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Introdução
Tendo sido dominante durante a maior parte do século XX, o modelo burocrático tem
limitações, uma vez que está fundamentado na gestão funcional centrada na especialização e
na delegação da coordenação para a hierarquia. Este modelo revela-se restritivo para lidar
com a realidade presente, na qual a construção de organizações mais ágeis, integradas e
flexíveis passa a ser uma condição importante para a atuação das organizações (ALVAREZ,
1994; DAVENPORT, 1994; HAMMER & CHAMPY, 1994; GALBRAITH, 1995 e 2000;
SALERNO, 1999; GROVER & KETTINGER, 2000; BURLTON, 2001; SMITH & FINGAR,
2003; HARMON, 2003; JESTON & NELIS, 2006). Paim, Caulliraux & Cardoso (2007)
destacam a falta de definições convergentes e claras sobre o que é necessário fazer para
gerenciar processos.
Este artigo aborda as tarefas necessárias para a gestão processos. As tarefas emergem como
resposta à natureza comparativa e competitiva das organizações privadas e públicas em uma
constante busca por formas de aumentar produtividade, maximizar retorno, e adquirir
excelência em seus mercados (GROVER & KETTINGER, 2000; PAIM, 2002; BURLTON,
2003). Esta natureza desdobra influências externas às organizações que precisam de respostas
internas que podem ser dadas ou alcançadas pelo projeto ou re-projeto de processos, assim
como pelo acompanhamento sistemático do seu desempenho histórico, e pela promoção do
seu funcionamento ao longo da organização.
A influência do desdobramento da estratégia, ou o aprendizado estratégico e dinâmico das
capacitações, somado aos fatores de notório conhecimento como a competição internacional;
os referenciais globais de desempenho; a maior oferta de informações e tecnologia; a presença
mais influente dos clientes sobre os produtos novos e existentes; a integração das cadeias de
suprimentos; a consolidação de ferramentas informáticas de apoio à execução, suporte,
projeto e gestão de processos; aparatos normativos locais e globais para aumentar o controle,
maturidade e capacidade de entrega de bens e serviços; e o novo ciclo de publicações colocam
processos novamente como conceito e ferramenta gerencial de destaque (DAVENPORT,
1994; HAMMER & CHAMPY, 1994; AALST, 2000; GROVER & KETTINGER, 2000;
BURLTON, 2001; HARMON, 2003; POIRIER & WALKER, 2005; HAMMER, 2007). Estas
mudanças criam e reforçam a necessidade de definições sobre:
a) quais são as funções gerenciais necessárias para que se tenha, internamente à organização,
práticas gerenciais para o objeto processo que permitam dar resposta satisfatória ao
ambiente externo.
Vernadat (1996)
Harmon (2003)
Salerno (1999)
Burlton (2001)
Fingar (2003)
Hunt (1996)
Funções de um Gestor de Processo
Projetar Processos, em Horizontes de Médio e Longo Prazos 97% 93% 84% 88% 92% 82% 73% 75% 68% 65% 51% 43%
Entender O Ambiente Externo e Interno 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2
Estabelecer Estratégia, Objetivos e Abordagem de Mudanças,
Externas e Internas, com Requisitos e Clientes e Mercados 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2
Assegurar Patrocínio para a Mudança 3 3 1 3 3 2 2 1 3 1 1 1
Entender, Selecionar e Priorizar Processos 3 2 3 3 3 3 2 2 3 3 2 2
Entender, Selecionar e Priorizar Ferramentas de Modelagem 3 2 1 2 2 1 1 3 1 3 1 1
Entender, Selecionar e Priorizar Técnicas de MIASP 3 3 2 2 2 2 3 1 1 2 2 1
Formar equipes e times de diagnóstico de processos 3 2 3 3 3 2 2 1 3 3 3 2
Entender e Modelar Processos na Situação Atual 3 3 3 3 3 3 3 3 1 3 2 1
Definir e Priorizar Problemas Atuais 2 3 2 3 3 2 3 2 2 3 1 2
Definir e Priorizar Soluções para os Problemas Atuais 3 3 2 3 1 2 3 3 1 3 1 1
Definir Práticas de Gestão e Execução dos Processos 3 3 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1
Entender e Modelar Processos na Situação Futura 3 3 2 3 3 3 2 3 3 3 2 3
Definir Mudanças nos Processos 3 3 2 3 3 2 3 3 3 3 2 2
Implantar Novos Processos 3 3 3 3 3 3 2 2 3 1 1 1
Gerir Processos, no Dia a Dia 97% 94% 98% 86% 86% 70% 82% 62% 74% 55% 50% 38%
Implementar Processos e Mudanças 3 3 3 3 3 3 2 2 3 1 1 1
Promover a Realização dos Processos (planejamento, controle,
alocação de capacidade e demanda) 3 3 3 1 1 2 3 1 2 1 2 1
