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Viianny 1

Sólo déjate amar


Letícia: como assim? Eu tenho certeza que essa é a filha daquela mulher do
acidente! Fui eu que cuidei dessa fofinha desde a hora em que nasceu até
quando acabou meu plantão…

Dra. Jane: espera… Deixa ver se eu entendi… Vocês tão dizendo então que
houve uma troca de bebês aqui?

Linda: Mari, por favor, me diga que tem outra filha que também sofreu um
acidente…

Marichelo: não, Linda… Só tenho uma filha… Anny tava grávida quando se
separou de Poncho…

Linda: o que? — assustada — Não brinca com uma coisa dessas…

Marichelo: não é brincadeira… — visivelmente angustiada — E a minha neta


tá no berçário… É pra tá no berçário…

Dra. Jane: gente, isso é muito sério! Você tem absoluta certeza, Letícia?

Letícia: absoluta, Dra.

Dra. Jane: e como essa menina tá aqui?

Linda: eu a encontrei num parque… Quer dizer que eu tenho uma neta? —
sorrindo ao mesmo tempo em que chorava — Que essa bonequinha é minha
neta?

Dra. Jane: calma, Linda… Temos que apurar os fatos ainda… Acho que a
solução mais cabível seria um exame de DNA… Mas primeiro temos que
conseguir uma autorização já que oficialmente Annyzinha não é a neta de
vocês…

Marichelo: eu cuido disso… Enrique consegue uma em questão de


segundos…

Linda: Poncho! Tenho que falar com Poncho! Ele vai cair pra trás quando
souber disso…

Marichelo: espera, Linda, por favor… Primeiro temos que conversar…

Linda: tudo bem… Letícia, me dá minha neta!

Letícia: sim, senhora! É melhor se acalmar… A senhora tá muito eufórica…

Dra. Jane: senhora, quando conseguir a autorização, peça pra me chamarem


pra fazermos o exame…
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Marichelo: sim, pode deixar…

Dra. Jane: Letícia, venha comigo… Temos que conversar… — as duas saíram

Linda: me conta… O que exatamente aconteceu?

Marichelo: espera, primeiro tenho que falar com Enrique… — ela ligou pro
celular do marido — Amor, preciso que venha urgente aqui na recepção do
prédio onde tá Sophie…

Enrique: muito bonito, hein, senhora Portillo! Recebe alta e sai assim do
nada…

Marichelo: tava cansada de ficar naquele quarto… Eu tô bem, amor… Mas


vem aqui urgente! Onde tá?

Enrique: tô conversando com um dos responsáveis pelas investigações do


acidente de Anny…

Marichelo: então corre pra cá que é mais sério…

Enrique: tudo bem… Beijo…

Marichelo: outro… — desligaram

Linda: entendi bem ou você também tava internada?

Marichelo: é sim… Fiquei muito fraca pela situação de Anny e andei


aprontando umas por aí… Meu organismo ficou esgotado…

Linda: agora me conta…

Marichelo: seguinte… Acredito que soube daquela briga toda entre Anny e
Poncho…

Linda: sim… Inclusive sempre incentivei Poncho a ir atrás de Anny…

Marichelo: então… Dias depois Anny descobriu que tava grávida de três
meses…

Linda: e por que não contou pro Poncho?

Marichelo: porque ela tava muito sensível com a situação toda e a médica
havia dito que era uma gravidez de risco…

Linda: compreendo…
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Marichelo: ela iria contar depois que a criança nascesse… Mas aí com o
passar dos meses, foi sentindo cada vez mais falta de Poncho. Ontem, depois
que ele ligou, ela decidiu voltar pro Brasil… Veio se consultar com a intenção
maior de se estruturar pra essa viagem… Aí aconteceu esse acidente…

Linda: que triste! — impressionada

Marichelo: pois é… Imagina aí a minha aflição quando não tinha notícias


dela…

Linda: mas e por que… — foi interrompida

Enrique: o que tá acontecendo, Mari?

Marichelo: oi, amor… Quero que conheça Linda… Ela é mãe de Poncho…

Enrique: Poncho?! — surpreso

Marichelo: isso… Já contei o que tá acontecendo…

Linda: prazer, Enrique…

Enrique: igualmente. — eles se cumprimentaram com as mãos — E essa


menina linda? Sua neta?

Linda: e sua também… — sorrindo

Enrique: como?

Marichelo: senta aqui, amor… — ele sentou ao lado da esposa — É sobre isso
que queria te contar… Talvez aquela menininha que esteja lá no berçário não
seja a nossa Sophie…

Enrique: explica isso melhor, Mari… — perdido

Marichelo: eu conheci a enfermeira que deu a roupinha pra nossa neta…


Nessa hora, eu tava aqui mesmo conversando com Linda e a tal mulher
reconheceu essa menininha aqui como a que ela cuidou quando nasceu…

Enrique: e onde ela tava? E quem é aquela no berçário?

Linda: eu encontrei essa bonequinha num parque…

Marichelo: essa do berçário não sabemos quem é…

Enrique: espera… — se levantou de uma vez — Vocês tão querendo me dizer


que trocaram a minha neta e jogaram num beco de um parque? —
praticamente gritando
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Marichelo: calma, amor… Temos que manter a calma… — puxou ele de volta
pra se sentar — Deixa eu te contar… Essa parte eu não sei… Na verdade
ninguém sabe… O certo é que Linda encontrou Annyzinha num parque, trouxe
pra cá pra ela ser vista por uma médica e aí a enfermeira reconheceu…

Enrique: espera… quem é Annyzinha?

Marichelo: essa bonequinha, amor… Linda deu o nome de Anahí pra ela…

Enrique: ah sim… Mas essa enfermeira não pode tá enganada? Muitos bebês
são parecidos…

Marichelo: ela afirma com toda certeza que essa é a verdadeira menina… Que
essa é a roupinha que ela deu de presente… E sei lá! Esses olhos dela… Olha
bem… Lembram os olhos de Anny… Não só a cor, mas a expressão… Te
chamei aqui pra que consiga uma autorização especial pra poder ser feito o
DNA nessa bebezinha que talvez seja nossa neta verdadeira…

Enrique: tudo bem… Vou telefonar pros meus advogados… Daqui a pouco
volto com essa bendita autorização… Foi um prazer, Linda… — beijou Mari e
saiu

Linda: Mari, agora que eu me toquei! De qualquer forma tenho uma neta! Anny
tem o enxoval completo já?

