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Ornelas, M. (2008). “A Escola e o Museu – a obra de arte como objecto promotor do sucesso escolar”. In Actas do
Congresso Ibero-Americano de Educação Artística. DVD. Associação de Professores de Expressão e Comunicação
Visual.
Resumo
A relação entre a Escola e o Museu é determinante na abertura dos horizontes
culturais das crianças e adolescentes e, consequentemente, na promoção do sucesso
escolar. O estabelecimento de competências essenciais a adquirir pelos alunos ao nível da
educação básica prevê uma participação activa da escola na sua relação com o património,
pelo que a Escola deverá ser, por um lado, impulsionadora do contacto com diferentes
correntes estéticas e, por outro, motor do conhecimento do património artístico local. Muitas
das crianças e adolescentes entram pela primeira vez num museu com as suas escolas e,
em alguns museus, o público escolar constitui a esmagadora maioria dos seus visitantes.
Estas experiências representam um assimilar de atitudes que se reflectirão positivamente na
vida adulta, nomeadamente através de demonstrações de interesse pelo património. Uma
relação sólida entre Escola e Museu permitirá uma aprendizagem baseada no diálogo com a
obra de arte, conducente ao acto criativo e à procura pela originalidade.
Apresenta-se um caso de participação de uma turma do ensino básico no concurso
“A Minha Escola Adopta um Museu”, promovido pela Direcção Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular em parceria com o então Instituto Português de Museus, hoje
Instituto dos Museus e da Conservação, no âmbito da disciplina de Educação Visual. Os
projectos em questão realizaram-se tendo como base a experimentação e a descoberta de
forma autónoma, valorizando práticas pedagógicas com objectivos que vão ao encontro do
despertar da criatividade e da curiosidade. A metodologia utilizada incluiu práticas de
diversificação de formas de trabalho, selecção de meios alternativos de expressão visual e
plástica e cooperação em trabalho colectivo.
Decorrente da realização deste projecto, concluiu-se que a relação entre os alunos e
o museu conduziu à aquisição de conhecimentos, bem como ao interesse, empenho, sentido
de responsabilidade e aproveitamento escolar na disciplina em questão. A relação criada
entre a escola e o museu ficará na memória destes alunos como acto de participação na
comunidade, o que significa um avanço no seu desenvolvimento pessoal e intelectual.
Através de metodologias adequadas, a consolidação da relação entre a Escola e o Museu
será promotora da preservação do património, do sucesso escolar e da motivação de alunos
para prosseguirem estudos em áreas artísticas.
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De que forma podem os museus locais e as escolas contribuir para reforçarem os
laços entre si? Devem os educadores focalizar a valorização do património na qualidade dos
acervos pertencentes aos grandes museus nacionais ou na chamada de atenção para o
conhecimento e preservação do património local? De que forma podem as escolas contribuir
para que haja um maior incentivo à criação de projectos que incluam visitas a museus e
contactos directos com obras de arte? Como se poderão criar condições propícias a que
todos os alunos de todas as escolas possam visitar museus, sem qualquer tipo de exclusão
(social, económica, cultural ou geográfica)?
Aprendizagem activa
A escola de hoje deve proporcionar aos alunos situações direccionadas para a
percepção da realidade e para a abertura do espírito. Existe uma necessidade, vital para o
processo de ensino-aprendizagem, de enveredar por práticas pedagógicas inovadoras que
despertem a criatividade e a curiosidade através da experimentação. Ao experimentar, ao
agir sobre a situação, o aluno percorre um caminho, contorna obstáculos e ultrapassa os
conhecimentos anteriormente adquiridos (Lourenço, 2005). Isto fá-lo ganhar confiança nas
suas capacidades e satisfação pela resolução do problema, o que poderá contribuir para que
lhe seja incutido um espírito de responsabilidade.
