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A FÉ IMPOSSÍVEL (COMPLETO)

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A FÉ IMPOSSÍVEL

Ou: Como não começar uma religião antiga.

Por: J.P. Holding – Tektonics.org

http://www.tektonics.org/lp/nowayjose.html

Sumário: Oferece 17 razões pelas quais o Cristianismo não poderia ter sobrevivido no
mundo antigo, a menos que tivesse evidências indiscutíveis da ressurreição de Jesus.

[Esboço Geral] [A vergonha da crucificação] [Judaísmo e geografia] [Uma ressurreição


física] [Novidade] [Ética] [Tolerância] [Tocando a história] [Mais do que mártires]
[Humano X Divino] [Insultando as classes] [Mulheres como testemunhas] [Caipiras
como testemunhas] [Metendo-se em assuntos alheios] [Uma divindade ignorante?] [Um
profeta sem honra] [Miscelânea de contrários] [Convites para refutar]

[O autor deste artigo está atualmente escrevendo um livro com o mesmo nome. Todas
as citações Bíblicas aqui são da NTLH, no artigo original as citações são da KJV.
Traduzido e adaptado por Maximiliano Mendes.]

Ao longo dos anos, coletamos literalmente resmas de informações em defesa da fé


cristã. Neste tempo, utilizamos e lidamos com numerosas fontes informando sobre o
contexto social e literário do Novo Testamento. Agora chegou a hora de juntar os
pedaços de algumas dessas fontes em uma defesa geral da fé. (Temos comentários sobre
algumas reações a este artigo de certos caipiras locais no MetaFilter aqui.)

Adotamos o subtítulo Como não começar uma religião antiga. O contexto aqui é sobre
certas acusações dos céticos, de que o Cristianismo foi um movimento nascido do
ditado de que, nasce um besta a cada minuto, e o Cristianismo, em seu início, teve
bestas “pra mais de ano”. Como prova, somos apontados para várias personalidades
e/ou movimentos na história – Sabbatai Sevi, Zalmoxis ou Alex e Glycon (Glycon
era uma serpente de estimação). Temos mostrado que cada um destes paralelos é
inadequado, mas agora é a hora de organizar uma lista compreensível de tópicos que
afirmamos que os críticos devem lidar quando forem explicar o motivo do Cristianismo
ter sucedido onde certamente deveria ter falhado ou morrido como estes outros
movimentos. Dizer meramente que foi por “sorte”, ao passo que Sevi et al., não, não
será uma resposta adequada – e na verdade, como veremos, é a resposta menos
provável.

Abaixo eu ofereço uma lista de 17 fatores a serem considerados – ocasiões onde o


Cristianismo “fez a coisa errada” a fim de se tornar uma religião de sucesso. Eu alego
que a única forma do Cristianismo ter tido sucesso é porque realmente é uma fé
revelada – e porque tinha testemunhos irrefutáveis sobre a ressurreição. Eu posso
adicionar mais fatores enquanto minha pesquisa continua. Por enquanto, isso deve ser o
bastante para manter os céticos ocupados, se eles já não estiverem engajados em estudos
buscando contradições numéricas entre 1 Reis e 1 Crônicas, ou escavando figuras pagãs
obscuras e irrelevantes que vendiam óleo de cobra. Os leitores veteranos notarão que há
poucas novidades relatadas neste artigo que já não possam ser encontradas em outros
locais deste site; realmente, muito do que é mostrado abaixo foi literalmente tirado de
outros artigos – só a aplicação que é nova.

FATOR 1 – QUEM IRIA CRER EM UM CRUCIFICADO?

• 1 Coríntios 1:18 - De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura


para os que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o
poder de Deus.
• 1 Coríntios 15:12-19 - 12Se a nossa mensagem é que Cristo foi ressuscitado,
como é que alguns de vocês dizem que os mortos não vão ressuscitar? 13Se não
existe a ressurreição de mortos, então quer dizer que Cristo não foi
ressuscitado. 14E, se Cristo não foi ressuscitado, nós não temos nada para
anunciar, e vocês não têm nada para crer. 15E mais ainda: nesse caso
estaríamos mentindo contra Deus, porque afirmamos que ele ressuscitou Cristo.
Mas, se é verdade que os mortos não são ressuscitados, então Deus não
ressuscitou Cristo. 16Porque, se os mortos não são ressuscitados, Cristo também
não foi ressuscitado. 17E, se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é
uma ilusão, e vocês continuam perdidos nos seus pecados. 18Se Cristo não
ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos. 19Se a nossa
esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes
deste mundo.

Com a exceção dos que crêem que Jesus nunca existiu (JNE) e os que crêem
em teorias conspiratórias (e no que diz respeito a este assunto, eu incluo os
muçulmanos neste grupo!), poucos negariam a realidade histórica da
crucificação. Contudo, uma vez que a porta é aberta, ela traz o primeiro dos
nossos problemas: Quem acreditaria em uma religião centrada em um homem
que foi crucificado?

Como mostrado amplamente por Martin Hengel em sua monografia, Crucifixion


[Crucificação], a vergonha da cruz era o resultado de uma norma fundamental do
Império Greco-Romano. Hengel observa que “a crucificação era um caso absolutamente
ofensivo, ‘obsceno’ no sentido original da palavra”. (22) Como Malina e Rohrbaugh
notam em seu Social-Science Commentary on John [Comentário Sociológico de João]
[263-4], a crucificação era um “ritual de degradação do status desenvolvido para
humilhar de todas as formas possíveis, incluindo o simbolismo da encravação das mãos
e pernas, significando a perda de poder, e perda da habilidade de controlar o corpo de
várias formas, inclusive podendo se sujar com seus próprios excrementos. O processo
era tão ofensivo que os Evangelhos oferecem as descrições mais detalhadas de uma
crucificação nos tempos antigos – o assunto deixava os autores pagãos muito revoltados
para oferecerem descrições igualmente compreensíveis – apesar do fato de que foram
realizadas milhares de crucificações ao mesmo tempo, em algumas ocasiões. “(O)
mundo literário culto não queria relacionar-se com [a crucificação], e como regra,
manteve-se em silêncio a respeito disso” (38). Era sabido desde o tempo de Paulo (1
Coríntios 1:18; veja também Hebreus 12:2) que pregar sobre um salvador que sofreu as
desgraças deste tratamento era tolice. E era assim tanto para os Judeus (Gálatas 3:13;
Deuteronômio 21:23) quanto para os Gentios. Justino Mártir escreveu posteriormente
em sua primeira Apologia 13:4 –

Eles dizem que nossa loucura consiste no fato de que nós colocamos um homem
crucificado em segundo lugar, depois do Deus eterno e imutável…

Celso descreve Jesus como alguém “amarrado da forma mais ignominiosa” e


“executado de forma vergonhosa”. Josefo descreve a crucificação como “a mais
desprezível das mortes”. Um oráculo de Apolo preservado por Agostinho descrevia
Jesus como “um deus que morreu em desilusões … executado no verdor dos anos pela
pior das mortes, uma morte atada ao ferro” (4). E assim são as opiniões: Sêneca,
Luciano, Pseudo-Manetho, Plautus. Mesmo as classes baixas se juntaram à maldade,
como demonstrado por um grafite apresentando um homem suplicando diante de uma
figura crucificada com a cabeça de um jumento, com o subtítulo: “Alexamenos adora a
deus”. (A cabeça de jumento sendo um reconhecimento das raízes Judaicas do
Cristianismo: Uma convenção da polêmica anti-Judaísmo era que os Judeus adoravam
um jumento no templo deles. – 19) Embora confuso em outros assuntos, Walter Bauer
afirmou corretamente (ibid.):

Os inimigos do Cristianismo sempre se referiam à desgraça da morte de Jesus com


grande ênfase e prazer malicioso. Um deus ou o filho de deus em uma cruz! Aquilo era
o bastante para liqüidar a nova religião.

E DeSilva adiciona [51]:

Nenhum membro da comunidade Judia ou a sociedade Greco-Romana adotaria a fé ou


se juntaria ao movimento Cristão sem antes aceitar que a perspectiva de Deus sobre o
tipo de comportamento que merece honra difere excessivamente da perspectiva dos
seres humanos, visto que a mensagem sobre Jesus é a de que os líderes Judeus e
Gentios de Jerusalém avaliaram Jesus, suas convicções e seus feitos como merecedores
de uma morte vergonhosa, mas Deus subverteu a avaliação que eles tinham de Jesus ao
ressuscitá-lo dos mortos e sentá-lo à sua direita [de Deus] como Senhor.

N.T. Wright também aponta isso em Resurrection of the Son of God [A Ressurreição do
Filho de Deus – 543, 559,563]:

O argumento, neste ponto, procede em três estágios. (i) O Cristianismo primitivo foi
sistematicamente messiânico, moldando-se sobre a crença de que Jesus era o Messias
de Deus, o Messias de Israel. (ii) Mas a concepção de Messias no Judaísmo, da forma
como era, nunca contemplou alguém fazendo o tipo de coisas que Jesus havia feito, sem
falar no destino que ele teve. (iii) O historiador deve, portanto, perguntar por que os
primeiros Cristãos reivindicavam essas coisas sobre Jesus, e por que reordenaram suas
vidas de acordo com isso.

As crenças do Judaísmo sobre a vinda de um Messias, e sobre os feitos que se esperava


que tal personalidade cumprisse, vieram em várias formas e tamanhos, mas não
incluíam uma morte vergonhosa, que deixou o Império Romano celebrando a vitória de
forma habitual.

Alguma coisa aconteceu com a crença sobre a vinda de um Messias … ela não foi nem
abandonada, nem simplesmente reafirmada em grande extensão. Ela foi redefinida
baseada em Jesus. Por quê? Os primeiros Cristãos respondiam a essa questão, é claro,
com uma só voz: Nós cremos que Jesus era e é o Messias, pois ele ressuscitou dos
mortos. Nada mais funcionaria aqui.

