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Itaú Cultural
Pags. 6 e 7
PRÊMIO SHELL
investe em
pesquisa e Rio e São Paulo consagram
Sonia Sobral,
gerente de Núcleo
do Instituto mapeamento Pag. 16
os seus vencedores
Marco Issa / Argosfoto
Sérgio Brito:
premiado no Rio
Uma publicação da Aver Editora - Abril de 2009 - Ano I Nº 1 R$ 5,00
Perucaria:
uma arte
fundamental
Pag. 4
Sated-SP
busca recursos
para abrir um
retiro de artistas
Pag. 18
Grupo Dimenti
transita entre
dança e teatro
Pag. 9
O grupo Luna Lunera até hoje participa dos principais festivais de teatro no Brasil e até no exterior.
Bastidores: as
notícias por
Arquivo Pessoal
detrás do palco
Pags. 4 e 5
ENTREVISTA VIDA & OBRA
Zezé Motta, uma Ida Gomes, a EAD terá livro
ília
am
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od
Bastidores
Comédia
Divulgação
Depois de selecionados os para a Sala Imprensa. O projeto
12 espetáculos entre as mais de tem como propostas incentivar PROJETOS SELECIONADOS
400 propostas recebidas pelos grupos com pesquisas teatrais
curadores Valmir Santos e Kil inovadoras, formar plateias por Espaço Vitrine Ensaio sobre Carolina – Gal Qua-
Abreu, o projeto de formação meio de ingressos oferecidos 1º trimestre resma
de público que envolve, ain- a preços populares (R$ 10,00 e Comunicação a uma academia – Henfil já! – Nena Inoue
da, uma parcela signicativa da R$ 5,00) e realizar ação social ba- Roberto Alvim
produção mais experimental do seada na troca de ingressos por Cachorro morto – Leonardo Faria Sala Imprensa
teatro brasileiro, entra em nova doações - sempre no primeiro Moreira 1º trimestre
fase. O Projeto Vitrine Cultural mês das temporadas. Trata-se de Bartleby – Cácia Goulart Eldorado – Eduardo Okamoto Peça de Hilda Hilst em São Paulo
2009 do Centro Cultural Grupo um projeto de incentivo cultural
Sílvio Santos apresenta os es-
petáculos que ocuparão a Sala
que une ação social e oferece aos
grupos e às produções estrutura
2º trimestre
Quase nada – Alain Brum
2º trimestre
Amanhã é natal – Cinthia Maria Mulher animal
Vitrine e a Sala Imprensa, de de espaço e subsídio nanceiro. Frozen – Rachel Ripani Zaccariotto Ferreira Espelhos Partidos, espe-
terça a domingo: Comunicação Os 12 espetáculos selecio- Music-Hall – Gabriela Flores táculo livremente inspirado
a uma Academia, Eldorado, Ca- nados receberão apoio para 3º trimestre na narrativa poética “O Uni-
chorro Morto e Bartleby. apresentar suas produções, 3º trimestre O livro dos monstros guardados – córnio” de Hilda Hilst, apre-
A curadoria do projeto se- que carão três meses em Festa de separação – Janaina Leite Zé Henrique de Paula senta a transmutação de uma
lecionou oito peças inéditas e cartaz, cada uma, a partir de mulher em um animal. Essa
quatro reestreias para a tempo- 4 de março. O Vitrine Cultu- quintas e sextas e ainda mais às quartas e quintas-feiras. O mulher vai se cansando de
rada. Ao longo de 2009, serão ral funcionará com peças no uma aos sábados e domingos; Projeto Vitrine Cultural con- sua impossibilidade de com-
subsidiadas nove produções tea- Espaço Vitrine (48 lugares), e também uma produção na templa quatro espetáculos em preensão nesse mundo como
trais para o Espaço Vitrine e três às terças e quartas, outras às Sala Imprensa (452 lugares), cartaz simultaneamente. ser humano e aos poucos vai
se transformando em um uni-
“Meu Caro Amigo” em temporada carioca Curso de iluminação córnio para que possa alcançar
a liberdade dos seus desejos. A
cênica em Pernambuco dramaturgia é de Flávia Couto
A atriz Kelzy Ecard, recen- como retrato da história recente e a direção de Edú Reis. O es-
Divulgação
te vencedora do Prêmio APTR do país. “Meu Caro Amigo” não Turma completa no Curso petáculo permanece em cartaz
(Associação dos Produtores de é um espetáculo biográco sobre de Formação de Técnicos em no Centro Cultural Rio Verde
Teatro do Rio de Janeiro) de Me- o compositor, mas uma cção Iluminação Cênica, realizado pela em São Paulo.
lhor Atriz Coadjuvante por seu que busca, através da história da 9 Produções Artísticas. O curso,
trabalho em “Rasga Coração”, fã Norma, estabelecer um diálo-
está em cartaz com o espetáculo go entre memória individual e
com incentivo do Fundo Pernam-
bucano de Incentivo à Cultura - Em breve: obras
solo musical “Meu Caro Ami- memória nacional. Entendendo Funcultura, é gratuito e conta com O projeto desenvolvido
go”, inspirado na obra de Chico a música como poderoso veícu- 25 vagas, sendo 20 para alunos pela arquiteta Jacqueline Moura
Buarque de Hollanda. O texto lo de compartilhamento de me- regulares/integrais e 5 para ouvin- prevê a criação de um cenário
é de Felipe Barenco; a direção mória, o objetivo é despertar no tes. As inscrições para a turma de propício para o desenvolvimen-
de Joana Lebreiro (diretora dos espectador a lembrança de sua março já estão encerradas, mas ou- to e a fomentação da cultura no
bem sucedidos musicais sobre própria história ao mergulhar na tra turma deve iniciar na segunda Estado. A proposta é de que
Antonio Maria, Mario Lago e saga desta mulher embalada pe- metade do ano. Acompanhe pelo sejam reunidos no Centro de
Ary Barroso); e a direção mu- las canções de Chico. site www.9producoes.com.br. Belas Artes diversas atividades
sical de Marcelo Alonso Neves. “O tema da memória me O objetivo do curso é inserir artísticas, como um museu,
A música ao vivo é executada acompanha desde o meu espe- prossionais no mercado da cena uma biblioteca, salas para balé,
pelo pianista João Bittencourt. táculo de formatura na UFRJ, artística de Pernambuco. As 215 teatro, música, além de uma pi-
A peça é apresentada no Centro principalmente este diálogo Chico Buarque inspira musical nacoteca e da reforma do Tea-
horas de aulas aliam teoria e prá-
Cultural dos Correios, no cen- entre a memória coletiva e in- que é uma pessoa comum, ‘gen- tica. Para Dado Sodi, coordenador tro de Bolso Lima Filho. A obra
tro do Rio. dividual, a relação entre histó- te como a gente’. A gente quer do projeto, “é nesse campo onde deve ser entregue para a popu-
A ideia deste musical surgiu rias de vida pessoais dentro da que o público se identique com mais falta um aprofundamento na lação alagoana no ano de 2010.
da paixão dos criadores do espe- perspectiva histórica do Rio de a Norma. A história da Norma área técnica local. Por isso, elabora- O projeto ainda contempla uma
táculo pela obra de Chico e sua Janeiro e do Brasil. Apesar de a é toda permeada com as nossas mos um curso que tem uma forte reforma no Teatro de Bolso
onipresença nas vidas dos bra- peça ser inspirada no Chico Bu- próprias memórias e histórias carga teórica e que propõe a dis- Lima Filho, que passa a ter uma
sileiros, ora como trilha sonora arque, ela reconstrói a memória de pessoas da família e amigos”, cussão sobre o tema e a atual situa- capacidade para 161 pessoas,
de nossas histórias pessoais, ora de um personagem de cção diz Joana Lebreiro. ção da classe em Pernambuco”. sendo nove cadeirantes.
Jornal de Teatro Abril de 2009
5
Bastidores
Tuca Andrada protagoniza “O Processo” em São Paulo “Doido” estreia em Curitiba
Estreou no dia 21 de março, O espetáculo “Doido”, com
Fotos: Divulgação
no Teatro do Sesc Santana, o Elias Andreato, estrou dia 23 de
espetáculo “O Processo”, base- março durante o Festival de Curi-
ado na tradução do original de tiba. Segundo o próprio ator de-
Modesto Carone (Prêmio Jabu- ne, “o espetáculo fala de amor,
ti) para o texto de Franz Kafka, loucura e arte, mostrando ao es-
com direção e adaptação de pectador o que essa viagem apai-
José Henrique e cenário de Hé- xonante pode despertar no artista
lio Eichbauer. Em cena, Tuca e no cidadão comum”. Na peça,
Andrada interpreta o protago- um homem narra e vive persona-
nista Josef K. e contracena com gens da dramaturgia universal.
mais oito atores - Sílvia Monte, A montagem não utiliza
Roberto Lobo, Mariana Olivei- um gestual teatral formal para
ra, Alexandre Mofati, Antonio que, através apenas da palavra,
Alves, Paula Valente, Rogério o público seja encantado e ar-
Freitas, Thaís Tedesco. rebatado pelo pensamento de
O Processo é a história de grandes lósofos, pensadores,
um cidadão comum, que ao poetas e dramaturgos. Doido: amor, loucura, arte mundial
acordar em seu trigésimo ani-
versário está detido sem moti-
vo aparente. Durante um ano, “Tampinha Tira os Óculos” volta a SP
Josef K. procura obsessiva-
mente compreender os moti- Depois de apresentações
vos de sua detenção, mas suas no interior do Estado de São
buscas não encontram respos- Paulo pelo “Circuito SESC de
tas diante de um “tribunal” to- Artes 2008”; na “Virada Cul-
talmente inacessível, irracional tural” da Prefeitura da Cida-
e absoluto. de de São Paulo; e no evento
Tuca Andrada conta que “Planeta Sustentável”, realiza-
construir o personagem Josef do no Parque Ibirapuera, re-
K. foi um desao e que, para o estreia no Teatro Ruth Esco-
ator, ainda se trata de um per- bar, São Paulo, a peça infantil
sonagem em construção. “Jo- “Tampinha Tira os Óculos” da
sef K. é um quebra-cabeças, Cia. Teatral Bangues e Pingue- Realidade contada com bom humor
Para o ator Tuca Andrada, construir o personagem Josef K. foi um desao
um caminho com muitas ver- Pongues, fundada pelos atores uma menina que se acha feia
tentes, muito fácil de um ator racional que se perde dentro ver. Não aceita e não entende Carlos Baldim, César Figueire- porque usa óculos. Com lin-
se perder. Ele pode ser lido de dos labirintos daquele tribunal as regras daquele tribunal pois do e Camilo Brunelli. guagem circense, músicas e
inúmeras maneiras dependen- e vê sua racionalidade ser joga- sempre cumpriu todas as re- O texto escrito por Car- humor, Chicabom e Tange-
do do que a direção propõe, da no lixo. Desde o início um gras a que foi submetido, mas los Baldim e Camilo Brunelli rina, interpretados por César
e o José Henrique me deixou homem condenado, um ani- agora está a dois passos do ca- traz ao palco dois palha- Figueiredo e Fábio Oliveira,
livre para escolher o meu ca- mal pego numa arapuca e que dafalso e só lhe resta cumprir ços responsáveis por contar revezam-se nos diversos per-
minho. Josef K. é um homem luta inutilmente para sobrevi- seu destino”, diz ele. a história de “Tampinha”, sonagens da história.