Marichelo: com certeza! Na verdade, são bem uns quatro ou cinco enxovais…

Linda: jura?!

Marichelo: sim! — sorrindo

Linda: ah, pois eu tenho que dar nem que seja mais um… Como uma avó não
dá nada pra sua netinha linda?! Não é mesmo, Annyzinha?

Marichelo: Linda, e se essa não for nossa neta mesmo? — séria

Linda: mas ela é… Desde que segurei ela pela primeira vez senti algo
diferente… Essa é a minha neta… Eu não tenho dúvidas… Nossa! Tava me
esquecendo do Alexander!

Marichelo: onde ele tá?

Linda: por aí pedindo leite materno… — as duas riram — Ele vai ficar chocado
quando souber… E Poncho? Acha que devo contar tudo por celular?

Marichelo: eu acho que não… Por que não inventa uma desculpa qualquer pra
ele vir aqui te encontrar?
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Linda: é… Acho que vou fazer isso…

Marichelo: até porque não queria que ninguém mais soubesse enquanto Anny
não estivesse bem…

Linda: sei… Os amigos dela sabem que ela tá assim?

Marichelo: eu não tive coragem de contar… Olha, vou ser bem sincera
contigo… Quero inclusive que guarde segredo sobre isso…

Linda: pode confiar, Mari…

Marichelo: o principal motivo de eu não ter contado nada até agora pra Poncho
e pros outros é que esse assunto precisa ficar meio que em sigilo…

Linda: e por que?

Marichelo: esse acidente que Anny sofreu… na verdade… não foi um


acidente…

Linda: como assim? — assustada

Marichelo: eu descobri que foi armação de uma mulher que trabalha com ela
no Brasil… Uma mulher que já tentou prejudicar Anny várias vezes… Até agora
não tinha conseguido nada… Dessa vez já foi longe demais…

Linda: isso é muito grave, Mari! Tem certeza?

Marichelo: pior que tenho… E mais… Tô achando que essa parte da troca das
crianças também fazia parte do plano…

Linda: minha nossa! — impressionada — E o que pretende fazer?

Marichelo: enquanto Anny não estiver bem não vou fazer nada… Só pensar…
O que quer que seja tem que ser muito bem planejado… Não vou contar nem
pra Anny… Quero fazer tudo por conta própria… Anny acredita na justiça das
leis… Eu acredito na justiça prática…

Teresina, apartamento de Poncho, 13/05/09, 20h51

Oscar: ah, Poncho! Sai dessa fossa, cara! Não agüento mais isso…

Alfonso: fala assim porque não é contigo… Tá com a namorada do lado, tá


bom que gosta mesmo é de outra, mas pelo menos essa outra também tá por
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perto… tu sabe onde ela deve estar… Agora eu…? Tem horas que penso que
tô solto assim no espaço cósmico…

Oscar: quanto drama! Sabe o que tu tá precisando? Mudar de ares! Fazer algo
novo… Sem planejamento… Agora…

Alfonso: e o que sugere?

Oscar: deixa eu pensar… — parou de falar por algum tempo — (pensando)


Tomara que ele aceite e não desconfie de nada… (falando) Que tal uma
viagem?

Alfonso: é… Boa ideia… Amanhã olho um lugar pra ir durante o recesso no


meio de ano…

Oscar: que meio de ano que nada! Agora, Poncho! Quebra a rotina! Pede uma
licença aí e vai viajar… Ou melhor… Vamos viajar… Também tô precisando…
Vamos aproveitar as noites de algum lugar por aí… Mulheres! Álcool! Música!
— entusiasmado

Alfonso: até parece que é o solteiro de nós dois…

Oscar: isso é só um detalhe…

Alfonso: pois diga aí, homem da noite! Pra onde vamos?

Oscar: tá falando sério?! — surpreso

Alfonso: tô…

Oscar: mas como assim? Vai ter resistência não? Nem brigas? Nem um tapa
sequer?

Alfonso: sobre o tapa eu posso resolver… — ia dar um soco de leve no


irmãos, mas ele se afastou a tempo — Escapou por pouco… — rindo

Oscar: nem me fale…

Alfonso: que tal Alemanha?

Oscar: pode até ser… Mas tenho que ir num lugar primeiro pra pegar uns
documentos…

Alfonso: Oscar e seus documentos…

Oscar: lógico! Vivo viajando, mas sempre levo meu trabalho…

Alfonso: tá certo… Aonde é que tem que pegar esses documentos?


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Oscar: em Houston…

Alfonso: beleza! Então passamos um dia em Houston e depois vamos pra


Frankfurt!

Oscar: pois vai lá organizar teu trabalho que partimos hoje mesmo…

Alfonso: quê?! Tá louco?

Oscar: não… Eu disse agora… Só dá tempo arrumar malas e organizar tudo


por aqui…

Alfonso: mas eu não… — foi interrompido

Oscar: já conversamos, Poncho! Assunto encerrado… Tá só perdendo


tempo… Pelo que andei vendo tem vôo pra São Paulo vago lá pelas duas da
manhã… É bom correr…

Alfonso: já andou pesquisando? — impressionado

Oscar: claro! Tinha que ter todos os argumentos pra ti… Senão ia desistir
depois…

Alfonso: vou ter que sair pra comprar umas coisas pra viagem e deixar umas
instruções com minha secretária…

Oscar: vai e não demora!

Alfonso: cara chato! — sussurrou enquanto saía

Oscar: ai, ainda bem! — discou um número — Alô! Mãe! Consegui! A gente vai
pegar o vôo das sete horas da manhã que sai de São Paulo e deve chegar por
aí na madrugada seguinte…

Linda: ai, meu filho! Muito obrigada! Não ia conseguir falar com Poncho pelo
telefone… Mas ele desconfiou de alguma coisa?

Oscar: não, pode ficar tranqüila! Ele pensa que vamos passar em Houston um
dia e que depois partimos pra Frankfurt…

Linda: ah sim… Temos que ser fortes, Oscar… Poncho vai precisar da gente…
Ou melhor, Poncho, Anny e nossa pequena Herrera…

Oscar: e como tá a questão do exame?

