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nº1 Jornal da disciplina de Redação IV do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina agosto 2008
Quatro e os contrastes
E
QUATRO sta primeira edição do Quatro bém à exploração de um segmento de
Ano 1 Nº 1 traz como tema principal os mercado emergente por aqui: o turis-
Agosto 2008 contrastes que Santa Catarina mo de eventos e negócios. O estado tem
vive. Um estado que pode co- seus atrativos para isso e os congres-
memorar os altos índices de qualidade sistas sabem disso: procuram compati-
Jornal da Disciplina de vida, medidos pelos bilizar o trabalho com o
de Redação IV Índices de Desenvolvi- lazer. Se o turismo cresce,
mento Humano (IDH), um fenômeno mundial
Curso de Jornalismo
e pelos avanços no de- também se manifesta na
sempenho da educação região: o turismo sexu-
Universidade Federal
de Santa Catarina básica, ou a excelência al. Uma reportagem que
UFSC que se estabelece no aborda o assunto também
campo da tecnologia, constata que o estado,
Trindade também convive com lamentavelmente, tem-se
Florianópolis - SC alguns velhos problemas. destacado pela explora-
O crescimento acelerado ção sexual infantil. Estes
– e desordenado – sobre- e outros contrastes são
carregou os serviços em discutidos aqui no Qua-
algumas regiões. O abas- tro.
tecimento de água e o saneamento bási- E esta é justamente uma das propos-
Repórtagem, edição
e diagramação:
co estão comprometidos em grandes tas do Quatro: promover a reflexão. A
Alexandre Lunelli centros, como a grande Florianópolis. polêmica sobre a nova lei que delimita
da Silva, Andrei Por outro lado, a expansão do turismo as Áreas de Preservação Permanente
Silveira Longen, e da indústria nas cidades maiores tem e a que cria Terras Indígenas (TI) tam-
Anna Bárbara provocado um processo de migração de bém são temas de nossa reportagem.
Medeiros, Camila
modo a definhar municípios tradicio- E muito mais... educação tecnológica...
Augusto Martins,
Carlos Henrique dos nalmente de economia rural. catarinenses em Pequim... Aprecie, cri-
Santos, Daiana Natal A expansão do turismo deve-se tam- tique, comente.
Meller, Débora Puel
de Oliveira, Dieco
Acássio Beal Kerber,
Por que Quatro?
Fernanda Cardoso O jornal laboratório Qua- final da disciplina Reda- co de produção posso as- mente de forma doloro-
Martins, Fernanda tro nasce como mais um ção IV, da 4ª fase. Além segurar que foi dos mais sa) e exaltar virtudes,
Volkerling Oliveira, desafio do curso de Jor- do mais, se há o Zero, ricos. Ensinar jornalis- que é o que vale. Por mi-
Flora Pereira da nalismo da UFSC. O títu- por que não o Quatro? mo supõe identificar as nha natureza, dou me-
Silva, Gustavo Rossi lo, sugerido pelo acadê- (o Zero é o principal ór- potencialidades em cada nos importância à borra
Bonfiglioli, Joana mico Alexandre Lunelli, gão laboratorial, em cir- um dos educandos, em expelida no processo de
Santos Neitsch, para muitos, surgiu culação há 25 anos). Por todos os momentos. E foi depuração – as águas (e
Juliana Passos Alves, como uma piadinha em isso, nada melhor que isso que me permitiu en- o tempo) se encarregam
Leonardo Berns
momento de fechamento o Quatro para marcar a xergar em cada um suas de levar. Prefiro apreciar
Gorges, Lívia Allgayer
de edição. Mas ganhou atuação das turmas de mentes talentosas (por o brilho que esses jovens
Freitag, Luís Henrique
Knihs Correa, Maria força e significado na Redação Quatro. vezes latentes), como pe- trazem nos olhos.
Júlia Lima Manzi, medida em que discuti- E esta turma tem valor. O dra bruta em fase de la- Viva o Quatro! E viva a
Maurício Tussi, mos os argumentos em resultado? Os leitores é pidação. Produzir o Qua- turma!
Risa Lemos Stoider, seu favor. Visa canalizar quem vão julgar. Mas so- tro lhes permitiu aparar
Rodolfo Zalzwedel os esforços e a produção bre o processo pedagógi- dificuldades (eventual- Jorge Kanehide Ijuim
Espínola, Talita
Fernandes de Jesus,
Thaís Bianchin Góes Carlos Henrique dos Santos
Supervisão: Jorge
Kanehide Ijuim
Impressão: Imprensa
Universitária - UFSC
Tiragem: 5 mil
exemplares
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Saúde < 3
Maria Júlia Lima Manzi
Enquanto alguns são atendidos, outros pacientes esperam, muitas vezes por horas, na van, até que possam voltar as suas cidades de origem. O que, para alguns, significa até 15 horas de viagem.
Saúde descentralizada
Interiorização de serviços de alta complexidade vai amenizar ambulancioterapia
H
á cinco anos 110 pessoas e já tivemos a por mês, vindos de fora da izá-las, com uma média de camente está ligado a ci-
Cleusa Pittol casa lotada. Há muitas out- região da grande Florianóp- 45 cirurgias bariátricas an- dades maiores. Precisamos
enfrenta esta ras casas como estas na ci- olis. uais. convencer da qualidade do
mesma rotina: a dade e elas quase não dão Outra idéia de descen- que estamos construindo”,
cada três meses, ela e mais conta”, relata. Ainda assim, Interiorização tralização é o programa explica a secretária.
seis ou sete pacientes per- Dalmira considera isto uma Nos últimos seis anos, vári- Telemedicina, que opera A falta de médicos dis-
correm 520 km de van até evolução: “antigamente a as obras de descentraliza- desde 2005. Em parceria postos a ir para o interior
Florianópolis. Cleusa sofre prefeitura pagava o trans- ção foram realizadas, justa- com a Universidade Federal também é uma questão
de esclerose múltipla e suas porte, mas não dava lugar mente para tentar minimizar de Santa Catarina, foi mon- delicada, não só em nosso
consultas e exames, que para dormir. As pessoas que os casos de ambulanciot- tada uma rede de laudos a estado como em todo o ter-
têm que ser feitos regular- não tinham dinheiro para erapia e para disponibilizar distância, hoje instalada ritório nacional. Foi criado
mente, só podem ser reali- pagar hotel dormiam na serviços de saúde de alta em 78 municípios. Segundo em Santa Catarina um pro-
zados, pelo SUS, na capital. porta do hospital”. complexidade em cidades- estimativas da Secretaria jeto piloto que visa incenti-
Desta vez, ela viajou sete Motorista há 11 anos pólo, evitando as viagens a de Estado da Saúde, pelo var os profissionais a irem
horas para fazer um exame pela prefeitura de Armazém, Florianópolis. Os pacientes menos 1000 pacientes deix- para as cidades menores.
que durará no máximo uma Wilson Serafin sai, diaria- da rede de cardiologia da am de se deslocar por mês, O Programa Catarinense de
e, para aproveitar a carona mente, da cidade às 04h30 região de Joaçaba e Concór- até a grande Florianópolis Descentralização do Tra-
oferecida pelo município com dez a 15 doentes, para dia, por exemplo, que antes para a realização de ex- balho Médico (Procademe)
teve que chegar no domingo chegar de volta às 20h. A precisavam vir à ilha para ames. Através do sistema, ainda está sendo discutido,
para um exame que só se re- viagem dura de três a qua- qualquer exame ou consul- exames de alta complexi- mas deve se dar através de
alizará na quinta e, apenas tro horas e os doentes se ta, agora podem ser atendi- dade são realizados na ci- incentivos financeiros a es-
no sábado voltará para Al- vêem obrigados a esperar, dos no Hospital São Paulo, dade onde o paciente reside pecialistas da saúde que
fredo Wagner. Uma viagem normalmente na van, a con- em Xanxerê. e tem seus dados enviados, trabalharem fora das ci-
desgastante, uma semana sulta de todos os compan- Em ritmo acelerado, a via internet, a especialistas dades grandes.
longe de casa, por conta de heiros de viagem. No banco Rede Catarinense de Onco- que preparam o laudo e en- Santa Catarina ainda
um exame, que para ela já é de trás, vários dormem, de- logia foi aprovada em maio viam a resposta a cidade de tem muitos desafios com
rotina. bilitados. de 2007 e, já em setembro origem. relação à saúde. Para al-
O drama de Cleusa não O nome dado a isso é do mesmo ano, passou a Para a secretária de cançar o mínimo de leitos
é inédito. Durante esta sem- ambulancioterapia: como os funcionar em Porto União, Estado da Saúde, Carmen da UTI estabelecidos pelo
ana que passará na capital serviços mais complexos de Tubarão e Joaçaba. A radiot- Emília Zanotto, uma grande Ministério da Saúde em
ela ficará abrigada na Casa saúde estão concentrados na erapia também passou a ser barreira à descentralização proporção a população, por
Amigos d’Oeste, criada pela capital, as prefeituras envi- oferecida em Itajaí, Lages é de cunho cultural. Muitas exemplo, teriam que ser in-
Associação Amigas Oesti- am os pacientes para serem e Joinville. Fim das longas pessoas do interior vêm con- stalados 124 leitos. Mas há
nas, justamente para acolher tratados em Florianópolis viagens para quimiotera- sultar-se aqui usando, para também pontos positivos a
as pessoas que vêm a Flori- ou São José. Normalmente, pia, exames e mesmo cirur- isto, endereços emprestados serem comemorados: o Es-
anópolis em busca de as- para isso utiliza-se vans, gias oncológicas, para quem de familiares ou amigos que tado possui o 3º menor ín-
sistência médica. A casa tem que podem ser encontradas mora no interior. As ciru- morem na Capital ou, con- dice de mortalidade infantil
capacidade para 70 pessoas aos cântaros na frente de rgias bariátricas (redução seguindo pedido médico. do País, é líder nacional em
devidamente acomodadas hospitais como o Governa- de estômago) podem hoje Isso se dá porque ainda há doação de órgãos e, é o úni-
em camas e costuma estar dor Celso Ramos. O diretor ser feitas em Joinville e em certa desconfiança em re- co estado livre de dengue
cheia. Dalmira Valmogner, do Hospital Regional de São Lages, o que significa um lação aos serviços ofereci- (os poucos casos de dengue
que coordena o abrigo, diz José, Jorge Coelho, diz que aliviamento ao Hospital de dos no interior: “quando se não foram contraídos aqui).
