Sunteți pe pagina 1din 7

A NOVA DISPOSIÇÃO DOS DIÁRIOS ÍNTIMOS: CONFISSÕES VIA BLOGS

Idiana Tomazelli*

Resumo: Os blogs surgiram inicialmente com uma proposta de diário virtual, mas também foi
sendo aproveitando para outras finalidades, como no Jornalismo e na Publicidade. Contudo,
os diários virtuais continuam e ganham força conforme as celebridades aderem a esse recente
meio de comunicação – a Internet. Na tentativa de desvendar o motivo pelo qual celebridades
exibem e relatam situações de seus cotidianos na web, este artigo recorre às definições de
diário pessoal e blog, além de resgatar elementos da psicologia humana para justificar o
desejo das pessoas de ter um público-leitor para suas confissões.

Palavras-chave: Blog. Cultura participatória. Diário virtual. Confissões. Celebridades.

Os blogs são uma ferramenta recente que facilita a criação de páginas para quem não
domina as técnicas e os códigos de programação. Desde o seu surgimento, em 19971 (no
Brasil, a ferramenta começou a se difundir nos anos 2000, segundo Schittine, p. 12),
transformaram-se em um espaço onde as pessoas podem fazer seu diário íntimo virtual,
divulgar e comentar notícias ou estabelecer um canal entre empresa e público. Segundo
Ugarte (2008, p. 37), os blogs “permitiram o nascimento do primeiro grande meio de
comunicação distribuído da história: a blogosfera”.
A palavra blog surgiu a partir da contração dos termos web (página na internet) e log
(diário de bordo). Para Denise Schittine, a expressão já é contraditória por si mesma, uma vez
que designa um diário íntimo na internet. Ainda hoje, não existe uma classificação consensual
para blog, uma vez que, por possuir um caráter híbrido, várias linguagens e diversos temas
podem integrá-lo. Quanto à autoria, pode ser individual ou dividida entre membros de um
grupo.
Ainda assim, não há dúvidas de que a interação que o blog viabiliza entre escritor e
leitor (ou ainda, emissor e receptor) caracteriza uma “cultura participatória”, usando o termo
destacado por Felinto (2008, p. 16). Mesmo que possua caráter confessional, a intimidade de
quem escreve no blog ocupa um espaço público. O computador e a internet permitem que o
indivíduo que antes escrevia no papel agora externe seus pensamentos e coisas sobre seu
1
*Estudante de Jornalismo da PUCRS. Contato: idiana.tomazelli@acad.pucrs.br
WORTHAM, Jenna. After 10 Years of Blogs, the Future’s Brighter Than Ever. Revista Wired, dez. 2007.
Disponível em: <http://www.wired.com/entertainment/theweb/news/2007/12/blog_anniversary>. Acesso em: 02
jul. 2009.
2

cotidiano em um ambiente virtual e sociável. Nardi, Schiano e Gumbrecht (2004, p.225 apud
PRIMO, 2008, p. 122) explicam que “o blog não é um mundo fechado, mas parte de um
espaço comunicacional maior no qual vários meios, e comunicação face a face, também
podem ser usados. Blogs, então, se diferem de diários privados, sendo de natureza totalmente
social”.
Na definição de Henry Jenkis (2006, p. 3, tradução nossa),

cultura participatória é uma cultura com barreiras relativamente baixas para


expressão artística e compromisso cívico, com forte suporte para criar e
compartilhar as criações de alguém, e com algum tipo de instrução informal pela
qual o que é conhecido pelo mais experiente é passado para os iniciantes. Uma
cultura participatória também é algo para que os membros acreditem que sua
contribuição importa, e sintam algum grau de conexão social com outro (pelo menos
eles se importam com o que outras pessoas pensam sobre o que eles criaram).