O professor deve promover a aprendizagem activa, proporcionando ao aluno a
experimentação directa e imediata. As actividades propostas pelo professor permitem ao
aluno aprender por sua própria iniciativa, uma vez que é ele que controla o processo. De
acordo com esta metodologia, o professor torna-se um observador-participante que
impulsiona o desenvolvimento cognitivo do aluno, uma vez que os interesses e capacidades
deste serão tanto mais promovidos quanto mais relevante for o seu papel na interacção dos
elementos da aprendizagem (Oliveira, 1996). O desenvolvimento pessoal parte de processos
de descoberta espelhados em situações variadas e as informações retidas pelo aluno
surgem dentro de uma estrutura cognitiva construída por si próprio. Esta estrutura, composta
por esquemas e modelos mentais, permite-lhe seleccionar e transformar a informação,
construir hipóteses e tomar decisões. Desta forma, o aluno conseguirá ir para além das
informações dadas, atribuindo-lhes significado (Bruner, 1999).
A relação da escola com entidades externas possibilita aos alunos uma percepção
da realidade movida pela oportunidade de experimentar e descobrir de forma autónoma,
abrindo caminho à aquisição de conceitos, aquisição esta que estará dependente dos seus
actos de descoberta e poderá conduzir ao sucesso escolar. Como estratégia, as visitas de
estudo devem ser contempladas na definição de actividades previamente definidas pelo
professor (Ribeiro & Ribeiro, 1990), nomeadamente as visitas a museus, que são vias
importantes para a aquisição de conhecimentos, uma vez que estes têm objectivos
educativos e dispõem de actividades variadas que podem proporcionar aos alunos.
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Relação da Escola com o Museu
A relação entre a Escola e uma entidade externa como o Museu é determinante na
abertura dos horizontes culturais das crianças e adolescentes, até porque a própria
museologia moderna encara o museu como um espaço público de lazer e entretenimento
que comunica com os seus visitantes através da criação de ambientes pedagógicos que
resultam na transmissão de conhecimentos. Em alguns museus, o público escolar constitui
por vezes a esmagadora maioria dos seus visitantes. Muitas das crianças entram pela
primeira vez num museu com as suas escolas e estas experiências representam para elas
um assimilar de atitudes perante os aspectos culturais e a preservação do património, que se
vão reflectir na idade adulta (Hooper-Greenhill, 1994). Através dos seus Serviços Educativos,
os museus podem proporcionar aos alunos experiências activas e dinâmicas que dêem lugar
à reflexão e análise, através de actividades específicas que dependem de temáticas
articuladas com os programas curriculares de cada nível de ensino.
As instituições museológicas deveriam, no entanto, apresentar um papel mais activo
na promoção e consolidação das relações com as estruturas educativas. Estas relações
devem ser fomentadas através de acções de divulgação e de promoção que aos museus
convém dinamizar. Num estudo efectuado1, com o objectivo geral de conhecer a situação
dos museus da Área Metropolitana de Lisboa no que se refere à forma como comunicam
com os seus públicos, verificou-se que há um conjunto significativo de museus que assumem
nunca ter concretizado qualquer acção de relações públicas para com a comunidade, escolar
ou geral, embora refiram que tencionam fazê-lo a curto ou médio prazo. Se este facto está,
por vezes, relacionado com a falta de recursos dos museus, estranhamente se verifica, no
mesmo estudo, que mais de 1/4 dos museus inquiridos não possuem dados concretos,
estatísticos, sobre os seus visitantes (Ornelas, 2005). Este desconhecimento é penalizador,
tanto para as escolas como para os museus, i. e., se parte significativa dos museus não
conhece com rigor o seu público-alvo, inviabiliza, à partida, a garantia de qualidade dos seus
Serviços Educativos, para além de não conseguir criar condições propícias para uma
divulgação eficaz com vista à angariação de visitantes.
O estabelecimento de competências essenciais a adquirir pelos alunos ao nível da
educação básica prevê uma participação activa da escola na sua relação com o património,
nomeadamente através de visitas a museus e galerias de arte, por forma a que os alunos
desenvolvam o seu sentido crítico, bem como o gosto de participar neste tipo de actividades
culturais. Se a arte faz parte integrante da vida comunitária, então a a Escola deverá ser, por
um lado, impulsionadora do contacto com diferentes correntes estéticas e, por outro, motor
do conhecimento do património artístico local.
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O estudo foi realizado em 2004, no âmbito da Dissertação de Mestrado da autora, através de um inquérito aplicado
a 90 museus situados na Área Metropolitana de Lisboa, sendo 37 credenciados pelo Ministério da Cultura.