Prêmio
Iluminação:
Beto Bruel, por “Não Sobre
o Amor”
Cenário:
Daniela Thomas, por “Não
Sobre o Amor”
Figurino:
Inês Salgado, por “O Jardim
das Cerejeiras”
Música:
Delia Fisher e Jules Vandys-
Patrícia Selonk e Sérgio BriĴo ganham o prêmio por atuações Felipe Wagner e Débora Olivieri recebem homenagem à Ida Gomes
tadt, pelos arranjos (vocal e
instrumental) de “Beatles
num Céu de Diamantes”
Fábio Nin, por “É Samba na
Veia, é Candeia”
Categoria especial:
Charles Möeller e Claudio
Botelho, pela expressiva
contribuição ao gênero mu-
sical no cenário carioca
Autor:
Maurício Arruda Mendonça
Ary Coslov: prêmio por direção Jandira, Sérgio BriĴo e Eva Todor Daniela Thomas é premiada Inês Salgado leva por gurino e Paulo de Moraes, por “In-
veja dos Anjos”
Ator:
e reconhecimento ao teatro
Sérgio Britto, por “A última
Gravação de Krapp e Ato
Sem Palavras I”
Atriz:
Patrícia Selonk, por “Inveja
Por Adoniran Peres rães Jr., com o qual Ida ganhou ca Moraes, cou com Patrícia instrumentista e compositor de dos Anjos”
seu primeiro prêmio em 1937 e Selonk, pela interpretação em músicas para teatro. Os dois úl-
A celebração dos melhores um contrato com a Rádio Na- “Inveja dos Anjos”. O mesmo timos despedem-se do júri este Homenagem:
da temporada dos espetáculos cional: “Uma ilusão gemia em espetáculo também ganhou o ano, sendo substituídos pelo Ida Gomes, pela contribui-
teatrais de 2008 foi realizada no cada canto/Chorava em cada troféu no quesito autor, pelo iluminador Jorginho de Car- ção ao teatro brasileiro
último dia 10 de março com a canto uma saudade”. texto de Maurício Arruda e valho e por João Madeira, que
entrega do 21º Prêmio Shell de Paulo de Moraes. Ary Coslov foi participante ativo na histó-
Teatro, no Oi Casa Grande, no PREMIADOS foi escolhido o melhor diretor ria do Prêmio Shell de Teatro e
Rio de Janeiro (RJ). O evento Concorrendo como melhor por “Traição”. atualmente está na direção do táculos no Rio de Janeiro e em
contou com momentos de ho- ator, ao lado de nomes como Nas categorias técnicas, des- grupo AfroReggae. São Paulo entre 1º de janeiro e
menagem, consagração e con- Marcelo Faria e Fernando Eiras, taque para a peça “Não Sobre o As comissões julgadoras 31 de dezembro. As peças que
fraternização. Com a casa lo- Sérgio Britto foi ovacionado de Amor”, premiada por melhor - uma para o Rio e outra para estreiam entre 1º de janeiro e
tada, foi apresentado pela atriz pé pela plateia ao receber o prê- iluminação, de Beto Bruel, e ce- São Paulo – geralmente são 30 de junho concorrem às in-
Beth Goulart, premiada em mio pelo trabalho na peça “A úl- nário, de Daniela Thomas. No compostas de cinco pessoas em dicações do primeiro semestre
2001 pela melhor interpretação. tima Gravação de Krapp e Ato quesito música, excepcional- cada cidade, convidadas pela e as peças que estreiam entre
Um dos momentos mais Sem Palavras I”. Aos 85 anos, mente, os jurados optaram por Shell entre artistas, personalida- 1º de julho e 31 de dezembro
marcantes cou por conta da com 63 deles voltados para o dividir o prêmio entre Delia des ligadas ao teatro e ao mundo concorrem às indicações do se-
homenagem especial a Ida Go- trabalho com teatro, ele dedicou Fisher e Jules Vandystadt, pelos cultural brasileiro, críticos etc. gundo semestre.
mes. A atriz que morreu no a premiação à Isabel Cavalcanti, arranjos, vocal e instrumental, Os vencedores recebem
dia 22 de fevereiro de 2009, diretora de sua peça. de “Beatles num Céu de Dia- O PRÊMIO premiação individual de R$
aos 85 anos, recebeu um lon- Britto, quem em 2003 já foi mantes” e Fábio Nin, por “É Criado em 1988, o Prêmio 8 mil e um troféu do escultor
go aplauso da plateia por sua também homenageado na 16ª Samba na Veia, é Candeia”. Shell de Teatro é ponto de refe- Domenico Calabroni. A festa
grande contribuição ao teatro edição, avalia que os prêmios de rência nos palcos. A premiação de entrega dos prêmios acon-
brasileiro. Seu irmão, o ator Fe- teatro ao longo do tempo estão JÚRI é oferecida aos maiores desta- tece alternadamente em cada
lipe Wagner lembrou a alegria diminuindo. “A Shell foi aquela Nesta edição, zeram parte ques da temporada teatral, no uma das cidades.
da atriz ao saber que receberia que manteve, no decorrer dos do júri do Rio de Janeiro Sér- Rio de Janeiro e em São Paulo, O número mínimo de apre-
o Prêmio Shell. “Estou muito anos, ligação contínua com o gio Fonta, dramaturgo, diretor separadamente, em nove cate- sentações, não necessariamente
emocionado de estarmos divi- teatro brasileiro. Particularmen- e ator; Tania Brandão, pesqui- gorias: autor, diretor, ator, atriz, consecutivas, para que o espetá-
dindo o orgulho e a saudade te, quei muito feliz com a ho- sadora e professora de História cenograa, iluminação, música, culo concorra aos prêmios em
que sentimos dela”. A atriz Dé- menagem que recebi há alguns do Teatro Brasileiro; Fabiana gurino e categoria especial. São Paulo são 24, e o Rio de Ja-
bora Olivieri homenageou a tia anos na premiação”, destaca. Valor, atriz e bailarina; além de O prêmio é destinado aos neiro 25. No caso de espetáculos
com versos do soneto “Visita à O prêmio de melhor atriz, Bernardo Jablonski, professor prossionais do teatro brasilei- em dias alternativos, o número
casa paterna”, de Luiz Guima- concorrendo ao lado de Dri- e roteirista; e Caique Botkay, ro que tenham estreado espe- mínimo é de 12 apresentações.
Jornal de Teatro Abril de 2009
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Prêmio
Shell premia os melhores do teatro em São Paulo
A 21ª edição do Prêmio Shell de Teatro aconteceu no dia 17 de março no Estação São Paulo. Nenhum espetáculo levou mais de um troféu
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO 21º PRÊMIO SHELL DE TEATRO DE SÃO PAULO
Autor - Marçal Aquino e Marília Toledo, por “Amor de servidão” Categoria especial - Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, pelos 10 anos do projeto
Prêt-à-Porter
Cenário - Renato Bolelli Rebouças, por “Arrufos”
Diretor - Marco Antônio Braz, por “A alma boa de Setsuan”
Figurino - Silvana Marcondes, Fernando Sato e Júlio Dojcsar, por “O santo guerrei-
ro e o herói desajustado”
Ator - Domingos Montagner e Fernando Sampaio, por “A noite dos palhaços mudos”
Iluminação - Felipe Cosse e Juliano Coelho, por “Aqueles dois”
Atriz - Isabel Teixeira, por “Rainha[(s)] – duas atrizes em busca de um coração”
Música - Josimar Carneiro, pela direção musical de “Divina Elizeth” Reconhecimento e tradição
8 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Editais
Bahia abre inscrições para cinco editais de Cultura
Por Dominique Belbenoit Já o edital “Salões Regionais de Os selecionados de música e
Reprodução
Artes Visuais da Bahia” abre ins- dança farão uma apresentação única,
Estão abertas as inscrições crição para trabalhos de temática a preços populares, na Sala do Coro
para os primeiros editais da Se- livre em diversas modalidades, en- do Teatro Castro Alves. Os grupos
cretaria de Cultura da Bahia lan- tre elas arte e tecnologia, cerâmica, e artistas teatrais, prossionais e
çados em 2009 por intermédio da colagem, escultura, fotograa, gra- amadores, por sua vez, podem par-
Fundação Cultural do Estado da te, instalação e pintura. Os Salões ticipar da seleção para o “Quintas
Bahia (Funceb). São cinco editais 2009 terão três edições com expo- do Teatro”, que este ano seleciona
nas áreas de Artes Visuais, Dança, sições abertas à visitação pública 20 espetáculos, o dobro em relação
Teatro e Música, que irão selecio- nos centros de cultura de Valença, à edição de estreia, totalizando R$
nar artistas para apresentações e Juazeiro e Porto Seguro. Ao todo R$ 100 mil em premiação. Também
exposições em espaços culturais serão premiados nove artistas, três a preços populares, o projeto prevê
da Funceb, na capital e no inte- em cada salão, sendo dois prêmios a realização de apresentações no
rior. Com o sucesso da estreia dos de R$ 6 mil e um prêmio estímulo Cine-Teatro Solar Boa Vista e no
projetos “Segundas Musicais” e de R$ 3 mil, exclusivo para artistas Espaço Xisto Bahia.
