Sunteți pe pagina 1din 64

FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • U r u g u a i 1


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

La FCCE es la más antigua Asociación de Clase dedicada – firmó Convenio com el CONSEJO DE CÁMARAS
exclusivamente a las actividades de Comercio Exterior. DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo que
Fundada en el ano 1950, por el empresário João Daudt representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio de los
de Oliveira (se debe a él la fundación de la Confederación siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA, CANADÁ,
Nacional de Comercio – CNC, 5 años antes), la FCCE CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO, PARAGUAY,
opera, ininterrumpidamente, desde hace más de 50 años, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y TOBAGO y
incentivando y apoyando el trabajo de las Cámaras Bila- VENEZUELA.
terales de Comercio, Consulados Extranjeros, Consejos Además de varias decenas de Cámaras Bilaterales de
Empresariales y Comisiones Mixtas a nivel federal. Comercio afiliadas a la FCCE en todo Brasil, forman parte
La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene ámbito de la Directoria actual los Presidentes de las Cámaras de
nacional y posee Vicepresidentes Regionales en diversos Comercio: Brasil-Grecia, Brasil-Paraguay, Brasil-Russia,
Estados de la Federación, operando también en el plano Brasil-Eslovaquia, Brasil-Republica Checa, Brasil-México,
internacional, a través de “Convenios de Cooperación” Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India,
firmados con diversos organismos de la más alta credibili- Brasil-China, Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indo-
dad y tradición, a ejemplo de la International Chamber of nesia, además del Presidente del Comité Brasileño de la
Commerce (Cámara de Comercio Internacional – CCI), Cámara de Comercio Internacional, el Presidente de la
fundada em 1919, con sede em París, y que posee más de Asociación Brasileña de las Empresas Comerciales Expor-
80 Comités Nacionales, en los 5 continentes, además de tadoras – ABECE –, el Presidente de la Asociación Brasile-
operar la más importante “Corte Internacional de Arbi- ña de la Industria Ferroviária – ABIFER –, el Presidente de
traje” del mundo, fundada en el año 1923. la Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores,
La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMER- el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecânicas y
CIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida General Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia
Justo, nº307, Río de Janeiro (Edifício de la Confederación de diversos Cônsules y diplomáticos extranjeros, entre
Nacional de Comercio – CNC), y mantiene com esta los cuales, el Cônsul General de la República de Gabón,
entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de Respaldo el Cônsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro
Administrativo y Protocolo de Cooperación Mutua”. Consejero Comercial de la Embajada de Portugal.
En un passado reciente, la FEDERACIÓN DE LAS La Directoria
CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE
DIRECTORIA PARA EL TRIENIO 2006-2009
President e

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 s t Vicepresident e

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

V i cepr es i dentes Vicepresidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
Gilberto Ferreira Ramos Vicepresiden te N o r te
Joaquim Ferreira Mângia Cláudio do Carmo Chaves
José Augusto de Castro
Vicepresiden te Sudes te
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vicepresiden te Sur
Arno Gleisner

D irecto res

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T’Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Con s ejo Fiscal (T itulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
Editorial

A República APOIO

Dominicana conta
com o Brasil
A América Central e o Caribe ocupam lugar de destaque na pauta internacional brasileira,
seja para comércio de bens e serviços, seja para parcerias e investimentos. Depois dos seminários
Brasil-Panamá, em 2006, e Brasil-América Central – que contemplou Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras e Nicarágua –, em 2007, chegou a vez de a FCCE priorizar um parceiro
de relevo naquela região: a República Dominicana.
O Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-República Dominicana,
promovido pela FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR – FCCE, trouxe
para o Brasil o vice-ministro de Estado do turismo e o vice-ministro de Estado da indústria e do
comércio daquele país. Trouxe, também, o diretor-executivo do Ministério de Exportações e
Investimentos e o diretor de energia da Secretaria de Indústria e Comércio da República Domini-
cana. As ilustres presenças, incluindo a do embaixador plenipotenciário, reforçaram a importância
conferida ao relacionamento com o Brasil, e foram um preparatório para a vinda do presidente
da República Dominicana, agendada para o dia 20 de junho. CONSELHO DE
A República Dominicana pode significar, para o Brasil, uma oportunidade sem igual em CÂMARAS DE COMÉRCIO
DAS AMÉRICAS
termos de aproveitamento das potencialidades oferecidas na região. O país apresentou o maior
crescimento, em termos de PIB, da América Latina, em 2006: 9,3%, e oferece aos investidores
um quadro de economia estável e de democracia solidificada. Expediente
O aumento consecutivo do preço do petróleo produziu uma crise energética e gerou um Produção
desequilíbrio na balança comercial da República Dominicana – o petróleo é importado em Federação das Câmaras de Comércio Exterior
– FCCE
larga escala. A opção por fontes de energia alternativas, tais como o etanol e o biodiesel, são Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
canais latentes de aproximação com o Brasil. A tradição no plantio de cana-de-açúcar atesta a e-mail: fcce@cnc.com.br
especialização no cultivo e a possibilidade de incentivar-se a cultura, de forma a produzir álcool Editor
e de fixar o homem no campo, combatendo o êxodo rural. A República Dominicana conta com O coordenador da FCCE

a parceria da Petrobras. Textos e Reportagens


Ana Redig
Importantes obras de infra-estrutura, como hidrelétricas, conduzidas por empresas brasileiras, Brunno Braga
como a Andrade Gutierrez, têm contribuído para consolidação do parque energético-hidráulico Edição e Arte
daquele país. Resh Comunicação
É mister citar, ainda, o acordo de livre comércio existente com os Estados Unidos; um incentivo Tel.: 55 21 2173 3553

para empresários brasileiros instalarem-se naquele país e atingirem o mercado norte-americano, e-mail: info@resh.com.br
Jornalista Responsável
com vantagens aduaneiras. Nesse contexto, deve ser lembrada, ainda, a existência de inúmeras
Claudia Dantas
zonas francas na República Dominicana.
Revisão
Este número traz para o leitor o resultado das discussões acerca dos principais temas envol-
Roberta Maia
vendo Brasil e República Dominicana, no último seminário bilateral realizado pela FCCE, no Fotografia
Rio de Janeiro. Christina Bocayuva
Secretaria
Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio
Boa leitura.
As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida
O EDITOR a reprodução dos textos, desde que citada a
fonte.
Sumário

6 E N T R E V I S TA 3 9 NEGÓCIOS
Para o embaixador Manuel Segundo Luiz Fernando Pires
Morales Lama, Brasil Augusto, membro do Comitê
pode se beneficiar nas de Financiamento e Garantia
relações com a República das Exportações, República
Dominicana, sobretudo Dominicana é destaque na
usando o país caribenho pauta de investimentos das
como plataforma para empresas brasileiras
terceiros mercados

BNDES administra linhas de financiamento


1 4 A B E RT U R A para grandes projetos no país
Seminário é marco no fortalecimento das
relações entre Brasil e República Dominicana 4 2 ENERGIA
Etanol e biodiesel
Comitiva dominicana é a maior são alternativas
de todos os eventos da FCCE para substituição do
petróleo e apontam
para um futuro limpo
com desenvolvimento

2 2 PA I N E L I 46 D E S E N VO LV I M E N TO
Crescimento acelerado: mais de 10% em 2007 Proximidade entre a Amazônia e Caribe
favorece parcerias proveitosas, especialmente

28 PA I N É I S I I E I I I entre zonas francas

Bioenergia e Zonas Francas podem render Empresas brasileiras investem em infra-


possíveis parcerias estrutura

3 4 E N C E R R A M E N TO 49 E X PA N S Ã O
Setor turístico acompanha desenvolvimento Andrade Gutierrez foca investimentos na
industrial e rápido crescimento do país América Latina

37 T U R I S M O Informação pode incrementar os negócios


Ilha é destino
número um do
Caribe e atrai,
5 1 C U LT U R A
principalmente, Merengue sai das
famílias americanas classes populares,
e canadenses conquista a
elite e ganha
reconhecimento
mundial

5 8 C U RTA S
EntrEviSta

“Brasil pode se
beneficiar muito nas
relações bilaterais
com a República
Dominicana”
O Embaixador Plenipotenciário da República
Dominicana no Brasil, Manuel Morales Lama,
acredita ser possível desenhar um futuro
promissor nas relações comerciais entre os países.
Médico dermatologista de formação inicial, Morales é bacharel em Direi-
to, mestre em Relações Internacionais e diplomata de carreira há 33 anos.
Há um ano e meio, é embaixador no Brasil. Anteriormente atuou como
embaixador na Venezuela, ocupando, também, a mesma posição em Israel
e Chipre, além de postos diplomáticos em diversos países da América La-
tina. No setor acadêmico, Morales possui vasta experiência no campo do
direito e das relações internacionais, escrevendo livros e artigos para jornais
e revistas especializadas. Segundo o embaixador, a realização do Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil – República Domi-
nicana foi de grande importância para aproximar e aprimorar o comércio
entre os dois países e aumentar o fluxo de investimentos brasileiros para a
ilha caribenha, sobretudo no setor de produção de etanol.

Para o senhor, qual a importância da de negócios e investimentos existentes


realização deste seminário? em nosso país. Estamos procurando nos
ML- O seminário serviu para ampliar os tornar cada vez mais conhecidos pelo
entendimentos comerciais entre o Brasil empresariado brasileiro. Esse seminário é
e a República Dominicana. Neste encon- o quarto evento realizado no Brasil no qual
tro, foram colocados os propósitos de se buscamos divulgar mais as potencialidades
promover e divulgar as oportunidades da República Dominicana, desde

 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 
EntrEviSta

que assumi o posto de embaixador. Dois


encontros foram realizados na Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo
– FIESP –, com o aval do Centro de Ex-
portações e Investimentos da República
Dominicana e do Ministério de Economia,
Desenvolvimento e Planificação da Repú-
blica Dominicana, respectivamente; e um
na Federação das Indústrias do Estado do
Rio Grande do Sul – FIERGS –, com o aval
do Conselho Nacional de Zonas Francas
de Exportação. Dessa forma, o seminário
realizado na FCCE veio para fortalecer as
relações entre os nossos países, sendo tra-
tados importantes assuntos, como inves-
timentos em infra-estrutura, parcerias no
campo dos combustíveis, financiamentos
e turismo. Somos países que, apesar de
falarmos idiomas diferentes, guardamos
grandes semelhanças tanto em relação à
Os Embaixadores Gonçalo de Mello Mourão e Manuel Morales Lama
composição étnica de nossos habitantes
quanto em outros aspectos como o reli- parceria entre os nossos países no campo fortes investimentos, sobretudo em-
gioso e o cultural. de produção de etanol. A República Domi- presas de grande porte do setor de
nicana foi incluída tanto pelo Brasil como infra-estrutura, como a construtora
A República Dominicana registrou, pelos Estados Unidos entre os países que Noberto Odebrecht e a Andrade
no ano de 2006, um aumento de 9,3% terão, em conjunto, projetos-piloto para Gutierrez. Outras empresas brasi-
em seu Produto Interno Bruto – PIB produção de etanol. Os demais países in- leiras estão por vir?
– , sendo esse crescimento, o maior cluídos são: El Salvador, Haiti e Saint Kitts ML- Tenho certeza que sim. O governo
índice do continente latino-ame- e Nevis. No campo da energia, o nosso brasileiro está se mostrando bastante
ricano. A que o senhor atribui esse governo considera a produção do etanol interessado em se expandir para a nossa
número tão expressivo? como um projeto altamente viável. Não região. Como prova disso, o presidente do
ML- Desde 2004, o nosso país vem re- esquecendo de mencionar as vantagens Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou o
gistrando crescimento considerável. Há ambientais que tem o etanol, é bom que Projeto de Internacionalização da Empresa
diversos fatores que contribuem para se ressalte que se trata de um combustível Brasileira, no último encontro Sica-Brasil,
isso: posição privilegiada, localizado no cuja geração depende completamente da realizado na Guatemala, no ano passado e
centro do Mar Caribe, muito próximo ao vontade e do trabalho do homem, o que que conta com fundos do Banco Nacional
principal mercado do mundo, os Estados contrasta, assim, com o que é obtido com de Desenvolvimento Social – BNDES.
Unidos; bom ambiente político, com uma os derivados de petróleo. A produção desse
das democracias mais estáveis do Caribe e
da América Latina e com um presidente,
o excelentíssimo senhor, doutor Leonel
Fernández Reyna, que conta com amplo
combustível, portanto, trará benefícios
sociais, gerando empregos nas áreas rurais,
assim como dará um grande impulso à
indústria açucareira. O Brasil terá um pa-
“ Esse seminário é o quarto
evento realizado no Brasil no
qual buscamos divulgar mais
apoio da população; possui um excelente pel importante nesse processo, já que ele as potencialidades da República
clima de harmonia e paz social para investi- acumula 30 anos de experiência no setor
Dominicana, desde que assumi


mento; apresenta um eficiente e adequado de produção de combustível extraído da
marco legal e mão-de-obra altamente cana-de-açúcar. o posto de embaixador
qualificada. Manuel Morales laMa
O governo brasileiro vem enfati-
Em relação a futuras parcerias no zando a importância da integração E quais são os estímulos que o
campo energético, como o Brasil latino-americana, sobretudo na governo da República Domini-
e a República Dominicana podem área econômica. Podemos ver, hoje, cana pode oferecer para atrair o
atuar em conjunto? algumas empresas brasileiras atuan- empresariado brasileiro a investir
ML- Vejo com grande otimismo uma do na República Dominicana com no país?

 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


ML- O Brasil pode beneficiar-se muito

Paixão pela diplomacia, nas relações bilaterais com a República


Dominicana, sobretudo usando o nosso

pelo direito e pelo comércio país como plataforma para terceiros e


atrativos mercados, como o norte-ame-
internacional ricano. Essas facilidades estão previstas
no Tratado de Livre Comércio América
Central, Estados Unidos e República Do-
O embaixador Manuel Morales Lama, diplomata de carreira e acadêmico, ingres- minicana Cafta-RD. Com ele, as empresas
sou no Serviço Exterior da República Dominicana há mais de 33 anos. Em 2003, ele brasileiras que se encontrarem no nosso
foi designado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário na República Bolivariana país terão as portas abertas para exportar
da Venezuela. Antes, já havia sido embaixador de seu país em Israel e Chipre. Há para os Estados Unidos que, entre outros
um ano e meio, ocupa o cargo de embaixador no Brasil. produtos, poderá incluir o etanol. Além
Tendo atuado no México, Costa Rica e El Salvador em missões diplomáticas, disso, temos um excelente programa de
desempenhou, também, funções consulares em diversas ocasiões e representou o incentivos nas nossas zonas francas. A nossa
país em congressos e outras conferências internacionais. Entre outras posições na legislação concede 100% de isenção de im-
chancelaria dominicana cabe destacar a de Embaixador Encarregado do Departa- postos por 15 anos, podendo ser renovável
mento de Assuntos Culturais e, também, o cargo de Embaixador Encarregado da para os impostos: de renda, importação e
Divisão de Assuntos Asiáticos. Lama foi o primeiro diplomata a ocupar a posição exportação, sobre transferência financeira,
de Coordenador da Comissão Editorial da Chancelaria dominicana, entre os anos entre outros. Nosso país conta, também,
de 1997 a 2000. com seis portos em funcionamento, com
Manuel Morales Lama tem formação acadêmica de médico dermatologista. “Mas, acessos tanto para o Oceano Atlântico
fui seduzido pela diplomacia e pelo direito internacional, verdadeiras paixões”. É, como pelo Mar do Caribe. No setor de
também, bacharel em direito e mestre em relações internacionais. Ele conta, ainda, transporte aéreo, o país tem, ao todo, oito
em seu currículo com outros cursos de especialização universitária, com destaque aeroportos internacionais, com mais de 50
para: direito internacional, negociações internacionais, comércio internacional, vôos internacionais diários para os Estados
ciência política e política exterior cultural. Unidos, Europa, América do Sul e Amé-
O Embaixador Morales incursionou também no meio acadêmico, no qual, há 20 rica Central. Temos, também, excelentes
anos, exerce docência em diversas disciplinas do campo de estudos internacionais, rodovias que conectam as províncias mais
tanto em universidades na República Dominicana como em outras fora do seu país. importantes do país.
Na Universidade Católica de Santo Domingo foi vice-reitor, de 1990 a 1993, e


diretor do mestrado em Relações Internacionais. Também foi diretor do curso de
Pós-Graduação em Comércio Exterior da PUCMM. Por muitos anos atuou como A República Dominicana foi
assessor para asuntos internacionais na reitoria da Universidade Iberoamericana incluída tanto pelo Brasil como
– UNIBE. pelos Estados Unidos entre os
Morales Lama é autor do livro “Diplomacia Contemporânea, Teoria e Pratica
para o Exercício Profissional”, obra que lhe rendeu, em 1997, o Prêmio Nacional
países que terão, em
de Didática Manuel de Jésus Peña y Reynoso, concedido pela Secretaria de Estado conjunto, projetos-piloto para
de Educação e Cultura da República Dominicana. Em 2004, o Instituto do Serviço
Exterior Manuel Maria Peralta do Ministério de Relações Exteriores e Cultura da
Costa Rica editou o livro “Temas de Relações Internacionais”, uma compilação de
produção de etanol
Manuel Morales laMa ”
artigos e trabalhos acadêmicos do diplomata. Em 2005, no exercício do cargo de
embaixador na Venezuela, o Instituto Pedro Gual de Altos Estudos Diplomáticos,
do Ministério das Relações Exteriores desse país, colocou em circulação um CD
contendo artigos, trabalhos acadêmicos e outros textos de autoria de Morales Lama.
Ao finalizar a sua missão de embaixador na Venezuela, ele foi homenageado com a
Ordem Franciso de Miranda de Primeira Classe.
O diplomata dominicano é membro do Instituto Hipano-Luso Americano de
Direito Internacional, instituição na qual ingressou, em 1996, como associado. Em
1999, foi para a Academia Mexicana de Direito Internacional, apresentando a tese
“Papel da Proteção Diplomática no Âmbito das Relações Internacionais”.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 


a BErtura

País oferece oportunidades para


os empresários brasileiros
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos é marco para o
fortalecimento das relações entre Brasil e República Dominicana

O 26º Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos reuniu representantes do governo e do meio empresarial do Brasil e da República Dominicana

A República Dominicana é um Seminário Bilateral de Comércio de relações internacionais, entre


país que ostenta um inestimável Exterior e Investimentos Brasil- outros convidados. Essa foi a 26º
patrimônio histórico, com gran- República Dominicana, realizado edição do seminário, que conta
des similaridades no campo sócio- na sede da Federação das Câmaras com o apoio do Ministério do
cultural com o Brasil. Apresenta de Comércio Exterior – FCCE Desenvolvimento, Indústria e
clima político estável e conta, –, no Rio de Janeiro, no dia Comércio Exterior e do Minis-
nos últimos anos, com um vigo- 15 de maio de 2007. O evento tério das Relações Exteriores,
roso crescimento econômico. Foi contou com a participação de conforme lembrou, no discurso
dessa forma, com a apresentação representantes dos dois governos, de aber tura dos trabalhos, o
de um Estado com perfil positivo membros do setor empresarial, presidente da instituição, João
e promissor, que teve início o acadêmicos e estudantes da área Augusto de Souza Lima.

