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Dra. Jane: espera… Deixa ver se eu entendi… Vocês tão dizendo então que
houve uma troca de bebês aqui?
Linda: Mari, por favor, me diga que tem outra filha que também sofreu um
acidente…
Marichelo: não, Linda… Só tenho uma filha… Anny tava grávida quando se
separou de Poncho…
Dra. Jane: gente, isso é muito sério! Você tem absoluta certeza, Letícia?
Linda: eu a encontrei num parque… Quer dizer que eu tenho uma neta? —
sorrindo ao mesmo tempo em que chorava — Que essa bonequinha é minha
neta?
Dra. Jane: calma, Linda… Temos que apurar os fatos ainda… Acho que a
solução mais cabível seria um exame de DNA… Mas primeiro temos que
conseguir uma autorização já que oficialmente Annyzinha não é a neta de
vocês…
Linda: Poncho! Tenho que falar com Poncho! Ele vai cair pra trás quando
souber disso…
Dra. Jane: Letícia, venha comigo… Temos que conversar… — as duas saíram
Marichelo: espera, primeiro tenho que falar com Enrique… — ela ligou pro
celular do marido — Amor, preciso que venha urgente aqui na recepção do
prédio onde tá Sophie…
Enrique: muito bonito, hein, senhora Portillo! Recebe alta e sai assim do
nada…
Marichelo: seguinte… Acredito que soube daquela briga toda entre Anny e
Poncho…
Marichelo: então… Dias depois Anny descobriu que tava grávida de três
meses…
Marichelo: porque ela tava muito sensível com a situação toda e a médica
havia dito que era uma gravidez de risco…
Linda: compreendo…
Viianny 3
Marichelo: oi, amor… Quero que conheça Linda… Ela é mãe de Poncho…
Enrique: como?
Marichelo: senta aqui, amor… — ele sentou ao lado da esposa — É sobre isso
que queria te contar… Talvez aquela menininha que esteja lá no berçário não
seja a nossa Sophie…
Marichelo: essa bonequinha, amor… Linda deu o nome de Anahí pra ela…
Enrique: ah sim… Mas essa enfermeira não pode tá enganada? Muitos bebês
são parecidos…
Marichelo: ela afirma com toda certeza que essa é a verdadeira menina… Que
essa é a roupinha que ela deu de presente… E sei lá! Esses olhos dela… Olha
bem… Lembram os olhos de Anny… Não só a cor, mas a expressão… Te
chamei aqui pra que consiga uma autorização especial pra poder ser feito o
DNA nessa bebezinha que talvez seja nossa neta verdadeira…
Enrique: tudo bem… Vou telefonar pros meus advogados… Daqui a pouco
volto com essa bendita autorização… Foi um prazer, Linda… — beijou Mari e
saiu
Linda: Mari, agora que eu me toquei! De qualquer forma tenho uma neta! Anny
tem o enxoval completo já?
Marichelo: com certeza! Na verdade, são bem uns quatro ou cinco enxovais…
Linda: jura?!
Linda: ah, pois eu tenho que dar nem que seja mais um… Como uma avó não
dá nada pra sua netinha linda?! Não é mesmo, Annyzinha?
Linda: mas ela é… Desde que segurei ela pela primeira vez senti algo
diferente… Essa é a minha neta… Eu não tenho dúvidas… Nossa! Tava me
esquecendo do Alexander!
Linda: por aí pedindo leite materno… — as duas riram — Ele vai ficar chocado
quando souber… E Poncho? Acha que devo contar tudo por celular?
Marichelo: eu acho que não… Por que não inventa uma desculpa qualquer pra
ele vir aqui te encontrar?
