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ESCLARECIMENTO SOBRE O TEXTO

«A ESTIRPE DO VÍRUS DA GRIPE A»

1. Muito embora a esmagadora maioria das pessoas que se pronunciaram sobre


este texto o tenha feito de forma muito positiva, algumas pessoas manifestaram algumas
reservas quanto ao seu conteúdo e oportunidade. É para essas pessoas, nomeadamente
para as que tiveram a lealdade e franqueza de me fazerem saber a sua discordância, que
escrevo este esclarecimento.

2. Como era óbvio pela natureza irónica do próprio texto, não me parece que faça
sentido questionar o rigor das comparações e imagens sugeridas. Mesmo que nem todos
tenham a mesma abertura para abordagens deste género, importa sublinhar que também
Nosso Senhor recorria, muitas vezes, a uma linguagem simbólica, que não seria lógico
interpretar literalmente. Por exemplo, quando afirma que Ele é a videira e nós os ramos,
é óbvio que Jesus Cristo não está a afirmar que tem uma natureza vegetal.

3. O texto em apreço não surge como uma iniciativa original, mas no contexto da
nota da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde. Poder-se-ia questionar se é curial que
um sacerdote se permita de algum modo criticar uma nota desta natureza, mas a questão
não faz muito sentido, se se tiver em conta que a mesma, que não é um documento do
magistério da Igreja, mereceu uma enérgica resposta do Cardeal Patriarca, a meu ver
muito oportuna e corajosa. Na realidade, foi a dita nota que provocou esse comunicado
do Senhor D. José Policarpo e também esta resposta, não obstante as por demais óbvias
diferenças entre ambos textos. Por outro lado, se um respeitável sacerdote se permite
emitir um comunicado com aquelas indicações, é no uso da mesma liberdade que outro
sacerdote, não tão respeitável mas também integrado no mesmo presbitério, se permite
expressar a sua opinião que, mesmo sendo crítica em relação à referida matéria, é
sumamente respeitosa em relação às pessoas responsáveis pela mesma.

4. Se o texto ridiculariza, de algum modo, o facto de apenas se darem instruções


relativas às celebrações litúrgicas é apenas para destacar a falta de oportunidade da nota
da dita comissão nacional. Na realidade, se há uma questão de saúde pública, a mesma
deve ser resolvida pelas competentes autoridades sanitárias e não por uma comissão
pastoral que, obviamente, carece das necessárias habilitações técnicas. Como a História
ensina, geralmente as entidades eclesiais erram quando querem meter a foice em seara
alheia, ou seja, intrometer-se em questões científicas que não são, como é óbvio, da sua
competência. Se se trata de uma questão litúrgica, então é o bispo diocesano e a
conferência episcopal que, ouvida a Santa Sé, devem dar as normas pertinentes. Daqui
resulta a improcedência da referida nota da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde e
das suas medidas de prevenção apenas aplicáveis às celebrações litúrgicas para as quais,
por sinal, como fez questão de recordar o Patriarca, a dita comissão nem sequer é
competente.

5. Mas, sendo razoável que a Igreja zele pela saúde pública, é aceitável que se
critique um documento privado que tem por finalidade precaver o contágio de uma
doença que se afigura particularmente grave? A esta questão respondo dizendo que
não é tanto a suposta pandemia da famigerada gripe A que, como se sabe, mais não é do
que uma gripe, que está em causa, mas o exagero e o alarmismo de certos sectores da
comunicação social, sempre ávida de sensacionalismo, em que, ao que parece, também
embarcou a dita Comissão Nacional. Se houver uma pandemia, é evidente que será
aconselhável evitar o contágio, aliás, qualquer pessoa que tenha qualquer gripe, seja ela
a A ou a Z, sabe muito bem que deve evitar certos contactos com outras pessoas,
nomeadamente nos lugares de culto. Desde sempre que as pessoas doentes estão
dispensadas da Missa e, se muito constipadas, devem-se abster de beijos e abraços, pelo
que não faz sentido recordar o que é do mais elementar bom senso. Foi contra essa
histeria que a minha prosa se insurgiu, mas não, como é óbvio, contra as medidas de
prevenção que a sensatez aconselha e que devem ser praticadas sempre que se
justifique.