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Uma relação sólida entre Escola e Museu, e se este for detentor de peças artísticas
no seu acervo, permitirá uma aprendizagem baseada no diálogo com a obra de arte,
conducente ao acto criativo e à procura pela originalidade.
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O museu na escola e a escola no museu
A preparação da visita de estudo foi valorizada com a ida de uma técnica do museu
à escola, que contextualizou a existência do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas
e da sua cripta etrusca. Forneceu ainda aos alunos um conjunto de fotografias ampliadas de
pormenores do sarcófago e folhetos promocionais do museu.
Cada aluno realizou um desenho de observação a partir de uma fotografia do
sarcófago, de modo a poder familiarizar-se com os aspectos formais mais significativos da
peça. A tentativa de reprodução através da fotografia de uma obra de arte é uma técnica
para a aprendizagem há muito utilizada, mas apenas recentemente reconhecida, sendo um
estímulo considerável para o contacto com a arte (Dyson, 1990). A reprodução através da
cópia manual é um dos meios mais eficazes para o conhecimento da obra artística, sendo
que, ao copiá-la, os alunos estão também a reproduzi-la e a interpretá-la, tal como fez Van
Gogh com Rembrandt ou Francis Bacon com Van Gogh. Por outro lado, regra geral, as
crianças e adolescentes raramente contactam in loco com obras de arte, o que os impede de
realizarem diálogos envolventes sobre as qualidades formais daquelas. Se não for a escola,
através de práticas educativas intencionalmente estruturadas, nunca se poderá compreender
a importância das colecções dos museus para a Educação ao longo da Vida (Fróis, et. al,
1995).
A visita programada com a turma ao museu possibilitou o diálogo formal com a obra
de arte por meio de um olhar atento, com vista à sua reprodução pelo desenho, e aproximou
os alunos do acervo do museu, através da visita guiada à exposição permanente. Desta
forma, foram reforçados os conceitos de protecção do património artístico e cultural local,
defendidos no Projecto Educativo de Escola e sugeridos no programa da disciplina de
Educação Visual.
Desenvolvimento do projecto
Cada grupo de alunos realizou a sua própria proposta de trabalho, após terem sido
orientados através de uma exposição verbal, visualização de recursos audiovisuais para uma
introdução aos conteúdos programáticos legais e colaboração interdisciplinar com outros
professores da turma. Cada proposta contemplou uma descrição do projecto e o material
necessário à sua execução.
Os cinco projectos realizados foram construídos através de uma abordagem ao
programa de Educação Visual direccionada, na generalidade, para as unidades didácticas de
Forma e de Luz-Cor, e, na especificidade, para os contrastes de cor, nomeadamente: o
contraste de cor em si, relativamente ao qual um dos grupos trabalhou as cores primárias e
outro as cores secundárias; o contraste quente-frio, pela exploração das diferentes
temperaturas da cor; o contraste de complementaridade, no qual se procurou a relação das
cores opostas no círculo cromático; e o contraste de qualidade, através do qual se atendeu à
relação entre cores saturadas e não saturadas.
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A base do desenvolvimento dos projectos sedimentou-se na experimentação e na
descoberta de forma autónoma, valorizando práticas pedagógicas com objectivos
conducentes ao despertar da criatividade e da curiosidade. As experiências activas e
directas ajudam a desenvolver os sentidos e o sistema motor e proporcionam aos alunos
uma melhor compreensão. Neste sentido, os projectos foram direccionados para a
participação dos alunos na resolução de problemas, através de diferentes estratégias:
colocação de questões e sugestão de procedimentos para estimular o desenvolvimento da
capacidade de raciocínio dos alunos; solicitação aos alunos do planeamento de um trabalho
de grupo, o que permitiu que fossem eles a determinar os seus próprios objectivos; sugestão
da utilização de diversos materiais que os alunos pudessem escolher/seleccionar; permissão
da manipulação de materiais, indispensável ao desenvolvimento da curiosidade, da
necessidade de experimentação e do consequente espírito de reflexão; promoção da
interacção social em contexto de aula, através da cooperação em grupo.