Nesse sentido, os blogs destacam-se como viabilizadores da cultura participatória,


devido à possibilidade de interação e à facilidade de acesso de quem se interessa em fazer
parte da blogosfera. É permitido ao indivíduo atuar no ambiente virtual sem a mediação de
instituições externas. Antes, porém, usar um computador era tarefa para poucos que detinham
conhecimentos específicos sobre as máquinas, às vezes buscando auxílio em linguagens
primitivas (NEGROPONTE, 1999, p. 90). O progresso tecnológico mudou – e continua
mudando – esse quadro. “A cultura participatória está emergindo como a cultura que absorve
e responde à explosão de novas tecnologias de mídia que permitem aos médios consumidores
arquivar, anotar, apropriar-se e repassar conteúdos de mídia de novas e importantes maneiras”
(JENKINS, 2006, p. 8, tradução nossa).
A ideia discutida por Jenkins pode ser aplicada aos relatos pessoais na internet.
Contudo, Alex Primo (2008) alerta para o fato de que definir blog como um diário virtual é
reducionista. Neste trabalho, a consideração do autor não é ignorada, mas opta-se por deixar
de lado os outros usos possíveis (jornalístico e empresarial) da ferramenta para focar nos
blogs que possuem caráter confessional. É o caso da maioria dos blogs de celebridades, que
guiam este artigo e serão objeto de estudo mais adiante.

Blogs como diário virtual

Os diários pessoais caracterizam-se por conter relatos íntimos sobre o cotidiano de


quem escreve, além de serem preenchidos com pensamentos, poesias, dicas de filmes e livros.
A divulgação desse tipo de material não começou com a criação dos blogs: autores famosos
3

como Dostoievski, já no século XIX, publicavam romances em forma de escrita íntima. Como
exemplo, pode-se citar o livro “Notas do Subterrâneo” (1864).
Para Denise Schittine (2004), só o fato de alguém motivar-se a escrever sobre si mesmo
ou coisas que lhe agradam, constituindo uma espécie de autobiografia, já denota um desejo
que essa pessoa alimenta de que alguém leia seu diário. O surgimento dos blogs facilitou a
realização desse desejo, uma vez que é um sistema mais rápido que permite disponibilizar
textos e fotos na web.

O escrito íntimo vai ser veiculado através da rede por um autor e terá um grupo de
leitores que contribui ou opina diretamente no texto. Ou seja, uma escrita que tem
por finalidade a reserva começa a funcionar como uma mensagem entre um emissor
e um receptor, reproduzindo o esquema clássico da comunicação. (SCHITTINE,
2004, p. 13)

A comunicação estabelecida entre o blogueiro e os leitores é virtual, mas é possível que


haja uma identificação entre eles. É, aliás, a possibilidade de ver um pouco de si mesmas nos
outros que motiva as pessoas a ler e a escrever em blogs. Os hábitos cotidianos e os gostos
que mantêm em comum criam uma via de aproximação, uma conexão, momento em que as
diferenças entre leitor e escritor se atenuam. Estabelece-se, muitas vezes, um sentimento de
cumplicidade.
Ainda assim, a blogosfera é um espaço acessível a pessoas não só conhecidas, mas de
todo o mundo. Enquanto nos diários escritos os segredos ficavam confinados ao papel, no
ambiente virtual a informação rapidamente se dispersa. A intimidade das pessoas fica exposta,
deixando-as suscetíveis ao exibicionismo demasiado. No entanto, Vincent2 (2001, p. 183 apud
SCHITTINE, 2004, p. 91) afirma que é justamente a existência do segredo que deixa as
pessoas na expectativa do vazamento. Os blogs muitas vezes possuem, por isso, novas formas
de compartilhar os segredos, estabelecendo códigos para transmitir as informações de forma
controlada – só teriam acesso à significação do código as pessoas a quem a mensagem é
direcionada. “Naquele momento de revelação do segredo através da escrita, o leitor se vê mais
próximo do autor, sente-se como se tivesse sido escolhido para receber aquele segredo, e
então o pacto de cumplicidade se faz” (SCHITTINE, 2004, p. 84).

Um blog é um projeto vital que ganha nossa confiança não só pelo que diz, senão
também porque nos relata o contexto de quem o diz, conferindo humanidade e
lógica a uma evolução, na qual a confiança é depositada por ambas as partes, leitores

2
VINCENT, Gerard. Uma história do segredo? In: _______. História da vida privada: da Primeira Guerra aos
nossos dias. v. 5. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 155-307.
4

e bloggers, na medida em que o biográfico é um componente essencial dos blogs.


(UGARTE, 2008, p. 87, grifo do autor).

