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Lição 16 - capítulos 15 e 16
LEIA GENESIS CAPÍTULO 15:12 até o fim
Estamos agora num momento 10 anos após Abraão haver deixado seu pai e
irmão em Harã da Mesopotâmia, e empreendido uma jornada para o sul até a Terra
Prometida. Muita coisa aconteceu, naqueles 10 anos; Avram e sua família foram
obrigados a ficar por um tempo no Egito, porque a terra de Canaã começou a
experimentar uma terrível fome. Enquanto no Egito, a esposa de Avram, Sarai, foi
tomada pelo Faraó para fazer parte de seu harém, mas mais tarde ela foi devolvida
quando Faraó descobriu que Sarai era a mulher de Abraão, e NÃO apenas a sua irmã
como Abraão e Sarai tinha insinuado.
Abraão e sua família foram expulsos do Egito, e assim eles voltaram para
Canaã, muito ricos, e em seguida desfizeram a sociedade com seu sobrinho, Ló, e a
família de Ló quando os rebanhos de seus animais haviam crescido tanto que
ultrapassavam as pastagens que eles compartilhavam, e isto estava criando problemas
entre os pastores.
Ló mudou-se para Sodoma, perto do Mar Morto. E, algum tempo depois, vários
reis aliados vieram do norte com os seus exércitos para derrubar uma rebelião contra
impostos na região onde Ló morava. Ló e sua família foram seqüestrados no processo
e, como prisioneiros em seu caminho de volta para o norte para se tornarem escravos
permanentes destes reis da Mesopotâmia, eles foram resgatados por Abraão e 318
homens do clã de Abraão.
Após o seu retorno triunfal da libertação de Ló, Avram encontra o misterioso
Melquisedeque. Pouco tempo depois, Yahweh, usando as habituais cerimônias de
pacto do Oriente Médio, confirma o pacto com Abraão, prometendo a Abraão
proteção, riquezas, terras, e um herdeiro....por definição, um filho.
Mas a este ponto Sarai, a mulher estéril de Abraão AINDA era estéril, ela não
tinha tido filhos. Sarai tinha sua serva particular, uma egípcia chamada Hagar, e Sarai
estava decidida a resolver o problema de ter filhos usando Hagar como uma mãe de
aluguel. A tradição hebraica é que Hagar foi presente de Faraó quando Abraão fez sua
pequena excursão no Egito alguns anos antes, na verdade, ela supostamente era uma
princesa da própria família do Faraó. Em uma tradição completamente normal e usual
para a época, Sarai ofereceu Hagar a Abraão como uma substituta, ou seja, Hagar teria
de Abraão uma criança, mas tecnicamente,
pela tradição da época, a criança pertenceria
realmente a Abraão e Sarai.
Agora, observe que a escritura NÃO
diz que Abraão casou com Hagar, ela diz que
Sarai a deu a ele COMO, ou EM FORMA DE,
uma esposa. Em outras palavras, ela era uma
substituta, uma concubina. Ela era uma
ferramenta de fazer bebês. Mas, não há
casamento envolvido aqui, o que não é
apenas o ponto de vista hebraico antigo, isto
faz sentido dentro do contexto dos versos,
onde algumas traduções que a rotulam como
esposa de Abraão, não o fazem. Ela
PERMANECEU sendo uma serva de Sarai,
Figura 5- Sarai entrega sua serva Hagar a Abraão
como Abraão afirma no Vs.6, e no Vs.9 o Anjo do Senhor diz para ela voltar e
apresentar-se à sua senhora, Sarai. Se Hagar fosse realmente uma esposa, ela deixaria
de estar sob Sarai, ela poderia ter-se tornado uma igual, ainda mais, ela não
pertenceria de modo algum a Sarai, ela pertenceria a Abraão.
Embora a Bíblia não dê muitos detalhes sobre como todas estas coisas de
concubina/mulher/mãe-substituta funcionava, é evidente a partir de registros de
outras culturas do Oriente Médio do tempo de Abraão, que o que lemos nesta história
segue leis e tradições. Os Códigos da Lei de Ur-Nammu que datam de 2100 a.C. lidam
com esta questão de forma muito concreta, tal como a Lei de Hamurabi por volta de
1800 a.C. E, essas leis deixam claro que a mulher estéril, que toma essa séria decisão
de tornar a sua serva uma concubina para seu marido, coloca a mulher....Sarai, neste
caso...em uma posição social inferior aos olhos do povo. Legalmente nada muda...a
concubina NÃO ganha direitos extras, nem legalmente igualdade com ela, ou a
autoridade de suplantar a mulher estéril. E, tal como vemos nesta história, deve ter
acontecido regularmente que esta tradição de utilização de uma serva como uma mãe-
substituta tenha criado todos os tipos de problemas. Ouça esta lei diretamente da lei
código de Ur-Nammu "...se a serva, comparando-se a sua senhora, falar
insolentemente com ela..." Isto não soa exatamente como o que está acontecendo
aqui com Sarai e Hagar ? Permitam-me ainda salientar que era também habitual que a
serva de uma mulher PERTENCIA exclusivamente à mulher, ela era propriedade da
mulher, não do marido. O marido não era PROPRIETÁRIO da serva e, então, apenas
permitia que a mulher a usasse. Isto é importante para compreender a nossa história.