Para o desenvolvimento dos seus trabalhos, os alunos seleccionaram, eles prórios,
meios convencionais e alternativos de expressão visual e plástica, de entre os quais se
destaca a reutilização e reciclagem de materiais, como papel de jornal, folhas de rascunho,
caixas de produtos alimentares, esponjas usadas, cascas de ovos, areia ou pratas de
chocolates. Neste sentido, foi promovida a sensibilização para a utilização de materiais
recuperados, tal como prevêem as metodologias sugeridas pelo Ministério da Educação no
âmbito da aquisição das competências essenciais da Educação Visual.
Na medida em que a escola se situa numa zona geográfica periférica da capital,
onde a população raramente têm acesso a bens culturais, os resultados conseguidos foram
positivamente surpreendentes, na medida em que os alunos foram capazes de construir
objectos originais, de natureza estética, que apresentavam um potencial criativo revelador de
um investimento pessoal muito determinado.
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na qual cada um pôde expressar as suas conclusões relativamente: à colaboração prestada
nos trabalhos de grupo; à capacidade de trabalhar em equipa; à assiduidade, pontualidade e
apresentação do material necessário; ao gosto sentido pela realização do trabalho; às
dificuldades de realização do projecto; à classificação do seu desempenho; aos
conhecimentos sobre os conteúdos abordados; e à capacidade de valorização da protecção
do património artístico.
As respostas recolhidas revelam que a maioria dos alunos considera que trabalhou
com empenho e responsabilidade, soube trabalhar em equipa e gostou de realizar o
trabalho. As dificuldades que assinalaram relacionam-se com questões práticas de desenho
e pormenores do trabalho final, com a organização do grupo e com a escassez de tempo de
realização. A maioria dos alunos refere que o seu desempenho se situa ao nível do
Suficiente e do Bom. É também a maioria dos alunos que indica ter agora mais
conhecimentos sobre os conteúdos teóricos abordados e sobre o património do concelho
onde a escola se localiza, sendo capaz de valorizar mais a protecção do património artístico.
Estes resultados são reveladores da importância assumida pelo desenvolvimento do projecto
em questão, uma vez que os objectivos propostos foram atingidos com bom aproveitamento
por parte dos alunos.
Decorrente dos processos anteriores, a avaliação reflectiu-se da seguinte forma: a
esmagadora maioria obteve classificações de nível Bom e Muito Bom, não tendo havido
lugar para classificações negativas. Neste sentido, verificou-se que a totalidade dos alunos
da turma apresentou graus de sucesso escolar bastante satisfatórios nesta abordagem
pedagógica. No entanto, o processo de avaliação não se esgota nas classificações, foi
necessário inferir o grau de satisfação dos alunos no que respeita ao processo de ensino-
-aprendizagem seleccionado, como seguidamente se demonstra.
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referida pelos alunos tem certamente origem no reduzido número de horas semanais que se
encontra atribuído à disciplina de Educação Visual. Constata-se que a decisão da redução
do tempo dedicado a esta disciplina nos últimos anos (de 150 minutos para 90 minutos
semanais) não teve em conta o desenvolvimento de projectos desta natureza, que em muito
contribuem para o desenvolvimento de características sociais valorizadoras do indivíduo.
Quando questionados sobre as suas preferências em todas as fases do processo de
ensino-aprendizagem inerentes a este projecto, a esmagadora maioria dos alunos refere a
experiência da realização do desenho de observação no museu como a fase mais marcante.
Alguns alunos teceram comentários sobre a experiência, como “adorei esta visita, foi muito
fixe e muito divertido, principalmente os desenhos que fizémos no museu” ou “foi muito mais
interessante do que uma visita guiada”, ou ainda “não sabia que se podia desenhar num
museu e afinal é tão giro”. É fundamental que as crianças e os jovens começem desde cedo
a visitar e a interagir com os espaços museológicos, pois só assim será possível que
“dessacralizem” aquilo que vêem sem demonstrar qualquer tipo de preceonceito perante o
que está exposto (Loureiro, 2004).
