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ARQUIVO PROTEÇÃO
92% do mercado nacional. tac, Celso André Klafke, que acrescenta:
Cabe destacar que o trans- “Na gestão de aeroportos, entre termos
porte aéreo no Brasil é uma uma pista segura e um aeroporto funcio-
concessão pública e a Cons- nando a qualquer custo, a prioridade tem
tituição Federal impõe ao sido colocar os aeroportos em operação”.
governo a responsabilidade
de intervir nos setores estra- INST ABILIDADE
INSTABILIDADE
tégicos e de interesse geral O acidente com o avião da TAM, em ju-
da sociedade. Porém, exis- lho de 2007, reforçou a preocupação com
tem denúncias de que as as condições de trabalho no setor aéreo.
aeronaves são usadas além No artigo “Procuram-se culpados”, Rober-
de seu limite operacional. Na to Heloani pondera: “Tem ficado muito pa-
Klafke: no limite Fernandes: menor custo década de oitenta, um avião tente nesses últimos anos o embeleza-
Na década de setenta e início dos anos voava por dia, em torno de sete ou oito mento dos aeroportos, que é de responsa-
oitenta, o Brasil tinha um plano interes- horas, no máximo. Hoje, as aeronaves bilidade da Infraero. Ninguém nega que o
sante para o complexo sistema de trans- voam mais de 13 horas diárias, expondo passageiro que paga pela segunda maior
porte aéreo. Tratava-se do Sistema Inte- trabalhadores e usuários a maiores riscos taxa de embarque do mundo merece con-
grado de Transporte Aéreo Regional (Si- em função de eventuais problemas me- forto e praticidade. No entanto, a infra-
tar). Esse projeto tinha o objetivo de “ca- cânicos. estrutura em terra não está adequada.
pilarizar” o país atendendo o maior núme- Para a Federação Nacional dos Traba- Existe no Brasil um desleixo com a infra-
ro possível de municípios. Porém, os inte- lhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), estrutura aeronáutica. Também se procu-
resses econômicos das empresas aéreas as empresas resistem em tratar saúde e ra dar uma solução finalística na análise
preponderaram com a complacência do segurança como prioridade. “Sempre ale- dos acidentes. Nunca se consideram as
Governo Federal. Com isso, as empresas gam que os custos de prevenção são muito condições de trabalho e as estruturas do
regionais menores desapareceram. altos. Na Convenção Coletiva de Trabalho equipamento”.
Hoje, menos de 150 municípios brasi- dos Aeroviários existe a criação de uma Para Anadergh Barbosa-Branco, douto-
leiros são atendidos pelo transporte aéreo. comissão paritária sobre esse tema, mas ra em Saúde Ocupacional e professora da
Os aeroportos regionais são em número na prática, ela nunca funcionou, devido à Universidade de Brasília (UnB), a instabi-
insuficiente para o atendimento aos usu- resistência das empresas em discutir esse lidade empregatícia no setor aéreo pode
ários e apenas duas companhias detém assunto”, comenta o presidente da Fen- ser apontada como uma das principais
ARQUIVO FAB
exposição habitual ao ruído, sem medi- derando a eficiência, o conforto e a segu-
das de controle, pode provocar, entre ou- rança”, explica o gerente de recursos hu-
tros sintomas: transtornos neurológicos e manos e relações do trabalho da SATA,
de digestão, alterações do sono e da pres- Carlos Henrique de Campos.
são arterial, estresse, baixo desempenho A VEM Maintenance e Engineering, que
funcional e problemas de aprendizado. atua no segmento de manutenção de aero-
A dificuldade em implantar proteções naves, investe em treinamentos sistemá-
coletivas nas atividades desenvolvidas no ticos e específicos. Cada área tem seu ma-
pátio, faz com que as empresas intensifi- nual de segurança, elaborado pelos pro-
quem o monitoramento ambiental e a su- fissionais do Sesmt. “Desenvolvemos trei-
pervisão quanto ao uso dos Equipamen- namentos por área de atuação, ligados à
tos de Proteção Individual (EPIs). prevenção de acidentes de trabalho. Man-
A Infraero mantém um Programa de temos nossos Centros de Manutenção
Conservação Auditiva (PCA), que envol- abastecidos de EPIs, definidos por área e
ve acompanhamento contínuo de todos os tipo de atividade. Todas as certificações
ambientes de trabalho e a realização de aeronáuticas passam por auditorias que
exames audiométricos. “Aliamos a isso a consideram também os treinamentos de
padronização de procedimentos e de con- prevenção”, esclarece o gerente de recur-
dutas pela área de SST”, afirma a superin- sos humanos da VEM, João Marcos Blanco
tendente de recursos humanos da empre- Dias.