não ser o suficiente: “temos o hospital recebe, em mé- São José, que até então era fala em saúde o ser humano
colchões para receber até dia, cerca de 2000 pacientes o único no estado a real- busca o melhor, que histori- Maria Júlia Lima Manzi
QUATRO
3
4 > Meio-ambiente Florianópolis, agosto de 2008
Talita Fernandes
falta água há três meses. A com um “boa tarde” e as cri- do vizinho, tem problemas
insistência dos moradores anças lhe pedem a benção. e transborda. “Quando cho-
em conseguir rede de abas- É com orgulho que mostra ve, o esgoto invade a min-
tecimento e esgoto já mostra as melhorias: duas caixas ha casa, e o nosso vizinho
resultados. A comunidade d’água e um cano que per- não deixa a gente consertar
faz parte do projeto “Maciço mite a distribuição a todas porque a fossa está no ter-
do Morro da Cruz – inclusão as residências, o que antes reno dele”, explica Esonir.
social”, que recebeu investi- era feito por finas manguei-
Terra de contrastes
mento na ordem de R$ 54,6 ras. O antigo método, im-
milhões dos governos Es- provisado pelos moradores, Os morros que inte-
tadual, Federal e Municipal. não era eficaz e faltava água gram o bairro Agronômica
O programa envolve tam- freqüentemente. “Cansei de também estão incluídos
bém outras comunidades chegar em casa as oito da no projeto de urbaniza-
do Maciço do Morro da Cruz noite e ver que minha mul- ção do Maciço do Morro da
e prevê, além de melho- her estava procurando água Cruz, mas nem toda a área
rias no saneamento básico, no mato”, lembra Carlos. abrangida pelo bairro en-
serviços de pavimentação, Antes das obras, a frenta dificuldades neste Carlos dos Santos conta o trabalho para conseguir abastecimento de água
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Meio-ambiente < 5
enfermidades relacionadas Administrativo do Governo pretende asfaltar as ruas da
Talita Fernandes
são dermatites (doenças de do Estado para a região região. “Nossa prioridade
pele), verminoses, hepatite foi instalada uma estação é saneamento básico, as-
A e doenças infecto-contagi- de tratamento de esgoto – falto vem depois”, afirma.
osas em geral. As diarréias, ETE - no bairro vizinho João A pavimentação dificulta a
aparentemente um proble- Paulo. Porém, a novidade implantação da rede de es-
ma comum, podem levar à não solucionou os velhos goto.
desnutrição. De acordo com problemas dos moradores. Os moradores dos bair-
Ângela, o cuidado deve ser A ETE abrange o shopping, ros Monte Verde, João Paulo
redobrado com as crianças. o órgão estadual, e os con- e dos morros em torno do
“Uma criança com diarréia juntos habitacionais Vila Saco Grande ficam sem água
por mais de dois dias pode Cachoeira e Parque da Figue- freqüentemente. Nestes lo-
vir a falecer”, alerta. ira, que representam uma cais a água é captada de
O contraste no Saco pequena parcela do Saco uma cachoeira próxima,
Grande fica evidente logo Grande. A maior parte dos sem intermédio da Casan.
na entrada do bairro. De 1.290 domicílios do bairro A ausência de água tratada
um lado da rua, continua pode ser a causa dos casos
vislumbra-se
os fundos do
“Calculo que lançando
seus de-
constantes de febre e di-
arréia em crianças, relata-
Floripa Shop-
ping, inaugu-
as ligações jetos dire-
tamente
dos por Rosângela. Segun-
do ela, a companhia atende
rado no fim de
2006. A alguns
irregulares nos
Pau
rios
do
apenas a rua principal do
bairro, e mesmo esta região Os canos que passam no canto da rua abastecem os morados do Alto da Caieira
passos dali, da
de esgoto e Barco e do enfrenta problemas com o
QUATRO
6 > Terra Indígena Florianópolis, agosto de 2008
Demarcada a mãe-terra
Índios Guarani-Mbyá do Morro dos Cavalos conquistam o direito oficial de
permanecer na terra onde sempre viveram, antes das fronteiras nacionais
“
Eles são para- gentina ou da Bolívia, isso catarinense data de mais de giram deste embate, eles da entrada de Itajaí foram
guaios”. É isso que não é um fato importante mil anos, e no interior, de acabaram fugindo para o transferidos – erroneamen-
afirmam os mora- na demarcação, porque a quase três mil anos. Uma interior. Especificamente te, segundo Sílvio Coelho -
dores da Enseada de cultura indígena transcen- lembrança disso é a forte na região do Morro dos Ca- pela FUNAI para a região.
Brito, em Palhoça, que pro- de a lógica de fronteiras e presença da terminologia valos, apesar dos conflitos, Esse aumento da popula-
testavam no dia 17 de ju- da terra como propriedade. indígena no nosso cotidia- sempre existiu uma família. ção acabou atraindo outros
nho contra a aprovação da Antes da chegada dos co- no. As palavras Itacorubi, Segundo os estudos reali- parentes e hoje, a popula-
portaria do Ministério da lonizadores e do chamado Caiacangaçu, Cacupé, Sam- zados pelo NEPI, eram pou- ção da comunidade ultra-
Justiça que demarca passa 150 pessoas.
Ricardo Casarini
a região do Morro A cultura de uma
dos Cavalos como aldeia Mbá aqui e
Terra Indígena (TI). de uma aldeia no
Apesar do fato espe- Paraná ou no Rio
cífico da Enseada de Grande do Sul é a
Brito ser uma região mesma. Essa noção
próxima ao morro, de não territoriali-
podendo sofrer al- dade e está presente
guma conseqüência na fala do índio. “As
com a demarcação, comunidades aqui
essa lógica da “na- do sul”, “lá do nor-
cionalidade” dos ín- te”: era assim que o
dios do local repre- cacique da aldeia do
senta uma falácia Mbyá, Werá Tukum-
recorrente na opi- bó, se referia para fa-
nião pública, refor- lar de outras aldeias
çada depois de uma indígenas. Durante
reportagem publica- uma longa conver-
da na revista Veja, sa, mencionou ape-
no dia 14/03/2007, nas uma vez, e com
intitulada “Made certa apreensão, o
in Paraguai”, inci- nome “Santa Ca-
tando que os índios tarina”. Tukumbó,
que vivem ali não também conhecido
poderiam ter sua TI como Augustinho,
por serem estrangei- desconfiado em sua
ros, e criticando a Na escola do Morro dos Cavalos, as crianças aprendem o guarani, língua de origem, e o português. fala, explicou que o
Fundação Nacional aprendizado na cul-
do Índio (Funai) por uma “encontro de culturas”, e baqui são todas Guarani. A cos os índios dessa família, tura do não-índio se fez ne-
suposta arbitrariedade antes de existir uma demar- visão do indígena não se- dada as ruins condições de cessário, até mesmo para a
na demarcação das TIs. cação do que hoje é o Brasil para pessoas por nacionali- sobrevivência - eles se des- sobrevivência. “Hoje somos
Se os índios Guarani- e do que hoje é o Paraguai, dade e fronteiras, que são colavam muito para conse- mais preocupados com a vi-
Mbyá ali residentes vieram eles já estavam ali. A pre- aspectos da cultura branca: guir algum trabalho, e para são da sociedade branca do
ou não do Paraguai, da Ar- sença indígena no litoral os Guarani do Paraguai, da conseguir dinheiro para que eram os nossos avôs,
Bolívia, da Argentina ou do s o b r e v i - compreen-
Divulgação
Ricardo Casarini
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Terra Indígena < 7
A
portaria que de- aprovado pela Funai e ter undo ele, haveria provas
Divulgação
marca da Terra In- o seu resumo devidamente de que a terra em questão
dígena (TI) Morro publicado no Diário Oficial não era tradicionalmente
dos Cavalos para da União, no final de 2002, ocupada pelos Guarani.