A mensagem da cruz era repulsiva, uma vulgaridade em seu contexto social. Discutir a
crucificação era o pior tipo de faux pas [passo em falso – falta de etiqueta]; era
relacionado, mas somente no sentido mais superficial, a discutir técnicas de recuperação
de esgotos durante uma boa refeição – mas pior ainda quando em associação com um
suposto deus ter vindo à terra. Hengel adiciona: “Um Messias crucificado … deve ter
parecido com uma contradição de termos para qualquer um, Judeu, Grego, Romano ou
bárbaro. Eles certamente julgariam tolo e ofensivo se alguém lhes perguntasse se
acreditariam nisso. “Que um deus desceria ao reino da matéria para sofrer dessa forma
tão ignominiosa” era contrário não somente ao pensamento político Romano, mas a
todo o etos da religião dos tempos antigos, e em particular, às idéias sobre Deus que as
pessoas educadas tinham” (10, 4). Anunciar um deus crucificado seria semelhante à
Convenção Batista do Sul anunciar que passaria a sancionar a pedofilia! Se Jesus
realmente era um deus, então de acordo com o pensamento Romano, a crucificação
nunca deveria ter acontecido. Celso, um antigo crítico pagão do Cristianismo, escreve:

Mas se (Jesus) era tão grande, ele deveria, a fim de demonstrar sua divindade, ter
desaparecido repentinamente da cruz.

Este comentário representa não somente o desafio de um cético, mas é um reflexo de


uma consciência impregnada sócio-teologicamente. Os Romanos não podiam antever
um deus morrendo como Jesus e ponto final. Assim como discutir sobre se o céu é
verde, ou se os porcos voam, mas estes argumentos pelo menos não ofendiam as
sensibilidades ao máximo. Precisamos enfatizar isto (pela primeira, mas não última vez)
de uma perspectiva social, pois a nossa própria sociedade não é tão sintonizada quanto
ao processo de honra quanto a sociedade antiga. Achamos estranho assistir Shogun e
imaginar homens se suicidando pelo bem da honra. Os Judeus, Gregos e Romanos não
achariam nada de estranho nisso. Como David deSilva mostra em Honor, Patronage,
Kinship and Purity [Honra, Clientelismo, Afinidade e Pureza], o honorável era, para os
antigos, de importância primordial. A honra era posta acima da própria segurança
pessoal e era o elemento chave ao se decidir modos de ação. Isócrates dá conselhos
pessoais baseado não no que era “certo ou errado”, mas sim no que era “nobre ou
desonroso”. “A promessa da honra e a ameaça da desgraça [eram] estimulantes
proeminentes quando se procurava certo tipo de vida e para evitar muitas alternativas”
[24]. O Cristianismo, é claro, respondia que a morte de Jesus foi um ato honorável de
sacrifício pelo bem alheio – mas esse tipo de lógica só funciona se você já estivesse
convencido por outros meios!
Sendo este o caso, podemos perguntar de forma razoável pela primeira vez
neste ensaio, por que o Cristianismo teve sucesso. A infâmia de um salvador
crucificado era um impedimento tão grande para a fé cristã como é hoje em
dia – de fato, era muito, muito mais! Por que, então, havia Cristãos? Na
melhor das hipóteses este deveria ter sido um movimento com somente alguns
seguidores estranhos, e então morrido dentro de algumas décadas como uma
nota de rodapé, se sequer fosse mencionado. A realidade histórica da
crucificação não poderia, é claro, ser negada. Para sobreviver, o Cristianismo
ou teria de ter se tornado gnóstico (como realmente aconteceu em alguns
desdobramentos), ou então não ter se incomodado com Jesus, e meramente ter
feito dele o primeiro mártir de um ideal moral mais eminente dentro do
Judaísmo. Teria sido absurdo sugerir, para um Judeu ou Gentio, que um ser
crucificado era digno de adoração ou que morreu pelos nossos pecados.

Só pode haver uma única boa explicação: O Cristianismo teve sucesso pois da cruz veio
a vitória, e após a morte veio a ressurreição! A vergonha da cruz converteu-se em uma
das provas mais incontestáveis do Cristianismo!

FATOR 2 – NEM DAQUI NEM DE LÁ: OU, UM HOMEM DA GALILÉIA??

• João 1:46 – Natanael perguntou: – E será que pode sair alguma coisa boa de
Nazaré? – Venha ver! – respondeu Filipe.
• Atos 21:39 – Paulo respondeu: – Eu sou judeu, nascido em Tarso, cidade muito
importante da região da Cilícia. Por favor, me deixe falar com o povo.

A geografia oferece alguma vantagem para a religião? Para os antigos, “muito


em todos os aspectos”! O politicamente correto estava a 2000 anos no futuro,
e o mundo Greco-Romano era cheio do que nós chamamos de preconceitos e
estereótipos – que eram aceitos como “Grandes Verdades”! Diga hoje em dia
que “X são sempre brutos, gulosos e etc.” e você terá meia dúzia de grupos
dos direitos civis batendo à sua porta. Diga isso em Roma e você verá todos
concordando contigo – às vezes até mesmo o próprio grupo criticado!

Jesus ter sido Judeu é um fato que dificilmente poderia ter sido negado pelos
primeiros Cristãos, mas também era um grande impedimento para se expandir
o Evangelho além dos próprios Judeus. O Judaísmo era considerado como
uma superstição pelos Romanos e Gentios. Escritores Romanos como Tácito
relataram de forma entusiástica (não como verdade, mas algo como “alguns
dizem…”) todos os tipos de calúnias contra os Judeus de forma geral,
considerando-os uma raça malévola e detestável. Tentar trazer um salvador
Judeu para a porta de um Romano normal teria menos sucesso do que tentar
levar um à porta de um nazista – embora o Romano talvez não quisesse te
matar; ele certamente iria rir da sua cara, bater a porta ou te dar um cascudo.
Isto é claro do próprio Judaísmo e suas limitadas incursões em termos de conversão de
Gentios. Sem dúvidas, isto é parcialmente atribuível ao fato de que o Judaísmo não era
uma religião muito missionária. E, contudo, se o Cristianismo não tivesse algumas
cartas na manga, o fato de Jesus ser Judeu, por si só significa que ele nunca deveria ter
se expandido no mundo dos Gentios muito além do círculo daqueles que já eram
tementes a Deus (i.e., Gentios convertidos ao Judaísmo).

Vamos enfatizar novamente os pontos feitos por Robert Wilken em The Christians as
the Romans Saw Them [Os Cristãos Como Vistos Pelos Romanos]. Os Romanos
naturalmente consideravam suas crenças superiores às de todos os outros (57). Eles
também acreditavam que superstições (como o Judaísmo e o Cristianismo) minavam o
sistema social estabelecido pela religião Romana – e, é claro, eles estavam certos.
Entretanto, o ponto é que qualquer um que seguisse ou adotasse uma das superstições
estrangeiras seria visto não somente como um rebelde religioso, mas também como um
rebelde social. Eles estavam quebrando o status quo, espalhando o caos, participando de
uma rebelião estilo a dos anos de 1960 contra a elite dominante. Eles perturbavam o
conceito Romano de devoção e acreditava-se que eram incapazes de ser devotos.
Naqueles dias, as coisas não eram pluralísticas ou “politicamente corretas” e não havia
campeões da diversidade em campi universitários: Hoje em dia, ateus e teístas podem
debater em um foro aberto, mas naquele tempo um dos lados da disputa teria o Estado
(e a espada!) ao seu lado – e no tempo em questão, não era o lado dos Cristãos!

Aqueles que aderiam à superstitio, portanto, encontravam-se obviamente associados


com comportamentos estranhos e bizarros – como os Cristãos, e também os Judeus,
como relatado por Tácito em sua obra Histórias. E ele foi ainda mais longe: “(C)omo a
superstição leva a idéias irracionais sobre os deuses, a conseqüência inevitável é o
ateísmo” (61). Visto que os “supersticionistas” avançaram contra a ordem cósmica
estabelecida, sua visão de universo era considerada como volúvel e irracional, e isto
eventualmente levou os críticos, a acusarem os Cristãos, como Crescens, de serem ateus
(68).

Claro, isto é apenas um problema dentro da missão para converter os Gentios.


Mas nesse caso, e mesmo dentro do Judaísmo, o Cristianismo teve de superar
outro estigma, já exemplificado em nossas citações comparativas. Quando
Paulo mencionava que era de Tarso, não fazia isso para comparar notas sobre
cidades natais com o centurião. Ser de uma pólis grande como Tarso
significava uma classificação de elevada honra para a pessoa que exigia
direitos – isso pode ser marginalmente comparado com os nossos conceitos
atuais sobre “morar na vizinhança certa”! O Cristianismo tinha um sério
impedimento no que diz respeito a esse aspecto, o estigma de um salvador que
inegavelmente procedia da Galiléia – para os Romanos e Gentios, não
somente um território Judeu, mas uma estufa de sedição política; para os
Judeus, não tão ruim como a Samaria, claro, mas era uma terra de caipiras e
fazendeiros sem muito respeito pela Torá, e o pior de tudo, um salvador de um
vilarejo pequeno e sem importância. Nem mesmo um nascimento em Belém,
ou a sugestão de Mateus que uma origem na Galiléia foi profeticamente
decretada, teriam desprendido tal estigma: Certamente os Judeus não se
convenceriam disso, mesmo hoje em dia, a menos que algo primeiramente os
convencesse de que Jesus era divino ou era o Messias. Assim como nós, os
antigos não eram menos sensíveis à manipulação de informações.