sa, Regina Azevedo. Ruído: controle rigoroso
A SATA, empresa que faz embarque e níveis de pressão sonora superam o limi- QUÍMICOS
desembarque de cargas e bagagens, lim- te de 80 dB(A) realizamos mensuração de Em um aeroporto, os riscos químicos
peza, drenagem de dejetos e abaste- ruído através de dosimetria. Com a invia- não estão restritos às oficinas de manu-
cimento de água potável das aeronaves, bilidade técnica da adoção de medidas de tenção. “A exposição a agentes químicos
faz o controle de ruído com uso de Equi- proteção coletiva, pois as fontes de ruído potencialmente carcinogênicos, com seu
pamentos de Proteção Individual (EPIs) são as turbinas das aeronaves e dos equi- elevado tempo de latência entre a exposi-
e dosimetrias de ruído. “Nas atividades de pamentos de apoio, selecionamos um EPI ção e o efeito, como o cloreto de metileno,
rampa, ambiente de trabalho em que os tecnicamente adequado ao risco, consi- deve ser investigada e controlada, prefe-
rencialmente com a sua substituição”, ori-
SITUAÇÕES DE RISCO enta o auditor fiscal do trabalho da SRTE/
RS, Luiz Alfredo Scienza.
Além dos riscos ambientais inerentes a cada atividade, no setor aéreo, os acidentes e A contaminação por metais pesados
as doenças ocupacionais estão relacionados à organização do trabalho, à pressão de provenientes da queima dos combustíveis
tempo para execução das tarefas e à falta de pessoal. Confira outras situações de risco:
pode afetar todos os trabalhadores que
Local Principais riscos ambientais desenvolvem suas atividades perto das ae-
Pátio de Ruído, risco de acidentes pela movimentação de tratores e caminhões na pista, trabalho ronaves. No aeroporto de Viracopos e de
manobra em altura, exposição solar, riscos biológicos (na drenagem de dejetos) e risco de incêndio Campinas já foram registrados casos de
ou explosão (abastecimento de combustível).
trabalhadores com leucopenia, que é a di-
Terminal de Esforço físico, riscos químicos (cargas perigosas), riscos físicos (ruído, vibração, radiações
carga (Teca) ionizantes e frio das câmaras frigoríficas). minuição dos glóbulos brancos no sangue,
Terminal de Riscos ergonômicos (mobiliários inadequados) e estresse ocupacional.
possivelmente causada pela exposição ha-
passageiros bitual a alguns agentes químicos ou físi-
Hangares e Ruído, riscos ergonômicos (esforço físico e exigência de má postura), trabalhos em altura, cos como: benzeno, tolueno, xileno e ra-
oficinas de contato com produtos químicos e risco de incêndio ou explosão (solda, corte, resíduos de diações ionizantes.
manutenção produtos químicos).
Para Scienza, uma ação importante é a
Torre de Trabalho em turno e noturno, escalas de revezamento, estresse ocupacional, alta carga
controle cognitiva.
garantia da correta circulação de informa-
ções quanto aos agentes químicos utili-
zados em cada atividade. “Informações de
qualidade, que permitam a correta gestão
das medidas de controle. Os trabalhado-
res devem ter total ciência dos riscos a
que estão expostos. Um fator característi-
co do setor de manutenção de aeronaves
é o uso de misturas químicas complexas,
homologadas por entidades externas ou
fabricantes, cuja composição é de difícil
RH CASTILHOS
SATA/DIVULGAÇÃO
cato Nacional dos Aeroviários, José Elias pactam diretamente na redução de faltas
Dutra, que trabalha como operador de via- ao trabalho. A prevenção e a promoção à
tura no aeroporto Tom Jobim, na cidade saúde, com base no PCMSO, permitem di-
do Rio de Janeiro, conta que, para descar- minuir a ocorrência de doenças e minimi-
regar os porões dos vôos que chegam de zar as seqüelas, reduzindo o absenteísmo
Angola, por exemplo, os operadores pre- e os custos com saúde”, explica Regina A-
cisam jogar para dentro do compartimen- zevedo, superintende de RH da empresa.