14 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


a BErtura

“ A República Dominicana é um
santuário dos povos americanos
de Norte a Sul e seria um dever
de todos os habitantes deste
continente conhecer esse país e,
assim, aprender mais sobre os
lugares históricos que constituem
esse patrimônio

s e n a d o r s at u r n i n o B r a g a

mônio histórico em termos absolutos e


que não tem preço. Pois é, precisamente,
o primeiro solo americano tocado pela
nossa civilização européia de origem gre-

P
co-romana”, declarou. Segundo ele, essa
ara a sessão solene de abertura do Lima, tem realizado, e os resultados po- condição de primeira terra tocada pelos
seminário, compuseram a mesa: sitivos e importantes desses encontros”, europeus é ‘indestrutível’ e eleva o país
o Secretário-Adjunto de Assuntos disse o senador. aos patamares de destaque e importância
Internacionais do Ministério Fazenda, Luiz O político fluminense aproveitou a em todo continente americano.
Fernando Pires Augusto; o Gerente Exe- ocasião para traçar um diagnóstico otimis- “Foi lá que Colombo aportou depois de
cutivo das Américas da Petrobras, Samir ta em relação aos resultados obtidos nas sua dramática viagem e chegou a governar
Passos Awad; o Diretor de Biocombustível trocas comerciais do Brasil com o resto do a ilha, que ele chamou de Hispaniola por
da República Dominicana, Salvador Rivas; mundo, declarando que o país passa por algum tempo. A República Dominicana é,
o Diretor-Executivo do Ministério de uma fase bastante animadora em termos na verdade, um santuário dos povos ame-
Exportações e Investimentos da República de comércio internacional, sobretudo ricanos de Norte a Sul e seria um dever
Dominicana, Franklin Lithgow; a Cônsul- em suas exportações. Uma das razões, de todos os habitantes deste continente
Geral da República Dominicana no Rio segundo o senador, consiste no fato de o conhecer esse país e, assim, aprender mais
de Janeiro, Joselyne Rosário Romero; o Brasil ter solucionado o passivo cambial sobre os lugares históricos que consti-
Presidente da Câmara Oficial de Comércio que, por décadas, representou um grande tuem esse patrimônio”, disse. Além da
Brasil-República Dominicana, Jose Manoel problema nacional, apontando a eficiência sua importância histórica, continuou ele,
Dias Avelino; o Vice-Ministro de Estado do setor exportador brasileiro como um a República Dominicana apresenta toda
da Indústria e do Comércio da República dos principais responsáveis por esse feito uma estrutura produtiva e de recepções
Dominicana, Marcelo Puello; o Vice-Mi- recente. “Por muito tempo, o Brasil apre- turísticas que merecem destaque.
nistro de Estado do Turismo da República sentou enorme dependência em relação
Dominicana, Luis Simó; e o Embaixador ao fluxo de capitais externos e enfrentou Biocombustível
Plenipotenciário da República Dominica- os problemas em gerir os serviços da dí- Na área de energia renovável, Saturni-
na no Brasil, Manuel Morales Lama, que vida. Isso foi superado graças ao esforço no Braga ressaltou a vocação da República
proferiu o discurso oficial de abertura. do setor exportador: dos empresários Dominicana nesse setor. País que está
A sessão foi presidida pelo Senador da indústria, da agricultura e da área de inserido no que ele classificou como “veio
Roberto Saturnino Braga (RJ) que, na serviços”, afirmou. promissor que se abre”, ou seja, a produção
apresentação inicial, fez um balanço po- Após saudar entusiasticamente os de biocombustível. O senador lembrou
sitivo da série de seminários bilaterais representantes do governo dominicano, que o mundo está buscando alternativas
realizada pela FCCE, afirmando que essa Saturnino Braga traçou um breve his- de matriz energética. Seja em razão do
iniciativa contribui para qualificar ainda tórico do país caribenho, enfatizando a esgotamento do petróleo, seja em razão do
mais o debate acerca das oportunidades importância da República Dominicana aquecimento global, o senador afirma, sem
vislumbradas na área de comércio exterior para a história do continente americano. titubear, que a matriz energética certa-
para o Brasil. “Eu tenho acompanhado a “Trata-se de uma nação latino-americana mente irá mudar e que os biocombustíveis
sucessão de seminários que a FCCE , tão que possui um patrimônio que não se representarão papel importante para essa
brilhantemente presidida pelo Dr. Souza mede em pesos monetários. É um patri- mudança. “A República Dominicana e o

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 15


a BErtura

Brasil terão lugar assegurado de proemi- O embaixador também qualificou o Foram dois encontros na Federação das
nência nas próximas décadas na produção evento como bastante salutar no que tange Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP
deste tipo de combustível. É para esse à promoção de oportunidade de negócios e – e um na Federação das Indústrias do Es-
setor que devemos voltar toda a nossa investimentos a serem feitos por empresas tado do Rio Grande do Sul –FIERGS.
atenção”, afirmou o senador. brasileiras na República Dominicana. O di- “No campo dos intercâmbios eco-
Mesmo destacando a necessidade de se plomata teceu bons comentários à atuação nômicos e comerciais, essas foram três
incentivar uma sólida parceria entre Brasil dos Ministérios de Desenvolvimento, da importantes atividades com o apoio da
e República Dominicana para a produção Indústria e Comércio Exterior e das Rela- Embaixada da República Dominicana,
de biocombustíveis, ele defendeu que é ções Exteriores na busca pela aproximação realizadas no ano passado. A primeira
preciso que também se busque outros do comércio bilateral. Como prova disso, delas aconteceu na FIESP, e contou com
espaços para a intensificação de contatos ressaltou o embaixador, é que o seminário a participação do senhor Juan Temístocles
entre os dois países nas mais diversas áreas. na FCCE foi o quarto evento no qual ele, Montás, atual Secretário de Estado de Eco-
“Uma maior amplitude nas nossas relações representando o governo do seu país, di- nomia, Desenvolvimento e Planejamento
vai proporcionar mais e melhores conheci- vulgou e promoveu as potencialidades de da República Dominicana, como expositor
mentos nas esferas políticas, diplomáticas, investimentos na República Dominicana. principal. Na FIERGS, ocorreu o segun-
comerciais e turísticas”.

Nações Irmãs
Após o término do seu discurso, o
presidente da sessão passou a palavra
ao Embaixador Plenipotenciário da Re-
pública Dominicana no Brasil, Manuel
Morales Lama. Logo no início, o embai-
xador elogiou a iniciativa da FCCE para
a realização do seminário, acrescentando
que este encontro servirá como marco
para o fortalecimento das relações entre
os dois países, tanto na área econômica
como no campo comercial. Para Morales
Lama, Brasil e República Dominicana
vivem um ótimo momento no campo da
aproximação política e, como evidência
desse processo, destacou a visita do Pre-
sidente da República Domicana, Leonel
Fernández, em junho, ao Brasil, atendendo
o convite feito pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.

“ Somos povos que falam idiomas


diferentes, mas bastante próximos
na religiosidade, no componente
étnico e nas manisfestações
culturais. No campo da arte, do
folclore, da gastronomia,
entre outros, considero essas seme-
lhanças mais intensas do que
aquelas que ocorrem nas demais
nações latino-americanas
Manuel Morales laMa ”
1 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana
a BErtura

do encontro, que teve como expositora Com esse projeto, que tem recursos do
principal Luisa Fernández, diretora do
Conselho Nacional de Zonas Francas de
Banco Nacional de Desenvolvimento
Social, o diplomata acredita que grandes O que é o
Exportação da República Dominicana, e
foi dirigido aos fabricantes de calçados do
investimentos poderão ser tocados em seu
país. De fato, a República Dominicana já
Tratado
Brasil. O terceiro encontro foi intitulado
Seminário sobre Oportunidades de Ne-
conta com empreendimentos vultosos
conduzidos por empresas brasileiras de
Cafta-RD ?
gócios e Investimentos na República Do- grande porte na área de infra-estrutura, O Tratado de Livre Comércio da
minicana, realizado novamente na FIESP, como a Andrade Guitierrez. América Central e República Do-
tendo como expositor principal o diretor Por fim, o embaixador destacou as minicana (Cafta-RD ou Dominican
executivo do Centro de Exportação e semelhanças entre os povos brasileiro Republic-Central America Free Tra-
Investimentos da República Dominicana, e dominicano. “Não há dúvidas de que de Agreement), também conhecido
o Secretário de Estado Eddy Martínez”, Brasil e República Dominicana nutrem, como TLC CA-DR-USA (Tratado
disse o embaixador. há muitas décadas, relações fraternas. de Livre Comércio entre América
Em relação às oportunidades de ne- Apesar das distâncias geográficas que Central, República Dominicana e
gócios oferecidas pelo país, Lamas citou nos separam, felizmente os avanços tec- Estados Unidos) é um tratado de livre
as vantagens que as empresas brasileiras nológicos e de comunicação, um marco comércio entre os Estados Unidos,
poderão ter caso decidam instalar ba- da chamada globalização, funcionam Costa Rica, El Salvador, Guatemala,
ses nas Zonas Francas, pois elas terão junto ao processo de integração. Somos Honduras, Nicarágua e República
asseguradas plataformas de exportação povos que falam idiomas diferentes, mas Dominicana. Está em vigência em
para os demais mercados, em especial que se aproximam na religiosidade, no todos esses países, desde março de
o americano, favorecendo-se das linhas componente étnico e nas manisfestações 2006, com exceção da Costa Rica.
do Tratado de Livre Comércio Caribe, culturais. No campo da arte, do folclore, A República Dominicana entrou
Estados Unidos e República Dominicana da gastronomia, entre outros, considero para o bloco em 2004. O objetivo
– Cafta-RD. Entre as oportunidades que essas semelhanças mais intensas do que desse acordo é a criação de uma zona
mais se avizinham, conta o diplomata, está aquelas que ocorrem nas demais nações de livre comércio, semelhante ao
a produção de etanol, na qual ressaltou que latino-americanas”, afirmou o diplomata, Tratado de Livre Comércio da Amé-
já está firmado um acordo entre Brasil e que concluiu: “Esse seminário, sem dúvi- rica do Norte – NAFTA –, no qual
Estados Unidos. da, resultará em frutíferos beneficios para participam Canadá, Estados Unidos
Além disso, o embaixador considerou ambas as nações, servindo para renovar e e México.
bastante positiva a iniciativa do presidente consolidar os nossos vínculos ancestrais. O Cafta-RD também é visto como
Lula ao lançar o Projeto de Internaciona- Felizmente, nossos povos e governos um passo em direção à criação da Área
lização da Empresa Brasileira na América dão passos firmes, certeiros e efetivos de Livre Comércio das Américas –
Central e Caribe no encontro Sica-Brasil, em prol do ideal da confraternização ALCA. O acordo elimina de imediato
realizado na Guatemala, no ano passado. internacional”. 80% das tarifas sobre as mercadorias
dos EUA na região, e as demais serão
eliminadas gradativamente em dez
anos. Das importações do Cafta-RD,
80% já entram nos EUA com isenção
de impostos. O Cafta-RD propicia
igualdade de condições mediante a
ampliação do acesso dos bens e serviços
dos EUA. Como resultado, sua imple-
mentação não implicará em reduções
substanciais nos impostos aduaneiros
das importações americanas, quando
comparadas com as dos demais países
do acordo. Segundo estudos levantados
pelos agentes do bloco comercial, a área
compreendida pelo Cafta-RD totaliza
um comércio no valor de cerca de US$
15 milhões por ano.
Membros do setor empresarial e representantes do governo compareceram ao evento

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 1


a BErtura

Comitiva dominicana é a maior


de todos os seminários da FCCE
Evento destaca aquecimento das relações bilaterais e a importância da
visita do presidente Leonel Fernandéz ao Brasil no mês de junho

O presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima, ressaltou que este foi o mais expressivo grupo enviado por um país aos seminários da federação

A República Dominicana compareceu ao Seminário pela FCCE. Além do Embaixador Plenipotenciário da


Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil República Dominicana, Manuel Morales Lama, esti-
e República Dominicana com uma grande e importante veram presentes ao evento a Cônsul-Geral no Rio de
comitiva. O presidente da Federação das Câmaras de Janeiro, Joselyne Rosario Romero, os Vice-Ministros do
Comércio Exterior – FCCE –, João Augusto de Souza Turismo e da Indústria e Comércio, e dois Diretores
Lima, destacou que este foi o maior e mais expressivo Executivos de setores estratégicos: Energias Alternati-
grupo enviado por um país aos seminários realizados vas, e Exportações e Investimentos.

1 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


a BErtura

A
Cônsul-Geral Joselyne Rosario – pois esta é uma energia limpa – , como o mercado norte-americano isentos de
Romero, que acabava de chegar de no setor sócio-econômico”. Puello refere- impostos, aproveitando as facilidades que
seu país, se disse muito confiante se à geração de emprego e à possibilidade temos em nosso país graças ao CAFTA-
com a intensificação das relações entre de reverter um quadro de migração do RD (Tratado de Livre Comércio entre
Brasil e República Dominicana. “As rela- campo para as cidades que vem acontecen- América Central, República Dominicana
ções diplomáticas e comerciais entre os do desde que o preço do açúcar no mer- e Estados Unidos).
dois países vêm melhorando a cada dia”, cado internacional despencou, deixando Recentemente, os presidentes George
disse ela. “Ambos têm grandes chances de muitos colonos sem trabalho. W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva assi-
crescerem juntos e a vinda do presidente “Nossa tradição é o cultivo da cana-de- naram um acordo trilateral em torno dos
Leonel Fernandéz, no mês de junho, só açúcar. Nosso povo sabe trabalhar a terra. biocombustíveis e procuravam um país
consolida essa parceria”, aposta. Se empresários brasileiros se instalarem parceiro na América Central para com-
Para Joselyne Romero, o país caribenho em nosso país para produzir o etanol, pletar a parceria. A República Dominicana
precisa muito do Brasil, sobretudo nos poderão contar com o fornecimento da apresenta-se como o parceiro ideal. Além
setores de energia alternativa, veículos, matéria-prima, que é nossa especialidade”, da proximidade com os Estados Unidos e
produtos eletrônicos acabados e peças para destacou. Puello mostrou-se interessado o já existente acordo de livre comércio, o
a indústria automobilística. Ela fez questão em participar, também, de projetos em país caribenho deu provas de ser um país
de destacar a competência e o sucesso da torno do biocombustível, produzido a sério em relação aos seus credores, o que
presença nacional em projetos de infra- partir da mamona e, ainda, em estágio tem aumentado o volume de investimen-
estrutura, já em andamento na República inicial, se comparado ao etanol. tos brasileiros naquele país. “Há três anos
Dominicana. Grandes construtoras bra- Outro interesse dominicano são os consecutivos nossa economia está estável e
sileiras estão trabalhando na substituição veículos produzidos para circular com com crescimento anual em torno dos 10%.
de usinas movidas a óleo diesel por hidre- esses combustíveis alternativos, em que o Agora é hora de crescermos; portanto, re-
létricas, para gerar energia; em projetos Brasil é pioneiro. “Os brasileiros têm 30 lações com países como o Brasil são muito
de fornecimento de água encanada; e na anos de experiência com esses veículos bem-vindas”, destacou o vice-ministro.
construção de grandes obras na área de e criaram essa preciosidade que são os O Diretor-Executivo do Ministério
transportes, como rodovias e o metrô da veículos flex. Em contrapartida, a Repú- de Exportações e Investimentos da Re-
capital, Santo Domingo. “Encontros como blica Dominicana tem acordos de livre pública Dominicana, Franklin Lithgow,
este seminário bilateral são importantes comércio com os Estados Unidos que concorda. Ele é responsável por todos os
porque estimulam mais empresários a permitirão a investidores brasileiros insta- programas e projetos desenvolvidos com
conhecere o nosso país e a fazer novos lados na República Dominicana acessarem países estrangeiros e está animado com o
investimentos”, avaliou.

“ Os dois países têm grandes


chances de crescerem juntos, e
a vinda do presidente Leonel
Fernandéz, em junho, só
consolida esta parceria

J o s e ly n e r o s a r i o r o M e ro

Marcelo Puello,Vice-Ministro de Esta-


do da Indústria e Comércio da República
Dominicana, destacou a importância da
experiência brasileira com a produção do
etanol e com os veículos movidos a esse
combustível. “Nós temos, hoje, dependên-
cia total do petróleo, por isso queremos
que o Brasil invista nessa área em nosso
país. Além disso, temos tradição no culti-
vo da cana, ou seja, podemos ter ganhos
adicionais, tanto na área de meio-ambiente

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 1


a BErtura

das relações entre Brasil e República


Dominicana. “Já temos, hoje, algumas das
mais importantes empresas brasileiras ex- Proximidades começam com
portando alta tecnologia e infra-estrutura
para o nosso país. São construtoras que valores e estratégias políticas
detêm um grande know-how, e que estão
trabalhando em obras significativas como
As relações bilaterais entre Brasil e República Dominicana sempre foram cordiais
hidrelétricas, aquedutos e rodovias.” em todos os planos. Desde a visita do ex-presidente Hipólito Mejía ao Brasil, em
Lithgow revelou que já iniciou conver- 2003, essa relação tem se intensificado. Em junho de 2004, ainda antes de sua posse,
sas sobre a possibilidade de o Banco do o atual presidente, Leonel Fernández, esteve no Brasil, para participar da XI Confe-
Brasil instalar-se naquele país, pois não rência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – Unctad –, em São
há nenhum banco brasileiro operando Paulo, e reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Leonel
na República Dominicana. Isso facilitaria Fernández indicou claramente seu interesse em fortalecer as relações entre os dois
algumas operações para os investidores países. O presidente dominicano destacou que o Partido da Liberação Dominicana
brasileiros. Além disso, a presença de um – PLD –, pelo qual se elegeu, tem pontos comuns com os valores e estratégias da
banco brasileiro no país poderia colaborar nova esquerda latino-americana, o que facilitaria a condução do aprofundamento
com o processo de absorção de tecnologia das relações com o Brasil.
no setor de automação bancária, que é Além dos projetos de infra-estrutura, energias alternativas e tecnologia agro-
altamente desenvolvido hoje no Brasil. pecuária, a República Dominicana tem grande interesse pela cooperação técnica
O diretor-executivo disse, ainda, que já brasileira. A cooperação intelectual existente se dá principalmente no campo da
estão em curso algumas negociações de formação e treinamento de dominicanos no Brasil. Inúmeros programas radiofônicos
comércio bilateral preferencial entre os de música popular brasileira são ouvidos em todo o país. O mesmo ocorre com as
dois países, mas que provavelmente esses telenovelas da Rede Globo.
acordos só serão fechados depois da visita A semelhança da composição étnica entre os dois países, as raízes africanas e ibé-
do presidente Fernandéz ao Brasil, que ricas comuns, o gosto pela música e pela dança, fazem com que Brasil e República
ocorreu em junho. Dominicana possam vislumbrar muito mais do que acordos comerciais, podendo
Como Vice-Ministro de Estado do Tu- criar variadas oportunidades de cooperação cultural, educacional e esportiva. Pro-
rismo, Luis Simó, aposta no intercâmbio gramas de cooperação entre universidades, como já ocorre hoje entre a Universidade
setorial. “Nosso foco principal é o turismo Autônoma de Santo Domingo e o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da
de praia, onde temos muito know-how. Já Universidade Federal do Paraná, têm, a partir da intensificação das relações bilaterais
estivemos outras vezes no Brasil, mas pela Brasil-República Dominicana, muitas chances de se multiplicarem.
primeira vez vamos realizar uma oficina
sobre turismo de praia, em São Paulo. Será
uma troca muito interessante”, disse. O
objetivo é fazer os empresários brasileiros
conhecerem melhor o setor e promover
o intercâmbio de experiências. Somos
dois países belíssimos, com grande apelo
turístico. Precisamos trabalhar bem e criar
novos produtos. Assim, poderemos trocar
não apenas fluxo turístico, mas conceitos,
idéias e investimentos”, completou.