a comunidade Guarani- o processo foi encaminhado Esse pedido foi realizado
Mbyá da região, publicada ao Ministério da Justiça (MJ). fora do prazo do “contra-
no Diário Oficial da União Desde então, uma série ditório” – o período de 90
no dia 22/04, finaliza sete de fatores dificultaram o dias que qualquer pessoa
anos de espera e pelo menos andamento do processo. Em física ou jurídica possui para
três de efetivo conflito ju- 2005, quando estava pronto apresentar manifestações
rídico, social e antropológi- para ser assinado pelo então à Funai, seja para pedir in-
co norteando o processo de ministro da justiça Márcio denização ou para apontar
oficialização. O relatório que Thomaz Bastos, com parec- vícios no relatório, con-
identifica e delimita a região er favorável da Consultoria forme estabelece o Decreto
como área tradicionalmente Jurídica do MJ, foi encamin- 1.775/1996. Houve algu-
ocupada pelos índios Guara- hado de volta à Funai para mas manifestações durante
ni-Mbyá foi elaborado em reavaliação. Isso porque o contraditório, entre elas a
2001, com a coordenação da o procurador do Estado da Fundação do Meio Ambi-
antropóloga Maria Inês La- de Santa Catarina, Loreno ente (Fatma), órgão ambi-
deira, através de um Grupo Weissheimer, encaminhou ental do Governo de Santa
de Trabalho designado pela diretamente à Consultoria Catarina, a do representante
Fundação Nacional do Índio Jurídica um pedido de sus- do Ministério Público do Es-
(Funai). Após o relatório ser pensão do processo. Seg- tado em Palhoça e a da pes-
soa física de Walter Alberto Mapa da regiáo da TI-Morro dos Cavalos, que ocupará área de 1.998 hectares
Ricardo Casarini
Sá Bensousan. Passado o
período, porém, a posição Outro obstáculo para a Guarani têm gestionado jun-
do MJ permaneceu em favor demarcação da TI-Morro dos to ao governo para que todos
da demarcação. A inferên- Cavalos foi a duplicação da tenham suas benfeitorias
cia de Weissheimer, mesmo BR-101. Além do conflito em indenizadas, afirmando não
após o prazo de contra- torno da proposta de con- deixar que as famílias de “ju-
ditório, resultou na determi- strução de um túnel para ruá” (o homem branco, em
nação da consultora jurídica que a rodovia não invadisse Guarani) fiquem “na mão”.
substituta do MJ, Cristiane os limites da TI – que agora Após três anos de insta-
Schineider Calderon, que o pode ficar mais caro para o bilidade e insegurança da
processo de identificação e Departamento Nacional de comunidade indígena do
delimitação da terra retor- Infra-Estrutura de Trans- Morro dos Cavalos, foi con-
nasse à presidência da Funai. portes (Dnit), o Tribunal de solidada a portaria da de-
Juracilda Veiga, antropóloga Contas da União (TCU), em marcação, assinada em abril
da coordenação geral de de- 2005, analisou uma repre- deste ano pelo atual Ministro
fesa dos direitos indígenas sentação que denunciava da Justiça Tarso Genro. Resta
da Funai, aponta que a volta possíveis irregularidades na a demarcação física da área,
do processo, mesmo depois escolha do projeto de trans- que deve ocupar 1.998 hec-
de encerrados os prazos de posição das famílias, e exi- tares da Serra do Tabuleiro.
contestação, é excepcional, giu que fossem feitos estu- As Terras Indígenas não são
mas algo possível: “Existe dos. De fato, moram outras de propriedade da comuni-
a lei, mas as decisões são famílias não-índias em bair- dade indígena, ficando sob a
políticas. O ministro tem a ros na região do Morro dos tutela do Estado, porém sob
prerrogativa de pedir a com- Cavalos, que inclusive cha- todas as pré-determinações
plementação dos dados se os maram a atenção da opinião da legislação para as TIs,
achar insuficientes. Acred- pública de Florianópolis em que pressupõem o livre usu-
ito que a pressão tem de reportagem da RBS TV, na fruto da terra pelos Mbyás.
O Morro dos Cavalos passará a pertencer ao Estado, com usufruto dos indígenas ser feita lá, no ministério”. ocasião da demarcação. Os
Gustavo Bonfiglioli
QUATRO
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8 > Meio-ambiente Florianópolis, agosto de 2008
A
Arquivo
Arquivo
Lei Federal
11.428, que pre-
vê a preservação
do que ainda res-
ta da mata atlântica - 7,84%
-, foi sancionada pelo presi-
dente Lula e entrou em vi-
gor em dezembro de 2006.
A repercussão da nova le-
gislação em Santa Catarina,
desde sua aprovação, tem
sido polêmica. O maior en-
trave acontece porque o es-
tado tem uma configuração
de relevo singular e apre-
senta uma forte economia
agropecuária que seria pre-
judicada pela lei. Governos
Federal e Estadual não con-
seguem entrar em acordo
para determinar quais áre-
as devem ser preservadas e
quais podem ser exploradas. O planalto serrano possui 160 produtores com mais de 300 hectares de vinhedo O Parque Nacional de São Joaquim já preserva cerca de 493 km² da serra de SC
Mesmo dentro do estado há
divergências em relação a localizados entre 850 e 1300 al 4.771/65). Essa lei deter- mente para pecuária. Acima produtores, como os de
qual proposta deve ser en- metros de altitude, onde mina, entre outras coisas, de 1800m ficaria proibido maçã, não estão conseguindo
caminhada ao Ministério do tem a maior concentração que é Área de Preservação qualquer atividade agro- licença da Fatma. “Se não
Meio Ambiente. de famílias, a preservação Permanente, APPs, todo ter- pecuária. há definição do que é campo
Em altitudes acima de se dê nas áreas turfeiras ritório acima de 1800m, e De acordo com o de altitude, porque eles [da
850m, a lei 11.428/06 pro- (alagadas) e nas rupestres não acima de 1600 m, como advogado da Fundação do Fatma] não estão liberando
íbe a utilização dos biomas (cobertas de pedras). As sugeriu o GT. Portanto, a Meio Ambiente, Fatima, licenças?”, questionou
savanas e estepes que es- áreas ocupadas entre 1300 idéia do grupo impediria e integrante do Consema, Macari. O presidente da
tiverem em estágio médio e 1600, onde se desenvolve que 200 metros de altitude Alexandre Rates, “uma Fundação, Carlos Leomar
e avançado de desenvolvi- alguma atividade econômi- pudessem ser explorados. possível solução para o Kreuz rebateu a questão
mento. O Conselho Nacional ca, permanecerão como es- Na última reunião do caso seria a criação de alegando que a lei da Mata
do Meio Ambiente (Conama) tão, sem possibilidade de Conselho Estadual do Meio uma lei estadual que Atlântica já está em vigor e
foi o órgão responsável por expansão. Já para altitudes Ambiente (Consema), no definisse o que são estágios “que quem adquiriu a licença
criar uma resolução espe- superiores à dia 16 de médios e avançados antes da lei pode exercer
cificando esses estágios de 1600m, toda “Uma possível junho, a de desenvolvimento do seu direito normalmente.
evolução vegetativa e enviá- a região deve Associação bioma”. O que não está permitido
la ao Ministério. No entan- ser desocu- solução seria apresen- Enquanto o impasse é a expansão para áreas
to, o Conselho negligenciou pada para tou uma não se resolve, alguns intocadas”
o prazo de 180 dias para es- preservação. a criação de proposta
tabelecer essa definição. O coordena- embasada
Para tentar solucionar dor do meio uma lei estdual nos dados A Serra apresenta:
o problema e ajustar a lei ambiente da de algu-
à geografia catarinense, Associação que definisse mas insti- • 18 municípios
o professor de biologia da de Municípi- tuições da
UFSC, Ademir Reis, que li- os da Região o que são região (veja
•
•
área aproximada de 16mil Km2
17,4% do território catarinense
dera um Grupo de Trabalho S e r r a n a no box). Em
junto ao Conama, elaborou (Amures), Ri- estágios médios um total de
•
•
população de 299.571
5% da população catarinense
uma saída para o impasse. valdo Macari 15 diretriz-
A proposta, que já foi enca- – também pre- e avançados do es, o plano
• economia agropecuária, fruticultura, silvi-
cultura
minhada para o Ministério feito de Bom consiste em
do Meio Ambiente baseia-se Jardim da bioma” não demar-
• 160 produtores de vinhos com mais de 300
hectares de vinhedo
em uma divisão do local por Serra – sugere car áreas de • mais de 36 empreendimentos de vinho na
altitudes. Essa determina- que a utili- atividades região
ção catarinense confronta zação da propriedade se dê produtivas e preservação, • 60% da economia calcada no setor madeir-
os interesses econômicos de em função da produtividade mas em desenvolver um pro- eiro
18 municípios da serra, bem e não da altitude. Ele ain- jeto que equilibre economia • 700 empresas especializadas na produção de
como algumas leis federais da argumenta que a região e conservação ambiental. compensados, móveis, briquetes, cercas, pa-
do Código Florestal. Como apresenta altos índices de A sugestão será analisada pel e celulose
nessa região do estado há conservação ambiental (so- pelo Conselho Estadual que, • mais de 6 mil pessoas empregadas direta-
um total de 18.946 unida- mente em Urubici a por- além dessa opção, discu- mente pelo setor madeireiro, e 27 mil de for-
des rurais com produção centagem do remanescente tiu a possibilidade de utili- ma indireta
destacada para milho, soja, da mata chega a 42%), uma zar a proposta do Grupo de • exportação de 50% da produção da madeira,
feijão, maçã, bovinos de vez que abriga o parque Na- Trabalho do Conama, com 75% dessa exportação vai para os EUA
corte e de leite, madeira, vi- cional de São Joaquim – 493 algumas modificações nas • turismo de 200 mil turistas/ano
nhedo, a proposta ou impe- km² - que em partes está altitudes onde pode haver
diria a extensão do negócio localizado no município de exploração. Ao invés da uti- Fontes: Amures, ACAVITIS – Associação catarinense de vin-
ou proibiria o cultivo, de- Urubici. lizar livremente terras até hos finos de altitude, SINDIMADEIRA o setor ligado à base
florestal, ABRATUR – Associação Brasileira de Turismo
pendendo da altitude onde A proposta também en- 1300m, essa faixa se ex-
estivessem. contra um entrave em re- pandiria até 1500m. Já nas
A idéia do GT é que lação à regulamentação de áreas entre 1500m e1800m Débora Puel
nas faixas dos campos, âmbito nacional (Lei Feder- a permissão seria dada so- Fernanda Martinazzi
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Cidades < 9
S
eguindo uma ten- Graciela Canton
dência nacional, a
população de de-
zenas de cidades
catarinense decrescem ano
a ano, segundo censo do
Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE).