to uma ampola de inseticida, do qual não O desrespeito à NR 24 - Condições Sa-
conhecem a composição. Segundo Dutra, nitárias e de Conforto nos Locais de Tra-
os trabalhadores também não receberam balho, também é comum nos bastidores
treinamento específico sobre os cuidados de muitos aeroportos do país. Faltam ba-
necessários durante essa atividade. nheiros e vestiários adequados. “No Tom
Os muitos produtos químicos também Jobim, os trabalhadores da rampa não têm
podem provocar incêndios e explosões, banheiro. Chegam a usar os contêineres
principalmente quando diferentes ativida- e as passarelas para fazer suas necessida-
des precisam ser executadas simultanea- des. Estamos sem bebedouro há mais de
mente, no mesmo espaço de trabalho. um ano. Para os passageiros o aeroporto
Nestes casos, o planejamento das ativida- é de primeiro mundo, mas para o traba-
des e a supervisão precisam ser redobra- lhador é o 15º mundo! Em nosso local de
dos. No entanto, a sobrecarga de tarefas trabalho, convivemos com ratazanas e não
e a forma como elas estão organizadas, temos nem lugar adequado para escovar
nem sempre priorizam a segurança. os dentes”, desabafa José Elias Dutra, do
Sindicato Nacional dos Aeroviários
BIOLÓGICOS (SNA).
No transporte aéreo, alguns riscos bio- Regina Azevedo, da Infraero, destaca
lógicos vêm junto com os vôos: mosquitos, que a área de Segurança do Trabalho da
moscas e outros vetores podem “embar- empresa participa de todos os projetos de
car” e causar doenças aos trabalhadores novas instalações prediais, opinando so-
e aos passageiros. A possibilidade de con- bre modificações e arranjos físicos neces-
taminação também existe durante a lim- sários ao cumprimento das Normas Re-
peza de aeronaves, dos porões onde são gulamentadoras do MTE.
transportados animais e dos sanitários. Nas O SNA, no entanto, critica a falta de fis-
estações de tratamento de esgotos, duran- calização das prestadoras de serviço pela
te a drenagem de dejetos dos banheiros Infraero, pela Anvisa e pelo próprio MTE,
das aeronaves também existe risco de onde já protocolaram diversas denúnci-
contato com microorganismos diversos. as. “Na última fiscalização, o auditor do
A Infraero mantém campanhas de Ministério do Trabalho só pediu pra ver
vacinação contra a gripe e a febre amare- documentação. Nossos problemas conti-
la, por exemplo. “Essas campanhas im- nuaram iguais”, comenta Dutra.
Transtornos neuróticos relacionados ao estresse (F40-F48) 66 - 66 146 - 146 212 mas também com outros técnicos do mes-
Pessoas em contato com serviços de saúde em - - - 194 - 194 194 mo setor e ainda na articulação a outros
circunstâncias relacionadas com a reprodução (Z30-Z39) centros de controle no país”.
Transtornos do humor ou do afeto (F30-F39) 55 55 136 136 191 Apesar dos critérios internacionais exis-
Outras dorsopatias (M50-M54) 80 5 85 67 4 71 156 tentes, no Brasil, o número de aviões a
Traumatismos do joelho e da perna (S80-S89) 74 10 84 11 1 12 96 serem acompanhados simultaneamente
Traumatismos do tornozelo e do pé ( S90-S99) 29 7 36 32 16 48 84 por cada controlador vem sendo excedi-
Traumatismos do punho e da mão (S60-S69) 45 10 55 9 1 10 65 do. É o controlador que orienta a manu-
Transtornos das sinóvias e dos tendões (M65-M68) 18 - 18 36 1 37 55 tenção de uma distância segura entre as
Outros transtornos dos tecidos moles (M70-M79) 13 2 15 34 2 36 51
aeronaves e monitora a velocidade para
Total de afastamentos > 15 dias 1.699
assegurar o fluxo de aviões nas aerovias.