Linda: já conseguiram a autorização judicial e cortaram uns fiozinhos do


cabelinho dela… Tinha que ver o escândalo da Mari quando foram cortar o
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cabelo da Annyzinha! — começou a rir — Ela dizia que iam estragar o cabelo
da criança, que só cabeleireiro é que cortava cabelo, que ia prejudicar o cabelo
das próximas gerações Portillo… Foi muito engraçado! — se acabando de rir
— Enrique teve que a distrair pra poderem fazer o procedimento e bem rápido!

Oscar: imagino… — rindo

Linda: não, e outra vez… Quando ela se tocou que também iam cortar o
cabelo da Anny… Aí que ela endoidou mesmo… — sorrindo muito — Ameaçou
invadir os quartos da terapia intensiva, disse que ia processar quem tivesse
cortado se esculhambassem o cabelo da filha…

Oscar: vocês tão se dando muito bem então?

Linda: somos amigas íntimas já…

Oscar: e quando deve sair o resultado do exame?

Linda: a médica disse que conhecia o pessoal do laboratório e ia pedir grau


máximo de urgência pra esse caso… Talvez quando vocês chegarem aqui já
vai tá tudo esclarecido… Pelo menos nessa parte…

Oscar: e como tá Anny?

Linda: tá melhorando… bem devagar, mas tá melhorando… O médico disse


que assim em alguns dias ela sai da UTI…

Oscar: dias?! — desanimado

Linda: pois é… Também fiquei meio assim… Mas ele disse que era pra
proteção do organismo dela porque ela tá muito fraca ainda…

Oscar: perdeu muito sangue?

Linda: também… De acordo com o que Mari me contou, os médicos


concluíram que na hora da queda ela tentou proteger a barriga de todas as
formas e por isso acabou se prejudicando…

Oscar: pois deixa eu ir arrumar minhas coisas…

Linda: vai lá! E mais uma vez muito obrigada…

Oscar: de nada, mãe! Te amo! Beijos!

Linda: também te amo! Me mantém informada, hein?! Muitos beijos e até


breve!
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Mal Oscar desligou o celular, o videofone do apartamento tocou.
Resolveu poupar tempo e ir direto abrir a porta, sem ver quem era. Não pôde
esconder a surpresa quando viu aqueles cabelos bem vermelhos atravessarem
a entrada sem permissão.

Oscar: aqui é lugar privado, sabia?

Dulce: Mel me contou que Lala falou que vão viajar pra Houston…

Oscar: uau! As notícias correm! — assustado — Mas agora sei o conceito de


“segredo” das mulheres… Tá, tô com pressa, que quer?

Dulce: falar com Poncho… Saber o que ele quer fazer em Houston…

Oscar: olha, nós estamos muito ocupados… Dava pra perguntar quando a
gente voltar?

Dulce: dá não… Sei que ele saiu, por isso vou esperar… — se sentou no sofá
na maior tranquilidade

Oscar: Dulce… — foi interrompido

Dulce: aliás, encontrei com ele hoje pela tarde, agora há pouco, exatamente
pouco antes de saber através de Mel sobre a viagem… Por que será que não
me contou? — pensativa — Tá certo que estamos um pouco afastados em
relação a antes, mas isso não seria motivo…

Oscar: essa eu respondo… É porque ele acabou de saber que vai viajar…

Dulce: como assim? Até onde sei até as passagens já estão reservadas…

Oscar: Dulce, pode falar sem rodeios comigo… Eu já sei de tudo…

Dulce: tudo o que? — fingindo estar surpresa

Oscar: de Anny, da troca das crianças e do acidente… Peço até que nem fale
isso na frente de Poncho… Ele ainda não sabe e só é pra saber em Houston…

Dulce: pera aí! Que troca? Que acidente? — assustada

Oscar: (pensando) Agora deu! (falando) Esquece, bichinha… É besteira da


minha cabeça…

Dulce: besteira não! Que foi que aconteceu com Anny? — agitada

Oscar: tá… Agora há pouco mamãe me ligou contando que tinha encontrado
Mari numa clínica e soube da gravidez…
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Dulce: e o que Mari tava fazendo numa clínica?

Oscar: minha sobrinha linda dos olhos azuis nasceu! Pronto?! Satisfeita?!

Dulce: nasceu?! — alegre

Oscar: sim… E eu tô levando Poncho sem saber de nada pra Houston…

Dulce: mas por que não me contaram nada? Eu sou tia também…

Oscar: pelo que soube iam fazer uma surpresa… Anny queria chegar aqui com
a filha nos braços sem ninguém estar esperando…

Dulce: é bem do feitio dela essas coisas… Gosta de aparecer… — riu

Oscar: agora dá pra me deixar me arrumar pra viagem? — impaciente

Dulce: ah não! Quero saber de todos os detalhes da minha pequenininha!

Oscar: quando voltar, te conto! Mas por enquanto tchau, Dulce María! — abriu
a porta

Dulce: mal educado! — saindo

Oscar: digo o mesmo… — fechou a porta antes de ela revidar

Dulce ia resmungando enquanto descia pelo elevador até o térreo.


Chegando na recepção do prédio, se encaminhou até o bar e se sentou no
balcão.

Dulce: Champagne, por favor! Hoje é dia de comemoração! — séria; o garçom


serviu uma taça — Os senhores Herrera vêm muito por aqui?

Garçom: não, senhora…

Dulce: melhor… — discou um número — Larinha, minha flor!

Lara: já vi que vai sobrar pra mim… — desanimada

Dulce: pode sobrar uma demissão, sabia?

Lara: não é porque sou tua secretária na promotoria que pode abusar também,
né?

Dulce: abusar não… Só peço uns favores extraoficiais…

Lara: o que vai ser dessa vez?


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Dulce: quero que redija uma licença de afastamento pra mim por alguns dias…
Bota só dez… Alega que tô levando minha mãe pra tratamento médico em
Nova York…

Lara: o que tia Blanca tem? — preocupada

Dulce: até agora nada… Mas depois que tu digitar esse negócio ela vai tá um
pouco indisposta… — irônica

Lara: entendi. Que mais?

Dulce: me manda por email, eu imprimo, assino e mando por fax lá pra
promotoria.

Lara: e eu chego bem cedo amanhã e pego antes de alguém ver… —


esperançosa

Dulce: negativo! Vai lá hoje mesmo! Não confio no teu despertador…

Lara: tava sonhando que dessa vez ia escapar de ir lá…

Dulce: eu ligo pro vigia avisando que tu vai lá…

Lara: e depois?

Dulce: tu pega e arquiva como se já estivesse lá desde mais cedo…

Lara: por que não fez isso mais cedo então?

