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O BUDISMO

"Conhecer a via do Buda é conhecer-se a si próprio.


Conhecer-se a si próprio é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser
iluminado pelas dez mil vias. Ser iluminado pelas dez mil vias é libertar o seu corpo e
a sua mente assim como os dos outros."
Eihei Dogen Zenji, Genjokoan 1233

"Os homens que foram submergidos pelas paixões


(...) não podem ver esta verdade que vai contra a corrente, que é (...) subtil e difícil de
compreender"
Gotama, Vinaypitaka dos Dharmaguptaka 1428,pp.
787-788

"Monges, há um não-nascido, um não-tornado, um


não-composto, um incondicionado sem o qual o nascido, o tornado, o construído, o
condicionado não poderiam ser experienciados; mas monges, porque há um não-
nascido, um não-tornado, um não-composto, um incondicionado, o nascido, tornado,
construído e condicionado pode ser experienciado."
Gotama, Udana 80

"O Buda dirigiu-se ao Parque dos Veados em Benares [Sarnath] e expôs a sua
doutrina aos que tinham sido anteriormente seus companheiros na vida ascética,
sob a forma das Quatro Nobres Verdades que constituem um sumário muito útil
do Budismo.
Estas Quatro Verdades apresentam-se sob a forma tradicional védica do
diagnóstico e da receita, formuladas por um médico: a identificação da doença e
sua causa, o juízo quanto à possibilidade de cura e a prescrição do remédio.
A Primeira Verdade refere-se à problemática palavra duhkha [pali, dukkha],
traduzido livremente por "sofrer" e que designa a grande doença do mundo para
a qual o método de Buda (dharma; [pali, dhamma]) é a cura.

O nascimento é duhkha, a velhice é duhkha, a doença é duhkha, a morte é


duhkha; a dor, o lamento, a angústia, o desespero são duhkha; a união com
aqueles de quem não se gosta é duhkha, a separação daqueles de quem se
gosta é duhkha; não obter o que se deseja é duhkha; por fim, os cinco
agregados de apego (trishna; [pali, tanha] são duhkha.