Nenhum destes municípios
possui mais que 22 mil ha-
bitantes, e a maior parte lo-
caliza-se no oeste do estado.
A cidade com maior perda
de habitantes foi Piratuba,
que em sete anos encolheu
cerca de 3,38% ao ano.
O IBGE havia realizado
um estudo em 2000 sobre
o crescimento e perda po-
pulacional nos municípios
brasileiros, relacionando
diversos indicadores socio-
econômicos com a diminui-
ção no número de habitan-
tes. Conforme o relatório,
estas cidades tinham índice
Todos os filhos do casal Massignani deixaram Capinzal e se dirigiram a Florianópolis em busca de maiores oportunidades de ensino de qualidade e de emprego
de analfabetismo acima da
QUATRO
3
10 > Meio-ambiente Florianópolis, agosto de 2008
N
o lugar da recep- empreendimentos na região
Centrosul.net
ção um armazém balneária. A partir de 1998, o
que vende uma mercado se voltou para a re-
diversidade de alização de negócios e even-
produtos alimentícios, pro- tos, o que, por conseqüência,
dutos homeopáticos, bebi- trouxe mudanças para rede
das, cigarros, café, velas de hoteleira da cidade e do es-
carnaúba, papel. Não falo de tado.
um hotel que se transformou Santa Catarina possui
em um hipermercado, mas 2.750 meios de hospedagem,
do piso térreo das hospeda- no Brasil são 25.500. Isto in-
rias do século XIX em Santa clui hotéis, resorts, pousadas,
Catarina. hotéis-fazenda, albergues,
Nessa época, não existia hospedarias e outros. A pre-
grandes redes hoteleiras, com sença de hotéis de rede tem
diversos andares, banheiro aumentado embora o tipo
no quarto, sala de conven- tradicional, administrado por
ções, piscina e espaço para famílias, seja predominante.
lazer. A arquitetura era sim- Cada empreendimento tem
ples, as edificações horizon- em média 40 apartamentos
tais. No primeiro piso funcio- ou quartos, totalizando 110
nava um armazém de secos e mil unidades habitacionais
molhados e, no segundo, os (UHs) e 275 mil leitos (ca-
dormitórios. mas). O setor hoteleiro repre- Auditório cheio no Centro Sul em Florianópolis, a cidade é a quinta no ranking nacional de captação de eventos
Os estabelecimentos ofe- senta 0,4% do PIB Nacional nas antigas arenas greco-ro- limitado a grandes redes e cidade já realizava feiras de
reciam diária completa, com e gera 520 mil empregos. Em manas. O centro pode abrigar resorts, os pequenos empre- sucesso internacional, como
café da manhã, almoço e 2007, o setor criou 220 mil até três eventos simultâneos. endedores também investem a Mercoagro (feira interna-
jantar. Hoje, na maioria dos empregos só em SC, destes Dados da Associação Brasi- nessa área. “Evento é um cional de processamento e in-
hotéis, a refeição matinal 55 mil diretos e 165 mil in- leira da Indústria Hoteleira novo nicho para a hotelaria, dustrialização da carne) entre
está inclusa na diária, outros diretos. (ABIH) mostra que a perma- principalmente fora da tem- outras. Agora oferece maior
trabalham com meia pensão nência do turista fica entre porada”, afirma Jucimara infra-estrutura para crescer
– café e jantar. A pensão com- Eventos três ou quatro dias, tempo Porto, gerente do Hotel Quin- no segmento. “Queremos que
pleta é comum nos resorts e Florianópolis, Joinville, Blu- suficiente para injetar na ta da Bica d’água, em Floria- pelo menos as cidades-pólo
hotéis de lazer. Com a che- menau e Balneário Camboriú economia mais de R$ 100 nópolis, de administração fa- do interior do Estado possam
gada da “hotelaria econômi- são as cidades de destaque milhões por ano. O turista miliar voltado para o público ter um espaço que comporte
ca”, alguns aboliram o café quando o assunto é hotéis de negócios não permanece executivo, professores e con- grandes eventos”, disse o se-
da manhã, como é o caso da com infra-estrutura para re- muito tempo na destinação gressistas da Universidade cretário do Turismo, Cultura
rede Íbis. alização de eventos. Com a e gasta em média três vezes Federal de Santa Catarina. e Esporte, Gilmar Knaesel.
No século XIX, o público criação da Confederação Bra- mais que o de temporada, Segundo o Sebrae e o fó-
dos hotéis eram artistas, po- sileira de Convention & Visi- que está a passeio ou de fé- rum da CBC&VB em Santa Reivindicações
líticos e viajantes. Os serviços tors Bureaux (CBC&VB) em rias. Segundo a CBC&VB, o Catarina, somente em 2007 A divulgação das cidades e
oferecidos não se resumiam a 2003, o número de eventos gasto médio do turista de foram realizados 11.000 das destinações turísticas por
hospedagem e alimentação, no estado aumentou, inclusi- negócios é de R$ 240,00/dia, eventos de pequeno, médio e parte do governo é uma das
também aconteciam eventos ve os internacionais. enquanto um turista de tem- grande porte, com 5,2 milhões reivindicações dos hoteleiros
sociais. Já no início do século No último ranking divul- porada, gasta em média R$ de participantes – o equiva- para atrair mais turistas se-
XX, os hotéis começaram a gado pela ICCA (Associação 60,00/dia. lente ao total da população gundo pesquisa da Federa-
ganhar um ar de modernida- Internacional de Congresso e O turismo de eventos e catarinense. A intenção do ção do Comércio do Estado
de. O Hotel La Porta, aberto Convenções), em 2006, Flo- negócios passou a ser a cha- governo é de aumentar esse de Santa Catarina. Melhorias
em 1932, tinha quatro anda- rianópolis ocupa a quinta po- ve para a sazonalidade da número.No interior do esta- na infra-estrutura e no sane-
res e foi o primeiro a ter ele- sição nacional em captação hotelaria na baixa tempora- do, principalmente na região amento também foram apon-
vador. da, princi- oeste, a realização de eventos
“O turista de
de eventos, tadas como medidas neces-
A hotelaria catarinense, foram oito. palmente é pequena se comparada com sárias para tornar o turismo
em especial no litoral, só co- nas cidades outras regiões do estado, não
meça a se desenvolver a par-
Joinville
também teve negócios gasta, balneárias há grandes centros.
mais forte.
Os novos empreendimen-
tir de 1980 pela expansão da - Floria- Com a inauguração, em
atividade turística. Turistas
destaque,
ocupa a nono em média, três nópolis e julho, do Centro de Eventos
tos hoteleiros já são plane-
jados com salas de eventos
vezes mais que
de outros estados e de paí- lugar e teve Balneário Plínio Arlindo de Nez, em e convenções para atender à
ses como Argentina Paraguai dois eventos. Camboriú, Chapecó, a maior cidade do nova demanda. Seguindo a
e Uruguai, e até mesmo do
próprio estado, começaram a
A cidade de
São Paulo li-
o de temporada” localidades
que vêem
oeste de Santa Catarina, os
empresários do setor estão
tendência mundial de preser-
vação ambiental os hotelei-
viajar mais. Isto favoreceu o dera o ranking com 54. seus ho- confiantes de que poderá se ros investem em iniciativas
aumento da oferta de equipa- Apesar de ocupar uma téis cheios durante verão. Os consolidar como um pólo de ecologicamente corretas.
mentos e serviços turísticos, posição inferior com relação hotéis começaram a investir feiras, congressos e promo- Uma das reclamações dos
como hospedagem, restau- a capital, Joinville, a maior em centros de convenções ções culturais. “O Centro de é com relação tributos pagos
rantes, transportes. A partir cidade do estado, é conside- e salas para reuniões. “Se Eventos é um marco divisor ao governo. “São muitos os
da década de 90, ao lado dos rada uma referência latino- não fossem os eventos seria de águas em Chapecó. Per- impostos e não sabemos para
empreendimentos familiares, americana como centro de impossível manter o hotel cebemos, em outras cidades, onde vai e nem como o din-
começam a se instalar os pri- turismo e eventos. Abriga o fora da temporada” declara que os centros de eventos heiro vai ser usado. Podería-
meiros hotéis vinculados a re- maior festival de dança do Janaína Lemos, gerente de movimentam a economia lo- mos usá-lo para remunerar
des nacionais como Blue Tree mundo (Guinness/2005), marketing do Hotel Praiatur, cal e criam nichos de desen- melhor os funcionários, que
e InterCiy, e internacionais, a Festival de Dança de Joinvil- em Florianópolis, que recebe volvimento”, afirma, Carlos são nossos colaboradores e
exemplo da rede Accor. le, que acontece em julho. O uma média de 15 eventos por Roberto Klaus, presidente do vestem a camisa do hotel”,
Em Florianópolis, até Centreventos Cau Hansen, é mês e, na temporada, atende Chapecó e Região Convention diz Jucimara.
