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Introdução
Conceito de Direito do Trabalho - ramo do Direito Privado que estuda as normas de caráter
individual e coletivo reguladoras das relações de trabalho sob dependência jurídica, de índole
contratual.
Duração e jornada de trabalho - a limitação da jornada dos empregados regidos pela Consolidação das Leis
do Trabalho e dos empregados rurais é determinada pela Constituição Federal, art. 7º, XIII a XVI - oito horas
diárias, limitadas a 44 horas semanais, salvo quando o trabalho se desenvolve em turnos ininterruptos de
revezamento, sempre com um dia de repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.
Exceções: jornada normal de quatro horas (médicos, advogados e dentistas - 20 horas semanais, radiologistas -
24 horas semanais); cinco horas (jornalistas e músicos, algumas atividades de radialistas); seis horas (o bancário
- cinco dias por semana, desde que não exerça cargo comissionado - telegrafistas, telefonistas, operador
cinematográfico, cabineiro de elevador, mineiros em subsolo, revisor ortográfico, radialistas); 13 ou 15 horas
(aeronauta, com limite máximo de 85 ou 100 horas mensais); motoristas de ônibus internacionais e
interestaduais, oito horas, sendo sete na direção; professor, quatro aulas consecutivas, ou seis interpoladas.
Conceito de turno ininterrupto de revezamento - vide Enunciado 360 do TST.
Não estão sujeitos à disciplina da duração do trabalho: art. 62 da CLT. Estes não tem direito a horas extras
ou adicional noturno. Conservam o direito ao repouso semanal remunerado.
Havendo acordo (individual ou coletivo, sempre por escrito) ou convenção coletiva, pode haver a
compensação de jornada (trabalho em mais de oito horas diárias para compensação de um dia de trabalho) ou
a redução da jornada (com consequente redução salarial, nesse caso, restrita à negociação coletiva),
respeitando-se, contudo, o limite de 44 horas semanais. Vide Enunciados 85 e 108 do TST.
Compensação em atividade insalubre - art. 60 da CLT e Enunciado 349 do TST.
Espécies de prorrogação previstas: art. 59 e 61 da CLT.
Menor de 18 anos - só pode ser exigido trabalho extraordinário mediante acordo ou convenção coletiva ou por
motivo de força maior (CLT, art. 413).
Banco de horas - em 21/01/96, com a edição da Lei nº 9.601/98, criou-se nova forma de ajuste em termos de
compensação de jornada, acrescentando-se ao art. 59 da CLT os §§ 2º e 3º; através destes dispositivos, permite-
se que por acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas de um dia possa ser
compensado em redução de jornada noutro dia, dentro de um lapso de 120 dias, respeitado o limite de dez horas
diárias.
A Medida Provisória 1.779 e suas reedições estabelecem o prazo como sendo de um ano. Em caso de
rescisão contratual, em não tendo ocorrido a completa compensação do ‘banco de horas’, deverá o empregado
receber as horas extras trabalhadas e não compensadas.
Jornada de trabalho - é o período do dia em que o empregado se encontra à disposição do empregador (art. 4º
da CLT).
Horário de trabalho é o período que vai do início ao fim da jornada de trabalho, excluídos os intervalos para
refeição e descanso.
Horas in itinere - tempo de deslocamento casa-trabalho e vice-versa pelo empregado, quando fornecido
transporte pelo empregador, sendo o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte coletivo
regular (Enunciados 90, 320, 324 e 325 do TST).
Horário noturno - art. 73 da CLT: é, para os empregados urbanos, o prestado das 22 horas de um dia às 05
horas do dia seguinte, e diurno, o prestado fora deste horário. O horário será misto, quando em parte diurno, em
parte noturno (por exemplo, quem trabalha das 18 às 24 horas). Para o empregado rural, das 21 às 5 horas, na
lavoura; e das 20 às 4 horas, na pecuária - adicional noturno de 25% por hora, em relação à hora do
empregado que trabalha em horário diurno, cuja atividade seja semelhante (adicional noturno do trabalhador
urbano = 20%).
Na falta de trabalho diurno, por ser da natureza da empresa o trabalho em horário noturno somente, o adicional
será calculado sobre o salário mínimo geral. Hora noturna do empregado urbano corresponde a 52 minutos e 30
segundos, de modo que sete horas noturnas (de 22 às 5 horas) correspondem a oito normais, para efeitos de
pagamento. Nos horários mistos, aplica-se o adicional e o cômputo especial apenas às horas noturnas
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 7
trabalhadas. A adoção de turno de revezamento não exclui o pagamento do adicional sobre os dias em que
houve trabalho noturno.
Intervalos interjornadas - art. 66 da CLT (períodos destinados a descanso entre duas jornadas de trabalho) -
11 horas consecutivas entre o término de uma jornada e o início da outra).
Descanso semanal remunerado e em feriados nacionais e religiosos - art. 67 a 70 da CLT: - 24 horas
consecutivas, a cada semana, não coincidentes com o intervalo interjornadas (seis dias de trabalho para um de
descanso) que, salvo conveniência pública ou necessidade do serviço, devem recair, no todo ou em parte, no
domingo. Em serviços cujo trabalho aos domingos seja exigido, deverá haver escala de revezamento mensal. É
vedado o trabalho em feriados nacionais e religiosos. Algumas atividades tem permissão para funcionamento em
tais dias, por lei, ou por ato do Ministro do Trabalho. Em havendo trabalho em dia destinado ao repouso, o
mesmo deverá ser remunerado em dobro (art. 9º da Lei nº 605/49), e não as horas prestadas, com adicional de
100%, como se diz em jargão popular - TST, Enunciado 146.
Intervalos intrajornada - art. 71 da CLT (períodos destinados a refeição e descanso dentro da mesma jornada
de trabalho) - 15 minutos, para quem trabalha mais de quatro horas consecutivas e menos de seis; de uma a
duas horas de intervalo, para quem trabalha mais de seis horas; pode haver redução, por autorização da
Diretoria das Relações de Trabalho (órgão do Ministério do Trabalho). Estes intervalos não são computados
como tempo de serviço. A falta de concessão destes intervalos acarreta o pagamento dos mesmos, como serviço
extraordinário - adicional de 50%, no mínimo (CF, art. 7º, XIII).
Mecanógrafos e afins - art. 72 da CLT (datilografia, escrituração, cálculo, digitação de dados): a cada noventa
minutos de trabalho, é obrigatória a concessão de intervalo de dez minutos de descanso, computados na
jornada, mantida a jornada como sendo de oito horas diárias e 44 semanais, e sem prejuízo dos demais
intervalos previstos.
Trabalho em regime de tempo parcial - CLT, art. 58-A - não excede a vinte e cinco horas semanais, com
remuneração proporcional à jornada em relação a empregados que cumprem jornada de tempo integral, nas
mesmas funções. É vedado o trabalho extraordinário a quem trabalhe em regime parcial (Medida Provisória
1.779, que acrescentou o § 4º ao artigo 59 da CLT).
Sobreaviso - analogia do art. 244, § 2º, da CLT - Enunciado 229 do TST)
Exigibilidade de cumprimento de horas extras - não há obrigação de que o empregado venha a prestar
serviço extraordinário, salvo nas hipóteses do artigo 61 da CLT.
Pagamento de adicional de horas extras, adicional noturno: cálculo na forma do art. 64 da CLT; repercussão
noutras parcelas (recolhimentos do FGTS, férias, 13º salário, aviso prévio, repouso semanal remunerado -
Enunciados 24, 45, 63, 94, 151 e 172 do TST).
Controle da jornada e quadro de horário - adoção obrigatória de livro ou cartão ponto para empresas com
mais de 10 empregados (art. 74, § 2º); empregados em atividade externa, devem possuir ficha ou papeleta (art.
74, § 3º); o quadro de horário é exigido para todas as empresas, independentemente de nº de empregados - art.
74, caput.
Penalidades - competência para aplicar multas é da fiscalização do Trabalho - art. 75 da CLT.
