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Pags. 6 e 7
Açorianos e Tibicuera
JÚLIO CÉSAR / DIVULGAÇÃO MINC
E agora,
Prêmio revela os destaques do teatro gaúcho
CLIX FOTOGRAFIA
Rouanet ?
Ministro da Cultura, Juca Ferreira, acompanha as
discussões sobre o futuro da Lei
Pags. 15 e 16 Obrigatório
Pag. 9
ESCOLAS INVESTEM EM
FORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA
MUSICAIS Pag. 19
RESTAURANTE: O PONTO
DE ENCONTRO DEPOIS DO
ESPETÁCULO Pag. 20
REPRODUÇÃO
KITY FÉO
DIVULGAÇÃO
Teatro de Revista
O gênero que transitou entre o ousado e
o ingênuo Pag. 22
CLARA MUSCHIETTI
REPORTAGEM ENTREVISTA
Ator, cantor, poeta, dramaturgo: Internacional
Quando o palco é o morro A argentina rua Florida abriga muitos
Gero Camilo!
Pags. 12 e 13 Pags. 10 e 11 artistas e poucas flores Pags. 23
2 1º à 15 de Maio de 2009 Jornal de Teatro
Jornal de Teatro 1º até 15 de Maio de 2009 3
Editorial
ANDERSON ESPINOSA
ÍNDICE Luz vermelha que acendeu tarde
No fechamento desta edição, chegaram a nossa redação os ecos do mo-
vimento dos funcionários da Rede Municipal de Teatro da Prefeitura do Rio,
que estão há mais de dois meses sem receber salários. É lamentável que uma
das maiores redes do país esteja enfrentando este colapso. É um reflexo claro
do que foi a lamentável mistura do público e privado ocorrida na gestão do
prefeito Cesar Maia.
Por várias vezes o alcaide carioca foi alertado pessoalmente sobre esta pro-
míscua relação, que fazia que espetáculos montados com o mecenato muni-
cipal migrasse, depois de curtas temporadas em palcos públicos, para palcos
privados, sem que a prefeitura fosse ressarcida de um único centavo. Nem
espaço para divulgar o turismo do Rio, com a projeção de comerciais de vídeos
da cidade nas excursões nacionais destas peças, houve. Isto seria uma contra-
partida mínima.
Produções milionárias foram montadas na rede pública municipal e todo o
acervo da produção passava, depois, para as mãos dos seus produtores, muitas
vezes acumulando o cargo de diretores dos próprios teatros. A prefeitura não
virou sócia destes empreendimentos, que bancou até o ultimo botão. Por ou-
tro lado, a rede pública foi omissa ao permitir que palcos tradicionais, como o
Café Teatro Arena e o antigo Opinião, fossem fechados. Este virou juizado de
PRÊMIO............................................................ 6 e 7 pequenas causas e o governo municipal cruzou os braços.
Um outro efeito nefasto foi os das bilheterias a R$ 7,50, criando uma con-
Açorianos e Tibicuera corrência desleal com os espaços privados. O preço mínimo de R$ 15, trans-
Noite de premiação para os destaques do teatro gaúcho formado na metade pelos descontos para a terceira idade, estudantes, profes-
sores e servidores municipais, tiveram um impacto na saúde das produções
em 2008 cariocas, que fugiam da orgia com as verbas públicas.
O que ocorre hoje é resultado da falta de uma gestão que priorizasse a sus-
tentabilidade da rede municipal do Rio. Uma rede que teria tudo para procurar
TÉCNICA................................................................. 8 uma rota de auto-suficiência na cobertura dos seus custos. Depois dos mandos
e desmandos na rede municipal, no qual as responsabilidades dos Mais, Maciei-
Felipe Helfer ras e Falabellas não podem ser riscadas do mapa, o que assistimos é o colapso
Cenógrafo revela os segredos de um cenário ideal de um sistema que morre de inanição por estar a prefeitura muito mais falida
do que se esperava.
A sucata deixada pela administração anterior atingiu em cheio áreas impor-
tantes como a saúde e também a cultura. O prefeito Eduardo Paes herdou de-
zenas de bombas relógios. Algumas delas estão sendo habilmente desarmadas.
ENTREVISTA.............................................. 10 e 11 O que a secretária municipal de Cultura Jandira Feghali herdou foi uma caixa
de Pandora, que aberta está prejudicando a população com a falta de uma pro-
Gero Camilo gramação decente e, lamentavelmente, um corpo técnico da rede municipal
“Não há em arte nenhuma forma, gênero, estilo superior à que sempre se desdobrou para que a máquina funcionasse e agora é penalizado
com a falta de salário.
outra” O Rio tem sido, há décadas, a capital cultural do país. Só que a prefeitura
esquece que o teatro é um dos baluartes do turismo cultural. Cada vez que um
turista assiste um espetáculo, ele pernoita na cidade, gerando receita na hotela-
DANÇA...................................................................... 14 ria, no comércio e nos restaurantes.
A rede municipal nunca poderia estar neste estado de penúria. Deveria ser
Festival de Dança de Joinville um equipamento vivo e democrático da cidade, permitindo o acesso de pro-
Tudo pronto para a 27ª edição do maior festival de dança duções escolhidas pelos seus méritos e não apenas para fazer a fortuna pessoal
dos seus produtores, que durante anos mamaram nas tetas da municipalidade
do mundo sem lhe dar nada em troca. Se o TCM (Tribunal de Contas dos Município)
tivesse ficado alerta para o que ocorreu neste campo minado, boa parte dos
problemas teriam sido evitados e parte do mecenato a fundo perdido já teria
VIDA E OBRA......................................................... 21 sido devolvido aos cofres públicos, permitindo o pagamento dos salários que
agora estão vergonhosamente atrasados.
Cleyde Yaconis
Mais de 50 anos de sucesso nos palcos
Cláudio Magnavita
Presidente da Aver Editora
Prêmios
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Texto por Adriana Machado
Fotos por Anderson Espinosa
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Os palhaços do Circo Girassol (com participação do grupo
m fenômeno atí- de profissão, ele ressaltou a im- ao receber seu terceiro Aço- Médicos do Sorriso) fizeram do palco do Renascença um
pico se confirmou portância do reconhecimento. rianos de Teatro, o segundo grande picadeiro, em evento que contou com a cenografia
na noite de entrega “É a primeira vez que ganho. como melhor ator coadju- de Felipe Helfer, figurinos com supervisão de Daniel Lion,
dos prêmios Açorianos de Te- Com certeza, isto vai abrir no- vante em “A Comédia dos iluminação de Fernando Ochoa, arte em computação de Fred
Messias, direção musical de Yanto Laitano e direção-geral de
atro e Dança e o Tibicuera de vos caminhos”, disse. Erros. “O prêmio é funda- Dilmar Messias
Teatro Infantil, pela Secretaria As comissões julgadoras da mental, afinal são muitos
Municipal da Cultura, a artis- dança e do teatro retomaram ensaios e pesquisas em um
tas e espetáculos destaques em uma categoria extra, a de re- ano de trabalho”, afirmou.