“Quintas do Teatro”, criados em do território de identidade onde o Os interessados podem inscrever
2008, este ano os respectivos edi- Salão será realizado, somando R$ seus projetos gratuitamente até os
tais ampliam signicativamente o 45 mil em premiação. dias 7 ou 8 de abril de 2009 (de acor-
número de projetos selecionados. Com seleção prevista de 17 do com o prazo estipulado em cada
Para os artistas visuais, o “Por- propostas (sete a mais em relação um dos editais), na sede da Funceb,
tas Abertas para as Artes Visuais” ao ano passado) de shows de can- pelo correio ou ainda pela internet,
irá selecionar 24 propostas de tores, instrumentistas e grupos, o no formulário de inscrição online.
exposições, individuais ou cole- “Segundas Musicais” retorna em Os editais completos, formulários e
2009 com premiação no valor de o manual de elaboração de projetos A Funceb abriu cinco editais para artes visuais, dança, teatro e música
tivas, para ocuparem galerias em
Salvador e centros culturais dos R$ 5 mil para cada apresentação, culturais encontram-se disponíveis dem ser apresentados até o dia 3 de ras ou das 14h às 17 horas, na sede
municípios de Alagoinhas, Feira sendo o valor total do investimento no site www.funceb.ba.gov.br. abril, na Fundação de Cultura Gari- da Fundação Municipal de Cultura
de Santana, Jequié, Juazeiro, Porto de R$ 85 mil. No edital “Quarta que baldi Brasil (FGB). Serão disponibi- Garibaldi Brasil. O formulário pode
Seguro, Valença e Vitória da Con- Dança”, serão eleitas 19 propostas PROJETO NO ACRE lizados R$ 780 mil para a realização ser acessado no site da prefeitura
quista. Serão escolhidas duas pro- entre espetáculos, intervenções ur- A Prefeitura de Rio Branco, no de projetos, sendo R$15 mil para de Rio Branco www.pmrb.ac.gov.
postas por espaço, com duração banas, dança de rua e trabalhos em Acre, por meio da Fundação Gari- pessoa física, R$ 20 mil para pessoa br. Para apresentar projetos é ne-
de trinta dias cada uma, a serem processo de criação de companhias baldi Brasil, lançou o edital 2009 da jurídica e R$ 25 mil para entidades cessário ser inscrito no Cadastro
realizadas entre julho de 2009 a ju- ou artistas independentes. Todos Lei de Incentivo à Cultura no dia 3 representativas de classe. Os proje- Cultural do Município de Rio
nho de 2010 com verba de apoio concorrem a prêmios que variam de março. Projetos das áreas de arte, tos devem ser entregues até o dia 3 Branco, mecanismo do Sistema
no valor líquido de R$ 1,5 mil. de R$ 3 mil a R$ 5 mil. patrimônio cultural e esporte po- de abril, no período das 8h às 12 ho- Municipal de Cultura.
Festivais
Eventos prometem animar amantes da arte teatral
Por Felipe Sil cutindo questões que tocam a
Jornal de Teatro
Reportagem
Vale a pena participar de festivais?
Pela experiência de algumas companhias de teatro, a resposta é ‘sim’, mesmo com as dificuldades financeiras e de incentivo enfrentadas
Por Rodrigoh Bueno to pessoas e artistas”, conta. PERSEVERANÇA produção, mesmo sem co- e Melhor Iluminação (Felipe
O Cênicas já era um grupo O Cênicas surgiu em 2001, nhecer pessoalmente o gru- Cosse e Juliano Coelho) - levan-
Um grupo de jovens ato- apaixonado por festivais antes como fruto da iniciativa de po” conta Cláudio, outro ator do para casa o troféu de melhor
res pernambucanos cruza o desta experiência em Curitiba atores de Garanhuns, interior que tem uma história íntima iluminação de espetáculo em São
país de ônibus para apresentar e o episódio não abalou a pai- de Pernambuco, que viviam com os festivais de teatro. Paulo no ano de 2008.
seu trabalho e, sem verba para xão de cada um dos integrantes em Recife. Para marcar a es- “Minha formação de ator “Na primeira vez que parti-
voltar para casa, se vê em uma pelas viagens. O motivo que treia, escolheram (ou melhor, está bastante relacionada com cipamos do FIT tivemos con-
difícil questão: como retornar leva esses atores a se lançarem, foram escolhidos para) partici- os festivais, pois acompanhei tato com a comissão que es-
para sua cidade sem dinheiro, mesmo quando as condições par de seu primeiro Festival, o de perto os espetáculos e as colhia os espetáculos e com a
e como seguir com o sonho de são adversas, é a possibilidade FIG – Festival de Inverno de discussões que aconteciam curadoria de outros festivais, o
divulgar o trabalho mesmo com de mostrar o trabalho para o Garanhuns. ”Umas das coisas na cidade, como o FIT – que ajudou a fechar novas tem-
tantas diculdades? O que pare- maior número de pessoas pos- mais ricas que os festivais pro- Festival Internacional de Te- poradas em outras cidades e, a
ce um texto de algum espetácu- sível. “O mercado de trabalho é porcionam aos grupos e com- atro Palco e Rua, e o ECUM partir daí, vieram convites para
lo é parte da história da Cênicas difícil e competitivo, mas temos panhias, são as possíveis trocas - Encontro Mundial de Artes novos festivais. Foi uma ótima
Companhia de Repertório, e um que buscar soluções para que a estéticas e de referências que Cênicas. Lá tive contato com vitrine. Aproveitamos a reper-
momento considerado mágico peça seja vista por um número possam vir a partir do contato referências mundiais e com cussão”, garante Cláudio.
para os membros da trupe. maior de pessoas, pois como desse coletivo de artistas. As- pensadores de teatro que es- Desde então, não pararam de
O episódio aconteceu no teatro é efêmero, nenhum re- sistir espetáculos de estéticas timularam o meu trabalho e a surgir convites. O Luna Lunera
Festival de Teatro de Curitiba gistro de vídeo ou fotograa e regiões diferentes, conversar minha pesquisa” conta. já representou o Brasil no XII
em 2002 e para Antônio Rodri- reete o que acontece de fato mesmo que informalmente Naturalmente se deu a pas- Temporales Internacionales de
gues, diretor do grupo, signi- entre artista e espectador. É com esses artistas e buscar fa- sagem de espectador para parte Teatro de Puerto Montt, Valdí-
cou “uma das histórias ines- um momento único e que por zer avaliação sistematizada das do FIT, já com a companhia. via e Santiago, no Chile; e esteve
quecíveis da carreira”. mais que seja tecnicamente informações pode ser muito Em 2001 o Luna Lunera foi presente no Riocenacontempo-
“Fomos com dois espetácu- impecável, acredito que uma valioso na pesquisa dos gru- selecionado para apresentar rânea/RJ, Porto Alegre EnCe-
los, “Um Gesto Por Outro” de apresentação nunca será igual a pos”, acredita Rodrigues. “Perdoa-me por me traíres”, na/RS, Mostra da Cena Teatral
Jean Tardieu e “Transe” de Ro- outra”, revela Rodrigues. Em outros casos esta tro- de Nelson Rodrigues com dire- Mineira, Festival de Teatro de
nald Radde. A empreitada foi A diculdade que um grupo ca pode nem ser presencial, ção de Kalluh Araújo. O grupo Curitiba/PR, Festival Internacio-
bastante arriscada, fomos com formado fora do grande eixo te- ou melhor, primeiro se dar voltou ao palco do festival com nal de Teatro de São José do Rio
a cara e a coragem numa pro- atral brasileiro encontra também em uma esfera virtual para outros dois espetáculos, “Não Preto/SP, Festival Internacional
dução coletiva, sem verbas su- pode ser resolvida com essas via- depois acontecer pessoal- desperdice sua única vida, ou..” de Artes Cênicas da Bahia; além
cientes pra a viagem. Tivemos gens. A visibilidade é um fato e mente. Este é caso de Antô- e “Aqueles Dois” – premiado no dos já citados FIT e ECUM.
uma boa recepção do público e uma maneira de trocar experiên- nio e Cláudio Dias, da com- 13º Prêmio Sesc-Sated MG nas
dos poucos jornalistas que as- cias com outros grupos e críticos. panhia mineira Luna Lunera. categorias Melhor Espetáculo e NÚCLEO DE FESTIVAIS
sistiram aos espetáculos, porém “Há no Brasil festivais muito im- Acompanhando o trabalho Melhor Direção (Cláudio Dias, Alguns destes eventos estão
passamos por momentos muito portantes e, com certeza, Curiti- do grupo, que na época via- Marcelo Souza e Silva, Odilon relacionados. É o caso do Fes-
difíceis e de superação, mas essas ba é um deles, pois os olhos do java o país com o espetáculo Esteves, Rômulo Braga e Zé tival Internacional de Teatro de
diculdades nos fortaleceram país se voltam para o que está “Aqueles Dois”, de Caio Fer- Walter Albinati); no 5º Prêmio São José do Rio Preto, Porto
ainda mais e a viagem ajudou no acontecendo por lá. Os festivais nando Abreu, Antônio bus- Usiminas-Sinparc nas categorias Alegre EnCena, Festival Inter-
nosso amadurecimento enquan- em sua maioria aglutinam as cou o contato de Cláudio em Melhor Espetáculo, Melhor Di- nacional de Teatro Palco e Rua
pessoas que são formadoras de comunidades virtuais e assim reção e Melhor Ator (Rômulo de Belo Horizonte, Riocenacon-
opinião e isso pode levar a uma começou uma parceria Reci- Braga); e foi indicado ao Prêmio temporânea; e mais os Festival
projeção nacional. No caso de fe–Belo Horizonte. Shell São Paulo 2008 nas catego- Internacional de Londrina/PR e
Curitiba diversos grupos come- Parceria que surgiu a partir rias de Melhor Direção, cenário Cena Contempoânea – Festival
çaram a sua projeção depois de do interesse pelo autor e que Internacional de Teatro de Brasí-
participarem da mostra para- se concretizou quando o Luna lia/DF, pertencentes ao Núcleo
lela, o Fringe. Dentre eles o Lunera viajou para Recife, no dos Festivais Internacionais de
Espanca (MG), Grupo XIX nal de 2008. “Estávamos em Artes Cênicas do Brasil.
de Teatro (SP), Luna Lu- cartaz com o espetáculo em O grupo de festivais foi
nera (MG) e Coletivo São Paulo, no Sesc Paulista, criado em 2003 com a pro-
Angu de Teatro e a apresentação de Recife posta de fortalecer e estimu-
(PE)”. precisava de um apoio por lá. lar as artes cênicas no Brasil,
Toni se pronticou e ajudou além de ser uma importante
com detalhes de ferramenta para difundir os
espetáculos brasileiros no ex-
terior. Segundo a divulgação
do núcleo, “os festivais partici-
pantes do Núcleo têm algumas
especicidades: além de serem
internacionais e voltados às ar-
tes cênicas, todos têm caráter
público (são realizados pelo
poder público ou entidades
sem ns lucrativos), praticam
preços populares, realizam
uma programação de ativi-
dades formativas e apresen-
Antônio e Cláudio Dias atuam em tam um painel da produção
“Aqueles dois”, de Caio Fernando Abreu mundial das artes cênicas.
O Núcleo dos Festivais ob-
jetiva contribuir com a po-
lítica de acesso à criação e à
produção artística nacional,
além de incentivar a circu-
lação de espetáculos pelas
Diego Pisante / Divulgação cidades brasileiras.”