Viianny 5
Marichelo: até porque não queria que ninguém mais soubesse enquanto Anny
não estivesse bem…
Marichelo: eu não tive coragem de contar… Olha, vou ser bem sincera
contigo… Quero inclusive que guarde segredo sobre isso…
Marichelo: o principal motivo de eu não ter contado nada até agora pra Poncho
e pros outros é que esse assunto precisa ficar meio que em sigilo…
Marichelo: eu descobri que foi armação de uma mulher que trabalha com ela
no Brasil… Uma mulher que já tentou prejudicar Anny várias vezes… Até agora
não tinha conseguido nada… Dessa vez já foi longe demais…
Marichelo: pior que tenho… E mais… Tô achando que essa parte da troca das
crianças também fazia parte do plano…
Marichelo: enquanto Anny não estiver bem não vou fazer nada… Só pensar…
O que quer que seja tem que ser muito bem planejado… Não vou contar nem
pra Anny… Quero fazer tudo por conta própria… Anny acredita na justiça das
leis… Eu acredito na justiça prática…
Oscar: ah, Poncho! Sai dessa fossa, cara! Não agüento mais isso…
Oscar: quanto drama! Sabe o que tu tá precisando? Mudar de ares! Fazer algo
novo… Sem planejamento… Agora…
Oscar: que meio de ano que nada! Agora, Poncho! Quebra a rotina! Pede uma
licença aí e vai viajar… Ou melhor… Vamos viajar… Também tô precisando…
Vamos aproveitar as noites de algum lugar por aí… Mulheres! Álcool! Música!
— entusiasmado
Alfonso: tô…
Oscar: mas como assim? Vai ter resistência não? Nem brigas? Nem um tapa
sequer?
Oscar: pode até ser… Mas tenho que ir num lugar primeiro pra pegar uns
documentos…
Oscar: pois vai lá organizar teu trabalho que partimos hoje mesmo…
Oscar: claro! Tinha que ter todos os argumentos pra ti… Senão ia desistir
depois…
Alfonso: vou ter que sair pra comprar umas coisas pra viagem e deixar umas
instruções com minha secretária…
Oscar: ai, ainda bem! — discou um número — Alô! Mãe! Consegui! A gente vai
pegar o vôo das sete horas da manhã que sai de São Paulo e deve chegar por
aí na madrugada seguinte…
Linda: ai, meu filho! Muito obrigada! Não ia conseguir falar com Poncho pelo
telefone… Mas ele desconfiou de alguma coisa?
Oscar: não, pode ficar tranqüila! Ele pensa que vamos passar em Houston um
dia e que depois partimos pra Frankfurt…
Linda: ah sim… Temos que ser fortes, Oscar… Poncho vai precisar da gente…
Ou melhor, Poncho, Anny e nossa pequena Herrera…
Linda: não, e outra vez… Quando ela se tocou que também iam cortar o
cabelo da Anny… Aí que ela endoidou mesmo… — sorrindo muito — Ameaçou
invadir os quartos da terapia intensiva, disse que ia processar quem tivesse
cortado se esculhambassem o cabelo da filha…
Linda: pois é… Também fiquei meio assim… Mas ele disse que era pra
proteção do organismo dela porque ela tá muito fraca ainda…
Dulce: Mel me contou que Lala falou que vão viajar pra Houston…
Dulce: falar com Poncho… Saber o que ele quer fazer em Houston…
Oscar: olha, nós estamos muito ocupados… Dava pra perguntar quando a
gente voltar?
Dulce: dá não… Sei que ele saiu, por isso vou esperar… — se sentou no sofá
na maior tranquilidade
Dulce: aliás, encontrei com ele hoje pela tarde, agora há pouco, exatamente
pouco antes de saber através de Mel sobre a viagem… Por que será que não
me contou? — pensativa — Tá certo que estamos um pouco afastados em
relação a antes, mas isso não seria motivo…
Oscar: essa eu respondo… É porque ele acabou de saber que vai viajar…
Dulce: como assim? Até onde sei até as passagens já estão reservadas…
Oscar: de Anny, da troca das crianças e do acidente… Peço até que nem fale
isso na frente de Poncho… Ele ainda não sabe e só é pra saber em Houston…
Dulce: besteira não! Que foi que aconteceu com Anny? — agitada
Oscar: tá… Agora há pouco mamãe me ligou contando que tinha encontrado
Mari numa clínica e soube da gravidez…
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Oscar: minha sobrinha linda dos olhos azuis nasceu! Pronto?! Satisfeita?!
