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A Construção da Barragem e Central Hidroeléctrica de Santa Luzia


Também Faz Parte Dessa História
Por: Anselmo Gonçalves (*)

Ao escrever este texto entendi homenagear todos os homens e mulheres do nosso concelho, que em época difícil e do
elevado esforço físico exigido pela jorna de trabalho, se agarraram com unhas e dentes a essa tarefa quase impossível

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Nota Prévia

Estando presentemente a preparar doutoramento em Geografia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra,
deparei-me com a necessidade de investigar a bacia do rio Zêzere. Num desses trabalhos de levantamento tive de
procurar algo sobre o empreendimento da Barragem e Central de Santa Luzia, por esta estar também situada na bacia
hidrográfica do rio Zêzere, e em pleno concelho de Pampilhosa da Serra.
Ao escrever este texto entendi homenagear todos os homens e mulheres do nosso concelho, que em época difícil e do
elevado esforço físico exigido pela jorna de trabalho, se agarraram com unhas e dentes a essa tarefa quase impossível
(na altura não havia trabalho infantil) de transformar uma inóspita região naquela que é hoje considerada por muitos
como a “Menina dos Olhos dos Pampilhosenses”, estou-me a referir como é evidente à área da barragem de Santa
Luzia.
Para esta pequena nota, muito agradeço a meu pai, antigo funcionário da C.E.B. e primeiro encarregado geral da Central
de Santa Luzia, e minha mãe que com 13 e 12 anos respectivamente, participaram nesse esforço de construção e, de
forma lúcida me transmitiram muitos dados necessários para compreender este empreendimento.
À esposa do falecido Engº Manuel Lemos, Responsável máximo da ex-C.E.B , na barragem e Central de Santa Luzia sita
na povoação do Esteiro, freguesia de Janeiro de Baixo, que me facilitou a consulta de vasta bibliografia do Engº Manuel
Lemos sobre o empreendimento, e deu-me a honra de poder consultar os seus apontamentos e notas pessoais, que com
 
 

paciência foi acumulando ao longo de várias décadas de trabalho na Central de Santa Luzia e mesmo após a sua
merecida aposentadoria, continuou a reflectir e a apontar tudo o que se passava, na sociedade portuguesa e em
especial na sua adoptada Pampilhosa da Serra.

Os primórdios do projecto

A visão do empreendimento é-nos dada pelo primeiro registo do aproveitamento hidroeléctrico de Santa Luzia em
Vidual de Baixo com data de 17 de Fevereiro de 1916, junto da Direcção de Obras Públicas sob a cota n.º 10-A, de
autoria do Engº Dom Jesus Palácios , cidadão de nacionalidade espanhola.

Alguns meses mais tarde (Agosto de 1916), segundo apontamentos do Engº Manuel Lemos, um grupo de abastados
ex-emigrantes no Brasil e todos naturais da Lousã, entregaram na Câmara Municipal da referida vila um requerimento
pedindo uma concessão para a distribuição de energia eléctrica à Lousã, que segundo consta não foi aceite.
No início de 1917, surge a firma Padilha, Rebelo e C-ª Lda. É só em 1921 que esta firma consegue alvará de concessão
para fornecimento de energia eléctrica à Lousã, que apenas beneficia deste melhoramento no ano de 1924. A partir
dessa data, não mais parou de aumentar o consumo de energia o que levou a empresa exploradora de energia da Lousã
a procurar outros locais onde pudesse a partir de novas centrais gerar mais energia para atender ao consumo. Não tive
acesso à data, nem nos apontamentos do Engº Manuel Lemos se faz referência a tal, mas a verdade é que, um dos
sócios da firma já referenciada, provavelmente o senhor José Augusto Rebelo Arnault, teve conhecimento do registo
feito pelo Engº Dom Jesus Palácios, e deslocou-se à Pampilhosa da Serra (meu pai conheceu pessoalmente José
Augusto Rebelo Arnault, que chegou a pernoitar em Souto do Brejo) juntamente com um advogado Dr. Pedro
Mascarenhas, provavelmente seu consultor, e os Engºs Agostinho Tavares e Castelo Branco.
Segundo notas do Engº Manuel Lemos estes senhores viajaram de Pampilhosa da Serra, para o Vidual de Baixo da
seguinte forma: o senhor José Rebelo Arnault, e o Engº Agostinho Tavares foram a cavalo, tendo o Engº Castelo Branco
e o Dr. Pedro Mascarenhas, seguido a pé..
Numa segunda investida a este local os mesmos senhores foram mais longe seguiram a pé de Vidual de Baixo até ao
Souto do Brejo, percorrendo então descida íngreme até à povoação do Esteiro, (Figura 1), local onde visionariamente o
Engº Dom Jesus, projectava a central. A verdade, é que estes senhores ao chegarem ao Esteiro, logo adquiriram o
 