Dulce: não é da tua conta!

Lara: sim, senhora! Quanto vou ganhar dessa vez?

Dulce: vou transferir R$1000 pra tua conta… Serve?

Lara: nossa! Tá generosa dessa vez! — impressionada

Dulce: é que tá incluída a taxa de silêncio…

Lara: ah sim… Pode deixar comigo…

Dulce: tem horas que me pergunto por que foi parar na minha mão logo uma
secretária que faz de tudo pra me extorquir…

Lara: horas extras, Dulcita! — sorrindo

Dulce: não demora… Em meia hora quero esse email na minha conta!
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Lara: tudo certo, chefinha… Bye… — desligaram

Dulce — guardando o celular: não me engana, Oscar… O que for eu vou


descobrir… — derramou uma lágrima e, de forma rápida, escondeu-a enquanto
pagava a conta

Guarulhos, Aeroporto Internacional de São Paulo, 14/05/09, 05h13

Oscar: se quiser descansa… Eu vou ficar aqui mexendo no notebook… Tô


sem sono…

Alfonso: também não consigo dormir…

Oscar: vai dar uma volta então…

Alfonso: Oscar, acorda! Isso é um aeroporto!

Oscar: e daí? Tem tanta coisa pra ver por aí… Uma lata de lixo… Um jornal
velho no chão… Uma escada… Um avião decolando… Tu é muito quadrado
mesmo, né?

Alfonso: vai te catar… — rindo

Oscar: essa é uma boa ideia, mas pra ti… Vai te catar pelos corredores, vai…
Quando faltar meia hora te ligo…

Alfonso: só pode ser brincadeira…! — debochado

Oscar: quer saber? Agora é pra valer! Tá definitivamente expulso desse


banco… Cai fora!

Alfonso: me lembra de acabar contigo quando chegar em Houston…

Oscar: lembro sim… Pode deixar… Agora vaza!

Oscar só ria de longe da situação. Poncho saiu resmungando


claramente. Sentou-se num outro banco não visível da posição do irmão. Mas
estava meio inquieto. Não agüentava ficar muito tempo sentando e logo se
levantava. Resolver caminhar literalmente pelos corredores do aeroporto.
Precisava esvaziar a mente se queria de verdade curtir essa viagem.

Perdido entre lapsos de preocupações é que sem querer esbarrou num


homem. Acabou derrubando-lhe o jornal que trazia em mãos. Prontamente
pediu desculpas e recolheu as folhas do periódico caídas. Foi tentando arrumá-
las sem jeito que se tocou que dia que era hoje… 14 de maio… O estressado
turista de algum canto do oriente e suas expressões em algum dialeto estranho
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se cansaram de sua falta de habilidade em reorganizar as páginas e tomaram-
lhe o jornal, saindo mais zangado ainda.

14 de maio… Essa data agora dominava todos seus pensamentos ao


passo que caminhava pelo pátio enorme.

Esse era pra ser um dos dias mais felizes da minha vida. Da mesma
forma como nos amamos pela primeira vez no meu dia, queria que ela tivesse
um dia especial hoje também… Queria amá-la como se fosse nossa primeira
vez… Ou melhor, queria ter a certeza de que haveria muitas outras primeiras
vezes a cada uma delas… Oh, minha querida! Não sabe o quanto sinto sua
falta! Às vezes me falta o chão de quão desesperadora é essa sensação de
estar sem saber como está ou onde está… se ainda pensa em mim… se ainda
me ama… Eu me repito todas as manhãs que sim, que ainda me ama e que tá
lutando pra voltar o mais rápido possível… que esse não é um dia a mais sem
você, mas um dia a menos que falta pra nos encontrarmos e sermos felizes
plenamente… O destino não tem sido nada animador pra gente. Será que ele
pensa que podemos ser felizes separados? Por favor, alguém lhe conte que
temos que ficar juntos! Eu tento pensar no amanhã conosco juntos novamente,
mas o presente é tão doloroso que só consigo te ver em meus sonhos e nada
mais… Minhas ilusões se foram… Não tenho forças pra mais expectativas…
As que já tenho luto com toda garra pra sustentar. São minha força vital. Nem
deveria estar caminhando… — riu de leve — Tô gastando a energia que
produzi vendo tua foto dentro da minha pasta no avião… Mas se não estivesse
assim, caminhando, espairecendo, já teria enlouquecido sentado naquele
banco… Por que será que tudo é assim difícil? Se não tivéssemos nos
separado, hoje quem sabe estaríamos dormindo lado a lado num apartamento
ou mesmo numa casa nossa… As flores frescas já estariam te esperando ao
lado da cama, junto com um lindo solitário e o pedido escondido de
casamento… Será que ainda vamos nos casar? Será que ainda vamos ter
nossa casa? Será que ainda vamos nos ver?

***
Enfermeira — gritando: socorro! Chame o doutor! Parada cardíaca! —
começando uma massagem cardíaca

Doutor — entrando rápido no quarto: tragam o desfibrilador! Deixa que eu


continuo…

Enfermeira: já trouxeram o desfibrilador!

Doutor: então prepare a paciente! — parando a massagem, para em seguida a


enfermeira aplicar o gel no busto — Afasta! — aplicou uma dosagem de
choque

Enfermeira: não funcionou!


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Doutor: mais uma vez! Afasta! — aplicou outra vez

Enfermeira: voltou ao normal

Doutor: vamos observar…

***
Acho que vamos sim… Não creio que depois de nos aproximar e nos
fazer nos apaixonarmos, o destino seria tão cruel ao ponto de nunca mais nos
vermos… Mas não quero só te ver! Quero que esteja do meu lado! Que eu
esteja do teu lado… Que reparássemos nossas faltas e começássemos não do
zero, mas de onde paramos… Aquilo tudo foi intenso demais pra virar nada de
um dia pro outro… Tenho muito medo… Medo de que quando te veja seja
tarde demais… Tem hora que penso que era melhor ter seguido outra carreira
que não a jurídica… Assim não teria chegado até o Brasil… Não teria vindo pra
Teresina… Não teria te encontrado…

***
Enfermeira: ritmo cardíaco tá caindo de novo, doutor…

Doutor: vamos ver se massagem resolve… — começou a fazer outra


massagem, quando de repente o eletrocardiógrafo começou a soar — Parada
cardíaca! Aproxima o desfibrilador!