2008. A tradicional cerimônia, velação, concedida para o bai- Das 16 indicações, a peça foi
ocorrida no Teatro Renascen- larino Cauan Rossoni, por “La uma das grandes premiadas
ça, no dia 2 de abril, em Porto Chronic” e às atrizes da peça da noite, com cinco estatue-
Alegre, revelou uma safra de “As Bufa”, Aline Marques e Si- tas (espetáculo, direção, ator
novos talentos. Jovens não só mone de Dordi. A última come- e atriz coadjuvante e trilha).
de idade, mas que também tra- çou a atuar aos 13 anos e hoje, Outros vencedores da
zem um novo “respiro” para a com 25, orgulha-se por ter re- noite foram “Édipo”, com
categoria, com propostas ino- cebido o prêmio em Porto Ale- quatro prêmios (melhor ator,
vadoras e linguagem atraente a gre, já que ela e Aline atuam no ator coadjuvante, figurino
adultos e crianças. interior do Estado. Outro que e iluminação). No in-
Exemplo de versatilidade, era pura empolgação:Rodrigo fantil, confirmou-se o favo-
Daniel Colin já não tinha mais Mello, indicado pela primeira ritismo de “Encantadores
como segurar tantos troféus. vez como melhor ator com a de Histórias”, com cinco
Ganhou o prêmio de melhor peça “A Comédia dos Erros”. estatuetas (espetáculo, atriz,
dramaturgia por “A vida Sexual figurino, iluminação e pro-
dos macacos”, e o Tibicuera de OUTROS VENCEDORES dução), seguido por “Jogo
teatro infantil com melhor dra- DA NOITE da Memória” (direção, ator
maturgia, direção, melhor ator Figura conhecida do públi- coadjuvante, cenografia, dra-
coadjuvante e consagração do co porto-alegrense nos seus 27 maturgia e júri popular). Já o
júri popular pelo espetáculo “O anos de carreira, Lauro Rama- Prêmio Açorianos de Dança O secretário municipal de cultura, Sérgius Gonzaga (foto acima,
jogo da Memória”. Emociona- lho mais uma vez confirmou apresentou nove categorias, de terno claro) e o prefeito da capital, José Fogaça (foto abaixo),
do e aplaudido pelos colegas seu talento entre a categoria, às quais concorreram 11 es- estiveram presentes na cerimônia, em Porto Alegre
Jornal de Teatro 1º à 15 de Maio de 2009 7
Técnica
Em cena, a experiência de um olhar criativo
grandes cenógrafos nada mais Europa Setentrional do iní- pre tentar fazer mais com me- em algo incrível é o ideal.
Por Anderson Espinosa eram do que artistas plásticos, cio do século, criando as mais nos. Se eu conseguir encantar
pessoas sensíveis e atentas ao diversas conexões entre pla- com um fio de lã pendurado JT: Como é a relação dos
fenômeno teatral. nos de conhecimento. Minha no meio do palco apenas, acho cenógrafos com os produto-
Natural de Santa Cruz do condição profissional faz com que consegui chegar onde gos- res?
Sul, o gaúcho Felipe Helfer se JT: Em que difere pensar que eu agregue esses conheci- taria, na essencialidade. FH: O equilíbrio das re-
divide entre os sets de TV, ci- um espaço arquitetônico de um mentos. Um vestido tem um lações deve ser estabelecido
nema (como espectador tam- cenário para teatro e dança? significado, uma porta tem um JT: Qual seria o cenário e o cenógrafo tem um papel
bém), montagem de grandes FH: Em meu ponto de vis- significado e assim por diante. ideal? fundamental. Acho que para
eventos e, é claro, no teatro. ta não há diferença. A verdade Acho sempre que, no caso do FH: Acho que o bom ce- isso deve-se ter um pouco de
Admite, porém, que todo seu é que se está constituindo es- teatro e do cinema, o cenógra- nário é aquele onde as pessoas técnica sim, a fim de entender
conhecimento e experiência paço para uma função, que vai fo fica a mercê da ideia de um viram uma obra do conjunto os limites da produção e tam-
de mais de 20 anos como ce- seguir um roteiro ou a habita- diretor. Eu tento muito conhe- em que, de alguma maneira, foi bém seus próprios limites. A
nógrafo auxilia para que atue ção de uma família. O papel do cer a vontade daquele que me
em outras áreas. Mestre em possível conseguir um equilí- produção também tem a sua
cenógrafo é o de criar ou tri- rege, por estar a serviço dele e, brio. Mas no mundo inteiro, demanda e a suas limitações.
arquitetura moderna, Helfer dimensionalizar uma área para consequentemente, do texto.
realiza pesquisas em outros hoje, a cenografia também é O cenógrafo tem de ter a sa-
acontecer algum fato. Isso é Articular repertórios é funda-
campos, como, por exemplo, a um megaespetáculo, interagin- bedoria de conseguir conciliar
pura arquitetura. Do ponto de mental no jogo da construção
arquitetura efêmera, disciplina do, muitas vezes, com os ato- várias demandas. Cenografia é
vista filosófico, não há diferen- da ideia, mas não só isso. É co-
ministrada por ele em nível de ça. Evidentemente que é muito res. Mas sem dúvida nenhuma, um trabalho de equipe. Acho
nhecer bem a história da arte,
pós-graduação. Entre os vários melhor fazer cenografia, por- da luz, de música e materiais, fazer com que algo extrema- muito injusto quando falam o
prêmios de seu currículo, cons- que é onde eu me sinto brin- ou seja, tudo que se tem dentro mente simples se transforme cenógrafo.
tam os espetáculos “A Lenda cando de Deus. Basta apenas da mochila.
ANDERSON ESPINOSA
do Rei Arthur” e “Por um Pu- ter talento para conseguir or-
nhado de Jujubas”. Na entre- ganizar os signos. Já na arqui- JT: Que materiais você cos-
vista abaixo, o cenógrafo dá tetura civil, o profissional fica tuma usar e, destes, qual te en-
dicas importantes para quem a mercê de um contexto muito canta mais?
deseja alcançar o sucesso nessa menos controlável. FH: Acho que os cenários
profissão. virtuais estão ficando muito
JT: De que maneira se dá interessantes, criando possibi-
Jornal de Teatro: Para ser o processo de criação de cená- lidades de enganar muito boas.
cenógrafo é obrigatório estu- rios? Você segue uma metodo- Evidentemente que se olhando
dar arquitetura para ter uma logia? ainda para os telões renascen-
carreira de sucesso? FH: A cada história a cria- tistas e das obras clássicas, onde
Felipe Helfer: Não. Na ção me dispara de uma manei- o artista plástico pintava uma
arquitetura, o profissional se ra e isso é o mais fascinante, floresta, quando se abria uma
comunica através de plantas porque, ou eu posso estar tra- cortina era possível se sentir na
baixas e outros recursos. Mas balhando em um universo dos própria floresta. Eu tenho um Felipe Helfer: “O teatro no Rio Grande do Sul te obriga a ser
a história prova que alguns anos 70 de Nova York, ou na desafio comigo que é o de sem- carpinteiro, escultor e negociador”.
SANTO
Por Rodigoh Bueno
LOUCO
eleitos pelos principais veículos de mídia do País. Se você
quiser conferir, basta vasculhar os arquivos do seu jornal
preferido. A proposta do Jornal de Teatro é recolher
algumas impressões de quem mais esteve atento aos
detalhes de cada peça. No caso, o Clix Fotografia, agência
que registrou 97% dos quase 300 espetáculos do festival.
Acostumados a terem suas fotos legendadas, os fotógrafos
da agência revelam suas impressões em legendas simples e
objetivas, como um clique.