O PRINCÍPIO ‘PACTA SUNT SERVANDA’ - a força da obrigatoriedade dos contratos no direito privado.
ALTERAÇ’ES VOLUNTÁRIAS DAS CONDIÇ’ES DE TRABALHO - REGRA DO ARTIGO 468 DA CLT - exige-
se o mútuo consentimento, o acordo de vontades, conjugado com a ausência de prejuízo ao empregado; a
idéia de prejuízo - direto ou indireto; material ou moral.
ALTERAÇ’ES UNILATERAIS VÁLIDAS - o parágrafo único do artigo 468; o exercício do jus variandi como
exceção ao princípio pacta sunt servanda; regulamento da empresa e o Enunciado 51 do TST.
HIPÓTESES DE ALTERAÇ’ES:
Direito do Trabalho II
Prof. Carlos Alberto Castro
Aula de 25/03/99
Suspensão total e parcial - nomenclatura perante a CLT - os efeitos sobre as obrigações decorrentes do
contrato de trabalho
Distinção fundamental entre suspensão e cessação do contrato - efeito temporário da inexecução contratual
Suspensão e contrato por prazo determinado - § 2º do art. 472 - não havendo cláusula expressa, os
períodos de suspensão não impedem o término do contrato por prazo certo.
Tempo de suspensão não é computado como tempo de serviço, salvo serviço militar obrigatório e o período
de recuperação de acidente de trabalho (art. 4º, Parágrafo único, da CLT). No caso do serviço militar, a regra
do § 1º do art. 472 foi derrogada pela Lei do Serviço Militar (Lei 4.375/64), que só garante o retorno aos que
não ‘engajarem’ ou àqueles que declararem ter intenção de voltar para o emprego após o licenciamento ou
término do curso.
Encargos públicos civis: mandato eletivo, representação classista - suspendem o contrato, mas o tempo não
é computado como de serviço na empresa.
Mandato sindical - artigo 543 da CLT - em regra, é caso de suspensão (licença não remunerada), salvo se
houver estipulação em contrário.
Greve - sendo lícita, é exercício de um direito; caso de suspensão, salvo estipulação em contrário, pelas
partes (acordo coletivo ou convenção coletiva podem estabelecer a reposição salarial dos dias de greve) -
não é motivo para rescisão, pois não há o ânimo de abandono do emprego, nem cometer indisciplina ou
insubordinação.
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 9
Aposentadoria por invalidez - art. 475 e §§ - suspende o contrato, enquanto permanecer a condição de
incapacidade para todo e qualquer trabalho; voltando a capacidade, cancela-se o benefício e o empregado
tem direito a retornar ao emprego; sendo estável, só poderá ser dispensado por justa causa; caso contrário,
poderá ser dispensado sem justa causa, desde que indenizado - Enunciados 72, 97, 160 do TST.
Salário-maternidade: sendo integral o ônus da Previdência, os 120 dias de licença à gestante são de
suspensão contratual; havendo encargo do empregador, ocorre interrupção.
A interrupção contratual e o conflito de interesses - o empregador tem a intenção de pagar somente pelo
tempo trabalhado; o risco da interrupção caberia ao empregado - o empregado, por seu turno, pretende que
o empregador o remunere inclusive nos períodos em que o descanso é considerado necessário, por
questões sociais, biológicas, etc.
Interrupções do art. 473 da CLT - luto, núpcias, licença-paternidade, doação de sangue, alistamento eleitoral,
apresentação do reservista, vestibular.
Regras especiais dos professores - luto e núpcias (art. 319, § 3º, da CLT).
Outros casos de interrupção: férias (art. 129 e 142), repousos semanais remunerados e feriados (Lei nº
605/49), comparecimento em juízo na qualidade de parte (Enunciado 155 do TST) ou testemunha (art. 822
da CLT); jurado do Tribunal do Júri (CPP, art. 430); primeiros quinze dias de afastamento por doença;
paralisação dos trabalhos por ato do empregador ou causas acidentais (art. 61, § 3º), força maior (art. 501)
ou factum principis (art. 486); faltas justificadas e licenças remuneradas.
A Medida Provisória 1779 criou o art. 476-A - suspensão para realização de curso ou programa de
qualificação profissional - período de 2 a 5 meses, mediante negociação coletiva e concordância formal do
empregado; durante este período, o empregador poderá fornecer uma ajuda compensatória, conforme ficar
estabelecido em acordo coletivo ou convenção coletiva (esta ajuda não tem caráter salarial) e os benefícios
concedidos voluntariamente pelo empregador (planos de saúde e vale-refeição, por exemplo).
Regra do § 5º do art. 476-A: anomalia jurídica (rescisão durante a suspensão, ou até 3 meses após o fim da
suspensão) - fixação de multa de, no mínimo, 100% da última remuneração mensal anterior à suspensão do
contrato.
Salário-utilidade ou in natura (art. 458 da CLT) é aquele pago pelo empregador com habitualidade, em forma
de bens outros que não o dinheiro. Será considerado parcela salarial a utilidade que não tenha por
finalidade o uso para o trabalho e que repercuta em vantagem para o empregado. Ex. veículo à disposição
do empregado inclusive fora do horário de serviço, tíquete-combustível, habitação e alimentação
gratuitamente fornecidas (Enunciado 241 do TST) - caracterizam salário utilidade; já o veículo utilizado
somente para o serviço, os valores apenas reembolsados por despesas com manutenção e combustível do
veículo do próprio empregado, o transporte e o alojamento concedidos em local de trabalho de difícil
acesso, o uniforme da empresa e os equipamentos de proteção (capacetes, luvas, protetores de ouvido)
não são considerados salário-utilidade. A diferença se obtém: a) pela prestação ser ou não necessária para
o exercício do trabalho; e b) na perda patrimonial decorrente da supressão da utilidade fornecida.
Efeito da supressão do salário em utilidades: o empregador deverá integrar ao salário-base o valor real da
utilidade suprimida. As demais parcelas (gratificações, adicionais, FGTS e férias) devem ser calculadas
sobre o valor do salário mais o valor real da utilidade, salvo a habitação e a alimentação, que sofrem
limitações do § 3º do art. 458.
Classificação do salário quanto à forma de sua aferição:
a) salário por unidade de tempo: pago em função do tempo em que o empregado está à disposição do
empregador, sem se levar em conta a produtividade do empregado, como no caso de um professor, que
recebe por hora-aula (art. 320, caput, e 321, da CLT).
b) salário por unidade de obra: pago em função da produção, como no caso de pagamento por peça, cujo
exemplo típico é o trabalho do empregado em seu próprio domicílio, onde o tempo à disposição não pode
ser aferido, devido, em todo caso, o salário mínimo (art. 83 da CLT).
c) salário por tarefa: é aquele em que se leva em conta tanto o fator tempo como o fator produção. O
empregado está sujeito a uma jornada de trabalho, mas o salário é fixado pelo resultado (tempo x obra). O
comerciário, que recebe por comissão, mas cumpre jornada de trabalho, é exemplo dessa hipótese. Nesse
caso, é garantido o salário-mínimo, mesmo quando não atingido o resultado colimado (CF, art. 7º VII; art. 79,
CLT).
Classificação do salário por unidade de tempo: salário-mês (mensalista), salário diário (diarista), salário-hora
(horista).
Recebimento do salário: por mês (periodicidade máxima, salvo quando se trate de comissões - art. 459 da
CLT), por quinzena, por semana, ou por dia de trabalho. Independe da caracterização como mensalista,
diarista ou horista.
O pagamento do mês trabalhado deve ser feito até o quinto dia útil do mês subseqüente (Parágrafo único do
art. 459). Atraso sujeita o empregador à atualização monetária do valor, considerado o índice do mês
subseqüente ao da prestação dos serviços (Orientação Jurisprudencial nº 124 - TST).
Forma de pagamento do salário (art. 463 da CLT): deve ser em moeda corrente do País (ou depósito
bancário em moeda corrente do País, com anuência do empregado - art. 464 e 465 da CLT); deve ser feito
contra recibo do empregado; deve ser efetuado em dia útil; deve ocorrer durante o horário de trabalho ou
logo após este, e no local de trabalho.