Enfermeira: aqui, doutor!

Doutor: afasta! Um, dois, três! — mais uma sessão de choques — De novo!
Afasta! — e outra — Não funcionou! Aumenta a voltagem!

Enfermeira: ok!

Doutor: um, dois, três! Afasta!

***
Só que não teria jeito! De uma forma ou outra a gente ia se encontrar
por aí… em algum canto do mundo… É isso que eu tenho na cabeça! Que a
gente nasceu pra seguir uma vida juntos… Seria um desperdício enorme a
gente perder essa vida… principalmente depois de já termos nos misturado
tanto, nos envolvido tanto, nos amado tanto… Minha bonequinha, de onde quer
que esteja, queria que sentisse o quanto te amo… Desculpa não ter lutado
mais e agora estar aí contigo… Isso é o que me faz me sentir pior ainda… Eu
podia ter evitado tudo… Só que não dá pra voltar atrás… Se tiver que mudar
alguma coisa, tem que ser o presente pensando no futuro… Aí que surge mais
uma dúvida… Devo te esperar ou finalmente te deixar partir?
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***
Enfermeira: não tá funcionando!

Doutor: aumenta a voltagem! Rápido!

Enfermeira: pressão tá começando a cair!

Doutor: vamos lá, Anahí! Você pode! Afasta! — aplicou uma corrente mais
demorada

Enfermeira: ela tá voltando!

Doutor: pressão?

Enfermeira: 12 por sete…

Doutor: média de batimentos?

Enfermeira: setenta e um…

Doutor: vamos colocá-la em coma induzido… É mais seguro…

Enfermeira: ok!

Doutor: depois informe a família… Eles têm que tomar conhecimento…

Enfermeira: sim, doutor!

***
Seja qual for a resposta… Sempre vou te amar…

Teresina, restaurante Manhattan, 14/05/08, 20h03

Mayté: oi, gente! — disse se sentando à mesa — Desculpa o atraso! Tava


conversando com um cara num chat…

Melanie: nossa! May arrasando corações na internet! Por essa eu não


esperava!

Lawyse: nem eu! — admirada


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Vagner: mas vocês são quadradas, hein! Deixem ela! Qualquer um tem o
direito de variar um pouco…

Cindy: também concordo! Conta mais, Mayzinha!

Rivanildo — se aproximando da mesa: cheguei! — feliz

Melanie: ih! Já vi tudo!

Lawyse: como?

Melanie: May, quando marcou esse encontro entre os amigos aqui não disse
que a gente ia fazer papel de vela…

Mayté: deixa de frescura! E o motivo de estarmos aqui é bem mais importante


que isso…

Vagner: senta, Riva…

Rivanildo — se sentando: na hora!

Lawyse: e qual é esse motivo, May? Passei o dia quase te implorando e tu não
me respondia!

Mayté: calma! Deixa chegar o Cristian!

Melanie: tô dizendo… Só vai faltar o candelabro…

Lawyse: não é pra tanto, Mel… Vai, May… Conta das conquistas…

Cindy: isso! — entusiasmada

Rivanildo: já virou a página, Mayzinha? — surpresa

Mayté: eu tenho, né… — cabisbaixa

Lawyse: não vai ficar triste, amiga! Nós estamos aqui pra nos divertirmos!

Melanie: concordo! Vai… Continua falando das vítimas aí… — rindo

Rivanildo: pera! Antes de tudo, me conta como começou isso de internet…

Mayté: tá… Foi assim… Um dia comecei a lembrar de Anny… Ela amava
internet… Participava de leilões de quadros, de jóias, de tapetes persas… Tudo
enquanto… Aí bateu aquela curiosidade. Depois que fiquei viúva, percebi que
tinha que começar a construir uma nova vida. Tinha que fazer tudo de novo.
Arrumar um companheiro. Em resumo, viver! Anny é a própria vida em
pessoa… Ela aproveita cada segundo. Quem a conhece sabe disso.
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Melanie: oh, eu também aproveito cada segundo da minha vida! — se fingindo
de ofendida

Mayté: tu estraga cada segundo da tua vida… Isso sim… — todos riram menos
Mel, que fez cara feia

Cindy: ah, gente! Só porque ela não quer nada da vida que estraga tudo…

Melanie: isso aí, Cindy! Valeu! — mandou beijo pra amiga

Cindy: até que ela faz umas piadas engraçadas… Dá pro gasto!

Melanie: vaca! — encarando Cindy, que ria sem parar

Lawyse: olha as ofensas, Mel! — repreendeu a irmã mais nova

Melanie: e tu também! Vai caçar um véi pra te dar um jeito!

Vagner: vixe, ela tá atacada hoje…

Cristian: olá, gente! — chegando onde os amigos estavam

Mayté: chegou quem faltava! Que bom! Senta…

Cristian: com licença, gente!

Rivanildo: e sempre tão educado… — pensando alto

Melanie — se acabando de rir: mudei de ideia… Isso aqui vai ser maior
comédia!

Cristian: qual a piada? — perdido

Melanie: não é bem uma piada, é uma história da vida real…

Lawyse: olha lá, hein! Olha bem o que vai dizer…

Melanie: que é isso, maninha?! Não sou disso! É bem simples, Crist! Tá
chegando o mês das festas juninas e eu tava dizendo que, pra acender uma
fogueira, bastava um pau… Mas todos aqui tavam teimando comigo… O que
você acha?

Lawyse: não responde, Cristian! Deixa ela de mão!

Cristian: qual o problema? É muito simples… Lógico que com muitos paus fica
melhor, Mel…
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Melanie — segurando o riso: era tudo o que eu queria ouvir…

Vagner: não achei essa piada engraçada…

Cindy — também se segurando pra não rir: desiste então! As piadas da Mel
são tão boas que só entende quem ela quer que entenda…

Rivanildo: que bom! Já tava me achando burro…

Lawyse: bora parar de besteira e deixar a May contar as aventuras dela?!

Cristian: aventuras? — surpresa — May aventureira?

Melanie: May, ainda falta alguém? Se não vai passar a noite só repetindo a
mesma coisa…

Mayté: não… Não falta ninguém…

Cindy: e Dul? Ela não vem? — estranhando

Mayté: Dul foi visitar Anny…

Vagner: a minha chefinha? Mas ela tinha dito que só ia quando a miniatura de
Barbie nascesse! — May, Mel e Lala ficaram olhando pro nada, disfarçando —
Quê?! — admirado

Cindy: nasceu?! — alegre — Que show! — empolgada — Vocês já viram?