1990, o turismo foi canali- o mais moderno do estado, somente turistas de lazer. & Visitors Bureau.
zado para as praias, o que ele incorporou o conceito das A construção de espa- Antes desse empreendi- Thaís Goes
favoreceu a construção de arenas multiuso, inspiradas ço para convenções não fica mento de R$ 16 milhões a Maurício Tussi
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Transporte < 11
Arquivo FTC
Localizada no sul do estado e construída entre 1880 e 1884, a mais antiga e importante estrada de ferro catarinense é a Ferrovia Teresa Cristina (FTC), que abastece a Usina Termoelétrica Jorge Lacerda
A todo vapor
Arquivo FTC
E
m 2003, a Secre- final, as estradas de ferro gradação ambiental. O
taria de Infra-Es- começam a ganhar espaço. governo do estado calcu-
trutura do estado A malha ferroviária ca- la que R$500milhões em
(SINFRA) concluiu tarinense tem hoje 1.365 renda, por ano, sejam ge-
o Estudo de Viabilidade do quilômetros de trilhos, cuja rados com a construção
Sistema Ferroviário de San- principal atividade é esco- das duas novas linhas.
ta Catarina, com a proposta ar carga e abastecer seto- O professor de Gestão
de construção de duas no- Com 164 km de trilhos, a FTC foi a principal ligação entre Imbituba e o sul
res specíficos do mercado de Operações e Logística da
vas estradas: a Litorânea, interno com eficiência e Universidade do Sul de San-
com 236 quilômetros, e a baixo custo. Os produtos ta Catarina (Unisul), Moacir Rodovias: a queda dos trilhos
Leste-Oeste, ligando o porto variam entre grãos, ma- Fogaça, acredita que a prio-
de Itajaí à cidade de Cha- deira e carvão. Os destinos ridade deva ser a constru- A partir de 1950, o recém- criminado do transporte
pecó. A intenção é desafo- principais são as zonas ção da linha Leste-Oeste. chegado setor rodoviário rodoviário fez com que ele
gar as rodovias que levam portuárias e usinas termo- “O oeste e o centro do esta- passou a receber grandes se tornasse, hoje, o meio
ao Vale do Itajaí e demais elétricas de Santa Catarina. do são as regiões mais ne- investimentos do governo terrestre mais arriscado
portos do litoral, além de Até a década de 1950, cessitadas. No oeste, além federal. A vinda de mul- e caro, devido aos altos
fazer a ligação com setores as linhas de ferro eram su- da distância e, consequen- tinacionais montadoras custos de manutenção e
importantes da indústria ficientes para dar conta temente, dos altos custos de veículos contribuiu elevados níveis de polu-
catarinense, como suína e do volume de mercadorias para escoamento, as condi- para que o transporte fer- entes liberados na atmos-
madeireira, concentrados transportadas no estado. ções das rodovias são péssi- roviário fosse, aos pou- fera.
no meio e extremo oeste. Entretanto, em 2005 ape- mas”, avalia. E acrescenta cos, substituído pelo de O predomínio do
Este ano , o governo do nas 16% do total de cargas que as vantagens trazidas automóveis. Hoje, Santa transporte rodoviário é
estado aproveitou o grande percorreu o território catari- pela ampliação da malha Catarina possui 8.6 mil característico de países
investimento no setor por- nense sobre trilhos, de acor- de trilhos deverão atingir quilômetros de malha ro- pobres ou de pequena ex-
tuário brasileiro e lançou do com a SINFRA. Alguns grande parte dos segmen- doviária, entre federais e tensão. Países maiores
o edital de licitação para trechos ferroviários estão tos da indústria. “Os setores estaduais. devem priorizar trans-
o projeto da ferrovia Lito- desativados por falta de beneficiados seriam todos As rodovias são indi- portes de longa distân-
rânea. Os portos catari- manutenção e outros ope- aqueles que utilizam cami- cadas, principalmente, no cia, como marítimo e fer-
nenses receberam cerca de ram bem abaixo da capaci- nhões para o transporte de transporte de pequenos roviário – especialmente
R$1bilhão em investimen- dade. A preferência é pelas carga aos portos”, completa. volumes a curta e média para cargas volumosas e
tos federais, desde Imbituba rodovias, que respondem Desde 2003, foram fei- distância. O uso indis- pesadas.
até São Francisco do Sul. por 58% de tudo o que circu- tas mais de quarenta simu-
Também a construção da la no Brasil, segundo dados lações de traçado para as
linha Leste-Oeste foi enca- do Ministério do Transporte. novas ferrovias, que terão
minhada para estudo e já O aperfeiçoamento e a prioridade para transporte
está prevista a integração ampliação da cobertura de de cargas pesadas e contêi-
das ferrovias com as de Pa- trilhos não significam ape- neres. O valor estimado para
raná e Mato Grosso do Sul. nas crescimento no fluxo de a implantação, até agora, é
Segundo a Secretaria de Es- carga que sai de Santa Cata- de R$448 milhões. O obje-
tado da Infra-estrutura, os rina por estrada de ferro. O tivo a longo prazo é colocar
projetos levaram cinco anos uso preferencial das ferro- Santa Catarina no nível de
– desde a conclusão do Es- vias reduz a necessidade de economias desenvolvidas,
tudo - para andar porque a investimentos em estrutura como Estados Unidos e Chi-
prioridade do governo ainda rodoviária, diminui o con- na, que priorizam o trans-
são as rodovias. Com a du- sumo de combustíveis, gera porte por ferrovias (44% no
plicação da BR-101 em fase emprego e desacelera a de- primeiro e 49% no segundo). Fernanda Volkerlig
QUATRO
12 > Tecnologia Florianópolis, agosto de 2008
Press Start
Setor de tecnologia cresce, mas investimentos na produção de jogos é pífia
O
setor de tecnolo- já que envolve diversas em-
QUATRO
Florianópolis, agosto de 2008 Tecnologia <13
Divulgação
ção de jogos em Santa Cata- quatro anos e dono de uma
rina trouxe um resultado: o há três meses. Ele não conhe-
primeiro jogo para usuários ce o Taikodom, mas afirma:
massivos via Internet do “O jogo precisa de dinamis-
estado é desenvolvido em mo, de um objetivo rápido”.
Florianópolis e está em fase Sérgio Heinzen, adep-
de testes, disponível gratui- to dos jogos online há três
tamente na rede mundial de anos, teve a oportunidade
computadores. Batizado de de testar o Taikodom. “Eu
Taikodom, faz parte de um encontrei o jogo em um site,
gênero múltiplo, no qual que nem me lembro qual,
além de entrar batalhas, é quando procurava algo di-
possível interagir com os ferente”, comenta. Ele afir-
amigos em uma vida virtual. ma que a experiência foi
A inspiração vem da positiva, mas ressalta que
parceria entre a desenvolve- a empresa deve lembrar-se
dora Hoplon Infotainment e de acompanhar o progresso
o escritor carioca de ficção tecnológico. “Com melho-
científica Gerson Lodi-Ri- rias gráficas e de contro-
beiro. Ele criou uma história le, ele pode sim se tornar
ambientada no século XXIII, muito forte, mas não sei se
quando o homem povoa o chega ao ponto de títulos
espaço e pode pilotar suas de sucesso internacional,
Divulgação
Tecnologia importada
mas disponibiliza no site
do jogo a lista dos perso- Lopes afirmou que o proje-
nagens ativos. Atualmen- to caminha no rumo certo.
te, existem 8240, embora “Temos o objetivo de mes-
esse valor seja impreciso, clar os estilos de jogo de O que promete suportar máximo 20 mil jogadores duas empresas não para
pois cada jogador pode ter ação, tático e estratégico, a grande quantidade de e, quando a demanda su- por aí: as duas trabalham
mais de um personagem. todos juntos em interação. jogadores interagindo no pera esse número, gasta- na criação de uma plata-
Esse número é um refle- Nós teremos espaço para to- ambiente ao mesmo tem- se entre 30 e 60 dias para forma para desenvolvi-
xo da proposta do produto. dos os perfis de usuários”. po é o sistema de mainfra- instalar um novo compu- mento e gestão de mun-
É o que diz Davi Nadal, que A versão beta do Taiko- mes fornecido pela IBM. tador, com um mundo pa- dos virtuais, o Bitverse.
trabalha em Lan Houses dom foi lançada em 11 de São computadores de ralelo que não se comu- A IBM, ou International
(locais onde os clientes pa- março deste ano, mas não é grande porte, com vários nica com os já existentes. Business Machines, é uma
gam por hora para usar a a primeira. Em 2005, a em- processadores e alta ca- Os mainframes per- empresa norte-americana
Internet, principalmente os presa lançou um protótipo e, pacidade de memória, que mitem criar esses novos responsável pela criação
jogos online). “Os jogos de no ano passado, mais duas ocupam uma sala inteira e espaços em minutos. de sistemas eletrônicos de
naves espaciais são direcio- versões de testes foram ao são capazes de processar Assim, todos os jogado- processamento de dados.
nados a um público muito ar. Para expandir o público, diversas tarefas simultâ- res interagem ao mes- A Hoplon foi fundada
restrito, que joga em casa um modo estratégico, no neas sem interferência. mo tempo, em um único no ano 2000 e começou
e tem mais tempo para com- qual o usuário coordena fá- Normalmente, os jo- universo controlado por a produzir o Taikodom em
pletar objetivos”, explica. bricas, estações e grupos de gos massivos usam com- um supercomputador. 2004, após firmar parce-
Ele diz que jogos desse tipo pilotos, está em pré-produ- putadores menores in- Em maio, a IBM lan- ria com a IBM. No ano se-
têm progresso demorado e ção. As duas formas deve- terligados em sistemas çou o novo mainframe guinte, foi fechado outro
que a maioria das pesso- rão interagir dentro do que a chamados clusters, nos System z10 na França e o acordo, desta vez com a
as procura as LAN Houses companhia chama de Meta- quais as máquinas traba- Taikodom foi usado para Nvidia, fabricante de pla-
em busca de jogos rápidos verso, ou seja, a vida virtual lham como se fossem um apresentar o equipamen- cas gráficas de computa-
e dinâmicos, normalmen- dentro do universo do jogo. computador só. Cada uma to e demonstrar o seu po- dores, que garante o apor-
te de tiro. Essa é a mesma tem capacidade para no tencial. A relação entre as te técnico para o visual.