Jornal de Teatro Abril de 2009
11
Reportagem
Fotos: Divulgação Divulgação
POR QUE PARTICIPAR? retamente na assimilação
“Pela troca de informação, e na relação do público
novas referências, intercâmbio de com a obra”.
idéias, visibilidade e, claro, retorno Segundo ele, um dos
nanceiro” diz Cláudio Dias. espetáculos do grupo,
Segundo ele, o espetáculo “Beckett”, foi convi-
“Aqueles Dois”, por exemplo, dado a uma turnê por
ainda sofre adaptações a partir Irlanda, Escócia e Es-
das opiniões colhidas ao nal da panha. “Receando que
peça em cada cidade. Quanto à a ideia de um grupo
referência de outras companhias, brasileiro encenando
Dias cita a construção utilizada um autor irlandês – com
em algumas cenas da peça – fruto bonecos, ainda mais –
de uma ocina que o grupo fez fosse criar algum tipo de
com a Cia dos Atores, do Rio de rejeição, surpreendemo-
Janeiro. “No FIT de 2002, am- nos com um êxito muito
bos apresentávamos espetáculos grande – público eufóri-
de Nelson Rodrigues e a apro- co, briga na porta por
ximação foi quase inevitável. ingressos, espectadores
Um dos atores participava da nos pedindo convites.
produção do Riocenacontem- Ao chegar a Glasgow,
porânea e estivemos juntos por na Escócia, a poucos
lá também. Depois veio o FIT quilômetros dali, o es- Festa do teatro atrai bom público e traz novidades para a 18ª edição
em Belo Horizonte e passamos petáculo simplesmente
a manter um contato freqüente
desde então”, conta.
Além das verbas destinadas
não funcionou: depara-
mo-nos com um público
seco, que reagia de formaa
Festival de Curitiba
por alguns festivais para que as
produções apresentem os espetá-
culos, as críticas e matérias publi-
completamente diferentee
aos diferentes momentoss
do espetáculo”.
alcança maioridade
cadas na imprensa podem ajudar A lista de festivais e Evento é considerado um dos mais respeitados do País
as companhias na captação de re- mostras em que o grupo po
cursos para novas montagens. esteve presente é grande, de, A estreia do Festival de Te- festa na cidade! As pessoas
Para Luiz André Cherubini, algumas cidades são Nova va atro de Curitiba aconteceu em saem de casa e vão para os ba-
do Grupo Sobrevento, participar Friburgo/RJ, Campinas// 1992 e desde então coleciona res, ruas, cinemas, restaurantes
é importante “porque os Festivais SP, Santos/SP, Canela/ a/ números grandiosos. Foram e se sentem diferentes. Muda
são a melhor e mais segura ma- RS, Ribeirão Preto/SP, P, cerca de 1,3 milhões de pesso- a intensidade do local, melho-
neira de circular com um espetá- Rio de Janeiro/RJ, São o as nas mais diferentes platéias, ra a estima e tem impacto di-
culo. E porque navegar é preciso. Paulo/SP, Curitiba/PR, R, 1890 espetáculos que ocupa- reto na economia, no turismo
Inclusive mais do que viver”. Porto Alegre/RS, Ouro o ram ruas, praças, banheiros, etc.”,disse Leandro Knopfholz,
Preto/MG, São João Dell bares e, enm, teatros. diretor artístico do Festival de
ESPAÇO PARA TODOS Rei/MG, São José do Rio o O número de 2009 é 18, a Curitiba e um dos idealizadores
O Sobrevento é um grupo Preto/SP, Mariana/MG,, idade que marca a maioridade do evento.
de teatro que se dedica desde São Carlos/SP, Olinda// ddo evento que mesmo entre Os espetáculos mais co-
1986 à pesquisa da linguagem PE, Belo Horizonte/ te/ ccontradições ainda é um dos mentados continuam na cha-
teatral, principalmente na arte MG, Bonito/MS, Ja-- mmais respeitados pela crítica mada Mostra Contemporânea,
dos bonecos e da animação. raguá do Sul/SC, São o e pelas companhias de todo que na 18ª. edição traz 25 espe-
Além de ter participado de fes- Bernardo do Campo// o Brasil. Para comemorar, a táculos, sendo um deles o chi-
tivais em muitos países, o gru- SP, Santo André/SP, P, pprodução apresenta uma lista leno “Sin Sangre”. A curadoria
po realizou, dirigiu e foi cura- Garanhuns/PE, For- r- dde mais de 300 espetáculos à para esta mostra é de Tânia
dor de festivais em quase todos taleza/CE, Nova Igua- a- ddisposição do público – fora Brandão, Celso Curi e Lúcia
os estados do Brasil. “Ao nal çu/RJ, F,
Brasília/DF, aas cada vez mais variadas ativi- Camargo.
de cada Festival que realizou, o Campos de Goytaca- a- ddades de cultura, talvez um re- A grande quantidade de
grupo disse que seria o último zes/RJ, Rio do Sul/SC, C, exo da mudança de nome que espetáculos ainda se reúne no
e se arrependeu logo depois”, Corumbá/MS, Suzano/ o/ aaconteceu em 2008, de Festival Fringe, espaço para as peças se
garante, mostrando logo que se SP e Juazeiro do Norte/te/ dde Teatro de Curitiba para Fes- lançarem nacionalmente e bus-
trata de outra companhia que CE. Além de espetáculos los ttival de Curitiba. carem a atenção de curadores
vive com as malas prontas. no Chile, Espanha, Co- O Risorama, espaço para de outras mostras e festivais.
O que move o grupo para ócia
lômbia, Irlanda, Escócia hhumor à stand-up comedy, já
os eventos é novamente o in- e Argentina. uum dos eventos paralelos mais HISTÓRIA
tercâmbio, “a possibilidade de A pernambucana ana aaguardados do ano na cidade, A criação do Festival de
viver outras experiências, co- Cênicas pode não terr se rmou-se ocialmente junto a Curitiba é uma história contada
nhecer coisas novas acerca de apresentado (ainda) na programação ocial. O Mish anualmente com muito orgu-
nossa arte e nosso ofício”. Europa, mas tem motivos Mash ainda é novidade e reúne lho por seus idealizadores. Em
Luiz destaca as diferenças que de sobra para comemorar. artes circenses como a dança, uma mesa de bar, um grupo de
o grupo percebeu entre as apre- No ano de 2003 o grupo mágica e malabarismo. A no- jovens amigos tinha acabado de
sentações xas, quando o espetá- voltou ao Festival de Curi- vidade de 2009 é o Gastrono- ver uma peça no Teatro Guaí-
culo está em cartaz, e as de fes- tiba com o patrocínio da mix, um projeto que promete ra, o maior da cidade na época,
tivais: “A diferença de públicos e cidade de Garanhuns. No unir gastronomia à música. quando lamentaram o pequeno
de estrutura cênica marca profun- retorno para Recife, novas Chefs convidados preparam número de peças de teatro em
damente o desenrolar da apresen- referências, novos convi- seus pratos embalados por cartaz na cidade. Surgiu então
tação e o estabelecimento da co- tes para participação em música especialmente escolhi- a idéia de , ao invés de apenas
municação teatral. Determinados festivais e prêmios como da para a ocasião. Enquanto lamentar, organizar um festival
espetáculos sofrem mais do que Melhor Espetáculo, Me- preparam os pratos explicam na cidade.
outros com isto: montagens mais lhor Ator (Jorge de Pau- por que tal música combina Em dezembro de 1991
delicadas ou com características la), Melhor Iluminação e com tal prato. acontecia a festa de lançamen-
mais interativas, para dar apenas Melhor Sonoplastia como “O Festival cresce em todos to do Festival, que iria estrear
dois exemplos. Espetáculos mais espetáculo “As Criadas”, os aspectos. Eventos, espetácu- no dia 19 de março do ano se-
fechados e mais técnicos tendem de Jean Genet, no Janeiro los da Mostra, espetáculos do guinte. Logo na primeira edi-
a dicultar a percepção, pelos ar- de Grandes Espetáculos. Fringe, além da quantidade de ção, o Festival levou ao Paraná
tistas, do sucesso do jogo teatral Uma prova de que, mes- gente que podemos receber. grandes nomes do teatro bra-
no momento em que se dá. Po- mo com as adversidades Entendemos que ele se rma sileiro, como Antunes Filho,
rém, independentemente disto, enfrentadas no início, va- como uma grande vitrine das José Celso Martinez Correia e
diferenças culturais interferem di- leu a pena perseverar. Artes Cênicas do Brasil. É uma Gabriel Vilella.
12 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Entrevista
Zezé Motta atriz
“Quem desiste,
não pode
ser feliz”
Por Douglas de Barros Jornal de Teatro - Como Bocas” pela Rede Globo, nove-
foi difícil te encontrar. A- la de Walcyr Carrasco e direção
Do seleto grupo nal, o que você está fazendo do Jorge Fernando. Vou entrar
de artistas brasilei- em Brasília? na segunda fase da novela, a
ros que se tornaram Zezé Motta - Minha vida partir do capítulo 60. Teve um
referência no ce- é muito louca, muito corri- boato sobre minha participa-
nário artístico na- da. Vou gravar um comercial ção em “Paraíso”, mas foi só
cional, Maria José amanhã (dia 17 de março), especulação. Ontem (dia 15)
Motta de Oliveira, uma campanha incentivando comecei a gravar o novo lme
se destaca como as pessoas a pagarem o IPTU da Xuxa, chamado “O Fantás-
uma das poucas ar- e que vai ao ar a partir de ju- tico Mistério de Feiurinha”. As
tistas negras que atua- nho. Mas na semana passada lmagens começam em julho
vam em papéis de destaque estive aqui para participar da ou agosto, mas nós lmamos
na dramaturgia nacional desde que se abertura de uma conferência porque tínhamos que aprovei-
tornou Xica da Silva, no lme de mesmo nome do sobre igualdade racial. Inclu- tar o navio italiano que estava
diretor Cacá Diegues. sive, antes de nossa conversa, atracado no Rio de Janeiro. No
Mas antes mesmo do sucesso nas telonas ou na te- recebi outra ligação para tratar lme, eu faço o papel da Geru-
levisão, Zezé já havia marcado presença no teatro bra- de assuntos referentes ao meu sa, que conta a história da Feiu-
sileiro na fervilhante década de 1960. A atriz estreou no trabalho na luta pela defesa rinha. Essa história na verdade
espetáculo “Roda Viva”, de Chico Buarque de Holanda, dos direitos autorais, vou car é um livro do Pedro Bandeira
logo após se formar em teatro no tradicional Tablado, mais um tempo aqui para tra- que faz muito sucesso nas es-
de Maria Clara Machado. Além disso, já gravou oito tar mais desse assunto. Eu não colas e é muito interessante. O
álbuns musicais e está prestes a lançar mais um. paro nunca. enredo é um encontro de várias
Mesmo tendo que se dividir em muitas para princesas de contos infantis e
dar conta de suas atividades prossionais, Zezé JT - Você está em cartaz as mostra já casadas com seus
também se notabiliza por sua luta pelos di- com alguma peça no mo- príncipes cheias de lhos e tal
reitos dos artistas negros e sua militância mento? um barato. Parece que foi um
frente aos direitos da classe artística no ZM - Em abril vou estre- achado da própria Sasha.