Por transpor-se do papel para a internet, o diário virtual nos blogs acaba com a situação
de isolamento social em que vivia o diarista clássico. As pessoas, ao usarem as novas
tecnologias para se expressarem, são vistas e lidas, e instigam a curiosidade de leitores para
sua intimidade. O interesse é compreensível se partimos do argumento de Schittine (2004,
p.60): “Nós gostamos de ler histórias de outras pessoas porque elas nos ajudam a afirmar
nossa própria história”. O computador, de certa forma, iguala os indivíduos, estabelece
conexões entre as realidades de cada um. Não há uma diferenciação sensível entre as pessoas,
pois não há – a princípio – contato face a face (nada impede, no entanto, que pessoas que
mantêm contato através de blogs venham a se conhecer pessoalmente).

Celebridades na Internet

Por estabelecerem uma comunicação direta entre escritor e leitor, e ainda por ser uma
ferramenta de fácil manuseio, os famosos apropriaram-se dos blogs para comunicar-se com os
fãs. Se contar coisas pessoais na internet pode fazer de uma pessoa uma celebridade, quando
ela já é famosa o blog possibilita a reafirmação de seu sucesso. Os fãs se transformam em
plateia social de seus ídolos ao visitarem, opinarem e participarem do blog.
As celebridades vivem em uma realidade glamourizada. Muitas pessoas veem os
famosos como seres quase irreais, não-pertencentes à mesma realidade que o “povo comum”.
Não se ignora o fato de que a diferença, muitas vezes, é evidente em questões econômicas e
de classes sociais. Entretanto, o blog, como via de aproximação, permite que o leitor
identifique-se com o cotidiano das celebridades por perceber que elas também têm as mesmas
necessidades e experiências que ele, tais como sair com amigos, ou sentir-se triste por algum
motivo.
Esses aspectos humanizadores também proporcionam momentos em que as estrelas se
sentem próximas à realidade “comum” de seus fãs. Longe de uma imagem idealizada, quem é
famoso pode, através do blog, externar seus sentimentos mais intrínsecos e, assim, mostrar
para o mundo e a si mesmo que há uma aproximação entre seu contexto e o de pessoas
anônimas.
Nesse sentido, o blog é um canal direto para que as celebridades falem de si mesmos,
diferentemente do que acontece em revistas, jornais e sites de fofoca. Muitos boatos
divulgados são refutados, esclarecidos ou então confirmados pelo indivíduo em seu próprio
5

espaço, o que sugere veracidade aos leitores, pois não há mediação entre fonte e receptor.
Outras vezes, os blogs são responsáveis por divulgar notícias sobre aquela celebridade em
“primeira mão”, conferindo ao espaço uma característica parecida à de uma assessoria de
imprensa. A atitude também cria uma relação de confiança e cumplicidade entre os dois lados.
Um estudo envolvendo 23 pessoas dos estados de Nova Iorque e Califórnia, nos Estados
Unidos, constatou que “cerca de 20% dos bloggers disseram que eles começaram a ‘blogar’
porque outros lhe pediram. Ainda que seja claramente a minoria, é sem dúvida uma
percentagem alta de bloggers que não iniciaram seu próprio blog, mas começaram como
reação a um desejo social direto” (NARDI; SCHIANO; GUMBRECHT, 2004, p. 224,
tradução nossa). No caso das celebridades, a criação do blog também envolve um desejo dos
fãs de terem um meio de comunicação mais direto com o ídolo. É importante aproximar essas
pessoas para que o indivíduo se mantenha querido e famoso. Portanto, o uso da ferramenta
não deixa de ser, também, uma estratégia para manter a boa imagem da celebridade.
Atualmente, existem diversos blogs de famosos na rede. Alguns exemplos são os da
atriz e modelo Natália Guimarães, da cantora Ivete Sangalo, da apresentadora Hebe Camargo
e do escritor Aguinaldo Silva (só o portal Bloglog, da Globo.com, possui uma lista3 com mais
de 200 blogs). Para este trabalho, será analisado um blog de celebridade. A escolha foi
influenciada pelo fato de que as mulheres são mais propensas a divulgar experiências pessoais
do que os homens (SCHITTINI, p. 104). Sendo assim, será avaliado o conteúdo do blog da
atriz Priscila Fantin.