Dulce: mas por que não me contaram nada? Eu sou tia também…
Oscar: pelo que soube iam fazer uma surpresa… Anny queria chegar aqui com
a filha nos braços sem ninguém estar esperando…
Oscar: quando voltar, te conto! Mas por enquanto tchau, Dulce María! — abriu
a porta
Lara: não é porque sou tua secretária na promotoria que pode abusar também,
né?
Dulce: até agora nada… Mas depois que tu digitar esse negócio ela vai tá um
pouco indisposta… — irônica
Dulce: me manda por email, eu imprimo, assino e mando por fax lá pra
promotoria.
Lara: e depois?
Dulce: tem horas que me pergunto por que foi parar na minha mão logo uma
secretária que faz de tudo pra me extorquir…
Dulce: não demora… Em meia hora quero esse email na minha conta!
Viianny 12
Oscar: e daí? Tem tanta coisa pra ver por aí… Uma lata de lixo… Um jornal
velho no chão… Uma escada… Um avião decolando… Tu é muito quadrado
mesmo, né?
Oscar: essa é uma boa ideia, mas pra ti… Vai te catar pelos corredores, vai…
Quando faltar meia hora te ligo…
Esse era pra ser um dos dias mais felizes da minha vida. Da mesma
forma como nos amamos pela primeira vez no meu dia, queria que ela tivesse
um dia especial hoje também… Queria amá-la como se fosse nossa primeira
vez… Ou melhor, queria ter a certeza de que haveria muitas outras primeiras
vezes a cada uma delas… Oh, minha querida! Não sabe o quanto sinto sua
falta! Às vezes me falta o chão de quão desesperadora é essa sensação de
estar sem saber como está ou onde está… se ainda pensa em mim… se ainda
me ama… Eu me repito todas as manhãs que sim, que ainda me ama e que tá
lutando pra voltar o mais rápido possível… que esse não é um dia a mais sem
você, mas um dia a menos que falta pra nos encontrarmos e sermos felizes
plenamente… O destino não tem sido nada animador pra gente. Será que ele
pensa que podemos ser felizes separados? Por favor, alguém lhe conte que
temos que ficar juntos! Eu tento pensar no amanhã conosco juntos novamente,
mas o presente é tão doloroso que só consigo te ver em meus sonhos e nada
mais… Minhas ilusões se foram… Não tenho forças pra mais expectativas…
As que já tenho luto com toda garra pra sustentar. São minha força vital. Nem
deveria estar caminhando… — riu de leve — Tô gastando a energia que
produzi vendo tua foto dentro da minha pasta no avião… Mas se não estivesse
assim, caminhando, espairecendo, já teria enlouquecido sentado naquele
banco… Por que será que tudo é assim difícil? Se não tivéssemos nos
separado, hoje quem sabe estaríamos dormindo lado a lado num apartamento
ou mesmo numa casa nossa… As flores frescas já estariam te esperando ao
lado da cama, junto com um lindo solitário e o pedido escondido de
casamento… Será que ainda vamos nos casar? Será que ainda vamos ter
nossa casa? Será que ainda vamos nos ver?
***
Enfermeira — gritando: socorro! Chame o doutor! Parada cardíaca! —
começando uma massagem cardíaca
***
Acho que vamos sim… Não creio que depois de nos aproximar e nos
fazer nos apaixonarmos, o destino seria tão cruel ao ponto de nunca mais nos
vermos… Mas não quero só te ver! Quero que esteja do meu lado! Que eu
esteja do teu lado… Que reparássemos nossas faltas e começássemos não do
zero, mas de onde paramos… Aquilo tudo foi intenso demais pra virar nada de
um dia pro outro… Tenho muito medo… Medo de que quando te veja seja
tarde demais… Tem hora que penso que era melhor ter seguido outra carreira
que não a jurídica… Assim não teria chegado até o Brasil… Não teria vindo pra
Teresina… Não teria te encontrado…
***
Enfermeira: ritmo cardíaco tá caindo de novo, doutor…
Doutor: afasta! Um, dois, três! — mais uma sessão de choques — De novo!
