos para uma vida sau- lado, devido às características do compar- em Porto Alegre. “As atividades de manu-
dável e a responsabilidade quanto à “ges- timento de bagagens, ele teria morrido em tenção são executadas, muitas vezes, em
tão” de sua própria saúde. pleno vôo. Os gritos do trabalhador foram postos elevados, que obrigam o uso de
O Setor de Medicina e Segurança do ouvidos pelos passageiros, que informa- plataformas e andaimes. Esses equipa-
Trabalho da companhia tem seu foco na ram à tripulação, que suspendeu a deco- mentos, seguidamente estão muito distan-
promoção da saúde, com ações sistemáti- lagem. Ele teve sorte”, conta o presidente tes do cumprimento mínimo da legislação
cas e contínuas, que procuram agir sobre da Fentac, Celso Klafke. de segurança e saúde. O acidente de Por-
o ambiente de trabalho, em conjunto com Em janeiro, a morte de uma auxiliar de to Alegre foi causado por um sistema im-
as CIPAs, para reduzir riscos para a saú- limpeza da TAM, que caiu de uma aero- provisado”, revela o auditor fiscal do tra-
de dos empregados. Por meio de sua asse- nave estacionada no pátio do Aeroporto balho da SRTE/RS, Luiz Alfredo Scienza.
ssoria de imprensa, a TAM destaca que Internacional de Guarulhos, fez com que Para ele, não é aceitável que um setor de
segue padrões internacionais de seguran- diversas entidades de representação dos alta tecnologia como o da aviação ainda
ça, o que lhe possibilitou alcançar a lide- trabalhadores voltassem a denunciar as apresente situações de trabalho tão precá-
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rias como as encontradas durante as ins-

HENRIQUE LESSA/AGÊNCIA VYRIA


peções do MTE.

VANGUARDA
Para Odilon Junqueira, consultor de re-
lações sindicais do Sindicato Nacional das
Empresas Aéreas (Snea), por sua ativi-
dade diferenciada, o setor se mantém na
vanguarda da utilização de novos e mo-
dernos equipamentos de proteção. “Te-
mos a oportunidade de uma permanente
troca de informações com outros países.
Fazemos um intercâmbio mundial para
aprimorar nossos processos. Também
mantemos diálogo constante com a repre-
sentação dos trabalhadores, em reuniões
bimestrais para avaliação do cumprimen-
to da Convenção Coletiva”. Junqueira des-
taca que as companhias mantêm setores
Condições dos trabalhadores serão avaliadas pela Fiscalização
de medicina especializada em aviação e
campanhas internas periódicas de alerta res da manutenção de Congonhas para li- está constituindo um grupo técnico para
quanto aos riscos ocupacionais e as for- berarem aviões com problemas mecânicos fiscalização em aeroportos. Segundo os
mas de prevenção. “Bom seria se todos e sobre os controladores para que não auditores fiscais indicados a participar
os setores da economia brasileira tives- reportem irregularidades, falhas no siste- deste grupo em São Paulo, já existe deter-
sem a mesma estrutura de SST que as ma - radar ou rádio freqüência - e inci- minação do Departamento de Segurança
grandes companhias aéreas conseguem dentes aéreos e para monitorarem mais e Saúde do Trabalho (DSST), de Brasília,
manter”, conclui. aeronaves do que o recomendado por para a criação de um grupo técnico para
No entanto, os aeroportos estão no foco normas nacionais e internacionais de se- estudar a elaboração de uma Norma Re-
de atuação do Ministério Público do Tra- gurança”, aponta o procurador do traba- gulamentadora que estabeleça os parâ-
balho de São Paulo (MPT-SP) desde 1995. lho Fábio Fernandes, que acrescenta: “faz metros de Saúde e Segurança em Aero-
Atualmente, estão em andamento cerca parte da estratégia patronal não cumprir portos, a exemplo do que já foi feito com
de 50 investigações, que envolvem todas a legislação trabalhista. O empregador faz serviços de Saúde (NR-32) e Espaços
as companhias aéreas e também a Infrae- de forma bem eficaz a conta da relação Confinados (NR-33). As reuniões com os
ro. “O tema dessas investigações é varia- ‘custo-benefício’ e, muitas vezes, compen- auditores que farão parte desse grupo já
do, mas os principais problemas são o sa pagar as multas”. foram agendadas pelo DSST. O MPT tam-
excesso de jornada, ausência de conces- bém deverá participar da elaboração do
são de folgas e de intervalos ‘inter’ e ‘intra- NOV
NOVA A NORMA cronograma de ações do grupo técnico,
jornada’ e assédio moral consubstanciado A Superintendência Regional do Traba- que busca padronizar a fiscalização em
na pressão exercida sobre os trabalhado- lho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP) aeroportos de todo o país.

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