APAVORANTE
SUSPENSE
OBRIGADO ENOJANTE
HOSPITALEIRO
DESOLADOR
IRRITANTE
Entrevista
“O instante não
é de conter,como
não é de
desperdiçar”
Influências,
propostas e
idéias de
Gero Camilo
U
m dos mais daçado”, “Cronicamente Inviá-
completos ato- vel”, “Domésticas”, “Bicho de
res da atualida- Sete Cabeças” (que lhe rendeu
de lança agora o prêmio de melhor ator coad-
seu primeiro CD, somando à juvante no 33º Festival de Bra-
bem sucedida carreira de ator, sília do Cinema Brasileiro e no
dramaturgo e poeta; o título de Festival de Cinema de Recife,
cantor. Gero Camilo é forma- ambos em 2001), “Narradores
do pela Escola de Arte Dra- de Javé”, “Man On Fire”, ao
mática da USP e escreveu es- lado de Denzel Washington e
petáculos como “A Procissão”, o inédito “Hotel Atlântico” de
“Aldeotas”, “Café com Torra- Suzana Amaral.
das” e “Cleide, Eló e as Pêras”, Em televisão, participou dos
além de ter atuado em outras episódios “As aventuras de Chi-
montagens como “Navalha co Norato contra o boto vinga-
na Carne”, de Plínio Marcos, tivo” e “Hoje É Dia de Maria”,
“Tartufo, ou o Impostor”, de com direção de Luis Fernando
Molière; “Aquele que diz sim, Carvalho na TV Globo. Atual-
aquele que diz não”, de Bertold mente, Gero Camilo acaba de
Brecht, entre outros. lançar o CD “Canções de In-
No cinema, atuou em pro- vento” e concluiu as gravações
duções recentes como “Ca- da série “Som e Fúria” dirigida
FOTO: ZECA CALDEIRA
THEO CRAVEIRO
Não há
em arte
nenhuma
forma,
gênero,
estilo
superior
à outra.
KITY FÉO
Jornal de Teatro: Para GC: Escrevi meu primeiro trace a estética. (Ps. Entenda-se
você, qual é a importância de verso de caneta Bic. Depois o forma e estética aqui como li-
trabalhar como dramaturgo, poema era uma xilogravura da vre arbítrio).
cantor e compositor, somado minha impressão digital, numa
ao trabalho de ator? máquina datilografia Olivet- JT: Suas parcerias com Rubi
Gero Camilo: Não achar ti que meu irmão me deu. E e Celso Sim, por exemplo, que
que em arte a categorização e a agora se faz num quadro fos- são pessoas que já trabalham
profissionalização são maiores forescente onde muitas vezes com a música intimamente li-
que a experiência. A experiên- enquanto o verso está sendo gada ao teatro, são recentes?
cia é a vivência; o estado em feito, eu entro em um estado Onde e como se deu esse en-
que está ou se é, é arte. Alguns de músico nesse teclado de contro?
chamam de rito, outros de es- computador. Quando falo da GC: Primeiro vi o Celso
petáculo e sempre haverá mais poesia ser mãe nessa experiên- Sim em cena no teatro Oficina,
a se dizer, porque é experiên- cia, é porque literatura e gesto e depois nos encontramos no
cia, contato. se recompõem à dança. Não há filme Carandiru. Ele abençoa o
Para mim, tanto Chaplin, em arte nenhuma forma, gêne- casamento da Lady com o Sem
ZECA CALDEIRA
Gene Kelly e Patativa do As- ro, estilo superior à outra. Chance. Fez uma composição
saré revolucionaram meu olhar linda, que não está no filme,
pra vida. Todos esses me uni- JT: O que você gosta de ver para o amor dos dois. Amo seu
ficaram de alguma forma no no teatro? Recorda de algum trabalho, e mais ainda sua en-
estado de preparar-me para a espetáculo que viu recente- trega a ele. Rubi quem me apre-
experiência. E claro, ainda mui- mente e considerou marcante? sentou foi a Ceumar e a Tata
tos outros, porque é uma gira, GC: O Espetáculo Rainhas, Fernandes. É impressionante.
é um compêndio. Escolhe-se direção da Cibele Forjaz, com Não tenho palavras. Rubi é
sempre. E sempre haveremos a Isabel Teixeira e a Georgette a experiência que nos tira do
de nos surpreender. O instan- Fadel. Uma grande experiência tempo comum para o instante
te não é de conter como não teatral. Inesquecível. poético. Esses dois são grandes
é de desperdiçar. Muito menos parceiros que agradeço em mi-
de reverenciar o contrito funil JT: O tempo de protestos nha vida.
global das aparências. Quan- em Fortaleza deu lugar a mani-
do se celebra nos confins a festações no palco? Os anseios JT: O lançamento de “Can-
liberdade da criação frente ao críticos são uma preocupação ções de Invento” é um projeto
mercado, isso é cultura, a troca em seus textos e composições? antigo?
“ilícita” mas feita em si da mais GC: Sim. Cheguei a fazer GC: Sim, desejei muito
fiel experiência de poder com- um espetáculo no Theatro José esse disco. Quem faz a dire-
partilhar sua abrangência sem de Alencar, em Fortaleza, cha- ção musical é o Luis Gayotto,
se conter a um só espaço ou mado “Simulacro - Uma His- fundamental nesse trabalho.
palco social. E o mercado há tória Sequestrada” que tratava Unificando todos nós nessa
de nos comer sempre, e sem- do golpe militar e das consequ- experiência inventiva e musical.
pre estaremos a compor tem- ências desse absurdo. Mas isso Fomos para o estúdio Terrero
peros próprios pra comida que sempre com arte, e não panfle- Du Passo do Alfredo Bello, e
ofertamos. tária - sempre em contato com com ele estudamos o que que-
o momento atual. Comecei a ríamos e chamamos outros
JT: Em outras entrevistas, fazer arte em movimentos so- músicos: Estavan Sinkovitz,
você já disse que considera “a ciais que refletiam e celebra- Simone Julian, Simone Soul,
poesia a mãe de todas as artes” vam criticamente meu contex- Tata Fernandes, Nina Blauth,
e isso fica muito claro em suas to e condição social, por isso é Lirinha, Ceumar, Rubi, Celso
músicas e textos teatrais. A dra- estranho pensar a arte apartada Sim... Muitos amigos passaram
maturgia e a música têm perdi- da minha reflexão política. Isso por lá, é um trabalho que tem a
do essa referência? não cria peso à forma. Embora criação do todo.