*Principais grupos de doenças que causaram afastamento superior a 15 dias entre os empregados do setor de
transporte aéreo em 2006 (inclui aeroviários, aeroportuários e aeronautas). É importante destacar que nem sempre “É preciso ter em conta que toda essa
é reconhecido o nexo causal. Isso faz com que a maior parte das ocorrências fique registrada como doença comum. multiplicidade de atividades mentais se
** B31: auxílio doença previdenciário realiza de modo continuado e geralmente
*** B91: auxílio doença acidente de trabalho sob pressão de tempo. Agilidade mental
Fonte: UnB/Laboratório de Saúde do Trabalhador e INSS é um requisito. Quanto maior o número
ARQUIVO VEM
bém contribui para a alteração do biorrit- Normas e Regulamentadoras e obter a
mo de quem trabalha em aeroportos. “A certificação OHSAS 18001. “Esses objeti-
vida social do empregado fica prejudicada, vos envolvem todo o corpo diretivo, ge-
com dificuldade para organizar sua vida rencial e empregados da SATA, com o
pessoal, gerando prejuízos quanto ao con- compromisso de desenvolver ações de
vívio familiar, atividades sociais, de estu- gestão que assegurem o cumprimento da
do, de lazer e a reciclagem profissional”, legislação, normas ambientais e outros
descreve o procurador Fábio Fernandes. requisitos”, explica o gerente de recursos
Além disso, sintomas como insônia e alte- humanos e de relações do trabalho, Carlos
rações do humor passam a ser freqüentes. Henrique de Campos.
Outro fator de risco são as duplas jorna- Ele destaca que a SATA considera a
das de trabalho. Grande parte dos aerovi- Segurança do Trabalho fundamental para
ários e dos aeroportuários mantém outra o desempenho de seus serviços. “Por isso
atividade profissional a fim de comple- investimos em equipes de proteção e trei-
mentar sua renda. “O salário torna-se, por- namentos diversos. Nosso trabalho será
tanto, um componente importante para a sempre o de promover campanhas edu-
análise da questão do desgaste da saúde, cativas, orientando nosso trabalhador so-
tanto porque sua insuficiência leva à pro- bre todos os aspectos e formas de evitar
cura de outra ocupação suplementar, doenças e acidentes”.
quanto por sua influência no nível da qua- Nos principais aeroportos do país, a
lidade de vida necessário à recuperação SATA mantém um serviço de assistência
Manutenção: ritmo acelerado
do cansaço e à prevenção da fadiga acu- social e ambulatorial para todos os em-
mulada”, avalia a psiquiatra Edith Selig- rança do mercado nacional e diversas cer- pregados. Em algumas bases, o serviço é
mann. tificações internacionais. extensivo aos familiares e dependentes.
A SATA, empresa responsável pelas ati- “Buscamos orientar quanto às formas de
PREVENÇÃO vidades de embarque e desembarque de evitar doenças. Além disso, disponibiliza-
A prevenção do estresse ocupacional cargas, manutenção e limpeza de aerona- mos todos os equipamentos necessários
envolve ações dentro e fora da empresa. ves, está desenvolvendo um projeto com para a execução segura das atividades”,
Além da melhoria das condições em que os objetivos de atender aos requisitos das conclui.
o trabalho é executado, a mudança de há-
bitos como o sedentarismo, tipo de ali-
mentação, a diminuição do consumo de
álcool e de cigarro ajuda a melhorar a qua-
Setor aéreo em foco
lidade de vida. MTE formará GT para acompanhar o trabalho em aeroportos
A TAM Linhas Aéreas criou o programa
“Estilo de Vida TAM”. São diversas campa- As recentes tragédias aéreas, ampla- precariedades das condições de trabalho
nhas ao longo do ano, enfocando a preven- mente divulgadas pela imprensa, são ape- em aeroportos. “Certamente o procedi-
ção e a promoção da saúde, o diagnóstico nas a ponta de um “iceberg” de situações mento de segurança não foi seguido. Ela
de doenças como diabetes, colesterol e de risco. Os trabalhadores do transporte caiu porque retiraram a escada, mas para
hipertensão, além do incentivo à ativida- aéreo convivem com diversos incidentes isso é obrigatório sinalizar as portas com
de física e ao lazer, combate ao estresse, e outros pequenos acidentes, que nem uma fita cor de laranja. É a pressa. O avião
coleta e reciclagem de lixo e orientações sempre são registrados. “Há poucos me- tem que sair no horário de qualquer jei-
às gestantes. Segundo a Assessoria de Im- ses, um funcionário de uma empresa res- to”, avalia José Elias Dutra, diretor do Sin-
prensa da companhia, com ações dirigi- ponsável pela colocação de bagagens na dicato Nacional dos Aeroviários (SNA).