Acompanhar Execução dos Processos 3 3 3 3 3 2 3 1 2 1 2 2
Controlar Execução dos Processos 3 3 3 3 1 2 2 1 2 1 2 2
Realizar Mudanças de Curto Prazo 2 3 2 1 1 1 2 1 3 1 1 1
Promover Evolução e Aprendizado sobre os Processos 87% #### 80% #### 73% 80% 80% 67% 40% 73% 53% 73%
Registrar o Desempenho dos Processos 3 3 3 3 1 2 3 2 1 2 2 2
Intervalo de
Desvio
Variáveis – Tarefas para gestão de processos Média Confiança
Padrão
Inferior Superior
entender o ambiente externo e interno 4,4 0,68 4,19 4,54
estabelecer estratégia, objetivos e abordagem de mudanças 4,4 0,64 4,23 4,56
assegurar patrocínio para a mudança 4,3 0,86 4,06 4,51
entender, selecionar e priorizar processos 4,5 0,60 4,38 4,69
entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem 4,1 0,91 3,85 4,32
entender, selecionar e priorizar técnicas de miasp 4,1 0,87 3,84 4,29
formar equipes e times de diagnóstico de processos 4,3 0,82 4,07 4,49
entender e modelar processos na situação atual 4,4 0,69 4,23 4,59
definir e priorizar problemas atuais 4,3 0,80 4,07 4,48
definir e priorizar soluções para os problemas atuais 4,2 0,91 3,98 4,45
definir práticas de gestão e execução dos processos 4,3 0,75 4,12 4,51
entender e modelar processos na situação futura 4,3 0,90 4,05 4,51
definir mudanças nos processos 4,4 0,78 4,18 4,58
implantar novos processos 4,4 0,59 4,26 4,56
Projetar Processos (importância) 4,3 0,77 3,90 4,71
implementar processos e mudanças 4,4 0,76 4,20 4,59
promover a realização dos processos 4,2 0,87 4,01 4,46
acompanhar execução dos processos 4,3 0,70 4,15 4,52
controlar execução dos processos 4,3 0,83 4,05 4,48
realizar mudanças de curto prazo 4,1 0,62 3,94 4,26
Gerir Processos no Dia a Dia (importância) 4,3 0,76 3,86 4,66
registrar o desempenho dos processos 4,3 0,92 4,06 4,53
comparar desempenho à referenciais externos e internos 4,1 0,93 3,86 4,34
registrar e controlar desvios de impacto 4,0 0,86 3,75 4,19
avaliar desempenho dos processos 4,3 0,69 4,09 4,45
registrar aprendizado sobre processos 4,2 0,79 4,00 4,41
Promover Evolução e Aprendizado (importância) 4,2 0,84 3,73 4,61
*Nível de significância superior a 0,99
6. Conclusão
A efetiva implantação da gestão de processos numa organização pode ser facilitada pela
utilização de mecanismos de projeto, coordenação e aprendizado. Três formas importantes de
gerir um processo são definir como deverá ser realizado, ou seja, conceber e projetar o
processo; promover ou fazer com que um processo seja realizado, em outras palavras, gerir
um processo no dia a dia; e, por fim, aprender com a evolução e trajetória do processo. Estes
agrupamentos foram detalhados e definidos na matriz de autores e tarefas. Estas tarefas
podem ser estudadas, instrumentalizadas e aprimoradas.
Na pesquisa survey, praticamente 90% das respostas tiveram valores de importância de 4 e 5.
A análise dos resultados da importância permite perceber que há maior associação da gestão
de processos com tarefas para projetar processos. Também há destaque para o fato da análise
das importâncias de cada uma das tarefas ter indicado que a seleção de processos foi a tarefa
com maior importância atribuída pelos participantes (média de 4,5). Este resultado levanta a
hipótese de que as organizações ainda têm dificuldades para identificar em que processo
devem atuar.
Um possível desdobramento útil da definição das tarefas seria a identificação de sistemas de
informação de suporte às tarefas, como os sistemas de gestão de processos (Business
Processos Management Systems - BPMS). Há possibilidades de especializar e integrar
sistemas de informação de apoio ao projeto, gestão e aprendizado sobre os processos.
Como questões futuras, existe grande necessidade de propostas que estabeleçam formas de
inserção organizacional para quem for responsável pela gestão dos processos. Será este
profissional responsável por todas as tarefas ou, mais provável, haverá uma estrutura de
governança para a distribuição das responsabilidades sobre a gestão de processos. Sem
dúvidas, várias destas tarefas precisarão de co-responsabilidade com outros profissionais das
organizações.
Referências
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