Brasil. ar “7 – O Musical”, do Cláu-
Entre gravações, conferências, reuni- dio Botelho e Charles Möeller, JT - Sua estreia no pal-
ões e vida familiar, a atriz ocupa ainda, com músicas de Ed Motta. co foi em “Roda Viva”, um
a convite do governador Sérgio Cabral, Vamos estrear no teatro Sérgio clássico do teatro nacional.
um cargo na recém-criada Superinten- Cardoso, em São Paulo, com Como foi esse início?
dência da Igualdade Racial do Governo duração de três meses. Faço ZM - Vim muito pequena
do Estado do Rio de Janeiro, em que papel de má em “7”. É a pri- para o Rio (Zezé nasceu em
cuida dos interesses de negros, índios, meira vez que faço uma vilã Campos, no norte-uminen-
ciganos e todo tipo de ser humano que e estou me divertindo muito. se), sinto-me carioca. Eu es-
se sente discriminado. O nome dela é Carmem, uma tudava em um colégio na Cru-
Apesar da agenda corrida, a atriz, cartomante muito má que, para zada São Sebastião, no bairro
cantora e até mesmo diretora Zezé proteger uma cliente, persegue do Leblon, embora não tivesse
Motta conversou com o Jornal de outra pessoa. Estou adorando. direito porque não era mora-
Teatro por telefone em um hotel de dora de lá, mas na época eu
Brasília, num dos poucos momentos JT - E fora dos palcos? dei um jeitinho. Fiz o ginásio
que a atriz tem de descanso entre um ZM - Daqui a dois meses e ganhei uma bolsa para fazer
trabalho e outro. vou começar a gravar “Caras e o Tablado porque eu era muito
Jornal de Teatro Abril de 2009
13
Entrevista
dedicada, passava meus ns de ZM - Estou sem gravar há
Fotos: divulgação
semana estudando e não per- uns seis anos, mas nesse ano de
dia nenhum passeio ao teatro, 2009 eu também vou gravar um
ópera ou qualquer outro pro- CD e um DVD. Viu só quanta
grama cultural que a escola fa- coisa? Tenho esse projeto que
zia. Gostava de teatro, mas não estava na la da gravadora Bis-
tinha pretensão, só depois des- coito Fino e quando vi que não
cobri que queria isso. Quando ia rolar, resolvi mostrar para a
terminei, a gente apresentou Robby Digital e eles gostaram
uma peça, o Flávio Santiago da ideia. Vão lançar no segun-
veio falar comigo, perguntou do semestre desse ano. O CD
se eu queria seguir carreia e vai se chamar “O Samba Man-
me falou do teste para o “Roda dou Me Chamar” e vai ter mui-
Viva”. Na semana seguinte z ta coisa inédita. Tinha até pen-
o teste e passei. Foi muito ba- sado em fazer releituras, mas
cana. Em um mês já estava en- como recebi tanto material
saiando. Depois de fazer muito bom e muita gente boa, acabei
teatro começaram a surgir as me empolgando.
oportunidades. Primeiro para o
cinema e em seguida televisão, JT - E os compositores?
quando a Marília Pêra me apre- Já conhecidos ou pretende
sentou para o Bráulio Pereira, gravar canções de novos ar-
que me chamou para fazer a tistas?
Zezé de Beto Rockfeller. ZM - Tem Luiz Ayrão, Pau-
lo César Pinheiro, Feital (Paulo
JT - E a música? Você César), Altay Veloso, Marqui-
gravou vários discos, inter- nho PQP, Serginho Procópio,
pretou canções de grandes entre outros. Um pessoal de
compositores e costuma di- primeira, além de composito-
zer que é ‘cantriz’, não é ver- res mais novos.
dade? Que espaço a música
tem na sua vida? JT - Você também dirige
ZM - Já gravei oito álbuns espetáculos, não é verdade?
e as pessoas sempre me per- ZM - Como diretora já ti-
guntam se eu prero cantar ou nha experiência com cantores
representar. Eu respondo que como Jamelão, Leci Brandão
me sinto em estado de graça e Ana Carolina ainda em Juiz
dos dois jeitos. Quando tenho de Fora. Inclusive, dei muita
a oportunidade de juntar as força para ela vir para o Rio.
duas coisas é perfeito. Canto Recentemente, participei da
muitas músicas nesse musical supervisão de uma peça que
“7”. Levo minha experiência estreou no porão da (Casa de
de atriz para a música, já que Cultura) Laura Alvim, “Todo
para cantar também é preciso Amor Que Houver Nessa
interpretar. Vida” com Rogério Garcia e
Felippo Leandro. Na verda-
JT - Então ainda preten- de, eu dei alguns palpites.
de lançar outros discos? JT - Você é conhecida por
Sempre
recebo cartas
de jovens me
pedindo
opinião.
Digo para
terem
perseverança
e não desistir
dos sonhos
pois quem
desiste não
pode ser feliz
Zezé foi elogiada por sua atuação como Carmem no musical “7”. Sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, peça chega a São Paulo em abril
14 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Entrevista
uma postura combativa e en-
gajada em projetos sociais e
na luta por diversas causas.
Como surgiu esse lado?
ZM - Foi uma coisa es-
pontânea. Recentemente, fui
convidada para fazer parte da
Superintendência da Igualda-
de Racial do Estado do Rio
de Janeiro, um trabalho muito
amplo e que cuida dos ciga-
nos, índios, quilombolas e da
saúde da população negra.
Quando fui convidada pelo
governador Sérgio Cabral,
achei até que era um exagero.
Achava que saúde devia ser
para todos, o que é verdade.
Mas depois me explicaram
que existem algumas doenças
que são exclusivamente de
negros como a Anemia Falci-
forme, uma doença que causa
problemas nos glóbulos ver-
melhos e pode levar a óbito.
Estamos conversando com
o ministro (da Saúde) Tem-
porão para realizarmos uma
campanha explicativa. Hoje
em dia, com o teste do pezi-
nho, já se acusa, mas há pes-
soas adultas que podem ter e
nem sabem.
Jornal de Teatro
critérios para o uso dos impos- putado Paulo Rubem Santiago
O principal medo dos pro- tos. Ele será denido, anualmen- (PDT-PE) encaminhou um re-
dutores culturais de perderem te, por meio de portaria, onde querimento pedindo acesso ao
patrocínios já pode ser perdido. serão relacionados cada critério texto da nova lei para que, no
O MinC (Ministério da Cultura) com cada faixa de renúncia. âmbito da Comissão de Educa-
lançou uma nova legislação de es- Projeto cultural que não te- ção e Cultura (CEC) da Câmara
tímulo à cultura que estará dispo- nha integrado em seu espaço dos Deputados, seja criada uma
nível para consulta pública no site um projeto de acessibilidade relatoria para debater o projeto.
do ministério (www.cultura.gov.br). terá dificuldade de ser aprovado. O deputado também defende a
A legislação foi liberada esta Foi o que disse o ministro Juca ideia de realizar-se um audiên-
semana pelo setor jurídico da Ferreira, em entrevista ao jornal cia pública a respeito das modi-
Casa Civil, e promete acalmar “Folha de São Paulo”. “Toda ficações, para que a população
os ânimos de quem achava que vez que tiver dinheiro público, e a sociedade artística, cultural,
seria extinto o mecanismo de tem que ter benefício público, possa compartilhar das mudan-
renúncia fiscal. A nova legisla- ou não se justifica”, informou o ças e assim cooperar para que a
ção é uma alteração da Lei Rou- ministro ao jornal. atuação dela seja eficiente.
anet – lançada em 1991 e prevê
incentivo a empresas e indiví- OUTRAS RELEMBRANDO
duos que desejam financiar pro- MODIFICAÇÕES Em dezembro do ano pas-
jetos culturais – que estabelece Uma das maiores novidades sado, o presidente Luiz Inácio
mais quatro faixas de renúncia da recente legislação é a cria- Lula da Silva sancionou a Lei
fiscal. Atualmente existem ape- ção de cinco novos fundos de Complementar 128 que exclui
nas duas, de 30% e 100%, com a financiamento direto à cultura. as produtoras culturais do Sim-
alteração serão acrescidas as de São eles o fundo de audiovisual, ples Nacional. Segundo Lula, tal
60%, 70%, 80% e 90%. de memória e patrimônio, de ci- atitude foi uma “medida emer-
Segundo o MinC, essa mu- dadania e diversidade, de arte e gencial para conter os efeitos da
dança visa evitar que empresas de equalização. Todos eles com crise econômica”, e como solu-
continuem deduzindo do Im- o objetivo de ampliar o leque de ção aumentou a carga tributária
posto de Renda 100% do valor áreas culturais para incentivo. das produtoras culturais, que
destinado a projetos culturais. Outro fato de extrema im- devem pagar entre 16% e 22%
O ministro da Cultura, Juca portância é a manutenção do sobre o valor dos projetos. Com
Ferreira, disse que a abertura Fundo Nacional de Cultura que o Simples Nacional, ou Super-
da consulta pública do texto contará com recurso do Tesou- simples, a carga tributária era
da lei permitirá que entidades ro Nacional e também do Fi- entre 4,5% e 16%, um aumento
do setor, produtores culturais, cart, um fundo de capitalização. considerável.
empresas e artistas façam su- Com a renúncia fiscal, esses ou- Como era de se esperar, hou- Para Juca Ferreira, projetos não serão aprovados sem ações de acessibilidade
gestões ao projeto durante um tros mecanismos de incentivo ve uma forte manifestação dos
período de 45 dias. O ministro ficaram debilitados. produtores que chegaram a cha- Governo, os agentes culturais en- ip9s1234/petition.html) com
ainda irá viajar pelo Brasil para Segundo o ministério, a Lei mar a lei de “pacote bigorna”, viaram à Funarte um abaixo-assi- quase 4 mil assinaturas.
debater essas modificações. Rouanet precisava de meca- e fez com que o presidente da nado, este ano, com mais de 200 A Funarte começou a agir
Quem irá decidir quais as mi- nismos que pudessem acabar Funarte (Fundação Nacional de nomes, questionando a medida e nos bastidores do MinC na
croempresas e agência culturais com a concentração regional Artes), Sérgio Mamberti tomas- chamando a atenção para um di- busca de uma solução que re-
que poderão ter direito às dis- do financiamento e o baixo se um susto. “O impacto na nos- álogo urgente. Outro abaixo-assi- vertesse os efeitos negativos da
tintas faixas de renúncia será a apoio à atividades culturais em sa área não foi previsto e, para nado endereçado ao Congresso e lei complementar. A instituição
Cnic (Comissão Nacional de In- áreas isoladas que, por exem- nós, foi mesmo uma surpresa”, realizado pelo Instituto Pensarte, também participou de algumas
centivo a Cultura). O conselho, plo, contenham baixos Índices disse o presidente à época. ainda está circulando na internet reuniões que cooperaram para a
formado por representações do de Desenvolvimento Humano Em represália à atitude do (http://www.petitionline.com/ modificação na Lei Rouanet.