Salário mínimo (art. 76 a 126 da CLT) - contraprestação mínima devida ao empregado urbano ou rural, ao
empregado doméstico e ao trabalhador avulso. São parcelas integrantes do salário mínimo as previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho como sendo os valores pagos a título de: alimentação, vestuário,
transporte, habitação e higiene (segundo a Constituição, art. 7º, IV: para atender às necessidades normais
do trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene e
transporte).
O salário mínimo pode ser pago em parte com utilidades, de modo que o trabalhador receba, no mínimo,
30% de seu valor em dinheiro (art. 81, Par. único, CLT). Podem ser descontados do valor do salário mínimo
(quando houver entrega das respectivas utilidades) os seguintes percentuais: alimentação: até 25% (Lei
3.030/56, quando tenha recebido todas as refeições diárias); transporte: até 6% (Lei 7418/85); habitação:
até 20% (previsto somente para os rurais este índice, ainda assim, com autorização prévia do M. Trabalho).
As demais parcelas devem ser aferidas segundo o valor real de sua utilidade (Enunciado 258 do TST).
Salário profissional: é o fixado para determinada profissão ou categoria, por lei ou negociação coletiva. É
o caso dos médicos, que tem lei própria garantindo o piso no valor de quatro salários mínimos.
Salário normativo: é o fixado em sentença normativa proferida por Tribunal do Trabalho em dissídio
coletivo de natureza econômica.
Salário do menor aprendiz (Art. 80 da CLT): na primeira metade do contrato, pode ser pago, no mínimo, a
metade do salário mínimo; na segunda metade, dois terços. O pagamento inferior ao salário mínimo mensal
é lícito, pois sua jornada é parcial.
Princípios de proteção ao salário:a) irredutibilidade - uma vez recebido o salário, não pode o empregador,
no mês seguinte, reduzir o valor de seu pagamento. Poderá fazê-lo, contudo, mediante acordo coletivo ou
convenção coletiva (art. 7º da CF), tendo perdido a eficácia o art. 503 da Consolidação das Leis do Trabalho
(que autorizava redução de até 25% no salário, com redução proporcional da jornada), bem como a Lei
4.923/65; b) garantia de salário - impossibilidade de redução da demanda, quando o trabalho seja
remunerado por tarefa ou peça (ex. costureira ou artífice que receba por peça produzida) ensejando direito
à chamada ‘rescisão indireta’ - resolução do contrato por falta do empregador - art. 483, ‘g’; c) integralidade
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 11
Quadro de carreira: exclui a adoção do princípio da isonomia salarial, a partir de sua homologação pelo
órgão do Ministério do Trabalho (Enunciados nº 6 e 231 do TST). Se há desvio de função, são devidas as
diferenças do cargo ocupado, em caráter indenizatório, sem incorporação ao salário. Promoções devem ser
alternadas, por antiguidade e merecimento.
Descontos legais: podem ser descontados do salário, por força de lei: a) imposto de renda a ser retido na
fonte (Lei 7713/88); b) contribuição à Seguridade Social (Lei 8212/91); c) benefício recebido indevidamente
ou a maior (Lei 8212/91); d) pensão alimentícia, devida em função de homologação de acordo ou sentença
em ação de alimentos; e) os adiantamentos feitos pelo empregador (art. 462 da Consolidação das Leis do
Trabalho); f) contribuição sindical (art. 578 da Consolidação das Leis do Trabalho); g) compensação de
créditos, por falta de aviso prévio na demissão voluntária, ou gratificação natalina recebida, no caso da
dispensa por justa causa; h) prestações da casa própria pelo SFH (Lei 5725/71); i) descontos - contribuições
assistenciais - em favor do sindicato, previstos em sentença normativa, acordo coletivo ou convenção
coletiva; j) na ocorrência de dano causado à empresa por atitude dolosa do empregado (art. 462, § 1º, da
Consolidação das Leis do Trabalho); l) na ocorrência de dano causado à empresa por culpa do empregado,
quando pactuado no contrato.
O artigo 467 da Consolidação das Leis do Trabalho: cabe ao empregador, em caso de dissídio individual
ajuizado perante a Justiça do Trabalho, pagar, em primeira audiência, as parcelas salariais incontroversas,
sob pena de ser condenado a pagá-las em dobro. Trata-se, em verdade, de uma penalidade aplicada no
processo do trabalho.
ESTABILIDADE NO EMPREGO
Conceito: garantia de não rompimento do contrato por vontade do empregador, salvo nas hipóteses
permitidas por lei.
Surgimento da estabilidade - em função do regime previdenciário (Caixas de Aposentadoria por empresa). A
intenção era formar um lastro suficientemente bom para as instituições de previdência.
Estabilidade da CLT - o empregado que contasse dez anos de serviço na mesma empresa não poderia ser
despedido senão por falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovados. Presumia-se
nula a dispensa aos nove anos de serviço prestado, por obstativa à estabilidade (Enunciado 26 do TST).
A estabilidade alcançou status de norma constitucional em 1937, preservada em 1946; em 1967, passou a
ser alternativa, juntamente com o FGTS, repetida a regra na Emenda nº 1/69; finalmente, em 1988, foi
excluída do ordenamento jurídico como regra geral.
Após o regime do FGTS ser considerado “regra geralÓ existem ainda as seguintes formas de estabilidade: a)
contratual; quando as partes pactuam a estabilidade, por cláusula de contrato individual, acordo coletivo ou
convenção coletiva, ou ainda, por regulamento da empresa; b) provisória, do dirigente sindical, a partir do
registro da candidatura até um ano após o término do mandato, inclusive o suplente (art. 543, § 3º, da CLT);
c) provisória, da empregada gestante regida pela CLT ou rural, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto (art. 10 do ADCT); d) provisória, do membro eleito para a CIPA, inclusive na
condição de suplente, a partir do registro da candidatura até um ano após o término do mandato (art. 10 do
ADCT), observando-se que o membro eleito para a CIPA pode ser dispensado por justa causa e ainda por
motivo técnico, financeiro ou econômico; e) provisória, do acidentado, a partir da cessação do auxilio-
doença acidentário, até um ano após; f) provisória, decorrente de sentença normativa, em dissídio
coletivo; g) daqueles que já haviam atingido a estabilidade decenal, antes de 05/10/88; h) dos
servidores civis da Administração PúblicaDireta, Autarquias e Fundações, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, admitidos sob regime da Consolidação das Leis do Trabalho, que em
05/10/88 possuíam mais de cinco anos contínuos de serviço, independentemente de aprovação prévia em
concurso, salvo os exercentes de cargo em comissão ou função de confiança (art. 19 do ADCT); i)
situações especialíssimas (membro do Conselho Nacional de Seguridade Social, membro do Conselho
Curador do FGTS, empregados eleitos diretores de cooperativas).
A doutrina costuma distinguir entre a estabilidade absoluta e a relativa, apontando que, na primeira, o
empregado tem direito à reintegração no emprego, e na segunda, somente direito à indenização do período
de estabilidade. A diferença está em que os que detém estabilidade absoluta só podem perder o emprego
após após inquérito para apuração de falta grave - o decenal (C.L.T., art. 494), o servidor público (CF, art. 41,
§ 1º), o dirigente sindical (C.L.T, art. 543), o membro do Conselho Curador do FGTS (Lei nº 8.036/90). Os
que possuem estabilidade relativa - os demais - podem ser dispensados por justa causa (e o membro da
CIPA, por motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro), por ato do empregador, cabendo a este
provar perante a Justiça, em caso de ação reclamatória trabalhista do empregado, o motivo da dispensa.