Não podemos, no entanto, comprimir tudo isto na radical asserção de que a


"vida é sofrimento". Significa antes que a vida, tal como habitualmente a vivemos
é sofrimento - ou mais precisamente é infectada pela peculiar frustração que
resulta de tentar o impossível. Talvez que "frustração" seja pois o melhor
equivalente para duhkha, muito embora esta palavra seja simplesmente um
antónimo de sukha que significa "agradável" ou "doce". Ou se traduzíssemos
duhkha por "azedo", poderíamos dizer que a doutrina do Buda sustenta que a
vida se azeda pela atitude de agarrar que o homem toma perante ela - tal como
o leite azeda quando o mantemos demasiado tempo.
Noutra formulação dos ensinamentos do Buda duhkha é uma das três
características do ser ou do tornar-se (...), enquanto as outras duas são anitya
[pali, anicca], impermanência, e anatman [pali, anatta], ausência de qualquer ser
próprio (self). Ambos estes termos são de importância básica. Uma vez mais,
verificamos não só a simples afirmação de que o mundo é impermanente, mas
também a de quanto mais tentarmos agarrá-lo, tanto mais ele muda.
Considerada em si mesma, a realidade não é permanente nem impermanente;
ela não pode ser categorizada. Mas quando tentamos apegar-nos a ela, mais a
mudança se torna visível em todo os seus aspectos, uma vez que à semelhança
da nossa sombra, quanto mais depressa a perseguirmos mais depressa ela
foge.
Do mesmo modo, a doutrina anatman não corresponde à simples asserção de
que não existe ser próprio (atman) real na base da nossa consciência. Significa
antes que não existe ser próprio ou realidade básica que possa ser captada,
quer por experiência directa quer por conceitos. Ao que parece, o Buda sentiu
que a doutrina do atman nas Upanisads se prestava, com demasiada facilidade
a uma fatal má interpretação. Tornou-se um objecto de crença, uma aspiração,
um fim a alcançar, algo que a mente se poderia apegar como o último refúgio de
segurança no fluxo da vida. Segundo Buda, este ser próprio era tão fixamente
agarrado que já não era o verdadeiro próprio, mas apenas mais uma das
inúmeras formas de maya. Assim, anatman pode ser expresso sob a forma: "O
verdadeiro próprio (self) é não-próprio", dado que qualquer tentativa para
conhecer o próprio, acreditar no próprio ou procurar o próprio o afasta
imediatamente.
As Upanisads distinguem entre atman, o verdadeiro e supra-individual próprio e
o jivatman ou alma individual. Ora, a doutrina anatman do Buda concorda com
elas quanto à negação da realidade desta última. Para qualquer escola do
Budismo, a inexistência do ego é fundamental; não existe qualquer entidade
duradoura que seja o sujeito constante das nossas experiências mutáveis.
Porque o ego apenas existe num sentido abstracto, sendo uma abstracção da
memória, algo como o ilusório círculo de fogo produzido pelo rodar de um
archote. Podemos, por exemplo, imaginar o caminho de um pássaro através do
céu como uma linha distinta que ele percorreu. Mas esta linha é tão abstracta
como a linha da latitude. Na realidade concreta, o pássaro não deixou para trás
qualquer linha, tal como o passado desaparece completamente quando dele
abstrairmos o nosso ego. Deste modo, qualquer tentativa para nos apegarmos
ao ego ou para fazermos dele uma fonte de acção eficiente, está condenada à
frustração.
A Segunda Nobre Verdade relaciona-se com a causa da frustração, considerada
como trishna, apego ou possessão, baseado no avidya [pali, avijja] que é
ignorância ou inconsciência. Ora, avidya é o oposto formal do acordar. É o
estado da mente quando hipnotizada ou fascinada pelo maya, de tal modo que
assume o mundo abstracto dos entes e dos eventos pelo mundo concreto da
realidade. A um nível ainda mais profundo, é ausência de autoconhecimento,
ausência de compreensão de que todo o agarrar acaba por ser o fútil esforço
para se agarrar a si próprio, ou melhor, para fazer com que a vida se apodere a
si própria, pois para aquele que possui autoconhecimento não existe dualidade
entre ele e o mundo externo. Avidya é "ignorar" o facto de que sujeito e objecto
são relativos, comos dois lados de uma moeda, de modo quando um prossegue
o outro recua. (...) O desejo de um perfeito controlo do que nos rodeia e de nós
próprios baseia-se, pois, numa profunda falta de confiança do controlador.
Avidya é a incapacidade de ver a autocontradição básica desta posição e o
modo de vida que daí advém é o círculo vicioso que, no Hinduísmo e no
Budismo, tem o nome de samsara, o círculo do nascimento-e-morte.
O princípio activo do círculo é conhecido como karma [pali, kamma] ou "acção
condicionada", isto é, a acção originada num motivo e buscando um resultado
(...) O homem envolve-se no karma quando interfere com o mundo de tal modo
que é compelido a continuar a interferência, quando a solução de um problema
