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COMPÓSITO DE RESÍDUOS DE GESSO E DE FIBRA VEGETAL COMO

ELEMENTO DE CONSTRUÇÃO

Cleyton Santos de MEDEIROS (1); Jacques Cousteau da Silva BORGES (2); Manoel Leonel
de OLIVEIRA NETO 03 (3)

(1) IFRN, Av. Senador Salgado Filho 1559, Tirol, Natal-RN, CEP 59015-000, (84) 40052600, 40052694, e-mail: tom-
msn@hotmail.com.br (2) IFRN, e-mail: Cousteau@cefetrn.br (3) IFRN, e-mail: leoliveira@cefetrn.br

RESUMO
O presente artigo apresenta a fase inicial de uma pesquisa sobre o aproveitamento de dois resíduos sólidos
gerados por diferentes formas no desenvolvimento de um compósito com matriz de gesso de construção e
reforço de fibra vegetal. Devido à falta de um plano de descarte e destino adequado ao resíduo de gesso, ele
contribui para o aumento dos problemas de salubridades sanitária e estrutural. O CONAMA expõe em sua
resolução n° 307 que as sobras de gesso são elementos dos quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. Neste sentido a presente
pesquisa objetiva a reciclagem e reutilização do resíduo de gesso, fazendo-o passar por um processo no qual
se obtém propriedades físicas para novamente ser usado como matriz cimentícia de compósito. Neste
trabalho será apresentada uma revisão bibliográfica sobre o resíduo do gesso de construção acompanhada da
descrição dos primeiros procedimentos para ensaios normatizados de tempo de pega da pasta do resíduo de
gesso hemidratado pelo processo de calcinação. Os ensaios foram realizados utilizando-se o aparelho de
Vicat considerando-se duas temperaturas de calcinação, 200°C e 160°C e duas relações água/gesso, 0,80 e
0,70. A análise dos primeiros resultados admitem que apesar das dificuldades em se obter valores
compatíveis com as normas técnicas, é possível a utilização do resíduo de gesso na formação de um
compósito endurecido que permita a produção de elementos de construção, agregando à produção de um
novo material, o apelo ambiental feito pela sociedade.
Palavras-chave: resíduo de gesso, meio ambiente, compósito.
1. INTRODUÇÃO
A Resolução do CONAMA n° 307, de 5 de julho de 2002 que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão de resíduos da construção civil, considera que a disposição de resíduos em locais inadequados
contribui para a degradação ambiental e a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de materiais
provenientes da reciclagem de resíduos da construção civil pode proporcionar benefícios de ordem social,
econômica e ambiental.
Segundo o CONAMA, no artigo 3° da Resolução n° 307, os resíduos de gesso são classificados como
resíduos de Classe C, aqueles para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do
gesso.
O uso do resíduo de gesso também encontra barreiras nas normas, uma vez que elas restringem o uso de
grandes quantidades na produção de agregado reciclado ou adição ao cimento, pois no caso da reciclagem
como agregados para a produção de componentes de concreto de cimento Portland, a presença de gesso é um
limitante significativo, posto que a reação entre os aluminatos do cimento e o sulfato do gesso em presença
de umidade gera etringita, composto que ocupa volume muito maior que os reagentes originais, criando
tensões expansivas que levam à desagregação das peças de concreto (John e Cincotto, EPUSP, pág.4). Por
isso que a maioria das normas limita o teor de sulfatos no agregado a um valor máximo de 1% a 4,5% da
massa do cimento e recomendam ainda o uso de cimento resistente à sulfato quando o agregado reciclado
apresentar gesso. Além disso, Jadovski (2005, pág.35) cita que impurezas de gesso superior a 1% da massa
causam expansões significativas em argamassas, o que pode ser um risco iminente para a aparição de
patologias.
De acordo com a NBR 15114, nas áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil, somente
podem ser aceitos os resíduos da classe A. Os resíduos da classe C onde se encontra o gesso devem ser
encaminhados à destinação adequada. Destinação essa que acaba sendo em aterros sanitários, o que prejudica
o local no ponto de vista ambiental, pois segundo John e Cincotto (EPUSP, págs. 4 e 5), o gesso em contato
com umidade e condições anaeróbicas, com baixo PH e sob ação de bactérias redutoras de sulfatos, pode
formar gás sulfídrico (H2S) que possui odor característico de ovo podre, tóxico e inflamável. Esta é a razão
pela qual o produto tem sido banido de vários aterros sanitários. Este é um problema reconhecido pela
Associação Norte Americana do Gesso, e foi detectado em aterros de resíduos da construção civil ns Estados
Unidos. Na Europa na tentativa de atenuar o problema, a comunidade Européia exige que a deposição de
gesso em aterros seja feita em células isoladas e isentas de matéria orgânica.
Outra constatação da agressão ambiental do resíduo é que o gesso é solúvel em água, e a presença em um
aterro ou base de pavimentação vai trazer problemas em longo prazo de vazios pela lixiviação do gesso,
podendo afetar a composição e os Potenciais de Hidrogênio da água e do solo. A falta de um plano de gestão
de reciclagem do resíduo de gesso, como se tem para resíduos da classe A, além dos danos ambientais
produz um forte impacto econômico às prefeituras, pois analisando os dados do SINDUGESSO e
ABRAGESSO de acordo com John (2000), na grande São Paulo, por exemplo, constata-se um custo de
aproximadamente 2,6 milhões de reais por ano.
Posto isso, observamos a necessidade de estudo para a reciclagem e reutilização do resíduo de gesso, e para
obedecer às normas de utilização dos resíduos de gesso em outros materiais como o agregado reciclado e
cimento Portland. Estamos buscando nesta pesquisa dar um destino adequado ao resíduo de gesso que não
em aterros sanitários e por meio de estudos tecnológicos do resíduo junto com o bagaço da cana,
analisaremos as propriedades deste aglomerado estabelecendo comparações com as normas de gesso para a
construção civil (NBR 13207, ABNT 1994), consistência normal e tempo de pega (NBR 12128, ABNT
1991), dureza e resistência à compressão (NBR 12129, ABNT 1991) e análise química (NBR 12130, ABNT
1991) para saber se estamos obedecendo aos parâmetros e assim vislumbrando chegar a um composto que vá
ser reincorporado como elemento de construção.