Afasta! — e outra — Não funcionou! Aumenta a voltagem!
Enfermeira: ok!
***
Só que não teria jeito! De uma forma ou outra a gente ia se encontrar
por aí… em algum canto do mundo… É isso que eu tenho na cabeça! Que a
gente nasceu pra seguir uma vida juntos… Seria um desperdício enorme a
gente perder essa vida… principalmente depois de já termos nos misturado
tanto, nos envolvido tanto, nos amado tanto… Minha bonequinha, de onde quer
que esteja, queria que sentisse o quanto te amo… Desculpa não ter lutado
mais e agora estar aí contigo… Isso é o que me faz me sentir pior ainda… Eu
podia ter evitado tudo… Só que não dá pra voltar atrás… Se tiver que mudar
alguma coisa, tem que ser o presente pensando no futuro… Aí que surge mais
uma dúvida… Devo te esperar ou finalmente te deixar partir?
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Doutor: vamos lá, Anahí! Você pode! Afasta! — aplicou uma corrente mais
demorada
Doutor: pressão?
Enfermeira: ok!
***
Seja qual for a resposta… Sempre vou te amar…
Lawyse: como?
Melanie: May, quando marcou esse encontro entre os amigos aqui não disse
que a gente ia fazer papel de vela…
Lawyse: e qual é esse motivo, May? Passei o dia quase te implorando e tu não
me respondia!
Lawyse: não é pra tanto, Mel… Vai, May… Conta das conquistas…
Lawyse: não vai ficar triste, amiga! Nós estamos aqui pra nos divertirmos!
Mayté: tá… Foi assim… Um dia comecei a lembrar de Anny… Ela amava
internet… Participava de leilões de quadros, de jóias, de tapetes persas… Tudo
enquanto… Aí bateu aquela curiosidade. Depois que fiquei viúva, percebi que
tinha que começar a construir uma nova vida. Tinha que fazer tudo de novo.
Arrumar um companheiro. Em resumo, viver! Anny é a própria vida em
pessoa… Ela aproveita cada segundo. Quem a conhece sabe disso.
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Mayté: tu estraga cada segundo da tua vida… Isso sim… — todos riram menos
Mel, que fez cara feia
Cindy: ah, gente! Só porque ela não quer nada da vida que estraga tudo…
Cindy: até que ela faz umas piadas engraçadas… Dá pro gasto!
Melanie — se acabando de rir: mudei de ideia… Isso aqui vai ser maior
comédia!
Melanie: que é isso, maninha?! Não sou disso! É bem simples, Crist! Tá
chegando o mês das festas juninas e eu tava dizendo que, pra acender uma
fogueira, bastava um pau… Mas todos aqui tavam teimando comigo… O que
você acha?
Cristian: qual o problema? É muito simples… Lógico que com muitos paus fica
melhor, Mel…
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Cindy — também se segurando pra não rir: desiste então! As piadas da Mel
são tão boas que só entende quem ela quer que entenda…
Melanie: May, ainda falta alguém? Se não vai passar a noite só repetindo a
mesma coisa…
Vagner: a minha chefinha? Mas ela tinha dito que só ia quando a miniatura de
Barbie nascesse! — May, Mel e Lala ficaram olhando pro nada, disfarçando —
Quê?! — admirado
Cindy: nada feito uma ova! Quem segurou toda essa história dela pelos
bastidores de todos os canais fui eu! Mundo inteiro nem sonha que tá se
passando isso tudo em grande parte pela minha influência e competência!