 

terreno onde hoje está instalada a Central de Santa Luzia, ao falecido senhor Abel Pereira, que segundo notas do Engº
Manuel Lemos também se tornou mais tarde funcionário da C.E.B.
Após esta sucessão de visitas por terras do Vidual de Baixo, Souto do Brejo e Esteiro, a percepção do futuro, e as ideias
a florescer, rapidamente levou estes senhores a fundarem a Companhia Eléctrica das Beiras e fundiram nesta a firma
Padilha e Rebelo & Ltda, que com ela trouxe todo o seu acervo no qual se incluía os estudos para o aproveitamento de
Santa Luzia, que tinham sido comprados em Vigo (Espanha) ao Engº Dom Jesus Palácios.
Segundo notas do Engº Manuel Lemos, a nova Companhia quando passou para o terreno, contratou o Engº Carlos
Rocha que foi responsável pelo levantamento e cálculo de capacidade da futura albufeira de Santa Luzia tendo
terminado tal tarefa em 6 de Março de 1935.
Em 1936 a Companhia Eléctrica das Beiras, iniciou a obra e começa a trilhar o tortuoso caminho, da obtenção de
apoios financeiros para iniciar a empreitada daquela que foi primeira obra de arte de construção de barragens em
Portugal (à data a barragem de Santa Luzia era a maior do país).
Esse esforço foi direccionado para a obtenção de empréstimos junto da Caixa Nacional de Crédito e de outras
instituições com a mesma vocação, além de terem efectuado sucessivos aumentos de capital, não havendo mais a quem
recorrer tal era a dificuldade em contraírem empréstimos, suprimiram as remunerações aos membros da direcção, que o
mesmo é dizer a eles próprios. Período difícil, a electricidade ainda era uma aposta duvidosa, os investidores tinham
medo do risco daí a dificuldade, mas o empreendimento foi para a frente, e a construção da barragem teve o seu início.
A verdade é que com o lançamento desta pesada obra e com o avançar dos trabalhos a C.E.B. foi ganhando créditos
junto das instituições financeiras ao ponto de ter atraído uma família de investidores, estamos a falar da família d’Orey,
que só veio a abandonar a direcção desta Companhia 35 anos após a sua entrada ou seja, com as nacionalizações do
pós-25 de Abril de 1974.
Infelizmente nem tudo foram rosas e mais dificuldades surgiram neste empreendimento, a agravar tais dificuldades a
Europa entrou num conflito Mundial que veio a dificultar, e de que maneira a requisição de técnicos altamente
especializados em engenharia civil de países como a Inglaterra e da Suiça, é que nessa data em Portugal havia anos que
não saia nenhum licenciado das faculdades portuguesas e quando saiam era um ou dois, o que dificultava ainda mais o
processo de requisição destes. A segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), trouxe ainda a dificuldade de aquisição de
material, quer porque o esforço de guerra dos países em causa estava direccionado para o conflito, quer ainda quando o
material existia mas tinha dificuldade de passar as fronteiras.
Como nestes empreendimentos existem sempre problemas de cariz social, este à data não foi excepção. Estamos a falar
 
 

do que se passou com a desapropriação dos terrenos, arvoredos, habitações e outros edifícios (Decreto n.º 28637 de 6
de Maio de 1938), onde foi implantada a barragem de Santa Luzia. Neste aspecto, não podemos esquecer a aldeia de
Vidual de Baixo, como aldeia viva fez parte deste concelho durante mais de 630 anos e hoje devemos-lhe respeito.
Temos de lembrar todos os homens e mulheres que durante séculos lá viveram e aqueles que lá viviam à data em que
tal aconteceu, tendo lutado ingloriamente contra a barragem e fundamentalmente contra as quase inexistentes
indemnizações que privaram aquelas famílias de um futuro melhor.
O processo de expropriações como não poderia deixar de ser, foi ter ao tribunal e, parece que (como hoje), por lá
andou bastante tempo, por longos anos dez ao todo . Curiosamente é em 25 de Abril de 1945 que um Juiz de Direito
da Comarca da Lousã, lavra sentença julgando improcedente a acção interposta contra a C.E.B., e a Comissão Arbitral,
criada pelo Decreto já referenciado, e que tendo transitado para o tribunal da Relação de Coimbra, este em 14 de
Janeiro de 1947 confirma a sentença proferida pelo Juiz da Comarca da Lousã. O problema mantém-se e arrasta-se
para aquela humilde gente que aguardava por justiça e esta não só tardou como não deu razão ao povo, é de 9 de
Julho de 1948 o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, que termina com a disputa e confirma o acórdão da Relação
de Coimbra.