2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
2.1 O Gesso
De acordo com a NBR 13207, gesso é um material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita,
constituído predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos controladores de pega. Para
Bauer (2000, pág.25-5a edição), o gesso é o termo genérico de uma família de aglomerantes simples,
constituídos basicamente de sulfatos mais ou menos hidratados ou anidros de cálcio. São obtidos pela
calcinação da gipsita natural (sulfato de cálcio didratado-CaSO4. 2H2O) acompanhada de certas impurezas
como, sílica, alumina, óxido de ferro, carbonatos de cálcio e magnésio, chegando o total de impurezas a ter
limite de 6%.
Para chegar ao gesso a gipsita é desidratada por calcinação no forno, os tipos mais usados são: forno de
panela, marrmita, rotativo tubular e marmitas rotativas, os quais conduzem à formação dos seguintes
sulfatos:
- entre 100°C e 180°C, são produzidos hemidratos- CaSO4 e ½ H2O.
- entre 100°C e 300°C são produzidos sulfatos anidros solúveis – CaSO4.
- em temperaturas superiores a 300° é produzido sulfato anidro insolúvel.
Os hemidratos e sulfatos anidros solúveis, colocados em presença de água reconstituem rapidamente o
sulfato didratado, enquanto o sulfato anidro insolúvel não é suscetível a reidratação rápida, sendo
praticamente inerte e usado apenas como material de enchimento.

2.2 Utilizações
O gesso é um material versátil, por isso muito usado, podendo ser empregado desde ornamentos decorativos,
forros de teto, até em vedações verticais. Porém a utilização do material gera desperdícios significativos em
construções, e o desperdício gira em trono de 20 a 25% segundo análises feitas em obras por Niglio
(Unicamp, 2004) na tabela 1:
Tabela 1 – Desperdícios de gesso em construções.

Obra Consumo de Coeficiente de Relação


gesso desperdício desperdiçado/aplicado
(Kg/m²) (Kg/m²)

1 22,03 1,95 8,85%

2 18,45 4,61 24,97%

3 17,3 3,54 20,46%

4 19,8 4,2 21,21%

Para Agopyan (1998) o desperdício é ainda maior, ele constatou que o gesso em pasta ao ser aplicado como
revestimento em alvenarias, possui um índice de perda de aproximadamente 45% em massa. Um resíduo que
não tem um destino ambientalmente correto, pois como já foi dito, a maioria dos gestores públicos de RCD
de gesso não apresentam uma adequada destinação. Analisando o programa de gestão de RCD do município
de São Paulo, com relação ao resíduo de gesso ele cita que: “a destinação de resíduos de gesso e gesso
acartonado só é possível através de reciclagem pela indústria gesseira ou por empresas de reciclagem”. O
programa de RCD de Belo Horizonte diz que até o momento não existe no município uma destinação
adequada cabendo ao gerador buscar soluções junto ao fabricante. O município de Natal no Rio Grande do
Norte ainda está elaborando o programa de gestão de resíduos e segundo Haroldo Martins, gerente de
engenharia da Urbana, a secretaria deve obedecer ao disposto na NBR 15114, implementando reciclagem
para resíduos da classe A que serão partículas inertes para agregado reciclado, com relação ao resíduo da
classe C, será encaminhado ao aterro chamado de Cava do Guajiru no município de São Gonçalo do
Amarante.