Então, meu bem, nem vem que eu tenho meus direitos e Anny com certeza
concordaria comigo! — todos ficaram calados
Cristian: isso mesmo! Os dois são jornalistas, mas vamos dar um tempo
nisso… Hoje estamos só como os amigos…
Mayté: olha, eu ia falar sobre isso só na hora de falar dos motivos da gente
estar aqui…
Melanie — falando baixinho, que só Cindy ouviu: até parece que sou pinto pra
piar! — Cindy esboçou uma gargalhada que logo tampou com uma das mãos
Mayté: muito bem… Eu dizia que queria reconstruir minha vida. Incluindo
encontrar um novo amor. Lembrei que Anny sempre participava de eventos
pela internet e resolvi experimentar também. Comecei a freqüentar chats sobre
música, só pra começar. Fui me entrosando com isso tudo até que resolvi me
cadastrar nessas salas de bate papo para relacionamentos. Conheci alguns
caras e marquei alguns encontros. O primeiro é logo sábado… — tava tão
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Vagner: nada a ver, Mayzinha! Elas só tão querendo frescar porque tu cortou
feio todo mundo…
Cristian: que nada! Sai dessa! Olha, eu acho que tá muito é certa… Mas
cuidado com quem vai se encontrar… Tem gente de toda espécie no mundo.
Sendo uma viúva rica e sensível do jeito que é, pode se tornar uma presa
fácil…
Melanie: isso mesmo! Tu ainda é nova pra engatar uma relação já pensando
em casamento ou algo sério… Vai aproveitar! Quando for sair com alguém,
tenta fazer aquilo que sempre teve vontade mas não coragem… Muda o visual
se quiser… Ou então usa umas peruquinhas… É um ótimo fetiche! Joga fora
essas roupas de perua rica elegante e usa umas mais descoladas…
Lawyse: por incrível que pareça, eu concordo com Mel… Tenta inovar,
amiga…
Mayté: gente, eu tô besta agora! — sem reação — Será que devo fazer isso
mesmo?
Lawyse: isso! Pessoal, vocês nem imaginam o quanto eu fiquei feliz quando
Oscar me disse!
Lawyse: Oscar o levou pra conhecer a filha sem ele nem saber de alguma
coisa… Vai ser na base da surpresa…
Rivanildo: pois ele vai cair pra trás quando souber! — com as mãos no rosto
em sinal de chocado
Mayté: é isso aí! Eu sei que ela tá longe e por isso esse deveria ser mais um
dia de pura saudade. Mas conhecendo a Anny do jeito que eu conheço e que
muitos aqui também conhecem, com certeza que ela ia querer muita festa!
Lawyse: conta, Cindy! Aliás, seria divertido se todos aqui contassem, não é
mesmo? Pelo que entendi é pra ser tipo uma homenagem a ela, né? — Mayté
assentiu
Cindy: falsa!
Lawyse: ela não vai parar, Cindy… Vai logo… Mel hoje tá que nem uma
retardada… — todo riram, menos Mel
Cindy: vou nem dizer mais nada… Já disseram tudo por mim…
Lawyse: claro que não, maninha do meu coração! É que estamos com pressa
pra saber das histórias… E também já sabe, Melanie é incontrolável… Se
esperar, a cada minuto é uma nova provocação… Ninguém agüenta…
Melanie — falando sozinha, com voz bem sedutora: ah tem gente que agüenta
sim…
Mayté: sem ofensas, por favor… Vai logo, Cindy! Senão a gente começa a
falar da Anny antes de chegar…
Mayté: salvar vidas é mais importante… Depois ligo e falo com ele…
Vagner: ei, fiquei com uma dúvida agora… Quando Dulce viajou?
Mayté: hoje…
Mayté: hoje…
Rivanildo: vai ser uma família linda mesmo… Será que eles vão fazer as
pazes?
#No toilette…
Mayté: Deus do céu! Gente, acorda! Somos maiores de idade, vacinados e não
rasgamos dinheiro! Então, sem escândalos, please! — quase implorando
Cristian: isso, May… Não tem porque se estressar num dia como esse…
Temos é que nos divertir… Aqui tudo vai ser banhado pelo álcool. Amanhã já
vai tá tudo esquecido…
Mayté: ai, meus amores! É que eu queria que essa noite fosse perfeita… Eu já
tinha tudo planejado na minha cabecinha… Até os horários de brindes e
canapés! E não tá saindo nada como eu imaginei… Anny merecia o melhor!