12 1º à 15 de Maio de 2009 Jornal de Teatro
Reportagem
Por Douglas de Barros do Alemão ao Sesc do local. se). O moradores, claro, tinham
Joyce explica que tanto ela medo de tiroteios e, por isso,
como os outros dois integran- transferimos a oficina de teatro
A realidade nas peri- tes do grupo vindos do Com- para a sede do Sesc”, afirma.
ferias brasileiras pa- plexo (André Luiz, 21 anos e Johayne explicou ainda que,
rece não ser muito Daiane Barros, 22 anos) tinham no início, os adolescentes iam
diferente. Pobreza, violência e um certo receio em participar aos ensaios morrendo de medo
principalmente o preconceito das atividades do grupo. “ Para por causa do duelo de facções.
marcam o noticiário das comu- chegar no local das aulas, eu ti- Com o tempo, porém, essas
nidades carentes nas principais nha que ir andando pela estra- barreiras foram caindo. “Nós
capitais do País. No Rio de da do Itararé pelo lado do meu queremos dizer com tudo isso
Janeiro, essa percepção é am- bairro (Alemão) e atravessar que não temos facção e que
pliada devido não só à impor- somente quando chegasse no passamos uma mensagem de
tância da cidade mas também Sesc devido à guerra de facções integração. Não de separação”,
à ousadia e poder de fogo do rivais”, conta a jovem atriz. revela.
tráfico de drogas. Dentro desse De acordo com Johayne
contexto, mas em busca de um Hildefonso, diretor da trupe, COMO TUDO COMEÇOU
caminho mais nobre, muitos o trabalho no Alemão foi fei- A história do AfroReggae
jovens encontram na arte um to após um convite do pró- já revela toda a resistência do
caminho para mudar essa situ- prio Sesc, que não conseguia povo da comunidade, que so-
ação. se comunicar com os jovens. freu com uma das chacinas
Joyce Alves, de 21 anos, “Foi então que começamos a mais violentas de que se tem
conheceu a Trupe de Teatro dar aulas de teatro para os jo- notícia no Brasil. Em 29 de
do AfroReggae através de um vens do Complexo. As aulas agosto de 1993, um grupo de
projeto realizado em parceria aconteciam em uma quadra no extermínio formado por de
com o Sesc (Serviço Social do interior da favela, em um local mais de cinqüenta homens en-
Comércio) de Ramos, na zona onde nem os pais deixavam capuzados e armados arromba-
Norte do Rio de Janeiro. O pro- seus filhos devido à presença ram casas e executaram vinte e
grama visava integrar os jovens constante do caveirão (veículo um moradores da comunidade
da comunidade do Complexo blindado da polícia fluminen- de Vigário Geral. Cena de montagem de Nós do Morro: saber lidar com os recursos
Jornal de Teatro
Na época, houve relatos de que a
chacina teria tido sua origem na morte
1º à 15 de Maio de 2009
países. Alguns deles de lugares que estão
frequentemente em guerra, como Nepal
13
de quatro policiais militares no dia ante- e Palestina.
rior. As mortes foram atribuídas a trafi- “Nesse momento percebemos que
cantes daquela região e a matança ocor- muitos desses grupos tinham uma re-
reu como forma de represália policial, alidade ainda mais dura, como os pa-
apesar de nenhuma das vítimas possuir lestinos por exemplo. Eles levaram um
envolvimento com o tráfico. Alguns me- espetáculo bem amador. Já o grupo de
ses após o crime, 13 policiais militares Liverpool levou algo com muita tecno-
foram expulsos da corporação. Mesmo logia, algo bem diferente da realidade de
assim, apenas seis dos 52 PMs acusados muitos ali, o que causou um centranto
foram condenados (dois cumprem pena interessante”, explica Raphael Rodri-
e quatro estão soltos). Desses, cinco gues, 23 anos.
morreram e um está foragido. Os outros Etilaine Andrade, 22, conta que o
foram absolvidos por falta de provas. grupo abriu o festival e apresentou uma
A partir daí, surgiu o AfroReggae, peça em português. “Mesmo sem enten-
inicialmente em torno do jornal Afro der direito o que era falado, a plateia
Reggae Notícias, um veículo de infor- pôde interagir com o atores e o resultado
mação que visava a valorização e a divul- foi muito bom. O grupo não só prendeu
gação da cultura negra, voltado sobretu- a atenção dos espectadores, como os le-
do para jovens ligados em ritmos como vou a participar conosco”, diz.
reggae, soul, hip-hop, etc. Em seguida, Entre os exercícios desse festival, fo- Arte e expressão: Força de resistência da comunidade
com o surgimento dos grupos musicais ram criadas duplas e companhias que se
que mesclam percussão e batidas ele- correspondiam. Uma das tarefas era en-
trônicas com muito funk, rock, samba viar uma caixa com objetos que falavam Favela, que ainda não começou a ser fil- que viver arte, nós vivemos cidadania,
e black music. ou representavam algo sobre a história e mado. solidariedade e disciplina”, conta Fraga
Em 1997, com a ONG já bastante cotidiano de cada grupo. O AfroReggae que, ao lado dos diretores Luiz Paulo
conhecida, uma dupla de especialistas ficou com um grupo de Manchester, In- NÓS DO MORRO, O PIONEIRO Corrêa e Castro, Zezé Silva e Fred Pi-
em saúde pública (José Marmo e Marco glaterra. Os grupos interagiam por Fa- Na estrada desde 1986, o grupo ca- nheiro, coordena as as 21 oficinas ofere-
Antônio) juntou um grupo de adoles- cebook e, por meio desses objetos, que rioca Nós do Morro surgiu como um cidas no Casarão de mil m2 que o Nós
centes para realizar esquetes com o ob- serviam de base para os textos, tinham centro para a formação de atores e técni- do Morro mantém no Vidigal. Atual-
jetivo de informar a população sobre os que produzir a sua arte. cos de artes cênicas dentro do Morro do mente, a entidade reúne 30 professores
riscos da Aids e outras DST’s. Da ideia “Entre as coisas que queríamos man- Vidigal, na zona Sul carioca. O objetivo e 480 alunos.
surgiu a Trupe da Saúde, que passou a dar, tivemos a ideia de enviar uma cap- no início era levar acesso à arte e à cultu-
visitar escolas, hospitais e praças, entre sula de fuzil. Pedimos isso a um rapaz ra para uma comunidade que não sabia NA TELONA
o que era produzir e consumir bens cul- Mais recente do que o Teatro, o
turais. Após 22 anos de atuação, a trupe núcleo audiovisual nasceu em 1995
contabiliza 19 espetáculos profissionais - apadrinhado pelos diretores Rosane
e seis curta-metragens. A principal con- Svartman e Vinícius Reis, e vem se con-
tribuição, porém, foi transformar o Vi- solidando em diferentes frentes. Seja na
digal em um dos mais importantes pólos produção de roteiros, clipes, filmes de
culturais da cidade do Rio, quebrando ficção, documentários de longa e cur-
ta-metragem ou no fortalecimento de
estereótipos e preconceitos.
importantes parcerias com produtoras
Patrocinado pela Petrobras desde
como Diller Trindade, Rio Vermelho,
2001, o Grupo já atendeu mais de 1.600
Raccord e Copacabana Filmes, o setor
crianças, jovens e adultos com oficinas é responsável pela inserção no mercado
de formação de atores e técnicos. Entre de trabalho de vários dos seus técnicos
eles Thiago Martins, Jonatahan Haagen- e artistas.
sen, Mary Sheyla de Paula, Roberta Ro- “Outro ponto muito legal é o cará-
drigues, Babu Santana e Roberta Santia- ter multiplicador do nosso serviço, que
go, figuras já bastante conhecidas na TV hoje atende também a população do
e no Cinema Nacional. interior do estado. Já estamos realizan-
Guti Fraga, diretor e idealizador do trabalhos em Saquarema, Itaocara,
do Grupo, acredita que o sucesso veio Japeri e Nova Iguaçu”, enumera Guti,
por causa da busca pela qualidade, que acrescentando que fortificar a atuação
marca seus trabalhos desde o início das nessas cidades, construindo uma sede e
Nós do Morro: Desde 1986 colocando gente no palco atividades culturais. “Só ela é capaz de um teatro em cada um delas, é o grande
construir algo positivo. Aqui, mais do desafio dos próximos anos.
outros espaços para falar de assuntos do movimento. Ele disse que não tinha,
ligados à saúde (dengue, drogas, leuce- mas que era para esperar. Bastava uns
mia, câncer de mama, gravidez na ado- tiros e nos arrumava. Foi aí que nos de-
lescência, etc).