2.3 Importância da Reciclagem


Esses dois resíduos gerados por diferentes formas de produção para o uso humano estão presentes neste
trabalho de pesquisa devido ao fato dos planejadores sócio-ambientais abordarem em seus discursos a
redução do desperdício e a gestão dos resíduos como elemento básico para assegurar o desenvolvimento
sustentável que traz beneficie nos aspectos ambientais, sociais e econômicos, minimizando o uso de
matérias-primas e utilizando o conceito proposto na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento, ocorrida no município do Rio de Janeiro em 1992, que definiu na Agenda 21, no
capítulo 21, o manejo ambientalmente saudável aos resíduos sólidos. A gestão baseia-se no princípio dos três
R’s:
- Reduzir os resíduos ao mínimo;
- Reutilizar e Reciclar ao máximo.
Correlacionar estas ações de forma integrada constitui a estrutura ambientalmente saudável do manejo de
resíduos. Medidas como o controle, o monitoramento e a fiscalização fazem parte de atividades afins da
gestão dos resíduos sólidos. O princípio dos três R´s destaca a necessidade de minimizar os impactos
causados pelas atividades industriais. Diante do exposto neste referencial bibliográfico, estamos certos de
que a Resolução do CONAMA se torna incabível em sua classificação para o gesso, pois acreditamos sim,
que se pode obter viabilidade técnica e econômica para uma gestão adequada do resíduo de gesso,
obedecendo as mais diversas campanhas ambientais pregadas pelo mundo e mostrando ao poder público que
se faz necessário a incursão de um conceito de “construção sustentável” aos geradores, que terá como
conseqüência uma redução de custos aliada a uma redução de problemas de salubridades sanitária e
estrutural. Nesse contexto, acreditamos que a disposição de qualquer tipo de resíduo em áreas livres e
terrenos baldios irão provocar impactos como: poluição do ar, poluição dos solos, obstrução de córregos, de
vias e proliferação de vetores. Por fim, acreditamos que este e outros trabalhos ajudarão aos diversos setores
de produção, na elucidação de conhecimentos para uma utilização mais nobre dos materiais.

3. ATIVIDADES LABORATORIAIS
Este trabalho é parte inicial de uma pesquisa que visa o estudo de um novo compósito, onde a fase inicial
consiste na caracterização da matéria prima a ser utilizada: o resíduo de gesso e fibra vegetal. No presente
trabalho serão relatados os procedimentos realizados com o resíduo de gesso. Iniciamos com o manuseio do
gesso que se apresenta como um produto proveniente de todos os processos já citados e se constitui
quimicamente de sulfato de cálcio biidratado. Para a obtenção do gesso hemidratado, o resíduo mineral foi
triturado e calcinado para a perda dos hidratos combinados em sua composição. O tipo de gesso obtido,
apesar da mesma composição química, pode ter formas diferentes de acordo com as calcinações feitas na
gipsita. Um hemidrato em forma de pó é produto mais usado para a construção civil, ele reage facilmente
com água formando uma pasta e endurecendo, voltando ao estado de sua matriz, a gipsita, sendo então
novamente sulfato de cálcio biidratado. É esse o tipo de gesso que desejamos obter para esta fase da
pesquisa.
Analisando o esquema de reações abaixo se verifica todo o processo de obtenção citado:

No processo de hidratação do gesso ocorre o processo inverso ao esquema mostrado, onde o hemidrato
mistura-se com água e forma o diidrato, sendo essa uma reação exotérmica.
Analisando as reações e sabendo que o gesso ao receber calor com temperaturas na escala de calcinação fará
o produto passar por uma desidratação, formando novamente um hemidrato e que pode ser novamente
hidratado. Essas são as nossas expectativas de reações para obtenção da pasta de resíduo de gesso. Portanto,
inicia-se o manuseio do resíduo com o processo de destorroamento do material sólido com almofariz e mão
de gral para chegar ao aspecto de pó como mostra a figura 1.
Figura 1 – Destorroamento do resíduo de gesso.