O empregado estável demitido sem justa causa tem direito, durante o período de estabilidade, à percepção
dos salários e demais vantagens, como se não tivesse sido dispensado injustamente. Se cabe direito à
reintegração, receberá os meses em que não trabalhou, e o período posterior à reintegração, como se
tivesse permanecido em exercício. Se há impossibilidade de reintegração, por incompatibilidade entre as
partes contratantes ou por extinção da empresa, ou do estabelecimento, sem a ocorrência de força maior,
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 13
converte-se a reintegração em indenização dos valores devidos, sendo que o estável decenal recebe um
mês de remuneração por ano de serviço ou fração igual ou superior a seis meses, em dobro. A força maior
(art.501 da CLT) extingue qualquer contrato, não prevalecendo a estabilidade; mantido, contudo, o direito à
indenização, pela metade do valor devido, tanto em relação aos que possuem estabilidade absoluta como
em relação aos que possuem estabilidade relativa.
Com a promulgação da Constituição de 1988, entende-se que perdeu a eficácia o art. 492 da Consolidação
das Leis do Trabalho, por confrontar com o art. 7º, inciso I, do texto constitucional, mantidos os direitos
daqueles que implementaram o período decenal antes de sua promulgação.
A Consolidação das Leis do Trabalho exige que a rescisão contratual do empregado estável, seja
necessariamente homologada perante o sindicato de classe, o Ministério do Trabalho ou a Justiça do
Trabalho (art. 500).
GARANTIA NO EMPREGO - a Constituição não prevê a estabilidade no emprego, mas um conjunto de
normas destinadas a desincentivar a rescisão contratual por parte do empregador: são elas: a) a
indenização compensatória; b) o FGTS; c) o seguro-desemprego; d) o aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço.
Lei nº 9.029/95 - dispõe sobre práticas discriminatórias na relação de emprego, estabelecendo em seu art. 4º
que o rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório faculta ao empregado optar entre: a)
readmissão (o correto seria reintegração) com ressarcimento integral de todo o período de afastamento,
mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros; ou b) a
percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento, com os acréscimos legais.
O FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO: foi instituído, inicialmente, aos urbanos e rurais,
excetuados os domésticos, como opção à estabilidade decenal.
A partir da Constituição de 1988, passou a ser o regime único (sem opção), mantendo-se estáveis
somente aqueles que já detinham este direito, os que o obtiveram por contrato individual, regulamento de
empresa, convenção ou acordo coletivo (estes, em caráter provisório), e aqueles que detém garantia de
emprego provisória (gestante, membro da CIPA, dirigente sindical, acidentado).
O estável decenal pode transacionar (renunciar) a estabilidade, abrindo mão desta, mediante o pagamento
de indenização de, no mínimo, 60% do que teria direito, se dispensado sem justa causa. A esta transação
se costuma chamar de opção com efeito retroativo, sendo que esta retroação pode ir até a sua instituição -
01/01/67 - ou até a data da admissão, se posterior àquela data. É feita por declaração escrita do empregado
e registrada na CTPS, em 48 horas.
Na rescisão de contrato, sem justa causa, de empregado que tenha tempo como não-optante do FGTS,
este terá direito a receber a indenização, simples ou em dobro, conforme o caso, daquele período, mais os
depósitos de FGTS do período em que houve a opção, ou após 05/10/88. Neste caso, se o empregador
efetuou depósitos de período anterior à opção ou a 05/10/88, poderá levantá-los, mediante comprovação do
pagamento da indenização devida, ou autorização passada pelo Ministério do Trabalho, em caso de
inexistência de direito à indenização (justa causa, por exemplo) ou houver decorrido o prazo prescricional
para a ação trabalhista.
As importâncias depositadas em conta vinculada do trabalhador são impenhoráveis. O montante dos
depósitos é atualizado monetariamente pelos mesmos índices de poupança e capitalizam juros de três por
cento ao ano.
O empregador, ainda que seja entidade filantrópica, é obrigado a depositar, até o dia sete de cada mês, na
conta vinculada de cada trabalhador, o valor de 8% da remuneração paga ou devida no mês anterior,
incluídas todas as parcelas integrantes do salário, e o 13º salário. Mantém-se a obrigação de efetuar
depósitos: na prestação de serviço militar; na licença para tratamento de saúde de até quinze dias; durante
licença por acidente de trabalho (sem limite); durante a licença-gestante; e durante a licença-paternidade.
Depósitos fora do prazo: correção monetária, juros de 1%/mês e multa de 20%.
Casos de direito ao saque: a) despedida sem justa causa, inclusive a indireta, culpa recíproca e força maior;
b) extinção da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão
de atividades, falecimento do empregador, quando tenha ocorrido a rescisão por esses motivos; c)
aposentadoria concedida pela Previdência Social; d) falecimento do trabalhador; e) pagamento de
prestações de financiamento junto ao SFH, tendo o trabalhador mais de três anos de trabalho sob regime do
FGTS, em uma ou mais empresas, por um período de doze meses no máximo, e não excedendo a parcela
movimentada a 80% do montante da prestação; f) liquidação ou amortização de saldo devedor de
financiamento do SFH, cumprido o interstício de dois anos de uma movimentação para a outra; g)
pagamento total ou parcial do preço de moradia própria, através do SFH, com mínimo de três anos de
trabalho sob regime do FGTS, em uma ou mais empresas; h) quando permanecer a conta inativa, por mais
de três anos sem depósitos; i) na extinção normal do contrato a termo, inclusive dos trabalhadores
temporários; j) na suspensão do trabalho avulso por período igual ou superior a noventa dias. Nos casos ‘a’
e ‘b’, o direito ao saque é relativo aos depósitos do último contrato de trabalho.
Indenização compensatória - 40% dos depósitos realizados, acrescidos da atualização monetária e juros,
em caso de dispensa sem justa causa ou rescisão indireta; 20% dos depósitos, atualizados e acrescidos de
juros, em caso de culpa recíproca ou força maior.
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 14
Prescrição do direito de ação quanto a depósitos de FGTS: 30 anos (Enunciados 95 e 362 do TST - art. 23
da Lei 8.036/90 e art. 55 do Decreto nº 99.684/90).
O trabalho da mulher - Considerando a posição de inferioridade perante a lei que as mulheres tiveram,
durante longos anos, a Consolidação das Leis do Trabalho trata do trabalho da mulher em capítulo próprio.
Contudo, com o passar dos anos, as regras de proteção especial à mulher foram se tornando afrontosas em
relação ao princípio da igualdade, donde hoje há poucas normas protetivas, a maioria tratando da
maternidade. É excluída da proteção legal a prestação de serviços da mulher em regime de economia
familiar.
Duração do trabalho - O trabalho acima de oito horas diárias era admitido somente em casos
excepcionais, não dispondo a lei a respeito da conceituação dessa excepcionalidade, e sempre remunerado
com o adicional extraordinário, o mesmo ocorrendo com o trabalho noturno. Diante do princípio da
igualdade, entende-se que este artigo da CLT deixou de ser aplicável. Os intervalos são os mesmos dos
trabalhadores em geral. À mulher é garantida escala de revezamento quinzenal, quando trabalhe aos
domingos, de modo a garantir o repouso neste dia (art. 386 da CLT).
Toda empresa é obrigada a instalar sanitários e lavatórios exclusivos para as trabalhadoras, bem como
vestiários, quando se exija a troca de roupa (uniforme). Empresas com mais de 30 mulheres com mais de
16 anos devem ter creches para crianças em fase de amamentação, ou convênio com instituição do gênero,
pública ou privada (art. 389 da CLT).
Não há mais proibição ao trabalho insalubre em geral, salvo o serviço que demande força muscular
superior a 20 kg para o trabalho contínuo, ou 25 kg, para o trabalho ocasional (art. 390), sob pena de
enquadramento no art. 483 da Consolidação das Leis do Trabalho (exigência de trabalho superior às forças
da empregada).