“ Nós dependemos totalmente do


petróleo. Como temos tradição
no cultivo da cana-de-açúcar, se
o Brasil investir em energias
alternativas em nosso país,
poderemos ter um grande ganho
sócio-econômico e ambiental
Marcelo Puello ”
20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana
painEl i

República Dominicana cresceu


mais de 10% no ano passado
País é destino de 70% dos investimentos brasileiros na América Central
Qual o peso dos investimentos bra-
sileiros na América Central e, em
especial, na República Dominicana,
e como o governo e as empresas
podem atuar nessa região? Essas e
outras questões foram levantadas e
discutidas no painel I do Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil – República
Dominicana, que teve como tema
Exportação de Serviços: Infra-
Estrutura na América Central.
hO painel foi presidido pelo Di-
retor-Executivo do Ministério de
Exportações e Investimentos da Franklin Lithgow, do Ministério de Exportações e Investimentos da República Dominicana, no painel I

O
República Dominicana, Franklin Diretor-Executivo do Ministério uma economia aberta, que movimenta
de Exportações e Investimentos uma quantia estimada em US$ 14 mi-
Lithgow, e teve como expositores da República Dominicana, Franklin lhões, entre importações e exportações”,
o Secretário-Adjunto de Assuntos Lithgow, fez uma detalhada apresentação afirmou. Ao mostrar o gráfico do desem-
sobre os dados econômicos do país cari- penho econômico do país nos últimos dez
Internacionais do Ministério da benho. Ele, primeiramente, explicou as anos, ele disse que mesmo diante de uma
Fazenda, Luiz Fernando Pires Au- funções do setor que representa, focadas profunda crise bancária, em 2003 – que
na promoção dos produtos e nas vantagens resultou em uma queda no PIB de -2% – , a
gusto; o Assessor da Diretoria de para se investir na República Dominicana. República Dominicana conseguiu superar
Coordenação da América Latina da Em seguida, passou informações demo- os problemas e, já no ano seguinte, voltou
gráficas e geográficas sobre o país, que para a lista dos dos países que mais crescem
Construtora Andrade Gutierrez, tem 9 milhões de habitantes, distribuídos no mundo.
num território de 48,7 quilômetros qua- “Ao investir em educação, marco ju-
Flávio H. Drummond Mattos; e o
drados, localizado no centro da região do rídico, infra-estrutura (o país tem nove
Gerente-Executivo para as “Amé- Caribe. aeroportos internacionais e 12 portos que
O país, que tem PIB/per capita esti- dão acesso ao Oceano Atlântico e ao Mar
ricas” da Petrobras, Samir Passos mado em US$ 3.500, teve uma taxa de do Caribe) e mão-de-obra qualificada,
Awad. crescimento de 10,7% no ano passado. temos o objetivo de satisfazer a demanda
“Fomos a economia que mais cresceu da economia global com um alto rendi-
no mundo depois da China. A República mento; explorar novos horizontes com
Dominicana é um país de transição.Temos criatividade; e reformar a economia, para

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painEl i

ra no exterior. Segundo ele, uma vez que


esses investimentos são para operações de
financiamento de longo prazo, é necessária
a atuação do governo em áreas nas quais
empresas e bancos privados não têm con-
dições de atuar. “O Estado brasileiro tem
que preencher essa lacuna que a iniciativa
privada não pode ocupar e, quando os me-
canismos estiverem mais ágeis, a iniciativa
privada encontrará um terreno melhor
para investir e tocar o barco de melhor
maneira”, afirmou.
Em seguida, o secretário fez um breve
histórico do Comitê de Financiamento e
Garantia das Exportações – COFIG –,
órgão responsável pela liberação de finan-
elevá-la a um alto grau de excelência”, maior país da América Latina. “Vamos ciamentos para exportação de serviços.
declarou Lithgow. Segundo ele, em razão fazer negócios juntos. Agora me permito Nesse resumo histórico, Pires Augusto
desses investimentos, o país recebeu entre convidá-los a descobrir um mundo novo contou que o COFIG onde trabalha, foi
os anos de 2002 e 2006, cerca de US$ 5,5 de negócios, de grandes oportunidades, criado em 2004, a partir da junção de
bilhões em Investimentos Estrangeiros seguras e confiáveis”, concluiu. dois comitês: o Comitê de Crédito à
Diretos – IED. Exportação – CCEX –, que tratava do
Para Lithgow, os pontos positivos da Apoio estatal Programa de Financiamento às Exporta-
República Dominicana, que fazem do país Para explicar o papel do governo bra- ções – Proex –; e o Conselho Diretor de
um bom porto para investimentos, são a sileiro no processo que busca viabilizar Fundo de Garantia às Exportações – CFGE
estabilidade política, desfrutada há quase investimentos na região, o Secretário- –, que tratava das garantias vinculadas a
meio século; a boa localização geográfica, Adjunto de Assuntos Internacionais do operações de crédito a exportação. “Eles
principalmente pela proximidade aos Esta- Ministério da Fazenda, Luiz Fernando foram extintos depois de percebermos
dos Unidos, o maior mercado do mundo; Pires Augusto, iniciou a sua fala destacando que esses dois comitês não eram muitos
o acesso preferencial à União Européia; e a importância da intervenção estatal para ágeis. Havia uma demanda muito forte
o Tratado de Livre Comércio da América investimentos brasileiros em infra-estrutu- dos exportadores e eles não conseguiam
Central e República Dominicana – Cafta-
RD –, esse último, em vigor desde março
de 2007.
O setor de telecomunicações, que
concentra as principais empresas insta-
ladas no país, foi o que mais cresceu nos
últimos anos. “Os dominicanos consomem
mais horas de celular do que os usuários
americanos”, declarou. Ele afirmou, ainda,
que o governo dominicano está buscando
parcerias para fomentar o setor de alta
tecnologia do país. “Decidimos investir
recursos na construção do Parque Ciber-
nértico de Santo Domingo, importante
para nos inserir no mundo moderno e,
assim, poder dar respostas rápidas aos
investimentos que estão se alocando em
nosso país.”
Ao término de sua apresentação, Li-
thgow afirmou que o seu país tem muito
a aprender com o Brasil e está pronto
para firmar parcerias comerciais com o Luiz Pires, do Ministério da Fazenda, detalhou os três mecanismos oficiais de apoio às exportações

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 23


painEl i

atuar de forma satisfatória. Assim, deci- leira de Crédito à Exportação – SBCE. Já o programa BNDES-Exim, que conta
dimos dar maior agilidade juntando os Os três mecanismos oficiais de apoio com recursos do próprio BNDES, tem
dois comitês em um só”, disse Pires. “O às exportações brasileiras – Proex, BN- como modalidade o Financiamento Pós-
COFIG tem as atribuições de enquadrar DES-Exim e FGE – foram detalhados pelo Embarque. “Quando falamos em exporta-
e acompanhar as operações do Proex e do secretário. Pires Augusto explicou que o ções de serviços, não podemos deixar de
Fundo de Garantia à Exportação – FGE Proex, que tem como agente financiador falar do BNDES, que é um grande agente
– , estabelecendo parâmetros e condições o Banco do Brasil, tem recursos do Tesou- nesse setor. As operações de serviços de
para a concessão de assistência financeira ro Nacional e possui duas modalidades: infra-estrutura representam projetos de
e de garantia da União às exportações Financiamento e Equalização de Taxas longo prazo. Por isso, necessitam também
brasileiras”, completou. de Juros (ETJ). “Esses programas visam, de financiamentos expressivos. O BNDES
basicamente, atender a pequenas e médias conduz operações, sendo que muitas delas
COFIG empresas nas operações em que há acor- têm prazos de maturação de 15 anos a 20
Composto por sete membros, o CO- dos bilaterais entre o governo brasileiro e anos”.
FIG tem na presidência o Secretário-Exe- demais países. O programa de ETJ, tem Já o Fundo de Garantia à Exportação,
cutivo do Ministério do Desenvolvimento, como objetivo dar maior competitividade que também conta com recursos do
Indústria e Comércio Exterior, Ivan Rama- e criar maior demanda às exportações Tesouro Nacional, é gerido pela Segura-
lho. Além dele, o comitê é formado por brasileiras, trazendo as taxas de juros ex- dora Brasileira de Crédito à Exportação
representantes do Ministério das Relações ternas a um parâmetro mais compatível – SBCE. Esse mecanismo apresenta como
Exteriores, Ministério da Agricultura, aos nossos custos. É um programa com modalidade o Seguro de Crédito à Expor-
Pecuária e Abastecimento, Ministério do o qual o governo brasileiro alavanca as tação – SCE –, concedido para operações
Planejamento, Orçamento e Gestão, Casa exportações. cursadas no Convênio de Pagamentos e
Civil da Presidência da República e da Créditos Recíprocos – CCR.
Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada
ao Ministério da Fazenda. O comitê conta,
“ O etanol é, sem dúvida, o
carro-chefe do da
E qual seria o papel do COFIG nessas
operações de crédito? Augusto Pires expli-


ainda, com a participação de entidades cou que, primeiramente, há um entendi-
convidadas do Banco do Brasil, Banco Petrobras e do Brasil mento entre o exportador e o importador
Nacional de Desenvolvimento Econômico s a M i r P a s s o s a wa d de um determinado bem ou produto. Em
e Social – BNDES – e da Seguradora Brasi- seguida, ambos escolhem o melhor mo-

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painEl i

delo a ser empregado no financiamento apoiado, desde 2004, vultosos volumes agenda,(ele estava previsto para fazer a sua
– Proex ou BNDES-Exim – e o seguro de de exportações para essa região. Segundo exposição no painel II), solicitou a ante-
crédito à exportação. Depois da operação os dados apresentados pelo secretário cipação da sua participação no seminário.
fechada e acordada entre os agentes, elas durante o seminário, o montante de ex- O representante da Petrobras abordou o
são levadas ao COFIG. Essas operações portações financiadas para esse bloco de tema dos biocombustíveis e a importância
são analisadas por todos os membros países totaliza US$ 983,5 milhões, sendo do Brasil nesse setor de matriz energética
do comitê, que determinam os rumos, que República Dominicana representa alternativa. “Hoje não vim aqui falar de
aprovando ou indeferindo os projetos ali 70% deste total, com US$ 687,2 milhões. petróleo. Vim aqui com um recado mais
apresentados. “O COFIG, diferentemente “Como podemos perceber, a República direto sobre a área de biocombustíveis
de outros comitês, tem a prerrogativa de Dominicana tem um acesso muito bom ou, como muitos conhecem, energia re-
se reunir todo o mês, é um comitê que tem ao crédito brasileiro para as exportações. novável. Há muito tempo, desde o início
sido muito ágil e pelo o que podemos ver Desse valor, 75% das operações já estão do Proalcool, a Petrobras está associada à
da reação dos nossos exportadores, temos concretizadas. O restante (25%) está em produção de combustíveis renováveis, que
atendido bastante as demandas”, afirmou fase final de fechamento”, disse Pires Au- agora se transformam não só no etanol,
o secretário. gusto, acrescentando que a construção de mas também no biodiesel, que mistura
hidrelétrica de Las Placetas e a venda de diesel mineral com o vegetal, contribuindo

“ O Aqueduto Noroeste está


beneficiando 800 mil pessoas na
aviões Tucano da Embraer estão entre os
projetos aprovados pelo comitê. “As ope-
com isso para economia de divisas e uma
redução de emissão de gases poluentes”,


rações de infra-estrutura respondem por afirmou Awad logo no início da sua apre-
República Dominicana 76% do total de investimentos brasileiros sentação.
F l á v i o d r u M M o n d M at t o s para a República Dominicana”, disse, ao Segundo o gerente da estatal petrolífe-
final da sua apresentação. ra, do ponto de vista estritamente técnico,
Com relação ao fluxo de investimen- O palestrante seguinte foi o Gerente- o petróleo vai continuar sendo o principal
tos brasileiros para a América Central, Executivo da Petrobras para as “Américas”, componente da matriz energética do mun-
Pires Augusto revela que o COFIG tem Samir Passos Awad, que, por motivos de do, pelo menos para os próximos

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 25


painEl i

cem anos. Para ele, a questão é como as ciclo integrado, da agricultura à indústria ano passado, o Brasil conseguiu a auto-
novas fontes, ou até mesmo antigas fontes automobilística. Quando, em meados da suficiência e passou a se tornar levemente
– energia eólica e carvão –, serão utiliza- década de 80, o petróleo baixou de preço, um exportador de petróleo. Isso, porque
das. “Não existe hoje perspectiva de substi- o etanol, que já era caro, ficou proibitivo. o etanol que abastecemos nos postos de
tuição completa do petróleo por um outro “O etanol acabou sumindo dos postos, gasolina acaba correspondendo a 400 mil
combustível menos poluente ou mais e ninguém mais falava de carro a álcool. barris de petróleo/dia. Se levarmos em
atrativo economicamente”, declarou. Só que, quando recentemente o petróleo conta que consumimos hoje cerca de 2
Sobre o etanol, ‘uma realidade no Bra- entrou num movimento de alta, alta essa milhões de barris de petróleo/dia, en-
sil’, Awad afirmou que o produto sofreu que persiste até hoje, o debate sobre a tão, essa economia corresponde a quase
um movimento de ondas. “O Proálcool busca por combustíveis alternativos voltou um quinto desse volume”. Esse sucesso
surgiu no Brasil, na década de 70 quando à pauta”. acabou por fazer com que os olhos do
ainda não havia divisas para obter petróleo. mundo se voltassem ao Brasil. “Por esse
Naquela época, o barril de etanol produzi- Vantagens motivo”, contou Awad, “a Petrobras está
do pelo país custava praticamente o dobro Para Awad, hoje, o Brasil conta, ao atualmente trabalhando com outros países
do barril de petróleo, devidamente infla- contrário do que ocorria na década de para viabilizar o uso do etanol. O etanol
cionado pelos dois choques de petróleo 70, com vantagens comparativas bastan- é, sem dúvida, o carro-chefe da Petrobras
da década de 70. O governo brasileiro da tes consolidadas, sobretudo em razão do e do Brasil”.
época, no entanto, escolheu gastar esse desenvolvimento do agronegócio. Ele Entre os países que a estatal vem fir-
dinheiro internamente, fomentado a pro- conta que, atualmente, o mesmo barril mando parceria para a venda de etanol,
dução da cana-de-açúcar e a transformação de etanol produzido custa entre US$ 30 Awad citou a Nigéria, a África do Sul e a
da cana em etanol”, relembrou. e US$ 40, enquanto o barril de petróleo Venezuela. De acordo com ele, essas par-
O executivo da Petrobras disse que oscila entre US$ 60 e US$ 70. “Isso é um cerias funcionam para levar tecnologia bra-
esse processo motivou um verdadeiro ganho de competitividade tremendo. No sileira, desde a agricultura até a produção
Andrade Gutierrez / Divulgação

O projeto do Aqueduto Noroeste foi feito em duas etapas, teve um custo final de US$ 251 milhões, e beneficia, atualmente, mais de 800 mil pessoas

2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painEl i

deste combustível, e assim fazer com que acordos de cooperação. Dessa forma, tra- lhões, e temos outra concessão para a
os outros países executem o mesmo ciclo balharemos para fazer um mundo melhor, construção, a operação e manutenção
realizado pelo Brasil. Essas parcerias tam- seja em termos de ar respirado, seja em de um novo aeroporto nesta capital por
bém estimulam as exportações brasileiras, termos de economia”, concluiu. 25 anos. Ele será um aeroporto com ca-
suprindo a demanda imediata do mundo O último palestrante do painel foi o pacidade para 3 milhões de passageiros.
por etanol. Em relação ao biodiesel, Awad Assessor da Diretoria de Coordenação Já estamos em construção e a primeira
conta que esse produto representa um fe- de Projetos para a América Latina da etapa será finalizada em 2010”, declarou.
nômeno mais recente. “Não que o biodie- Construtora Andrade Gutierrez, Flávio Em relação ao controle da CCR, que é ‘a
sel seja novo, ele já existe na Europa desde H. Drummond Mattos. Ele iniciou o maior empresa de concessões da América
a I Guerra Mundial, onde era fabricado a seu discurso fazendo um levantamento Latina’, conforme o executivo, a empresa
partir de gordura animal em locais de di- da participação da empresa no Brasil e é responsável pelas concessões de estra-
fícil acesso e que consumiam diesel para o no exterior. Com projetos de engenharia das como a Via Dutra – trecho Rio-São
seu próprio consumo. O Brasil por muito em diversos países de quase todos os Paulo – e a auto-estrada Bandeirantes
tempo foi importador de diesel. Havia continentes, o executivo revelou que a – que liga a capital de São Paulo ao inte-
toda uma questão ambiental em cima do construtora resolveu ampliar, em 2000, rior desse estado.
consumo de diesel e a utilização de diesel seus negócios e, hoje, conta com partici-
vegetal misturado ao mineral foi fruto de pações nos setores de geração de energia Hidrelétrica
intensas pesquisas”, afirma. e de telecomunicações. Quanto aos investimentos da constru-
O diesel produzido pelo Brasil, que é “A Andrade Gutierrez possui, hoje, tora na República Dominicana, Mattos
uma mistura de vegetal – extraído basi- 714 contratos no Brasil. No exterior, afirmou que a empresa está presente
camente do óleo de mamona – ao diesel estamos com 62 contratos, sendo que 42 em um dos mais importantes projetos
mineral, não é tão atrativo economicamen- deles estão em desenvolvimento. Fazemos de infra-estrutura do país caribenho.
te, segundo Awad, quanto o etanol, mas, parte do controle acionário da Telemar, “Tivemos um crescimento de 50% no
como o combustível extraído da cana-de- presente em 16 estados. Temos o serviço ano passado em relação ao ano anterior.
açúcar, tem um grande respaldo social, de telefonia celular OI e serviço de inter- Estamos em 24 países. Na República Do-
pois sua produção emprega brasileiros e net banda larga Velox. Temos, também, a minicana realizamos o projeto Aqueduto
fixa o homem no solo. “Existe hoje uma maior empresa de call center do Brasil”, Noroeste, que foi feito em duas etapas”,
cultura intensiva de mamona no Norte do disse Mattos. disse. A primeira, com um custo de US$
Brasil, onde a Petrobras tem usinas-piloto. 162 milhões, e a segunda etapa a um valor
A gente pretende, até o inicio do ano que de US$ 89 milhões. “O Aqueduto Noro-
“Como podemos perceber, a
vem, implantar o biodiesel na bomba. este está beneficiando 800 mil pessoas
Geraremos empregos e divisas internas República Dominicana tem um da República Dominicana”, completou
no Brasil, colaborando assim para redução acesso muito bom do crédito Mattos.
de emissão de gases poluentes. O mesmo Falando sobre o projeto hidrelétri-
trabalho que o governo brasileiro fez e brasileiro para as exportações. co Las Placetas, no qual a construtora
tem feito com o etanol, se repete com o Desse valor, 75% dessas responde pelo controle de 50%, Mattos
biodiesel. Vejo com satisfação o governo contou que se trata de um projeto a ser
da República Dominicana elegendo re- operações já estão concretizadas. realizado em duas etapas. “Já colocamos
presentantes para tratar exclusivamente O restante (25%) está em fase cerca de US$ 15 milhões de dólares para
do negócio de biocombustível e vários iniciarmos os estudos de viabilidade
outros países que também começam a se final de fechamento” econômica”, declarou. Ele explicou que
voltar para esse produto”, disse o gerente luiz Fernando Pires a hidrelétrica consistirá na construção
da Petrobras. de duas represas: a represa de Sabaneta
Em relação às parcerias da Petrobras Segundo o assessor da construtora, na – que terá 10 metros de altura e 60 me-
com a República Dominicana no setor de área de concessões públicas, a Andrade tros de largura. A área de drenagem é de
biocombustíveis, o gerente da empresa Gutierrez atua pela empresa AG Conces- aproximadamente 270 quilômetros qua-
revelou que ainda não há nada de concreto. sões, respondendo por 77% do grupo. drados; e a represa de Jagua – que terá
Demonstrou, contudo, certo otimismo Mattos revelou que as concessões mais uma altura de 65 metros e 200 metros
para acordos nessa área num futuro próxi- importantes da empresa são: Quiport e de largura, com uma área de drenagem
mo. “Assim como temos acordos com paí- Companhia de Concessões Rodoviárias de 85 quilômetros quadrados. De acordo
ses vizinhos, tenho certeza que a Petrobras – CCR. “Quiport é a concessão do aero- com ele, o projeto trará ganhos para a
e o Ministério de Minas e Energia estarão porto de Quito (Equador), onde temos economia dominicana, além de produzir
abertos para discutir o assunto e firmar investimentos ao redor de US$ 620 mi- pouco impacto ambiental e social.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 2


painéiS ii E iii

Da esquerda para a direita, Joselyne Romero, Luis Simó, Gonçalo Mello Mourão e Manuel Morales Lama compuseram a mesa dos painéis II e III