Em seguida, peneirado em peneira n°100 (0,3mm) para a redução da granulometria e após isso levado à
estufa para evaporação da água livre. Nessa fase do processo, o material é levado à estufa de secagem com
temperatura em torno de 40° C, conforme especificado na NBR 12130 até massa constante. Depois da saída
da água livre podem-se diminuir mais a granulometria e/ou passar agora por uma recalcinação onde ele
retorna ao estado de sulfato de cálcio hemidratado (CaSO4 + 0,5H2O).
Como primeira experiência de produção do produto com resíduo de gesso preparamos o material com
granulometria de 200 (75µm) como mostra a figura 2.

Figura 2 – Peneiramento do material para a finura de 200


Após isso, foi feito a recalcinação à temperatura de 200° C para garantir que toda a água combinada
evaporasse do composto permitindo uma recombinação mais precisa com a água de amassamento.
Chegamos a escolher a calcinação à essa temperatura para também fazer a determinação de água de
cristalização, a qual não ficou bem realizada deixando para fazer esse parâmetro mais a frente. Após esse
processo pode-se fazer a pasta hidratando o resíduo em pó com água, assim, faz-se necessário obter uma
relação água/gesso adequada para realizar os ensaios de pega e demais ensaios, pois a relação a/g correta
permite toda a hidratação do material fazendo com que ao se hidratar, forme uma malha imbricada de finos
cristais de sulfato hidratado.
Em nível experimental fez-se uma pasta com relação a/g de 0,7 seguindo todos os procedimentos
especificados na NBR 12128 - Propriedades físicas da pasta de gesso - e observamos a formação de uma
pasta de baixa trabalhabilidade, isso se deve ao fato do material estudado ser um resíduo de obra e que
apresenta alguns contaminantes, os quais, segundo Munhoz, (XIII-SIMPEP, 2008) podem ser pinturas,
metais, madeiras, adesivos, plásticos, cisal, etc. Os contaminantes estão presentes devido à execução do
gesso nas edificações ser feita de maneira inadequada deixando as sobras de gesso entrar em contato direto
com o chão ou solo do local adquirindo formato de lixo, o qual como já foi citado, não possui destino
ambientalmente correto.
Então o resíduo de gesso pode apresentar um comportamento um pouco fora do padrão e das especificações,
assim o nosso objetivo é encontrar as proporções que estejam dentro de uma faixa de aceitação ou que mais
se aproximem dos resultados desejados. Decidimos então aumentar a relação a/g no pó para ter mais
trabalhabilidade, pois, a finura elevada aumenta a superfície específica do resíduo de gesso, aumentando
assim o volume do material, então com a relação a/g de 0,8 percebeu-se uma boa trabalhabilidade e ao
executar o ensaio de pega com o Aparelho de Vicat (ver figura 3) em três amostras, obtivemos os seguintes
resultados (ver tabela 2):

Figura 3 – Aparelho de Vicat para ensaio de pega

Tabela 2 – Tempo de pega do RG.

Gesso Pega

Início Fim

RG1 17 a 23' 30'

RG2 40 a 44' 44'

RG3 30 a 40' 40´

Granulometria: 75 µm

Calcinação: 200° C

A/G: 0,8

Observando os resultados, constatou-se que o resíduo apresentou resultados para começo e fim de pega um
pouco fora do padrão em relação ao gesso comercial, como já era previsto, por ser um resíduo de
procedência desconhecida e conter contaminantes já citados neste artigo. Percebeu-se que o tempo decorrido
para a pega do material se dá rapidamente assim que ela se inicia, diferindo apenas a amostra 1 que apresenta
uma pega mais uniforme e de acordo com um padrão aceitável na literatura.
O fato de a calcinação ter sido feita a 200° C faz-se com que o produto demore a iniciar a pega, apesar de a
sua finura aumentar a superfície específica para a água de amassamento e tornar a pega mais rápida a partir
do seu início. Refletindo sobre o material para essa primeira experiência de verificação do comportamento
como pasta, nota-se que houve uma inadequação quanto à calcinação do material, porque a calcinação feita
a 200° C produz a Anidrita III, ou sulfato anidro-solúvel, esse produto não é o gesso usualmente encontrado
na construção civil. Sendo assim necessário fazer a calcinação do resíduo a 160° C para a obtenção do
hemidrato (sulfato de cálcio hemidratado), este sim tido como o gesso comercial e assim verificar seu
comportamento como pasta no ensaio de pega, variando apenas a temperatura de calcinação que passou a ser
de 160° C, e ao ser realizado o ensaio chegou-se aos seguintes resultados (ver tabela 3):

Tabela 3 – Tempo de pega do RG

Gesso Pega

Início Fim

RG1 ~1h 09’ 1h 20’

RG2 ~1h 14’ 1h 23’