Porque quando a mulher, Sarai, disse: "Eu quero esta serva fora daqui", era isso
mesmo. Ela não precisava da aprovação do seu marido, para isto.
Foi a tentativa da agora grávida Hagar de se comportar como uma igual que
levou Sarai a literalmente mandar Hagar embora...algo perfeitamente dentro da
competência jurídica e social de Sarai decidir. Então, no versículo 6, quando Sarai vai
até Abraão, irritada como um vespão, e lhe diz que ela NÃO está satisfeita com esta
situação, a resposta de Abraão é..."Sua serva está em suas mãos, faça com ela como
você achar certo". Sarai não foi à procura de Abraão pedir permissão, nem ele naquele
momento deu Hagar a Sarai; Sarai só queria alfinetar; ela estava informando Abraão o
que ela estava prestes a fazer. Era seu direito e privilégio pessoal mandar Hagar
embora...com ou sem o consentimento de Avram
E mandar Hagar embora foi o que ela fez, até que o Anjo do Senhor encontrou
Hagar e disse-lhe para voltar para DEBAIXO DA AUTORIDADE DE SARAI. Os versos 11 e
12 dizem que a Hagar foi dito que ela teria um filho menino, e que o seu filho iria
produzir um enorme número de descendentes. E, Ishmael, que significa, "Deus presta
atenção", ou "Deus deu ouvidos", seria o nome da criança.
Então, Deus decreta o que o destino da criança deve ser. Evidentemente, isso
se refere não só à criança, mas também aos descendentes da criança. E, este destino é
que Ishmael, vai ser entre os homens como um jumento selvagem, que se voltará
contra todos, e que ele vai viver na presença de seus parentes. Embora Ismael seja o
patriarca de várias raças e linhagens, principalmente, ele é lembrado por gerar os
árabes. E, note aonde finalmente veio a ser a terra dos árabes, a Arábia: LESTE de
Israel.
É importante lembrarmos
hoje, em nosso tempo, que
Abraão é o verdadeiro pai de
ambos árabes e israelitas, ou,
como já comecei a gostar de
chamá-los, os Ismaelitas e os
israelitas. E, que ambos os povos
árabes E os israelitas descendem
da linha de Shem, o que significa
que eles são semitas. Mas,
mesmo assim, outra das divisões
de Deus irá realizar-se, e vamos
ver isto acontecer no próximo
capítulo. Vamos lembrar
também, que no nosso tempo,
aqueles que os âncoras da TV
Figura 6- Abraão é o verdadeiro pai de ambos árabes e israelitas
chamam de árabes realmente
raramente o são. A maioria
destes supostos árabes são realmente persas, egípcios, e outros a partir da linha de
Ham...totalmente diferente dos VERDADEIROS árabes que descendem a partir da linha
de Shem. O que os noticiários tendem a fazer é identificar todos os muçulmanos (o
que é uma religião), como árabes (o que é uma linhagem familiar), o que é
completamente incorreto.
Agora, antes de avançarmos, vamos ter um momento com esta expressão, "O
Anjo do Senhor" que vimos no versículo 11. Eu quase preferiria não fazer isso, mas sei
que muitos de vocês provavelmente estão ansiosos sobre este tópico. O fato é que,
Anjos, e principalmente "O Anjo do Senhor", é um conceito difícil e uma questão
teológica, pois há muitas pessoas razoáveis que discordam sobre o que isso significa.
Mas, o estudo do original hebraico contribui para acabar com toda a fantasia.