O grupo se transformou em Trupe
sesperamos e pedimos para ele não fazer
isso e que não precisava. O interessante
Principais Realizações
de Teatro AfroReggae em 2001 com a foi que, mesmo assim, o rapaz arrumou Encontros Abalou - Um Musical Funk
entrada do atual diretor Johayne Hilde- o projétil e ficou feliz em participar de Torturas de um Coração É Proibido Brincar
fonso. Como a proposta passou a ser alguma forma do grupo.” conta Lívia Os Dois ou O Inglês Maquinista Noites do Vidigal
falar sobre qualquer assunto, não tinha Gaspar, 23 anos. Biroska Burro sem rabo, ou...
mais sentido o nome original. Johayne contou que ficou muito Hoje é Dia de Rock Sonho de uma noite de verão – uma
A maturidade veio com a mudança preocupado quando eles contaram isso: Show das Cinco intromissão do Nós do Morro no mundo de
de nome e a presença de um profissio- “foi loucura, pedi para nunca mais faze- Show das Sete Shakespeare
nal de teatro. Segundo Flávia Soares, rem isso, mas de certa forma serviu para Machadiando – Três Histórias de Machado Carmem de Tal
22 anos, Johayne deu ao grupo uma mostrar aos ingleses um pouco da nossa de Assis: Lição de Botânica; Hoje Avental, Os Dois Cavalheiros de Verona
linguagem mais seca, com peças cada realidade”. Amanhã Luva; Antes da Missa Machado a 3x4
vez mais faladas. “Foi difícil fazer essa Atualmente, a Trupe de Teatro do Hamlet
transição porque perdemos aquele tom AfroReggae pretende estrear, ainda
de ingenuidade e amadorismo para o nesse ano, o seu mais novo trabalho, o
surgimento de algo mais profissional”, espetáculo “Urucubaca”, com texto de
disse Flávia, que está no grupo desde o jorge Mautner e Malú Cotrin. Esse novo
início e completa: “hoje estamos viven- trabalho ainda está em fase de produção. Prêmios
do um momento muito novo e muito Mesmo assim, já foi apresentado na In-
especial”. glaterra e em Brasília. O grupo recebeu, Prêmio Shell na Categoria Especial
recentemente, um convite para atuar em Prêmio Mambembe, Categoria Especial
um festival em São Paulo, no Itaú Cul- Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem, Categoria Especial
COLHENDO OS FRUTOS
tural. Prêmio Orgulho Carioca
Não é para menos. No início do Menção Honrosa da ONU/UNESCO
ano, a Trupe de Teatro participou de Além de Urucubaca, alguns integran-
Prêmio Shell de Melhor Direção Musical (Gabriel Moura)
um um festival de teatro em Liverpool, tes do grupo estão participando da fase
Prêmio de Melhor Curta do Júri Oficial do 37º Festival de Cinema de Brasília
na Inglaterra. O evento contou com a de testes e preparação do novo projeto Mérito Carioca de Direitos Humanos 2005 – Secretaria Municipal de Assistência Social/RJ
participação de 12 grupos de diferentes de Cacá Diegues chamado Cinco Vezes
14 1º à 15 de Maio de 2009 Jornal de Teatro
Dança
o espetáculo em Joinville.
E
tradicionais noites de abertura da primeira edição. Joinville balcão de informações da Feira
m sua 27ª edição, o grupos de todo o País e da Ar-
e de gala, que reúnem grandes passava por um dos seus pio- da Sapatilha poderão visitar o
Festival de Dança gentina, dos EUA, da Inglater-
de Joinville, que será expoentes da dança brasileira ra e do Paraguai. Somente do res períodos de cheias, o que evento acompanhados de um
realizado de 15 a 25 de julho, e mundial. Outro evento é a exterior, foram 30 trabalhos. complicava o deslocamento guia. O projeto ocorrerá entre
já entra no ritmo para trans- Feira da Sapatilha, a maior do em todo Estado. Para surpresa os dias 16 e 25 de julho, das
Entre os destaques, estão as
formar a Cidade das Flores em setor no Brasil, que apresenta dos organizadores, 40 grupos 14h às 18h.
inscrições para o meia ponta,
um grande palco de diferen- produtos, artigos e acessórios que aumentaram em 97%. A se inscreveram, reunindo cer-
te espetáculos. Apontado, em de dança e reúne mais de 70 seleção dos trabalhos para con- ca de 600 estudantes de dança.
2005, pelo “Guinness Book” Foram cinco dias de apresenta-
ALCEU BETT
expositores. Mantido com o correr no festival será realizada
como o maior festival de dan- apoio de patrocinadores e pro- de 18 a 25 de maio. A escolha ções, com espetáculos de clás-
ça do mundo, o evento, que é será feita pelos integrantes do sico, moderno, jazz e folclore.
movido pelo Instituto Festival
também referência nacional Conselho Artístico do Festival,
de Dança de Joinville, o festi- Na segunda edição, em 1984,
e internacional para quem vi- formado atualmente por Airton
vencia a arte, estima reunir 4,8 val, dentro ou fora do palco, é o sucesso continuou. Mais de
consolidado pela tradição, pelo Tomazzoni (RS), Eliana Cami- mil estudantes, representando
mil participantes, entre estu-
profissionalismo e pela plurali- nada (RJ), Sandra Meyer (SC) e 62 escolas, tomaram Joinville.
dantes e profissionais de dan-
ças, e atrair ainda um público dade dos participantes. Em 11 Sueli Machado (MG). Também Para atender a esse crescimen-
superior a 200 mil pessoas em participam jurados convidados, to, o festival foi para o ginásio
dias de espetáculos, bailarinos
220 horas de espetáculos. As como a pesquisadora e crítica Ivan Rodrigues e a duração
e amantes da dança chegarão a
apresentações ocorrerão no especializada em dança, Suzana
Joinville vindos de todo o País passou para sete dias. O desta-
Centreventos Cau Hansen, tea- Braga, e o ensaiador artístico
e do exterior, com diferentes que daquele ano foi a apresen-
tro Juarez Machado, em palcos do Ballet do Theatro Municipal
objetivos: concorrer na mos- do Rio de Janeiro, João Wlamir tação da primeira montagem
abertos e espaços alternativos, de “O Grande Circo Místico”,
além de englobar a realização tra competitiva, apresentar-se (Clássico), ambos do Rio de Ja-
de cursos e oficinas com fins no meia ponta ou nos palcos neiro; a bailarina e coreógrafa do Ballet Teatro Guaíra. O fes-
de aperfeiçoamento profissio- abertos nas praças, bairros, Bia Mattar (Sapateado), de SC; tival começava a desenhar um
nal, workshops gratuitos para shoppings e fábricas, ou com e o coreógrafo e pesquisador modelo que iria além da com-
os coreógrafos inscritos, semi- um foco voltado a atividade Carlos Nunes (Dança de Rua), petição e que passava a lhe dar
nários de dança, projetos co- didática. do Rio Grande do Sul. projeção nacional.
1º lugar, em 2008, Balé Clássico
Conjunto Avançado Conservatório.
A estimativa é
que o evento
receba 200 mil
pessoas em 220
horas de espetá-
culos.