No cômputo geral, os alunos manifestaram a sua preferência pelas actividades
práticas, em detrimento das aulas de carácter mais teórico que envolveram exposição oral de
conteúdos. Estas respostas não são surpreendentes, mas, ao contrário do que seria
desejável, os museus, sobretudo os locais, têm registado um significativo decréscimo de
solicitações por parte das escolas, sobretudo no presente ano lectivo. Estará a escola
preparada para dar resposta a uma vontade crescente dos alunos em participar em
actividades práticas, como fonte de conhecimento, e actividades fora da sala de aula que
explorem o alargamento dos seus horizontes culturais? Ou por outro lado, estaremos a
fomentar um sistema de ensino cerrado no cumprimento dos conteúdos programáticos,
inviabilizando a aprendizagem “fora de portas”?
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principal da escola, e por meio de uma reportagem da visita de estudo ao Porto editada no
jornal da escola. No final do ano lectivo, os trabalhos estiveram expostos na escola, no
âmbito de uma mostra colectiva organizada pelo grupo de Artes Visuais. Foi ainda criado um
blog sobre o projecto, facto que permitiu uma disseminação sem barreiras geográficas.
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activa. Foi, por isso, importante a adopção de estratégias estimuladoras da motivação e
envolvência nas tarefas, para que os alunos sentissem ou venham a sentir vontade de
aprofundar conhecimentos e que valorizem a sua formação pessoal. O alcance destes
objectivos passou pela promoção da realização individual, em perfeita harmonia com os
valores de solidariedade social e com o desenvolvimento de um processo ensino, no qual a
aquisição dos conhecimentos foi acompanhada pela valorização de atitudes. O
desenvolvimento deste projecto possibilitou também que o proceso de ensino-aprendizagem
decorresse de uma forma plena, ampliando o conhecimento, proporcionando prazer e
rompendo com a inércia (Oliveira, 1989). Por outro lado, as actividades inerentes ao projecto
abrangeram as três dimensões de uma educação integral: a dimensão material, com base
numa função tecnológica; a dimensão social, que compreende uma função comunicativa; e a
dimensão ontológica, que abrange uma função de organização-de-vida (Oliveira, 1992).
Para além de todas as metas pedagógicas e pessoais, o projecto contribuiu para a
dinamização de diversos meios e equipamentos da escola, bem como para a fomentação
das relações com a comunidade local. Além disso, a visibilidade desta escola secundária
enquanto organismo sai reforçada, uma vez que diversas entidades tomaram, directamente,
conhecimento das actividades realizadas, como foi o caso da Direcção Geral de Inovação e
de Desenvolvimento Curricular, do Instituto dos Museus e da Conservação, da Rede
Portuguesa de Museus, do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, do Museu
Nacional de Soares dos Reis e da Junta de Freguesia do Cacém. Com a divulgação do
projecto através da internet, outras entidades poderão aceder ao trabalho desenvolvido,
ampliando ainda mais essa visibilidade.
Saliente-se que o número de horas dedicado à disciplina de Educação Visual nos
currículos do Ensino Básico fica aquém do que seria desejável para possibilitar a execução
de projectos desta natureza. A questão da carga horária atribuída à Educação Visual tem
sido duramente contestada, uma vez que o tempo de exploração e amadurecimento para
que os alunos atinjam um nível minimamente satisfatório de literacia visual não é exequível,
nem em 90 minutos semanais, nem através do carácter opcional da disciplina no 9º ano de
escolaridade (Oliveira, 2000). A redução da carga horária semanal da disciplina tem sido
gravosa e representa um decréscimo na qualidade do acompanhamento aos alunos.
Os concursos são actividades estimuladoras que potenciam a motivação, não como
forma de competição no sentido negativo do termo, mas sim como modo de participação dos
alunos em conjunto com os seus pares, como princípio de relação social com indivíduos
semelhantes que se encontram nas mesmas condições de intervenção na sociedade.
Trabalhar para atingir objectivos aliciantes, como o prémio, tendo em conta as regras
previamente definidas, permite que os alunos se orientem num caminho que conduz a uma
meta muito específica, facto que potencia a motivação (Bahia, 1999). Para além disso, a
importância particular deste concurso permitiu uma ligação dos alunos às instituições
museológicas que, certamente, lhes valerá para a vida. A relação criada entre a escola e o
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museu ficará na memória dos alunos como um acto de participação na comunidade, o que
significa um avanço no seu desenvolvimento pessoal e intelectual.
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