Há outras extensões menores sobre esse negócio de estereótipos. Dar a Jesus o


cargo de carpinteiro era a coisa errada a se fazer; Cícero notou que tais
ocupações eram “vulgares” e comparadas ao trabalho dos escravos. Colocar a
história do nascimento de Jesus em um contexto suspeito onde uma acusação
de ilegitimidade seria óbvia demais também faria parte dos problemas. Se os
Evangelhos estivessem inventando essas coisas, quão difícil seria colocar
Jesus em Seforis ou Cafarnaum (e ainda tirar vantagem profética da “conexão
Galiléia”) – e como os céticos estão acostumados a dizer, de forma errônea,
isto não seria mais fácil ou difícil de checar do que Nazaré. Quão difícil seria
adotar uma Cristologia “adocionista” e dar a Jesus um nascimento
incontestavelmente honroso (ao invés de reivindicar honra pelo duvidoso,
superficialmente, reivindicar que Deus era o pai de Jesus)? Talvez mais difícil,
pois é pouco provável que as pessoas notem um só homem, em comparação a
uma cidadezinha com fortes laços comunitários. Isso tudo significa que: A
pessoa de Jesus estava errada em tudo o que diz respeito a fazer com que as
pessoas acreditassem que ele era uma divindade – e deve ter sido algo
realmente poderoso superar todos os estigmas.

FATOR 3 – FICANDO NA CARNE! O TIPO ERRADO DE “RESSURREIÇÃO”.

Como já mostramos aqui, a ressurreição de Jesus dentro do contexto do Judaísmo foi


vista pelos Gentios como o que pode ser descrito como “grosseiramente” física. Isto em
si levanta um problema para o Cristianismo tornar-se algo mais do que uma missão
básica do Judaísmo. Regularmente citamos o dito de Pheme Perkins: “Os críticos
pagãos do Cristianismo geralmente viam a ressurreição, na melhor das hipóteses, como
metempsicose [Transmigração da alma de um corpo para outro] mal entendida. Na pior
das hipóteses, parecia ridículo.” Ainda deve se notar que o mundo pagão era inundado
com pontos de vista associados com os que pensavam que a matéria era maligna e a raiz
de todos os problemas dos homens. O pensamento Platônico, como Murray Harris diz,
supunha que “o maior bem do homem consistia na emancipação da profanação corporal.
A nudez da desencarnação era o estado ideal.” A ressurreição física era o último tipo de
estágio para a humanidade que você gostaria de pregar.

Realmente, dentre os pagãos, a ressurreição era considerada impossível. Wright em


Resurrection of the Son of God [A Ressurreição do Filho de Deus] cita o Rei Príamo, de
Homero: “Lamentar-se pelo seu filho morto não trará bem nenhum. Você morrerá antes
de trazê-lo de volta à vida.” E a Eumenides de Ésquilo: “Uma vez que um homem
morreu, e a poeira ficou ensopada com seu sangue, não há ressurreição.” E por aí vai,
com várias outras citações negando a possibilidade da ressurreição [32-3]. Wright ainda
nota que a crença na ressurreição era um motivo para ser perseguido: “Não devemos nos
esquecer de que quando Irineu se tornou bispo de Lyons, ele estava substituindo um
bispo que morreu graças à perseguição cruel; e que um dos temas dessa perseguição era
o apego tenaz dos Cristãos na crença de uma ressurreição em um corpo físico. Os
detalhes do martírio são encontrados na carta das igrejas de Viena e Lyons às da Ásia e
Frígia. A carta descreve como, em alguns casos, os torturadores queimavam os corpos e
espalhavam as cinzas no rio Rhône, de forma que nenhum resto dos mártires ainda
pudesse ser visto na terra. Eles faziam isto, diz o escritor, “como se fossem capazes de
conquistar Deus, e despojarem-se do seu renascimento [palingenesia]’.”

O próprio Judaísmo teria tido sua própria dificuldade, embora menor e não insuperável:
não havia a percepção da ressurreição de um indivíduo antes da ressurreição geral no
dia do Juízo. Mas novamente, isto, embora estranho, poderia ter sido superado –
contanto que houvesse evidências! O que não era tão fácil de se conseguir no mundo
pagão. Podemos ver bem que Paulo teve de lutar contra os Gnósticos, os Platonistas, e
os ascéticos sobre essas questões. Mas o que faz isto especialmente revelador é que uma
ressurreição física era completamente inútil para simplesmente começar uma religião.
Teria sido o bastante dizer que o corpo de Jesus foi levado aos céus, como Moisés ou
Elias. E, de fato, isso teria se ajustado com o que era esperado (veja aqui), e teria sido
muito mais fácil de “vender” para os Gregos e Romanos, para quem a melhor
“evidência” de elevação ao ranking divino era a apoteose – o transporte da alma para os
reinos celestiais após a morte; ou então a transferência quando ainda vivo. Então por
que se incomodar tornando o caminho ainda mais difícil? Há somente uma resposta
plausível – eles realmente tinham uma ressurreição para pregar.

FATOR 4 – O QUE HÁ DE NOVO? O QUE NÃO É BOM?

A literatura Romana nos diz que “(O) teste primário da verdade em questões
religiosas era o costume e a tradição, as práticas dos antigos” (62). Em outras
palavras, se suas crenças tinham o tipo certo de histórico e uma linhagem
decente, você seria respeitado pelos Romanos. O velho era bom, e a inovação
era ruim.

Esta foi uma grande dificuldade inicial para o Cristianismo, porque era
possível rastrear suas raízes até seu fundador recente. Os Cristãos eram
considerados “inovadores arrogantes” (63) cuja religião era a nova recém
chegada, mas que, contudo, atrevia-se a insistir que era o único caminho!
Como notado anteriormente, O Cristianismo afirmava que as pessoas no
poder, que julgaram Jesus como merecedor do pior e mais vergonhoso tipo de
morte, estavam totalmente erradas, e o próprio Deus disse isso.

Malina e Neyrey [164] explicam o assunto em maiores detalhes. A reverência era dada
aos ancestrais, considerados mais importantes “pelo fato do nascimento”. Os Romanos
“eram culturalmente compelidos a tentar efetuar a impossível tarefa de cumprir com as
expectativas das tradições daqueles personagens do seu passado em comum,
necessariamente mais importantes que eles.” O que havia sido passado para as gerações
seguintes era “presumivelmente válido e normativo. Os argumentos poderosos poderiam
ser redigidos como: ‘Nós sempre fizemos isso desta forma!’” semper, ubique, ab
omnibus – “sempre, em todo lugar, por todos!” Em contraste, o Cristianismo dizia:
“Não agora, não aqui, e não você!” É claro que isso explica o porquê de Paulo apelar
para o que havia sido transmitido a ele por outros (1 Coríntios 11:2) – mas isto está
dentro do contexto de uma igreja onde a transmissão estava ocorrendo apenas nos
últimos 20 anos! Pilch e Malina adicionam (Handbook of Biblical Social Values, p. 19 –
Manual de Valores Sociais Bíblicos) que a mudança ou novidades nas práticas e
doutrinas religiosas deram de cara com uma reação especialmente violenta; a mudança
ou novidade era “uma forma de valor que servia para inovar ou subverter valores
centrais e valores secundários.”

Mesmo a escatologia e teologia Cristãs se opuseram a este tipo de percepção.


A idéia da santificação, de uma purificação e aperfeiçoamento supremos do
mundo e de cada pessoa, se opunha à visão de que o passado foi o melhor dos
tempos e as coisas ficaram piores desde então.

Os Judeus, por outro lado, possuíam raízes bem mais antigas, e embora alguns
críticos Romanos tenham feito um esforço para “desenraizar” estas raízes,
outros (inclusive Tácito) concedia aos Judeus certo grau de respeito devido à
antigüidade de suas crenças. Levando isto em conta, podemos entender os
esforços dos escritores Cristãos em ligar o Cristianismo ao Judaísmo o
máximo possível, e assim, atingir a mesma “antigüidade” que algumas vezes
era garantida aos Judeus. (É claro que concordamos que os Cristãos estavam
certos ao fazer isso, mas os Romanos não viam isso da mesma forma!)

Os críticos do Cristianismo, é claro, “sacaram” este “truque” e logo apontaram


(embora de forma ilegítima) que os Cristãos dificilmente poderiam se dizer
ligados ao Judaísmo ao mesmo tempo em que não guardavam nenhuma das
práticas dessa religião Portanto, esta é uma barreira que o Cristianismo nunca
pôde superar fora de um círculo restrito – não sem oferecer alguma prova
sólida.

FATOR 5 – NÃO EXIJA COMPORTAMENTOS.

Esta não era uma das maiores barreiras, mas era significante, e claro, ainda é
hoje em dia. Eticamente, a religião Cristã é difícil de seguir. O Judaísmo
também era, e este é um dos motivos de haver naquele tempo tão poucos
tementes a Deus. O Cristianismo não oferecia festanças com bebedeiras ou
orgias com prostitutas de templos; na verdade, as proibia. Não encorajava a
fortuna; encorajava a divisão da fortuna. Não apelava aos sentidos, prometia
um “rico futuro, pouco a pouco”. Isto era um problema no mundo antigo da
mesma forma que é hoje em dia – senão maior naquele tempo. O Cristianismo
não seria atrativo para os ricos, que seriam direcionados a compartilhar suas
riquezas. Os pobres poderiam gostar disso, não gostariam se não pudessem
gastar a grana compartilhada em suas distrações viciosas favoritas (das quais
nem todas eram tidas como “auto-prejudiciais” e, portanto, ofereciam ainda
mais motivos para abandoná-las). Novamente, esta não é uma barreira
insuperável; alguns Romanos eram atraídos pelo sistema ético do Judaísmo, e,
de forma semelhante, teriam sido atraídos pelo Cristianismo. Mas é muito
difícil explicar por que o Cristianismo cresceu onde os tementes a Deus eram
sempre um grupo muito pequeno. Nem mesmo o fervor evangelístico explica
isso.