opinião de Diogo Vieira, fre- Risa Stoider
QUATRO
14 > Educação Florianópolis, junho de 2008
Primeiro a educação
Com crescimento industrial, SC quer revolucionar o ensino científico e tecnológico
“
O Estado produz da procuram a pós-graduação verá o contexto do problema
Revista Portuária
soja aos motores elé- estão atrás de uma melho- educacional brasileiro”. Al-
tricos. Trabalha da ria no ensino pedagógico. gumas das universidades
agricultura até a ati- Quando chegam para dar brasileiras possuem também
vidades de alta agregação aula, descobrem que só o o nível de Mestrado Profis-
de valor”. A constatação é conteúdo não é o suficiente sionalizante, que aplica a
de Dilma Rousseff, titular para formar um bom alu- resolução do problema du-
da Casa Civil da presidência, no”. A afirmação de Vivian rante a própria dissertação.
em visita a Florianópolis, Leyser, doutora em Educa- O interesse do Programa de
em maio passado, durante o ção e professora do progra- Pós da UFSC vai além da re-
Painel RBS. O fato de o Es- ma, aponta a proposta da solução imediata, e sim de
tado responder sozinho por concretização desta união propostas para uma reforma
4% do PIB nacional é fruto como uma responsabilidade educacional científica desde
de uma conjugação de fa- que pode mudar toda a es- o ensino fundamental.
tores, entre eles a vocação trutura da educação cientí- A forma da educação
industrial e a tradição da fica brasileira. Desde 2001, nas escolas brasileiras é tra-
formação de profissionais o Programa, sob responsa- balhar o aluno para a prova
em ciência e tecnologia. bilidade conjunta do Centro do vestibular e não para a
Segundo levantamento da de Ciências Físicas e Mate- inserção no mercado de tra-
Federação das Indústrias mática (CFM) e do centro de balho, o que vai de encontro
(Fiesc), as grandes e médias Ciência da Educação (CED), à própria Legislação. Esse
indústrias de Santa Catari- contando ainda com docen- distanciamento é um dos
na ampliaram em 1,91% o tes do Centro de Ciências motivos para que a educa-
número de trabalhadores Biológicas (CCB) e do Centro ção brasileira deixe tanto a
contratados com carteira as- Investimentos em desenvolvimento chegam quase a 90% Tecnológico (CTC), analisa desejar para a formação dos
sinada entre janeiro e abril. mento. A conseqüente trans- Por meio do Platic foram ca- exatamente o modo de como estudantes. “Hoje em dia
No grupo de 354 empresas missão desse conhecimento, pacitados 310 profissionais os professores trabalham o que importa é decorar e
ouvidas, a variação repre- por meio de cursos de nível catarinenses, beneficiando sem interligar as matérias não entender. Isso acaba fa-
sentou a criação de 4.209 técnico e tecnológico, resul- diretamente 49 empresa científicas. “Quando falam, zendo com que uma grande
postos de trabalho nos qua- ta em uma forte interação por exemplo, sobre células- maioria dos alunos pegue
tro primeiros meses do ano. entre pesquisa, extensão e tronco na mídia, as pessoas aversão aos estudos cien-
De acordo com a pesquisa, ensino. A partir deste mês,
Educação científica e param para ver, é algo que tíficos, como matemática,
para manter o crescimento até junho de 2009, o Cefet tecnológica está relacionado com a si- física e biologia. O contexto
e a competitividade das in- promove o Programa Insti- Os estudos de Ciência-Tec- tuação em que vivemos, é fica cada vez mais longe da-
dústrias são priorizados in- tucional de Bolsas de Incen- nologia-Sociedade (CTS) interesse de todos. Agora, é quela teoria trancada”, afir-
vestimentos na pesquisa e tivo à Produção Científica e têm merecido grande aten- muito difícil, o adolescente ma a professora.
na inovação de produtos. Inovação Tecnológica. ção pelos professores da associar, por exemplo, com Visando o início de uma
Para atender à deman- A união da inovação UFSC. A tríade abre espaço os cromossomos e os movi- reforma educacional da ci-
da crescente, tanto de fun- com a capacitação é um dos para uma união entre o en- mentos celulares que estão ência, o engenheiro paulis-
cionários como do desen- principais objetivos que os sino da ciência com o estudo estudando na escola. Não tano Paulo Blikstein, forma-
volvimento de produtos, SC centros formadores execu- pedagógico. A constatação há ligação entre os estudos, do pela USP, desenvolveu
inicia uma forte ampliação tam para atender as vagas sobre a má uma placa de robótica, com
Sem crédito
e planejamento dos cen- providas da crescente in- formação software livre, que pode ser
tros formadores de ciência dústria. Ramo estratégico de profes- usada em escolas no mundo
e tecnologia. A partir de para a economia catarinen- sores nas todo para fazer experiências
81 companhias ouvidas, de se, o setor de tecnologia da áreas cien- de eletrônica e computação.
17 segmentos industriais, informação e comunicação tíficas no “Em muitas escolas, usar a
entre novembro de 2007 e prescinde de ações que con- Brasil, leva tecnologia se resume a bus-
fevereiro de 2008, 80% de- tribuam para fortalecer os à preocu- car dados para um trabalho.
las pretendem ampliar os arranjos produtivos regio- pação de Mas é preciso aproveitar
investimentos em inovação nais e locais. Desenvolvi- capacitar toda a motivação incrível
para ganhar competitivi- do em parceria ativa com os profes- que as crianças têm para
dade frente à concorrência, representantes dos setores sores tanto criar, para mexer com tecno-
como forma de aumentar acadêmicos, como a UFSC do ensino logia”. Atuante na área de
Vivian Leyser, doutora em Educação
lucros e reduzir custos. e a Univali, o projeto Platic fundamen- pesquisa sobre como a ci-
A atividade de pesquisa no – Plataforma de Tecnologia tal e médio como de gradu- não há contextualização”, ência e a tecnologia podem
Cefet – Centro Federal de e Comunicação de Santa Ca- ação e pós-graduação. Esta comenta a Vivian Leyser. trabalhar a favor do ensino
Educação Tecnológico de tarina – observou o setor de expectativa leva em conta o Os projetos do programa de qualidade, o engenheiro
Santa Catarina – é um dos software como um grande nível de formação dos estu- possuem uma repercussão está sendo disputado por
meios de geração de conhe- responsável pelos maiores dantes – os futuros profis- teórica, esta para análise e quatro grandes universida-
cimento próprio e de solu- índices de crescimento da sionais. estudo. Sendo de Mestrado des americanas. “Se a gen-
ções tecnológicas. Para isso, economia global. O setor O Programa de Pós-Gra- Acadêmico, as dissertações te realmente quer criar uma
leva em conta a identifica- cresceu em média 20% entre duação em Educação Cien- abrem espaço para uma dis- geração de cientistas para
ção do avanço tecnológico e 1995 e 2000, sendo Santa tífica e Tecnológica, que cussão mais pluralizada, contribuir para o avanço tec-
das necessidades da socie- Catarina um dos principais abrange os níveis de mes- mostrando que a educação nológico do Brasil, a gente
dade e do setor produtivo. pólos brasileiros de empre- trado e doutorado, através científica precisa ser refor- tem de ensinar a ciência do
De acordo com o estudo da sas em desenvolvimento de de projetos de estratégias mulada desde a sua base. século 21 e não a do sécu-
Fiesc, 88% das companhias software. Atender os setores de ensino, exerce a ativida- “Não queremos ser um pro- lo 19”, esclarece Blikstein.
entrevistadas investem em em ascensão é a preocupa- de dos estudos científicos grama de problema-solução
atividades com destaque na ção dos projetos das insti- com a do ensino-aprendi- do imediato. Solucionar os
Luís Knihs
pesquisa e no desenvolvi- tuições de Santa Catarina. zagem. “Os graduados que problemas de hoje não resol-
QUATRO
Florianópolis, junho de 2008 Educação < 15
Pesos e medidas
Índices apontam avanço no ensino, mas critérios desprezam fatores determinantes
E
Arquivo
m todo o país o nív- cisco Fernandez, técnico
el médio é a etapa de gerência e estatística da
do ensino básico SED-SC (Secretaria Estad-
que apresenta os ual de Educação), declarou
piores resultados nas av- que Santa Catarina não tem
aliações do Mec (Ministério método semelhante, usando
da Educação). Sete estados como critério apenas as av-
regrediram na nota do Ideb aliações nacionais, como a
(Índice de Desenvolvimento Prova Brasil e o Enem.
da Educação Básica) em O Ideb leva em consid-
2007. Santa Catarina não eração a taxa de aprovação
está entre eles: apresentou escolar, o desempenho dos
aumento de 0,2, alcançando alunos na Prova Brasil e no
4,0. Esse resultado está 0,5 Saeb (Sistema de Avaliação
acima da média nacional e da Educação Básica), que é
0,1 além da média do sul do realizado por amostragem.
país. Esta nota, porém, está A meta geral do índice é
bem distante dos 6,0 exigido alcançar a nota 6,0 em to-
na maioria das escolas para das as regiões até 2022,
aprovação dos alunos. em comemoração ao bicen-
O estado catarinense ap- tenário da independência do
resenta a maior aprovação Brasil. Para isso, algumas Das dez escolas de Santa Catarina com o melhor desempenho no Enem, sete são da rede privada e duas são federais.