Mantém-se vigentes as regras sobre a proteção à maternidade, alertando a Consolidação das Leis do
Trabalho que não constitui justo motivo para a negativa de admissão, ou para a dispensa, o fato de a mulher
encontrar-se grávida, ser casada ou contrair núpcias. É proibido o trabalho da mulher no período de licença-
maternidade, que é de 120 dias em caso de nascimento com vida, e em caso de aborto não-criminoso, de
duas semanas. Mediante atestado médico, os períodos de licença podem ser prorrogados por mais duas
semanas antes e depois do parto, e ainda, rescindir o contrato de trabalho, sem obrigatoriedade de
cumprir ou indenizar aviso prévio (art. 394 da CLT). Em caso de aborto não-criminoso, o período de licença
(pago pelo INSS, logo suspensão do contrato) será de duas semanas, mediante atestado médico ‘oficial’
(CLT, art. 395; Regulamento da Previdência Social, art. 93, § 5º).
Durante a amamentação - até que o filho complete seis meses de idade, a empregada pode reduzir a
jornada em até uma hora (dois intervalos de meia hora), podendo ser prorrogado o período de seis meses, a
critério médico (CLT, art. 396).
O descumprimento das normas atinentes à proteção ao trabalho da mulher sujeitam o empregador a multa
aplicada pela DRT - art. 401 da CLT.
Lei nº 9.799, de 26/05/99- acrescenta dispositivos à CLT, no capítulo do trabalho da mulher. Proíbe
discriminação ao trabalho da mulher, seja na admissão, fixação do salário, manutenção do contrato ou
dispensa; veda a realização de revista íntima em empregadas. Garante à empregada, durante a gravidez, a
transferência de função, quando por razões de saúde, com direito ao exercício da função anterior, quando do
retorno; e estabelece nova hipótese de interrupção do contrato de trabalho, para a realização de consultas
de acompanhamento obstétrico - até o número de seis - e realização de exames complementares.
A menoridade, para fins de Direito do Trabalho, é considerada como sendo a dos trabalhadores menores
de 18 anos, sendo vedado o trabalho a menores de 16 anos, possibilitada apenas a contratação em forma
de aprendizagem, quando maior de 14 anos (Emenda Constitucional nº 20). As regras de proteção ao
trabalho do menor não se aplicavam ao trabalho em regime de economia familiar; o Estatuto da Criança e
do Adolescente, Lei nº 8.069/90, que também trata da matéria, não faz tal restrição, donde se entende ter
sido revogada a norma da CLT.
Ao menor que tenha idade inferior a 18 anos é vedado o trabalho noturno, em condições insalubres ou
perigosas, em condições prejudiciais à sua moralidade, e o realizado em horários e locais que não
lhe permitam a freqüência à escola (CLT, art. 403 a 405). Pode o Juiz da Infância e Juventude autorizar o
trabalho em trabalhos artísticos ou circenses, desde que a representação tenha fim educativo, sendo a
participação indispensável a sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos, sempre sem
prejuízo da formação moral; também depende de autorização judicial o trabalho realizado em ruas, praças,
etc. - § 2º do art. 405.
O art. 405, § 1º, estabelece exceção à vedação do trabalho insalubre, quando se trate de aprendizes
maiores de 16 anos ou estagiários (parte da doutrina entende que tal parágrafo perdeu a eficácia diante da
redação da Constituição de 1988; contudo, a vedação do trabalho insalubre a menor de 18 anos já existia
desde a Constituição de 1946 - art. 157, inciso IX).
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 15
Verificada a prestação de serviço prejudicial, de ofício ou a pedido do responsável legal pelo menor, a
autoridade poderá obrigá-lo a deixar o serviço, podendo a empresa modificar a função do trabalhador, para
proporcionar-lhe a oportunidade de permanecer trabalhando, sob pena de ser considerado rescindido o
contrato por culpa do empregador - art. 483 da CLT. Pode o responsável legal pelo menor rescindir o
contrato, sem a aquiescência deste - Consolidação das Leis do Trabalho, art. 408.
A prorrogação do trabalho do menor só é permitida até duas horas diárias, mediante compensação
semanal, para que não se atinja o limite de 44 horas, ou excepcionalmente, até o máximo de 12 horas
diárias, desde que o trabalho seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento (força maior). Tem
direito aos mesmos intervalos que os trabalhadores em geral.
O horário de trabalho do menor deve proporcionar condição para que o mesmo possa frequentar as aulas -
CLT, art. 427.
As férias não podem ser fracionadas, e deverão coincidir com o período de férias escolares.
O menor também não pode ser utilizado em trabalhos braçais que exijam força muscular superior a 20
quilos para trabalho contínuo e 25 quilos para atividades ocasionais, tal qual ocorre com a mulher - art. 405,
§ 5º, da CLT.
É lícito ao menor de 18 anos firmar recibo pelo pagamento dos salários - art. 439 da CLT, sendo que na
rescisão contratual o menor deverá estar assistido de seu responsável legal, a fim de dar quitação ao
empregador pelo recebimento das verbas rescisórias.
O responsável legal do menor que permitir que o mesmo exerça atividade nociva à sua integridade física ou
moral pode, além de sofrer multa imposta pela DRT, ser destituído do pátrio poder (CLT, art. 437).
Não corre a prescrição contra os menores de 18 anos (art. 440 da CLT).
Os menores de 16 a 18 anos tem assegurados todos os direitos trabalhistas e a condição de segurado da
previdência social. Os aprendizes, não, segundo interpretação dada pelo Decreto regulamentador da
Previdência (art. 18, § 2º, Dec. 3.048/99).
O contrato de aprendizagem: processo de formação técnico-profissional a que se submete o menor,
objetivando qualificação profissional. Deverá a aprendizagem assegurar condições para a realização do
ensino regular; ser compatível com o desenvolvimento do adolescente; e possuir horário adequado para o
exercício das atividades (Est. da Criança e do Adolescente, art. 62).
São ministrados pelo SENAC, SENAI e SENAR, com duração máxima de 3 anos. O aprendiz tem direito a
receber metade do salário mínimo na primeira metade do curso, e dois terços, na segunda metade. Se o
aprendiz não tem aproveitamento escolar, rescinde-se o contrato de aprendizagem.
É obrigatória a contratação de menores aprendizes e sua inscrição em cursos profissionalizantes (indústria,
proporção de 5 a 15% do número de trabalhadores; comércio, de 5 a 10%) - CLT, art. 429 e Lei 5.274/67.
O programa social baseado no trabalho educativo (Est. Criança e do Adolescente, art. 68) visa criar nova
modalidade de aprendizagem, que pode ser realizada por entidades sem fins lucrativos.
Observação - o estágio curricular - pode ser feito entre entes públicos e empresas privadas com alunos
matriculados nos cursos vinculados ao ensino público e particular de 2º grau profissionalizante, curso
superior ou de educação especial, desde que proporcionada experiência prática na linha de formação do
estagiário. Não forma vínculo de emprego, salvo quando simula verdadeira relação empregatícia.
Aviso prévio - obrigação que qualquer das partes do contrato de trabalho tem de, com antecedência
mínima de trinta dias, avisar à outra que pretende resilir o contrato, não sendo cabível em caso de extinção
por término de prazo, por justa causa, despedida indireta ou extinção do empregador.
- A Constituição de 1988, não recepcionou o aviso prévio de oito dias para os diaristas.
- Falta de aviso prévio gera a obrigação de indenizar o período correspondente, com base no salário a que o
empregado tem direito, para ambas as partes.
- Na chamada despedida indireta - término do contrato por iniciativa do empregado, havendo falta grave
praticada pelo empregador, é devido o aviso prévio indenizado (§ 4º do art. 487 da CLT).
- O aviso prévio, trabalhado ou não, integra o tempo de serviço para todos os fins.
- Durante o prazo do aviso dado por empregador, o empregado terá sua jornada diária reduzida de duas
horas, podendo este, contudo, optar por trabalhar a mesma jornada, e não comparecer ao serviço por sete
dias corridos, tudo sem prejuízo do salário.
- Durante o aviso, se ocorrer falta grave de qualquer das partes, poderá a resilição ser transformada em
dispensa por justa causa, ou despedida indireta, conforme o caso.
- O aviso não pode ser dado durante suspensão ou interrupção do contrato, nem no período de estabilidade.
Enunciados do TST sobre o tema: nºs 5, 44, 73, 163, 230, 276, 305 e 348.