16 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Marketing Cultural
Instituto Itaú Cultural investe em pesquisa e mapeamento
Foco da instituição é incentivar a cultura e a arte brasileira ajudando a desenvolver trabalhos de diversas áreas como música, dança e teatro
Claudia Meyer
Bruno Pacheco
As perucas, apliques e
acessórios para os cabelos es-
tão presentes em quase toda
produção teatral. Seja ela de
grande ou pequeno porte,
com orçamento limitado ou
não, é praticamente indispen-
sável a utilização desses obje-
tos de indumentária no pro-
cesso de caracterização dos
personagens e na ambientação
do espetáculo. No teatro líri-
co, por exemplo, existe um se-
tor especialmente para cuidar
deste importante item: a peru-
caria. E o prossional respon-
sável por esta área, conhecido
como peruqueiro, precisa es-
tar atento às novidades para se
Divina: 30 anos dedicados às perucas do Teatro Municipal do Rio
adequar aos orçamentos sem
prejudicar a qualidade da apre-
sentação. Por conta disso, ele NO CURRÍCULO “LA TRAVIATA” COM ZEFIRELLI
estuda o roteiro, faz pesquisas
e, em parceria com o guri- Dos 100 anos que o Teatro Municipal do Rio de Janeiro completa agora
nista, confecciona as perucas em 2009, a peruqueira argentina Divina Lujan Soares participou ativamente
deles nos últimos 30. Sem perder o sotaque portenho, nestas três décadas
de acordo com o que está sen- Perucas de época: é preciso pesquisa e estudo para confeccioná-las à frente do setor de perucaria no teatro carioca, Divina acumula muitas
do produzido. Um trabalho histórias. Nesta conversa com o Jornal de Teatro, ela fala da importância do
técnico e dispendioso, mas es- já produziu, mas não a paixão produções de fora também teatro e das perucas em sua vida e da experiência única de ter trabalhado
sencial a qualquer ópera, balé por confeccioná-las e a ne- contribuiu para aprendermos com o italiano Franco Zefirelli no Brasil.
e musical de sucesso. cessidade de estar envolvida mais sobre o universo das pe-
O uso moderno de perucas no processo de evolução da rucas”, acredita. Quando o teatro entrou na sua vida? E as perucas?
começou na França de Luiz indumentária. “Já z peru- Divina explica que há uma Eles entraram praticamente juntos. Eu trabalhava como cabeleireira na
XIII, mas a origem do artefato cas até com botões”, garante. grande diferença entre uma pe- Argentina e sempre gostei muito de cabelos. Estudava e pesquisava sobre
se deu em civilizações mais an- Formada pelo Instituto do ruca para teatro e as chamadas eles. Eu queria mais e decidi me preparar para entrar no Instituto do Teatro
tigas. No século IV a.C, mulhe- famoso Teatro Cólon de Bue- perucas sociais, usadas fora dos Colón, que é um teatro lírico muito conhecido. Fui aprovada e estudei histó-
res gregas já usavam apliques de nos Aires, fundado em 1908 e palcos. “São completamente ria da arte e várias áreas dos bastidores como caracterização, iluminação,
cabelos articiais. E no teatro? o primeiro do gênero na Amé- diferentes. As perucas sociais indumentária e, é claro, perucaria. Foi quando eu aprendi a diferenciar os
“Se consideramos as cerimônias rica do Sul, Divina “fez a cabe- são feitas com elástico para se tipos de peruca, as formas de costurar, pentear, arrumar. Também dei aulas
religiosas como formas embrio- ça” de célebres personagens das adequarem a qualquer pessoa e e trabalhei em publicidade.
nárias da atividade teatral, en- mais importantes óperas e ba- a peruca teatral é confecciona-
contramos a peruca na cabeça lés apresentados no Municipal da sob medida, exclusivamente Como chegou ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro?
de reis e sacerdotes egípcios na nas últimas três décadas como para determinado ator, consi- Eu tive a sorte de ficar trabalhando no Teatro Colón depois de formada.
execução de ritos sagrados e, na “Turando”, “Aida” e “La Tra- derando as suas características Foram dois anos adquirindo experiência e contatos. Em 78, surgiu o convite
Grécia, em procissões ao Deus viata” (dirigido pelo cineasta e de acordo com a maquiagem e do Hugo de Ana, que na época era o diretor artístico do Teatro Municipal,
Dioniso (não confundir com os cenógrafo italiano Franco Ze- o gurino. Tudo tem que estar para que eu e mais outros profissionais argentinos viéssemos para o Brasil
históricos Dionísios)”, explica relli). Ainda estão no currículo combinando”, ressalta. fazer parte da chamada Central Técnica de Produção. O Municipal estava
Maria Sutter, professora e coor- sendo reaberto depois de três anos em reformas de modernização. Vieram
de Divina alguns trabalhos em Com orçamentos muitas
ótimos profissionais para cada setor do teatro e o objetivo era formar uma
denadora da área de letras clás- produções importantes do ci- vezes apertados e em tempos escola de teatro aqui. De acordo com o contrato, ficaríamos por seis meses
sicas da PUC - Rio. nema nacional como “Carlota de responsabilidade ambiental apenas. Sou a única daquele grupo que está até hoje.
No Brasil, as perucas che- Joaquina”, de Carla Camuratti, e econômica, é natural que o
garam à sociedade com a e da televisão, na minissérie “Os reaproveitamento dos ma- Qual era a realidade do Municipal quando vocês chegaram?
corte portuguesa e no teatro Maias”, da Rede Globo. Tam- teriais seja necessário. “Atu- Não havia muita coisa. Até a nossa chegada existia muito pouco conhe-
com as primeiras companhias bém integra a equipe da carna- almente temos cerca de 30 cimento nessas áreas. Começou conosco. O teatro ficou fechado pois es-
europeias, que se apresenta- valesca Rosa Magalhães, sendo dias para deixar tudo pronto. tava degradado. Eram feitos apenas shows e bailes de carnaval. Iniciamos
vam no País como a Comedy responsável por inovações na Tudo depende do material muitos profissionais aqui.
Francese. Na década de 1970, a maneira de produzir perucas disponível, da matéria-prima
peruca viveu o seu momento para o carnaval carioca. que será usada, do orçamento. Quantas perucas chega a fazer numa produção?
de maior popularidade. Era a Segundo Divina, quando Gosto de inovar, usar mate- Varia muito. Já fiz mais de 500.
moda do momento e a maio- ela chegou ao Brasil, a peruca- riais diferentes. Já z perucas
ria das mulheres queria ter a ria não existia no Teatro Mu- com botões, borracha...”, diz. Já presenciou atores confundirem e trocarem de peruca em plena apre-
sua. Nos anos 1980, caiu em nicipal. “Eu montei o setor Segundo Divina, todas as pe- sentação?
declínio e, atualmente, passa e ensinei durante esses anos rucas se reaproveitam. “Elas Acontece muito deles colocarem de trás para frente. É muito difícil ter um
por uma fase de revitalização. vários assistentes. Muitos tra- duram bastante, dependendo solista que goste de usar peruca. Eles reclamam, dizem que esquentam demais.
Seja de bras vegetais, crinas balham hoje em televisão, no de como são guardadas e os Eles preferem deixar o cabelo de acordo com o personagem. O bailarino até
de cavalos, os de lã, cabelos carnaval e no teatro”, diz. Nes- cuidados que se tem na utili- gosta de usar, mas por dançar muito ele perde a peruca. Já vi uma peruca voar
naturais ou os sintéticos, elas te tempo também, houve uma zação. O suor, por exemplo, em pleno balé e o ator era careca. Não teve jeito, a platéia disparou a rir.
sempre ressurgem como um evolução desta técnica no Bra- queima o brilho natural do ca-
recurso válido tanto na vida sil. “Quando cheguei ao Mu- belo. Eu preservo muito bem Com tantas produções e trabalhos no currículo, quais você classifica como
particular como no palco. inesquecíveis?
nicipal já havia trazido muita as perucas do Municipal. Lavo,
Trabalhar com Franco Zefirelli foi um momento único. Por tudo que ele
A argentina Divina Lujan coisa, mas tinha a diculdade embalo e guardo para outras representa e me ensinou. Ele é uma pessoa ótima e simpática, porém muito
Soares é peruqueira do Teatro para se achar boa matéria-pri- produções. Mas é importante severa. Conhece muito sobre cabelos. E ele nos ajudava pessoalmente e
Municipal do Rio de Janeiro ma. Hoje conseguimos cabe- comprar cabelo de qualidade deu muitas dicas. Passamos 20 dias dentro do teatro montando o espetá-
há 31 anos. Diz que perdeu los de qualidade aqui no País. para as perucas. Isso ajuda culo “Traviata” e convivendo com ele.
as contas de quantas perucas A troca de experiências com muito”, naliza.
18 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Técnica
IBTT visa aprimorar conhecimento especíco
Criado no final de 2008, o Instituto Brasileiro de Tecnologia Teatral propõe o debate, a pesquisa e a formação em detalhes técnicos
Sindicatos
Sated-SP apoia categoria artística e busca melhorias
Entidade tem sua história marcada por lutas e visa benefícios aos profissionais, como a criação de um retiro e promoção com a Copa de 2014
Por Fábio Luís de Paula nossa categoria”. ticipado e promovido. Esta luta
Divulgação
A Escola de Arte Dramática , em São Paulo, ainda busca seu espaço na USP. Processo de seleção é rígido, em quatro partes e o número de candidatos por vaga pode chegar a 25
Por Danilo Braga Nanci, que foi formada um casarão velho na rua Ma-
pela EAD, contextualiza o jor Diogo, bairro da Bela Vis-
Em uma São Paulo que se nascimento da escola na esfera ta, Zampari criou o TBC (Te-
movia pelo ânimo do moder- burguesa do nal dos anos 40, atro Brasileiro de Comédia).
nismo de 1922, o teatro ain- detentora da riqueza de valo- Equipado com 18 camarins,
da era considerado uma “arte res culturais no País. Segundo duas salas de ensaio, oficinas
menor”. O que os paulistas a pesquisadora, o teatro sofreu de montagem de cenário, al-
não esperavam era que a sua um processo de estagnação moxarifado, sala de leitura e
terra da garoa se transforma- até o nal da década de 30, equipamentos modernos de
ria em um pólo teatral de pro- não participando, inclusive, áudio e iluminação, o TBC Aula de Comédia ministrada por Cacilda Becker na EAD
porções internacionais. Era da Semana de Arte Moderna. era voltado especialmente
maio de 1948, em uma sala Um de seus principais auto- para o teatro amador. dessa à aula, às 19h. Logo, Mesquita so tem 700 horas/aula, mais
alugada no Externato Elvira res, Oswald de Andrade, só maneira, o segundo andar do fez um acordo com grandes do que o necessário para um
Brandão, na alameda Jaú. Lá, escreveria teatro em 1936. A prédio passava a ser a nova empresas alimentícias que pas- curso técnico segundo especi-
no segundo dia do mês, nascia tal “arte menor” não decolava casa da EAD. saram a fornecer suprimentos cações do MEC. A professo-
a escola que em alguns anos nem mesmo no Rio de Janeiro É na EAD que alguns tex- para que fosse organizado um ra Nanci acredita que, por não
formaria a primeira frente de dos anos 40, que era o Cen- tos estrangeiros, principalmen- “sopão” para os alunos, sem ser considerado um curso de
atores brasileiros prontos para tro de Produção Cultural no te europeus, foram encenados custo algum. graduação e não fazer parte
trazer para a terra do pau bra- Brasil. No m de 43, a ence- aqui no País. O alemão Bertolt Em 1960, a escola brilhava. da Fuvest (órgão que aplica
sil o novo teatro, que não seria nação de “Vestido de Noiva”, Brecht, o francês Alfred Jarry, o Agregava o uso da cenograa, o vestibular para ingresso na
mais uma arte diminuta e vista de Nélson Rodrigues, foi alvo norte-americano Sam Sheppard também inédita no País, e em universidade), o processo sele-
com maus olhos. de críticas severas, que levou e o espanhol Ramón Maria del 61 incluiu em seu currículo os tivo próprio da EAD benecia
A EAD (Escola de Arte o cenário do teatro brasileiro Valle-Inclán tiveram suas obras cursos de crítica e dramatur- o curso. “São alunos que en-
Dramática) surgiu com a ne- ao desânimo. Mas não Al- representadas no Brasil pelo gia. A escola tinha o desejo e traram pelo talento”.