FATOR 6 – A TOLERÂNCIA É UMA VIRTUDE.

Já mencionamos sobre o problema do Cristianismo ser visto como um “inovador


arrogante”. Agora compliquemos mais: Não somente um inovador, mas um inovador
exclusivista. Muitos céticos e descrentes de hoje em dia se dizem desinteressados
devido à “arrogância” e o exclusivismo Cristãos. E quão mais no mundo antigo? Os
Romanos já eram grosseiramente intolerantes (ponto 2 já visto); quão mais no contexto
de outra fé muito nova jogando o mesmo jogo e alegando abolir a ordem social e
religiosa? Quão mais, se uma fé que surge nos diz que devemos parar de freqüentar
nossas igrejas (e na verdade, preferiria que nós as derrubássemos!), parar com as nossas
festas, parar de obedecer à ordem social que já estava em vigor desde o tempo dos
nossos venerados ancestrais até agora? Como DeSilva nota, “a mensagem sobre este
Cristo era incompatível com a mais arraigada ideologia religiosa do mundo dos Gentios,
como também com a mais recente mensagem propagada na ideologia imperial Romana”
[46] (i.e., a pax Romana contra a escatologia e julgamento de Deus). Os Cristãos se
recusaram a acreditar nos deuses, “os guardiões da estabilidade da ordem mundial, os
patronos generosos que proviam tudo o que era preciso para a manutenção da vida,
como também os concessores de pedidos individuais”. Assim como os Judeus, os
Cristãos foram acusados de ateísmo sob esta regra. Além do mais, devido ao fato de que
não havia aspectos da vida social que fosse secular – a religião era tão mesclada à vida
pública, que faria legiões de advogados da ACLU morrerem sufocados – Os Judeus e os
Cristãos se mantinham afastados da vida pública, e, portanto, causavam a indignação de
seus vizinhos.

Isso já era ruim o bastante, mas os Judeus também eram intolerantes com a
nova fé. As famílias de Judeus sentiriam pressão social para isolar os
convertidos e evitar a vergonha da conversão deles. Sem algo para superar a
intolerância dos Judeus e dos Romanos, o Cristianismo estava condenado.

FATOR 7 – ENTRANDO NA HISTÓRIA.


• Atos 26:26 – Eu posso falar diante do rei Agripa com toda a coragem porque
tenho a certeza de que ele conhece todas essas coisas muito bem, pois não
aconteceram em nenhum lugar escondido.

Este é um grande fator, multifacetado, complexo e com níveis variados de força.


Digamos que: Se você quisesse começar uma nova religião, com alegações novas e
ferozes, você alegaria, em qualquer lugar, ter conexões que na verdade não tem?
Se eu alegasse amanhã ou mesmo daqui a 40 anos que a minha tia Nettie foi
ressuscitada, por acaso eu ousaria dizer que ela foi levada a julgamento na
presença de Clarence Thomas, ou foi procurada pelo governador do meu
Estado para interrogação, ou foi enterrada na tumba pertencente ao Tom
Cruise? Temos freqüentemente analisado de forma individual as alegações do
Cristianismo, tais como o enterro na tumba de Joe A. [José de Arimatéia ],
mas agora vamos analisar o material que estamos lidando de forma coletiva. O
NT está cheio de alegações acerca de conexões e relatos de incidentes
envolvendo “pessoas famosas”. Um de nossos leitores expõe sobre Herodes
Agripa: este homem foi um Rei cliente dos Romanos sobre a região em torno
de Jerusalém – “foi comido por vermes” como Lucas relata em Atos 12:20-23.
Havia cópias de Atos circulando na área, e eram acessíveis ao público. Se
Lucas tivesse relatado de forma falsa, o Cristianismo teria sido dispensado
como uma fraude, e como religião, não teria “pegado”. Se Lucas tivesse
mentido em seus relatos, provavelmente teria sido preso e/ou executado pelo
filho de Agripa, Herodes Agripa II (que tinha a mesma posição), porque esta
era a pessoa para quem Paulo testificou em Atos 25 e 26 (relatado por Lucas).
Agripa II estava vivo e no poder após Lucas ter escrito e circulado Atos;
realmente, ele tinha acesso à todas as informações e alegações necessárias
(Atos 26:26-27 – 26Eu posso falar diante do rei Agripa com toda a coragem
porque tenho a certeza de que ele conhece todas essas coisas muito bem, pois
não aconteceram em nenhum lugar escondido. 27 – Então Paulo disse ao rei:
– Rei Agripa, o senhor crê nos profetas? Eu sei que crê!) Agripa executou
Paulo por esses relatos? Não, e não poderia, se isso não fosse verdade. Ao
invés disso, Agripa disse ao governador Festo: “Ele já podia estar solto se
não tivesse pedido para ser julgado pelo Imperador” [Atos 26:32]).

O cético pode perguntar, “e daí?” E daí? Considere o efeito dominó ao se


fazer tais alegações. Se a alegação #1 for provada falsa, isso abre a porta para
que se duvide das outras – todo o caminho até o relato da ressurreição. E nem
precisa ser a tumba de Joe A. ou Herodes virando vermeburguer. Pode ser
qualquer lugar onde os primeiros Cristãos e o NT fazem alegações ousadas em
relação a alguma influência ou evento em qualquer cidade. As pessoas fora da
área de Lystra podem não ter sabido o bastante sobre o que aconteceu lá, ou
não queriam checar, mas o Cristianismo estava fazendo alegações em pontos
variados através do Império, e havia “checadores de fatos embutidos”,
situados em torno do Império que poderiam dizer algo sobre todas as
alegações centrais para Jerusalém e a Judéia – os Judeus da Diáspora. (E fica
ainda pior; veja abaixo!)

O NT alega incontáveis pontos de toque que poderiam estar nesta lista. Um


terremoto, escuridão ao meio-dia, a cortina do templo rasgada pelo meio, uma
execução, tudo na Páscoa (com milhões de presentes), pessoas caindo de uma
casa falando em línguas em Pentecostes (outro desses “eventos presenciados
por milhões”) – Tudo isso em uma pequena cidade e em uma cultura onde as
notícias se espalhariam rápido (veja abaixo). Curas de doenças e disfunções,
até mesmo reversões da morte, em locais públicos. Uma entrada triunfante em
Jerusalém em óbvio cumprimento de uma profecia Messiânica.

Em resumo, o Cristianismo era altamente vulnerável à inspeção e refutação em


inumeráveis pontos – qualquer desses, se não tivesse tido sucesso, teria criado um efeito
bola de neve em direção a mais dúvidas, especialmente levando em consideração os
fatores prévios acima que poderiam ter sido motivo suficiente para qualquer Judeu ou
Gentio dizer ou fazer algo. Essa não é a forma de se começar uma religião. Você
começa uma religião fazendo ligações com pessoas desconhecidas e sem nome. Você
não fala de um líder de uma sinagoga ou de um membro do Sinédrio, ou mesmo tem um
centurião na sua história (mesmo que não se dê um nome a ele; havia poucos, de forma
que não seria difícil checar quem foi). Você se apega aos sem-nomes como a mulher no
poço. Houve interações com estas pessoas, claro, porém o ponto não é a presença deles,
mas sim a presença dos mais notáveis e de melhor posição social, e as alegações ligadas
a eles. É impossível que o Cristianismo tivesse prosperado e sobrevivido sem ter tudo
“certinho” no que diz respeito a isso.

FATOR 8 – OS MÁRTIRES SÃO IMPORTANTES? E MAIS.

Este é um argumento padrão, mas que precisa de uma sintonia fina. Os


mártires mais importantes são os do tempo de Jesus ou de imediatamente após
ele. Reconhecidamente, há alguns exemplos deste tipo de martírio que nós
queremos apontar – os registros da tradição da igreja são a nossa única fonte
para os martírios de muitos dos Apóstolos; nossa melhor testemunha, na
verdade, é o próprio Paulo, que testifica ter perseguido a igreja com “fervor” –
utilizando uma palavra utilizada para descrever as ações dos Macabeus que
matavam quando precisavam fazer uma limpeza.

Mas na verdade, podemos ampliar este argumento ainda mais: a perseguição não se
iguala automaticamente ao martírio, e esta é outra razão pela qual o Cristianismo não
deveria ter prosperado e sobrevivido. Como escrito por Robin Lane Fox, “Ao reduzir a
história da perseguição Cristã a uma história de audiências legais, perdemos uma grande
parte da vitimização.” [Fox. Pagans and Christians, 424 – Pagãos e Cristãos]. Além da
ação das autoridades, os Cristãos poderiam esperar o ostracismo se insistissem em
permanecer na fé, e aqui é onde muito da perseguição a que Fox se refere veio –
rejeição pela família e sociedade, redução ao status de banido. Não era preciso um
martírio – se você sofresse socialmente e de outras formas, mesmo continuando vivo, já
era o bastante. DeSilva nota que aqueles que violavam os valores sociais em vigor
(como feito pelos Cristãos!), encontrar-se-iam sujeitos às medidas feitas para
envergonhá-los e trazê-los de volta a conformidade – insultos, repreensão, agressões
físicas, açoitamento, confisco de propriedade, e é claro, desgraça – muito mais
importante em uma sociedade baseada em honra-e-desonra do que para nós. E o NT
oferece um amplo registro dessas coisas acontecendo [Hebreus 10:32-34; 1 Pedro 2:12,
3:16, 4:12-16; Filipenses 1:27-30; 1 Tessalonicences 1:6, 2:13-14; 2 Tessalonicences
1:4-5; Apocalipse 2:9-10, 13].