Bioenergia e Zonas Francas


podem render possíveis parcerias
Investimento no etanol e exportações estão na pauta dos dois países
Os painéis II e III do Seminário e Energia e Exportações Brasileiras de Comércio Exterior, João Augusto
Bilateral de Comércio Exterior de Produtos Manufaturados e Bens de Souza Lima, que convidou o Em-
e Investimentos Brasil-República de Capital/ A Zona Franca da Re- baixador Gonçalo Mello Mourão,
Dominicana foram fundidos para pública Dominicana como Portal de Diretor Geral do Departamento do
atender à agenda dos participantes. Entrada para o Mercado Americano. México, América Central e Caribe,
Os temas tratados foram Parcerias A abertura dos painéis foi feita pelo do Ministério das Relações Exterio-
Bilaterais nos Setores de Bioenergia Presidente da Federação das Câmaras res para presidir os trabalhos.

2 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painéiS ii E iii

A
mesa dos painéis II e III foi composta dos preços do petróleo, a crescente preo- termos de biocombustíveis no mundo.
pelo Embaixador Plenipotenciário cupação com o aquecimento global e com Para ele, essa experiência permitirá ao país
da República Dominicana, Manuel o meio ambiente – fortemente atingido alcançar uma verdadeira independência
Morales Lama; pela Cônsul-Geral daquele pelo uso excessivo de combustíveis fósseis dos combustíveis fósseis, abrindo uma
país no Rio de Janeiro, Joselyne Rosário – têm levado os países a optar por essas grande oportunidade de negócios entre o
Romero; e pelos Vice-Ministros de Estado fontes renováveis de energia. “Existe um Brasil e República Dominicana. “Espera-
de Turismo da República Dominicana, Luis reconhecimento de que é preciso subs- mos ter o etanol como um dos produtos
Simó, e da Indústria e Comércio, Marcelo tituir o uso de combustíveis fósseis por essenciais de nossa cesta de combustíveis,”
Puello. Salvador Rivas, Diretor de Ener- fontes alternativas de energia, que são disse Rivas.
gias Alternativas da República Dominicana acessíveis e ambientalmente sustentáveis. Esta é a terceira vez que o engenheiro
também fez interessante exposição, assim Esse contexto nos leva ao etanol, que é vem ao Brasil para tratar de biocombus-
como os convidados brasileiros Luiz Filipe uma energia limpa e renovável. Extraí- tíveis, e afirmou que a República Do-
de Castro Neves, Gerente de Comércio do da cana-de-açúcar, preserva o meio minicana tem aprendido bastante com a
Exterior do Banco Nacional de Desenvol- ambiente e ainda causa impactos sociais experiência brasileira, “um exemplo para
vimento Econômico e Social – BNDES –, e e econômicos positivos, pois gera divisas a América Latina”, como avaliou. Rivas
Oldemar Ianck, Superintendente-Adjunto e reduz a dependência ao petróleo. Além salientou que a República Dominicana pre-
de Projetos da Superintendência da Zona disso, contribui com o desenvolvimento cisa de fortes investimentos neste campo e
Franca de Manaus – Suframa. Renata di do setor de transporte e a geração de que o acordo firmado recentemente entre
Bernardo, gerente Internacional da Copa energia elétrica”, destacou. os presidentes Bush e Lula vai impulsionar
Airlines, completou a mesa. Marcelo Puello lembrou que o Brasil alguns projetos. No documento, Brasil e
O Embaixador Gonçalo Mello Mourão é, praticamente, o único país produtor Estados Unidos se comprometem a esco-
abriu a sessão agradecendo, em nome de etanol em escala mundial, e que está lher um terceiro país na América Central
do Ministério das Relações Exteriores, fazendo um grande esforço para, junta- e Caribe para firmar um acordo trilateral
o trabalho que a Federação vem de- mente com os Estados Unidos, selecionar que permita o Brasil fornecer etanol ao
sempenhando no apoio à promoção do um país do Caribe ou da América Central mercado norte-americano, por meio da
Brasil no exterior. Mourão disse que o para desenvolver um projeto-piloto que exportação via países que têm acordos de
Presidente da República Dominicana, permita realizar esta substituição do pe- livre comércio com os Estados Unidos,
Leonel Fernandéz, que visitou o Brasil tróleo pelo etanol. como a República Dominicana. Para ele, a
no dia 20 de junho, sua primeira visita escolha do país caribenho não é casual.
oficial, tornando a realização do seminário Biocombustíveis A cana-de-açúcar já foi um setor im-
ainda mais interessante, conveniente e útil O engenheiro Salvador Rivas, Diretor portante no desenvolvimento da economia
como preparação para este encontro. O de Energias Alternativas da República Do- dominicana, mas desde o processo de pri-
embaixador passou, então, a palavra para minicana, destacou o Brasil como pioneiro vatização e da queda do preço do açúcar
o pronunciamento especial do Vice-Minis- mundial neste campo, tendo alcançado o no mercado internacional, a área ficou
tro de Estado de Comércio Exterior da desenvolvimento mais significativo em bastante lacerada. “Desde a década de 80
República Dominicana, Marcelo Puello.
Puello disse que cerca de 1,6 bilhão
de pessoas, de acordo com informe do
Banco Mundial de 2005, carece de acesso
ao fornecimento de energia moderna e
estável no mundo. A maioria encontra-
se em países em desenvolvimento, onde
aproximadamente 54% dos habitantes
carecem desses serviços. “Uma das formas
de conseguir um desenvolvimento efetivo
nesses países consiste em satisfazer esta
demanda não coberta, por meio do uso de
fontes alternativas de energia, garantindo
seus serviços, de forma estável, constante
e acessível, tanto em termos econômicos
para o usuário e respeitando o meio am-
biente e os recursos naturais”.
Segundo o vice-ministro, o aumento
Segundo Salvador Rivas, a República Dominicana gasta cerca de 10% de seu PIB com petróleo

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 2


painéiS ii E iii

empresários brasileiros têm recebido ajuda


não-reembolsável do governo brasileiro
para apoiar o desenvolvimento da agroin- República Dominicana quer retomar
dústria da cana na República Dominicana,” investimentos na cana de açúcar
e utilizar o álcool como uma
destacou Rivas. “Agora temos a oportuni-
alternativa ao petróleo
dade de retomar os investimentos para a
cana-de-açúcar e inaugurá-la como instru-
mento de desenvolvimento do nosso país
neste novo milênio, aproveitando o grande
mercado que nos abre”, completou.
Em sua exposição, Salvador Rivas
explicou o marco legal, datado da década
de 50, criado para enfrentar a grave crise
internacional do petróleo. A legislação
passou a permitir a mistura do etanol à
gasolina em até 40%. Terminada a crise,
o processo continuou para que a Repú-
blica Dominicana pudesse criar as bases
do mercado para receber empresas que
queiram produzir o etanol para o consu-
mo local e para a exportação. A primeira
etapa deste programa prevê a mistura de
5% a 25%, chegando a este percentual
em cinco anos.
O biodiesel, fabricado a partir da
mamona, também interessa à República
Dominicana. “Temos solo e clima propí-
cios e pensamos, em uma segunda etapa
do programa, em produzir biodiesel para
realizar uma mistura de 10%.” Por esta ra-
zão, o engenheiro já estuda a possibilidade
da entrada no país dos veículos flex fuel.
“Queremos abrir nosso mercado interno
também para uso direto nos veículos,
como é, hoje, a frota brasileira”.
O interesse da República Dominicana
pelos combustíveis alternativos não se
limita à necessidade de o país se livrar da
dependência do petróleo, que consome
10% de seu PIB anual. A adoção do etanol de 3.500 colonos, pessoas que possuem que seja reidratado nos Estados Unidos,
em larga escala gera dois efeitos colaterais terrenos dedicados ao cultivo da cana e estará acessando um mercado de 150 mi-
positivos. “Um é a nossa contribuição ao que são o suporte das empresas produ- lhões de galões por ano, isento de taxas”,
meio ambiente, deixando de queimar toras de açúcar. Atualmente, toda essa salientou.
gasolina e diesel e mitigando um pouco produção está voltada para a exportação
os efeitos desses gases na atmosfera. O para os EUA. Incentivos
segundo é o ganho social, pois permite que Salvador Rivas destacou que o Tratado A lei de incentivo a energias renováveis
os dominicanos – que vêm migrando para de Livre Comércio da República Do- na República Dominicana levou mais de
as cidades em busca de empregos – voltem minicana com os Estados Unidos é uma nove anos para ser aprovada e abre gran-
a plantar em suas terras para abastecer grande oportunidade para os empresários des oportunidades aos investidores. Há
o mercado da cana”, observou Rivas. O brasileiros, pois permite que operem benefícios fiscais e aduaneiros de isenção
engenheiro disse que existem hoje, na como se dominicanos fossem. “Se uma total até 2020 para todos os insumos e
República Dominicana, 15 engenhos, mas empresa brasileira se instala em nosso país equipamentos para a geração de produtos
apenas cinco estão em operação. Há cerca para desidratar e exportar o etanol, para como o etanol e outras fontes de energias

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painéiS ii E iii

Financiamentos

Geraldo Falcão/Banco de imagens Petrobras


Castro Neves iniciou sua apresentação
informando que o BNDES tem, hoje,
ativos totais maiores do que o Banco
Mundial e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, e que, desde 2000,
tem destinado entre 30% e 35% de seus
recursos ao financiamento às exportações.
O BNDES é um dos principais financiado-
res da República Dominicana, com mais
de US$ 500 milhões em exportações de
bens e serviços brasileiros para diversos
projetos naquele país, tendo desembol-
sado, somente no ano passado, R$ 52
bilhões.
“O BNDES disponibiliza financiamen-
tos com taxas e prazos competitivos para
exportadores brasileiros com o objetivo
de fortalecer as empresas brasileiras,
aumentar a base exportadora e o nível
de emprego e renda e, desde a posse do
presidente Lula, com o intuito de pro-
mover a integração da América do Sul”,
explicou Neves. Atualmente, o apoio do
BNDES é direcionado a bens de maior
valor agregado. São bens de capital,
máquinas e equipamentos, serviços de
instalação e montagem dessas máquinas
e equipamentos, serviços de engenharia
e infra-estrutura. O banco pode financiar
até 100% das exportações brasileiras de
bens e serviços, com prazo máximo de 12
anos, incluindo a carência.
Luis Filipe de Castro Neves explicou
que o BNDES tem duas grandes linhas de
financiamento. As linhas pré-embarque
são operações domésticas realizadas com
o exportador brasileiro, para que este
tenha capital de giro para produzir para
renováveis. Essa lei também permite que tão energética na República Dominicana e exportação. Já a linha pós-embarque
os investidores em produção de energias salientou que o governo dominicano vem objetiva financiar a comercialização de
alternativas – incluindo elétrica – possam propondo soluções para este problema bens e serviços brasileiros no exterior e
gozar de redução de 75% no imposto de com muita seriedade, e que, por isso, o é o foco principal da instituição, tendo
renda, para que tanto empresas como pes- país foi um dos quatro selecionados pelo chegado a recursos na ordem de US$ 6,4
soas físicas possam investir no setor. Brasil e Estados Unidos para a formação de bilhões. É nesta linha que o Banco tem
Salvador Rivas finalizou sua apresenta- cooperação trilateral neste campo. operado intensamente com a República
ção com uma frase do presidente Leonel Para falar de uma cooperação que já Dominicana.
Fernandéz, que traduz a seriedade do rende bons frutos, Mourão convidou, Luis Castro Neves explicou que o custo fi-
projeto dominicano: “Um país que não tem Filipe de Castro Neves, gerente de co- nanceiro dessa linha está atrelado à taxa in-
definida uma política energética não pode mércio exterior do BNDES para expor as terbancária do mercado londrino (Libor),
avançar em seu desenvolvimento”. atividades que o banco vem desenvolvendo e que o BNDES aplica uma remuneração
O Embaixador Mello Mourão agrade- por meio do apoio a empresas brasileiras básica em torno de 1%, que pode variar
ceu a completa apresentação sobre a ques- na República Dominicana. ligeiramente. Somado a isso é acrescido

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 31


painéiS ii E iii

um spread de risco que vai variar de acordo


com as garantias formatadas. “O BNDES “ O etanol preserva o meio am-
biente e traz impactos sócio-


aceita diversas possibilidades de garan-
tias para cada operação. E ainda analisa econômicos significativos.
propostas isoladamente, caso uma nova Marcelo Puello
forma de garantia seja oferecida”, escla-
receu. O BNDES tem usado o Convênio nova feição, com o Decreto Lei 288/67,
de Pagamento de Créditos Recíprocos que define, em seu artigo primeiro, seu
– CCR –, que funciona entre os países da objetivo: criar no centro da Amazônia um
Associação Latino-Americana – ALADI pólo, um centro industrial, comercial e
de Integração e a República Dominicana agropecuário. “Hoje temos indústrias de
para garantir suas operações naquele país. tecnologia de ponta, mecânica, eletroele-
“Basicamente é um mecanismo de com- trônica, bens de informática, produção de
pensação de créditos e débitos. De quatro conhecimento por meio dos institutos de
em quatro meses os bancos centrais dos pesquisa da academia e o desenvolvimento
dois países envolvidos analisam todas as regional na área agrária, além do desenvol-
aplicações cursadas no CCR, fazem um vimento comercial”, disse Ianck.
acerto de contas e somente o saldo da Segundo o superintendente, a Zona
conta é transferido de país a país”, expli- Financiamentos do Franca de Manaus produziu, em 40 anos,
cou. Luis Filipe de Castro Neves disse que investimentos de capital fixo em empresas
este mecanismo é usado desde os anos 80 BNDES na RD nacionais e estrangeiras na ordem de US$
e é muito eficiente para financiar grandes 8 bilhões. “Estamos em um processo con-
Em amortização:
projetos nacionais, como obras de infra- tínuo de crescimento. Em 2006 apresen-
estrutura. US$ 242 milhões tamos uma marca de US$ 22,8 bilhões de
“Como o banco central do país deve- Aqueduto Noroeste, faturamento, e como importamos insumos
dor assume o risco desta operação junto Central Hidrelétrica Pinalito não produzidos no Brasil, em torno de US$
ao banco central do país credor, deixa e Sinalização Viária de Santo Do- 5,8 bilhões, conclui-se que tivemos uma
de existir o risco comercial na operação, mingo agregação nacional de valor da ordem de
tornando-a bastante atrativa. O Banco US$ 17 bilhões. É um número expressivo
Central do Brasil trabalha com a cober- Contratados / em desembolso: em qualquer parte do mundo”, concluiu.
tura do Seguro de Crédito à Exportação De acordo com Oldemar Ianck, a
US$ 67 milhões
de Longo Prazo, ou seja, com o risco de instalação das empresas na região trouxe
Tesouro Nacional, conseguindo um spread Ampliação do Aqueduto Noroeste mais do que divisas: a Zona Franca de
de risco e uma taxa final para o importador e Sinalização Viária de Manaus responde por 65% dos impostos
muito competitivos,” destacou. Santo Domingo Fase II arrecadados na região Norte do país.Toda a
No que diz respeito à República Do- atividade desenvolvida também gerou uma
Aprovados / em contratação:
minicana, os investimentos têm-se con- melhoria em infra-estrutura – hidrovias,
centrado na geração de energia e obras US$ 243 milhões rodovias, portos e aeroportos – para dar
de infra-estrutura, que já somam US$ Aqueduto Samaná e conta das atividades e do escoamento dessa
552 milhões em créditos aprovados. São Centrais Hidrelétricas Palomino, produção. “Além disso, houve uma irradia-
US$ 242 milhões em amortização, US$ Las Placetas e Pinalito Fase II ção de efeitos sócio-econômicos positivos
67 milhões contratados ou em fase de em conseqüência de todo o investimento
TOTAL US$ 582 milhões
desembolso e, ainda, US$ 243 milhões feito pela Suframa nessa área da Amazô-
em contratação para desembolso nos nia, em função de uma taxa de serviços
próximos anos. Zonas francas administrativos que arrecadamos e, ainda,
Castro Neves aposta na manutenção O Superintendente-Adjunto da Sufra- um efeito não planejado, mas muito inte-
deste nível de operações nos próximos ma, Oldemar Ianck, foi o expositor se- ressante, que é a preservação da Floresta
anos. “A República Dominicana tem me- guinte e apresentou um perfil completo do Amazônica, já que toda essa produção se
lhorado muito sua classificação de risco e que é hoje a região conhecida como Zona concentra em uma cidade”, explicou.
sua situação econômica. Esperamos que Franca de Manaus. Concebido para pro-
isso abra mais espaço para que o BNDES mover a integração da Amazônia Ocidental Indústria de ponta
possa financiar ainda mais projetos naquele com o restante do país, nasceu como um Os principais segmentos instalados na
país”, finalizou. porto franco, em 1957, e adquiriu uma Zona Franca de Manaus são eletroele-