cessidade e a demanda da bur- fredo Mesquita, que em 1942 palco e equipe da EAD. a capacidade para abraçar toda O processo seletivo é dado
guesia paulista, que sentia falta passou a incorporar a gura Em meados de 1950, o es- a revolução teatral que o País em quatro partes. Em sua
do teatro no Brasil. Na Euro- do diretor, até então inédito paço que o TBC oferecia já estava passando. Isso, porém, primeira fase, o aluno é sub-
pa, principalmente em Paris, no Brasil, na produção dra- era demasiado pequeno para não se realizaria tão cedo. metido a um exame prático,
a arte dramática estava em mática do Grupo de Teatro as necessidades da escola, que O golpe militar de 1964 onde deve escolher uma cena
ascensão, recebendo destaque Experimental. foi obrigada a mudar-se para chegou e afetou a escola, que e apresentá-la a uma banca
mundial. A elite burguesa de Alfredo Mesquita sabia que a sua primeira sede própria começou a ter problemas nan- de professores. Na segunda,
São Paulo, ainda respirando a o modelo parisiense de se en- Foi Alfredo que por muito ceiros. Em 1966, Alfredo Mes- o aluno deve fazer um exame
Semana de 22 e a Revolução sinar teatro não funcionaria tempo custeou a existência da quita não consegue mais manter teórico sobre os textos que
de 30, tinha essa demanda e no Brasil, mas muitas coisas Escola de Arte Dramática. As a EAD e então a vende à USP devem ser lidos previamente e
tinha também alguém para foram aproveitadas do ensinar aulas eram direcionadas não à (Universidade de São Paulo). elaborarem uma redação. No
alimentar esse desejo: dr. Al- europeu. Ele acreditava que burguesia, mas à classe média Até então, a prossão de terceiro, o aluno deve apresen-
fredo Mesquita, formado pela para mudar o teatro brasileiro e baixa. Ministradas à noite, ator não era considerada váli- tar uma cena dentro de uma
Faculdade de Direito do Lar- era preciso mudar o ator. Esse elas tinham o propósito ex- da, o que fazia com que a EAD lista de peças determinada. Na
go São Francisco e fã de Eça não poderia exercer a função clusivo de que personagens, fosse um curso de ensino quarta fase, o candidato reali-
de Queiroz. se não tivesse a cultura e a dis- futuros atores da classe traba- médio, incluindo as matérias za um estágio de quatro dias
Mesquita já tinha envolvi- ciplina necessária para tal. É lhadora, pudessem investir em obrigatórias para tal. No - onde são testadas a voz, corpo
mento prossional com a dra- então que, na sala emprestada futuro como ator e, incons- nal, a carga horária disponível e interpretação. De cerca de
maturgia. De 1933 até 1937 foi pelo Externato Elvira Bran- cientemente, investir na dra- para as matérias especicas de 500 inscrições anuais, são se-
crítico teatral de “O Estado de dão, Alfredo Mesquita plantou maturgia brasileira. Apesar de dramaturgia não era suciente lecionados 20 alunos para in-
S. Paulo”, escreveu e encenou a semente do novo teatro em não ser gratuita, o valor que os para a formação de um ator, o gressar na escola. O candidato
peças, livros e contos, além de São Paulo. Outras personagens alunos pagavam era muito pe- que de certa forma prejudicou deve ser maior de idade.
ter sido o fundador do GTE começam a surgir na história queno. Tivemos acesso a um o curso até 1982, quando foi Em agosto de 2009, Silvana
(Grupo de Teatro Experimen- da EAD, que se confunde com recibo, datado de 18 de junho regulamentado. Garcia publicará um livro pela
tal), que mais tarde origina a história da dramaturgia bra- de 1948, que vinha descrita a Edusp, ainda sem título, sobre
o TBC (Teatro Brasileiro de sileira como um todo. quantia de Cr$ 130. ATUALIDADE a trajetória da EAD. A obra
Comédia). O grã-no queria Ainda em 1948, Franco Nanci contou que muitas Ainda hoje, a Escola de será composta por ensaios e
elevar o nível da dramaturgia Zampari fez uma aposta no vezes os alunos chegavam com Arte Dramática não tem mui- imagens que nos farão voltar
brasileira, como nos conta a teatro que é parte essencial da muita fome, pois não tinham to espaço na USP. Dividindo no tempo na história da escola
professora e pesquisadora da escola. Associado a um grupo tempo (e muitas vezes dinhei- espaço com o curso de gradu- que construiu o teatro no Bra-
EAD, Nanci Fernandes. da elite paulistana e usando ro) para jantar antes de chegar ação em Artes Cênicas, o cur- sil como tal o conhecemos.
20 Abril de 2009 Jornal de Teatro
Oportunidades
Ocina Cultural Oswald de Andrade Oficina Cultural Amácio Mazzaropi
Endereço: Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro - São Paulo - SP Avenida Rangel Pestana, 2401 - Brás - São Paulo/SP
Telefone: 11 3221 5558 | 3222 2662 Tel: (11) 2692-5166 - 2796-2635
FORMAÇÃO DE PÚBLICO - ENSAIO ABERTO DO OFICINA “O AIKIDÔ E O CORPO DO ATOR” - 30 vagas OFICINA DE INTERPRETAÇÃO TEATRAL “BACANTES: UMA FORMAÇÃO DE PÚBLICO – APRESENTAÇÃO DO
ESPETÁCULO “SÓ” E PROCESSO DE CRIAÇÃO - 120 vagas Coordenação: Renata Mazzei ORGIA DO PODER” – 20 vagas ESPETÁCULO “ESTÃO VOLTANDO AS FLORES” E
Coordenação: Rachel Brumana 22/4 a 24/6 - segundas e quartas-feiras - 14h às 17h Coordenação: Rui Madeira AULA ABERTA – 40 vagas
13/4 - segunda-feira Público-alvo: interessados com conhecimento interme- 13 a 28/4 – segunda a sexta-feira – 16h30 às 21h30 Coordenação: Cia. Pompa Cômica
Apresentação: 17h30 às 18h30 - 80 vagas diário na área / Faixa etária: adultos Público alvo: interessados com conhecimento interme- Apresentação
Elenco: João Miguel Seleção: carta de interesse e currículo diário 30/4 – quinta-feira – 17h30 às 18h30
Faixa etária: adultos Inscrições:1 a 14/4 Faixa etária: adultos Público alvo: interessados em geral
Público alvo: interessados em geral Seleção: carta de interesse e currículo Seleção: primeiros inscritos
Processo de Criação - 18h30 às 21h30 - 40 vagas OFICINA DE MAQUIAGEM E CARACTERIZAÇÃO Inscrições: 1/4 a 10/4 Aula aberta
Mediação: Alvise Camozzi TEATRAL - 25 vagas 30/4 – quinta-feira – 18h45 às 21h45
Público alvo: interessados com conhecimento Coordenação: Atílio Beline Vaz OFICINA DE INTERPRETAÇÃO “A POESIA E A CENA” Público alvo: iniciantes na área
intermediário na área 25/4 a 25/7 - sábados - 14h às 18h – 30 vagas Faixa etária: adolescentes e adultos
Faixa etária: adultos Público-alvo: iniciantes na área Coordenação: Cia. Do Tijolo Seleção: primeiros inscritos
Seleção: carta de interesse Faixa etária: adolescentes e adultos 27/4 a 17/6 – segundas e quartas-feiras – 18h30 às Inscrições: 1/4 a 29/4
Inscrições:1 a 12/4 Seleção: carta de interesse 21h30
Inscrições:1 a 17/4 Público alvo: interessados com conhecimento interme- OFICINA DE TEATRO DE RUA –30 vagas
OFICINA DE CLOWN “NÚMEROS TRADICIONAIS diário na área Coordenação: Grupo Buraco D’Oráculo
EUROPEUS” - 25 vagas OFICINA DE JOGOS, CANÇÕES E TEXTOS DE TEATRO Faixa etária: a partir de 16 anos 6/5 a 26/6 – quartas e sextas-feiras – 19h às 21h
Coordenação: Caco Mattos - 30 vagas Seleção: currículo e carta de interesse Público alvo: iniciantes na área
16/4 a 25/6 - terças e quintas-feiras - 18h30 às 21h30 Coordenação: Cibele Troyano Inscrições: 1/4 a 22/4 Faixa etária: adolescentes e adultos
Público alvo: interessados com conhecimento interme- 27/4 a 27/7 - segundas-feiras - 14h às 18h Seleção: carta de interesse
diário na área Público alvo: iniciantes na área FORMAÇÃO DE PÚBLICO – APRESENTAÇÃO DO Inscrições: 1/4 a 30/4
Faixa etária: adultos Faixa etária: adolescentes ESPETÁCULO “CONCERTO DE ISPINHO E FULÔ” E
Seleção: carta de interesse Seleção: aula-teste dia 13/4 - 14h às 18h AULA ABERTA – 60 vagas OFICINA DE INICIAÇÃO TEATRAL – 30 vagas
Inscrições:1 a 13/4 Inscrições:1 a 12/4 Coordenação: Cia. Do Tijolo Coordenação: Gloriete Luz
Apresentação 5/5 a 28/7 – terças-feiras – 14h às 17h
OFICINA DE DRAMATURGIA “INICIAÇÃO AO TEATRO DO OFICINA DE DIREÇÃO TEATRAL - 25 vagas 23 a 26/4 – quinta a sábado – 17h30 às 18h30 e do- Público alvo: iniciantes na área
ABSURDO” - 25 vagas Coordenação: Marcelo Marcus Fonseca mingo – 17h às 18h Faixa etária: adolescentes e adultos
Coordenação: Nicolás Monasterio 27/4 a 30/6 - segundas e terças-feiras - 18h30 às 21h30 Público alvo: interessados em geral Seleção: primeiros inscritos
16/4 a 30/7 - quintas-feiras - 18h30 às 21h30 Público alvo: interessados com conhecimento interme- Seleção: primeiros inscritos Inscrições: 1/4 a 4/5
Público alvo: interessados com conhecimento interme- diário na área / Faixa etária: adultos Aula aberta Local: Unidade Básica de Saúde Doutor Manoel Saldiva