Como ela é?

Rivanildo: dessa eu não sabia… Babadérrimo! Quero exclusividade nessa


matéria!

Cindy: nem pensar! Todos os assuntos de Anny na mídia eu é que tenho os


direitos…

Rivanildo: ela assinou algo disso?

Cindy: não, mas… — foi interrompida

Rivanildo: então nada feito, meu bem!

Cindy: nada feito uma ova! Quem segurou toda essa história dela pelos
bastidores de todos os canais fui eu! Mundo inteiro nem sonha que tá se
passando isso tudo em grande parte pela minha influência e competência!
Então, meu bem, nem vem que eu tenho meus direitos e Anny com certeza
concordaria comigo! — todos ficaram calados

Melanie: mandou bem, minha filha! Calou a boca da borboletinha amarelinha…


Viianny 19

Sólo déjate amar


Mayté: gente, no stress! Aqui é pra ser uma comemoração amigável… Depois
vocês discutem isso…

Cristian: isso mesmo! Os dois são jornalistas, mas vamos dar um tempo
nisso… Hoje estamos só como os amigos…

Vagner: falou bonito, como sempre, Cristian… — todo derretido

Cindy: tudo bem… Desculpa, Riva… Continua, May… A pequena nasceu


mesmo?

Mayté: olha, eu ia falar sobre isso só na hora de falar dos motivos da gente
estar aqui…

Cristian: dá pra aguentar, né, pessoal?

Cindy: não! Nem pensar!

Lawyse: dá sim! Povo mais fofoqueiro!

Cindy: tá, santinha do pau oco!

Melanie: pau é com o Cristian, Cindy… — as duas se acabaram de rir,


enquanto os outros disfarçavam sem graça — Que é? Falei alguma mentira?
— se fazendo de inocente

Lawyse: Melanie Marie Casillas von Uckermann! — se segurando pra não


gritar

Mayté: é melhor eu tomar as rédeas da situação e falar logo de uma vez! —


com voz séria — Aqui tá parecendo jardim de infância! Ou pior, um bando de
rueiros sem costume! Vamos por partes… Primeiro eu vou continuar o que já
tava falando antes e depois conto tudo que sei sobre Anny…

Melanie: conta primeiro da… — foi interrompida

Mayté: e não quero nem um pio!

Melanie — falando baixinho, que só Cindy ouviu: até parece que sou pinto pra
piar! — Cindy esboçou uma gargalhada que logo tampou com uma das mãos

Mayté: muito bem… Eu dizia que queria reconstruir minha vida. Incluindo
encontrar um novo amor. Lembrei que Anny sempre participava de eventos
pela internet e resolvi experimentar também. Comecei a freqüentar chats sobre
música, só pra começar. Fui me entrosando com isso tudo até que resolvi me
cadastrar nessas salas de bate papo para relacionamentos. Conheci alguns
caras e marquei alguns encontros. O primeiro é logo sábado… — tava tão
Viianny 20

Sólo déjate amar


empolgada que só agora percebeu a cara de tédio de alguns — Ah, gente! Fala
sério! Eu toda animada aqui e vocês nem aí…

Vagner: nada a ver, Mayzinha! Elas só tão querendo frescar porque tu cortou
feio todo mundo…

Mayté: eu exagerei? — receosa

Cristian: que nada! Sai dessa! Olha, eu acho que tá muito é certa… Mas
cuidado com quem vai se encontrar… Tem gente de toda espécie no mundo.
Sendo uma viúva rica e sensível do jeito que é, pode se tornar uma presa
fácil…

Melanie: posso falar agora?

Mayté: deve! — animada

Melanie: libera geral!

Mayté: quê?! — escandalizada

Melanie: isso mesmo! Tu ainda é nova pra engatar uma relação já pensando
em casamento ou algo sério… Vai aproveitar! Quando for sair com alguém,
tenta fazer aquilo que sempre teve vontade mas não coragem… Muda o visual
se quiser… Ou então usa umas peruquinhas… É um ótimo fetiche! Joga fora
essas roupas de perua rica elegante e usa umas mais descoladas…

Mayté: eu não sou tão careta assim…

Melanie: ah é sim… — debochada

Lawyse: por incrível que pareça, eu concordo com Mel… Tenta inovar,
amiga…

Mayté: gente, eu tô besta agora! — sem reação — Será que devo fazer isso
mesmo?

Cindy: uma mudança de vez em quando é boa, May! Tenta!

Mayté: tá… — meio pasma ainda

Vagner: agora fala da minha chefinha! — empolgado

Lawyse: isso! Pessoal, vocês nem imaginam o quanto eu fiquei feliz quando
Oscar me disse!

Cindy: Oscar?! O irmão do gostosão?! Então Poncho já sabe? — surpresa


Viianny 21

Sólo déjate amar


Melanie: na verdade não…

Lawyse: Oscar o levou pra conhecer a filha sem ele nem saber de alguma
coisa… Vai ser na base da surpresa…

Rivanildo: pois ele vai cair pra trás quando souber! — com as mãos no rosto
em sinal de chocado

Mayté: já que já começaram a falar, deixa eu explicar o motivo de estarmos


aqui nessa noite…

Lawyse: até que enfim! — alegre

Mayté: então… Alguém me diga, por favor, que dia é hoje…

Rivanildo: ah, não enrola, amiguinha! — impaciente

Mayté: não tô enrolando…

Rivanildo: hoje é quinta…

Mayté: dia, mês e ano.

Rivanildo: 14 de maio de 2009…

Melanie: o que? — deu um grito que chamou a atenção de várias mesas

Rivanildo: que susto, meu Deus! — com as mãos na cabeça — Algum


problema com esse dia?

Lawyse: problema não… É algo maravilhoso… — sorrindo emocionada

Cindy: eu já enchi o e-mail da Anny com mensagens de parabéns…

Rivanildo: quer dizer que hoje é o aniversário dela? — todo animado

Mayté: é isso aí! Eu sei que ela tá longe e por isso esse deveria ser mais um
dia de pura saudade. Mas conhecendo a Anny do jeito que eu conheço e que
muitos aqui também conhecem, com certeza que ela ia querer muita festa!