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


painéiS ii E iii

trônicos e bens de informática, além do cultivados de dendê.” Oldemar Ianck ex-


setor de veículos de duas rodas – espe- plicou que o de óleo de dendê alcança uma
cialmente fabricação de motocicletas -, produção de mais de 6 ton/ha, enquanto
termoplástico, metalúrgico, mecânico e a soja consegue algo em torno de 2,5
químico – extratos para produção de re- ton/ha. “A possibilidade de a República
frigerantes, refino de petróleo e produção Dominicana investir na cultura do dendê
de resinas, que funcionam em processos é muito real,” sugeriu.
de encadeamento de produção bastante
interessante. A geração de empregos é Desenvolvimento sustentável
outra conseqüência positiva destacada Ainda no ramo agropecuário, Ianck
pelo superintendente-adjunto da Suframa. destacou a importância do apoio dado
“Em 2006, foram gerados mais de 100 mil à agricultura familiar, que produz fruti-
empregos diretos, aplicados nas atividades cultura variada, avicultura e piscicultura.
do Distrito Industrial e, dentro do estado “A criação de peixes como o Tambaqui e
do Amazonas há uma geração de mais de o Pirarucu, em cativeiro, é uma grande
500 empregos diretos e indiretos, puxados potencialidade que vem sendo desenvol-
por esta locomotiva.” vida na região”, lembrou. No campo da
O planejamento estratégico da Sufra- fruticultura, um dos grandes negócios é o
ma para 2020 prevê o foco central nas
exportações, mas em uma plataforma de
desenvolvimento sustentável. Para tanto,
processamento das frutas para produção de
sucos e de polpa para exportação. “No caso
dos produtos regionais, trabalhamos no
“ A base do desenvolvimento
sustentável é potencializar a
produção, agregando o máximo de
a Zona Franca faz investimentos em cen- moderno modelo de Arranjos Produtivos
tros de tecnologia e implantação, alguns Locais – APLs”, explicou. valor possível, usando tecnologia
em parceria com importantes centros de O açaí, por exemplo, que antes gerava e mão-de-obra local, incentivando
estudos e universidades de todo o país, e menos de um salário mínimo para os co-
o cidadão a continuar morando e


que fazem parte da política industrial tec- letores extrativistas, ganhou tecnologia e
nológica de comércio exterior do governo processo. Com novas técnicas de coleta, preservando a floresta.
brasileiro. transporte e armazenagem, e com o fi- oldeMar ianck
Entre os muitos projetos apresentados nanciamento de uma fábrica cooperativa,
por Iank, está uma feira internacional que o setor busca aproveitar o máximo da local, incentivando o cidadão a continuar
no próximo ano irá para sua quarta edição. fruta. A fábrica foi montada com o apoio morando e preservando a floresta. Esta é a
da Suframa, Banco do Brasil, Centro de base do desenvolvimento sustentável”.

“ Um país que não tem definida


uma política energética não pode
Biotecnologia da Amazônia, governo
do estado da Amazônia e prefeitura de
Para Ianck, outra grande potencialidade
do interesse da República Dominicana,


Codajás. “Só essa cooperativa deverá ex- seria o turismo ecológico que pode ser
avançar em seu desenvolvimento. portar mais de R$ 1 milhão em polpa de desenvolvido de forma a complementar o
Presidente leonel Fernandéz açaí para os Estados Unidos, com selo do turismo de praia do Caribe. O Norte do
FDA americano. Um trabalho integrado Brasil está mais próximo geograficamente
“Este é um evento que, além de fazer a de produtores que agregaram valor ao seu do Caribe do que os grandes centros brasi-
promoção comercial e de investimentos, produto e, hoje, ganham mais do que o do- leiros. Os amazonenses têm feito das praias
apresenta diversos seminários voltados bro do que recebiam com o extrativismo caribenhas seu principal destino turístico,
para logística, infra-estrutura, desenvolvi- puro”, orgulha-se. não só pela proximidade geográfica, mas
mento regional sustentável e tecnologia”, A idéia, segundo Oldemar Ianck, é pela facilidade de acessar a região através
explicou Iank. aproveitar tudo o que a planta pode ofe- de uma estrada de 2.200 km que liga Ma-
Na área de bioenergia, o superinten- recer: além da polpa, é possível produzir naus à Venezuela.
dente disse que há projetos realizados corantes, óleos, licor, sorvetes, bombons, Para finalizar a exposição do painel
pelo Centro de Pesquisa Agroflorestal geléias e torta. Para a indústria de cosméti- II/III, o Embaixador Mello Mourão apre-
da Amazônia Central, da Embrapa. “O cos, esfoliantes e sabonetes. Sem falar em sentou a Gerente Internacional da COPA
Centro Nacional de Pesquisa em Dendê produção de artesanato, móveis e xaxim Airlines, Renata di Bernardo, que ofereceu
está instalado no distrito, com 500 hecta- a partir das folhas da palmeira do açaí, e uma passagem de ida e volta, com acom-
res plantados, uma mini-usina que serve do próprio palmito. “Nosso trabalho é po- panhante, para a República Dominicana.
como referência, e há o desenvolvimento tencializar e fazer o maior valor agregado Foram sorteados, também, dois aparelhos
de uma pesquisa para produzir os melhores possível, usando tecnologia e mão-de-obra celulares Motorola.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 33


EncErramEnto

País combina desenvolvimento


nos setores turístico e industrial
Subsecretário de Estado de Turismo da República Dominicana ressaltou
rápido crescimento da nação e convidou os brasileiros para uma visita

O subsecretário de Estado de Turismo da República Dominicana, Luis Simó, fechou o evento da FCCE destacando as semelhanças entre os dois países

Com palavras de carinho ao povo Comércio Exterior e Investimentos Embaixador Gonçalo Mello Mou-
brasileiro, mostrando-se disposto Brasil – República Dominicana. rão; o Vice-Ministro de Estado de
a trabalhar por uma maior aproxi- Compunham a mesa da sessão o Indústria e Comércio da República
mação entre Brasil e República Do- Superintendente-Adjunto de Pro- Dominicana, Marcelo Puello; o Di-
minicana e dando amplo destaque jetos da Superintendência da Zona retor de Biocombustível da Repú-
ao setor de turismo do seu país, o Franca de Manaus – Suframa –, blica Dominicana, Salvador Rivas;
Subsecretário de Estado de Turismo Oldemar Ianck; a Cônsul-Geral da o Gerente de Comércio Exterior
da República Dominicana, Luis República Dominicana, Joselyne do Banco Nacional de Desenvolvi-
Simó, marcou a sua participação no Rosário Romero; o Diretor-Geral mento – BNDES –, Luiz Filipe de
evento ao fazer o pronunciamento do Departamento do México, Amé- Castro Neves; e a Gerente Inter-
especial na sessão solene de encer- rica Central e Caribe do Ministério nacional da Copa Airlines, Renata
ramento do Seminário Bilateral de das Relações Exteriores – MRE –, di Bernardo.

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


EncErramEnto

S
imó iniciou o seu discurso agra-
decendo a iniciativa da Federa-
ção das Câmaras de Comércio
Exterior em realizar o evento. Em seguida,
teceu elogios ao Brasil, chamando-o de
país irmão, por apresentar cultura tão
semelhante à da República Dominicana.
“Quando cheguei aqui, comecei a ouvir,
já no aeroporto, palavras como samba,
lambada, caipirinha – essa, uma palavra de
muito sabor – e, sobretudo, Rio, a Cidade
Maravilhosa, como é conhecida. Dias atrás,
eu fui ao Museu Nacional do Brasil e pude
ver todo o processo de colonização que se
deu por aqui, a fundação de Olinda, do Rio
de Janeiro e de outras cidades importan-
tes. Graças a esse excelente instrumento ao mais poderoso desenvolvimento da
turístico que é o museu, percebi a evolução
desse maravilhoso povo, que é o brasilei-
ro”, afirmou.
Ele destacou que as similaridades não
Europa, graças ao trabalho de milhões e
milhões de escravos africanos do Brasil,
mas que chegaram primeiro à costa norte
do nosso país. Foram eles que condiciona-

Somente na área de
investimento em infra-estrutura,
o governo está investindo cerca
residem apenas nos aspectos culturais ram o processo de acumulação de capitais de US$ 250 milhões para
e étnicos, mas também no processo de e que conduziram, de forma natural, o
desenvolvimento histórico dos países. desenvolvimento dos países capitalistas.
construção de aquedutos, de um
Segundo ele, a República Dominicana Sem o trabalho desses milhões de escravos, centro de tratamento de
foi, juntamente com o Brasil, um dos
pioneiros no desenvolvimento da indústria
açucareira. “Nossos países deram início
não teria sido possível o desenvolvimento
econômico da Inglaterra, França, Holanda
e outros países europeus”, declarou.
água potável e de rodovias
luis siMó ”
Ministério do Turismo da República Dominicana / Divulgação

A indústria hoteleira é a que recebe a maior fatia de investimentos voltados ao setor de turismo; 6.000 hotéis estão sendo construídos no país

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 35


EncErramEnto

Desenvolvimento na década de 80, 15 mil habitações ho-


O subsecretário disse que muitos se teleiras. “Para o quatriênio 2004-2008
surpreendem com o fato de a República pretendemos crescer para mais 15 mil
Dominicana ser um país sem recursos e, novas habitações. Só que desta vez, com
que mesmo assim, pode combinar desen- melhores ofertas complementares, mais
volvimento turístico e industrial. Em um variedades e, sobretudo, com um melhor
período de apenas 30 anos, esse pequeno desenvolvimento de produtos turísticos”,
país, de apenas 48 mil quilômetros qua- declarou. “Os preços dos hotéis variam de
drados, conseguiu alcançar um desenvol- US$ 400 a US$ 900 a diária, o que traz
vimento turístico impressionante. um tipo de turista que propicia maior
“A República Dominicana continua consumo”, completou.
assombrando o mundo e, sobretudo a Ele disse, contudo, que o turismo do-
América Latina, por sua enorme ca- minicano não se restringe apenas ao sol e
pacidade de crescimento econômico”, à praia, mas, também, a produtos como,
declarou. Para ele, a razão do expressivo por exemplo, hotéis onde os turistas pos- característica especial. Somos um povo
crescimento econômico do país, que no sam beber vinhos de qualidade e comer que se parece muito com os brasileiros.
ano passado registrou aumento de 10,7% comidas sofisticadas. Há também campos Os dominicanos adoram dançar. Gosta-
em seu Produto Interno Bruto – PIB –, é de golfe e, recentemente, o governo está mos de salsa, merengue. É impossível que
decorrência do incremento do turismo. investindo na promoção do ecoturismo. um brasileiro vá à República Dominicana e
“Somente na área de infra-estrutura, o Por isso, ele falou que o governo domi- não encontre uma referência cultural, nos
governo está investindo cerca de US$ 250 nicano buscou na legislação fomentar o parecemos muito. Mais importante do que
milhões para construção de aquedutos, de desenvolvimento turístico para pólos de os hotéis, restaurantes e o ambiente físico
um centro de tratamento de água potável escasso desenvolvimento. “Vocês já ouvi- (rios, lagos, parques temáticos), é o povo.
e de rodovias”, declarou o político. ram falar de Puntacana, Puerto Plata, San- E o povo dominicano, como o brasileiro,
Os projetos realizados e os que estão to Domingo, mas acredito que não tenham é muito caloroso e hospitaleiro”.


por vir, de acordo com Simó, falam por si. ouvido falar de Monte Cristi ou Barahona.
Nós queremos que esses pólos recebam Quando cheguei aqui,
Entre outros empreendimentos, ele citou
a inauguração do Aeroporto Internacional maior quantidade de investimentos e essa comecei a ouvir, já no
Juan Bosch, a construção de uma rodovia lei é para que o investidor receba maiores aeroporto, palavras como
que vai ligar a cidade de Santo Domingo incentivos”, ressaltou.
Por fim, o subsecretário resolveu fazer samba, lambada, caipirinha
com Samana, um promissor destino turís-
tico da República Dominicana. “Essa rodo- uma conclamação para que os brasileiros – essa, uma palavra de muito
via estará finalizada no mês de dezembro visitem o seu país. Atualmente, o fluxo de sabor – e, sobretudo, Rio,
turistas é dominado pelo Canadá e Estados
e permitirá que se vá de Santo Domingo a Cidade Maravilhosa


a Samana em duas horas”. A indústria Unidos que, juntos, correspondem a 54%
hoteleira, contudo, ainda é a que recebe a do total de visitantes que a República como é conhecida
maior fatia dos investimentos voltados ao Dominicana recebe por ano. “Temos uma luis siMó
setor de turismo. De acordo com Simó,
estão sendo construídas 6.000 habitações
Ministério do Turismo da República Dominicana / Divulgação

hoteleiras. São projetos de importantes


empresas que estão investindo em campos
de golfe e, também, em turismo residen-
cial. “Dessa forma, temos uma grande
diversidade de produto turístico nacional”.
A essa diversidade, Simó fez referência à
presença de restaurantes, grandes marinas
e parques temáticos.
O milagre turístico dominicano se
explica pela promulgação de uma legis-
lação, ainda nos anos 70, que garantiu a
isenção de quase 100% de imposto para
o desenvolvimento da indústria turística.
Esse quadro permitiu ao país instalar, já Atrações dominicanas não se restringem ao sol e à praia, por isso, o governo investe no ecoturismo

3 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


turiSmo

Destino número um do Caribe


República Dominicana possui uma rede de 560 hotéis e atrai,
principalmente, famílias americanas e canadenses
De acordo com o jornal americano a ilha conta com uma rede de 560 Terra na língua nativa) reflete esse legado
no autêntico sabor das Caríbas e no ritmo
The New York Times, a Repúbli- hotéis para todos os gostos e nove de festa. O visitante encontra uma vibran-
ca Dominicana “está ganhando aeroportos internacionais. São dois te vida noturna; ambiente para a prática
de esportes variados, desde golfe até
cada vez mais reconhecimento na capital Santo Domingo, dois em mergulho; zona colonial, com múltiplos
como destino de férias das famí- Samaná e um nas províncias de La atrativos históricos e culturais, festivais e
carnavais folclóricos; aventuras ao ar livre
lias americanas”. De fato, desde o Romana, Puerto Plata, Punta Cana e muito mais.
crescimento no número de hotéis e Barahona. Ao todo, são mais de Fundada em 1496, Santo Domingo
brilha pela sua riqueza colonial, com des-
voltados para a família, com ati- 40 vôos diários para Europa e Esta- taque para a Catedral da Nossa Senhora da
vidades que vão do windsurf ao dos Unidos. Os turistas canadenses Encarnação, a mais antiga do continente
americano. Durante o dia, é possível visi-
golfe, o país localizado no centro do e americanos representam 54% do tar os museus e os edifícios históricos. À
Caribe consegue atrair turistas que total de visitantes que desembar- noite, com a sua exuberante vida noturna,
o visitante pode desfrutar de elegantes
buscam tranqüilidade, sem deixar cam na ilha todos os anos. clubes, bares, além de contar com um
de desfrutar as facilidades da vida roteiro gastronômico bastante variado.
No Norte, está localizada a cidade de
moderna. Considerado o destino

P
Puerto Plata, que atrai turistas de todo o
onto de partida para a co-
número um do Caribe, mundo em razão das suas belíssimas praias
Fotos M
lonização do Novo Mundo, de areias douradas. Puerto Plata serve
inistério do
Turismo
da Repú a República Dominicana ou como destino dos principais cruzeiros
blica Dom
inicana
/ Divulg
ação Quisqueya (Mãe da do mundo, além de contar com uma rede
de hotéis luxuosos. O turista pode,
também, desfrutar
m-

Em Santo Domingo, a capital mais antiga do


Novo Mundo, encontra-se o Alcazar, o Palácio
de Colombo, construído em 1510

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 3


turiSmo

das diversas atrações do local, como o Mu-


seu do Âmbar e a Fábrica de Rum Brugal. São 24 campos de golfe espalhados por todo o país
Além disso, Puerto Plata oferece aos aman-
tes do golfe – são 24 campos espalhados
por todo o país – o principal campo para
a prática deste esporte, localizado na Praia
Grande, poucos quilômetros a Leste de
Puerto Plata.

Balneário
A dez quilômetros do Aeroporto In-
ternacional Gregório de Puerto Plata,
encontra-se Sosúa, um encantador povoado
que conjuga uma moderna infra-estrutura
turística com a tranqüilidade de um balne-
ário de pescadores nativos. Sosúa oferece,
ainda, uma vibrante vida noturna.
Outro ponto focal da nortista Costa do
Âmbar é Cabarete. Paraíso dos windsur-
fistas, Cabarete já serviu de palco para a Belíssimas praias, como a de Saona (foto ao
realização do campeonato mundial deste lado), conquistam viajantes
esporte, além de sediar o Festival Domi-
nicano de Jazz.
O centro do país serve como ponto de
partida para emocionantes expedições natu-
rais. Ao escalar cachoeiras como a de Salto
Limón, o visitante desfruta das impressio-
nantes paisagens de Jarabacoa. Os turistas
também podem explorar o imponente Pico
Duarte, o ponto mais alto das Antilhas.
Na costa Nordeste, destaca-se Samaná.
Refúgio de baleias e golfinhos, a região
apresenta um extenso corredor ecológico
natural, como o Parque Nacional de Los
Haitises, além de contar com arrecifes e
cavernas submarinas para os apaixonados
por mergulho.
Na costa Leste do país, localiza-se os
Altos de Chavón, réplica de um vilarejo
europeu do século XVI, com ruas de pedra,
excelentes lojas de arte e de artesanato, um
museu arqueológico e restaurantes muito
agradáveis. Mais a Leste, está a cidade de
Punta Cana, o ponto mais oriental da Re-
pública Dominicana. Com um litoral de
18 milhas de extensão, Punta Cana possui
praias de areia branca, consideradas as mais
belas das Antilhas. Com luxuosos hotéis,
campos de golfe de grande extensão e con-
fortáveis instalações para as mais diversas
convenções, Punta Cana está se tornando Paraíso dos windsurfistas, Cabarete já foi palco
um dos principais pontos turísticos da re- do campeonato mundial deste esporte
gião do Caribe.

