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Guerra Colonial

em Angola
(1961)

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INFORMAÇÃO IMPORTANTE

O texto que se segue é uma reprodução escrita,


com pequenas adaptações e esclarecimentos, do
programa exibido pela Rádio e Televisão de
Portugal, “1961 – Guerra Colonial em Angola”,
integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a
informação constante deste documento foi
apresentada pela citada estação de televisão
portuguesa, aquando da exibição do documentário
referido.
Resta-me recordar, em último lugar, que no ano
de 2007 a Rádio e Televisão de Portugal celebrou o
seu quinquagésimo aniversário.

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GUERRA COLONIAL EM ANGOLA
(1961)

1961, foi um ano histórico para os repórteres da


RTP. Arriscaram a vida para cobrir a Guerra Colonial,
mas a censura poucas imagens deixou passar. Logo,
em Janeiro, uma equipa de reportagem seguiu para
o Recife (Brasil) para cobrir o ataque ao (navio)
Santa Maria. Henrique Galvão embarcou,
clandestino, nas Antilhas (Holandesas) e assaltou o
barco, desaparecendo com ele no (Oceano)
Atlântico.
(Hélder Mendes, realizador RTP) “E vai daí, um
belo dia estava eu sozinho na Base Aérea e
disseram: “Vai sair um avião, quem quiser sair no
avião que vá.”. E então, nós não sabíamos muito
bem para onde íamos, mas enfiámo-nos todos no
avião. E depois andámos ali duas a três horas no ar,
no meio das nuvens, sem saber o que se passava.
Eu olhei lá para baixo e vi o Santa Maria,
calmamente parado, lá em baixo, no Oceano. E
apontei a câmara e filmei.”
Quando o Santa Maria foi descoberto, a armada
americana obrigou Galvão a dirigir-se para o Recife.
Galvão pediu asilo político ao Brasil e o Santa Maria
regressou a Portugal. Salazar misturou-se, pela
primeira vez, na multidão para receber o barco em
Lisboa. Henrique Galvão falhou, assim, o intento de

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se dirigir a Luanda, iniciando daí um golpe contra o
Estado Novo.
(Mário Pinto de Andrade, MPLA) “Aproveitando a
presença dos jornalistas que pretendiam cobrir a
chegada do Santa Maria a Luanda, decidiram uma
acção contra as prisões.”
Em 4 de Fevereiro, a Casa de Reclusão Militar de
Luanda foi assaltada pelo MPLA (Movimento Popular
de Libertação de Angola), tal como a esquadra da
polícia e algumas repartições. Morreram 7 agentes
da polícia e 1 cabo. Os funerais foram filmados por
uma equipa da RTP que ali se encontrava, desde
Janeiro, a fazer documentários sobre Angola.
(António Silva, Repórter de Imagem RTP em 1961)
“Só consegui filmar os funerais, porque aquilo foi de
noite (o primeiro ataque). Ora, de noite, eu não
podia abrir iluminação, senão era abatido.”
O MPLA tinha apoio soviético e os americanos,
temendo perder posição nas lutas de
independência, resolveram tomar a iniciativa,
através da UPA (União dos Povos de Angola) de
Holden Roberto. A 15 de Março, foram lançados
ataques em fazendas por todo o Norte de Angola.
Os repórteres da RTP conseguiram sair de Luanda e
apanhar um avião para Carmona, com o objectivo
de filmar os massacres.
(António Silva) “E, então, calhou ficar numa terra
que estava a preparar uma grande coluna para ir
daí para cima.”

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Em Carmona, acompanharam uma coluna
formada por militares e colonos que procuravam
retomar as cidades até Makela do Zombo, junto à
fronteira do Congo. As condições em que a coluna
evoluiu foram duríssimas. Para além dos ataques
constantes, os guerrilheiros da UPA também
envenenaram as linhas de água.
(António Silva) “Não havia água, a gente tirava
dos radiadores. Eu já tinha andado a beber urina, a
urinar no lenço e deitar nos lábios, para não
rebentarem.”
Nas fazendas, descobriram finalmente a dimensão
dos massacres. Em Makela do Zombo, António Silva
filmou algumas das mais impressionantes imagens
de carnificina alguma vez presenciadas pelo olhar
humano. Já lá tinha estado em Janeiro, a filmar um
concurso de misses.
(António Silva) “A primeira pessoa que eu vejo, no
mato, morta é a rapariga que tinha sido eleita.” A
gente, quando anda com a máquina na mão, não
pode passar nada, tem que ver o que se passa
através daquele rectângulo.”
Muitas das imagens de António Silva nunca foram
exibidas na televisão portuguesa, mas apareceram
em fotografias mostradas pelo Governo português
nas Nações Unidas. Em Portugal, Salazar assume a
pasta da Defesa e o comando da Guerra. Em Julho,
as Forças Armadas põem em marcha a “Operação
Viriato” para conquistar os territórios ocupados pela
UPA. O objectivo principal era Nambuangongo, a