- No término do contrato por prazo determinado, no termo previsto, cabe ao empregado receber: as
férias integrais não fruídas e as proporcionais e o 13º salário, caso existentes, bem como fazer o saque dos
depósitos na conta vinculada do FGTS. Não tem direito, contudo, a aviso prévio (o término do contrato já é
sabido de antemão), nem à indenização de 40% do montante dos depósitos do FGTS, uma vez que não
houve dispensa sem justa causa, mas término normal do contrato a prazo.
Observação: o safrista, segundo o Estatuto dos Rurais (Lei 5.859/73), tem direito a indenização
correspondente a 1/12 do salário mensal por mês completo de serviço, ou fração igual ou superior a 15 dias,
mesmo quando encerrado o contrato no prazo previsto (Enunciado nº 2 do TST).
- No término do contrato por prazo determinado, antes do termo previsto, por iniciativa do
empregador, recebe o empregado, além das férias integrais e proporcionais e 13º salário, o valor
correspondente a metade da remuneração a que faria jus até o termo do contrato, a título de indenização
(art. 479 da CLT). Cabe aviso prévio, ou a indenização deste, conforme já decidiu o TST, em relação aos
contratos de experiência rescindidos antes do prazo. Tem direito ao saque dos depósitos de FGTS e
indenização de 40% (art. 481 da CLT e Dec. 99.684/90). Vide também o Enunciado nº 125 do TST.
- No término do contrato por prazo determinado, antes do termo previsto, por iniciativa do
empregado, sem justa causa, caberá a este indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato
resultarem, até o limite de metade da remuneração a que faria jus, até o término normal do contrato (art.
480 da CLT). Não fará jus a férias, salvo a indenização dos períodos já integralizados; faz jus ao 13º salário.
- No término do contrato por prazo indeterminado, por iniciativa do empregador, sem justa causa, o
empregado tem direito a receber as férias integrais não fruídas e proporcionais, bem como o 13º salário;
deverá receber aviso prévio, ou a indenização correspondente (30 dias da remuneração), tem direito a sacar
os depósitos do FGTS e receberá indenização de 40% do montante destes.
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empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado,
ou for prejudicial ao serviço - duas condutas distintas: a primeira, quando a negociação habitual se faz
sem permissão do empregador, constituindo concorrência (vendedor de duas empresas concorrentes do
mesmo ramo de negócios); a segunda, quando há negociação habitual sem permissão do empregador, e
esta for prejudicial ao serviço (atrapalhando o andamento das tarefas); d) condenação criminal do
empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena - segundo
Délio, não se caracteriza exatamente por uma falta do empregado, mas sendo este privado da liberdade, o
contrato se torna inexeqüível; quebra-se, por outro lado, o elemento fiduciário de todo contrato de natureza
privada; e) desídia no desempenho das respectivas funções - ato ou omissão que caracterize conduta
culposa - negligente, imprudente ou imperita; normalmente se caracteriza pela prática de vários atos, mas
pode ser configurada num único ato, de gravidade maior (ex., acidente de trânsito envolvendo empregado
motorista - abandono de posto por empregado vigia); f) embriaguez habitual ou em serviço - segundo a
doutrina, não só a alcoólica, mas também a por tóxicos ou entorpecentes, dentro ou fora do ambiente de
trabalho; em serviço, não precisa haver a habitualidade, uma só vez é suficiente (Russomano, Gomes,
Délio); g) violação de segredo da empresa - segredo, no caso, é qualquer fato que não deva ser de
conhecimento público (fórmulas, campanhas de publicidade, etc.); h) ato de indisciplina ou de
insubordinação - o primeiro se configura por descumprimento de ordens gerais (regulamentos, proibições
gerais); o segundo, quando o empregado descumpre ordem emanada à sua pessoa; i) abandono de
emprego - configura-se pela ausência injustificada ao serviço, sem permissão do empregador, com o ânimo
de não mais retornar ao posto de trabalho; o prazo de 30 dias citado pela jurisprudência e por parte da
doutrina é apenas um parâmetro (Enunciado 32); j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no
serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem - conduta que configure o delito de calúnia, injúria ou difamação
contra qualquer pessoa, no ambiente de trabalho; legítima defesa: caracteriza-se pela moderação na
reação à agressão injusta; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra
o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem -
quando praticado contra o empregador ou empregado superior hierárquico, o ato faltoso se configura
mesmo fora do local de trabalho; l) prática constante de jogos de azar - conduta que se revela fora do
ambiente de trabalho, segundo Délio, porque ‘o jogador não inspira confiança’, quebrando o elemento
fiduciário; m) prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios
contra a segurança nacional - resquício do regime em que foi criada a CLT, se configurada acusação por
crime político, há o efeito da anistia (art. 8º do ADCT), anulando a justa causa; n) do bancário, por falta
contumaz de pagamento de dívidas legalmente exigíveis (CLT, art. 508); o) por abuso do direito de
greve, por exemplo, participando de piquetes (art. 6º, § 3º, e art. 15 da Lei 7.783/89); p) ausência do
aprendiz ao curso de aprendizagem (art. 432, § 2º, da CLT); q) recusa do ferroviário à realização de
serviço extraordinário, sem justo motivo (art. 240, parágrafo único, da CLT); r) falta grave dos
empregados públicos (Lei nº 8.027/90). Obs: vide súmula 316 do STF, sobre greve e justa causa.
vide Enunciado 13 do TST; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama - a mesma conduta que caracteriza a falta grave do empregado,
só que, em se tratando do empregador ou seus prepostos, o ato praticado também contra os familiares do
trabalhador, mesmo fora do ambiente de trabalho, acarretam o enquadramento no tipo legal; f) o
empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem - a ofensa física, mesmo fora do ambiente de trabalho, acarreta a justa causa; g) o
empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários - sendo o trabalho remunerado por peça ou tarefa, a redução de entrega de
trabalho acarreta em conseqüência direta a redução salarial.
Casos em que o empregado tem motivo justificado para rescindir, embora não caracterizem falta grave
imputável ao empregador - nestes casos, o empregado não tem direito a indenização:
a) quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço (§
1º do art. 483) - o exemplo melhor é a prestação de serviço militar em tempo de guerra; e
b) rescisão por motivo de gravidez, mediante atestado médico (art. 394).
Nas hipóteses das letras ‘d’ e ‘g’, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de
trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final
decisão do processo - a decisão sobre a permanência ou não no emprego compete ao empregado;
quando a relação se torna incompatível, o afastamento é necessário, em qualquer das hipóteses do artigo
483.
Morte do empregador pessoa física - é justo motivo para a rescisão (art. 483, § 2º), porém com direito à
indenização - situação anômala - art. 485 da CLT.
Culpa recíproca- ou seja, falta grave praticada simultaneamente por ambas as partes; requisitos para a
caracterização: a) ocorrência de dois atos faltosos, um por cada uma das partes; b) a gravidade de ambas
as faltas; c) as faltas tem de ser contemporâneas; d) as faltas tem de ser relacionadas entre si. O
empregado terá direito a receber indenização de 20% do FGTS, ou metade da indenização do art. 478,
quando se trate de empregado estável na forma da Consolidação das Leis do Trabalho. Não faz jus a aviso
prévio indenizado, férias proporcionais, 13º salário e saque do FGTS depositado. O reconhecimento da
culpa recíproca depende de sentença judicial (art. 484 da CLT).
Decisão judicial que conclui pela justa causa, no inquérito para apuração de falta grave, na ação que
postula rescisão indireta, ou na que considera a existência de culpa recíproca: é sentença constitutiva.
Factum principis - é a paralisação do trabalho motivada por ato de autoridade pública, ou por promulgação
de lei ou ato normativo que impossibilite a continuação da atividade (art. 486) - a indenização
compensatória é devida pelo ente público. Não se aplica em caso de fechamento do estabelecimento por
ato infracional do empregador (ex. interdição pela vigilância sanitária).