Vagner: estranho nada. Toda vez que saiu com Anny nesses lugares, ela
recebia bilhetes assim… Alguns ela me mostravam, que eram os de cantadas
baratas. Outros, nem pensar! Ela até queimava com isqueiro na hora…
Rivanildo: aqui tem muita gente conhecida… Com certeza foi alguém que
conhece a loira e sabe que é o aniversário dela. Como tem um monte de
amigos dela reunidos, deve ter imaginado que seria alguma comemoração sem
a aniversariante, que está sabe-se lá onde…
Mayté: olha só! Tava tão bolada aqui que esqueci totalmente que tinha
programado a hora de servir o Champagne! Já deve ser perto de meia noite! A
gente tem que brindar antes de acabar o dia 14…
Cristian: que continue sendo a pessoa linda que é, por dentro e por fora…
Rivanildo: que não perca nunca a força e a determinação que a levaram onde
está hoje…
Cindy: que conserve sempre aquele lado extraordinariamente doce por trás
daquela cara séria e daqueles ternos caros e chiques… — riu
Melanie: que não deixe de ter amor pela vida como sempre teve…
Lawyse: que, da mesma forma como ama todos que estão a sua volta, seja
também amada…
Rivanildo: gente, será que eu fiz certo em vir aqui? — falou enquanto todos se
sentavam novamente — Afinal, ela nunca foi muito com a minha cara…
Mayté: claro que fez! Depois que ela souber de tudo que fez pra nos ajudar
nessa história da viagem dela, ela vai ser eternamente grata… Vai até virar sua
amiga de infância, pode acreditar!
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Mayté: olha! — entregou o lenço pra amiga, que leu em voz alta
Mayté: ah, gente! Não deve ser nada! Vamos estar nos preocupando à toa!
Deve ser só brincadeira do tal amigo da Anny… Algum código deles… Sei lá!
Mas esse não parecia ser um desses casos de códigos. Primeiro pela
situação de ausência de Anny. Segundo… porque um dos amigos desmoronou
por cima da mesa enquanto os outros apavorados gritavam por socorro…
Blanca: ai, filha! Que cidade linda! Tô louca pra fazer umas compras por aí! —
animada
Dulce: eu? Nadinha… A senhora que sempre me disse que não é correto
apontar pros outros…
Blanca: e tu tem tanta culpa no cartório que usa um argumento meu contra
mim mesma… Bora! Desembucha!
Blanca: Dulce Maria, me diga que nós não estamos seguindo Poncho… — se
controlando pra não ficar nervosa
Dulce: tá… Nós não estamos seguindo Poncho… — Blanca respirou aliviada
— Nós estamos seguindo Oscar.
Blanca: o que?
Dulce: primeiro: Oscar não quis me falar depois que percebeu que eu não
sabia de nada. Segundo: tia Mari, do jeito que é, ou não consegue pensar em
outra coisa que não seja Anny ou não quis nos encher de preocupações. Tudo
dá a entender que realmente algo tá acontecendo… Pro Oscar trazer Poncho
sem saber de nada, é porque a informação é sigilosa… E na minha cabeça não
é algo bom…
# 1h depois…
Blanca: pra onde será que eles estão indo? — falou com a filha, ambas dentro
de um táxi
Dulce: boa pergunta. Senhor, não perca aquele carro vermelho de vista!
Dulce: não tenho nada a ver com isso… Pode se virar sozinha que não nasci
pra ser cupido de um bando de coroas… — rindo
Dulce: olha lá! O carro deles tá entrando ali… Que lugar é aquele, senhor?
Dulce: não mesmo! Não vou ficar andando escondida com meia dúzia de
malas… Pensa no coroa sexy, mãezinha… — tentando enrolar a mãe
Dulce: vou te dar um conselho que tia Mari me disse uma vez…
# No carro vermelho…