das, a TAM busca incentivar seus empre- aeronave foi esquecido e trancado nesse Caso semelhante aconteceu em 2007 no
gados para a prevenção de doenças, a re- compartimento. Se o avião tivesse deco- Aeroporto Internacional Salgado Filho,
educação dos hábitos para uma vida sau- lado, devido às características do compar- em Porto Alegre. “As atividades de manu-
dável e a responsabilidade quanto à “ges- timento de bagagens, ele teria morrido em tenção são executadas, muitas vezes, em
tão” de sua própria saúde. pleno vôo. Os gritos do trabalhador foram postos elevados, que obrigam o uso de
O Setor de Medicina e Segurança do ouvidos pelos passageiros, que informa- plataformas e andaimes. Esses equipa-
Trabalho da companhia tem seu foco na ram à tripulação, que suspendeu a deco- mentos, seguidamente estão muito distan-
promoção da saúde, com ações sistemáti- lagem. Ele teve sorte”, conta o presidente tes do cumprimento mínimo da legislação
cas e contínuas, que procuram agir sobre da Fentac, Celso Klafke. de segurança e saúde. O acidente de Por-
o ambiente de trabalho, em conjunto com Em janeiro, a morte de uma auxiliar de to Alegre foi causado por um sistema im-
as CIPAs, para reduzir riscos para a saú- limpeza da TAM, que caiu de uma aero- provisado”, revela o auditor fiscal do tra-
de dos empregados. Por meio de sua asse- nave estacionada no pátio do Aeroporto balho da SRTE/RS, Luiz Alfredo Scienza.
ssoria de imprensa, a TAM destaca que Internacional de Guarulhos, fez com que Para ele, não é aceitável que um setor de
segue padrões internacionais de seguran- diversas entidades de representação dos alta tecnologia como o da aviação ainda
ça, o que lhe possibilitou alcançar a lide- trabalhadores voltassem a denunciar as apresente situações de trabalho tão precá-
52 REVISTA PROTEÇÃO ABRIL / 2008
VANGUARDA
Para Odilon Junqueira, consultor de re-
lações sindicais do Sindicato Nacional das
Empresas Aéreas (Snea), por sua ativi-
dade diferenciada, o setor se mantém na
vanguarda da utilização de novos e mo-
dernos equipamentos de proteção. “Te-
mos a oportunidade de uma permanente
troca de informações com outros países.
Fazemos um intercâmbio mundial para
aprimorar nossos processos. Também
mantemos diálogo constante com a repre-
sentação dos trabalhadores, em reuniões
bimestrais para avaliação do cumprimen-
to da Convenção Coletiva”. Junqueira des-
taca que as companhias mantêm setores
Condições dos trabalhadores serão avaliadas pela Fiscalização
de medicina especializada em aviação e
campanhas internas periódicas de alerta res da manutenção de Congonhas para li- está constituindo um grupo técnico para
quanto aos riscos ocupacionais e as for- berarem aviões com problemas mecânicos fiscalização em aeroportos. Segundo os
mas de prevenção. “Bom seria se todos e sobre os controladores para que não auditores fiscais indicados a participar
os setores da economia brasileira tives- reportem irregularidades, falhas no siste- deste grupo em São Paulo, já existe deter-
sem a mesma estrutura de SST que as ma - radar ou rádio freqüência - e inci- minação do Departamento de Segurança
grandes companhias aéreas conseguem dentes aéreos e para monitorarem mais e Saúde do Trabalho (DSST), de Brasília,
manter”, conclui. aeronaves do que o recomendado por para a criação de um grupo técnico para
No entanto, os aeroportos estão no foco normas nacionais e internacionais de se- estudar a elaboração de uma Norma Re-
de atuação do Ministério Público do Tra- gurança”, aponta o procurador do traba- gulamentadora que estabeleça os parâ-
balho de São Paulo (MPT-SP) desde 1995. lho Fábio Fernandes, que acrescenta: “faz metros de Saúde e Segurança em Aero-
Atualmente, estão em andamento cerca parte da estratégia patronal não cumprir portos, a exemplo do que já foi feito com
de 50 investigações, que envolvem todas a legislação trabalhista. O empregador faz serviços de Saúde (NR-32) e Espaços
as companhias aéreas e também a Infrae- de forma bem eficaz a conta da relação Confinados (NR-33). As reuniões com os
ro. “O tema dessas investigações é varia- ‘custo-benefício’ e, muitas vezes, compen- auditores que farão parte desse grupo já
do, mas os principais problemas são o sa pagar as multas”. foram agendadas pelo DSST. O MPT tam-
excesso de jornada, ausência de conces- bém deverá participar da elaboração do
são de folgas e de intervalos ‘inter’ e ‘intra- NOV
NOVA A NORMA cronograma de ações do grupo técnico,
jornada’ e assédio moral consubstanciado A Superintendência Regional do Traba- que busca padronizar a fiscalização em
na pressão exercida sobre os trabalhado- lho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP) aeroportos de todo o país.