Então é assim: Os Judeus não gostariam de você, os Romanos também não,


sua família iria repudiá-lo, todo mundo iria evitá-lo ou zombar de você. Além
do mais, homens como Paulo e Mateus, e mesmo Pedro e João, desistiram de
negócios lucrativos pelo bem de uma missão que obviamente seria apenas
problemas para eles. É muito improvável que alguém adotasse a fé Cristã em
qualquer tempo – a não ser que ela tivesse algo realmente tangível por detrás.

FATOR 9 – HUMANO X DIVINO: ENCONTRO IMPOSSÍVEL!

Nosso próximo fator é relacionado a um anterior sobre a ressurreição, e é um


problema tanto da perspectiva dos Judeus quanto dos Gentios. Earl Doherty,
um cético, tem mencionado a incredibilidade da “idéia de que os Judeus, tanto
os da Palestina quanto os espalhados pelo Império, poderiam ter crido – ou
terem sido convertidos à idéia por outros – que um homem era o filho de Deus
… Acreditar que Judeus comuns estariam dispostos a conceder à qualquer
homem humano, não importa o quão impressionante, todos os títulos de
divindade e completa identificação com o antigo Deus de Abraão é
simplesmente inconcebível.” E seria mesmo: a não ser que a ressurreição
tenha mesmo acontecido, e aquele “homem humano” provasse ser o filho de
Deus. A “falácia” de Doherty na verdade é um argumento a favor do
Cristianismo!

E não seria melhor no mundo dos Gentios. A idéia de um deus rebaixando-se à forma
material, para mais do que uma visita temporal, suando, fedendo, tendo de ir ao
banheiro, e especialmente, sofrendo e morrendo aqui na terra – isso seria muito pra
engolir!

FATOR 10 – SEM CLASSE!


“Nem homem nem mulher, nem escravo nem livre.” Você pode estar tão
acostumado a aplaudir este tipo de conceito que não percebe o quão radical
esta mensagem foi para o mundo antigo. E esta é outra razão pela qual o
Cristianismo deveria ter sido extinto ainda no berço, se fosse uma fraude.

Malina e Neyrey notam que no mundo antigo, as pessoas adquiriam sua


identidade a partir dos vários grupos aos quais eles pertenciam. Qualquer
grupo(s) ao qual eles estivessem inclusos determinava a sua identidade. As
mudanças nas pessoas (como a conversão de Paulo) eram anormais. Esperava-
se que cada pessoa cumprisse um determinado papel. Apagar ou manchar
essas várias distinções – como no caso de Paulo, mas que na prática também
aconteceu durante o ministério de Jesus – faria o Cristianismo parecer radical
e ofensivo.

Note que isso não é só para os ricos e poderosos; supor que um escravo ou os pobres
considerariam a mensagem do Cristianismo atraente é um anacronismo do
individualismo ocidental. Em primeiro lugar, mesmo na perspectiva ocidental, juntar-se
ao grupo, em termos práticos, não aliviava a condição em que estas pessoas se
encontravam. Além disso, no mundo antigo, a mentalidade de não permanecer em
algum tipo de relação de dependência seria estranha. “Quando os mediterrâneos antigos
falavam de ‘liberdade’, eles geralmente entendiam o termo como liberdade da
escravidão de um senhor ou mestre, e liberdade para passar a servir outro lorde ou
benfeitor” [163]. De modo geral, também não passaria pela cabeça de tais pessoas que a
situação deles poderia mudar, pois tudo o que acontecia era atribuído ao destino, sorte
ou providência [189]. Você não lutava contra a situação, a coisa mais honorável era
agüentá-la e resisti-la. [Daí a piada da esposa de Jó dizendo “Jó, arrume um emprego!”
– Job, get a job! – é mais engraçada do que achamos!] Em outras palavras, não era uma
questão de estar a serviço de outro, mas de quem você estava a serviço! Despedaçar
estas distinções sociais teria sido um enorme passo em falso – a menos que você tivesse
algumas cartas poderosas para jogar.

Da mesma maneira, os vizinhos Judeus de um Cristão não estariam muito


felizes. A observação estrita da Torá tornou-se o único “mecanismo de defesa”
contra o preconceito Romano, era a forma que eles tinham de permanecer
puros contra as influências externas. Um convertido que parava de observar a
Lei e começava a se associar aos Gentios receberia um tapa duplo –
especialmente com memórias ainda recentes da era de Antióquio, quando os
Judeus freqüentemente se rendiam ao Helenismo. Em essência, ele tinha
desistido dos “banhos espirituais”!

O Cristianismo revirou as normas de ponta a cabeça, e dizia que o nascimento,


etnia, sexo e riqueza – o que determinava a honra de uma pessoa neste
contexto – significavam nada. Mesmo sinais menores de honra como a
aparência e o carisma eram desprezados (2 Coríntios 5:12).

O fator identidade de grupo constitui-se em outra prova para a autenticidade


do Cristianismo. Em uma sociedade grupalmente orientada, você pegava sua
identidade do líder do seu grupo, e as pessoas precisavam do apoio e endosso
de outros para apoiar sua identidade. O Cristianismo forçava um corte nos
laços sociais e religiosos, as coisas que faziam a posição “humana” de uma
pessoa. (Em troca, o Cristianismo propiciava seu próprio apoio comunitário,
mas isso dificilmente explica o porquê das pessoas se tornarem Cristãs!) Além
do mais, uma pessoa como Jesus poderia não ter mantido um ministério, a não
ser que aqueles em volta dele o apoiassem. Um Jesus meramente humano não
poderia ter cumprido esta demanda e deve ter propiciado provas convincentes
de seu poder e autoridade para manter um grupo de seguidores, e para ter
mantido um movimento que começou e sobreviveu muito tempo após sua
morte. Um Jesus meramente humano teria de viver de acordo com as
expectativas dos outros e teria sido abandonado, ou pelo menos teria de mudar
de cavalo no primeiro sinal de fracasso.

FATOR 11 – NÃO CONFIE EM MULHERES!

Este tem sido mencionado muitas vezes, mas isso o torna mais bem elaborado.
Se o Cristianismo quisesse ter sucesso, nunca deveria ter admitido que as
mulheres fossem as primeiras a descobrir o túmulo vazio ou as primeiras a
verem Jesus ressuscitado. Também nunca deveria ter admitido que as
mulheres fossem as principais apoiadoras (Lucas 8:3) ou as convertidas
principais (Atos 16).

Muitos têm apontado que as mulheres eram consideradas como “más


testemunhas” no mundo antigo. Precisamos enfatizar que isto não era uma
peculiaridade como seria hoje em dia, mas um estereótipo inerente. Malina e
Neyrey notam que, na antigüidade, o sexo vinha carregado de “estereótipos
elaborados do que seria um comportamento apropriado para os homens e
mulheres” [72]. Quintílio disse a respeito dos assassinatos, que os machos são
mais propensos a cometê-los em roubos, enquanto as fêmeas eram mais
propensas ao envenenamento. Consideramos tais opiniões absurdas e
politicamente incorretas hoje em dia – mas se elas são ou não, eram
indelevelmente inerentes à mente antiga. “Em geral, as cortes Gregas e
Romanas excluíam como testemunhas as mulheres, escravos e crianças … de
acordo com Josefo … [as mulheres] eram inaceitáveis devido à ‘leviandade e
ousadia do seu sexo’” [82]. As mulheres eram tão pouco confiáveis que nem
mesmo eram permitidas como testemunhas do nascer da lua como um sinal do
início de festivais! DeSilva também nota [33] que uma mulher e suas palavras
não eram consideradas como “propriedade pública”, mas sim eram protegidas
dos estranhos – esperava-se que as mulheres falassem preferencialmente com
seus maridos. O lugar de uma mulher era em casa, não no palanque das
testemunhas, e qualquer mulher que testemunhasse de forma independente
estaria violando o código de honra.

Teria sido muito mais fácil atribuir a descoberta do túmulo aos discípulos homens
(como parece ter sido enfatizado, baseado no credo em 1 Coríntios 15, embora isto sirva
ao propósito distinto de estabelecer que a liderança da igreja foi testemunha do Cristo
ressuscitado, e não uma evasão acerca de mulheres terem sido testemunhas), ou que
alguém como Cléopas ou mesmo Nicodemos tivessem encontrado o túmulo primeiro,
ou mediar o testemunho através de Pedro ou João. Mas aparentemente eles estavam
apoiados nisso – e também aparentemente superaram mais um estigma.

FATOR 12 – TAMBÉM NÃO CONFIE EM CAIPIRAS!

Mas antes de você se unir AGORA, temos mais. O problema não era só com
as mulheres. Pedro e João foram dispensados com base em suas posições
sociais (Atos 4:13) e isto reflete um ponto de vista muito comum dos antigos.
Já notamos o problema de Jesus ser procedente da Galiléia e Nazaré. Isto
também era um problema para os discípulos – e poderia ter atrapalhado a
pregação deles. Os próprios Judeus não confiavam em tais pessoas, se
devemos acreditar em um testemunho posterior, no Talmude, sobre homens
como Pedro e João, chamados “povo do campo”, era dito: “…não confiamos
no testemunho deles; não aceitamos o testemunho deles.” Embora este seja
um relato posterior, representa um antigo truísmo também aplicável no mundo
antigo como um todo. A posição social era intimamente ligada ao caráter da
pessoa. Justo ou não, um caipira era a última pessoa em que você acreditaria.
Entre o bando de apóstolos, somente Paulo pode ter evitado este estigma.
(Mateus também poderia, se ele não fosse membro de um grupo desprezado
por razões distintas: Um coletor de impostos!) Muitos poucos mensageiros do
Cristianismo teriam sido capazes de evitar este estigma.