Finura: 75µm
Calcinação: 160° C
A/G: 0,8

Mesmo com a finura elevada e a calcinação e a temperatura de calcinação reduzida, a pega do resíduo se dá
de forma muito lenta, esse efeito pode ser o fato da relação água/gesso estar um pouco acima do visto em
obra que utiliza uma relação de aproximadamente 0,7 (Antunes EPUSP, 1999). Isso torna o tempo de pega
mais lento. Bauer 2000, explica que a quantidade de água de amassamento influencia negativamente o
fenômeno da pega e endurecimento, quer por deficiência ou por excesso, neste caso faz-se necessário mudar
a relação para aproximar mais ainda o comportamento da pasta de resíduo ao do gesso hemidrato comercial.
Assim, para vislumbrar um aspecto mais próximo ao do gesso puro é necessário saber qual é o
comportamento deste quando submetido ao ensaio de pega e isto nos levou a fazer aferições no tempo de
pega do referido material. Partiu-se então para a obtenção da pasta e determinação de ensaio de pega; para
isso é necessário saber a consistência normal da pasta do gesso comercial. Como a instituição no momento
não tinha o Aparelho de Vicat Modificado para a o ensaio de Consistência Normal de acordo com a NBR
12128, partimos para a consulta e uso das proposições feitas em 3 artigos publicados que realizaram ensaio
de Consistência Normal no gesso, cujos resultados estão listados na tabela 4:

Tabela 4 – Artigos consultados

Artigos C. Normal

Antunes e John - EPUSP, 2002. 0,4

Antunes - EPUSP, 1999. 0,5

Coletânea Habitare - vol.4- Porto Alegre, 0,57


2003.

Consistência normal adotada 0,5


Com a relação a/g encontrada, fez-se a pasta de gesso puro e obtivemos os seguintes resultados para o ensaio
de pega (ver tabela 5):

Tabela 5 – Tempo de pega do gesso puro

Gesso Pega

Início Fim

G1 19 a 21' 26'

G2 19' 30'' 25'

Granulometria: commercial
Calcinação: cerca de 160° C
A/G: 0,5

Os resultados para o gesso puro comercial demonstram que ele possui uma pega rápida, um fim de pega um
pouco fora do padrão de norma, mas coerentes entre si e em níveis aceitáveis para a literatura e práticas de
obra, isso se deve ao fato de ter uma relação a/g baixa para uma boa consistência.

Conseguir chegar às respostas padrões para o ensaio de pega é uma tarefa bem trabalhosa, uma vez que o
endurecimento do material depende de fatores como temperatura e tempo de calcinação; finura; quantidade
de água de amassamento e presença de impurezas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notamos com os resultados até agora obtidos, que é possível a utilização do resíduo de gesso para o fim que
desejamos. Um caso de sucesso no uso de resíduo de gesso é o da empresa canadense New Gypsum
Recycling que desde 1986 recicla placas de gesso, fornecendo matéria-prima para a indústria de gesso
acartonado e fibra de papel para a reciclagem. A tecnologia, no entanto, requer limpeza manual do resíduo.
Com a continuação das atividades vai ser possível se conhecer mais os fatores que influenciam no
endurecimento do resíduo calcinado, culminando com sua mistura à fibra vegetal para a produção do
compósito endurecido. Estamos certos de que as análises feitas sobre as amostras de resíduo foram válidas
até agora, pois permitiram que se fizessem reflexões e ponderações necessárias para se chegar ao melhor
resultado de um resíduo de gesso; mesmo os resultados insatisfatórios com relação à demora no tempo de
pega do material devem ser considerados por se tratar de um resíduo sólido. Enfim, este artigo está ainda
começando a desvendar as soluções para a reutilização do resíduo de gesso reforçado com fibra vegetal
formando um elemento construtivo que agregue ao mesmo tempo, viabilidade técnica e econômica com
redução de impacto ambiental.

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COLETÂNIA HABITARE - vol.4-Resíduo de Contrafortes Termoplásticos Provenientes da Indústria


Coureiro Calçadista. Porto Alegre, 2003.

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TRIBUNA DO NORTE, TN On-line em 30/04/2009. Notícia Publicada sobre Gestão de Resíduos Sólidos
no Município de Natal-RN.

AGRADECIMENTOS
Agradeço à instituição IFRN por disponibilizar a Bolsa de Iniciação Científica e as instalações físicas e
aparelhagem para a realização deste artigo, também ao orientador da pesquisa, Professor Leonel, por me
guiar nos momentos de muitas dúvidas e variáveis presentes no trabalho. Agradeço também ao núcleo de
pesquisa de construção civil e colegas professores e bolsistas que são integrantes dele.

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