no ensino médio, com 83,7%. regiões precisam evoluir
No entanto, é questionável mais rápido que outras. amostra do Ideb, pois foram rina teve queda de 3,8% nas do. Ela também aponta que
se tais dados significam Francisco Fernandez, atingidos 4 pontos acima matrículas do ensino médio, a evasão fortalece o grande
realmente algo positivo. São ao comentar os critérios da média nacional, com o aspecto não contabilizado capital que precisa de mão
Paulo é o segundo colocado do Ideb, afirmou que não resultado de 52,7. A capital pelo Ideb, em 2006. A média de obra mais barata. “É esse
nessa etapa de ensino e pri- o enxerga como o principal do estado apresentou média nacional de adolescentes de estudante que abandona
meiro nas demais. Reporta- determinante nas políticas de 58,2, enquanto a média 15 a 17 anos matriculados o ensino médio para fazer
gem publicada pelo jornal educacionais. “O governo das escolas privadas no es- nesse nível é de 45%. “Em cursos de curta duração que
O Estado de São Paulo, in- distribui as verbas para to- tado foi de 67,5 e as escolas Santa Catarina o acesso ao vai sustentar essa estru-
forma que uma avaliação das as escolas, independen- públicas ficaram em 49,7. ensino médio não chega a tura”. Para Nise, a solução
da Secretaria de Educação temente do desempenho no Nenhum aluno de escolas 60%”, esclarece Fernandez. passa por maiores verbas
apresentou 70% de alunos Ideb. O que tem que haver rurais participou da prova. Nise Jinkings, doutora em para a escola pública, mas
concluintes nesse nível é uma auto-avaliação da Ciências Sociais e pesquisa- se estende a questões mais
que não souberam resolver instituição que apresenta Números desprezados dora do tema “Mundo do amplas, como políticas pú-
questões de matemática problemas”. As metodologias adotadas trabalho e suas transfor- blicas voltadas para a classe
básica, como conversão de Os resultados de Santa pelos órgãos oficiais, no en- mações”, explica a evasão trabalhadora e mudanças
metros para centímetros ou Catarina no Enem (Exame tanto, não levam em conta escolar pela falta de sentido sociais em longo prazo.
subtração de números deci- Nacional do Ensino Médio) outros números igualmente que o aluno vê em um ensi-
mais menores que dez. Fran- parecem coerentes com a preocupantes. Santa Cata- no fragmentário e dissocia- Bárbara Medeiros
dos que já oferecia as disciplinas tribuição desigual de verbas para a educação. En-
de sociologia e filosofia no en- quanto um aluno de ensino superior custa para o
sino médio, mesmo antes delas se Estado brasileiro R$ 11.363 por ano, um aluno de
tornarem obrigatórias pela alteração ensino médio conta com cerca de R$ 1.004 investi-
da LDB (Lei de Diretrizes e Bases dos na educação pública para a sua etapa, ou seja,
da Educação), em maio passado. cerca de 9% do valor destinado à graduação. Os
Estes estudos foram considerados dados são de 2005 e foram divulgados pelo Mec.
desnecessários pelos governos mili-
tares e a lei estadual de 1998 recolo- ***
cou as matérias no currículo. Apesar O salário de um professor em Santa Catarina (li-
disso, Pedro de Souza, Gerente de cenciatura plena) no magistério público estadual,
Ensino Médio da Secretaria Estadual por 20h de trabalho, é de R$ 579,28. Ainda assim,
de Educação (SED), afirma que faltam o valor está acima da média nacional, que é de R$
profissionais, a despeito das 70 vagas 420, de acordo com matéria publicada na revista
para filosofia e 80 vagas para Ciên- Carta Capital. Em fevereiro desse ano, o governa-
cias Sociais preenchidas anualmente dor do estado anunciou a concessão de uma bon-
no vestibular da Universidade Fed- ificação de R$ 200 para os professores na ativa.
Nise: Carreira docente na educação e na sociologia
eral de Santa Catarina. “Já tivemos
que contratar pessoas formadas em questões que vem de muito tempo”. ***
história para dar aula de filosofia, por Se o espírito da lei visa o ensinar a Santa Catarina possui duas das 125 escolas de
falta de profissionais com a formação pensar, resta à sociedade decidir o que ensino médio em funcionamento no Brasil que não
adequada”, exemplifica. e como pensar, fazendo com que isso possuem sanitários, sendo que uma delas está em
Para Nise Jenkings, “a sociologia e a complemente a profissionalização e área urbana, de acordo com levantamento do Inep
filosofia abrem toda uma perspectiva não entre em conflito com ela. (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-
crítica. Mas a lei por si só não repre- cionais).
senta uma mudança estrutural das B.M.
QUATRO
16 > Cultura Florianópolis, junho de 2008
Índice de leitura é um
Arquivo pessoal
dos menores do Brasil
Falta de incentivo do governo é apontada
como uma das causas do problema em SC
R
ichard Burton, in- Ávila fez seu trabalho de espera que a feira seja le-
telectual inglês conclusão do curso sobre a vada mais a sério em 2009.
embaixador do situação das editoras cata- O único projeto de incen-
Brasil, fica pre- rinenses e questiona o por- tivo à leitura da Fundação
Arquivo pessoal
so em uma ilha após um quê de Santa Catarina, um Catarinense de Cultura (FCC)
naufrágio. Ele decide então estado com uma diversida- em andamento é a “Semana
continuar seu projeto de es- de e prosperidade cultural do Troca-Troca”, onde pes-
crever um épico tão grande e sócio-econômica ampla- soas podem trocar os seus li-
quanto Os lusíadas. Mas mente reconhecidas, não vros por outros, que aconte-
quem seriam seus leitores? refletir essa sua caracterís- ce na última semana do mês
Além dele, na ilha só mora- tica no consumo de livros. no hall da Biblioteca Pública
va mais um cego que pas- A falta de projetos efi- de Santa Catarina. O projeto
sava o tempo esculpindo cientes para a divulgação foi criado há 15 anos, mas
cães de madeira. O roman- da leitura é um dos fatores só agora em fevereiro de
ce do catarinense Rodrigo apontados como causa para 2008 foi retomado, depois
Schwarz, A ilha dos cães, é o problema no Estado. A de anos sem ser realizado.
usado como exemplo pela Feira de Rua do Livro de Flo- O Prêmio Cruz e Sou-
escritora Regina Carvalho rianópolis é uma das poucas za de literatura, que pre- Companhia Teatro Sim...Por Que Não? no espetáculo E o Céu Uniu dois corações
para exemplificar a situa- ações catarinenses cadas- mia autores por suas obras
ção dos escritores em SC.
Com um índice de leitura
tradas no Plano Nacional de
Leitura e foi considerada um
promovido pelo Governo
do Estado, teve sua última
Cia tem mais palcos
baixo apesar do alto Índice
de Desenvolvimento Hu-
fracasso este ano. Segundo
o escritor Victor da Rosa o
edição em 2002 e será re-
tomado este ano. Também fora que no estado
mano, o estado reflete um evento desse ano não con- será reativada a Lei Gran-
problema maior. No país, seguiu nem oferecer livros do (nº 8.759), que obriga o Apresentações em nove de Paula. “ Falta humildade
apenas 1,7% dos jovens con- mais baratos nem promover governo a comprar livros de capitais brasileiras e nen- para chamar a classe artís-
somem livros sem ser didá- o contato do público com os autores catarinenses ou re- huma no interior de Santa tica e conversar”, acrescenta
ticos, segundo pesquisa do autores. Amílcar Neves cri- sidentes no estado há mais Catarina. Esta é a agenda o produtor Júlio Maurício.
Instituto de Pesquisa Eco- ticou em sua coluna no Di- de 10 anos para distribuir da Cia Teatro Sim...Por Que Eles falam sobre um cír-
nômica Aplicada (IPEA) di- ário catarinense a ausência em bibliotecas públicas. Não?, de Florianópolis, que culo vicioso: o artista local
vulgada em maio deste ano. do governador Luís Henri- existe desde 1984. No ano não é tratado como profis-
Formado em jornalis- que da Silveira e do prefei- passado, o grupo participou sional, nem tem oportuni-
mo pela UFSC, Fabiano to Dário Berger e disse que Camila Augusto do Edital de Incentivo à Cul- dade de profissionalização
tura de Santa Catarina com e o público não tem muito
Grupo RBS
Para escritores, Feira do Livro de Rua de Florianópolis não aproximou população do mundo literário na edição deste ano
o galpão virou
depósito de su- uma grande divididos em
oito câmaras
cata.
Os integran- ditadura” dedicadas a
Antigos projetos vão ser retomados tes do Teatro
áreas especí-
ficas, sendo
Sim... Por Que uma delas a
Troca-troca na biblioteca Lei Grando Prêmio Cruz e Souza
Não? afirmam que não ex- de Artes Cênicas.
o “Troca-troca na biblio- A FCC pretende reativar no O “Prêmio Cruz e Souza”, iste uma política voltada As politicas culturais
teca” foi retomado este segundo semestre deste ano que contempla escritores para cultura no estado e estão definidas no Plano de
ano e acontece na última a Lei Grando (nº 8.759), que de todo o país, não ac- que os administradores Desenvolvimento Integrado
semana de cada mês no obriga o governo a com- ontece desde 2002. O acabam sendo pessoas que do Lazer, o PDIL que está na
hall da Biblioteca Pública prar livros recentes de au- motivo alegado é a falta não são da área, não valori- Lei 13.792, de 2006. Mérito
de SC. O objetivo é estimu- tores catarinenses ou resi- de verbas do estado. A zam o que é produzido aqui artístico e viabilidade são
lar a leitura, fazendo com dentes no estado há mais Fundação Catarinense de porque têm uma pré-con- critérios para aprovação dos
que as pessoas troquem de 10 anos para distribuí- Cultura pretende retomar cepção do que seja cultura. projetos.