ALCEU BETT AMIR SFAIR FILHO
Jornal de Teatro 1º à 15 de Maio de 2009 15
Política Cultural
Mudanças necessárias,
mas repletas de polêmicas
Projeto para alteração da Lei Rouanet levanta discussões entre artistas e
representantes da classe
res de Teatro do Rio de Janeiro),
Nem todo debate, entretan- Para o governo, o próximo o presidente da Funarte, Sérgio
NANY SEMICEK
Sindicais
Funcionários de teatro da Prefeitura do Rio regularizam contratos
Depois de manifesto em carta, o município assinou as carteiras. Porém, o problema continua
ROGÉRIO SANTANA
O encontro aconteceria nas cita a carta, alguns deles moram
escadas da Câmara dos Vere- longe e não tem nem como ir
Um grupo de funcionários adores, o início de uma greve ao trabalho.
da rede de Teatros da Prefeitu- citada na carta que seria “por Uma segunda carta solici-
ra do Rio de Janeiro divulgou tempo indeterminado”. Mas o tou uma reunião com a secre-
uma carta na quinta-feira (23) anúncio da mobilização teve tária Jandira Feghali para pedir
à classe artística, convocando efeito imediato na Prefeitura
do Rio de Janeiro que se ma- esclarecimentos sobre os paga-
todos a participar de uma para-
lisação “de todas as atividades nifestou contratando todos os mentos. Mesmo assim nada foi
culturais dos teatros e centros funcionários que trabalharam acertado e falta transparência
culturais da rede” na quarta- sem contrato e carteira assina- nas relações entre funcionários
feira (29), contra o atraso de da nos últimos meses. A regu- e os representantes responsá-
dois meses nos pagamentos larização dos empregos, entre- veis pelas verbas destinadas à
e a situação irregular, sem tanto, não resolve o problema cultura. Com isso, foi marcado
contrato, dos empregados do dos salários atrasados. As car- um encontro na data que acon-
município.“Moral e intelectu- teiras assinadas e contratos po- teceria a paralisação, às 10 da
almente, o sindicato dá apoio dem ser vistos, inclusive, como manhã, para que os funcioná-
total à paralisação”, afirma o uma forma de pressão da Se- rios e outras pessoas da classe
presidente do Sated/RJ, Jorge cretaria, já que agora contrata- possam conversar sobre a situ-
Coutinho. “A greve é um di- dos, os funcionários terão que ação e decidir o que será feito,
reito, mas é lamentável que a trabalhar sem a certeza de que
irão ser pagos por isso, ou ao qual é a melhor forma de agir.
situação chegue a esse ponto.
A categoria está unida contra menos serem pagos pelos me- Até o fechamento dessa
o descaso em relação à cultura ses já servidos. Existem apenas edição (28), não havia certeza
no Rio de Janeiro, o município previsões vagas de quando esse de que os pagamentos ou que
começou agora essa movimen- dinheiro chegará às mãos dos uma nova paralisação ocorre- O Teatro Municipal do Rio de Janeiro já foi palco de muitas manifes-
funcionários. E isso não basta, ria. tações da classe
tação, no Estado isso já é ainda
A MAGIA
DOS
MUSICAIS
Um dos gêneros teatrais que mais
cresce no País exige dedicação
extra do ator
CURSOS ESPECÍFICOS
A procura por cursos que tratem de preparação para musicais tem crescido
muito. Mas aulas de canto, dança e teatro exigem dedicação especial. “As
aulas dos módulos de musical são muito puxadas, então só fazemos uma por
dia, com duração de duas horas”, explica Hudson, da Escola de Atores Wolf
Maia.
Outra escola que oferece os cursos de teatro, canto e dança para formação
de musicais em São Paulo, a Casa de Artes OperÁria, tem como preparação
mínima aulas particulares de canto, com uma hora de duração, aulas de dan-
ça, com duas horas, e teatro, com três horas. Todas acontecem uma vez por
semana.
A preparação é diferente, mas os preços dos cursos regulares de teatro e
os de teatro musical não diferem muito, segundo as escolas.
Saiba mais:
Casa de Artes OperÁria - (11) 2618-5540
Escola de Atores Wolf Maia - Telefone: (11) 3472-2444
Montagem de conclusão de curso da OperÁria: South American Way
20 1º à 15 de Maio de 2008 Jornal de Teatro
Gastronomia
Os restaurantes que alimentam a arte no Rio de Janeiro
Points de artistas, restaurantes no Rio são destinos muito apreciados. Também pelos paparazzi.
Além de apoiar as peças Cervantes. Fundado em 1953, panhol Candido Carvalho Pe- Primeiro porque tem uma loca-
Por Daniel Pinton que estão em cartaz (é comum em Copacabana, o restaurante é rez, sócio do Cervantes desde lização extraordinária, segundo
o encontro dos elencos depois ponto de encontro não apenas sua fundação. por conta da forte tradição da
dos espetáculos), o restaurante da classe artística, mas também Point atual dos artistas, a Pi- casa. Uma das primeiras coisas
“A gente não quer só comi- inovou com um cardápio que é de políticos de outros estados zzaria Guanabara, no Leblon, é que ouvi falar quando cheguei
da. A gente quer comida, diver- um verdadeiro jornalzinho da aliciados pela fama nacional do o principal alvo dos paparazzi no Brasil foi sobre a Pizzaria
são e arte”. A letra imortalizada temporada teatral carioca. A local. “Além de artistas de tea- hoje em dia, no Rio de Janei- Guanabara. Ser alvo dos pa-
pelo Titãs resume muito bem gerência de relações publicas tro e novela, Aécio Neves todo ro, dada a grande frequência parazzi tem as suas vantagens
o espírito cultural de três dos da casa é de Djalma Limon- sábado está aqui. O Roberto das celebridades que procuram e desvantagens. Para a casa é
principais restaurantes do Rio ji, renomado diretor de teatro Requião também já veio com uma boa pizza ao final de uma bom porque gera publicidade,
de Janeiro. Ponto de encontro e de cinema descobridor de a sua família. Não precisamos peça teatral, sessão de cinema mas também tem a parte nega-
da classe artística de hoje e de grandes talentos, o que dá uma oferecer cortesia, as pessoas ou mesmo de uma noitada. “As tiva porque eles podem afugen-
ontem, os restaurantes La Fio- ar de intimidade aos freqüenta- tar alguns clientes. Para isso,
dores da casa. vêm aqui porque gostam daqui. vezes está calmo e as quatro da
rentina, Cervantes e Pizzaria Quem faz a nossa propaganda manhã enche. As pessoas saem nós temos uma sala reservada
Guanabara têm como pano de O La Fiorentina é um ver- para o pessoal que quer ficar
dadeiro restaurante temático e é o nosso cliente”, explica o es- das discotecas e vêm para cá.
fundo a boa comida que ofere- resguardado”, conta o portu-
cem o espírito cultural carioca. renasceu das cinzas através do guês Paulo Guimarães, o mais
DIVULGAÇÃO
A estátua de Ary Barroso empenho do empresário Omar novo gerente do restaurante.
logo na entrada do La Fiorenti- (Catito) Peres, ex-secretario de Seja para o cidadão comum ou
na, no bairro do Leme, já dá in- Itamar Franco e empresário de
comunicação de Juiz de Fora. para o artista, a ordem da casa
dícios da ligação do local com Ser convidado para assinar em é prezar pelo bom atendimento
a arte e dentro do restaurante uma das colunas do restauran- principalmente à clientela fiel,
esta simbiose só é reafirmada. te é quase um rito de passagem mesmo que esta algumas vezes
Fotos de artistas espalhadas para a notoriedade. esta tenha que aguardar do lado
pelo salão principal e pratos A alguns metros dali, o ci- de fora na lista de espera. “Aos
com nomes em homenagem dadão desavisado que procura frequentadores mais assíduos
a grandes artistas que ali fre- um suculento sanduíche pode e pessoas bastante conhecidas
quentaram são a prova de que, se surpreender ao deparar-se, damos uma certa cortesia, al-
mais do que em qualquer lugar, de repente, com Maria Bethâ- guns tem 50% de desconto.
o local foi o principal reduto da nia, Chico Buarque, Cauby Mas não temos uma oferta di-
classe artística na áurea época Peixoto, Angela Maria, Beth rigida a nenhuma classe especí-
cultural do Rio de Janeiro. Carvalho ou Jerry Adriani no Salão reservado da Pizzaria Guanabara fica”, afirma Guimarães.