Há outra dificuldade neste fator: O Cristianismo não tinha nenhuma das


“cartas do poder”. Ele não era apoiado pela “estrutura de poder” daqueles
dias, nem Romana nem Judaica. Se necessário, ele poderia ter sido esmagado
meramente pela autoridade. Por que ele não foi, visto que era tão propenso a
se envolver nos negócios alheios? Você acha que ninguém se importaria? Não
esteja tão certo:

FATOR 13 – VOCÊ NÃO PODE GUARDAR SEGREDO!


A cultura grupo-orientada dos antigos reforça ainda mais outro argumento
apologético comum. Os apologistas regularmente notam que as alegações dos
Cristãos poderiam ter sido facilmente checadas e verificadas. Os céticos,
especialmente G.A. Wells, reagem supondo que ninguém teria se importado
em descobrir essas coisas. Os céticos estão errados – eles operam não somente
contra a tendência natural humana à curiosidade, mas também contra uma
estrutura social muito importante e grupo-orientada.

Você dá valor à sua privacidade? Então permaneça nos EUA. Malina e Neyrey
notam que “em culturas grupo-orientadas como as do antigo Mediterrâneo,
devemos nos lembrar que as pessoas continuamente se metiam nos negócios
alheios” [183]. A privacidade era desconhecida e inesperada. Por um lado, os
vizinhos manifestavam uma “vigilância constante” sobre os outros; por outro
lado, os vigiados estavam sempre preocupados com as aparências, e as
recompensas honoráveis ou as sanções humilhantes associadas que vinham
com os resultados. É a mesma coisa em culturas grupo-orientadas hoje em dia
… se você já imaginou porquê temos dificuldades em espalhar a
“democracia”, você não precisa procurar mais, 70% do mundo é grupo-
orientado.

Pense nisso: Nós reclamamos da erosão da privacidade, mas saiba também que isto é
um acordo pelo bem do controle social. Os antigos não teriam se preocupado sobre não
ter medidas adequadas preparadas para deter um ataque terrorista – porque tais medidas
de vigilância já estavam presentes. O controle não vem de indivíduos se controlando,
mas sim do grupo controlando o indivíduo. (Este também é o motivo de nós termos
dificuldade em relação às antigas formas de companheirismo da igreja!) Pilch e Malina
[115] adicionam que no mundo antigo, os estranhos eram vistos como se apresentassem
uma ameaça a comunidade, porque “eles são potencialmente qualquer coisa que alguém
queira imaginar … Daí, eles devem ser checados sobre se poderão se adaptar e sobre se
irão aceitar as normas da comunidade.” Malina adiciona em The New Testament World
[O mundo do Novo Testamento] [36-7] que sempre se presumia que a honra existisse
dentro do próprio sangue da família, mas que tudo fora daquele círculo era “presumido
que fosse desonroso – não confiável, por assim dizer – a menos que se provasse o
contrário.” Não se confia em ninguém de fora da família “a menos que a confiança
possa ser validada e verificada.” Os estranhos em uma vila são considerados “inimigos
em potencial”; os estrangeiros “de passagem” (como os missionários) são “considerados
como inimigos na certa”. Os missionários teriam suas virtudes testadas a cada novo
ponto em que paravam!

As pessoas do mundo antigo controlavam os comportamentos dos outros ao observá-


los, espalhar coisas sobre eles para os outros (o que nós chamamos “fofoca”), e por
desonra pública. Os críticos que perguntam o que os Fariseus estavam fazendo no
campo observando os discípulos de Jesus colhendo espigas de milho, e consideram isso
improvável, estão muito por fora. “…[O]s Fariseus pareciam se importar com os
negócios de Jesus todo o tempo,” [183] e isso não é grande coisa, pois era o normal a se
fazer. (Philo nota que havia “milhares” que mantinham seus olhos nos outros, no seu
zelo em assegurar que eles não subvertessem as instituições ancestrais Judaicas –
Wright, Jesus and the Victory of God [Jesus e a Vitória de Deus], 379.)
Então tem-se outro enigma para o cético. Em uma sociedade onde nada escapava sem
ser notado, realmente havia todas as razões para se supor que as pessoas que ouvissem a
mensagem do Evangelho iriam checar os fatos – especialmente quando se tratava de um
movimento com uma mensagem radical como o Cristianismo. O túmulo vazio seria
checado. A história de Mateus sobre a ressurreição dos santos seria checada. Procurar-
se-ia Lázaro para se fazer questões. As alegações excessivas de honra, como as que
Jesus tinha sido vindicado, ou suas alegações de divindade, teriam sido analisadas de
forma detalhada. Checar os fatos propiciaria “grãos para o moinho” [argumentos para
refutar o movimento] (visto que se assumiria que isso poderia ajudar a controlar o
movimento). Se os Fariseus checaram Jesus em coisas como lavar as mãos e colher
grãos; se grandes multidões se reuniram em torno de Jesus a cada vez que ele espirrava
– quanto mais, as coisas como uma alegação de ressurreição seriam analisadas!

FATOR 14 – UMA DIVINDADE IGNORANTE?

Estudiosos de todas as vertentes há muito tempo reconheceram o “critério do


embaraço” como um marcador para a autenticidade das palavras de Jesus. Os
locais onde Jesus alega ser ignorante (não saber o dia e a hora de seu retorno;
não saber quem o tocou no meio da multidão) ou mostra fraqueza são tomados
como recordações honestas e autênticas (mesmo quando as histórias dos
milagres freqüentemente não são!). Este é um primo menor do fator
crucificação já visto – se você quer uma divindade decente, tem de fazê-lo
completamente respeitável. A ignorância sobre o futuro ou eventos presentes
pintam um quadro forte que as explicações teológicas sobre o esvaziamento
kenótico não iriam superar a curto prazo. Você tem de ter um trunfo para
superar esta “jogada”; caso contrário, críticos como Celso teriam mais pontos
para argumentar.

FATOR 15 – UM PROFETA SEM HONRA.

• Marcos 6:4 – Mas Jesus disse: – Um profeta é respeitado em toda parte, menos
na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa.

Já notamos acima que Jesus morreu de forma desonrosa, e veio de um local


com baixo “índice de honra”. Há mais sobre esta questão da desonra, mas para
não parecer que estamos “arrumando o baralho” em nosso favor, vejamos
alguns outros locais onde Jesus suportou a desgraça – e, portanto, também
ofendeu as sensibilidades dos seus contemporâneos:
• A zombaria antes da sua execução – isto não era um mero jogo de
enfeite, mas um insulto calculado à honra de Jesus e à sua alegação de
ser o Rei dos Judeus. Fazer isso, e desafiar Jesus a profetizar, era uma
forma de se desafiar e negar a honra dele. De acordo com o pensamento
de uma sociedade baseada na honra, Jesus deveria ter aceitado o desafio
e mostrado ser um profeta ou rei.
• As acusações – superficialmente, Jesus cometeu blasfêmia abertamente
e confessou ser culpado do crime de sedição. “Aqueles eleitos para
seguir um homem subversivo e desgraçado eram imediatamente
suspeitos aos olhos [dos Judeus e Romanos]” [DeSilva, 46].
• O enterro – Byron McCane escreveu um artigo, The Shame of Jesus’ Burial [A
Vergonha do Enterro de Jesus], no qual ele argumenta que José de Arimatéia
tinha outros motivos, além de ser um discípulo de Jesus, para organizar o
enterro: Preencher o requerimento de Deuteronômio 21:22-23 e enterrar um
homem pendurado em um madeiro antes do por do sol. Como membro do
Sinédrio, José teria esta preocupação e faria os preparos. Por outro lado, o fato
de Jesus ter sido enterrado no túmulo de José – e não em um túmulo pertencente
à sua própria família – era por si só desonroso. A falta de pessoas de luto
também foi uma grande desonra.

Seria justo notar que McCane não considera tudo o que está nos Evangelhos
como confiável. Ele indica também que José não era realmente um discípulo
de Jesus, era apenas um membro do Sinédrio fazendo seu trabalho. Talvez não
tivesse passado pela cabeça de McCane supor que José usou seu dever como
pretexto para conseguir o corpo de Jesus, antes que algum outro membro do
Sinédrio com menos respeito por ele o fizesse. Mas em todo caso, mesmo com
os relatos dos Evangelhos considerados completamente precisos, eles “ainda
apresentam um enterro no qual um Judeu na Palestina Romana seria
reconhecido como desonrado.”

FATOR 16 – MISCELÂNEA DE CONTRÁRIOS.

Nesta seção iremos colocar várias notas sobre os ensinamentos e atitudes de


Jesus e do Cristianismo primitivo contrários ao que era aceito como normal no
Século I. Alguns destes, de certa forma, irão se sobrepor aos fatores anteriores
(especialmente o #4, novidade). Devido ao fato desta seção ter sido
adicionada depois das anteriores, não há paralelos com ela nos três ensaios
sobre “outras religiões” a serem indicados posteriormente.