Em primeiro lugar, a palavra hebraica que muitos vão dizer que é a palavra
para Anjo é "Mal'ach". Mas, na verdade, anjo é um erro de tradução, o termo mal'ach
significa simplesmente mensageiro, e por si só, poderia ser qualquer tipo de
mensageiro ou agente, e na Bíblia, ele é freqüentemente usado dessa forma. É quando
o termo Adonai, ou Yahweh, é acrescentado à palavra...como em "Mal'ach Adonai" ou
"Mal'ach Yahweh", que os hebreus consideram que a palavra Mal'ach já não mais
significa mensageiro no sentido humano, mas sim Anjo no sentido espiritual. Em
outras palavras, ao associar o nome de Deus (Adonai) com a palavra mensageiro
(Mal'ach), obtemos anjo...um espírito, mensageiro de Deus.
Agora, em grego, a palavra para Anjo é Angelos, que, como no hebraico,
tecnicamente significa mensageiro. E, tal como em hebraico, angeloi pode significar
simplesmente qualquer espécie de mensageiro, não necessariamente um mensageiro
celeste. Mas, como acontece com as palavras ao longo dos séculos, o seu significado e
uso pode mudar. Com o advento do cristianismo gentio, angeloi, quando usado nas
Escrituras, chegou a significar, em cada caso, um "mensageiro de Deus"...um anjo. O
problema aqui é que há vários lugares onde as nossas bíblias em português dizem
anjo, e que provavelmente, dentro do contexto cultural, não significava realmente
Anjo, mas estava simplesmente referindo-se a
um agente ou mensageiro humano, mesmo que
o mensageiro fosse misterioso.
Então, a partir do ponto de vista
hebraico, se a palavra Mal'ach, mensageiro, é
utilizada por si só, é algo diferente de um
mensageiro celestial...normalmente é apenas
um homem. Adicione a palavra Adonai ou
Yahweh a ela, e este mensageiro se torna o que
chamamos de um anjo. O problema é, a
abordagem da tradução portuguesa habitual é
que os tradutores tomam a palavra Mal'ach
quando usada por si só e a transformam em
Figura 7- O anjo do Senhor
anjo e, em seguida, quando Adonai é
acrescentado torna-se um anjo do Senhor, o
qual foi tomado no sentido de algum tipo de anjo muito elevado ou especial.
O que estou lhes dizendo é que, como resultado de uma alegoria, hipérbole,
fantasia e simplesmente erro, escritores cristãos têm tomado todas as instâncias da
palavra Mal'ach nas Escrituras e transformado-as em um mensageiro celestial, um
anjo, o que em muitos casos, não é. Ainda mais, como resultado desta abordagem
errada, quando viram a expressão "Mal'ach Yahweh"...eles a traduziram para o Anjo
do Senhor, e assumiram que era algum tipo ESPECIAL de anjo, ou talvez mesmo um
outro tipo de manifestação do próprio Deus. Na verdade, em geral, a ÚNICA vez em
que a palavra "anjo" (significando um ser espiritual enviado de Deus) deve aparecer
em nossas Bíblias é QUANDO as palavras "anjo do Senhor" estão escritas. Na realidade,
anjos são apenas raramente mencionados nas Escrituras, é que as nossas tradições
têm multiplicado sua presença, ampliado a sua finalidade, a e humanizado a sua
forma. Portanto, a busca do ilusório Anjo do Senhor é brincadeira de criança.... É uma
falsa questão.
Digo-lhe isto, não tanto para dar uma boa explicação do que este Anjo do
Senhor é, mas sim para chamar a atenção de porque isso tem sido uma fonte de
discórdia e discussões acadêmicas. E, este não é um argumento novo. Voltando para
antes da época de Cristo, os fariseus tinham trabalhado para elaborar uma hierarquia
de anjos, pouco daquilo vem das Escrituras, e, por conseguinte, é principalmente
Tradição. Os saduceus, contemporâneos dos fariseus, nem sequer acreditavam na
existência de anjos. Os Essênios tinham sua própria compreensão dos anjos, muito
diferente dos fariseus, e a teologia dos Essênios tornou-se a base para o sistema de
angelologia cristão que temos hoje.
Em qualquer caso, não sabemos o que é exatamente o Anjo do Senhor. Era um
tipo especial de anjo? Era outra manifestação de Deus, como o Logos, ou como o
Espírito Santo? Era um anjo específico que Deus enviava para determinadas tarefas?
Era Deus assumindo a forma de um anjo? Provavelmente na maioria das vezes um
Mal'ach nem sequer é um anjo, exceto quando a palavra Adonai é ligada a ele, o que
significa que todos os verdadeiros anjos devem ser chamados Anjos do Senhor.
Uma coisa, porém, parece certa: o ser que falara a Hagar, se era uma forma
normal de anjo, ou se era um anjo mais especial, ou o próprio Deus, ERA um ser
espiritual e NÃO um mensageiro humano.