A regra do § 3º do art. 486 - com a redação dos artigos 109 e 114 da Constituição, o Juízo competente é a
Junta de Conciliação e Julgamento - regra não recepcionada.
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Homologação da rescisão - artigo 477 da CLT- A CLT chama todas as formas de extinção do contrato de
rescisão contratual. O pedido de demissão ou recibo de quitação (termo de rescisão contratual) de
empregado com mais de um ano de serviço na empresa (ou onze meses de serviço mais os trinta dias de
aviso prévio), deverá ser homologado perante o Sindicato da categoria deste, ou a autoridade do
Ministério do Trabalho. Na falta destes, poderá homologar o termo de rescisão: o representante do
Ministério Público ou o Defensor Público; por último, não havendo estas autoridades, poderá homologá-lo o
Juiz de Paz.
O empregado não paga custas ou honorários para ser assistido na homologação (§ 7º do art. 477).
Quitação do contrato do menor: necessária, também, a assistência do responsável legal (art. 439 da CLT).
Rescisão contratual de empregado público: desnecessária a homologação, pois os atos gozam de
presunção de legalidade (Decreto Lei 779/69, artigo 1º, inciso I).
Base de cálculo das verbas rescisórias: o valor da maior remuneração, computadas horas extras
habituais, adicionais de insalubridade/periculosidade, noturno, gratificações, salários-utilidade, comissões,
percentagens, diárias superiores a 50% - as de caráter variável se calculam pela média dos últimos 12
meses.
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 19
O instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá especificar as parcelas que estão sendo pagas,
discriminando seu valor, sendo válida a quitação, apenas em relação às mesmas parcelas (§ 2º). Ou seja,
se não forem pagas todas as verbas devidas, poderá o empregado pleiteá-las na Justiça do Trabalho, não
se podendo alegar que houve quitação de todo o contrato.
A evolução do entendimento jurisprudencial - Enunciados 41 e 330 do TST.
A ressalva no termo de rescisão e a anulação do ato jurídico. Pode o empregado opor ressalva no termo
rescisório, no sentido de não concordar com algum ou todos os valores recebidos; mesmo não o fazendo,
ficando caracterizada alguma das hipóteses de anulação do ato jurídico (incapacidade, coação, erro, dolo,
simulação, fraude), invalida-se a ‘quitação’.
Quanto ao pagamento, este deverá ser feito numa única parcela, em dinheiro ou cheque visado, sendo que,
se o empregado for analfabeto, o pagamento poderá ser somente em dinheiro; não há permissão legal para
parcelamento de verbas devidas na extinção contratual. Falência e concordata não são oponíveis aos
créditos trabalhistas, em face de sua condição privilegiada (art. 449 da CLT).
Se o empregado tem débitos para com o empregador, estes só poderão ser descontados das verbas
rescisórias até o valor equivalente a um mês da remuneração. O restante, caso exista, será exigido pelos
meios judiciais.
Prazo de pagamento - o empregador deverá pagar as verbas rescisórias até o primeiro dia útil ao
término do contrato, quando este tenha se encerrado no termo previsto (contrato por prazo determinado
encerrado normalmente, ou aviso prévio dado e trabalhado); e até o décimo dia corrido, se houve pedido
de demissão sem prévio aviso, ausência do aviso prévio (situações em que o mesmo é inexigível: força
maior, falecimento, factum principis, justa causa e despedida indireta), indenização do aviso prévio
(despedida sem justa causa, sem que o empregador tenha dado aviso prévio), ou dispensa de seu
cumprimento (quando o empregado já tenha obtido novo emprego - TST, Enunciado 276).
O atraso no pagamento das verbas rescisórias - pagamento fora desses prazos - sujeita o empregador a
duas multas: uma, no valor de um mês de salário do empregado, revertida em favor deste; e outra, fixada
pelo Ministério do Trabalho, que reverte para os cofres públicos. O empregador, para elidir a mora, deve
demonstrar que foi o empregado que deu causa à mora.
Pagamento parcial e discussão em Juízo: cabimento da multa.
Quitação parcial do contrato de trabalho rural - Constituição Federal, art. 233.
Aposentadoria concedida pela Previdência Social e continuidade da relação de emprego - efeitos - a
interpretação do art. 453 da CLT após a edição da Lei nº 8.213/91- análise da norma em função do princípio
da continuidade da relação de emprego. A atual Lei de Benefícios da Previdência Social não exige a ruptura
do vínculo empregatício para que seja concedida a aposentadoria. Os parágrafos 1º e 2º, inseridos no art.
453 pela Lei nº 9.528/97, tiveram sua eficácia suspensa por decisões liminares do STF em Ações Diretas
de Inconstitucionalidade nºs 1.721-3 e 1.770-4). A maioria da doutrina trabalhista, contudo, entende ser a
aposentadoria por tempo de serviço causa para a extinção do vínculo empregatício, em contrário do
entendimento esposado pelo STF ao decidir o pedido liminar de suspensão das regras criadas pela Lei
9.528. Já a doutrina previdenciarista, encabeçada por Wladimir Novaes Martinez, entende que a
aposentadoria, sendo relação jurídica entre o segurado e o órgão previdenciário, não é causa de extinção,
salvo nas hipóteses legais (aposentadoria especial e a compulsória, requerida pela empresa, quando o
segurado completar 70 anos de idade). Apesar das divergências doutrinárias, só se pode admitir a extinção
contratual, em ramo de Direito Privado, quando ocorre a intenção de alguma ou ambas as partes nesse
sentido, ou quando a mesma se opera, por força da lei. Atualmente, o direito positivo não estabelece que a
aposentadoria seja causa, por si só, de término da relação de emprego, tanto que o empregado pode
continuar trabalhando para a mesma empresa, no mesmo emprego, salvo no caso da aposentadoria
especial.
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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Parte do Direito do Trabalho que estuda as relações entre os entes representativos das categorias
envolvidas nas relações de trabalho.
Organização sindical (art. 511 da CLT) - podem organizar-se em sindicatos tanto empregadores como
empregados, além de profissionais autônomos ou liberais, e servidores públicos civis, estes após a vigência
da Constituição Federal de 1988 (art. 37).
Sindicatos - são pessoas jurídicas de direito privado responsáveis por agrupar trabalhadores (empregados,
autônomos ou liberais) e empregadores, no sentido de proteger os interesses individuais e coletivos dos
mesmos. Vigora o princípio da liberdade de associação sindical (direito de filiar-se, permanecer filiado
ou desfiliar-se do sindicato) - art. 8º caput, da Constituição. Tal regra vigora também para o aposentado -
art. 8º, VII.
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 20
É vedado ao Poder Público estabelecer qualquer tipo de restrição ao exercício da atividade sindical, ou
intervir em sua criação, escolha dos dirigentes, funcionamento ou extinção (princípio da autonomia
sindical) - art. 8º, I, da Constituição. Exceção: se exige o registro na Delegacia Regional do Ministério
do Trabalho, que expede a carta de reconhecimento - art. 558, mediante requerimento na forma do art. 518
da CLT.
A denominação sindicato é exclusiva das entidades representativas reconhecidas pelo órgão competente
(art. 561 da CLT).
A liberdade de associação sindical sofre restrições contudo, pela própria Constituição, que consagra o
princípio da unicidade sindical (um só sindicato por categoria, dentro da mesma base territorial, que será,
no mínimo, a área de um Município) - CF, art. 8º, inciso II.
Discussão de legitimidade entre sindicatos - competência da Justiça comum (Orientação Jurisprudencial nº
4 SDC/TST).
As entidades sindicais representam interesses de categorias profissionais (empregados), podendo
agrupar profissões similares ou conexas (ex. comerciários, metalúrgicos), ou de categorias econômicas
(empregadores) - CLT, art. 511 e 570 - tanto judicial como extrajudicialmente.
Categoria profissional diferenciada é aquela que, por peculiaridades inerentes às condições de trabalho
ou por força de estatuto profissional especial, se forma apenas pelos integrantes daquele grupo (ex.
aeronautas).