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cidade onde a UPA instalara o seu quartel-general,
perigosamente perto de Luanda. Dois batalhões de
infantaria e um esquadrão de cavalaria partiram de
locais diferentes, três frentes de ataque para tomar
a cidade. Uma operação acompanhada pelos
repórteres da RTP, Neves da Costa e Serras
Fernandes:
(Neves da Costa, Jornalista RTP em 1961) “A
morte do Sargento Sousa, que foi transportado pelo
Serras Fernandes, nunca foi vista (pelos
telespectadores da RTP). A espantosa censura
cortou, porque não era bom, diziam eles, emocionar
demasiadamente os espectadores.”
A coluna ocupou Zala e dirigiu-se para
Nambuangongo. Chegou uma hora depois do
batalhão comandado pelo Tenente Maçanita, que
reocupou a cidade.
(Adriano Moreira, Ministro do Ultramar em 1961)
“No trabalho que fizeram nessa época, não se pode
encontrar nenhuma condescendência com a
realidade. Havia serviços de censura, é evidente, a
censura pode ter tido intervenção e, certamente,
teve nalgumas circunstâncias, mas em relação a
esses rapazes, tão jovens, eu julgo que eles
cumpriram, com rigor, a sua função de
testemunhar.”

Programa disponível, na Internet, em:

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URL: http://www.youtube.com/watch?v=d0RaX8s-
R1s

ANEXOS

“Nambuangongo, Meu Amor”

(Poema de Manuel Alegre, cantado por Paulo de Carvalho, que retrata


a situação vivida em Nambuangongo, no tempo da guerra colonial.)

Em Nambuangongo, tu não viste nada


Não viste nada nesse dia longo, longo
E a cabeça cortada
E a flor bombardeada
Não, tu não viste nada em Nambuangongo!

Falavas de Hiroxima tu, que nunca viste


Em cada homem, um morto que não morre.
Sim, nós sabemos, Hiroxima é triste
Mas ouve, em Nambuangongo existe
Em cada homem, um rio que não corre.
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Em Nambuangongo, o tempo cabe num minuto
Em Nambuangongo, a gente lembra, a gente esquece
Em Nambuangongo, olhei a morte e fiquei nu.
Tu não sabes, mas eu digo-te: dói muito!
Em Nambuangongo, há gente que apodrece!

Em Nambuangongo, a gente pensa que não volta


Cada carta é um adeus, em cada carta se morre
Cada carta é um silêncio e uma revolta.
Em Lisboa, na mesma, isto é, a vida corre.
E em Nambuangongo a gente pensa que não volta.

É justo que me fales de Hiroxima.


Porém, tu nada sabes deste tempo longo
Tempo exactamente em cima do nosso tempo.
Ai, tempo onde a palavra vida rima
Com a palavra morte, em Nambuangongo.

Em Nambuangongo, o tempo cabe num minuto


Em Nambuangongo, a gente lembra, a gente esquece
Em Nambuangongo, olhei a morte e fiquei nu.
Tu não sabes, mas eu digo-te: dói muito!
Em Nambuangongo, há gente, gente que apodrece!
Intérprete: Paulo de Carvalho
Em Nambuangongo, a gente pensa que não volta
Cada carta é um adeus, em cada carta se morre
Cada carta é um silêncio e uma revolta.
Em Lisboa, na mesma, isto é, a vida corre.
E em Nambuangongo a gente pensa que não volta.

É justo que me fales de Hiroxima.


Porém, tu nada sabes deste tempo longo
Tempo exactamente em cima do nosso tempo.
Ai, tempo onde a palavra vida rima
Com a palavra morte em Nambuangongo.

(instrumental)

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Música disponível em:

URL: http://www.youtube.com/watch?v=JbRfhpsDivk

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