Cindy: concordo plenamente! Gente, eu lembro como se fosse hoje o dia em


que a gente se conheceu…

Lawyse: conta, Cindy! Aliás, seria divertido se todos aqui contassem, não é
mesmo? Pelo que entendi é pra ser tipo uma homenagem a ela, né? — Mayté
assentiu

Cristian: ótima ideia! Começa então, Cindy…


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Sólo déjate amar


Cindy: tá, mas antes vou ao banheiro… Não quero perder nenhum detalhe
dessa conversa… Alguém quer ir comigo? — todas negaram — Ave, gente!
Vocês não têm bexiga, não?

Melanie: quem mandou querer embriagar até as lombrigas? — todos riram

Cindy: não perde por esperar, lindinha! — irônica

Melanie: também te amo, amiga!

Cindy: falsa!

Melanie: vai logo, minha filha! O tempo tá passando!

Cindy: só se for roupa…

Melanie: então dá logo a tua que tá toda amarrotada…

Lawyse: ela não vai parar, Cindy… Vai logo… Mel hoje tá que nem uma
retardada… — todo riram, menos Mel

Cindy: vou nem dizer mais nada… Já disseram tudo por mim…

Mayté: e então? Estamos esperando… — olhando pra Cindy

Cindy: qual é, gente?! Querem é me expulsar mesmo? Até parece que a


inconveniente aqui sou eu!

Lawyse: claro que não, maninha do meu coração! É que estamos com pressa
pra saber das histórias… E também já sabe, Melanie é incontrolável… Se
esperar, a cada minuto é uma nova provocação… Ninguém agüenta…

Melanie — falando sozinha, com voz bem sedutora: ah tem gente que agüenta
sim…

Rivanildo: outra ninfeta… Essas mulheres de hoje…

Melanie: e tu tá morrendo de inveja, né? — rindo

Mayté: sem ofensas, por favor… Vai logo, Cindy! Senão a gente começa a
falar da Anny antes de chegar…

Cindy: tá bom! — se levantou e saiu caminhando rumo ao toalete

Mayté: e o Christopher? Vem mesmo não?


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Lawyse: o mais certo é que não… Tinha uma cirurgia demorada hoje. Pediu
até desculpas…

Mayté: salvar vidas é mais importante… Depois ligo e falo com ele…

Vagner: ei, fiquei com uma dúvida agora… Quando Dulce viajou?

Mayté: hoje…

Vagner: e quando ela soube do nascimento da pequena?

Mayté: hoje…

Vagner: então ela nasceu hoje?

Mayté: isso eu não sei. Vocês sabem?

Lawyse: eu não… Tá aí uma boa pergunta…

Vagner: será se vai ser uma Barbiezinha literalmente? — animado

Melanie: só se for no sentido de linda, porque de paty já basta Anny…

Lawyse: pois eu acho que vão ser iguaizinhas!

Melanie: coitado do Poncho!

Rivanildo: vai ser uma família linda mesmo… Será que eles vão fazer as
pazes?

Lawyse: tomara, né?

#No toilette…

Cindy retocava calmamente sua maquiagem. Vira vários homens


“pegáveis” — segundo a linguagem de Anny — no caminho até o banheiro.
Nesses valia a pena investir. E ao que parecia eram todos banhados a ouro. A
combinação perfeita. Até porque, para uma jornalista em constante ascensão
na carreira, um empurrãozinho de status caía bem. O que uma simples noite
com algum executivo poderia mudar em sua vida? Pensando nisso, desfilou
entre as mesas enquanto voltava ao encontro dos amigos. Percebeu os olhares
em sua volta, devolveu alguns, mas tinha que se fazer de difícil. Tinha que ser
mais vista, e não mal vista.

Cindy: pronto! Podemos começar…

Mayté: a palavra é sua então…


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Sólo déjate amar


Lawyse: depois sou eu! — empolgada

Rivanildo: o combinado era eu, não vale isso!

Mayté: Deus do céu! Gente, acorda! Somos maiores de idade, vacinados e não
rasgamos dinheiro! Então, sem escândalos, please! — quase implorando

Rivanildo: calma, Mayzinha!

Cristian: isso, May… Não tem porque se estressar num dia como esse…
Temos é que nos divertir… Aqui tudo vai ser banhado pelo álcool. Amanhã já
vai tá tudo esquecido…

Mayté: ai, meus amores! É que eu queria que essa noite fosse perfeita… Eu já
tinha tudo planejado na minha cabecinha… Até os horários de brindes e
canapés! E não tá saindo nada como eu imaginei… Anny merecia o melhor!

Vagner: mas tá ótimo! Não tem com que se preocupar…

Nisso, um garçom se aproximou com um lenço contendo um bilhete


escrito e entregou a Mayté, que o leu intrigada.

Mayté: quem mandou isso?

Garçom: na verdade, não sei, senhora… Só mandaram da parte de um dos


clientes do restaurante…

Rivanildo — extremamente curioso: o que é?

Mayté: obrigada! — o garçom saiu — É um bilhete de parabéns…

Melanie: e quem mandou?

Mayté: aqui não diz. Estranho…

Vagner: estranho nada. Toda vez que saiu com Anny nesses lugares, ela
recebia bilhetes assim… Alguns ela me mostravam, que eram os de cantadas
baratas. Outros, nem pensar! Ela até queimava com isqueiro na hora…

Cristian: Anny e seus segredos…

Rivanildo: aqui tem muita gente conhecida… Com certeza foi alguém que
conhece a loira e sabe que é o aniversário dela. Como tem um monte de
amigos dela reunidos, deve ter imaginado que seria alguma comemoração sem
a aniversariante, que está sabe-se lá onde…

Lawyse: também acho. Não tem com que se preocupar…


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Sólo déjate amar


Cristian: deve ser algum trauma por conta do que aconteceu ao finado marido,
May…

Mayté: é, né? — receosa

O garçom se aproximou novamente, dessa vez com uma garrafa de


Champagne.

Mayté: olha só! Tava tão bolada aqui que esqueci totalmente que tinha
programado a hora de servir o Champagne! Já deve ser perto de meia noite! A
gente tem que brindar antes de acabar o dia 14…

Cristian: bem lembrado!