Prerrogativas dos sindicatos (art. 513 da CLT):
- defesa judicial/extrajudicial dos interesses individuais e coletivos da categoria (art. 8º, III, da CF, Lei
8.073/90)
- celebração de acordos e convenções coletivas de trabalho (participação dos sindicatos nas negociações
coletivas de trabalho é obrigatória - art. 8º, VI, da CF)
- impor contribuições a todos os participantes da categoria (CF, art. 8º, IV; CLT, art. 545)
- eleger seus representantes/dirigentes, vedada interferência estatal no procedimento (art. 8º, I, da CF)
- colaborar com o Estado na solução dos problemas da categoria (prerrogativa/dever)
Deveres dos sindicatos (art. 514 da CLT):
- prestar assistência judiciária gratuita aos filiados (art. 5º, LXXIV, da CF)
- promover a conciliação nos dissídios (art. 8º, VI, da CF)
- prestar assistência social para integração profissional do filiado
- promover cooperativas de consumo e de crédito
- fundar/manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais
O sindicato em Juízo - por expressa previsão legal pode postular, em nome dos integrantes da categoria:
adicional de insalubridade (CLT, art. 195); FGTS (Lei 8.036/90, art. 25); ação de cumprimento de sentença
ou acordo em dissídio coletivo (CLT, art. 872). Em todos os casos, o substituído pode requerer desistência
da ação, ou integrar a lide como assistente litisconsorcial.
Representatividade do sindicato - reconhecida em face de deter a maioria dos integrantes - obtenção da
carta de reconhecimento pela DRT (art. 516, 519 e 520 da CLT).
Direção do sindicato - art. 522 da CLT - o STF reconheceu sua recepção pela Constituição vigente.
Delegados sindicais - art. 523 da CLT - não são considerados dirigentes sindicais.
Artigos 524 a 532 perderam a eficácia - hipóteses de ingerência estatal no funcionamento e gestão.
Federação: associação de cinco ou mais sindicatos, que representem a maioria absoluta de um grupo de
atividades ou profissões idênticas, numa certa base territorial, no mínimo, igual à área de um Estado (CLT,
art. 533). Confederação: agrupamento de três ou mais Federações, dentro da mesma atividade, tendo
âmbito nacional - CLT, art. 534 e 535.
Direção das federações e confederações - art. 538 da CLT.
Obs: Centrais sindicais: não se enquadram no sistema sindical; são, juridicamente, sociedades civis.
Isonomia entre os empregados filiados e não filiados - impossibilidade de recepção dos artigos 544 e 546
da CLT.
Atentado à liberdade sindical - penalização ao empregador (art. 543, § 6º, combinado com o art. 553, ‘a’, da
CLT.
Dirigente sindical - além de estável, é intransferível (art. 543, caput, da CLT). Perde o mandato se solicita
transferência para local fora da base territorial, ou aceita o ato do empregador neste sentido (§ 1º do art.
543).
Contribuição confederativa - prevista no art. 8º, IV, da CF/88; somente pode ser estabelecida por
assembléia geral da categoria; é exigível de todos os filiados; os não filiados podem contribuir,
facultativamente, conforme entendimento jurisprudencial do STF e do TST. Quanto ao empregador, este é
obrigado a efetuar o desconto da contribuição, quando por eles autorizados, a partir da notificação pelo
sindicato.
Gestão financeira e patrimonial do sindicato - atende às mesmas exigências que as pessoas jurídicas de
direito privado em geral. Não cabe mais a fiscalização pelo Ministério do Trabalho.
Penalidades - art. 553 da CLT - incabíveis aos dirigentes sindicais e filiados (alíneas ‘b’ a ‘f’ e §§ 1º e 2º).
Intervenção do Estado na direção do sindicato (art. 554) e cassação da carta de reconhecimento - art. 555
e 556 - afronta ao princípio da não ingerência estatal.
Enquadramento sindical - artigos 570 a 577 da CLT. Realizado por uma comissão (art. 576), composta
por representantes do governo e, paritariamente, por trabalhadores e empregadores. Trata-se de um
modelo, embora não seja obrigatório aos sindicatos obedecer tal enquadramento.
Convenção coletiva: firmada entre entidades sindicais de empregados e empregadores (art. 611, caput,
CLT).
Acordo coletivo: firmado entre a entidade sindical dos empregados e uma ou mais empresas (art. 611, §
1º, da CLT). A celebração de ACT ou CCT depende de prévia deliberação de assembléia geral da categoria.
Ambos só admitem a forma escrita.
Requisitos essenciais dos ACT/CCT: art. 613 da CLT.
O acordo coletivo ou a convenção coletiva devem estipular o prazo de duração, que não excederá a dois
anos - CLT, art. 614 - podendo ser objeto de prorrogação, denúncia, ou revogação, total ou parcial. Entram
em vigor três dias após a entrega dos seus termos no Ministério do Trabalho. Afetam todos os contratos
vigentes e os futuros, naquilo que for mais favorável às regras contratuais individuais.
Frustrada a negociação, cabe aos sindicatos ajuizarem o dissídio coletivo (art. 616, § 2º, da CLT). Prazo de
instauração do dissídio coletivo - 60 dias antes do término de vigência do ACT/CCT vigente, para que tenha
vigência imediata/retroativa ao dia imediato a este termo (§ 3º do art. 616).
Confronto entre cláusulas de contrato individual, acordo coletivo ou convenção coletiva - prevalece a mais
benéfica - art. 619/620 da CLT.
GREVE: a liberdade de coalizão já foi crime, e hoje é direito dos trabalhadores; é a paralisação total ou
parcial das atividades dos trabalhadores, coletivamente, em busca de melhores condições de trabalho.
Direito de greve é amplo (CF, art. 8º), cabendo aos trabalhadores estabelecer o modo de seu exercício,
responsabilizando-se, contudo, pelos abusos cometidos. É forma de autodefesa dos interesses.
Os empregados grevistas podem se utilizar de meios lícitos para persuadir os demais integrantes da
categoria a participarem do movimento, sendo vedadas atitudes que firam direitos e garantias
fundamentais, tanto pelos grevistas como pelos empregadores (estes, no sentido de coagir os
trabalhadores a retornar aos postos de trabalho). Os serviços ou atividades essenciais à comunidade
(art. 10 da Lei 7.783/89) devem ser mantidos, de forma a atender necessidades inadiáveis da sociedade
(quando esteja em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população), durante a greve.
A greve admissível é a temporária e pacífica, decidida pelo consenso da categoria, em assembléia, após
frustrada a negociação coletiva, por ocasião da data-base de reajuste salarial, ou na ocorrência de fato
relevante para as relações de emprego. Não se considera lícita a greve política, tampouco a greve de
solidariedade, ou a que ocorre após a celebração de acordo ou convenção coletiva, ou decisão da
Justiça do Trabalho. A decisão da assembléia pela paralisação deve ser comunicada, com antecedência
de 48 horas do início da greve, aos empregadores, sendo que, nas atividades essenciais, a antecedência
exigida é de 72 horas, e deverá haver também comunicação, com a mesma antecedência aos usuários dos
serviços paralisados.
A participação em greve não é justo motivo para a dispensa, sendo esta vedada no curso da greve,
(hipótese de suspensão do contrato) assim como é vedada a contratação de novos trabalhadores para as
mesmas funções dos grevistas, salvo para atender a atividades essenciais ou, quando após a celebração
de acordo coletivo ou convenção coletiva, ou decisão da Justiça do Trabalho, os trabalhadores não tenham
retornado ao trabalho (exceção feita à manutenção da greve para que haja o cumprimento de cláusula ou
condição estipuladas).
Aos servidores públicos civis a greve é prevista constitucionalmente, dependendo seu exercício, todavia, da
edição de lei específica sobre a matéria.
É também proibida a paralisação por iniciativa do empregador (lock out) - art. 17 da Lei 7.783/89.
Resumo de Direito do Trabalho - Prof. Carlos Alberto Castro - pág. 22
É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do
que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem
nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.
Theodore Roosevelt