3 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


nEgócioS

País atrai empresas brasileiras


Para o Secretário-Adjunto de As-
suntos Internacionais do Ministério
da Fazenda, Luiz Fernando Pires
Augusto, o Brasil vive um momen-
to especial no setor de comércio
exterior. Membro do Comitê de
Financiamento e Garantia das Ex-
portações – COFIG –, responsável
pela liberação de financiamentos à
exportação, ele declara que órgão
tem mostrado agilidade nas deman-
Segundo Luiz Fernando Pires, do COFIG, a América Latina é prioridade para o governo brasileiro
das acerca de liberação de recursos
de comércio exterior? dos obtidos recentemente, em trabalhos
e que a República Dominicana vem LP-Muito positivos. A partir de 2004, con- em conjunto com o Banco do Brasil, que
recebendo destaque na pauta de seguimos registrar expressivo crescimento opera o PROEX, e com o Banco Nacional
nos saldos da nossa balança comercial. de Desenvolvimento Social – BNDES –,
investimentos feitos por empresas Obviamente, isso é resultado dos esforços que opera o BNDES-Exim, para verificar
brasileiras. Economista e funcioná- conjuntos dos exportadores brasileiros e o sucesso das nossas políticas de liberação
de projetos governamentais, voltados à de financiamentos à exportação.
rio de carreira do Banco do Brasil, promoção dos nossos produtos e sempre
ele ocupa o cargo no Ministério da buscando diversificar os nossos mercados. E em relação à América Central
Além disso, o Brasil, aos poucos, vai se e, mais precisamente à República
Fazenda desde agosto de 2005. tornando um país importante no quesito Dominicana – que é o tema desse
exportação de serviços, com empresas se seminário –, como o COFIG tem
mostrando cada vez mais competitivas no acompanhado o fluxo de investi-
exterior. Num mundo globalizado, onde mentos para essa região?
Para o senhor, qual a importância a competição se acirra, é muito animador LP-É bom ressaltar que não é só a América
desse seminário? vermos nossas empresas entrando em pé Central, mas a América Latina como um
LP-Os seminários promovidos pela Fede- de igualdade com as principais do mundo, todo é vista como prioridade pelo governo
ração das Câmaras de Comércio Exterior mostrando muita competência. brasileiro no campo do comércio exterior.
– FCCE – são de extrema importância, Tanto no aspecto de integração como na
pois vêm ao encontro das necessidades E qual o papel do COFIG nesse verificação das potencialidades comer-
de se aprofundar ainda mais os rumos e contexto? ciais, o Governo Federal aposta bastante
processos do comércio exterior nos dias LP-O COFIG nasceu da necessidade de nesses mercados. No caso específico da
de hoje. Aqui nós ensinamos e aprendemos tornar o processo de liberação de financia- República Dominicana, temos liberado
muito. Esse, portanto, deve ser um canal mentos mais ágil. Com o crescimento do investimentos de grande porte para esse
que precisa perdurar, pois os benefícios setor de exportações, os comitês anterio- país. De fato, é o país que mais recebe
são muito grandes, sobretudo para o setor res não conseguiam atender às demandas, recursos de investimentos brasileiros da
empresarial. causando tanto problemas para os expor- região e, de acordo com a abordagem
tadores como para o próprio Governo feita por esse seminário, a tendência é que
Como e quais têm sido os efeitos Federal. Hoje, com essa nova estrutura, novos negócios sejam fechados e o fluxo
percebidos pelo Governo Federal nós conseguimos atendê-las de forma de investimentos brasileiros cresça ainda
na busca por melhor gerir a política bastante satisfatória. Basta ver os resulta- mais para os próximos anos.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 3


nEgócioS

BNDES já destinou US$ 550 mi


para a República Dominicana
O Banco Nacional de Desenvolvi- Filipe de Castro Neves, falou à re- o seguro de crédito de curto prazo, cujo
mento Econômico e Social – BN- vista da FCCE sobre os projetos de processo de negociação tem validade de
até dois anos. No caso do seguro de crédito
DES – é o maior banco de investi- financiamentos destinados ao país à exportação de médio prazo, que ao con-
mentos da América Latina e um dos caribenho. trário do anterior é coberto pelo Fundo
principais financiadores de projetos de Garantia das Exportações – FGE –, é
o Tesouro Nacional brasileiro que assume
de exportações de serviços para Como está a atuação do BNDES na o risco dessas operações de prazo mais
empresas brasileiras, via a linha promoção de linhas de financia- longo, que são analisadas pelo Ministério
de financiamento BNDES-Exim. mentos à exportação? da Fazenda.
LFCN-Os financiamentos à exportação
Para a República Dominicana, o concedidos pelo BNDES vêm registrando Enquanto financiador de atividades
banco destinou cerca de US$ 550 crescimento notável. As linhas pós-embar- ligadas ao comércio internacional, o
milhões, sobretudo para projetos que, por exemplo, adquiriram importância BNDES tem uma política específica
de US$ 6,4 bilhões e a previsão é manter para a República Dominicana?
de infra-estrutura. Representando
este patamar durante o ano de 2007. En- LFCN-A carteira de financiamentos do
o banco no Seminário Bilateral de tre as garantias existe o aval ou carta de BNDES totaliza hoje mais de US$ 550
Comércio Exterior, o Gerente da crédito de bancos no Brasil ou no exterior milhões. O principal instrumento que
Área de Comércio Exterior, Luiz (cerca de 80 a 100 bancos). Há também viabilizou a realização dessas operações

Segundo Luiz Filipe de Castro Neves, o BNDES começou a financiar as exportações de bens e serviços brasileiros para a República Dominicana em 1998

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


nEgócioS

brasileiras de bens e serviços para tais


projetos. Atualmente, a carteira do BN-
DES está concentrada nesses projetos de
maior porte, que tendem a demandar bens
e serviços de maior valor agregado.

Que iniciativas podem ser aponta-


das entre os projetos de infra-es-
trutura?
LFCN-O país tem investido significa-
tivamente na construção de diversas
usinas hidrelétricas. Atualmente, a matriz
energética da República Dominicana é
extremamente dependente da geração
térmica a partir de petróleo e derivados.
O aumento do preço do petróleo verifi-
cado nos últimos anos gerou uma crise
energética no país, com efeito inclusive
sobre o seu balanço de pagamentos, uma
vez que todo o petróleo consumido no
país precisa ser importado. O país sofre
apagões freqüentes, até mesmo na capital,
Santo Domingo. Conseqüentemente, uma
das prioridades do governo é o melhor
aproveitamento do potencial hídrico do
país, com a implantação de pelo menos
três novas usinas que, uma vez concluí-
das, aumentarão a capacidade instalada
de geração hidrelétrica em 290MW, um
incremento de 67%. O BNDES está finan-
ciando também as exportações brasileiras
de bens e serviços para a construção de
dois aquedutos, com o objetivo de abas-
tecer as províncias de Santiago Rodrigues,
Valverde, Monte Cristi e Samaná, esta
última com o objetivo de estabelecer mais
um pólo de turismo.


de Integração, mais a República Domini-
A República Dominicana cana. O convênio é um mecanismo que Há alguns anos, o Brasil vem bus-
tem hoje quatro operações em combina a compensação multilateral de cando atuar de forma mais incisiva
pagamentos com um sistema de garantias, para integração da América Latina.
processo de contratação junto acabando assim com os riscos da operação Para o BNDES, a República Domini-
ao banco, o que significa que para o financiador. cana está inserida nesse contexto?
o relacionamento com o país O BNDES começou a financiar as ex- LFCN-A República Dominicana tem,
portações de bens e serviços brasileiros hoje, quatro operações em processo de
continuará sendo importante para a República Dominicana em 1998. Os contratação junto ao banco, o que significa
para o BNDES e para os


principais bens financiados eram ônibus, que o relacionamento com o país conti-
exportadores brasileiros máquinas agrícolas, silos e produtos mé- nuará sendo importante para o BNDES
luiz FiliPe de castro neves dicos. A partir de 2002, em função dos in- e para os exportadores brasileiros. Além
vestimentos em infra-estrutura que o país disso, à medida que o país for amortizando
foi o Convênio de Pagamentos e Créditos tem realizado, nos setores de geração de os financiamentos relativos aos projetos
Recíprocos – CCR –, do qual fazem parte energia, saneamento e transporte viário, o já concluídos, abrir-se-á espaço para a
os países da Associação Latino-Americana BNDES passou a financiar as exportações aprovação de novas operações.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 41


EnErgia

Etanol e biodiesel: caminhos


para substituição do petróleo
Combustíveis alternativos apontam para um futuro limpo com desenvolvimento
Os combustíveis alternativos estão na agenda internacional. Seja por uma preocupação ambiental, seja por questões
econômicas. Não parece difícil prever o aumento do preço do petróleo à medida que o combustível for ficando
cada vez mais raro. Além disso, a energia alternativa gera empregos, protege o meio ambiente com a diminuição
da emissão de poluentes e permite à América Latina uma vantagem competitiva na economia global.

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


EnErgia

A
Petrobras tornou-se uma empre- o etanol é o produto que detém o maior partes tão importantes para a sua estraté-
sa gigante especializando-se na potencial de crescimento em todo o mun- gia de competitividade quanto o petróleo,
prospecção de petróleo em águas do, e tem sido essencial para autonomia que dá origem ao seu nome. “Depois de
profundas. As sucessivas crises interna- energética do Brasil. três décadas de investimentos em alterna-
cionais e a possibilidade da escassez do “Para o Brasil é interessante desen- tivas para substituir o petróleo, a Petro-
combustível fizeram com que a empresa volver parcerias comerciais no sentido bras é, hoje, como uma empresa de ener-
investisse na estabilização do etanol para de compartilhar esta tecnologia com gia”, diz Awad. A estatal pretende chegar
utilização em veículos automotivos. O outros países ou empresas de energia que a 2015 como “uma empresa integrada de
planejamento estratégico da empresa, até passarão a consumir álcool combustível. energia, com forte presença internacional
2015, estabelece a aplicação de até 0,5% O Brasil lucra com a exportação e com e líder na América Latina, atuando com
de seus investimentos totais em fontes a difusão do uso do etanol pelo mundo. foco na rentabilidade e na responsabilidade
renováveis de energia. Quanto mais países passarem a adotar social e ambiental”. Para tanto, a empresa
Ecológico, limpo e o uso da mistura de álcool à gasolina vem oferecendo assistência a governos nos
renovável, ou o uso de álcool direto em veí- programas de etanol e biodiesel, como a
culos flex fuel – que funcionam República Dominicana.
“Ainda não temos nenhuma parceria
fechada com a Petrobras, mas o interesse
demonstrado pelas empresas brasileiras
encaixa-se na estratégia do Presidente
Leonel Fernandéz em reduzir substan-
cialmente a dependência que nosso país
tem do petróleo”, afirma o Diretor de
Energias Alternativas da Secretaria de
Estado de Indústria e Comércio da
República Dominicana, Salvador
Rivas. Atualmente a República Do-
minicana direciona cerca de 10%
de seu PIB anual em gastos com
petróleo, um volume aproximado
de US$ 2,5 milhões.
Segundo Rivas, importantes
empresas brasileiras já se mostraram
interessadas em realizar investimen-
tos superiores a US$ 100 milhões na
produção de etanol, para consumo na
República Dominicana e para exportar
para o importante mercado norte-ame-
tanto com um quanto ricano, que consome, hoje, cerca de 150
com o outro combus- milhões de galões de gasolina por ano.
tível, assim como com Sem a facilidade da parceria com a Repú-
sua mistura em qualquer blica Dominicana, os produtores brasilei-
proporção – mais próximos ros precisam pagar uma tarifa ad valorem
estaremos na transformação de 2,5% mais US$ 0,54 por galão, que os
do etanol em uma commodity Estados Unidos impõem às importações
internacional”, explicou Samir diretas de combustível.
Passos Awad, Gerente Executivo
Liderança mundial
as
br

Internacional da Petrobras, que parti-


tro
Pe

cipou do painel I do Seminário Bilateral O etanol é um combustível que pode


s
en
ag
im

Brasil-República Dominicana. ser obtido por meio do processamento


de
o

A empresa vem fazendo investimentos da cana-de-açúcar, do milho e de outros


c
an
/B
iga

em outros biocombustíveis – como o vegetais. Mas o extraído da cana é, sem


Ve
o
un

extraído da mamona –, que se tornaram dúvida, o que apresenta a melhor relação


Br

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 43


EnErgia

Bruno Veiga/Banco de imagens Petrobras


custo/benefício. Sua eficiência como ele-
mento de mistura em combustíveis fósseis
já foi comprovada, o que lhe permite
entrar em qualquer mercado, sem ter que
sofrer grandes transformações. Isso dá
uma vantagem tanto para o Brasil como
para países como a República Dominicana,
que combinam tradição no cultivo da cana,
mão-de-obra disponível, terra abundante,
solo e clima adequados.

Modernização
“Outros países da América Latina e
Caribe apresentam as mesmas condições,
mas para aproveitar o boom mundial dos
biocombustíveis, falta a esses países inves-
tir na modernização da indústria e na pro-
dução de etanol com tecnologia moderna,”
argumentou Awad. Nesse sentido o Brasil
pode oferecer a prestação de inúmeros
serviços técnicos especializados e parcerias
diversas por meio dos setores privado
e público. “Além disso, é necessário um
A Petrobras vem fazendo investimentos em outros biocombustíveis, como o extraído da mamona
comprometimento político de décadas,

“ Depois de três décadas de


investimentos em alternativas
para substituir o petróleo, a
“ O interesse demonstrado pelas
empresas brasileiras encaixa-se
na estratégia do presidente
superando mudanças de governos, elabo-
ração de subsídios e de incentivos, como
fez o Brasil”, frisou.
A tecnologia para destilar o etanol de
Petrobras é, hoje, como uma Leonel Fernandéz em reduzir cana e misturá-lo à gasolina é relativamen-

” ”
te barata e de fácil obtenção. Atualmente,
empresa de energia a dependência do petróleo praticamente todos os automóveis rodan-
s a M i r P a s s o s a wa d s a lva d o r r i va s do funcionam com gasolina misturada com
até 10% de etanol, e milhões de carros
flex fuel já estão nas ruas. China e Índia e a
maior parte dos países industrializados já
adotaram ou estudam a possibilidade de
misturar etanol à gasolina, podendo criar
um mercado internacional imenso em
muito pouco tempo.
O Brasil detém a tecnologia dos carros
flexíveis, que funcionam com 100% de
etanol. Alguns países, como EUA e Suécia
adotaram a tecnologia dos carros “flex” que
podem usar o etanol a 85%, cuja produção
cresce a cada ano. São tecnologias dife-
rentes, mas dominadas por algumas das
grandes montadoras de veículo que atuam
em âmbito mundial. “A questão é menos
de tecnologia e mais de disponibilidade
de álcool combustível. O carro ‘flex’ é o
carro do futuro somente para países que
sejam ou venham a se tornar produtores
de etanol,” completou.

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


EnErgia

Rogério Reis/Banco de imagens Petrobras

Milhões de carros flexíveis já estão nas ruas e, praticamente, todos automóveis produzidos funcionam com gasolina misturada com até 10% de etanol

Marco legal lece um nível de cooperação junto a outros encontrar saídas que incluam os benefícios
países da América Central. sócio-econômicos que serão gerados com
Apesar de toda a experiência nacional Parte do problema do custo da gaso- o projeto de biocombustíveis. São projetos
em relação ao etanol, a República Domi- lina foi contornada com a adoção do Gás que respondem à situação do desemprego,
nicana começou a utilizar o combustível Liquefeito de Petróleo – GLP – para uso que causa grande transtorno em todo o
antes do Brasil. Em 1949, foi promul- automotivo. O consumo de gasolina caiu, campo social no país. Isto sem falar na
gada uma lei recomendando o uso do mas o custo para o governo dominicano contribuição ambiental que poderemos
combustível para contornar a forte crise tem sido de US$ 100 milhões por ano. dar, deixando de queimar combustíveis
de petróleo nos países produtores. Uma “Além de diminuir custos, necessitamos fósseis”, finalizou Rivas.
destilaria foi construída nos anos 50 e a
gasolina vendida na República Dominicana
passou a ser misturada ao etanol em uma
proporção de até 30% ou 40%. Depois 30 anos de sucesso
que o problema se estabilizou, houve O programa que implantou o etanol na carteira nacional de combustíveis começou
continuidade do processo, já que o álcool na década de 70, quando o Governo Federal, a Petrobras e o setor sucro-alcooleiro se
é mais barato do que o petróleo. “Estamos uniram para impulsionar o Pró-alcool, considerado o maior programa de utilização
implementando um programa de mistura de combustível renovável no mundo. O resultado foi a adição de 25% de etanol à
de etanol e gasolina para criar as bases gasolina, gerando grandes benefícios para a sociedade brasileira. A economia acu-
de mercado no qual empresas brasileiras mulada, até 2005, foi de 778 milhões de barris de óleo equivalente (bep) e de US$
possam se instalar para produzir tanto para 52 bilhões, somente no atendimento ao mercado automobilístico.
o consumo local, como para exportação”, O ganho ambiental não foi menor: com o programa, o Brasil evitou a emissão
explicou Salvador Rivas. de 644 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) na atmosfera. Hoje, o álcool
O marco legal que sustenta o Programa produzido no Brasil tem o menor custo de produção do mundo, atraindo outros
de Desenvolvimento de Biocombustíveis países. Por isso, a Petrobras desenvolve, em cooperação com outros segmentos da
vem sendo elaborado por meio de leis e sociedade, um programa de exportação de álcool para o mercado externo.
regulamentos sobre praticamente tudo o Atualmente, o mercado de álcool cresce em grande velocidade. Internamente,
que se refere ao transporte, utilização e a tecnologia de carros flex fuel está contribuindo para o aumento da demanda de
normas para o etanol. A regulamentação álcool. Externamente, muitos países têm mostrado interesse em misturar álcool à
inclui um protocolo de intenções entre gasolina de modo a mitigar a emissão de gases poluentes.
Brasil e República Dominicana, e estabe-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 45


dESEnvolvimEnto

Manaus mais perto do Caribe


Ianck explicou que, ao contrário do potencial de complementaridade e apren-
Brasil, onde a Zona Franca de Manaus é der com eles.” A República Dominicana
uma zona aduaneira especial, que usufrui conseguiu atrair os maiores investidores
de reduções tarifárias importantes, na Re- americanos e, hoje, os maiores e mais com-
pública Dominicana existem muitas zonas petentes resorts do mundo estão instalados
francas, algumas com isenção integral de em solo dominicano. Segundo Ianck, o
impostos, o que faz do país um mercado Caribe tem-se transformado em roteiro de
extremamente atrativo. lazer para a população do norte do Brasil,
Para o superintendente, Manaus sai na tanto pela qualidade dos serviços como
frente do restante do país, por exemplo, no pela proximidade e facilidade de acesso.
setor tecnológico, que é estratégico para a A produção de energia renovável
República Dominicana. A Zona Franca de também mereceu destaque por parte do
Manaus tem, hoje, quatro grandes setores superintendente da Suframa. Ele citou
instalados: eletrônica, microeletrônica, importantes obras de infra-estrutura
biotecnologia e mecânica. “No setor de que estão sendo realizadas por empresas
mecânica, por exemplo, temos indús- brasileiras naquele país, como a constru-
trias de motocicletas, que fabricam suas ção de hidrelétricas. Estas hidrelétricas
Oldemar Ianck, Superintendente próprias peças e que também produzem estão começando a substituir as usinas
componentes para carros. Um exemplo de térmicas, que requerem óleo diesel para
Adjunto de Projetos da Superinten- boa parceria seria o Brasil exportar peças funcionar. Além de redução de custos, há
dência da Zona Franca de Manaus, para motocicletas, enquanto a República uma economia de emissão de gases po-
Dominicana instalaria uma montadora. luentes, contribuindo para a preservação
trouxe toda sua experiência na Su-
Isso pode ser feito, inclusive, por meio da do meio-ambiente.
frama para mostrar como a aproxi- sociedade entre empresários brasileiros Este é um ativo importante no nas-
mação com a República Dominicana e dominicanos. Assim, as motocicletas cente mercado de créditos de carbono,
poderão ser vendidas para o mercado previsto no Protocolo de Kyoto, de 1997,
pode incrementar as exportações norte-americano isento de impostos, be- que estabelece as cotas de emissão de
brasileiras de produtos manufatu- neficiando-se do acordo de livre comércio carbono comercializáveis entre os países
entre os dois países”, sugere. desenvolvidos de um lado e médios e
rados e bens de capital. Outro setor que anima Oldemar Ianck pobres do outro. “Este processo ainda não
é o do Turismo, ramo em que os domini- está estruturado, mas logo este será um
canos são especialistas. “O grande foco mercado forte, que vai gerar valor para os

S
egundo Ianck, as afinidades entre a deles é no turismo de praia e nós temos o países que deixarem de derrubar árvores
região amazônica e o país caribenho turismo de selva e ecoturismo, praticado ou que reduzirem a queima de combustí-
são grandes e podem gerar muitos na Amazônia. Podemos aproveitar este veis fósseis”, completou Ianck.
negócios. “Brasil e República Dominicana
têm grandes chances de estabelecer uma
parceria das mais proveitosas e as empresas
instaladas na Zona Franca de Manaus têm
potencial para estar na ponta deste pro-
cesso”, aposta o Superintendente Adjunto
de Projetos da Superintendência da Zona
Franca de Manaus – Suframa. “Geografica-
mente estamos mais próximos do Caribe
do que os grandes centros produtores,
no Rio de Janeiro e em São Paulo. Além
disso, a logística é mais fácil, econômica e
variada do que em qualquer outra parte
do país”, completa.