diário na área Seleção: currículo e carta de interesse 23 a 26/4 – quinta a sábado – 18h45 às 21h45 e do- Rua Sampson, 61 – Brás
Faixa etária: adultos Inscrições:1 a 22/4 mingo – 18h15 às 21h15
Seleção: carta de interesse e currículo Público alvo: iniciantes na área OFICINA DE TEATRO PARA INICIANTES – 30 vagas
Inscrições:1 a 12/4 OFICINA DE PREPARAÇÃO VOCAL PARA ATORES - 25 vagas Faixa etária: adultos Coordenação: Fabiana Vasconcelos Barbosa
Coordenação: Paula Carrara Seleção: primeiros inscritos 5/5 a 28/7 – terças – 18h30 às 21h30
OFICINA DE DRAMATURGIA E ATUAÇÃO - 30 vagas 7/5 a 18/6 - segundas e quintas-feiras - 10h às 13h Inscrições: 1/4 a 22/4 Público alvo: iniciantes na área
Coordenação: Raquel Anastásia e Valderez Cardoso Gomes Público-alvo: interessados com conhecimento interme- Faixa etária: adolescentes e adultos
16/4 a 25/6 - terças e quintas-feiras - 18h30 às 21h30 diário e avançado na área / Faixa etária: adultos OFICINA DE TEATRO BASEADA NAS OBRAS DE MURILO Seleção: primeiros inscritos
Público alvo: interessados com conhecimento interme- Seleção: currículo, carta de interesse e entrevista dia RUBIÃO – 30 vagas Inscrições: 1/4 a 4/5
diário na área 4/5 - 10h às 13h Coordenação: Expedito Araújo
Faixa etária: adultos Inscrições:1 a 30/4 29/4 a 16/7 – quartas e quintas-feiras – 18h30 às 21h30 OFICINA DE INICIAÇÃO TEATRAL – 30 vagas
Seleção: entrevista dia 14/4 - 18h30 às 21h30 Público alvo: interessados com conhecimento interme- Coordenação: Dione Leal Pettine
Inscrições: 1 a 13/4 FORMAÇÃO DE PÚBLICO - APRESENTAÇÃO DO diário 9/5 a 25/7 – sábados – 14h às 17h
ESPETÁCULO “BEM LONGE DA TRAÇALÂNDIA” E Faixa etária: adolescentes e adultos Público alvo: iniciantes na área
OFICINA “LABORATÓRIO INTERNACIONAL DE AULA-ABERTA DE JOGOS TEATRAIS - 100 vagas Seleção: carta de interesse e currículo Faixa etária: adolescentes
INTERPRETAÇÃO E DRAMATURGIA” - 15 vagas Coordenação: Aline Valencio Lemes (Cia. Pirilampo de Inscrições: 1/4 a 24/4 Seleção: primeiros inscritos
Coordenação: Alvise Camozzi e Letizia Russo Teatro) Inscrições: 1/4 a 8/5
22 a 30/4 - quarta-feira a sexta-feira - 15h às 21h e 8/5 - sexta-feira - 15h às 19h OFICINA DE TEATRO “MAZZAROPIS” – 30 vagas
sábado - 13h às 18h (primeira semana) e segunda a Apresentação do Espetáculo: 15h às 16h - 60 vagas Coordenação: Arnaldo D’Ávila e Jedsom Kárta OFICINA DE TEATRO – 30 vagas
quinta-feira - 15h às 21h (segunda semana) Público alvo: interessados em geral 11/5 a 27/7 – segundas e terças-feiras – 18h30 às 21h30 Coordenação: Denise Maria Guilherme
Público alvo: interessados com conhecimento intermediário Aula-aberta: 16h às 19h - 40 vagas Público alvo: interessados com conhecimento interme- 9/5 a 25/7 – sábados – 14h às 17h
Faixa etária: adultos Público alvo: iniciantes na área diário na área Público alvo: iniciantes na área
Seleção: carta de interesse e currículo e posterior en- Faixa etária: crianças Faixa etária: adultos Faixa etária: crianças
trevista com pré-selecionados (em data a ser definida) Seleção: primeiros inscritos Seleção: aula teste – 5/5 - 18h30 às 21h30 Seleção: primeiros inscritos
Inscrições: 1 a 17/4 Inscrições:1/4 a 7/5 Inscrições: 1/4 a 27/4 Inscrições: 1/4 a 8/5
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Jornal de Teatro Abril de 2009
21
Vida e Obra
Acima, Ida Gomes em “O Avarento”, em parceria com Jorge Dória, e aos lados em outros momentos da carreira
Por Daniel Pinton consagradas como Joan Crawford, sob holofotes diziam que atriz
Bette Davis e Gladys Cooper. não era mulher “direita” na época
Pela arte viveu, com a arte em que começou sua carreira.
se despediu. Assim pode-se re- TALENTO NOS PALCOS
sumir a vida de uma das atrizes A estreia de Ida Gomes nos HOMENAGEM
mais atuantes do cenário artístico palcos foi como integrante do Em sua família, deixa dois
brasileiro. Ida Szafran, atriz que Teatro do Estudante, com Pas- atores: o irmão Felipe Wagner
se tornou conhecida como Ida choal Carlos Magno. A atriz e a sobrinha Débora Olivieri.
Gomes, deixou a vida e os palcos ainda se destacou nas peças “O “Começamos a trocar nossas
no último dia 22 fevereiro, aos 85 Violinista no Telhado”; “No Na- anidades e experiências depois
anos, mas certamente deixou um tal a Gente vem te buscar”, pela que me mudei para o Rio de Ja-
legado de talento e amor, fruto de qual ganhou o Prêmio Apetesp neiro, em 1999, e, nesses 10 anos,
65 anos dedicados à interpreta- de melhor atriz coadjuvante; “O convivemos como mãe e lha.
ção, para todos aqueles que veem Avarento”; “Tio Vânia”; “Super Íamos produzir nosso primeiro
nas artes cênicas um caminho Mãe”; “Lili”; “O Anjo Negro”; espetáculo encomendado: “Idas
para se viver. “Proibido Amar”, onde recebeu e Vindas”. Ela era uma mulher
Conhecida do grande públi- uma indicação como melhor atriz extraordinária, inteligente, inte-
co pela interpretação marcan- do Prêmio Sharp e “7 – O Musi- lectual e moderna. Lia um livro
te da vereadora Dorotéia, uma cal”, com a qual Ida se despediu ou dois por semana, sempre em
das três irmãs Cajazeiras em “O dos palcos e do público mostran- inglês, falava mais de oito línguas,
Bem-Amado”, de Dias Gomes, do uma determinação e pros- assistia a todas às peças teatrais e
Ida nasceu em Krasnik, na Polô- sionalismo raros no meio artísti- lmes”, contou Débora.
nia, e foi criada até os 13 anos na co. Mesmo bastante debilitada, a Ida Gomes receberia no últi-
França. Depois de passar pela In- atriz participou de apresentações mo dia 10 uma grande homena-
glaterra, veio para o Brasil onde e ensaios até não ter mais forças. gem durante o 21º Prêmio Shell
começou sua carreira como atriz “A gente vai sentir uma grande de Teatro. A atriz se mostrava bas-
de rádio passando por diversas falta dela. Ela era uma excelente tante entusiasmada com a honra-
emissoras como as rádios Nacio- atriz, participativa em todos os ria e ansiosa pelo evento. “Pena
nal, Tupi e Educadora. momentos. Até na coxia, a Ida ela não ter estado para agradecer
Sua estreia na televisão foi era uma pessoa divertidíssima. a homenagem ao conjunto de
em 1951 atuando em telepeças Por todos esses motivos vamos trabalhos no Prêmio Shell. Ela só
de “O Grande Teatro Tupi”, na sentir muita falta dela. Ela era de pensava na roupa e nos discurso
TV Tupi, onde também fez “Co- uma força inacreditável. A gente que faria.”, falou a sobrinha. Feli-
ração Delator”. Na TV Globo, tinha a impressão de que ela que pe Wagner recebeu o prêmio em
onde ganhou fama, participou de tinha mais energia do que todos nome da irmã e aproveitou para
um total de 44 produções a partir nós, queria ensaiar à toda hora”, contar aos presentes como surgiu
de 1967, entre elas “Véu de Noi- relatou a atriz Alessandra Maes- a paixão de Ida pela dramaturgia.
va”, “Selva de Pedra”, “Estúpido trini, colega no musical. “Ida, quando jovem, ouviu na
Cupido”, “O Astro”, “Corpo a Ida nunca se casou nem teve Rádio Nacional uma propaganda
Corpo”, “Top Model”, “A Padro- lhos. Como ela mesma dizia, do programa “À procura de Ta-
eira”, “Da Cor do Pecado”, “JK” não era feita para casar, nem café lentos” e resolveu se candidatar.
e “Duas Caras”, sua última nove- sabia fazer, mas nunca deixou de Estávamos há nove meses no
la, em 2007. despertar grandes emoções por Brasil, ela ainda não falava bem
No cinema, Ida Gomes come- toda a sua vida. Apesar de judia, português. Mas foi, declamou um
çou sua carreira em “Bonitinha, Ida era constantemente escalada poema e foi contratada como ra-
mas Ordinária”, em 1963, e ainda para interpretar freiras, madres, dioatriz”, lembrou Wagner, refe-
participou de mais nove lmes mulheres rígidas com os “bons rindo-se ao poema “Visita à casa
como “Amante Latino”, de 1979, costumes” e se divertia com o paterna”, de Luís Guimarães Jr.,
“Copacabana”, de 2001, e “O fato: tinha uma independência que, em seguida, foi lido por Dé-
Amigo Invisível”, seu último pro- intelectual completamente opos- bora Olivieri. “Minha tia saiu de
jeto, em 2006. Sua atividade na te- ta às personagens que usualmen- cena na hora certa. Seu coração
lona, porém, não cou restrita. Ida te emprestava alma. Os mesmos parou, mas sua estrela vai brilhar
também foi dubladora de atrizes “bons costumes” que defendia para sempre”.
22 Abril de 2009 Jornal de Teatro
História
Liberdade, liberdade:
um marco na dramaturgia brasileira
produzindo, no país, bom entre-
Por Rodrigoh Bueno
Reprodução
Releitura do musical criado nos anos 70 por Chico Buarque e Paulo Pontes apresenta abordagem contemporânea e novos arranjos para a estreia em Guimarães, Portugal, dia 1º de maio