Garçom serviu Champagne a todos, que se levantaram respeitosamente


para o brinde. Cada um resolveu fazer um pedido (aberto mesmo) à
aniversariante. Se não podiam estar junto com ela pra entregar algum
presente, que pelo menos ela recebesse de onde estivesse a energia e os
votos de cada amigo…

Cristian: que continue sendo a pessoa linda que é, por dentro e por fora…

Rivanildo: que não perca nunca a força e a determinação que a levaram onde
está hoje…

Cindy: que conserve sempre aquele lado extraordinariamente doce por trás
daquela cara séria e daqueles ternos caros e chiques… — riu

Melanie: que não deixe de ter amor pela vida como sempre teve…

Lawyse: que, da mesma forma como ama todos que estão a sua volta, seja
também amada…

Vagner: que seja a mesma pessoa justa em qualquer canto do planeta…

Mayté — emocionada: ai… que… que consiga encontrar a felicidade plena e a


usufrua ao lado de todos nós… Saúde!

Todos: saúde! — disseram erguendo e chocando as taças

Rivanildo: gente, será que eu fiz certo em vir aqui? — falou enquanto todos se
sentavam novamente — Afinal, ela nunca foi muito com a minha cara…

Mayté: claro que fez! Depois que ela souber de tudo que fez pra nos ajudar
nessa história da viagem dela, ela vai ser eternamente grata… Vai até virar sua
amiga de infância, pode acreditar!
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Sólo déjate amar


Mayté pegou um lenço pra enxugar sua mão de um pouco de
Champagne que caíra ali na hora do brinde. Sem perceber, pegou o do bilhete
e o abriu na intenção de dobrar em outra posição. Achou outra inscrição no
papel.

Mayté: que brincadeira é essa?

Melanie: que foi?

Mayté: olha! — entregou o lenço pra amiga, que leu em voz alta

Melanie: “menos um”?! Que será que é isso?

Cindy: menos um que? Uma garrafa de Champagne?

Lawyse: isso sim tá estranho… — receosa

Mayté: ah, gente! Não deve ser nada! Vamos estar nos preocupando à toa!
Deve ser só brincadeira do tal amigo da Anny… Algum código deles… Sei lá!

Realmente Anny tinha vários códigos secretos de assuntos com amigos


seus. Alguns só para despertar pura curiosidade dos leigos no determinado
tema. Outros para manter a privacidade. Quem sabe até para não
comprometer fatos ou pessoas. Quem convivia com ela sabia, sem sombra de
dúvida, que parte de sua vida seria sempre encoberta. Adiantava nem esboçar
interesse.

Mas esse não parecia ser um desses casos de códigos. Primeiro pela
situação de ausência de Anny. Segundo… porque um dos amigos desmoronou
por cima da mesa enquanto os outros apavorados gritavam por socorro…

Houston, George Bush Intercontinental Airport, 15/05/09, 06h01

Blanca: ai, filha! Que cidade linda! Tô louca pra fazer umas compras por aí! —
animada

Dulce: calma que antes temos que ir a um lugar…

Blanca: e a gente vai pra onde?

Dulce: vamos já descobrir…

Blanca: aquele ali é o Poncho? — apontando pra uma direção

Dulce: não aponta! — abaixando rápido o braço da mãe


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Blanca: o que tá aprontando, Dulce?

Dulce: eu? Nadinha… A senhora que sempre me disse que não é correto
apontar pros outros…

Blanca: e tu tem tanta culpa no cartório que usa um argumento meu contra
mim mesma… Bora! Desembucha!

Dulce: não quero que ele nos veja! Pronto! É isso!

Blanca: Dulce Maria, me diga que nós não estamos seguindo Poncho… — se
controlando pra não ficar nervosa

Dulce: tá… Nós não estamos seguindo Poncho… — Blanca respirou aliviada
— Nós estamos seguindo Oscar.

Blanca: o que?

Dulce: é ele que tá escondendo alguma coisa… E é sobre Anny…

Blanca: minha bonequinha de porcelana? E o que ela tem? — preocupada

Dulce: isso é o que vamos descobrir.

Blanca: mas por que desconfia que algo tá acontecendo?

Dulce: primeiro: Oscar não quis me falar depois que percebeu que eu não
sabia de nada. Segundo: tia Mari, do jeito que é, ou não consegue pensar em
outra coisa que não seja Anny ou não quis nos encher de preocupações. Tudo
dá a entender que realmente algo tá acontecendo… Pro Oscar trazer Poncho
sem saber de nada, é porque a informação é sigilosa… E na minha cabeça não
é algo bom…

Blanca: então vamos atrás deles ora!

Dulce: assim é que se fala! Vem, vamos ficar aqui de olho…

# 1h depois…

Blanca: pra onde será que eles estão indo? — falou com a filha, ambas dentro
de um táxi

Dulce: boa pergunta. Senhor, não perca aquele carro vermelho de vista!

Taxista: pode deixar…

Dulce: mãe, quando eles pararem em algum lugar, eu desço e a senhora


segue no táxi pro hotel que reservei…
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Blanca: tudo bem, mas me mantenha sempre informada… Será que vou
encontrar algum milionário solteiro de cabelos grisalhos e corpo sexy pelo
hotel? — pensando alto

Dulce: não tenho nada a ver com isso… Pode se virar sozinha que não nasci
pra ser cupido de um bando de coroas… — rindo

Blanca: olha o respeito, Dulce María!

Dulce: olha lá! O carro deles tá entrando ali… Que lugar é aquele, senhor?

Taxista: é o St. Joseph Medical Center. Um complexo hospitalar dos mais


modernos…

Blanca: hospital?! — apavorada — Dulce, eu vou contigo!

Dulce: não mesmo! Não vou ficar andando escondida com meia dúzia de
malas… Pensa no coroa sexy, mãezinha… — tentando enrolar a mãe

Blanca: o milionário… E se for um muçulmano?

Dulce: que tem? Eles gostam muito de jóias!

Blanca: eu não sou mulher de dividir homem, coração!

Dulce: vou te dar um conselho que tia Mari me disse uma vez…

Blanca: qual? Conselhos da minha amigona são sempre maravilhosos…

Dulce: quer mesmo saber?

Blanca: lógico! Diz aí! Qual o conselho?

Dulce: com o universo masculino não há mistérios… Quer amarrar um homem


que ele nunca mais vai querer se soltar? É só fazer serviço completo!

# No carro vermelho…

Alfonso: a gente veio fazer o que num hospital?

Oscar: é que a pessoa que vai me entregar os papéis tá com um parente


internado aqui…

Alfonso: e não dava pra marcar pra outro lugar, não?

Oscar: não queria incomodar, né, Poncho!

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