6. Mais importante é, a meu ver, a subversão dos valores da caridade cristã que
essa nota parece propor. Explico-me um pouco melhor: a ideia de que deve prevalecer a
própria segurança e, só depois, é legítimo o cuidado dos outros não é cristã, pois o que
Cristo nos ensina, nomeadamente com a sua vida, é darmo-nos aos outros sem medida,
mesmo que uma tal entrega nos custe a saúde ou a vida. São Francisco de Assis,
vencendo a repugnância que sentia, abraçou um leproso, São Josemaria iniciou o seu
trabalho apostólico entre os pobres e doentes dos hospitais infecciosos de Madrid, a
Beata Teresa de Calcutá dedicou-se heroicamente aos mais pobres dos pobres, São
Damião foi para uma ilha que era exclusivamente habitada por leprosos, para os tratar e
ajudar espiritualmente, falecendo depois da mesma doença, etc. Bem sei que estes
exemplos são incorrectos, em termos de saúde pública, mas são estes os heróis da fé
cristã e o objectivo de qualquer católico coerente deve ser imitá-los, e não chegar ao fim
da vida sem nunca ter contraído nenhuma doença. A razão pela qual devemos cuidar a
nossa saúde é apenas o serviço e o amor aos outros e, por isso, se alguma vez essa
caridade nos exigir um comportamento de risco, procuraremos humildemente seguir,
com a graça de Deus, o exemplo daqueles santos e de Nosso Senhor Jesus Cristo, que
nunca protagonizou nenhuma atitude de prevenção em relação ao seu próximo mais
necessitado, mesmo correndo riscos para a sua saúde.

7. Por outro lado, reduzir a comunhão a uma mera questão da saúde ou de higiene
é expressão de uma enorme irreverência para com o Santíssimo Sacramento. Além do
mais, comungar apenas na mão, porque é mais sanitariamente correcto, nem sequer é
verdade, porque, como recorda o Cardeal Patriarca no seu aludido comunicado, a
comunhão na boca não é mais perigosa do que na mão, se for administrada como deve
ser. E se amanhã os sábios do costume disserem que é muito mais pulcro que a sagrada
forma seja entregue num envelope, ou numa embalagem de plástico, também devemos
introduzir essas modificações na liturgia eucarística?! Vejo com preocupação esta
banalização da Sagrada Comunhão, ainda que por uma via aparentemente inofensiva,
como é, ou pretende ser, a sanitária. Mas não será isto um mero pretexto para abolir a
comunhão na boca? Se agora se afirma que não é aconselhável este modo multissecular,
por causa da dita gripe, porque o haverá de ser depois de debelada esta doença, se
sempre existirão doenças contagiosas e nunca poderemos ter a certeza absoluta de que
todas as pessoas que se aproximam da comunhão as não padecem?! Não sou partidário
da teoria da conspiração, mas também não sou tão ingénuo que não perceba que, por via
de uma questão aparentemente inócua, se esconde uma ofensa à dignidade e sacralidade
da Eucaristia.

8. No âmbito deste esclarecimento, que se pretende tão sucinto quanto possível,


não há espaço nem ocasião para uma mais circunstanciada e completa exposição sobre a
doutrina e a praxe da Igreja em relação á comunhão na boca e na mão. Mas permito-me
recomendar um recente estudo que esclarece as razões doutrinárias, litúrgicas e
pastorais que vivamente aconselham a comunhão na boca: trata-se do livro «Dominus
Est», de D. Athanasius Schneider, Bispo auxiliar no Cazaquistão, com prólogo do
Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, editado
em português pela editora «Caminhos Romanos» no ano passado.

9. É verdade que o Santo Padre não impôs a disciplina que ele próprio segue, ou
seja, não é obrigatório comungar de joelhos e na boca, embora Bento XVI o exija a
todos que queiram receber Nosso Senhor das suas mãos. Isto quer dizer que é legítimo,
também em Roma, comungar de pé e na mão. Mas é evidente que o Papa não optaria
por uma forma que não entendesse a mais excelente, mesmo que a não imponha na
Igreja universal, como norma obrigatória. O magistério dos Papas não é apenas aquilo
que dizem, mas também o que fazem, como Nosso Senhor, que ensinou com aquilo que
fez e ensinou. A visita de João Paulo II à cela do terrorista que o quis matar é, se calhar,
mais eloquente do que uma encíclica, como creio que o facto do Papa Bento XVI só dar
a comunhão a quem a receba na boca e de joelhos (e em Itália também há gripe A...) é
também mais expressivo do que o melhor dos discursos em louvor do Santíssimo
Sacramento. Um católico que queira ser coerente não pode ser indiferente em relação ao
exemplo de quem reconhece como máximo representante de Cristo na terra.

10. Dando por concluída a questão, resta-me agradecer a quantos tiveram a


amabilidade de me fazer saber a sua opinião, positiva ou negativa, a todos prometendo
uma especial lembrança nas minhas orações.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Lisboa, 5 de Agosto de 2009.

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