Dos comentários Social-Science Commentary on the Synoptic Gospels [Comentário


Sociológico Sobre os Evangelhos Sinóticos] e o [Comentário Sociológico] de João , de
Malina e Rohrbaugh:
• Jesus ensinou às pessoas que, se preciso, rompessem até mesmo com a
família pelo bem do Reino; ele também indicou uma comunidade
altamente inclusiva (Mateus 8:11-12) em uma sociedade altamente
inclusiva. O próprio Cristianismo, como já vimos, tinha crenças que
poderiam ter alienado as pessoas. Valeria a pena? “Dada a aguda
estratificação social prevalecente na antigüidade, aqueles que se
envolviam em relações sociais impróprias [Nota do autor: Misturas de
escravos e pessoas livres, ricos e pobres, etc.!] arriscavam ser cortados
de todas as redes de relacionamentos das quais suas posições
dependiam. Em sociedades tradicionais isso era levado muito à sério. A
alienação da família ou do clã poderia literalmente ser uma questão de
vida ou morte, especialmente para a elite [Nota do autor: O
Cristianismo teve mais que o número habitual nesta área!], que iria
arriscar tudo pelo tipo errado de associação com o tipo errado de
pessoas. Visto que as inclusivas comunidades Cristãs exigiam
exatamente este tipo de associação ao longo das linhas de status de
parentesco, a situação apresentada aqui [Mateus 10:34-36] é mesmo
realística. A alienação iria até mesmo se espalhar além da família de
origem para a rede de parentesco formada pelo casamento…” [92]. A
“associação” incluía ser visto comendo com pessoas de baixa posição
social [135]. “Tal despedida da família era algo moralmente impossível
em uma sociedade onde a unidade de parentesco era a instituição social
local” [244].
• De forma relacionada, deixar a família geralmente significava
abandonar bens materiais, de acordo com a demanda de Jesus ao jovem
rico (Lucas 18:18-30). Isto também é um problema: “A mobilidade
geográfica e a conseqüente quebra da rede de relacionamentos sociais
(família biológica, patronos, amigos, vizinhos) era considerada um
comportamento seriamente desviado e teria sido muito mais traumático
na antigüidade do que simplesmente deixar riquezas materiais para
trás” [313]. Agora relacione isso com Pedro e Cia. Deixando tudo para
trás!
• Em seus ensinamentos Jesus freqüentemente fazia inversões das expectativas
comuns que teriam ofendido a maioria de forma grosseira. A parábola do “Bom
Samaritano” é um exemplo – todos nós sabemos que os Samaritanos eram um
povo desprezado; isso teria sido suficientemente ofensivo! Mas poucos
percebem que a vítima também foi esboçada como alguém amplamente odiado:
A vítima, assim como o Samaritano, eram comerciantes. Os comerciantes
freqüentemente enriqueciam às custas dos outros, e eram desprezados pelas
massas, que os viam como ladrões e, na verdade, teriam simpatizado com os
bandidos que os roubaram! Jesus inverteu completamente os estereótipos (ver o
item 2 acima) de forma que teria chocado a maioria de seus ouvintes [347].
(Sem falar no fato de que ele estendeu a categoria de “vizinho” a essas pessoas!)
• Uma inversão similar: o convite e a aceitação de Zaqueu (Lucas 19). Ao jantar
com o Zaca, Jesus demonstrou companheirismo com alguém que compartilhava
seus bens. A multidão ficou consternada, pois os cobradores de impostos eram
estereotipados como “extorquidores vorazes”. O pronunciamento de Zaqueu,
freqüentemente entendido como significando que ele iria, a partir daquele
momento, ressarcir o que tinha roubado, na verdade significa que ele já vinha
ressarcindo todos os que ele descobria que havia trapaceado (mesmo antes de
conhecer Jesus!) e o companheirismo de Jesus é, portanto, entendido como se
estivesse dizendo, “eu acredito nele” – enquanto a multidão não [387]. (É claro
que isto também se aplicava a Mateus.)
• Nós podemos não dar muita importância a Maria sentando aos pés de Jesus
enquanto Marta fazia o trabalho doméstico; podemos até mesmo simpatizar, mas
os antigos não. Pois a reputação de uma mulher dependia de sua habilidade em
administrar os trabalhos domésticos, a reclamação de Marta pareceria legítima –
e Maria, por ter sentado e escutado, ao invés de ajudado a irmã, estava “agindo
como um homem!” [348]. Este exemplo teria sido chocante para os antigos. De
forma semelhante foi o encontro de Jesus com a mulher Samaritana [Comentário
de João, pp. 98-9] – falando com ela em público (uma desviada social) e usando
o mesmo utensílio para beber água. Isto teria ofendido as visões comuns sobre a
pureza e as relações intra- e extra-grupais.
• O tema “nascer de novo” era chocante! [João, 82] O status de honra era
considerado fixo no nascimento. Somente as circunstâncias
extraordinárias permitiriam uma mudança neste status. Nascer de novo
significaria a mudança no status da honra de forma fundamental, “um
evento de mudança de vida, de proporções incríveis”. Pregar um “novo
nascimento” teria sido inconcebível!

Do livro de N. T. Wright, Jesus and the Victory of God [Jesus e a Vitória de Deus][369-
442]:

Tocar em símbolos apreciados pode ser um risco e meio! Pense em como as


pessoas reagem quando alguém queima a bandeira dos EUA – e agora aplique
isso a algumas das coisas que Jesus fez que “de forma implícita e explícita
atacaram o que havia se tornado símbolo padrão da visão de mundo dos
Judeus do Segundo Templo”, e por meio disso subverteu o etos único Judeu
que era entendido como aquilo que dava a Israel a sua identidade única:

• A atitude única geral em relação aos poderes pagãos como Roma era a
revolução. Mas ao invés disso, Jesus aconselhou a “dar a outra face” e
carregar a carga do soldado uma milha a mais. A divergência é como a
de Malcolm X versus Martin Luther king, num tempo em que os
métodos de Malcolm eram altamente favorecidos.
• Guardar o Shabat de forma estrita era uma distinção dos Judeus; as atividades de
Jesus, de cura e colher de milho no Shabat não violaram a Lei propriamente dita,
mas sim a interpretação rigorosa favorecida pelos que desejavam preservar e
enfatizar esta distinção. (Veja um item relacionado aqui.)
• Jesus ter renunciado ao ritual de lavar as mãos (que como a observância
“persistente” do Shabá, não era uma regra da Lei, mas sim uma
interpretação rigorosa dela) violou as percepções de pureza.
• Jesus ter comandado os outros a seguirem-no, ao invés de enterrar os
mortos, violou uma das sensibilidades mais arraigadas do tempo, cuidar
da família e atender às suas necessidades funerárias (importante tanto
no contexto Judeu quanto no não-Judeu).
• A manifestação de Jesus no Templo foi um uma “representação”
simbólica da destruição do que, para muitos Judeus, era o símbolo
central do Judaísmo: o lugar onde o sacrifício e o perdão de pecados
eram efetuados; um lugar de grande prestígio e honra perante os não-
Judeus; o símbolo político central de Israel. Nem todos os Judeus
concordavam com essa avaliação (os Essênios, por exemplo,
consideravam o aparato do Templo como corrupto e provavelmente
teriam simpatizado com Jesus aqui), mas Jesus dizer que ele seria
destruído, e por pagãos, teria sido profundamente ofensivo para muitos
Judeus, especialmente para os que consideravam o Templo como uma
segurança contra a invasão pagã.

Também de Wright, The Resurrection of the son of God [A Ressurreição do filho de


Deus], temos estas observações, oferecidas por um leitor, com suas próprias
observações:

“Precisamente com base nos textos chave de Salmos, Isaías, Daniel e outros,
os primeiros Cristãos declararam que Jesus era o Senhor, de tal forma a
implicar, por diversas vezes, que César não era … O tema é forte em Paulo,
embora grandemente ignorado até recentemente. Romanos 1:3-5 declara o
‘evangelho’ de que Jesus é o real e poderoso ‘filho de Deus’ a quem o mundo
deve lealdade; Romanos 1:16-17 declara que neste ‘evangelho’ devem ser
encontradas soteria e dikaiosune. Todos os elementos nesta fórmula dupla ecoa e faz
paródia com coisas que eram ditas na ideologia imperial, e o culto imperial emergente
no tempo. Na outra extremidade da exposição teológica da carta (15:12), Paulo cita
Isaías 11:10: O Messias Davídico é o verdadeiro Senhor do mundo, e nele as nações
terão esperanças” (pp 568-569).

Wright continua a listar outras passagens Paulinas como Filipenses 2:6-11, 1


Coríntios 15:20-28, e Tessalonicenses 4:15-17 que fala de Jesus de maneira a
fazer paralelos com César. Ele também nota:

“E isso não está confinado em Paulo. O Jesus Ressuscitado de Mateus declara


que toda a autoridade nos Céus e na Terra é agora dada a ele.”

Também,

“O evangelho de Jesus como rei dos Judeus é posto, por implicação, em


tensão com o reinado de Herodes como rei dos Judeus, até a morte súbita de
Herodes no capítulo 12 [de Atos]; a partir daí, o evangelho de Jesus como
Senhor do mundo é posto em tensão com o reinado de César como senhor do
mundo, uma tensão que vem a tona em [Atos] 17:7 e permanece latente na
declaração sugestiva, mas poderosa, na passagem de fechamento, com Paulo
em Roma falando do Reino do Deus verdadeiro e a Soberania do próprio
Jesus … Toda esta linha de pensamento, do Reino do Deus de Israel
inaugurado pela Soberania de Jesus e agora confrontando os reinos do mundo
com um chamado rival por lealdade, encontra a expressão clássica um Século
depois de Paulo, na famosa e deliberadamente subversiva declaração de
Policarpo: ‘Como eu posso blasfemar contra o rei que me salvou?’ César era o
rei, o salvador, e seu ‘caráter’ exigia um juramento; Policarpo declarou que
chamar César dessas coisas seria cometer blasfêmia contra o verdadeiro rei
divino e salvador” (pp. 569-570).

Wright nota, através de passagens como Romanos 13:1-7, que os Cristãos


eram comandados a respeitar as autoridades governamentais. Entretanto, ele
continua dizendo:

“Nossa forma particular, ocidental e moderna de expor estes assuntos,


implicando que alguém deve ser ou um revolucionário ou um conservador
concessor, tornou mais difícil, e não mais fácil, para chegarmos a uma
compreensão histórica de como os primeiros Cristãos viam o assunto. O
comando para respeitar as autoridades não corta o nervo do desafio político do
Evangelho. Não significa que a ‘Soberania’ de Jesus é reduzida a uma questão
puramente ‘espiritual’. Se esse fosse o caso, as grandes perseguições dos
primeiros três Séculos poderiam ter sido grandemente evitadas. Este, como
vimos no capítulo anterior, foi o caminho percorrido pelo gnosticismo” (p.
570).