REPRODUÇÃO / TELEHISTORIA.COM.BR
JOÃO CALDAS
A
calada por Ziembinski para o “Santa Marta Fabril S.A., de S.A”, de Abílio Pereira de Al- Muito Especial”, “Ninho da
carreira de Cleyde espetáculo “Pega Fogo”, de Ju- Abílio Pereira de Almeira; e meida; “Os Perigos da Pureza”, Serpente”, “Rainha da Suca-
Yáconis pode ter les Renard. Em 1951 esteve em Volpone, de Bem Jonson. Ao de Hugh Mills; “A Dama das ta”, “Vamp”, “Olho no Olho”,
iniciado por acaso, “Seis Personagens à procura de lado da irmã Cacilda Becker Camélias”, de Alexandre Du- “Os Ossos do Barão”, “Torre
mas depois de mais de 50 anos um Autor”, de Luigi Pirandello encena Maria Stuart, de Schi- mas Filho e “Auto da Compa- de Babel”, “As Filhas da Mãe”,
de carreira, ela provou que, por sob a direção de Adolfo Celi. ler, em 1955 e no ano seguinte decida”, de Ariano Suassuna. “Um Só Coração”, “Cidadão
mais que a estréia fosse adiada, Em seguida vieram as peças “Eurydice”, de Jean Anoui- De volta ao TBC, integra Brasileiro” e “Eterna Magia”,
era inevitável. Aos 86 anos de “Convite ao Baile”, de Jean lh, direção de Gianni Ratto; e os elencos de “A Semente”, em diferentes emissoras.
idade e com mais de 90 peças, Anouih; “O Grito na Lareira”, “Manouche”, de André Bira- de Gianfrancesco Guarnieri No cinema, atuou em “Cé-
Cleyde se destaca em “O Ca- de Charles Dickens e direção beau. “A Rainha e os Rebel- (1961); “A Morte do Caixei- lia & Rosita” (2000), “Jogo
minho para Meca”, espetáculo de Ziembiski; “Ralé” de Gorki; des”, de Ugo Betti, sob direção ro Viajante”, de Arthur Miller Duro” (1985), “Dora Dorali-
que novamente mostra a força “Diálogo de Surdos”, de Clô de Maurice Vaneau, marca o (1962);“Yema”, de Federico na” (1982), “Parada 88 - O Li-
Prado e direção de Flaminio fim de da primeira fase da atriz García Lorca; e “Vereda as Sal- mite de Alerta” (1977), “Beto
e dramaticidade característica
Bollini; “Para Onde a Terra no TBC. vação”, de Jorge Andrade, sob Rockfeller” (1970), “A Madona
de seus papéis. Cresce”, de Edgard da Rocha direção de Antunes, em 1964 de Cedro” (1968) e “Na Senda
O primeiro deles foi em Miranda; “Vá Com Deus”, de TEATRO CACILDA – espetáculo considerado o úl- do Crime” (1954).
1950 no espetáculo “O Anjo de Murray-Allen Boretz; e “Rela- BECKER E A VOLTA AO timo de uma das companhias A carreira intensa da atriz
Pedra”, de Tennessee Williams. ções Internacionais”, de Noel TBC mais importantes do país. reflete a paixão que cultiva
Sob a direção de Luciano Salce, Coward. Em dezembro de 1957, pelo teatro, e mais que isso, pe-
Cleyde surpreendeu os amigos Em 1953 atuou em “Assim Cleyde Yáconis, Walmor Cha- TELEVISÃO E CINEMA los personagens. Em diferentes
do Teatro Brasileiro de Comé- É.. (Se lhe Parece), de Piran- gas, sua esposa Cacilda Becker, A estréia de Cleyde na tele- entrevistas é comum perceber
dia (TBC), inclusive a irmã Ca- dello. E no ano seguinte em Ziembisnki e Fredi Kleemann visão foi em “Os Diabólicos”, o envolvimento de Cleyde du-
cilda Becker, ao anunciar que “Mortos Sem Sepultura”, de fundam o Teatro Cacilda Be- no ano de 1968. Participou rante a construção do perso-
substituiria Nydia Licia que fi- Jean-Paul Sartre; “Um Pedido cker. Entre os espetáculos ainda das novelas “A Mura- nagem, “primeiro sentindo a
cara doente repentinamente. A de Casamento”, de Tchekhov; produzidos pelo grupo estão lha”, “Mais Forte que o Ódio”, personalidade, para depois dar
partir daí, somou às funções de e “Leonor de Mendonça”, de “O Protocolo”, de Machado “Mulheres de Areia”, “Os forma ao novo indivíduo”.
22
IMAGENS: REPRODUÇÃO
1º à 15 de Maio de 2009 Jornal de Teatro
História
Teatro de Revista: Acima, Mara Rúbia: uma das maiores estrelas do Teatro de
Revista. Ao lado, as extravagâncias do figurino de 1924, em
“Comidas , Meu Santo”
entre outras (todas criadas por em todas as partes do mundo. algumas cenas, devido às
Ary Barroso) terem sido feitas A censura, o aperto econômico pernas descobertas das
especialmente para este gênero (eram espetáculos caros), a te- vedetes
teatral. levisão, que absorveu o públi-
“O primeiro grande perí- co popular, o período da Dita- Compère (compadre)
odo é o das Revistas de Ano dura Militar no Brasil, em que Era quem conduzia a narrativa
(cujo maior autor foi Arthur fez-se necessário um teatro de e unia os números musicais
Azevedo), de 1877 a 1911. O resistência, como o Arena e o
segundo grande período é o Tipificação
Oficina, são alguns deles”, enu- Por influência da commedia
das décadas de 1920 a 1930, o mera Neyde Veneziano, que, dell’arte, sempre havia
período das Revistas Carnava- no entanto, não aponta “culpa- personagens fixos e
lescas. O terceiro grande perí- dos” pelo fim de uma era. “O caricaturados nas histórias,
odo é o de Walter Pinto (luxo gênero se tornou ingênuo dian- como o malandro, a mulata, o
e escadarias), na década de te das exigências ideológicas do caipira e o português.
Estrelas do musical de Pascoal Segreto mundo atual”, resume.
1940”, relembra Neyde.
Jornal de Teatro 23
Internacional
CLARA MUSCHIETTI
FLORIDA: A rua sem flores tudo, um verdadeiro caos, dig- do continente – essas que sa- em troca de uma alimentação por épocas, segundo a sorte de
Texto por Rodrigo Villarruel
no da cidade de Buenos Aires. botaram a terra, a repartiram de ego, dos cômicos atores que cada país e do mundo.