“Acham que cultura é o fol-
livros antigos por novos. los em bibliotecas públicas. o concurso este ano.
clórico”, explica o ator Leon Joana Neitsch
QUATRO
Florianópolis, junho de 2008 Cultura < 17
A
atual presidente Felipe Machado
da Fundação Cat-
arinense de Cul-
tura (FCC), Anita
Pires, assumiu o cargo no
dia 15 de abril deste ano,
após a morte da ex-pres-
idente da FCC, Elisabete
Anderle, em março. Em-
presária, pedagoga e as-
sistente social, é a primeira
vez que Pires assume um
cargo relacionado à cultura.
QUATRO
18 > Prostituição Florianópolis, junho de 2008
Alexandre Lunelli
SC no ranking da prostituição
Levantamento coloca o estado em quarto lugar em exploração infantil
S
anta Catarina é sanitarista, as prostitutas mostra que a comunidade é ender os clientes, ambas emplo, o pagamento de con-
conhecida internac- eram vistas como dissemi- conivente com a situação. A recorrem a acordos com tribuições sociais.
ionalmente por seus nadoras de várias doenças, pesquisa aponta que meni- hotéis da região. Estes acor- O programa Sentinela
atrativos turísticos. como a sífilis e a gonorréia. nas de 7 a 14 anos, de dos são feitos entre os do- faz parte do Plano Nacional
O interior do estado, de col- Pretendia-se “modernizar” a famílias com rendas de um nos dos hotéis e as profis- de Enfrentamento à Violên-
onização européia, divide capital através da expulsão até três salários mínimos, sionais. A prostituta presta cia Sexual Contra Crianças e
a beleza com um litoral de das profissionais do sexo do são agenciadas por pessoas seus serviços naquele esta- Adolescentes do Ministério
500 km. Somente a capital, centro da cidade. fora do vínculo familiar, em- belecimento e seus clientes do Desenvolvimento Social
Florianópolis, possui cem Além da iniciativa não bora tenha sido constatado fazem o pagamento pelo uso e Combate à Fome. É opera-
praias. Este potencial turís- ter apresentado resultados, índice elevado de mães que das instalações. Em troca, o cionalizado nos Centros de
tico está acompanhado do houve um agravamento da iniciam as filhas ainda cri- dono oferece à trabalhadora Referência Especializados
avanço da prostituição. situação, com o crescimen- anças na prostituição. um local onde ela pode des- de Assistência Social im-
No dia 9 de maio deste to da prostituição infantil. Wendy começou a tra- cansar, deixar seus pert- plantados nos municípios
ano, a polícia encontrou o Uma pesquisa realizada em balhar como profissional do ences, preparar-se para o para atender crianças, ado-
corpo de Elisângela Cordovil 2005 pela Secretaria Espe- sexo com 17 anos a convite trabalho e para voltar para lescentes e famílias. Nesses
Coelho, stripper de 29 anos cial de Recursos Humanos, de amigas. “No começo foi casa. espaços são realizadas ações
que estava desaparecida em conjunto com a UnB e o uma experiência encanta- Normalmente os locais especializadas de assistên-
desde 23 de março. O cor- Unicef, colocou Santa Cata- dora, depois de algumas não apresentam identifi- cia e proteção imediata às
po foi encontrado na praia rina no quarto lugar em um semanas vem a rotina, a re- cação clara em suas facha- crianças e aos adolescentes,
de Moçambique, em Flori- ranking nacional de número alidade”. Depois de trabal- das, possuem poucos quar- como abordagem educativa,
anópolis. Cinco pessoas fo- de municípios com casos de har como babá, cozinheira e tos e se concentram nas atendimento multiprofis-
ram indiciadas pela morte, exploração sexual comercial empregada doméstica escol- regiões próximas a Ponte sional, apoio psicossocial e
incluindo o ex-companheiro de crianças e adolescentes. heu a prostituição por gan- Hercílio Luz, no centro de jurídico, acompanhamento
da dançarina, o finlandês Dois levantamentos de har mais do que em outras Florianópolis. permanente e abrigo
Toni Hakala. O caso susci- 2007 mostram que a ex- profissões e ter um horário Em Santa Catarina, o
tou discussões a respeito da ploração sexual infanto- mais flexível. Auxílio programa conta com 58
prostituição no estado. juvenil está longe de ter Caso semelhante ao de A ONG Estrela Guia, jun- centros de atendimento,
Resgates históricos mos- solução no estado. O pri- Tatti, paranaense de 24 to com a Associação das atendendo 8 mil e 300 cri-
tram que as ruas Conselhei- meiro, um mapa elabora- anos, que se mudou para Travestis da Grande Flo- anças vítimas tanto de abu-
ro Mafra, Padre Roma e o do pelo Departamento de Florianópolis há oito, atraí- rianópolis (ADEH Nostro so quanto exploração sex-
Largo da Alfândega, na cap- Polícia Rodoviária Federal, da por uma vaga para recep- Mundo), presta auxílio a ual comercial (prostituição
ital, são locais famosos pela apontou que Santa Catarina cionista de eventos anunci- 500 mulheres profission- infantil). Mesmo assim,
presença de profissionais do apresenta o maior número ada em um jornal. Chegando ais do sexo e 85 travestis. pelo menos 1.496 crianças e
sexo desde o começo do séc- de pontos vulneráveis à à cidade, descobriu que se A cada 15 dias saem pelas adolescentes de Florianópo-
ulo passado, quando barcos prostituição infanto-juvenil tratava de um emprego em ruas do centro, nos locais lis que sofreram violência
atracavam na região. nas BRs. Foram mapeados uma boate para trabalhar de atuação das prostitutas, sexual no período de 2001
Ivonete Pereira, em seu 78 locais espalhados pelas como garota de programa. fazendo distribuição de pre- a 2004 não receberam at-
livro “As decaídas” - lança- principais rodovias. Sem dinheiro para voltar servativos, gel lubrificante endimento em nenhum pro-
do pela editora da UFSC Outro estudo que traça o ao seu estado natal, decidiu e dando encaminhamento grama sócio-educativo do
em 2004 - narra a história perfil da exploração no esta- aceitar o trabalho e hoje tra- médico e escolar. A equipe município.
da prostituição na Ilha de do, feito pelo Programa Sen- balha na Praça XV de No- das ONGs também esclarece
Santa Catarina entre 1900 tinela, que atende crianças vembro no centro de Flori- as dúvidas das profission-
e 1940, quando, através e adolescentes vítimas de anópolis. ais e travestis quanto aos Alexandre Lunelli
de um discurso moralista e abuso e exploração sexual, Sem local fixo para at- seus direitos, como por ex- Rodolfo Z. Espínola
QUATRO
Florianópolis, junho de 2008 Prostituição < 19
QUATRO
20 > Esporte Florianópolis, agosto de 2008
D
urante todo este mês de para Faraco, as chances dos outros
Divulgação - www.cbc.esp.br
agosto as atenções do competidores catarinenses é prati-
mundo estarão voltadas camente nula.
para Pequim, na China, Em comparação com os Jogos
onde acontece o maior evento es- de Atenas, a equipe barriga-verde
portivo do planeta. E entre a es- estará menor. Em 2004, foram
quadra brasileira que participará oito catarinenses. Naquele ano,
dos Jogos - 270 atletas já estão além de Beltrame, Nocetti, Bagio e
confirmados - estarão cinco cat- Fischer, também participaram dos
arinenses natos e dois atletas rad- Jogos o nadador Eduardo Fischer,
icados no Estado. o ex-ciclista Márcio May, a ex-
Ao todo, a participação cat- maratonista Márcia Narloch e o
arinense se dará em cinco modali- grande ídolo do esporte catarin-
dades esportivas diferentes. No ense, recém aposentado, Gustavo
remo, contaremos com a mesma Kuerten.
dupla que esteve nos últimos Jog- Historicamente, Santa Cata-
os Olímpicos, em Atenas: Fabiana rina não é um grande formador
Beltrame e Anderson Nocetti. No de medalhistas olímpicos: a única
atletismo, José Alessandro Bagio medalha olímpica conquistada
tentará melhorar a histórica déci- pelo estado nas competições indi-
ma quarta colocação dos Jogos de viduais veio em 1996 , nos Jogos
Atenas na marcha atlética 20 km de Atlanta, com Fernando Scherer,
– a melhor participação brasileira o Xuxa, de Florianópolis.
na história da modalidade. Além Caso os atletas do Estado su-
deles, também estarão lá Bruno perem as expectativas e ganhem
Fontes e André Fonseca, na vela, mais de uma medalha, esta será
e Eduardo Deboni, na natação. No a melhor participação catarinense
ciclismo de estrada, Murilo Fisher, em uma Olimpíada. No âmbito
de Brusque, irá para sua terceira geral, o Brasil está na 39º posição
Olimpíada consecutiva. no quadro de medalhas e tem
Segundo o comentarista es- tudo para igualar ou superar sua
portivo da TVCOM e Rádio CBN/ melhor participação, conseguida
Diário, Rodrigo Faraco, as chances justamente nos últimos Jogos. Na
de medalha para os catarinenses Grécia, conquistamos cinco ouros,
são poucas. “Acredito que quem três pratas e três bronzes, termi-
tenha mais chances seja o Deboni, nando na 16ª colocação.Apesar de
na prova do revezamento 4x100 as chances dos catarinenses con-
livre”, afirma. Nas provas individ- tribuírem para a evolução brasilei-
uais, ele aponta Bruno Fontes como ra nesse quadro sejam diminutas,
principal esperança. “Ele pode sur- sempre vale a nossa torcida.
preender, mas acredito que ainda
lhe falte um pouco de experiência
nesse tipo de campeonato”. Ainda Leonardo Gorges
Murilo Fischer vai para a sua terceira Olimpíada consecutiva como principal ciclista brasileiro da atualidade
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