Breve análise do blog de Priscila Fantin

O blog de Priscila Fantin4 está no ar desde setembro de 2007. No espaço, a atriz dedica-
se a falar sobre viagens, gravações, notícias, pensamentos e mensagens. Priscila também
costuma divulgar fotos pessoais – em 01 de julho de 2009, por exemplo, a atriz colocou no ar
fotos de sua última viagem à Argentina. Ou seja, são postagens totalmente voltadas para
assuntos que dizem respeito à sua vida pessoal, seus próprios projetos e realizações
individuais. O tom das postagens é sempre confessional, utilizando uma escrita informal,
como se a atriz estivesse em um longo bate-papo com seus leitores. “O que preciso contar pra
vocês é que além de ser um dos melhores em tudo que fazem a família Iglesias é o que

3
Lista completa disponível em: http://bloglog.globo.com/listagem_new.html
4
O blog de Priscila Fantin pode ser acessado através do endereço: http://bloglog.globo.com/priscilafantin/
6

podemos chamar de ‘os melhores anfitriões’”, escreveu a atriz na postagem de 01 de julho de


2009.
Os leitores de Priscila Fantin têm muito espaço para interagir com a atriz no blog.
Frequentemente ela responde a dúvidas de seus fãs e manda recados. Algumas vezes, Priscila
chega a fazer um texto dedicado a suas “fiéis seguidoras”, como ela mesma define. São frases
de autores famosos que a atriz escolhe especialmente para cada um desses leitores fiéis. Os
vários comentários também são lidos e, quando contêm ofensa ou caracterizam uma atitude
maldosa, Priscila responde diretamente ao leitor.
A atriz Priscila Fantin não atualiza o seu blog diariamente. Ainda assim, as postagens
são frequentes, e o público, fiel. A comunicação aqui estabelecida entre emissor e receptor se
consolidada e promove a aproximação entre celebridade e fã.

Conclusão

Não é novidade o interesse das pessoas pela intimidade alheia. Contudo, se antes os
relatos e experiências de cada indivíduo ficava confinado ao diário de papel, hoje é possível
divulgar essas informações na internet e atrair um público-leitor. A possibilidade muitas vezes
vem a realizar o desejo de algumas pessoas de serem lidas, comentadas.
Na internet, não há limite para a exposição. Em matéria de blogs, a divulgação de
material é ainda mais fácil, pois a ferramenta não exige grandes conhecimentos específicos
sobre informática do usuário. O próprio ato de observar já expõe o leitor à comunidade
virtual.
No caso das celebridades, o sucesso do blog já é facilitado pela popularidade e pela
imagem da pessoa na mídia. A ferramenta serve de confirmação para seu status, ao mesmo
tempo em que a coloca em uma posição quase igualitária à dos seus fãs. O vínculo
estabelecido entre escritor e leitor, entre ídolo e fã, é parecido com o de uma amizade virtual.
Há identificação a partir das experiências de “pessoa comum”, ao mesmo tempo em que o
leitor se sente privilegiado por manter contato com o ídolo. A interação, de certa forma,
endeusa mais ainda a celebridade, mas também a coloca como um indivíduo como qualquer
outro dentro do mundo. Ou melhor: dentro da blogosfera.
7

REFERÊNCIAS

FELINTO, Erick. Think different: estilos de vida digitais e a cibercultura como expressão
cultural. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 37, p. 13-19, dez. 2008. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/4794/3598>.
Acesso em: 30 jun. 2009.

JENKINS, Henry et al.. Confronting the Challenges of Participatory Culture: Media


Education for the 21st Century. [S.l.], out. 2006. Disponível em:
<http://digitallearning.macfound.org/atf/cf/{7E45C7E0-A3E0-4B89-AC9C-
E807E1B0AE4E}/JENKINS_WHITE_PAPER.PDF>. Acesso em: 30 jun. 2009.

NARDI, Bonnie A.; SCHIANO, Diane J.; GUMBRECHT, Michelle. Blogging as Social
Activity, or, Would You Let 900 Million People Read Your Diary?. Chicago, 2004. p. 222-
231. Disponível em: <http://portal.acm.org/citation.cfm?id=1031643>. Acesso em: 30 jun.
2009.

NEGROPONTE, Nicholas. Onde as pessoas e os bits se encontram. In: _______. A Vida


Digital. 2. ed. Tradução: Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 89-101.

PRIMO, Alex. Os blogs não são diários pessoais online: matriz para a tipificação da
blogosfera. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 36, p. 122-128, ago. 2008. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/4425/3325>.
Acesso em: 30 jun. 2009.

SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2004. 235 p.

UGARTE, David de. O poder das redes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. 166 p.

S-ar putea să vă placă și