Então a questão a se perguntar é: “Por que os primeiros Cristãos mantêm uma


resistência política tão ousada como parte de seu sistema de crenças estabelecido?” Eles
devem ter realmente acreditado que Jesus era o Senhor deste mundo, e que sua
ressurreição provou isso. Wright conclui:

“Esta crença subversiva na Soberania de Jesus, superior ou contrária àquela de


César, foi mantida, contrariando o fato de que César tinha demonstrado seu
poder superior de forma óbvia, crucificando Jesus. Mas a coisa realmente
extraordinária é que esta crença era mantida por um grupo pequeno que, pelo
menos pelas primeiras duas ou terceiras gerações dificilmente poderia ter
organizado um tumulto em uma vila, muito menos uma revolução em um
império. Contudo, eles persistiram contra todas as dificuldades, atraindo a
atenção indesejada das autoridades devido ao poder da mensagem, e a visão
de mundo e o estilo de vida que ela gerava e mantinha. E sempre que
voltamos aos textos chave que evidenciam o motivo de eles terem persistido
em uma crença tão improvável e perigosa, a resposta era: Porque Jesus de
Nazaré ressuscitou. E isto nos incita a perguntar mais uma vez: Por que eles
alegavam isso?” (p. 570).

Um paralelo interessante com os tempos modernos pode ser encontrado aqui.


FATOR 17 – ENCORAJANDO AS PESSOAS A CHECAR OS FATOS.

Um leitor (que usa o nome de tela “Jezz” no site TWeb) sugeriu este novo ponto.
Encorajar as pessoas a verificar as alegações e buscarem provas (e, por conseguinte,
desencorajar a credulidade inocente) é uma forma garantida de ser surrado, se você está
pregando mentiras. Vamos supor por um minuto que você esteja tentando começar uma
religião falsa. A fim de apoiar sua falsa religião, você decide inventar um número de
alegações históricas (i.e., testáveis), e então espera que ninguém vá checá-las. Em outras
palavras, apesar dos conselhos dados nos fatores #7 (i.e., não invente alegações
históricas) e #13 (i.e., que as pessoas irão checar suas alegações), você decidiu apostar e
esperar que as pessoas sejam inocentes o bastante para se unir à sua religião. Qual é a
coisa mais importante a se fazer, se você inventou alegações que são provavelmente
falsas? Bem, é claro, você não sai por aí encorajando as pessoas a checarem suas
alegações, sabendo que se eles fizerem isso, você será desbancado!

Suponha, por exemplo, que você esteja iniciando um novo culto sobre OVNIS, em que
os fiéis serão levados para dentro de um disco voador que os está aguardando. Um
cultista como este iria normalmente seguir o conselho dado no fator #7, e se certificar
de que o disco voador está em algum lugar onde as pessoas não podem checar (e.g.,
afirmar que o disco está escondido atrás da lua). Mas suponha que você ignorou este
conselho, e ao invés disso, afirmou que o disco estava esperando em uma caverna em
uma montanha próxima a cidade. A última coisa que você faria é encorajar as pessoas a
irem até a caverna e checar sua alegação – e desta forma desencorajar a credulidade
inocente, da qual a sobrevivência do seu culto depende. Se você quisesse atrair as
pessoas a se juntarem ao seu culto, você teria de fazer o exato oposto – desencorajar
seus recrutas em potencial a checar os fatos (talvez ao acrescentar uma cláusula, “se
alguém for atrás da caverna antes da hora, este não será levado pelo disco”).

Ao longo do NT, os apóstolos encorajavam as pessoas a checarem e buscarem


provas e verificar os fatos:

• 1 Tessalonicenses 5:21 – Examinem tudo, fiquem com o que é bom.

E quando os novos convertidos prestavam atenção a este conselho, não


somente eles permaneciam convertidos (sugerindo que as evidências
suportavam aos exames detalhados), mas os Apóstolos descreveram-nos como
“nobres” por fazer isso:

• Atos 17:11 – As pessoas dali eram mais bem educadas do que as de Tessalônica
e ouviam a mensagem com muito interesse. Todos os dias estudavam as
Escrituras Sagradas para saber se o que Paulo dizia era mesmo verdade.

Como se os Apóstolos já não estivessem tornando as coisas bastante difíceis


para eles mesmos, ao fazerem alegações extraordinárias e testáveis em um
ambiente social onde era difícil guardar segredos, eles aumentaram
significativamente as adversidades ao encorajar as pessoas de forma ativa a
checarem se o que eles diziam era verdade. Encorajar as pessoas a verificar
alegações e buscar provas é uma forma garantida de assegurar que seu novo
culto é um fracasso – a menos, é claro, que aquelas alegações suportassem os
exames detalhados que seu encorajamento iria, sem dúvidas, gerar.

Podemos adicionar mais fatores posteriormente, mas por enquanto, temos o bastante
para apresentar nosso desafio central. O Cristianismo, como podemos ver, tinha todas as
desvantagens possíveis como uma fé. Como eu notei recentemente, algumas religiões
prosperam por serem vagas (Rastafarianismo) ou por terem somente demandas
filosóficas, ou demandas além da verificação (Budismo e Hinduísmo). Outras
asseguram seu direito à sobrevivência mantendo-se isoladas (Mormonismo) ou pela
espada (Islamismo). O Cristianismo não fez nenhuma dessas coisas e não teve nenhum
destes benefícios, fora um flerte tardio com a espada quando já era uma fé fortalecida e
estava sendo utilizada com propósitos políticos, como realmente qualquer religião
poderia ser – e não como forma de se espalhar o Evangelho. Todas as desvantagens, e
nenhuma das vantagens.

Vimos que a ignorância e apatia não servem como explicações adequadas. As


alegações do Cristianismo não eram muito difíceis de compreender, e de
qualquer forma, o que o Cristianismo tinha a oferecer não atrairia o ignorante
– caso contrário seria balanceado pelas muitas coisas que teriam despertado a
desconfiança e suspeita no ignorante. A apatia, no que diz respeito às questões
sociais, é um produto do nosso tempo, não do mundo antigo. Os céticos não
podem apelar de forma presunçosa para estas explicações.

Me disseram que um crítico sugeriu de forma desesperada que um ou mais


desses fatores não pode ser aplicado todas as vezes e à todas as pessoas neste
contexto. Esta é uma resposta absurda – os fatores são centrados em valores e
julgamentos inerentes ao período, costumes sociais que não são ligados e
desligados como um interruptor. O crítico teria de provar que houve uma
calmaria temporária em um número suficiente de fatores (mesmo para um ou
dois desses que são mais do que o bastante para tirar as pessoas da nova fé)
para o Cristianismo conseguir convertidos – e então documentar e explicar a
calmaria, e por que ela aparentemente foi revertida depois. O ponto principal é
que tal explicação é uma opinião desesperada.

Finalmente, o crítico faz confusão com o fato de que – como já observado por Stark e
Meeks – O Cristianismo, como um movimento, era desequilibrado na área do status
social. Visto que 99 % das pessoas eram pobres e/ou miseráveis, é claro que qualquer
movimento pegaria a maioria das pessoas deste grupo, mas o Cristianismo, para o seu
tamanho, tinha um número incomum de ricos e poderosos. Como Witherington nota,
citando E. A. Judge (Paul Quest [A Busca de Paulo], 94):
…Os Cristãos eram dominados por uma parte socialmente pretensiosa da população  
das grandes cidades. Além disso, eles pareciam ter sido retirados de um grupo amplo,  
provavelmente representando os parentes dependentes de membros proeminentes.

Estas são as pessoas que seriam mais afetadas por estes fatores e os que menos
provavelmente acreditariam; eles eram os que tinham mais a perder e menos a ganhar
(de forma palpável) ao se converterem. Rodney Stark mostrou em The Rise of
Christianity [A Ascensão do Cristianismo] o porquê de o movimento ter continuado a
crescer a partir do momento em que se estabeleceu, mas não aborda como ele conseguiu
se estabelecer em primeiro lugar. Então, como isso aconteceu?

Eu proponho que só há uma explicação abrangente para o Cristianismo ter superado


estas desvantagens intoleráveis, é porque ele tinha a refutação máxima – o testemunho
seguro, confiável e incontestável da ressurreição de Jesus, o único evento que, aos olhos
dos antigos teria justificado a honra dele e superado os numerosos estigmas de sua
morte e vida. O Cristianismo tinha uma certeza que não poderia ser negada; em outras
palavras, um número suficiente de testemunhas antigas (por volta de 500!) com
testemunhos sólidos e indisputáveis (nada como “a visão de Jesus no céu”, mas sim uma
certeza tangível de um corpo fisicamente ressuscitado) e vários convertidos logo após o
fato (os milhares em Pentecostes) que fizeram desacreditar mais difícil do que acreditar.
Os céticos e críticos devem explicar por que, apesar de todos estes fatores, o
Cristianismo sobreviveu e prosperou. O único candidato razoável é um testemunho
consistente, forte o bastante para passar até o Século II, apesar destes fatores. Os céticos
tem de achar uma desculpa melhor do que “eles era burro”!

Para uma comparação e contraste com outras religiões, veja estas:

•  Mitraísmo 
•  Mormonismo 
•  Islamismo 

• Veja um crítico tropeçar nestes argumentos aqui.


• Veja Richard Carrier quebrando sua própria cabeça aqui.
• Veja o feitiço se voltando contra o feiticeiro Robert Price aqui.
• Veja o povão soluçando sobre este artigo aqui.
• Kyle Gerkin responde aqui e lá há um link no fundo da página para um debate
entre nós dois na TheologyWeb.

FONTE:

http://crentinho.wordpress.com/2007/02/25/a-fe-impossivel-completo/

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