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


dESEnvolvimEnto

Infra-estrutura é o carro-chefe
dos investimentos brasileiros
O Embaixador Gonçalo de Mello
Mourão, Diretor-Geral do Departa-
mento do México, América Central
e Caribe do Ministério das Relações
Exteriores, tem estado bastante
próximo ao trabalho desenvolvido
pela Federação das Câmaras de
Comércio Exterior. Presente no
Seminário Bilateral de Comércio
Exterior e Investimentos Brasil-
República Dominicana, presidiu a
mesa do Painel II e III e falou sobre
as relações entre os dois países,
nesta entrevista.

O senhor poderia traçar um perfil


da República Dominicana hoje?
GM-A República Dominicana é, hoje,
um país bem estruturado. Tem um PIB
crescente, uma inflação controlada, taxas
de juros estáveis. O turismo forte traz
investimentos, sobretudo americanos. É
um país que vem honrando de forma ex-
“ Há muitas parcerias que
podemos estabelecer entre os
dois países, tanto comerciais,
tropas de paz –, a República Dominicana
vem recebendo, com muita seriedade e
generosidade, muitos refugiados, e não
tremamente eficiente seus compromissos tem como absorver essa mão-de-obra.
financeiros e, por isso, pode ser conside- quanto diplomáticas, Estes dois fatores mudaram o perfil demo-
rado um parceiro interessante para fazer desenhando acordos, de gráfico, e hoje há mais pessoas vivendo nas


negócios. cidades do que no campo.
Apesar disso tudo, a República Domi- preferência, econômicos
nicana tem uma infra-estrutura frágil. Não gonçalo de Mello Mourão Por que é interessante para o Brasil
há água encanada em todo o país, a geração estreitar relações com a República
de energia é feita por termelétricas, mo- A República Dominicana era uma nação Dominicana?
vidas a óleo diesel, que além de poluente, rural, centrada na cultura da cana-de-açú- GM-Creio que isso é um sinal dos tem-
é extremamente caro e mantém o país car, mas a queda do preço do produto no pos. O Brasil cresceu, consolidou-se na
dependente do petróleo. Muitas empresas mercado internacional fez com que muitos América Latina e já demonstrou estabili-
brasileiras já estão investindo na Repúbli- colonos se mudassem para as cidades. Esse dade política e econômica. É o momento
ca Dominicana, realizando importantes fenômeno migratório preocupa, pois não de procurar novos mercados e acredito
obras de infra-estrutura, como o metrô da há trabalho para todos. Além disso, sendo que o caminho natural é se aproximar da
capital, Santo Domingo, a construção de vizinho do Haiti – país que amarga uma América Central. A República Dominicana
hidrelétricas, aquedutos, entre outras. longa guerra da qual o Brasil participa com também apresenta um quadro positivo

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 4


dESEnvolvimEnto

e parece lógica a aproximação dos dois Brasil, o biodiesel, originário da mamona, os dois países, tanto comerciais, quanto
países. também pode ser uma alternativa energé- diplomáticas, desenhando acordos, de
tica. Este tipo de projeto pode causar um preferência, econômicos.
Que tipo de negócios os dois países impacto extremamente positivo, social e
devem firmar com esta aproxima- economicamente. Já existem acordos sendo discutidos
ção? Em contrapartida, a República Domi- neste sentido?
GM-Como eu disse, já há muito inves- nicana tem um acordo de livre comércio GM-Algumas negociações já estão acon-
timento brasileiro em infra-estrutura, com os Estados Unidos (CAFTA-RD) tecendo, mas são apenas conversas preli-
inclusive com financiamento do BNDES. que permitirá aos empresários brasilei- minares. O presidente dominicano, Leonel
Este ano Brasil e Estados Unidos estu- ros instalados naquele país acessarem o Fernández, visitou o Brasil no dia 20 de
daram projetos trilaterais envolvendo os mercado norte-americano sem impostos, junho para uma série de compromissos,
dois países e mais uma nação da América praticando preços bastante competitivos. incluindo encontros para discutir acordos
Central. Foi avaliada a possibilidade de Indústrias de participação e transforma- bilaterais que permitam o estreitamento
fechar acordos com o Haiti, El Salvador, ção de tecnologia, como a do jeans, por das relações entre os dois países. A orien-
São Cristóvao e Nevis e República Do- exemplo, já demonstram interesse em tação do Governo Federal brasileiro é
minicana. A República Dominicana tem instalar-se na República Dominicana.O equilibrar as diferenças entre exportação
correspondido positivamente com paga- Brasil pode, ainda, oferecer àquele país e importação entre os dois países – que
mentos e cumprimento de prazos junto produtos e serviços em que eles são defi- hoje é extremamente deficitária para a Re-
ao BNDES e isso pesou muito. São valores citários, como tecnologia de ponta para a pública Dominicana – para que possamos
bastante significativos. produção de eletroeletrônicos, para equi- crescer juntos. Os dominicanos permitem
Há vários negócios que Brasil e Repú- pamentos na área de saúde, agropecuária, que encontremos a melhor forma disso
blica Dominicana podem fazer juntos, mas e as já citadas energias alternativas. Isso acontecer e isso é excelente. De nada
creio que o principal deles está na área de gera divisas para o Brasil, cria emprego e adianta provocarmos aquecimento em
energias renováveis. A produção de etanol renda para a República Dominicana e con- um novo mercado se não for para o bem
vai voltar a gerar demanda no cultivo da tribui para que todos cresçam. Há muitas das duas nações. O desequilíbrio é sempre
cana e, como o clima é parecido com o do parcerias que podemos estabelecer entre prejudicial.

Embaixador Gonçalo de Mello Mourão, Presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima e o Embaixador Manuel Morales Lama no seminário

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


ExpanSão

Andrade Gutierrez investe na AL


A Andrade Gutierrez é uma das principais empresas de
engenharia do mundo. Presente nas Américas, Europa,
Ásia e África, ela conta com 714 contratos no Brasil e
62 no exterior. O foco principal de atuação da empresa
é o continente latino-americano. É o que informa o Ge-
rente Comercial para a América Latina, Flavio Henrique
Drummond Mattos, que foi um dos expositores do Se-
minário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-República Dominicana e falou à revista da FCCE
sobre os investimentos da construtora brasileira no país
caribenho. Segundo ele, o potencial apresentado pela
República Dominicana faz do país um promissor mercado


para investimentos.
Estamos em 14 países do
A Andrade Gutierrez já é, há tem- FM-O projeto do Aqueduto Noroeste continente e a República
pos, uma empresa de engenharia consistiu na execução de tomada de água
Dominicana é vista por nós como


consolidada no exterior, sobretudo da empresa de monções. Esta será tratada
em projetos de infra-estrutura. Qual por uma planta de tratamento de água com um mercado em potencial
a posição da construtora na Repú- capacidade de três metros cúbicos por F l av i o H e n r i q u e M a t t o s
blica Dominicana? segundo e, através de mais de 800 km de
FM-Primeiramente, gostaria de ressaltar tubulação, proverá água limpa na residên- a 50 quilômetros a sudeste da cidade de
que a Andrade Gutierrez é uma empresa cia de quase 1 milhão de usuários. Santiago. Sabaneta estará localizada no rio
brasileira com larga experiência interna- Bao, enquanto que Limones será construída
cional nas áreas de construção, teleco- E em relação à hidrelétrica Las Pla- no rio Jagua.
municações e concessões públicas. Para cetas? A operação do projeto consistirá em
informação, o Grupo Andrade Gutierrez FM-Para a primeira fase desse projeto, já levar água da barragem de Sabaneta até
faturou, no ano de 2006, US$ 3 bilhões. foi liberado, em fevereiro, o valor de US$ a barragem de Limones, por intermédio
No contexto de expansão da Andrade 15 milhões, dando o início formal da exe- de túneis com a extensão de quase 30
Gutierrez, a América Latina tem papel cução do projeto. A hidrelétrica, que terá quilômetros. No trajeto, a água passará por
estratégico. Estamos em 14 países do con- baixo impacto ambiental, vai representar duas turbinas que gerarão uma energia de
tinente e a República Dominicana é vista uma economia de US$ 17 milhões ao ano 87 MW. Uma vez turbinada na central, a
por nós como um mercado em potencial. na substituição da matriz energética do água voltará ao rio Bao.
Neste momento, estamos finalizando o país, onde 85% da geração é feita a partir
Aqueduto Noroeste, com total de inves- de termoelétricas. O projeto hidrelétrico Além das vantagens econômicas e
timentos de US$ 251 milhões. Estamos contará com a construção de duas bar- ambientais, há também um aspecto
iniciando a execução do projeto hidrelé- ragens: Sabaneta, que terá 10 metros de social nesses dois empreendimen-
trico Las Placetas, com financiamento pro- altura e 60 metros de largura, numa área tos?
veniente do BNDES, juntamente a outras de 270 quilômetros quadrados, e Jagua, FM-Sem dúvida. Em todos os projetos da
linhas de créditos européias em etapa de com dimensões de 65 metros de altura Andrade Gutierrez, sempre levamos em
contratação pelo governo dominicano. e 200 metros de largura, numa área de conta a importância de se utilizar a mão-
84,7 quilômetros quadrados. Las Placetas de-obra local. Para se ter uma idéia, para
Quanto ao Aqueduto Noroeste, o ficará localizada na região da Cordilheira a construção do Aqueduto Noroeste, mais
senhor poderia dar mais detalhes Central, a 120 quilômetros de distância de 80% da mão-de-obra foi contratada
sobre esse projeto? ao noroeste da capital Santo Domingo e entre trabalhadores locais.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 4


ExpanSão

Informação estimula negócios


O presidente da Câmara Oficial de grande e já fizeram algumas feiras de ne-
gócios em São Paulo e no Rio de Janeiro,
Comércio Brasil-República Domi- mas é importante consolidar esta relação
nicana, José Manuel Dias Avelino, comercial por meio de um instrumento
de credibilidade como a câmara.
torce por uma maior aproximação
comercial entre o país caribenho e A República Dominicana é um par-
ceiro interessante para o Brasil?
o Brasil. Ele destaca a importância JA-Com certeza. A República Dominicana
da informação neste processo e diz tem um grande potencial de importação
de serviços e produtos brasileiros, mas
que é fundamental a parceria do go- também tem muito a oferecer. Pouca
verno dominicano com a Câmara de gente sabe, mas o país fabrica charutos e
rum de excelente qualidade. O investidor
Comércio para dar mais segurança brasileiro precisa ter conhecimento disso,
aos empresários brasileiros. precisa ter contato com o produto, com
o produtor, com as garantias de negócios.
Por isso insisto que a intermediação da
Câmara é importante. Se eles trabalharem
bem seus produtos, poderemos ajudar a
Como está configurada a relação vendê-los aqui e incrementar os negócios. José Manoel Dias Avelino, presidente da Câmara
comercial entre Brasil e República Também não podemos nos esquecer do
Dominicana hoje? grande know-how em turismo que eles Eventos como o Seminário Bilateral
JA-Atualmente, a República Dominica- possuem, que com certeza pode ser muito de Comércio Exterior e Investimen-
na é altamente deficitária no que tange proveitoso para o Brasil. tos ajudam neste processo?
às transações comerciais entre os dois JA-Certamente. A comitiva que a Re-
países. Para se ter uma idéia, em 2005, Que vantagens o empresário brasi- pública Dominicana trouxe para este
o Brasil exportou US$ 331,867 milhões leiro tem escolhendo a República seminário, com a presença de três vice-
para aquele país e importou apenas US$ Dominicana como parceiro co- ministros, de dois diretores de setores
3,452 milhões. mercial? estratégicos e da cônsul-geral no Rio de
JA-Entre outras vantagens, a República Janeiro, demonstra o grande esforço que
Como a Câmara Oficial de Comércio Dominicana tem um clima de estabilidade aquele país está fazendo para estreitar essas
pode contribuir nesse contexto? que estimula os negócios, uma posição relações. É fundamental que toda vez que
JA-As câmaras de comércio servem de geográfica estratégica e, sobretudo, um representantes dominicanos vierem ao
contato inicial para empresas que pre- acesso preferencial aos mercados dos Brasil para feiras e exposições, procurem
tendem acessar novos mercados, divulgar Estados Unidos e da América Central, a parceria com a Câmara de Comércio,
seus negócios. Se um empresário tiver com o tratado de livre comércio CAF- para que não fiquem isolados. Nós estamos
uma proposta de negócio naquele país, TA-RD. Essa isenção de impostos pode abertos para apoiá-los.
vai procurar a Câmara para saber se tem atrair desde o fabricante de jeans até o
garantias, se a empresa é séria, se o setor produtor de biodiesel e etanol. A redução Este é um bom momento para de-
é sólido, quais são os regulamentos de de custos permite oferecer os produtos senvolver esta parceria?
comércio em vigor. Ninguém faz um in- para o mercado norte-americano a preços JA-Sim, para os dois países. Hoje o Brasil
vestimento internacional sem ter certeza muito competitivos, gerar divisas para o está com a economia estável e precisando
de onde está pisando, portanto, é essencial Brasil e criar postos de trabalho na Repú- abrir novos mercados. Já a República Do-
que o governo da República Dominicana blica Dominicana. Isso sem contar com a minicana está saindo de uma crise econô-
forneça mais informações e divulgue um transferência de tecnologia, fundamental mica muito séria, que chegou a deixar seu
plano estratégico de investimentos, para para o país caribenho. Assim, todos saem PIB negativo. Esta conjuntura permite uma
que possamos gerar muitos negócios jun- ganhando, e isso é a essência de um bom parceria saudável, em que as duas nações
tos. Os dominicanos têm feito um esforço relacionamento comercial. podem sair ganhando.

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


cultura

Merengue: a música do Caribe


Ritmo popular conquista a elite e o reconhecimento mundial
O merengue está para a República música oficial do país, sendo usado poli- inovou no modo de se apresentar, com
ticamente para ganhar a simpatia do povo todos os músicos tocando em pé, postura
Dominicana como o samba está dominicano. Em suas várias andanças pela essa que seria copiada por todas as bandas
para o Brasil. Tido como a música ilha, o ditador estava sempre acompanhado de merengue que surgiram depois.
das melhores bandas de merengue. A mú- Nos anos setenta e oitenta, foi a vez do
de referência nacional, o ritmo dan- sica foi usada em propagandas políticas e o trompetista e diretor de banda Wilfrido
çante, que tem influências africana, irmão de Trujillo, Petán, chegou a receber Vargas assumir o posto de estrela do me-
uma concessão de rádio para ampliar sua rengue. Vargas, assim como Johnny Ven-
européia e indígena, pode ser consi- divulgação. tura, buscou inovar, absorvendo as novas
derado o produto de exportação do- Depois da morte de Trujillo, o meren- tendências musicais, sem desvirtuar por
gue tomou rumos diversos e passou a ser completo o estilo musical de origem domi-
minicana de maior reconhecimento tocado em cadência mais rápida. As letras nicana. Uma das inovações promovidas por
no mundo. com conteúdo sexual e de duplo sentido Vargas foi o fusilamiento, que consistia em
ressurgiram e novos instrumentos, como converter famosas baladas latino-america-
o saxofone (a instrumentação tradicional nas em merengues. A segunda inovação foi

A
ssim como o samba em seus primór- do merengue inclui uma tambora de duas a de tornar o merengue mais percussivo,
dios, o merengue também era visto pontas em forma de barril, um acordeão introduzindo elementos de música haitiana
pela elite dominicana no século XIX diatônico e uma guira, instrumento cilín- e porto-riquenha, batizando esse gênero
como um ritmo ‘proibido’, sobretudo drico feito com a casca seca de um fruto com o nome merengue maco. Os meren-
pela forte raiz africana. Os movimentos tropical), foram incorporados. Essa nova gues estilo maco apresentavam bastante
sensuais da dança faziam com que ela situação refletia, em parte, o otimismo similaridade com as músicas americanas
recebesse classificações pejorativas pela político entre os dominicanos. A peque- tocadas nas discotecas, o que popularizou
classe dominante, ao mesmo tempo em na abertura política fez com que novas ainda mais o ritmo.
que ganhava cada vez mais adeptos nas influências, como o então recém-nascido Atualmente, a principal estrela do
classes populares, em especial nas áreas Rock & Roll, dessem uma roupagem nova merengue é o cantor e compositor Juan
rurais do país. Nos anos 30 do século ao merengue. Luis Guerra, vencedor de vários prêmios
passado, Perico Ripao (Papagaio Depenado Nas décadas seguintes, o merengue Grammy e recordista de vendas de disco.
em português), uma canção de merengue, já conseguia alcançar diversos países da O merengue, contudo, conseguiu penetrar
tornou-se bastante popular. A verdadeira América Latina. JohnnyVentura foi um dos e influenciar diversos estilos musicais,
origem do nome é incerta, mas acredita- responsáveis pela internacionalização do desde o pop americano até o rap.Tudo isso
se que o título seja uma metáfora para o ritmo musical. Suas canções refletiam uma sem perder o ritmo sensual e alegre que
órgão genital masculino, da mesma forma qualidade nova. Seu grupo, El Combo-Show, traduz o espírito do povo dominicano.
que Perico Ripao era o nome de um popular Ministério do Turismo da República Dominicana / Divulgação
prostíbulo da ilha.
Ainda na primeira metade do século
XX, problemas políticos internos, que
levaram os Estados Unidos a ocupar a
ilha, acabaram por fazer com que tanto as
classes populares quanto a elite intelectual
local escolhessem o merengue como for-
ma de resistência à situação. Dessa forma,
de ritmo marcadamente ouvido nas festas
dos bairros pobres, o merengue chega aos
bailes das classes mais altas, unindo toda a
nação numa só música.
Com a subida do ditador Rafael Trujillo
ao poder, o merengue recebe status de Forte raiz africana e movimentos sensuais são marcas do ritmo latino mais dançado na ilha

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 51


rElaçõES BilatEraiS

Comércio Exterior da República


Dominicana
A RTIG O EL ABO RAD O P E L A EQU IP E D O D E PARTAMEN TO D E

PLA NEJAMENTO E DESE N VOLV I ME N TO D O C OM É RC IO EX TERIOR

DA SECRETARI A D E C OMÉ R C IO E X TE RIOR D O MD IC

O comércio exterior da República Dominicana cresceu


de forma significativa no período compreendido entre
1990 e 2006. No primeiro ano da série, a corrente de
comércio dominicana havia somado apenas US$ 5,2
bilhões. Nos anos subseqüentes o crescimento foi pra-
ticamente constante, exceto no triênio 2001/2003. A
corrente de comércio culminou em 2006 com a soma de
US$ 17,6 bilhões. O que representou um crescimento
de 240% em relação ao valor alcançado em 1990.