cria ainda mais problemas a resolver, quando o controlo de uma coisa engendra
a necessidade de controlar várias outras. Karma é pois o destino de todo aquele
que "tenta ser Deus". Prepara uma armadilha ao mundo e ele próprio é
apanhado nela.
Muitos budistas entendem o círculo do nascimento-e-morte num sentido
absolutamente literal, como um processo de reencarnação, segundo o qual o
karma - que forma o indivíduo - o continua a fazer, vida após vida, até que,
através da visão interna e do acordar, é deixado em repouso. Mas no Zen e
noutras escolas do Mahayana, é muitas vezes encarado em sentido mais
figurado, segundo o qual o processo de renascimento sucede em todos os
momentos, de modo que o indivíduo está a renascer enquanto se identifica a si
próprio com um ego contínuo que se reincarna de novo em cada momento do
tempo. Deste modo, a validade e o interesse da doutrina não implica a aceitação
de uma teoria especial de sobrevivência. A sua importância reside
essencialmente na exemplificação de todo o problema da acção em círculos
viciosos e da sua resolução (...).
A Terceira Nobre Verdade diz respeito ao fim da autofrustração, do agarrar e de
toda a conduta viciosamente circular do karma que gera o círculo. Este fim
chama-se nirvana [pali, nibbana], uma palavra de tão ambígua etimologia que
uma simples tradução é excessivamente difícil. Tem sido associada a várias
raízes do sânscrito, que lhe dariam o significado do apagar de uma chama com
um sopro, ou simplesmente soprar (ex-piração) ou cessar das vagas, remoinhos
ou círculos (vritti) da mente.
As duas últimas interpretações parecem ser, no conjunto, as que fazem melhor
sentido. Se nirvana é "ex-piração", então é o acto de alguém que viu a futilidade
de tentar suster a respiração ou vida (prana [pali, pana]) indefinidamente, dado
que suster a respiração é perdê-la. Deste modo, nirvana é o equivalente de
moksa [pali, mokkha], desprendimento ou libertação. Encarado sobre outro
aspecto, parece ser desespero - o reconhecimento de que a vida acaba sempre
por derrotar os nossos esforços para a controlar, que toda a luta humana não
passa de uma mão fantasmagórica agarrando-se a nuvens. Sob outra
perspectiva, este desespero desabrocha em alegria e poder criativo, segundo o
princípio de que perder a vida é encontrá-la - encontrar a liberdade de acção,
não obstruída pela autofrustração e pela ansiedade inerente à tentativa de
conservar e controlar o próprio (self).
Se nirvana se relaciona com o cessar (nir-) de remoinhos (vritti), o termo é
sinónimo do objecto do yoga, definido no Yoga Sutra como citta vritti nirodha - o
cessar dos remoinhos da mente. Estes remoinhos são os pensamentos através
dos quais a mente se esforça por agarrar o mundo e a si própria. Yoga é a
prática da tentativa de travar estes pensamentos, pensando acerca deles até
que a extrema futilidade do processo seja tão vivamente sentida que este acabe
simplesmente por se perder e a mente descubra o seu estado natural e sem
confusão.
No entanto, é óbvio que ambas as etimologias nos oferecem o mesmo
significado essencial. Nirvana é o novo modo de viver que surge quando o
agarrar-se à vida chega ao fim. Na medida em que toda a definição é um
agarrar, nirvana é necessariamente indefinível. É o estado natural, "não-auto-
agarrado" da mente (...). Entendido de um modo mais popular e liberal, nirvana é
o desvanecimento do ser do círculo das incarnações, não para um estado de
aniquilamento, mas simplesmente para um estado que escapa a qualquer
definição, portanto incomensurável e infinito. (...) É impossível desejar o nirvana,
ou pretender alcançá-lo pois qualquer coisa desejável ou concebível como
objecto de acção não é, por definição, nirvana. Nirvana só pode acontecer não
intencionalmente, espontaneamente, quando a impossibilidade do auto-agarrar
foi completamente apreendida. (...)
A Quarta Nobre Verdade descreve os Oito Degraus do Dharma do Buda, isto é,
o método ou doutrina pela qual a autofrustração é aniquilada. Cada um dos
degraus tem um nome, precedido pela palavra samyak (Pali, samma), que
significa "perfeito" ou "completo". (...) De certo modo, o primeiro degrau, "visão
completa", contém todos os outros, dado que o método do Budismo é, acima de
tudo, a prática de uma clara compreensão de ver o mundo (…) tal como ele é.
Esta compreensão consiste numa viva atenção à experiência directa (...) de
modo a não ser iludido por nomes e rótulos. Samyak-samadhi [contemplação
perfeita], último degrau da escada, é o aperfeiçoamento do primeiro, significando
pura experiência, pura compreensão, onde já não têm lugar o dualismo do
conhecedor e conhecido."

Alan W. Watts, The Way of Zen, New York, Pantheon, 1957, trad.port. de Carlos
Babo, Lisboa, Presença, 19793, pp. 67-74.

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