O início dos anos 40 do século XX, trouxe uma guerra, que destruiu quase toda a Europa, se Portugal não sofreu
directamente com ela, indirectamente ela foi catastrófica para o nosso país. Agravando a situação, Portugal foi afectado
por fenómenos atmosféricos extremos que destruíram linhas eléctricas criando na empresa dificuldades de gestão de
pessoal, pois muitos tiveram de ser desviados das obras da barragem, para acudirem à recuperação de linhas na área de
influência da C.E.B.. A agravar esta situação, durante o ano de 1941 / 42, os Alemães apreenderam diversos materiais
que se destinavam à construção da barragem e central de Santa Luzia.
Mesmo com todos os reveses os trabalhos continuam, e em 22 de Outubro de 1942, inicia-se o armazenamento de
água na barragem de Santa Luzia.

É no entanto, em 1 de Setembro de 1943 que a C.E.B., consegue inaugurar a central de Santa Luzia, cujo resultado se
faz sentir de imediato pois no final do ano de 1943 (apenas 4 meses) a C.E.B., vendeu cerca de 6800 contos de
energia, contra os apenas 2800 contos realizados no ano de 1942.
Mas a guerra mundial ainda não tinha terminado, continuavam a sentir-se extremas dificuldade em encontrar materiais
no mercado internacional entre eles o cobre (Cu), que era necessário à expansão das linhas de alta tensão para dar
 
 

escoamento à energia.
É em 1944 que terminam as obras de consolidação da barragem de terra do Estreitinho, de forma a fazer elevar o nível
da água para o máximo armazenamento e consequentemente a conclusão da montagem do descarregador de cheias da
barragem (descarregador de superfície figura 2), no entanto só no ano de 1947 é que a albufeira atingiu o seu máximo
de cheia tendo que utilizar pela primeira vez a descarga de superfície.

A procura sem limites de fontes de energia, leva a C.E.B., a procurar outras formas de aumentar o caudal dos rios
contribuintes da albufeira de Santa Luzia, e em 6 de Dezembro de 1946, é a C.E.B. autorizada a iniciar estudos para o
aproveitamento do Alto Ceira - Ceiroco e Ribeira da Castanheira inicia-se aqui o primeiro transvase nacional em túnel,
ou seja ia-se buscar água de outra bacia hidrográfica no caso o Ceira contribuinte do rio Mondego, para a lançar numa
outra bacia hidrográfica no caso a do Zêzere, obra notável para a época.
A construção da albufeira do Alto Ceira inicia-se em 1947 e, em 15 de Fevereiro de 1950 as águas do rio Ceira entram
pela primeira vez na albufeira de Santa Luzia.

Nesta carta vemos o circuito de águas (setas) aproveitadas para a barragem do Alto Ceira e depois encaminhadas para
a albufeira de Santa Luzia, através de um túnel escavado

A estabilização definitiva do empreendimento vem com a publicação em Diário do Governo no dia 21 de Fevereiro de
1957, o caderno de encargos da concessão do aproveitamento de águas do rio Ceira, ribeiras de Ceiroco e da
Castanheira, fundindo-se tudo num só empreendimento, o de SANTA LUZIA.

Por fim, e como nota de curiosidade cita-se o Engº José Pinto Machado (1944) que referia que os trabalhos de início
da construção da barragem de Santa Luzia só se iniciaram depois de terem sido encaradas 22 modalidades; que mesmo
depois dos trabalhos de escavação principiados o Engº Stucky, (de nacionalidade Suiça) até 1940, ainda traçou mais
dois projectos e depois dele o Engº Coyne terminou a construção (de nacionalidade Francesa), ainda apresentou várias
variantes diferindo em pormenor.
Sob o ponto de vista estético o projecto elaborado pelo Engº Coyne, é incontestavelmente muito feliz; ele consegue um
arranjo, para a margem esquerda (lado do Casal da Lapa), mais leve que o concebido pelo Engº Stucky. A verdade é que
embora superficialmente o Engº Coyne chegou a encarar a hipótese de abandonar a parte da barragem de gravidade já
 
 

construída e traçar o projecto num único arco que vencesse todo o vão, no entanto reconheceu que o volume de obra
já feita não se podia por de parte, pelo dispêndio que essa solução acarretaria.

Bibliografia

MACHADO, José Pinto (1944) – “Notas sobre o aproveitamento hidroeléctrico de Santa Luzia”. Barragem e Albufeira,
Escavações e projectos. Revista da Ordem dos Engenheiros, n.º 9, Ano II, Lisboa.

(*) GONÇALVES, Anselmo Casimiro Ramos – Mestre em Geografia Física e Estudos Ambientais, Pós Graduado em
Estudos Ambientais, Especialização em Estudos Europeus e Professor de Quadro de Nomeação Definitiva.

http://serrasonline.com/

 
 

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