E
m todo o período em análise o país apresentou déficit em seu
comércio externo. O maior saldo negativo registrado ocorreu
em 2006, com um déficit de US$ 4,7 bilhões. Naquele ano, as
exportações da República Dominicana foram de US$ 6,4 bilhões. Já
as importações registraram US$ 11,2 bilhões.
Os Estados Unidos são os principais parceiros comerciais da Re-
pública Dominicana. Os países são signatários de um acordo de livre
comércio denominado Dominican Republic–Central America Free
Trade Agreement (DR-CAFTA). Em 2005, as compras de produtos

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


rElaçõES BilatEraiS

originários dos Estados Unidos foram respon-


sáveis por 50% das importações dominicanas.
O segundo maior parceiro foi a Colômbia,
com participação de 6,2%; seguida pelo Mé-
xico, com 5,8%; e Brasil, com 3,4%.
Considerando-se as exportações da Repú-
blica Dominicana, a importância dos Estados
Unidos é ainda mais significativa. No ano de
2005, 78,9% das vendas de produtos se des-
tinou a esse mercado. Seguindo-se, os Países
Baixos foram o segundo maior destino, com
participação de 2,4%, e depois o México,
com 1,9%.
O Brasil é importante fornecedor de
produtos ao país. Nos anos recentes, essa
importância cresceu e resultou em uma
participação de 3,3% nas importações do-
minicanas de 2006. Já em relação às expor-
tações da República Dominicana destinadas
ao Brasil, a participação no total é pequena e
somou apenas 0,07% em 2006. Os números
do comércio exterior dominicano revelam
que o país possui uma pauta com relativa
importância quanto à participação de bens in-
dustrializados. O principal grupo de produtos
exportados pelo país, em 2001 (último dado
disponível), foi ferro e aço (participação de
17,8% da pauta, totalizando US$ 144,7 mi-
lhões). Os outros principais produtos foram:
combustíveis minerais (15,8%, US$ 128,7
milhões), açúcar (8,4%, US$ 68,5 milhões),
frutas (7,5%, US$ 60,9 milhões), cacau e
preparações (5,2%, US$ 42,7 milhões), fumo
(4,0%, US$ 32,9 milhões), bebidas alcoólicas
(4%, US$ 32,7 milhões), produtos hortícolas
(3,4%, US$ 27,5 milhões), obras de plástico
(3%, US$ 24,6 milhões) e produtos químicos
orgânicos (2%, US$ 16,3 milhões).
Quanto à pauta de importação do país,
no mesmo ano, os principais itens que a
compuseram foram: combustíveis minerais
(participação de 22,6% no total, e valor de
US$ 1,2 bilhão), automóveis (10,7%, US$
589 milhões), máquinas e equipamentos
mecânicos (10,5%, US$ 579,7 milhões),
maquinaria elétrica (8,2%, US$ 451,3 mi-
lhões), obras de plástico (4%, US$ 218,4
milhões), papel e cartão (3,2%, US$ 175,1
milhões), produtos farmacêuticos (2,8%,
US$ 151,4 milhões), produtos de ferro/aço
(2,4%, US$ 129,4 milhões), cereais (2,2%,
US$ 119 milhões), e ferro e aço (2,1%, US$
117,6 milhões).

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 53


rElaçõES BilatEraiS

Intercâmbio comercial entre Brasil e


República Dominicana - 2006
No ano de 2006, as exportações
brasileiras para a República Domini-
cana acumularam US$ 366 milhões,
9,7% acima do total de 2005, quan-
do chegaram a US$ 334 milhões. A
participação da República Domini-
cana na pauta de exportação brasilei-
ra foi de 0,3% e o país ocupou a 51ª
posição entre os países compradores
de produtos brasileiros. Em 2005, o
país ocupara a 53ª posição.

A
s exportações brasileiras para a
República Dominicana seguem em
ritmo ascendente e com taxas eleva-
das desde o ano de 2002, sendo anotados
recordes sucessivos de vendas. O valor das
exportações em 2006 representa recorde
absoluto.
As importações brasileiras prove-
nientes deste mercado, em igual período
comparativo, chegaram a US$ 4,3 milhões,
enquanto que em 2005 foram registrados
US$ 3,5 milhões. Os números represen-
tam um aumento de 24,3% nas compras
brasileiras de produtos dominicanos.

Vantagem brasileira
O saldo comercial bilateral é historica-
mente favorável ao Brasil e é praticamente
no mesmo valor das exportações nacionais
ao país devido ao diminuto valor das im-
portações.
A corrente de comércio, em 2006, foi
de US$ 370 milhões, com crescimento de
9,8% em relação a 2005, quando foi de
US$ 337 milhões.
A pauta brasileira de exportação para
a República Dominicana é composta por
98,1% de produtos industrializados – sen-

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


rElaçõES BilatEraiS

do 76,9% de manufaturados e 21,2% de


semimanufaturados. Os itens básicos res-
ponderam por apenas 1,7% do total. Os
produtos manufaturados cresceram 26,7%
no comparativo 2006/2005, enquanto que
os semimanufaturados recuaram 13,2% e
os básicos 71,3%.
Os principais produtos que compuse-
ram a pauta exportadora, em 2006, foram:
produtos semimanufaturados de ferro/aço
(principal item da pauta, representando
13,5%, e um total de US$ 49,3 milhões),
perfis e fios de ferro/aço (3,7%, US$
13,6 milhões), madeira serrada (3,6%,
US$ 13,1 milhões), fio-máquina e barras
de ferro/aço (3,2%, US$ 12,3 milhões),
pisos e revestimentos (3,2%, US$ 11,6
milhões), veículos de carga (2,7%, US$
9,7 milhões), aparelhos transmissores
ou receptores (2,6%, US$ 9,5 milhões),
papel e cartão (2,5%, US$ 9,2 milhões),
chassis com motor (2,4%, US$ 8,7 mi-
lhões) e embalagens de papel (2,2%, US$
8,1 milhões).
Cabe ressaltar os desempenhos dos se-
guintes itens: turbinas hidráulicas (de zero,
em 2005, para US$ 4,7 milhões em 2006),
tubos de ferro fundido (+1.454,5% para
um total de US$ 8,1 milhões), constru-
ções de ferro/aço (+403,8%, para US$
4,8 milhões), aparelhos transmissores
ou receptores (+352,2%, para US$ 9,5
milhões), máquinas e aparelhos para
terraplanagem (+257,5%, para US$ 7,1
milhões), ácidos carboxílicos (+131%,
para US$ 3,8 milhões), fios e cabos con-
dutores para uso elétrico (+122,3%, para
US$ 6,7 milhões), e óleo de soja em bruto
(+117,7%, para US$ 6,1 milhões).

Industrializados
A pauta de importação brasileira de
produtos dominicanos foi composta por
93,2% de itens industrializados e 6,8% de
itens básicos. No ano, os principais itens
que compuseram a pauta de importação
foram: instrumentos e aparelhos médicos
(participação de 43,7% na pauta, totali-
zando US$ 1,9 bilhão), obras de plástico
(12,5%, total de US$ 537 mil), resíduos de
alumínio (6,8%, US$ 293 mil), ferramen-
tas de uso manual (6,6%, US$ 281 mil),
aparelhos para interrupção e proteção de

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 55


rElaçõES BilatEraiS

energia (5,4%, US$ 233 mil), chapas,


folhas, tiras e películas de plástico (1,9%,
US$ 81 mil), couros e peles (1,8%, US$
76 mil), quadros e painéis para distribuição
de energia (1,6%, US$ 67 mil) e calçados
(1,2%, para US$ 50 mil).
Referente às exportações brasileiras
destinadas à República Dominicana por
unidade da federação, 39,4% do total é
proveniente do estado de São Paulo (US$
144,1 milhões). Minas Gerais é o segundo
maior exportador ao país, com parti-
cipação de 16,7% (US$ 61,0 milhões),
seguido pelo Paraná, com 11% (US$ 40,1
milhões), Rio Grande do Sul, 8,8% (US$
32,1 milhões), Rio de Janeiro, 6,3% (US$
23,2 milhões), Santa Catarina, 4,5% (US$
16,3 milhões), Pará, 4,2% (US$ 15,5 mi-
lhões), Bahia, 2,6% (US$ 9,5 milhões) e
Amazonas, 1,7% (US$ 6,2 milhões).
A unidade da federação com maior
participação nas importações brasileiras
provenientes da República Dominicana
é, também, São Paulo, com participação
de 79,4% no total, somando US$ 3,4
milhões. O Amazonas foi o segundo maior
comprador (com participação de 7% e
total de US$ 301 mil), seguido de: Rio
de Janeiro (4,3%, US$ 183 mil), Bahia
(2,1%, US$ 88 mil), Rio Grande do Sul
(1,9%, US$ 80 mil), Paraná (1,7%, US$
74 mil), Pernambuco (1,4%, US$ 62 mil),
Paraíba (1,2%, US$ 50 mil), Espírito
Santo (0,4%, US$ 17 mil) e Ceará (0,3%,
US$ 15 mil)
O número de empresas brasileiras que
realizaram exportações para o mercado
dominicano, em 2006, somou 1.229. Re-
lativamente a 2005, o número se reduziu
em 89 empresas. Do lado das importações,
83 empresas realizaram compras de pro-
dutos dominicanos, 14 empresas a mais
que em 2005.

O saldo comercial bilateral é


historicamente favorável ao
Brasil e é praticamente no mesmo
valor das exportações nacionais
ao país devido ao diminuto valor
das importações.

5 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


a BErtura

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


curtaS

da FCCE, João Augusto


de Souza Lima, sorteou
dois celulares Motorola
W375. Os vencedores
foram: a estudante do
primeiro período de
relações internacionais da
Universidade Estácio de
Sá, Ana Luísa Somner, de
18 anos, e o estudante do
terceiro período de relações
internacionais da Faculdade
Bennett, Henrique Barandier
Beranger, de 19 anos.

Visita
O embaixador
plenipotenciário da
República Dominicana no
Brasil, Manuel Morales
Lama, anunciou que a
Renata di Bernardo, da Copa Air Lines, entrega passagens aéreas para Marcelo Azevedo visita do presidente
do seu país, Leonel
Passagens aéreas Fernández, em 20 de
Os convidados do junho, fortalece acordos
Seminário Biltateral relativos aos projetos de
de Comércio Exterior biocombustível entre os
e Investimentos Brasil dois países. Essa é a
- República Dominicana segunda visita do presidente
concorreram a uma passagem dominicano, que esteve
com acompanhante para a aqui em 2004, logo depois
ilha caribenha. O sorteio de ter sido eleito, para
foi promovido pela Copa participar da XI Conferência
Airlines e o vencedor foi o da Unctad, em São Paulo.
A Revista dos Seminários Bilaterais programador visual Marcelo Naquela oportunidade,
Azevedo. Ele, que vai
de Comércio Exterior e Investimento, conhecer o país pela primeira
Leonel Fernández reuniu-se
com o presidente Luiz
organizados pela FCCE, é distribuída entre vez, levará a esposa. A Copa Inácio Lula da Silva e
as mais destacadas personalidades, do Airlines realiza, desde março indicou claramente seu
deste ano, seis vôos saindo
Brasil e do exterior, que atuam no comércio do Rio com conexão na
interesse em fortalecer as
relações entre os dois
internacional. Cidade do Panamá. Antes, países. Fernández ainda
esse trajeto só poderia ser tratou de projetos que
feito passando por São Paulo.
Anunciar aqui é fazer chegar o seu produto O Vice-Ministro do Turismo,
pretende negociar,
notadamente nas áreas de
a quem realmente interessa, a quem Luis Simó, afirmou que irá infra-estrutura para água
decide. garantir acomodação gratuita potável, de transportes
para o sorteado, durante a urbanos (construção do
Procure-nos. sua permanência no país. Metrô de São Domingos
pelo consórcio Andrade
Tel.: 55 21 2570 5854
Celulares Gutierrez/Odebrecht/
eduardo.teixeira@abrapress.com.br Antes da Sessão Solene de Siemens), de tecnologia
Encerramento, o presidente de produção de etanol e

5 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana


curtaS

pesquisas agropecuárias, com


a participação da Empresa
Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa.

Donald Trump
Durante o seu discurso na
Solenidade de Encerramento
do seminário, o vice-
ministro do Turismo, Luis
Simó, anunciou que o
empresário americano do
ramo imobiliário Donald
Trump está investindo US$
1,5 bilhão para a construção
de um complexo hoteleiro
de luxo na costa leste
da ilha. O Trump Farallon
Estates é um dos projetos
turísticos mais ambiciosos
de toda a região da América
O Professor Paulo Werneck autografa seu livro “Impostos de Importação e Exportação e Outros Gravames Aduaneiros”
Central e Caribe. “Estamos
esperando, ansiosamente,
o início das obras. Esse Comércio Exterior passo a passo
complexo turístico vai ser,
nos próximos anos, o destino O Professor e Auditor contribuintes, sejam eles livro é uma importante
preferido de milhares de Fiscal da Receita Federal pessoas físicas, jurídicas ou ferramenta, que funciona
famílias”, disse o empresário Paulo Werneck, 53 anos, mesmo profissionais que como um guia prático”, conta
em entrevista a um jornal lançou seu terceiro livro trabalham com comércio Werneck.
local. “Impostos de Importação exterior. Formado em Engenharia
e Exportação e Outros “Esta é a minha prática, Elétrica pela PUC-RJ e
Gravames Aduaneiros” esclarecer dúvidas a partir de mestre em Administração
Linhas de financiamentos
(Freitas Bastos Editora, 176 casos reais. Por isso, no livro Pública pela Fundação
Presente no evento,
pg.) no Seminário Bilateral eu criei exemplos em que vou Getúlio Vargas, Paulo
o Banco Nacional de
de Investimentos e Comércio acrescentando os impostos, Werneck dedica-se agora
Desenvolvimento Econômico
Exterior Brasil x Angola. calculando os impostos e ao bacharelado em Direito
e Social – BNDES – montou
Com a mesma simplicidade gravames, passo a passo, junto e também é autor dos livros
um estande para divulgar
que usa em sala de aula, com o leitor. Assim fica mais “Missão da Aduana Brasileira:
as linhas de financiamento
Werneck explica no volume, fácil entender”, explica o Sob a Ótica Empresarial” (Ed.
à exportação do banco.
a partir de exemplos práticos, autor. O texto é excelente Juruá, 128 pg.) e “Comércio
Segundo Elizabeth Martins,
como fazer os cálculos dos para quem quer experimentar Exterior e Despacho
técnica da área de comércio
principais tributos e gravames a área e entender sobre Aduaneiro” (Ed. Juruá, 312
exterior do BNDES e
aduaneiros. comércio internacional. pg.). Esta publicação é básica
responsável pela divulgação,
Paulo Werneck dá aulas “Impostos de Importação para o comércio exterior e
o objetivo é tornar ainda
de Política Aduaneira e Exportação e Outros sua quarta edição, revista e
mais conhecidas as linhas de
e Fiscal no curso de Gravames Aduaneiros” faz ampliada, já está no prelo.
financiamento, distribuindo
Relações Internacionais da parte da Coleção Tributária Pelo site www.
folhetos com todas as
Universidade Estácio de e é fundamental para os mercadores.com.br ou pelo
informações necessárias
Sá, no Rio de Janeiro, além estudantes e profissionais blog http://mercadores.
para que empresários do
de orientar monografias como economistas, blogspot.com é possível
setor de comércio exterior
nessa área. Na Receita contadores, advogados, conhecer o pensamento de
não tenham dúvidas quando
Federal, trabalha no plantão, administradores e operadores Paulo Werneck e, ainda, tirar
decidirem usar os serviços
esclarecendo dúvidas dos do comércio exterior. “O dúvidas com o autor.
prestados pelo banco.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana 5


a BErtura

Federação das Câmaras de Comércio Exterior


Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
MembrosVitalícios

Antônio Delfim Netto


Benedicto Fonseca Moreira
Bernardo Cabral
Carlos Geraldo Langoni
Ernane Galvêas
Giulite Coutinho
Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)

José Carlos Fragoso Pires


Laerte Setúbal Filho
Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho

Paulo Pires do Rio


Paulo Tarso Flecha de Lima
Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

0 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • rEpúBlica dominicana

S-ar putea să vă placă și

  • 2008-05-19 Revista Emirados Arabes
    2008-05-19 Revista Emirados Arabes
    Document60 pagini
    2008-05-19 Revista Emirados Arabes
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2008-04-07 Revista Chile II
    2008-04-07 Revista Chile II
    Document60 pagini
    2008-04-07 Revista Chile II
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2007-06-04 Revista Equador
    2007-06-04 Revista Equador
    Document64 pagini
    2007-06-04 Revista Equador
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2006-08-21 Revista Panamá
    2006-08-21 Revista Panamá
    Document76 pagini
    2006-08-21 Revista Panamá
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2008-03-17 Revista Peru
    2008-03-17 Revista Peru
    Document68 pagini
    2008-03-17 Revista Peru
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2005-10-03 Revista Chile
    2005-10-03 Revista Chile
    Document76 pagini
    2005-10-03 Revista Chile
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2007-03-05 Revista América Central
    2007-03-05 Revista América Central
    Document76 pagini
    2007-03-05 Revista América Central
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2006-05-22 Revista Peru
    2006-05-22 Revista Peru
    Document76 pagini
    2006-05-22 Revista Peru
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2005-08-29 Revista México
    2005-08-29 Revista México
    Document76 pagini
    2005-08-29 Revista México
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2005-08-01 Revista Venezuela
    2005-08-01 Revista Venezuela
    Document76 pagini
    2005-08-01 Revista Venezuela
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări
  • 2005-07-11 Revista Argentina
    2005-07-11 Revista Argentina
    Document75 pagini
    2005-07-11 Revista Argentina
    Federação das Câmaras de Comércio Exterior - FCCE
    Încă nu există evaluări