Revista Mutis X El Foro É, à parte da rua de pedestres entre elas, mataram aborígenes seguem gritando para os casais Florida é terra de todos de
A
mais importante da Argentina, e venderam aos que ficaram vi- que saem do espetáculo “espe- dia e deserto acéfalo à noite.
cidade, como cenário um vitral muito significativo. vos – a rua Florida era passare- ro que todas as habitações es- É esquizofrênica. Sabe tanto
e elemento gerador Todos correndo, desesperados, la de elegantes senhoras e car- tejam ocupadas!”, um punhado de amor quanto de ódio e de
de sentido, oferece ao criador sem olhar aos cantos e sem ros. A Europa da América teve de garotos que observam um amabilidade quanto de grosse-
mais cauteloso um sem-fim de cautela. Até onde? seu epicentro estético e social jogo de futebol através de es- ria. É amante quando o sol a
espaços povoados de estéticas. Os poucos rostos de felici- ao redor da praça San Martin, tantes de vidro de lojas de ele- governa e prostituta quando
Mutis X El Foro percorreu um dade que se observam são de onde o final do fraque da nossa trodomésticos, um menino que a lua a convence. É argentina,
lugar aonde desfilam protago- cinco músicos na intersecção rua de pedestres, quase na ave- pinta azulejos com os dedos como o ônibus que te deixa a
nistas de possíveis histórias, com a Diagonal Norte que, a nida Santa Fé, conta seu passa- dos pés e faz maravilhas, um pé, como o tomate pelo céu.
um lugar em que se cruzam, a batida de tambores e choros de do mais esnobe. homem jogado no chão, sem Contém tudo: livros, roupas,
cada passo, atores desconheci- saxofones, manuseiam os valio- Um século e tanto depois, pernas e sem um braço, pe- casas de câmbio, de esportes,
dos por si mesmos. sos minutos dos trabalhadores logo quando a crise de 2001 a dindo moedas, senhoras bem de computadores e câmeras de
Todos caminham em gran- que lá passam. inundou de pedintes e meni- vestidas saindo das Galerías fotos, restaurantes e pizzarias,
de velocidade, como esperma- A história conta que em nos descalços, a Associação de Pacífico, sentindo saudades da milhares de cartazes lumino-
tozóides sem rumo, tratando 1734, o governador Miguel Amigos da Rua Florida, uma abertura e remodelação da loja sos, atores principais de histó-
de chegar a destinos antes que de Salcedo batizou a rua pela organização sem fins lucrativos Harrods, El imperio de la ele- rias sem querer, artistas de rua
o vizinho eventual. Quase não primeira vez com o nome San formada por “um grupo de gancia, que ameaçou em 2003 e amigos do alheio. Tudo está
se olham e não se conhecem, José. Suas mudanças de identi- destacados homens de empre- voltar com sua vida social, sen- aí. Só um detalhe não aparece
mas se percebem. dade, a partir de então, foram sas e profissionais”, como eles tindo saudades do antigo hall na rua Florida e, possivelmen-
Enquanto se esquivam de várias: Del Correo, Empedra- se definem, segue tendo como das lojas Gath & Chávez com te, seja o que a faz tão atrativa,
vendedores, artistas de rua e te- do, Unquera, de la Florida, Del objetivo “melhorar os aspec- sua fachada de mármore de interessante e contraditória:
lefones públicos, alguns fogem Perú e, finalmente: Florida. Foi tos estéticos, culturais e edifí- Carrara. Todos ali, todos jun- flores.
como peixes da grande corren- apenas para pedestres em al- cios da rua, dando ênfase ao tos, convivendo, deslocando-se Tradução: Pablo Ribera
te, pelos canais que se arqueiam guns trechos desde 1913 e, em se manter o alto nível de bom
em cada esquina. Outros mi- 1971, transformou-se no que gosto e elegância que são tradi-
CLARA MUSCHIETTI
lhares continuam sua marcha se conhece hoje: a maior rua ção em Florida”.
acelerada, de vida enlatada. comercial e para pedestres do É difícil encontrar na cida-
Vítimas ocasionais da ofer- país argentino; o local onde, a de um exemplo mais pós-mo-
ta ambulante, todos se esqui- cada passo, atores desconhe- derno que esta rua, um lugar
vam da mão publicitária que cidos por si mesmos desfilam onde tantas identidades cultu-
oferece um volante de “reativa- sem respiro sobre possíveis rais convivem, tantos discursos
ção de celulares” e observam, histórias teatrais. fragmentados, tanta informa-
ainda que seja por um instante, ção em somente dez quartei-
ao conjunto de músicos que, CHAMAM-ME RUA rões.
amontoados sobre uma vidrei- Em alguma época, no final Estátuas vivas petrificadas
ra vazia, oferecem canções de de 1800, quando o país era go- sobre um palanque de pedra,
Silvio Rodriguez ou Ricardo vernado pelas elites proprietá- um cigano escandaloso que
Arjona com igual paciência. rias de terras mais poderosas crava pregos no próprio nariz
A rua Florida é, antes de
NOTAS
Montagem baseada em “Shrek” inicia turnê “Ruined” vence o Prêmio Pulitzer de melhor Peças afegãs em Londres trazem lições para
americana em 2010 drama os dias de hoje
Sucesso de bilheteria da produtora de animação O drama de Lynn Nottage, “Ruined”, sobre um grupo de Uma ambiciosa série de 12 novas peças sobre o Afe-
DreamWorks, “Shrek” tornou-se um musical tão bem mulheres no meio de uma guerra civil no Congo, ganhou o ganistão estreou em Londres, no Tricycle Stage, teatro com
sucedido quanto o filme, atualmente em cartaz na Broadway. Pulitzer 2009 para texto teatral. A peça é uma co-produção forte reputação política.
O papel do verde ogro na produção é feito pelo ator Brian do “Manhattan Theatre Club” e o “Goodman Theatre of Chi- O diretor do espaço, Nicolas Kent, disse que já era tem-
cago”, em cartaz nos Estados Unidos até dia 10 de maio. po de a Inglaterra, que tem um passado longo e difícil com o
d’Arcy James.
Os outros finalistas foram o Becky Shan, de Gina Gion- Afeganistão, dar atenção ao assunto.
O produtor Bill Damaschke disse que a peça realizará friddo e In the heights, de Lin-Manuel Miranda e Quiara Ale- “Quando eu fui fazer essa viagem (para o Afeganistão)
uma turnê, a partir de junho de 2010, a partir da cidade de gria Hudes. Os jurados deste ano foram o crítico o Dominic eu pensei ‘Estamos aqui no meio da guerra e fizemos diver-
Chicago, nos Estados Unidos. Paptola, John M. Clum, Jim Hebert, o roteirista David Henry sas peças sobre o Iraque... (e) tem pouquíssima cobertura
O elenco ainda não foi anunciado, mas a produção do Hwang e Linda Weiner. O prêmio inclui US$10,000 e cobre a sobre o Afeganistão”, afirmou Kent. Para ele, as peças com-
espetáculo fica por conta das letras de David Lindsay-Abaire produção das inaugurações nos Estados Unidos entre janeiro binam entretenimento, provocação de pensamento e uma
e música de Jeanine Tesori. Ive Andrade e dezembro. Ive Andrade lição histórica sobre o país. Ive Andrade
24 1º à 15 de Maio de 2009 Jornal de Teatro